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Introdução ao estudo do direito Prof. Marcelo Grangeiro O que é Direito? • A palavra direito intuitivamente nos outorga a noção do que é certo, correto, justo, equânime • O Direito (ius), no dizer do brocardo romano tradicional, a arte do bom e do equitativo (ars boni et aequi). Diante do exposto, observamos o Direito como arte e como ciência. A palavra direito e palavra com vários significados ainda que ligados e que se entrelaçam. • Procura melhorar as condições sociais ao sugerir e estabelecer regras justas e equitativas de conduta. Pois é justamente como arte que o Direito na busca do que pretende, se vale de outras ciências como Filosofia, História, Sociologia, Política, etc. Direito como Ciência • Reúne o estudo e a compreensão das normas postas pelo Estado ou pela natureza do Homem. O Direito não se limita a apresentar e classificar regras, mas tem como objetivo analisar e estabelecer princípios para os fenômenos sociais, como os negócios jurídicos; a propriedade; o casamento, etc. • Temos uma dualidade bastante interessante: o direito posto pelo Estado, ou seja, o ordenamento jurídico ou direito positivo (positivismo) e por outro lado a norma que se sobreleva e obriga independentemente de qualquer lei imposta, o idealismo, cuja maior manifestação é o chamado direito natural, ou jusnaturalismo. O sentido do que é justo independe da lei. Qual a finalidade do Direito? • “O Direito está em função da vida social. A sua finalidade é desfavorecer o amplo relacionamento entre as pessoas e os grupos sociais, que é uma das bases do progresso da sociedade” (Paulo Nader) • Finalidade básica – COEXISTÊNCIA PACÍFICA • Máxima em Direito: “NINGUÉM PODE ALEGAR DESCONHECIMENTO DA LEI” (art.3°, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro) • “O fim atribuído ao Direito não é o de criar uma ordem ideal, mas uma ordem real de convivência”. Thomas Hobbes (1588-1679). Direito Natural e Direito Positivo • Direito Natural: São duas realidades distintas. O Direito Natural revela ao legislador os princípios fundamentais de proteção ao homem que forçosamente deverão ser consagrados pela legislação, a fim de que se obtenha um ordenamento jurídico justo. Não é escrito, não é criado pela sociedade e nem é formulado pelo Estado. É um Direito espontâneo que se origina na natureza social do homem e que é revelado pela experiência e razão. São princípios de caráter universal e imutáveis. Ex: o direito à vida, direito à liberdade. • Direito Positivo: É o Direito institucionalizado pelo Estado. É a ordem jurídica obrigatória em determinado tempo e lugar. Ex: Código Civil, Código Penal. Direito Objetivo e Direito Subjetivo • Objetivo: É constituído por um conjunto de regras destinadas a reger um grupo social, cujo respeito é garantido pelo Estado (norma agendi). O Direito é norma de organização social. Ex: Código Civil, Código Penal. • Subjetivo: Identifica-se com as prerrogativas ou faculdades implícitas aos seres humanos, às pessoas, para fazer valer “ seus direitos”, no nível judicial ou extrajudicial. Corresponde às possibilidades ou poderes de agir que a ordem jurídica garante a alguém. Assim, quando afirmamos, por exemplo, que é proibido. Faculta agendi. Ex: Beltrano tem direito à indenização por danos morais. Instrumentos de controle social: buscam o bem comum e a paz social. • A Moral, a Religião, as Regras de Etiqueta e o Direito são processos normativos que visam controlar a sociedade. Contudo, o último é o que melhor cumpre esse papel em razão de sua força coercitiva. � Direito – normas jurídicas: tem sanção, coação, força. Ex: prisão � Moral – normas morais: sugerem condutas. � Religião – normas religiosas: preceitos religiosos que sugerem condutas. � Regras de Etiqueta – normas de trato social: moda, convenções, etiqueta que sugerem condutas. FONTES DO DIREITO • A expressão “Fontes do Direito” possui sentido de: origem, nascente, motivação, causa das várias manifestações do Direito. • Fonte = origem Fontes do Direito = de onde provém o direito. • estatais: são produzidas pelo poder público e correspondem à lei e à jurisprudência. • não estatais: decorrem diretamente da sociedade ou de seus grupos e segmentos, sendo representadas pelo costume, doutrina e os negócios jurídicos. • Para que um processo jurídico constitua fonte formal é necessário que tenha o poder de criar o Direito. Esse poder de criar é chamado de competência. DIVISÃO GERAL DO DIREITO POSITIVO • Direito Positivo: é o conjunto de normas jurídicas vigentes em determinado lugar, em determinada época. • Divisão do direito positivo: • a) Direito Público e Direito Privado: é a divisão mais importante. Se a norma tutelar o interesse do Estado e de seu funcionamento, o Direito é público; Contudo, se a norma regular as relações jurídicas entre os particulares, o direito é privado. • Ramos do Direito Público • Constitucional; Administrativo; Tributário; Econômico Interno; Previdenciário; Processual; Penal; Eleitoral; Militar; Internacional Público Externo • Ramos do Direito Privado • Civil; Empresarial; Trabalhista; Internacional Privado; D. do Consumidor. NORMA JURÍDICA ∙ Conceito de Norma Jurídica: fórmulas de agir, determinações que fixam as pautas do comportamento interindividual. Padrões de conduta social impostos pelo Estado. Refere-se à substância própria do Direito objetivo. • Norma é comando ou regra de conduta. Expressa a vontade do Estado por intermédio do legislador. Esta vontade é materializada na lei. ∙ Principais Características da norma: bilateralidade, abstração, generalidade, imperatividade, heteronomia. • a) generalidade: obriga a todos em igual situação jurídica; • b) abstratividade: abarca situações abstratas; • c) bilateralidade: onde há dever, há direito; • d) imperatividade: obrigatória; • e) coercibilidade: uso da força do Estado sobre aqueles que descumprem a norma jurídica. É indispensável ainda que o conteúdo de lei expresse o bem comum. • f) heteronomia: imposta pelo Estado. Classificação das Normas Jurídicas: • Quanto à esfera do Poder Público: • As normas jurídicas podem ser federais, estaduais e municipais. • Quanto à hierarquia: • Sob este aspecto dividem-se em: constitucionais, complementares, ordinárias, regulamentares e individualizadas. As normas guardam entre si uma hierarquia, uma ordem de subordinação entre as diversas categorias. PRINCÍPIOS JURÍDICOS • Atualmente, vive-se no chamado Estado Principiológico. Trata-se da efetividade de elementos chamados fundamentais, os princípios jurídicos. • A pós-modernidade concretiza a era da normatização dos princípios, isto é, princípios e regras são normas jurídicas. De fato, os princípios são as fontes basilares para qualquer ramo do direito. • Os princípios e as regras são normas porque ambos dizem o que deve ser. Contudo, há alguns critérios utilizados pelos estudiosos, a fim de distingui-los. Um desses critérios é o da generalidade: os princípios são normas de um grau de generalidade alto e as regras, de nível relativamente baixo de generalidade. • PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS: • A Constituição é a lei fundamental e suprema do Brasil. E os princípios constitucionais são o que protegem os atributos fundamentais da ordem jurídica. • São estes os principais princípios constitucionais: PRINCÍPIOS JURÍDICOS • a) Princípio da Supremacia da Constituição: por este princípio, nenhum ato jurídico pode permanecer valendo em ação contrária à Constituição Federal. • b) Princípio da legalidade: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei”. Diz respeito à obediência às leis. Divide-se em duas vertentes: no âmbito público: seria fazer apenas aquilo que a lei permite. Já no âmbito privado, todo particular pode fazer tudo aquilo que não é proibido. • c) Princípio da igualdade ou isonomia: Trata-se de um princípio jurídico disposto nas Constituições de vários países que afirma que "todos são iguais perante a lei", independentemente da riqueza ou prestígiodestes. O princípio informa a todos os ramos do direito. Seria tratar desigualmente os desiguais, na medida da sua desigualdade. • d) Princípio da ampla defesa: É o princípio que garante a defesa no âmbito mais abrangente possível. É a garantia de que a defesa é o mais legítimo dos direitos do homem. Contém duas regras básicas: a possibilidade de se defender e a de recorrer. A ampla defesa abrange a autodefesa ou a defesa técnica (o defensor deve estar devidamente habilitado); e a defesa efetiva (a garantia e a efetividade de participação da defesa em todos os momentos do processo). É princípio básico da ampla defesa que não pode haver cerceamento infundado, ou seja, se houver falta de defesa ou se a ação do defensor se mostrar ineficiente, o processo poderá ser anulado. Caso o juiz perceba que a defesa vem sendo deficiente, ele deve intimar o réu a constituir outro defensor ou nomear um, se o acusado não puder constituí-lo. • e) Princípio do contraditório: O princípio do contraditório e ampla defesa esta expresso na Constituição Federal, no artigo 5º inciso LV. Vejamos: art. 5º, CR/88: • LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. PRINCÍPIOS JURÍDICOS • Esse é o princípio que garante a justiça o contraste entre as partes, a chance de provar a verdade e praticar o real exercício do direito. O juiz deve dispor esses meios às partes e participar da preparação do julgamento a ser feito, exercendo ele próprio o contraditório. Ex: o contraditório pode ser obstado quando o réu não é citado ou intimado de algum ato processual praticado pela outra parte. • f) Principio da Dignidade da Pessoa Humana: A dignidade da pessoa humana é um valor supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito à vida. • g) Princípio da Proporcionalidade: tem a ver com a adequação, exigibilidade e proporcionalidade. A proporcionalidade serve como parâmetro de controle da constitucionalidade das regras restritivas de direitos fundamentais. Também atua na solução dos conflitos entre os princípios da constituição. A adequação exige medidas interventivas. O meio escolhido se presta para alcançar o fim estabelecido, assim, mostrando-se adequado. • PRINCÍPIOS ÉTICOS E MORAIS: Os princípios morais como a honestidade, a bondade, o respeito, a virtude, fazer o bem, etc., determinam o sentido moral de cada indivíduo. São valores universais que regem a conduta humana e as relações saudáveis e harmoniosas. • A moral orienta o comportamento do homem diante das normas instituídas pela sociedade ou por determinado grupo social. Diferencia-se da ética no sentido de que esta tende a julgar o comportamento moral de cada indivíduo no seu meio. No entanto, ambas buscam o bem-estar social. Quanto às Espécies Normativas • A) Constitucionais – São as que figuram na Constituição, lei máxima de nosso País e fundamento de todo o nosso sistema jurídico positivo. Trata-se do princípio da supremacia da Constituição em relação a qualquer outra norma. • B) Emendas à Constituição – Nossa Constituição permite sua reforma por meio de emendas; deve ser discutida e votada em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos. • C) Leis Complementares – Tratam de matérias especiais, estipuladas na própria Constituição, para melhor regulamentar determinado assunto. Possuem quórum especial para aprovação. Quanto às Espécies Normativas • D) Leis Ordinárias – Leis Comuns, elaboradas pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional – lei federal – Assembleia Legislativa – estadual; Câmara dos Vereadores – municipal). • E) Leis Delegadas – Elaboradas pelo Presidente da República por autorização expressa do Poder Legislativo e nos limites impostos por este. • F) Medidas Provisórias – Normas com força de lei, editadas pelo Presidente da República, em caso de relevância e urgência. Congresso Nacional tem 60 dias para analisar seu texto; poderá ser aprovada, rejeitada. Quanto às Espécies Normativas • G) Decretos Legislativos – Normas promulgadas pelo Poder Legislativo sobre assunto de sua competência, exemplo, ratificação de tratados internacionais, autorização de referendo ou convocação de plesbicito, etc.. • F) Resoluções – Normas expedidas pelo Poder Legislativo, destinadas a regular matéria de sua competência e peculiar interesse, exemplo, fixação de subsídios, licenças dos parlamentares, perda de cargo, etc.. . Elaboração das Leis • A criação das leis obedece a um procedimento próprio, chamado de processo legislativo, definido na Constituição. • INICIATIVA • A) Parlamentar – qualquer parlamentar ou comissão do Poder Legislativo. • B) Extraparlamentar – chefe do Poder Executivo, Supremo Tribunal Federal, demais Tribunais Superiores, Procurador Geral da República e cidadãos em geral. • São cinco etapas: Iniciativa, Discussão e aprovação, Sanção ou Veto, Promulgação e Publicação. Vacatio Legis: • Vacatio Legis é um termo jurídico, de origem latina, que significa vacância da lei, ou seja "a Lei Vaga", que é o período que decorre entre o dia da publicação de uma lei e o dia em que ela entra em vigor, ou seja, que tem seu cumprimento obrigatório. • A Vacatio Legis, fundamentada juridicamente, é estabelecida para que haja um período de assimilação da nova lei que entrará em vigor depois do prazo determinado. Esse período é em média de 45 dias, contando da data da publicação da lei. Vacatio Legis: • É possível também que a nova lei dispense a Vacatio Legis e assim deve conter o seguinte artigo: "Esta lei entrará em vigor na data de sua pulicação". • A Vacatio Legis indireta é a que determina um novo prazo para o seu período de Vacatio Legis, para que determinados dispositivos possam ter aplicação. • Uma lei tem vigência até o surgimento de uma lei nova, e pode, ainda, ser que a lei nova venha a disciplinar um fato pela primeira vez. É neste contexto, que se insere o momento de início da vigência da lei nova, bem como para se apreciar o alcance de seus efeitos sobre os atos praticados até esse momento. Eficácia da Lei Trabalhista no Tempo e no Espaço No Tempo: Princípios do Efeito Imediato e da Irretroatividade No Espaço: Princípio da Territorialidade
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