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PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 1 Planejamento Tributário PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 1. Conceito e Elementos do Planejamento Tributário A tributação nos dias atuais atinge, de modo efetivo, o faturamento das sociedades empresárias (ou não empresárias), bem como aflige grande parte das pessoas físicas, que também possuem alto ônus fiscal em suas atividades diuturnas. Nesse contexto, ganha especial destaque a necessidade efetiva de os atores interessados (advogados, contadores, administradores, engenheiros, entre outros) compreenderem a importância teórico-prática de planejar a tributação incidente sobre as suas atividades ou de terceiros, de modo a aliar uma redução lícita tributária com segurança jurídica. O binômio planejamento/segurança tem como objetivo afastar, ao final do planejamento tributário, autuações fiscais lavradas por eventual descumprimento de obrigações tributárias efetivamente devidas. É oportuno gizar, ainda, o procedimento relacionado ao planejamento tributário e o seu desdobro em fases destacáveis, para que sejam produzidos resultados jurídicos confiáveis para aquele que busca supressão tributária, redução do ônus fiscal, ou mero diferimento tributário. Urge consignar, prefacialmente, que o planejamento tributário aqui declinado afasta-se de ideias milagrosas de redução de tributos sem base jurídica. Nestas linhas serão fixados conceitos, limites e legitimidade do planejamento tributário, notadamente porque este configura uma atividade lícita do contribuinte e deve, por isso, somente ser realizado nos contornos permitidos em lei, para efetiva oponibilidade do planejamento perante o órgão de arrecadação tributária. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 3 Inicialmente merece ser apresentado o conceito de tributo, previsto no art. 3º do Código Tributário Nacional, e recepcionado pela Carta Política atual: Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Na esteira do planejamento tributário, o próprio conceito de tributo pode apresentar distintas acepções, dependendo da visão do agente que o utiliza. Nessa linha de intelecção, o tributo para o contribuinte é visto como uma intervenção do Estado no seu patrimônio e, sendo assim, deve ser feita nos estritos limites da lei (“norma de rejeição social”, segundo Ives Gandra Martins). Para fundamentar essa visão, se invocam os princípios da legalidade estrita e tipicidade. Dessarte, os fatos imponíveis que não estiverem estritamente previstos em lei não poderão ser objeto de exação fiscal (nesse sentido o art. 108 do Código Tributário Nacional, adiante escandido). Noutro giro, sob o prisma estatal, o tributo seria a participação do sujeito passivo nos gastos da própria coletividade. Assim, os contribuintes devem participar na manutenção e no exercício das funções essenciais da Administração Pública. A dialética na interpretação do conceito de tributo pode ser verificada, em contornos mais profundos, na ideia própria da capacidade contributiva. Isso porque este vetor axiológico – estampado no art. 145, § 1º da Constituição da República – destaca que o contribuinte será onerado de acordo com a sua capacidade de contribuir para com o Estado. Veja-se o texto do referido princípio: PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 4 Art. 145, § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Nessa toada, quando o contribuinte manifesta a sua capacidade de contribuir com a exteriorização de riquezas, tem-se por consequente lógico a possibilidade de o Poder Público onerá-lo por meio da tributação (especialmente porque as hipóteses de incidência são previamente conhecidas dos contribuintes). Desse modo, o conceito de tributo, apesar de claramente vazado no Código Tributário Nacional, pode ter diferentes significados no âmbito do planejamento tributário. Como alinhavado em linhas transatas, o planejamento tributário caracteriza complexa gama de oportunidades para suavizar o custo tributário que atinge as pessoas físicas e jurídicas no Brasil. Há de ser reafirmado, entretanto, que duas forças aparentemente colidentes atuam neste contexto: de um lado o contribuinte que busca, de modo legítimo, adimplir seus tributos de acordo com a norma-quadro constitucional da capacidade contributiva; por outro viés, pode- se identificar o interesse público relacionado com a arrecadação fiscal, também com esteio em várias passagens constitucionais. Essa dialética configura a essência da conduta do contribuinte que realizou (ou pretende adotar) o planejamento tributário como fonte de economia fiscal. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 5 Registre-se, apenas para ilustrar a longevidade dessa dicotomia que o princípio da capacidade contributiva encontra espeque no direito brasileiro desde a Constituição de 1824, conforme segue: Art. 179, inciso XV Ninguem será exempto de contribuir pera as despezas do Estado em proporção dos seus haveres. SIC Em brevíssima interpretação, nota-se que todos terão de contribuir na proporção dos seus recursos. O exame da estrutura e da composição do sistema tributário nacional permite identificar, com segurança, alguns dos motivos pelos quais o planejamento tributário tornou-se uma opção recorrente dos contribuintes, principalmente nos últimos anos. Inúmeras razões podem ser invocadas para justificar a decisão de se fazer um planejamento tributário. Sem dúvida, o mote inicial para o planejamento tributário é de ordem econômica. Esse viés estrutural impõe ao operador que pretende realizar o planejamento tributário, que a busca pela redução dos ônus fiscais deva passar, obrigatoriamente, pela relação existente entre a liberdade fiscal e a capacidade contributiva (de um lado), e os limites para a realização do planejamento tributário. Nessa ordem de ideias, Marco Aurélio Greco conceitua o planejamento tributário como o ”conjunto de condutas que o contribuinte pode realizar visando buscar a menor carga tributária legalmente possível”. Com a mesma ideia central, o Professor Hugo de Brito Machado Segundo conceitua o instituto como “a PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 6 economia lícita de tributos obtida através da organização das atividades do contribuinte, de sorte que sobre elas recai o menor ônus possível”. Não é despiciendo destacar, nessa passagem, que parte da literatura leciona que o planejamento tributário também possui suporte na liberdade de iniciativa (art. 1°, IV e 170, caput, da Constituição da República Federativa do Brasil) e na livre concorrência (art. 170, IV da Constituição da República Federativa do Brasil), porquanto estas expressam a liberdade do indivíduo de organizar sua vida, notadamente no que se refere à liberdade contratual. Seguem os dispositivos mencionados: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) IV - os valores sociais do trabalho e da livreiniciativa; Art. 170 A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) IV - livre concorrência; PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 7 Sublinha-se, nesse diapasão, que a permanente tensão nas relações jurídico- tributárias deve ser a bússola para que o intérprete realize um planejamento tributário seguro, técnico e oponível ao fisco, dentre dos contornos e limitações imanentes à atuação do contribuinte. É oportuno, nesse passo, efetuar breve digressão sobre a imbricação do planejamento tributário e a distribuição da carga tributária com a materialidade dos tributos. Isso porque uma das características mais notáveis do sistema tributário brasileiro repousa sobre o fato de que os impostos sobre o consumo constituem a maior parte das receitas e da carga fiscal total. Com base na análise do cenário internacional, pode-se confirmar que no Brasil a pressão fiscal é elevada sobre o consumo — quase metade da carga provém de impostos relativos à produção e circulação de bens e serviços — e a imposição é fraca sobre a renda e a propriedade. No direito comparado, a situação é diametralmente oposta: os impostos sobre o consumo representam 32% em média enquanto o imposto sobre a renda não representa 40%. A explicação se dá pelo fato dos tributos sobre o consumo serem, em geral, tributos indiretos, que podem ser repassados ao consumidor final, juntamente com o preço do bem, mercadoria ou serviço. É o caso da já conhecida distinção entre contribuinte de fato e contribuinte de direito. Nos tributos indiretos, não é o contribuinte de direito, ou seja, aquele que figura como sujeito passivo da obrigação tributária, que arcará com o ônus econômico do tributo. Desse modo, na cadeia de circulação das mercadorias e serviços, o respectivo tributo será repassado ao consumidor final — o contribuinte de fato — que desembolsará na prática com o respectivo valor. Vale frisar, de modo claro, que também é importante para as sociedades a efetiva diminuição ou não incidência dos tributos indiretos, tendo em vista que, com isso, diminuirão a carga tributária dos bens e serviços e, portanto, poderão reduzir o PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 8 preço dos mesmos. Mas o fato é que, podendo esses tributos serem repassados ao consumidor final, os contribuintes pessoas jurídicas são onerados muito mais por impostos diretos — aqueles que recaem sobre o seu patrimônio e renda. Assim, explica-se porque a atenção dos empresários volta-se muito mais para a redução do ônus tributário desses tipos de tributos por meio de planejamento tributário eficaz. Ao utilizar espeque sólido para as opções tributárias que realizou, o contribuinte terá oponibilidade ao fisco, em caso de exorbitância deste na interpretação (ou integração) das regras matrizes de incidência tributária. Por outro lado, a segurança retroventilada tornar-se-á mais instável na medida em que o planejamento fiscal trilhar caminhos que desbordem os limites legítimos de resistência ao Fisco. Assim, para um eficaz planejamento jurídico-tributário, é necessária digressão sobre a hermenêutica tributária, de modo a produzir projeto seguro para a redução do ônus fiscal. 2. Hermenêutica do Direito Fiscal: Interpretação e Integração Da Legislação Tributária É de comezinho conhecimento que o Código Tributário Nacional dispôs, em capítulo próprio, sobre a interpretação e integração das normas tributárias (ex vi dos arts. 107 a 112 do referido Codex). Malgrado exista aceso dissensso doutrinário sobre o capítulo especialmente dedicado ao tema da hermenêutica no Código Tributário Nacional, faz-se necessário breve aprofundamento sobre tais caracteres no âmbito fiscal, especialmente para a exata compreensão da denominada interpretação PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 9 econômica do fato gerador (ou compreensão do critério econômico do fato gerador, como prefere o prof. Ricardo Lobo Torres). Devido à complexidade das relações jurídicas nos dias atuais, e a possibilidade de um negócio jurídico ser interpretado de várias maneiras, é oportuno que o aplicador das normas tributárias conheça os métodos alinhados pela legislação tributária para a integração e interpretação das fontes primárias e secundárias relacionadas ao Direito Tributário. Nessa toada, faz-se mister apresentar as balizas que distanciam a integração e a interpretação das normas fiscais. Além disso, merece destaque a impossibilidade de o aplicador de normas fiscais se afastar dos conceitos e elementos do direito privado, como bem destacam os artigos 109 e 110 do Código Tributário Nacional. Não se deve perder de vista, ainda, que os parágrafos do artigo 108 do Código Tributário Nacional refletem, à evidência, o princípio constitucional da legalidade tributária, proibindo o legislador ordinário de utilizar de analogia para inexata (e ilegal) subsunção tributária. Seguem os dispositivos sobreditos: Art. 108 Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: I – a analogia; II – os princípios gerais de direito tributário; III - os princípios gerais de direito público; PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 10 IV – a equidade. § 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. § 2º O emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. Art. 109 Os princípios gerais de direito privado utilizam- se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. Art. 110 A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Atento às palavras da doutrina (e à própria realidade que nos cerca), pode-se afirmar que o relacionamento entre o Fisco e os contribuintes tem sido, em regra, tenso. Isso porque o Poder Público buscar atingir o patrimônio do contribuinte com fundamento no seu poder de tributar. Noutro passo, o contribuinte procura, nos quadrantes da legalidade, afastar-se, quando possível, da incidência tributária. É oportuno mencionar, sob a ótica da interpretação e integração jurídico- tributárias, que a norma jurídica é uma moldura que comporta mais de um PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 11 conteúdo e mais de um significado. Assim, para Hans Kensel, a atividade do verdadeiro cientista do Direito deveria ser descrever todos os possíveis conteúdos que coubessem naquela moldura. A orientação ora fixada possui ressonância na literatura mais moderna, que vem defendendo que a mera visão bivalente (lícito/ilícito; tributo/não tributo) está passando por profunda revisão. Não obstante os inúmeros estudos no direito comparado sobre os plurifacetados métodos de interpretação (e integração) da legislação tributária, não pode o exegeta se descurar de uma premissa: a hipótese de incidência e os seus elementos básicos demandam previsão legal. Assim, ainda que existam dificuldades na oponibilidade junto ao fisco acerca de determinadasoperações societárias, deve-se sempre partir da premissa de que a lei é a fonte primária do Direito Brasileiro (inobstante se possam utilizar critérios do pós-positivismo em outros ramos do direito). 3. Limites ao Planejamento Tributário: Elisão, Evasão, Sonegação, Fraude e Elusão Fiscal Como visto, o contribuinte deve pautar sua conduta no recolhimento dos tributos na medida de sua capacidade contributiva. Atento a esse vetor, o legislador deve criar as hipóteses de incidência, sem se olvidar dos demais princípios que limitam o poder de tributar (por exemplo: isonomia tributária, anterioridade, seletividade, dentre outros). Por outra ótica, a interpretação realizada pelos contribuintes não pode desbordar da moldura permitida pelo Direito Fiscal, sendo válido reafirmar que alguns conceitos possuem arrimo em outras esferas do conhecimento. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 12 Nessa linha metodológica, podem ser apresentadas as figuras da elisão, evasão, sonegação e fraude. Esses fenômenos de natureza fiscal têm como pedra de toque a redução tributária (supressão do tributo, em regra). Não obstante as quatro figuras típicas elencadas acima tenham um ponto em comum, existem algumas distinções técnicas vazadas pela literatura publicista, que distanciam os momentos e resultados da elisão e evasão, para a sonegação e fraude. O uso equivocado de um método de planejamento tributário por outro (v.g.: utilizar-se da sonegação acreditando tratar-se de elisão) acarretará sérias consequências para o contribuinte, com reflexos, inclusive e em alguns casos, na seara criminal. Conquanto as lições já citadas possuam autoridade técnica, clareza e ressonância na doutrina majoritária, é importante consignar, que tais matérias não logram posicionamento uniforme na doutrina, o que torna a linha divisória entre tais institutos mais tênue e insegura. Por outro lado, a complexidade identificada pela doutrina especializada não pode conduzir ao descrédito de tal ciência ou desânimo para a identificação das linhas dissonantes entre elisão, evasão, sonegação e fraude tributárias. Ao revés. Tais dificuldades devem atuar como mola propulsora no desenvolvimento de raciocínio para a superação (ou mitigaçao) das contradições destacáveis na literatura. Para Marco Aurélio Greco elisão é a “conduta lícita do contribuinte antes da ocorrência do fato gerador, que ele pratique sem que esteja revestida de nenhuma prática simulatória, com a qual ele obtenha uma menor carga tributária legalmente possível”. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 13 Segundo o referido autor, “planejamento e elisão são conceitos que se reportam à mesma realidade, diferindo apenas quanto ao referencial adotado e à tônica que atribuem a determinados elementos”. Desse modo, no momento em que o operador do Direito pretende realizar o planejamento tributário, o foco é dado à conduta do contribuinte e suas respectivas qualidades tais como: liberdade contratual, licitude e momento da conduta, resultados econômicos da conduta, oponibilidade das atividades negociais ao Fisco etc.; enquanto que ao se falar em elisão a preocupação se voltaria não apenas à conduta em si, mas especialmente aos efeitos que essa conduta gera em relação à incidência e arrecadação de tributos. É certo, portanto, que o uso adequado de decisões empresariais (ou relativas a pessoas físicas) depende, inevitavelmente, da correta compreensão dos institutos jurídicos em foco, sob pena de impor ao contribuinte que busca um planejamento tributário, um ônus ainda maior, devido a eventuais sanções pecuniárias que venha a sofrer pelo uso inadequado da evasão ilícita (ou sonegação) no lugar da elisão tributária. Alberto Xavier veicula rápidos exemplos de simulação relativa, por meio de negócios aparentes cujo objeto é a redução de tributos: doação disfarçada de empréstimo, com concomitante renúncia do credor; empréstimo para ocultar remuneração de serviços; depósito para ocultar o mútuo; venda para ocultar dação em pagamento; locação sem aluguel para ocultar doação etc. Neste momento, é válido reafirmar a importância da oponibilidade das condutas eleitas pelo contribuinte em face do Poder Público (e eventual autuação tributária). Uma situação negocial cuja oponibilidade seja frágil, certamente produzirá deletérios efeitos futuros para o contribuinte, que arcará com reflexos econômicos não visados por um seguro planejamento tributário. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 14 Apenas a título ilustrativo, veja-se o teor dos arts. 71, 72 e 73 da lei ordinária nº 4.502/1964, que autoriza multa de ofício igual a 150% do valor tributável para atos praticados pelo contribuinte que configurem evidente intuito de sonegação, fraude ou conluio. Malgrado a citação seja longa, não se deve furtar ao leitor as tintas bem lançadas por Marco Aurélio Greco, que, em passagem lapidar, arrematou: A temática do planejamento tributário e da elisão fiscal mostra um conjunto de dificuldades que se apresentam ao interprete. Os conceitos singelos de lícito/ilícito, válido/inválido, bem como uma postura que oponha liberdade/solidariedade, legalidade/capacidade contributiva, tipicidade/isonomia, mostram-se insuficientes para fornecer um parâmetro preciso para a aplicação da legislação tributária. Por vezes, outros conceitos acabam sendo agregados de modo a permitir a compreensão do fenômeno, mas sempre permanecem indefinições e incertezas. Da mesma forma, conceitos aparentemente opostos convivem numa unidade. A realidade é mais complexa que os conceitos. (...) Encontrar o ponto de equilíbrio, nesse contexto, é o desafio que se apresenta à interpretação e ao intérprete da lei tributária nesse início de século. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 15 Diante de tais ensinamentos, verifica-se que eventuais conclusões apressadas sobre “noções milagrosas para redução de tributos” podem resultar, invariavelmente, em prejuízo futuro para os contribuintes. Inexorável, portanto, o estudo da denominada norma geral antielisiva. 4. A Norma Geral Antielisiva A liberdade fiscal denota um dos grandes pilares para o planejamento tributário. Outro ponto de suporte para a economia lícita de tributos é a capacidade contributiva, princípio com matiz constitucional (artigo 145, § 1º). Verifica-se, contudo, que não basta que a economia tributária seja levada a efeito pelo contribuinte. A legitimidade da redução do ônus fiscal depende, evidentemente, da licitude das condutas praticadas pelo contribuinte. É exatamente nessa conjuntura que atua a cognominada norma geral antielisiva. Trata-se, em linhas breves, da possibilidade de o Estado desconsiderar atos jurídicos praticados para dissimular a ocorrência do fato gerador tributário, consoante se verifica no art. 116, parágrafo único do Código Tributário Nacional. Art. 116 - Parágrafo único A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela LC nº 104, de 2001) PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 16 O art. 116, parágrafo único, do Código Tributário Nacional, na redação dada pela lei complementar nº 104, de 2001, recepcionou o modelo francês de norma antielisiva. Segundo as lições do prof. Ricardo Lobo Torres, na França o art. 1.741 do Code Généraldes Impôts cria sanções para quem tenha” volontairement dissimulé une part des sommes sujettes à l’impôt”. O art. 64 do Livre des Procedures Fiscales cuida da repressão ao abuso de direito (répression des abus dedroit), ao prever que não podem ser opostos à administração dos impostos os atos que dissimulam a verdadeira compreensão de um contrato ou de uma convenção (qui dissimulent la portée véritable d’uncontrat ou d’une convention); a Administração fica autorizada a requalificar os fatos (L’Administration est endroit de restituer son véritable caractère à l’opérátion litigieuse). Assim, se de um lado o contribuinte pode realizar escolhas legítimas para beneficar-se de redução tributária, cabe ao Estado verificar a legalidade dos atos praticados por aqueles que devem (ou deveriam) sofrer a exação fiscal. A norma insculpida no art. 116, parágrafo único do Código Tributário Nacional foi recepcionada no mundo político e acadêmico como uma regra geral antielisão, que permitiria ao fisco desconsiderar atos praticados pelo contribuinte quando “praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo”. Ocorre que parte da doutrina, ao contrário, pugna pela impossibilidade de uma regra geral antielisão no ordenamento brasileiro, em virtude de princípios como o da legalidade e tipicidade previstos constitucionalmente. Outra parte prefere denominar a norma insculpida no parágrafo único do artigo 116 como uma norma antissimulação. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 17 Alberto Xavier é um dos defensores de que uma norma geral antielisiva em tais moldes não seria possível no ordenamento jurídico brasileiro, por diversas razões. As principais razões invocadas indicam que a norma geral antielisiva fere o direito à propriedade e à liberdade econômica constitucionalmente previstos, uma vez que não permitem ao indivíduo dispor de seus negócios da maneira que mais lhes convém. Alberto Xavier aponta, ainda, que os princípios da legalidade tributária e da tipicidade fechada não autorizam a norma antielisão, e que os referidos princípios tributários – segundo alega – devem ser considerados cláusulas pétreas da Constituição, porquanto se se referem à direitos fundamentais dos contribuintes. Por fim, os críticos da norma geral antielisiva destacam que a referida norma traria ao ordenamento uma possibilidade de tributação por analogia, vedada expressamente pelo artigo 108, §1° do Código Tributário Nacional. Ricardo Lobo Torres, por outro lado, sustenta a total compatibilidade da norma geral antielisiva em debate, com espeque nos seguintes argumentos: a) Não tem peso argumentativo concluir- se que o Congresso Nacional, legitimamente eleito, teria se reunido para votar lei inócua, que repetiria a proibição desimulação já constante do CTN (arts. 149, VII e 150, § 4o); b) Não faz sentido admitir-se que a lei inócua foi votada por engano ou por ignorância, já que a Mensagem que encaminhou o projeto se referia expressamente ànecessidade de introdução da regra antielisiva no ordenamento jurídico brasileiro; PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 18 c) Não pode haver nenhuma incompatibilidade da norma antielisiva com o Estado de Direito, senão até que se tornou necessidade premente nas principais naçõesdemocráticas na década de 1990; d) Em nenhum país democrático levantou a doutrina a tese dainconstitucionalidade, e muito menos a declararam os Tribunais Superiores; e) Quando muito se encontra a afirmativa de que certas nações não estão“maduras” para a prática das normas antielisivas, como acontece naquelas em que oplanejamento tributário se tornava freqüentemente abusivo; f) As teses da legalidade “estrita” e da tipicidade “fechada” têmconotação fortemente ideológica e se filiam ao positivismo formalista e conceptualista; g) As normas antielisivas equilibram a legalidade com a capacidadecontributiva; h) As normas antielisivas no direito comparado têm fundamento nocombate à fraude à lei (Alemanha, Espanha, Portugal), ao abuso de direito (França) ou aoprimado da PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 19 substância sobre a forma (Estados Unidos, Inglaterra, Canadá etc.), e não hámotivo para que tais fundamentos não possam ser invocados no Brasil. Nesse contexto, é oportuno mencionar que a constitucionalidade do parágrafo único do artigo 116 está sendo discutida em sede de controle concentrado de constitucionalidade, por meio da ADI n° 2446, em trâmite perante o Supremo Tribunal Federal e ainda pendente de julgamento. Sobre a natureza e alcance do parágrafo único do artigo 116, Marco Aurélio Greco afirma que o pressuposto de fato para aplicação do art. 116 é aocorrência de atos e negócios praticados com a finalidade de dissimular aocorrência do fato gerador do tributo. Urge destacar, nesse ambiente, que não basta ao contribuinte que o seu ato seja lícito. Verificar-se-á, também, a legitimidade dos atos praticados. Explica-se com um exemplo simples: é de conhecimento geral que uma sociedade empresária pode ser constituída de dois sócios (A e B), tendo o “sócio A” ingressado com cinco milhões de unidades monetárias vigentes na composição do capital social, e o “sócio B” ingressado com a disposição de um bem imóvel no valor de 5 milhões de unidades monetárias. Após a formalização e regularização da sociedade empresária, esta tem funcionamento efêmero, vindo a ser dissolvida 40 dias após a sua constituição. Pergunta-se: Isto é legítimo? Sem dúvida que a resposta é afirmativa. Todavia – e aqui reside a questão – a interpretação seria a mesma se na apuração de haveres o sócio B for indenizado em 5 milhões e o sócio A aceitar a sua parte em espécie? Verifica-se, em verdade, uma compra e venda simulada, para a não incidência de ITBI, em virtude da suposta regra imunitória do art. 156, §2º da Constituição da República. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 20 Essa simplória exemplificação destaca que a simples legalidade da conduta de compor uma sociedade e depois dissolvê-la pode ter legalidade formal, sem ressonância jurídico-tributária suficiente para ser oporta ao Fisco Municipal. Assim diante de atos praticados com abuso de direito, cumpre ao fisco desqualificá-los para, em seguida, requalificá-los em termos de uma hipótesede incidência tributária para exigir o imposto que seria devido caso o negócio não ocorresse de maneira abusiva. Cumpre ressaltar, entretanto, que este procedimento de desqualificação do ato abusivo e o seu posterior reenquadramento em negócio tributável, somente poderá ser feita se o fisco demonstrar, de modo claro e robusto, que o ato foi abusivo porque sua única ou principal finalidade foi produzir um pagamento reduzido de tributos. Registre-se que o ônus da prova de que a operação se caracterizou como um abuso de direito, principalmente pelo fato de ter como motivo predominante a diminuição do encargo tributário, é do Poder Público. Segundo Ricardo Lobo Torres, o problema da elisão fiscal está intimamente ligado ao das posições teóricas fundamentais em torno da interpretação do direito tributário. O positivismo normativista e conceptualista defende, com base na autonomia da vontade, a possibilidade ilimitada de planejamento fiscal. A elisão, partindo de instrumentos jurídicos válidos, seria sempre lícita. Essa posição foi defendida com veemência por Sampaio Dória. O positivismo sociológico e historicista, com a sua consideração econômica do fato gerador, chega à conclusão oposta, defendendo a ilicitudegeneralizada da elisão, que representaria abuso da forma jurídica escolhida pelo contribuinte para revestir juridicamente o seu negócio jurídico ou a sua empresa. Amilcar de Araújo Falcão representou moderadamente no Brasil essa orientação. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 21 Por outro lado, a jurisprudência dos valores e o pós-positivismo aceitam o planejamento fiscal como forma de economizar imposto, desde que não haja abuso de direito. Só a elisão abusiva ou o planejamento inconsistente se tornam ilícitos. Autores de prestígio, como K. Tipke, K. Vogel e Rosembuj, defendem esse ponto de vista. Entre nós alguns trabalhos recentes de Marco Aurelio Greco e de Hermes Marcelo Huck também admitem o controle nos casos de abuso de direito. Verifica-se, assim, que a transparência é o melhor princípio para a superação das ambivalências da sociedade de risco. Só quando se desvenda o mecanismo do risco, pelo conhecimento de suas causas e de seus efeitos, é que se supera a insegurança. Raciocínio idêntico pode ser utilizado para os denominados riscos fiscais. Tão somente a transparência na atividade financeira e na conduta do cidadão pode superá-los. O risco fiscal pode decorrer também da conduta do contribuinte, pelo abuso da forma jurídica no planejamento dos seus negócios ou na organização de sua empresa, pela sonegação e pela corrupção no trato com os funcionários da Fazenda; as normas antielisivas e antissigilo, que foram introduzidas em diversos países na década de 1990 e que começam a chegar ao Brasil, representam a tentativa do legislador no sentido de prevenir os riscos fiscais provocados pelo contribuinte. Com a capacidade técnica que lhe é peculiar, o prof. Ricardo Lobo Torres arremata: O controle da elisão abusiva deixa um certo desconforto no intérprete, diante dos aspectos metodológicos extremamente polêmicos em que assenta. A subsunção malograda e a analogia forçada pelo contribuinte postulam, em nome da PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 22 igualdade, a norma geral antielisiva e contra- analógica. Ainda assim a norma geral antielisiva não conseguirá coarctar todas as dúvidas nem fechar os conceitos, de modo que continuam a carecer de complementação pelas normas específicas antielisivas. As normas antielisivas vão entrando no direito tributário sob diferentes configurações, a depender do ambiente cultural dos países que as adotam. 5. Operações societárias e tributação internacional A compreensão dos fenômenos societários caracteriza o ponto de partida para um planejamento tributário eficaz, notadamente quando se tratam de grandes corporações na busca por uma redução lícita de tributos. Nesse contexto, a exata identificação dos negócios societários – fusões, cisões, alterações societárias e outras figuras correlatas – e dos seus efeitos denota temática por demais relevante no âmbito da reorganização societária Atento a essas premissas, a complexidade das transformações societárias dirigidas para economia fiscal impõe prudência e técnica para efetiva oponibilidade das formas jurídicas eleitas perante as fazendas públicas. No âmbito corporativo, a utlização de planejamento tributário como meio para a redução da carga tributária expõe preocupação antiga, notadamente porque as grandes e médias corporações possuem corpos técnicos preparados suficientemente para comparar, com propriedade, a tributação atual nos contornos nacional e internacional. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 23 Apenas a título exemplificativo, pode-se destacar a denominada incorporação às avessas, que ocorre quando uma sociedade controlada (e com pequeno lastro patrimonial) resolve incorporar a sociedade controladora (que possui maior capital e maiores valores para eventuais créditos de natureza tributária). Não há regra impeditiva para esta operação invertida. Ao revés, o art. 246 da lei ordinária nº 6.404/1976 autoriza a referida transação societária incomum. Em sociedades empresárias de menor porte, pode ser utilizada a cisão seletiva de determinada atividade, para que futuramente a referida sociedade possa se beneficar de reduções tributárias impensáveis antes da seletiva cisão. Assim, a depender do feixe de atividades sociais e da complexidade da atuação das pessoas jurídicas que demandam o planejamento tributário, o esforço jurídico para a redução do custo tributário será maior, na medida em que as relações jurídicas produzidas projetarem reflexos mais volumosos no âmbito tributário. Após examinar os limites para as operações societárias autorizadas pela legislação empresarial, deve-se aviventar a possibilidade de que transações internacionais possam ser utilizadas para dinamizar efeitos econômicos em benefício das sociedades, podendo ser citado como exemplo a utilização de empréstimos internacionais com o uso de sociedades de passagem (conduit companies criadas para transitar valores monetários obtidos no exterior). Gize- se, entretanto, que essas atividades complexas exigem pleno conhecimento da legislação nacional e internacional, com verificação cautelosa e técnica de tratados internacionais. Não é demasiado consignar, ainda, que o panorama internacional deve ser utilizado nos estudos específicos sobre o planejamento tributário, seja em casos de tributos incidentes no comércio exterior, seja nas hipóteses de filiais ou companias de passagem no cenário internacional. Nesses casos, será mister o PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 24 conhecimento do direito comparado para evitar bitributação e outras figuras tributáveis que venham a consumir o ganho tributário com a referida opção. 6. O processo tributário sob a ótica do planejamento tributário O processo tributário pode desempenhar relevante instrumento de planejamento tributário. Malgrado a doutrina predominante não tenha por costume indicar o processo administrativo e judicial como fator importante para o planejamento fiscal, o intérprete não pode se descurar da realidade que nos cerca. O art. 151 do Código Tributário Nacional é o ponto de partida para a utilização dos processos administrativo/judicial para a rediscussão de temas tributários objeto de discussão na seara da incidência ou da quantificação do fato imponível. As impugnações e os recursos administrativos implicam em automática suspensão da exigibilidade do crédito tributário, o que permite que o contribuinte possa discutir teses jurídico-tributárias sem risco de inscrição na dívida ativa e/ou ajuizamento de execução fiscal. Diante de cenário que indique a improcedência na demanda administrativa, o impugnante pode dirigir sua pretensão para o Poder Judiciário, ou aderir a algum plano de financiamento de débitos tributários, com ou sem redução de juros, multas e encargos legais. É importante destacar, por outro lado, que o uso do processo administrativo e/ou judicial não apresenta garantias de que surgirá algum ato legislativo de refinanciamento das dívidas tributárias. De todo modo, o uso regular dos procedimentos administrativos e ser delongado trâmite pode ser utilizado, de modo refletido, para o diferimento no recolhimento de tributos eventualmente devidos. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 25 Veja-se o teor do art. 151 do Código Tributário Nacional: Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I – moratória; II – o depósito do seu montante integral; III – as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV – a concessão de medida liminar em mandadode segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela LCP nº 104, de 2001) VI – o parcelamento. (Incluído pela LCP nº 104, de 2001) Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes. O ponto de maior complexidade neste tema é identificar, de modo seguro, o exato momento de abdicar de eventuais recursos administrativos ou judiciais para adesão a planos de benefícios tributários (parcelamentos acompanhados de anistia, ou redução de juros ou encargos legais). Registre-se, a propósito, que eventual consulta formal produzida pelo contribuinte impedirá que o Poder Público faça autuação fiscal, enquanto perdurar a consulta administrativa, e até 30 dias após a resposta da consulta. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 26 Assim, o processo tributário pode ser útil para postergar o pagamento de tributos objeto de contestação primitiva por parte do contribuinte, desde que os riscos desta “operação processual” sejam calculados previamente. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 27 Referências bibliográficas BORGES, Humberto Bonavides. Planejamento Tributário – IPI, ICMS, ISS e IR. 10. ed. São Paulo: Altas, 2010. BRASIL. Código Tributário Nacional. Lei Nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. BRASIL. 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