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AD3 Filosofia e Ética

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Universidade Federal Fluminense (UFF)
Curso de Administração Pública
Disciplina: Filosofia e Ética
Questões da atividade a distância 3
1) Platão foi o primeiro grande filósofo grego a falar sobre as principais questões éticas em suas obras. Seus primeiros diálogos iniciais ainda estavam sob a influência de seu mestre Sócrates, diálogos esses chamados "socráticos", que discutiam sobre alguns conceitos éticos como a amizade (Lisis), a virtude (Mênon), a coragem (Laques) e o sentimento religioso (Eutifron). Foi com base nesses e em alguns diálogos subsequentes que Platão começou a desenvolver a sua metafísica, isto é, a teoria das formas ou das ideias. Em seu livro A República, livros VI e VII, Platão caracteriza a forma do Bem (agathós) como a "suprema forma", ou seja, o princípio metafísico mais importante. Por ter essa natureza de princípio supremo, a natureza do Bem torna-se de difícil compreensão e explicação, levando Platão a dedicar os mitos do Sol, da Linha Dividida e da Caverna a explicar tal princípio. Através do discurso de Sócrates, Platão conclui a Alegoria da Caverna dizendo: "Nos últimos limites do mundo inteligível aparece-me a ideia (ou forma) do Bem, que se percebe com dificuldade, mas que não se pode ver sem se concluir que ela é causa de tudo que há de reto e de belo" (A República, 517c). Com isso, Platão conclui que ao se conhecer o Bem por meio da dialética, se conhece também a Verdade, a Justiça e a Beleza; considerando-no o fundamento da ética, por isso dando nome à "metafísica do Bem". 
Segundo discussões platônicas, o indivíduo que age de modo ético é aquele capaz de autocontrole, e para se chegar a isso é necessário um conhecimento do Bem, obtido por um longo e lento processo de amadurecimento espiritual.
2) Mênon é um diálogo posterior a Górgias e tem como ponto de partida o questionamento sobre se é possível ensinar a virtude (areté). Para Platão, a virtude não pode ser ensinada, ou já nasce conosco ou nunca a teremos. A virtude deve ser inata e é papel da filosofia despertá-la em cada ser que a possuir. Esse inatismo platônico é explicado pela anamnese. Nesse diálogo, debatido com Sócrates, Mênon apresenta exemplos do que seria a virtude e Sócrates argumenta contra essa tentativa de definir a virtude, ou qualquer outro conceito, por meio de exemplos. É necessária uma definição geral que possa tornar os exemplos compreensíveis como casos particulares de um tipo geral, um conceito. 
Mênon concorda com Górgias a respeito do que é a virtude, dando para Sócrates como resposta uma enumeração de virtudes em vez de um conceito. (Exemplo: virtude do homem é gerir a cidade, virtude da mulher gerir a casa, etc.) Ele acredita que a virtude é relacionada a idade e ao trabalho. Após essa definição, Sócrates critica Mênon afirmando que uma definição deve dar conta da unidade de uma multiplicidade; ele afirma que embora sejam muitas, todas têm um caráter único, o mesmo, o motivo de todas serem uma virtude. Para ele, a base de uma virtude é ser bom; ser justo e prudente. 
Na segunda tentativa de definir uma virtude, Mênon afirma que a virtude é a capacidade de comandar os homens. Dessa vez, Sócrates o contraria dizendo que a definição, por ser única, deve respeitar a multiplicidade do definiendum, não podendo confundir suas variedades (é a mesma virtude a de pessoas diferentes em situações diferentes?) e confundir o definiendum com uma de suas espécies (não é possível afirmar que uma virtude é "todas" elas, não se confunde ser uma virtude com ser a virtude). Assim, eles terminam o diálogo sem chegar a uma conclusão.
3) Platão acreditava que por trás de toda a nossa realidade material, o mundo sensível, há uma realidade abstrata e perfeita. As ideias são seres perfeitos e inteligíveis que as formas imateriais tentam imitar de maneira imperfeita, e a virtude se encontra no mundo inteligível. Sendo assim, é algo inato e intransferível de cada ser humano, e a possibilidade de tornar-se justo e virtuoso depende de um processo de transformação pelo qual deve passar. Por meio da dialética, o indivíduo afasta-se das aparências e adquire o verdadeiro conhecimento. Tal processo culmina com a visão da forma do Bem, representada pela metáfora do Sol na Alegoria da Caverna. O sábio é aquele que atinge essa percepção. Para Platão, conhecer o Bem é tornar-se virtuoso, e isso não é possível por meio de ensinamentos, apenas pela experiência única do conhecimento. 
4) No diálogo entre Sócrates e Glauco, Platão faz uma analogia entre os tipos de governo da cidade (timocracia, oligarquia, democracia e tirania) e o governo da alma. Sócrates dá como exemplo a Glauco três homens e pergunta qual deles seria o mais feliz: o governado pela razão, aquele que é dominado pelo desejo de glória ou o que é dirigido pela ambição de riqueza. Sócrates coloca em pauta a questão do julgamento de valores, e no fim do diálogo pergunta a Glauco quais as características mais importantes para julgar bem algo; e ambos concordam que são a experiência, o raciocínio e a sabedoria. Dessa forma, apenas o homem governado pela razão teria tamanha experiência em todas essas áreas. Com isso, Sócrates finaliza por afirmar que a faculdade de instrumento do juízo é a razão, pertencente unicamente ao filósofo. O privilégio alcançado pelo filósofo é o de ser conhecedor da verdade. E se a conduta ética depende do autocontrole, como foi visto anteriormente, então o indivíduo mais feliz e realizado é aquele em que a razão predomina e por isso é capaz de decidir com mais discernimento e melhor governar a si mesmo.
Referências: MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética: de Platão à Focault. 4. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007.

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