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A REPERCUSSÃO DO DESAMPARO NO TRANSTORNO DE PÂNICO NA ADOLESCÊNCIA

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Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul 
Centro Lydia Coriat 
Curso de Pós-Graduação Em Problemas do Desenvolvimento na Infância e 
Adolescência: Abordagem Interdisciplinar 
Adriana Silveira de Souza 
 
 
 
 
 
A REPERCUSSÃO DO DESAMPARO NO TRANSTORNO DE PÂNICO 
NA ADOLESCÊNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Goiânia 
2016 
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Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul 
 
Adriana Silveira de Souza 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A REPERCUSSÃO DO DESAMPARO NO TRANSTORNO DE PÂNICO 
NA ADOLESCÊNCIA 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
como requisito parcial para obtenção do título 
de Pós-Graduação do Centro Lydia Coriat em 
Problemas do Desenvolvimento na Infância e 
Adolescência: Abordagem Interdisciplinar sob 
a orientação da Professora Dra. Carolina Viola. 
 
 
 
 
 
 
Goiânia 
2016 
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Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul 
Adriana Silveira de Souza 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A REPERCUSSÃO DO DESAMPARO NO TRANSTORNO DE PÂNICO 
NA ADOLESCÊNCIA 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
como requisito parcial para obtenção do título 
de Pós-Graduação do Centro Lydia Coriat em 
Problemas do Desenvolvimento na Infância e 
Adolescência: Abordagem Interdisciplinar sob 
a orientação da Professora Dra. Carolina Viola. 
 
 
Aprovado em: ___ / ___ / ___ 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
____________________________________________________ 
Prof Nilson Sibemberg 
 
____________________________________________________ 
Profa Zulema Garcia Yañez 
iv 
 
 
 
 
 
 
Autor Adriana Silveira de Souza 
Título A Repercussão Do Desamparo No Transtorno De Pânico Na 
Adolescência 
 
Trabalho referente a Projeto de Conclusão do Curso de Especialização 
CENTRO LYDIA CORIAT - Diagnóstico e Tratamento dos 
Problemas do Desenvolvimento na Infância e Adolescência da 
Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (FADERGS), 
Orientado pela professora Carolina Viola Realizado pela aluna 
Adriana Silveira de Souza 
Local – Goiânia 
Data - 5 de setembro de 2016. 
 
 
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Sumário 
 
1 Introdução .......................................................................................................................... 1 
2 Adolescência ....................................................................................................................... 3 
3 Algumas perspectivas do grande Outro .......................................................................... 8 
4 Angústia e Transtorno de Pânico (TP) .......................................................................... 13 
5 Inter-relacionamento entre esses conceitos ................................................................... 19 
Recortes de dois casos clínicos ........................................................................................... 19 
Considerações sobre os casos ............................................................................................. 20 
6 Conclusões e extensões futuras....................................................................................... 23 
Referências .............................................................................................................................. 25 
 
 
 
 
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Resumo 
A adolescência é um momento de muita efervescência psíquica, biológica, neurológica e 
fisiológica. Uma característica que define a adolescência, como apresentado em ALBERTI 
(2004) é “a definitiva incorporação do Outro da infância”, diferenciando-se, a partir de então, 
das figuras parentais. Além disso, há necessidade de uma separação dos pais da realidade, em 
prol de uma pleiteada autonomia. Tanto um como outro provocam muitos conflitos no 
adolescente. Por um lado, ele necessita dos recursos do Outro para sustenta-lo como sujeito 
nesse percurso. Por outro, o adolescente precisa dos pais para diferenciar-se e adquirir sua 
identidade. Quanto mais apoio e suporte tiver de ambos, menos traumático será este processo, 
que pode ser sentido pelo adolescente como um desamparo. Isso não significa apoio total e 
irrestrito por parte dos pais. Nem que Outro deixe de ser inconsciente. Mas o adolescente tem 
de vivenciar seus conflitos e realizar um conjunto de operações psíquicas, elaborando-os à 
medida que ele compareça na sua travessia, mediante o apoio dos pais e o discurso do Outro. 
No entanto, muitas psicopatologias se dão nesta etapa da vida devido a como se desdobra a 
revivência dessas operações, que já foram de alguma forma alvo na infância. Um dos motivos 
que pode gerar uma instabilidade emocional no adolescente é a sensação de desamparo. A 
psicopatologia que mais se associa ao desamparo é o transtorno de pânico. Esse trabalho tem 
como finalidade compreender possíveis influências que o Outro e os pais possuem no trabalho 
da adolescência e sua implicação no transtorno de pânico. Para isso, foram utilizadas diversas 
referências na literatura psicanalítica sobre adolescência, grande Outro e o transtorno de pânico. 
Cada um desses conceitos é muito complexo de serem tratados em um único trabalho. Portanto, 
esse trabalho não se propõe se ocupar desses assuntos exaustivamente, mas sim correlaciona-
los para uma melhor compreensão destas intersecções. 
Palavras-Chave: psicanálise, grande Outro, transtorno de pânico, adolescência 
 
 
1 
 
 
 
1 Introdução 
A adolescência é considerada como um momento de profunda ebulição física, biológica, 
psíquica, cognitiva e social (OUTEIRAL, 2008). Além disso, constata-se que entre os vários 
autores psicanalíticos não se encontra um consenso do que efetivamente ela representa 
(ARAÚJO, 2016, RUFFINO, 2004, RASSIAL, 1997). Muitos olhares são lançados sobre 
diversas perspectivas do adolescer, tornando-se difícil apreendê-los. Talvez isso ocorra 
exatamente pelas várias perspectivas que compõem esse momento de vida (ALBERTI, 2002, 
KNOBEL, 2011). 
A criança sai do mundo protegido no âmbito familiar e volta-se para o mundo externo. 
Nessa travessia, entre a infância e idade adulta, o adolescente tem a missão, como diz 
OUTEIRAL (2018), de “independização”. Para isso ele deve romper com os antigos modelos 
identificatórios e vincular-se a outros grupos, buscando a construção de sua própria identidade. 
Essa busca traz uma turbulência, não só para sua vida pessoal, como para a de sua família. O 
ambiente que antes era de proteção e de apoio passa a ser angustiante, tedioso e aborrecido. 
Sob um ponto de vista psicanalítico (ARAÚJO, 2016), a adolescência revela-se após um 
período de latência no qual a pulsão ficou adormecida. A pulsão retorna com uma força maior 
e que tem de ser satisfeita imediatamente. Por isso, o ato na adolescência é muito marcante. O 
simbólico do adolescente não consegue dar conta da força da sexualidade. A pulsão vem e o 
adolescente atua sem passar pelo seu simbólico, acting out. A adolescência é caracterizada por 
um grande conflito e uma ambivalência, as quais o adolescente tem de se a ver com a sua 
sexualidade, agressividade e novamente com a castração agora num corpo em transformação. 
Inicialmente, o grande Outro é encarnado pela mãe (função materna), também chamado, 
neste momento, de Outro primordial ou Outro materno. A mãe mediante seus cuidados e com 
o endereçamento de seu desejo ao bebê, enlaça-o numa relação permeada pela linguagem 
(JERUSALINSKY, 2011). Isso é fundamental pois o sustentará na sua constituição enquanto 
sujeito. Além da mãe, o Outro também pode ser encarnado pela figura paterna, pelos 
educadores, outras figuras de autoridade e posteriormente pelas experiências vivenciadas por 
essa alteridade, que se introjetam no seu inconsciente, por meio da idealização (FREUD, 1921). 
Para ALBERTI (2004), o final da infância se daria a partir da efetiva incorporação do 
Outro da infância e o adolescente não seja tão dependente das figurasidealizadas dos pais. Para 
isso o jovem deve romper com o Outro materno e as imagos idealizadas de seus pais, ele 
precisará de um processo de diferenciação e de separação. Para haver a separação, os pais 
devem participar, apoiando o jovem, dando-lhe segurança e seu amor. Quanto mais apoio e 
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suporte tiver dos pais, menos traumático será o trabalho adolescente. Esse apoio deve continuar 
a fim de ajudá-lo no seu processo de escolhas para uma identidade adulta (ALBERTI, 2004). 
Portanto conforme foram suas experiências na infância, o registro do significante e o 
Après Coup, reedições de vivências traumáticas podem ocorrer. Isso pode ocorrer 
principalmente quando há dificuldade de separação do Outro materno, que caracterizaria uma 
simbiose entre mãe e bebê. Essa separação pode ser vista como abandono. O desamparo vivido 
na adolescência, conforme PEREIRA (2008), remete ao protótipo de desamparo vivido no 
momento do nascimento, no qual o papel do Outro e dos pais, às vezes, se confundiam. Existia 
apenas um corpo e nenhum simbólico para dar conta da avalanche de sensações e o Outro 
materno era o único que poderia acolhe-lo frente a esse desamparo fundamental. 
Atualmente há uma considerável quantia de casos de transtorno de pânico na 
adolescência (CARMO, 2010). PEREIRA (2008) considera que a visão freudiana de desamparo 
seria de grande valia para uma análise mais apurada dos motivos que levariam o sujeito a adotar 
como defesa o transtorno de pânico. Para SIBEMBERG (2007), o transtorno de pânico seria 
uma exacerbação da angústia; um excedente que não é passível de representação simbólica. 
Este trabalho tem por finalidade estudar os principais conceitos e características que 
compõem o adolescer. Com base neste estudo, investigar como podem se dar essas operações 
fundamentais da constituição do sujeito, no qual Outro e a dinâmica do relacionamento parental 
possam de certa forma influenciar no desencadeamento de um transtorno de pânico na 
adolescência. Para isso, esse trabalho é composto de seis seções. A primeira seção consiste 
nessa introdução. A segunda seção aborda o que é a adolescência e suas principais 
características. Já uma tentativa de compreensão do Outro e seus desdobramentos na 
adolescência são apresentados na terceira seção. Uma breve visão sobre transtorno de pânico 
numa visão psicanalítica é mostrada na seção quatro. Com base nos estudos anteriores, uma 
análise do inter-relacionamento entre adolescência, a importância dos pais, o Outro e transtorno 
de pânico é discutida na seção cinco, mediante a apresentação de duas vinhetas de casos 
clínicos. Por fim, conclusões sobre o trabalho e extensões futuras estão presentes na seção seis. 
 
 
3 
 
 
 
2 Adolescência 
Há muitas controvérsias sobre o conceito de adolescência. Na literatura, os conceitos de 
puberdade e de adolescência muitas vezes são apresentados como sinônimos (OUTEIRAL, 
2008, RUFFINO, 2004, ALBERTI, 2002). Não há um consenso sobre o que venha a ser 
adolescência. RUFINO (2004) diz que a adolescência “não é uma fase natural do 
desenvolvimento do indivíduo. É uma resposta do sujeito provocada pela irrupção do Real na 
puberdade. ” (p. 44) . Isso é decorrente do declínio da função social da imago paterna, 
apresentando-se como um fenômeno na contemporaneidade. 
Já para ALBERTI (2002, P.2) “a adolescência é uma escolha do sujeito. Ele pode 
escolher atravessá-la, mas pode também não a escolher”. Para ela, essa é uma escolha 
inconsciente, que, segundo a tradição Freudiana, o sujeito faz, sem se dar conta de quais serão 
as consequências. O preço a ser pago dependerá do quanto o adolescente vai se a ver com a 
castração. Para OUTEIRAL (2008) a adolescência se apresenta como um fenômeno psicológico 
social. Portanto, o adolescente será reflexo do suporte que teve ao longo da infância, bem como 
do contexto do ambiente social, econômico e cultural no qual está inserido. BACKES (2011, p. 
134) diz “que a adolescência se distingue das outras “etapas da vida”, vindo a constituir como 
aquele período que empurrou “a infância para trás e a maturidade para frente””. Ela destaca que 
o adolescente surge impulsionado pela força biológica da puberdade e do social. Nesse sentido 
poderia se pensar que a adolescência seria de fato um trabalho essencialmente psíquico. 
Embora não esteja claro se é uma fase ou etapa do desenvolvimento ou um processo de 
transformação psíquica ou social, esses autores caracterizam a adolescência como um período 
de muita conturbação física, emocional, psíquica e social (RUFFINO, 2004). 
A adolescência não foi um tema abordado na obra freudiana (ALBERTI, 2002). A 
adolescência é uma invenção originada a partir da primeira metade do século XX. Adolescer 
significa crescer. Antes o adolescer não se fazia presente, pois a criança já era tratada como 
adulto em miniatura. RUFFINO (2004) diz que quando a criança completava 12 anos, se fosse 
mulher já era encaminhada para o matrimônio e o homem para o trabalho na agricultura. Não 
havia dúvidas e nem discussão, o destino já estava selado. OUTEIRAL (2008) também diz que 
a criança saia da infância diretamente para o mundo dos adultos. A adolescência teve seu início 
com a segunda guerra mundial, entre os anos de 1918-1939. Portanto, a adolescência é um 
fenômeno da contemporaneidade. 
Neste trabalho considera-se as perspectivas de puberdade e de adolescência como 
aspectos diferentes, mas interdependentes do ser humano. A puberdade é diferente da 
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adolescência e teria um caráter mais associado a biologia e seus desdobramentos. A puberdade 
caracteriza-se por um movimento do corpo em direção ao corpo do adulto, ao corpo biológico. 
Mudanças nas formas do corpo, surgimento de novas funções (menstruação e reprodutiva), a 
introdução de caracteres secundários. No entanto, ela se confunde de certa forma com a 
adolescência, pois a puberdade só existe se for apresentada a um sujeito. Então a puberdade é 
dependente do desenrolar do psíquico, da instalação do sujeito de desejo. Pode-se vivenciar a 
adolescência antes mesmo de termos os primeiros sinais da puberdade (RUFFINO, 2004). 
ALBERTI (2004) destaca que o trabalho da adolescência consiste numa tentativa de 
destituição da autoridade dos pais. Segundo RUFFINO (2004), a adolescência só existe como 
operação psíquica necessária à constituição do sujeito. Porém só ocorre em função da fratura 
da função social da imago paterna, que trouxe a ruptura dos laços sociais e, por conseguinte, o 
desamparo. Isso trouxe uma puberdade que se defronta com o traumático. Desta forma sendo 
um sintoma social da contemporaneidade. 
Verifica-se que se trata de uma transição, na qual não há um consenso na literatura sobre 
o que de fato o é. OUTEIRAL (2008) diz que todos na família viram, de certa forma, 
adolescentes. Tanto os pais começam a ter comportamentos diferenciados como os próprios 
irmãos menores também adolescem. 
A adolescência é uma resposta frente às condições histórico-sociais da existência da 
contemporaneidade. O tempo contemporâneo se dá sob três condições (RUFINO, 2004): O 
declínio da função social da imago paterna; o isolamento, que consiste no empobrecimento da 
experiência compartilhada; e a falta de apropriação pelo sujeito da historicidade que o constitui. 
Numa sociedade na qual essas três condições não tivessem sido estabelecidas, segundo 
RUFFINO (2004), a adolescência não teria necessidade de ocorrer. Nas sociedades tradicionais 
fornecia-se um contexto social com uma certa estabilidade. Os papéis eram claros, os caminhos 
possíveis estabelecidos e não havia espaço para questionamentos. A função paterna estava 
estabelecida. Havia o compartilhamento da experiência, da tradição, uma valorização do 
acolhimento da memória coletiva, isto é, existia um simbólico social-coletivo instituído. Ela, 
por meio dos laços sociais estruturava, organizava os ritos de passagem,dando um sentido aos 
enigmas da puberdade, que se manifestavam através dos fenômenos das identificação, filiação 
e sexualidade (JERUSALINSKY,2011B). As sociedades tradicionais encarregavam-se de fazer 
o trabalho, que hoje na contemporaneidade, cumpre a adolescência fazer (RUFFINO, 2004). 
Para RASSIAL (1999), a adolescência é um conceito que está circunscrito a uma 
realidade dos processos psíquicos e nos informa sobre a própria construção do sujeito. Então a 
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adolescência surge como uma reação à discordância ou falta de harmonização entre, de um lado 
os recursos sociais, uma infraestrutura de acolhimento e uma história (filogenética ou 
ontogenética), e de outro lado a ebulição corporal provocada pelo corpo biológico na 
puberdade. O jovem frente às transformações corporais e à instabilidade advinda da 
contemporaneidade fica perplexo, confuso, atordoado. O Outro assiste a sua transformação 
antes que o adolescente mesmo a perceba. RUFFINO (2004) nomeia como um transbordamento 
aflitivo e a classifica em três tempos a adolescência. O primeiro tempo seria o momento da 
paralisia, do emudecer. O segundo tempo consiste na espera do outro que nomeie o inominável, 
o que não está inscrito tendo por base a sua experiência. Por fim, o terceiro tempo consistiria 
em adquirir confiança e lançar-se a sua própria trajetória e como diz RUFFINO (2004) produzir 
“uma resposta inédita às exigências pós-pubertárias e seguir na direção da condição adulta” p.3. 
Esse momento controverso é marcado por uma mudança significativa na visão de 
mundo do adolescente. Ele sai do ambiente familiar no qual está protegido. Para criar a sua 
própria identidade, rompe com as identificações parentais. Desta forma busca identificações 
com outros grupos. 
Há uma desconstrução dos modelos já adquiridos e vivenciados. O corpo não é mais o 
mesmo. As questões não resolvidas na infância vêm com força, após o período de latência, para 
serem revividas na adolescência. A adolescência é uma etapa privilegiada para ressignificação 
de traumas anteriores. BAKES (2011) diz que “Aquilo que opera na infância carrega seu 
registro pela adolescência”. Pode-se constatar que a passagem adolescente perpassa reedições 
de vivências da infância. Nesse sentido poder-se-ia destacar alguns aspectos: 
Lidar com as mudanças corporais: 
No momento do nascimento, o bebê é apenas um “monte de carne”, como diria a 
professora Silvia Molina. O bebê tem diversas sensações corporais e não possui um simbólico 
para processar essas sensações. As mudanças pubertárias no adolescente provocam uma 
ausência de compreensão das mudanças corporais. Ele tem de fazer o luto do corpo infantil. O 
adolescente muda sua imagem corporal e tem de tomar posse desse novo corpo por via dos 
significantes. De certa forma o real apropria-se novamente do corpo, que metaforicamente se 
aproxima novamente de um monte de carne sem significação, assim como no momento do 
nascimento. Um trabalho de simbolização desse novo corpo deve ser retomado. Novamente o 
olhar do Outro, agora do sexo, o apoia nesse processo de significação. 
 
 
6 
 
 
 
Estágio do espelho: 
RASSIAL (1997) diz que o adolescente precisa realizar diversas operações fundadoras. 
No estágio do espelho, inicialmente, a mãe, com seu olhar e sua voz, era quem assegurava a 
consistência, integridade e existência do bebê. Na adolescência, com o luto do corpo infantil e 
com o novo corpo, são seus pares que terão a missão de lhe proporcionar essa experiência 
(BACKES, 2011). 
Complexo de édipo e Confirmação do nome-do-pai: 
O complexo de édipo tem a função fundante de limitar a livre satisfação pulsional, 
efetuar o recalcamento dessa pulsão, erigir defesas, legitimar o superego, transformar o desejo 
pela mãe em afeto, interditando a mãe, isto é, limitando seu gozo em relação ao bebê e 
instalando a significante da falta, com a entrada do terceiro paterno (ARAÚJO, 2014). Dessa 
forma identificando-se com o pai, definindo seus traços de caráter. Na adolescência, o nome-
do-pai será ratificado. Deverá haver novamente uma desistência da mãe para ele ter de se ver, 
agora, com o Outro do sexo, confirmando a diferenciação sexual e assumindo o seu próprio 
sexo. 
Saída do útero familiar para vida social: 
Rememorando o momento da saída do útero, a qual o bebê tinha tudo o que necessita, o 
adolescente também deverá ter motivos para sair do ambiente familiar protegido. A presença 
da falta seria um fator importante para essa motivação. Como diz Lancan, “Onde há falta, há 
desejo”. O adolescente tem de se reconhecer faltante para ir ao encontro do que deseja, mas não 
sabe o quê. Se os pais não forem interditados, provavelmente, ele terá dificuldades de efetuar 
essa saída. Desta forma, caracterizando, cada vez mais, um fenômeno que se encontra muito na 
contemporaneidade, adultecência. Isso é, um adulto que não fez a passagem adolescência e 
contínua fixado na simbiose familiar. 
Desejo do Outro primordial ou materno para agora assunção do seu desejo: 
Na infância, o sujeito se constitui a partir da demanda e do desejo dos pais. A criança 
fica presa ao desejo, principalmente, da mãe (Outro materno). O pai deve entrar exatamente no 
sentido de não permitir que essa mãe aliene seu bebê, como objeto de seu gozo. Por isso, a 
diferenciação, proporcionada pela função paterna, torna-se superimportante para a constituição 
do sujeito. Segundo BACKES (2011), deverá haver uma nova reorientação sobre o desejo, para 
isso o jovem deve se separar do desejo do Outro materno. 
 
 
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Hedonismo infantil – reedição do narcisismo primário e secundário: 
O sujeito busca, ao longo da vida, um retorno ao ideal narcísico estabelecido pelos pais 
na infância, sua majestade o bebê (FREUD, 1914) e (FREUD, 1921). A adolescência é um 
momento eminentemente narcísico. Talvez isso ocorra, exatamente, porque os pais transmitam 
aos filhos o mesmo funcionamento narcisista que utilizaram na tentativa de resolver seus 
próprios problemas psíquicos (ARAÚJO, 2016). No entanto, a crença narcísica de onipotência 
do adolescente não resiste ao princípio de realidade. Desta forma, quando o narcisismo não é 
suficientemente elaborado, outros recursos podem ser buscados para se cumprir esse ideal 
narcísico. Um exemplo disso seria a vida virtual, na qual, não há limites e nem faltas. Tudo 
pode ser possível, havendo uma manipulação da realidade virtual com possibilidades infinitas. 
Reordenação identificatória: 
Para criação de sua própria identidade, o adolescente necessita romper com os modelos 
anteriormente estabelecidos (mãe, pai, professores) e partir para identificação com outros 
grupos. Esse reordenamento pode trazer conflitos, gerando angústias (ARAÚJO, 2016). 
BACKES (2011, p.139) diz “o infantil faz retorno na adolescência de forma massiva, 
tendo em vista a necessidade da ratificação ou não, a posteriori, das operações fundadoras 
realizadas na infância”. As excitações sexuais ficam mais intensas. Ele não sabe o que fazer 
com sua sexualidade. O adolescente deve se a ver com a castração e se ver como um ser faltoso. 
No entanto, vive-se um imperativo da cultura, na qual furos e buracos não existem, o importante 
é ser feliz. Tudo é sempre lindo e belo, não havendo espaço para frustrações. 
Essas situações geram muita angústia para o jovem, que procura algum refúgio. Muitas 
vezes esse refúgio não é encontrado em casa com sua família. As famílias não conseguem dar 
conta de fornecer suporte psíquico para a ressignificação das operações na adolescência. Então 
ele pode procurar esse refúgio em outros grupos sociais, na drogadição, ou definindo uma 
psicose, ou sintomatizando um transtorno de pânico, entre outros. Talvez seja por essa 
complexidade que caracteriza o trabalho adolescente e faça deste ser tão susceptível a 
psicopatologia. Portanto, conforme foi a vivência da infância do adolescente ele poderá ter maisou menos recursos psíquicos para lidar com a sua adolescência. No entanto, essa ebulição 
psíquica, física e social, sempre permeará a ordem do traumático e constitui um trabalho 
necessário para tornar-se adulto. 
 
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3 Algumas perspectivas do grande Outro 
O Outro ou grande Outro é um conceito fundante da teoria psicanalítica lacaniana. O 
objetivo desta seção não é fazer uma exposição completa do significado do conceito “Outro”. 
O objetivo é conhecer uma perspectiva que permita efetuar um possível inter-relacionamento 
deste conceito com adolescência e o desamparo que comparece no transtorno de pânico. Desta 
forma, elucidando dentro do contexto desse trabalho, a correlação de alguns aspectos do 
pequeno outro e do Outro que implicam na constituição do sujeito e repercutem como sintoma, 
o transtorno de pânico. 
O Outro e a criação do sujeito 
O ser humano ao nascer é totalmente dependente. Ele é prematuro neurologicamente. 
Diferentemente de outros animais, ele precisa do apoio de uma outra pessoa para sobreviver. O 
ser humano precisa ser acolhido, cuidado, pois sua condição não lhe permite que viva 
autonomamente. O Outro faz do ”bebê um objeto privilegiado de seus interesses e influencia-o 
de tal forma que ele será necessariamente constituído a partir da relação entre ambos. Outro e 
ele mesmo” (ALBERTI, 2004, p.12). Dessa forma a alteridade vai se integrando a própria 
constituição da criança. É na relação com o Outro que a criança se desenvolve. Inicialmente, o 
bebê e sua mãe, vivem numa simbiose. A mãe vai dando sentido as reações e ações do bebê por 
meio da linguagem no papel de Outro. É mediante o laço do Outro que ele vai aprendendo e 
pode-se constituir como sujeito. O Outro é o que determina o sujeito, pois a constituição da 
subjetividade se dá na alteridade, no laço social. Não há sujeito sem o Outro (JERUSALINSKY, 
2011B). 
O Outro e a linguagem 
FARIA (2016), diz que a linguagem configura o circuito que enlaça inicialmente mãe e 
bebê. A mãe entra no circuito com o bebê, operando como suporte privilegiado no campo da 
linguagem. Desta forma instalando uma função, inicialmente cumprida pela mãe, que define 
um lugar, denominado do Outro. Michele Roman FARIA (2016) diz que essa dependência vai 
além da satisfação das necessidades básicas, como fome, higiene, calor. É uma dependência 
no campo da linguagem, pois será por meio da linguagem que o bebê será enlaçado pelo Outro. 
Michele Roman Faria diz: 
Nomear a mãe de Outro primordial é insistir na importância desse lugar 
a que a função dá suporte, o do grande Outro, e marcar, ao mesmo 
tempo, que o sujeito é efeito da linguagem, que é pela linguagem que o 
sujeito se constitui. O sujeito se define, assim, como efeito da inscrição 
do ser no campo da linguagem. “ (FARIA, 2016, p.39). 
 
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A linguagem vai envolvendo a criança. A mãe com seus cuidados enlaça a criança em 
sua demanda. A criança vai respondendo por amor ao Outro. A mãe, mediante seu amor, faz 
uma aposta nesse ser totalmente dependente e imaturo. Ela afirma hoje o que ele terá condições 
de fazer amanhã. Essa operação chama-se de antecipação simbólica do que está por vir 
(JERUSALINSKY, 2011). 
O Outro e a identificação 
Posteriormente o Outro, incorpora o pai, amigos, cuidadores e educadores. São figuras 
significativas que são introjetadas por meio da identificação. Segundo FREUD (1921), a 
identificação é a forma mais primitiva de amor que se manifesta no ser humano. Os valores, 
ideais, pensamentos, conceitos, manifestados por essas figuras de autoridade, são introjetados 
e servem, mais adiante, de parâmetros para a escolha do adolescente. Escolha que ele deverá 
realizar na reafirmação de sua identidade adulta. ALBERTI (2004, p. 13) define que “O sujeito 
adolescente já fez uma quantidade suficiente de experiências para que esse Outro faça parte 
dele, o que não impede que busque reconhecê-lo em substitutos ao longo de toda sua 
existência”. Ela afirma que na realidade, pode-se dizer que o próprio inconsciente do 
adolescente é esse Outro. O Eu não reconhece essa alteridade como parte dele. Sônia Alberti 
diz que esse é um parâmetro determinante para estabelecer o final da infância: “a definitiva 
incorporação do Outro da infância de maneira que o sujeito não seja mais tão dependente da 
idealização dos pais da sua infância” (ALBERTI, 2004, p.13). 
Os gestos, os hábitos e modos de falar do sujeito são frutos das identificações que a 
criança tem com pessoas que, em algum momento da vida, foram importantes para ela. Palavras 
que são ditas pelos pais podem fazer marcas permanentes na vida de uma pessoa. Identifica-se 
a importância para as crianças e adolescentes de como o discurso dos familiares e das pessoas 
ao redor (professores, amigos, grupos) organizam a imagem que elas têm de si mesmas. 
O Outro e o simbólico 
Grande Outro, cujo o discurso é inconsciente, se manifesta nos sonhos, lapsos, sintomas 
e chiste e atos falhos por ser da ordem do simbólico. O simbólico é registro caracterizado pelo 
campo da linguagem e pela função da fala. Ordem regida por uma Lei que sobredetermina as 
escolhas. O inconsciente se estrutura como uma linguagem na medida em que pertence ao 
domínio do Simbólico (DUNKER, 2010). Portanto, a importância do Outro se dá pelas formas 
através das quais a palavra constitui no sujeito. E essa importância já está estabelecida antes de 
nascer. Vive na fantasia das pessoas que esperam o bebê, no discurso familiar, na cultura. Do 
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ponto de vista lacaniano, o ser humano não é nada mais do que o efeito da incidência da 
linguagem sobre seu corpo (JERUSALINSKY, 2011). 
O Outro, o Estádio do Espelho e o surgimento do outro 
Conforme ALVES (2012), a palavra está no Outro. Essas palavras são tomadas a partir 
dos “outros” (com o minúsculo), também chamado de pequeno outro. Inicialmente é o bebê 
mesmo, posteriormente esses outros serão as pessoas com as quais o sujeito se relaciona, se 
identifica e às vezes se confunde. Para o sujeito ele é o igual, o semelhante da espécie humana 
alvo das suas projeções advindas do seu eu-ideal. O Outro é da ordem do campo simbólico, da 
linguagem. 
Ele se forma a partir do estádio do espelho. É uma operação definida por Lacan e que 
tem a função de se fazer uma antecipação da unificação do corpo por meio da imagem. A 
imagem refletida no espelho que é apontada pelo Outro (LACAN, 1998). Essa antecipação diz 
respeito a imaturidade biológica e lança a criança na tentativa de ir mais adiante por amor ao 
Outro. Essa experiência ocorre entre 6 meses e 18 meses de vida da criança. LACAN (1998) 
utiliza essa teoria para explicar a formação do Eu, a relação com o imaginário e com os 
fenômenos que lhe são associados, tais como, agressividade, fascínio, transitivismo, 
negativismo, a identificação e o desejo de ser igual (DUNKER, 2010). 
O imaginário constitui o universo do adolescente e é por meio do outro do estádio do 
espelho que começará a se relacionar com seus pares. Segundo QUINET (2012), diz que neste 
momento, o Eu e o outro, o do lado do espelho, se confundem. O Eu projeta no outro seus 
conteúdos, intenções e até pensamentos. O outro é objeto de admiração pelo Eu, que o vê como 
ideal a ser seguido. 
O Outro e o sujeito 
Para QUINET (2012), o Eu está para o outro assim como o sujeito está para Outro. O 
sujeito é determinado pelos significantes do Outro. A identidade – que é imaginária – do Eu 
vem do outro, mas o sujeito não tem identidade. O sujeito não tem uma definição única e 
própria, ele é tão somente representado por significantes que se encontram nesse lugar psíquico 
que é Outro (DUNKER, 2010). Não existe um significante que defina o sujeito. Aqui é o 
momento que a palavra terá sua vez e poderá deixar marcas duradoura. Estes se apresentam 
como “Tu és...” linda, fraca ... (QUINET, 2012). No entanto isso não faz parte do sujeito. São 
representaçõesou identificações pertinentes ao Outro. O sujeito se encontra alienado a esses 
significantes que são do Outro. É no retorno do recalcado, através das manifestações do 
https://lucasnapoli.com/2012/07/30/por-que-lacan-disse-que-o-sujeito-e-o-que-um-significante-representa-para-outro-significante/
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inconsciente, que escapam ao controle do Eu, que o sujeito torna-se presente frente a alteridade 
do Outro. 
O Outro, o narcisismo e o amor 
No estádio do espelho, LACAN (1998) estabelece a definição de uma matriz simbólica 
da constituição do Eu (JERUSALINSKY, 2011B). Uma experiência correspondente ao 
narcisismo primário (QUINET, 2012) e que será palco das identificações secundárias e que 
LACAN (1998, p. 98) diz “cujas as funções reconhecemos pela expressão funções de 
normalização libidinal”. O mundo das imagens é essencialmente visual e narcísico. É sempre o 
que de fora de alguma maneira toca o sujeito, sendo seu espelho. O Eu é narcísico, pois ele se 
origina da projeção da imagem de si no mundo. O outro espelha o Eu ideal que surge a partir 
dos ideais do Outro, isto é, pelos significantes recalcados no inconsciente que foram ditados 
pelas figuras de autoridade do sujeito. Esse Eu ideal, gerado a partir do espelho é formatado 
pelos significantes ditos pelo Outro que determinam “Tu és” do sujeito, e assim o Eu tem que 
se espelhar nesse eu-ideal para ser amado e continuar ocupando o posto de Sua Majestade o 
bebê, presente no narcisismo primário, no qual o sujeito era tudo para os pais (FREUD, 1914). 
Esses significantes são recalcados e constituem o ideal do eu, que é um ideal do Outro, por ser 
constituído pelos ditos de todos aqueles que ocuparam para o sujeito o lugar do Outro. 
Aqui é importante os pais lidarem com seu narcisismo em relação aos seus filhos. 
FREUD (1921) em seu texto na Psicologia das Massas e Análise do Eu, mais especificamente 
na parte VII, bem como no texto Um Introdução ao Narcisismo de (1914), explicita com clareza 
as formas como o narcisismo e as identificações decorrentes desse narcisismo se dão. O amor 
por esse Eu é visto e projetado no outro. As demandas do Outro são o que é buscado no outro 
para o Eu poder se enriquecer. 
Segundo QUINET (2012, p. 26), “É por isso que o sujeito tenta se adequar aos 
significantes determinados pelo Outro pela via da identificação simbólica”, e o Eu tenta se 
moldar de acordo com o eu-ideal, percebido como outro, através da identificação imaginária. 
Para Quinet : 
...o drama do neurótico é que ele sempre encontra um outro que encarna 
o eu ideal com todos os atributos que ele gostaria de ter e ser, para ser 
amado pelo Outro. Por isso endereça o seu amor ao outro, pois o põe no 
lugar do Outro. Constitui-se assim o trágico do amor: o sujeito ama e 
quer ser amado pelo Outro e se sente ameaçado por um outro (que 
encarna seus ideais) rival que ele teme que o Outro ame. (QUINET, 
2012, p. 26) 
A instância do ideal do Eu é uma instância simbólica, pois é constituída pelos 
significantes do Outro, entretanto ele redobra as exigências narcísicas. Ela é, pois, a instância 
12 
 
 
 
relativa ao narcisismo secundário. Se na infância o narcisismo primário é sustentado pelos ditos 
dos familiares mais próximos, o narcisismo secundário o é pela introjeção desses ditos, ou seja, 
pelo ideal do eu que tomou o lugar dos pais (FREUD, 1914) e (FREUD, 1921). 
O Outro e o 3º paterno 
Do ponto de vista lacaniano, Outro é encarnado pela mãe inicialmente. No entanto para 
exercer a função de sujeito na ordem simbólica e apropriar-se dos significantes é necessário 
haver a inclusão da lei. A inclusão da lei é dada mediante a intervenção do 3º paterno na relação 
mãe-criança, isto é, o Nome-do-pai. O Nome-do-pai deve ser incorporado ao Outro. Dunker 
destaca que o Nome-do-pai: 
O Nome-do-Pai é o principal operador da filiação de um sujeito. Ele 
não equivale ao nome próprio do pai biológico, mas a uma função que, 
na neurose e na perversão, designa arbitrariamente a localização da falta 
e da causa do desejo (falo) no campo do Outro, indicando assim a 
localização indireta do sujeito no universo Simbólico” (DUNKER, 
2010). 
 
Isso significa que a mãe não poderá utilizar a criança para seu objeto de gozo e para a 
criança que a mãe está submetida a uma lei. O Nome-do-pai é um significante estruturador de 
todos os significantes que constituem o inconsciente como discurso do Outro. É por meio do 
significante Nome-do-pai que a falta fará parte do Outro. 
O Outro e a falta 
Com a entrada do terceiro paterno, o Outro fica barrado e agora com o significante 
Nome-do-pai – lugar da lei. Há uma perda de gozo e essa é a operação de instauração da Lei 
simbólica. A introdução do Nome-do-pai no lugar do Outro barra o acesso do sujeito ao gozo e 
ele não mais poderá ocupar o lugar de objeto do gozo do Outro. Agora o Outro, lugar dos 
significantes torna-se o Outro como o lugar da lei. Desta forma insere-se no Outro o registro da 
falta ou a castração. A falta faz o Outro inconsistente (QUINET, 2012). 
Ao se deparar com a falta do Outro, é o desamparo que pode advir. É por existir a falta 
inscrita no Outro simbólico, no Outro do amor, que é possível a emergência do desejo, que é 
sempre correlativo à falta, à castração. A falta é da ordem do Real. O Real é o registro do que 
é impossível de se representar na realidade psíquica. Apresenta-se como traumático, como 
angústia ou ainda como aspecto irredutível do corpo e da sexualidade (DUNKER, 2010). Esse 
é exatamente o fator que comparece no transtorno de pânico. Existe uma angústia intolerável 
que não possui representação simbólica. 
 
13 
 
 
 
4 Angústia e Transtorno de Pânico (TP) 
Essa seção apresenta uma visão geral sobre a angústia, ansiedade e o transtorno de 
pânico. Para fins de ilustração de como o pânico pode se apresentar, fragmentos do caso clínico 
de F., descrito na seção 5, são apresentados. Mais especificamente falas da adolescente e de sua 
mãe para com a analista. 
A angústia é uma temática presente nos escritos de Freud desde os primórdios da 
psicanálise (FREUD, 1894-1895). Na teoria Freudiana poderia se destacar dois principais 
momentos de desamparos que de certa forma estariam relacionados ao pânico. 
O primeiro estaria associado a experiência do nascimento. FREUD (1921) a definiu 
como trauma do nascimento e seria o protótipo das demais experiências. Esse trauma seria 
caracterizado pelo desamparo vivido pelo recém-nascido. Enquanto no útero ele encontra tudo 
o que ele quer, quando nasce, separa-se da mãe fisicamente e vivência o primeiro momento de 
profunda angústia (FREUD, 1926). 
A adolescente F. apresenta os sintomas de transtorno de pânico quando é convocada 
pela mãe a sair de sua dependência para assumir uma postura mais independente, na qual não 
fora preparada, na escola. Isso seria equivalente a sair da proteção do lar, do útero, e enfrentar 
o social lá fora, a escola. 
Essa angústia estaria relacionada ao conjunto de intensas sensações, que o bebê quando 
nasce sente, as quais não possuiriam representações no psíquico. No Texto Inibição, Sintoma e 
Ansiedade, FREUD (1925-1926) acrescenta que o bebê, no momento do nascimento, tem 
dificuldades relacionadas a sua respiração e ao coração. Ele deve obrigatoriamente respirar, 
consequentemente o coração bater para poder viver. Os sintomas de batedeira cardíaca e de 
falta de respiração são comuns no TP. 
Fala de F.: “quando penso em ter que ir para escola onde tem aquela sala com mais de 
30 pessoas, conversando e até mesmo gritando, eu sinto meu coração e garganta apertando... 
eu vou acabar reprovando porque eu sou fraca demais para ficar dentro de uma sala de aula 
por algumas horas!” 
Essa fala de F. demonstra a profunda angústia que sente e como os sintomas somáticosrelacionados a respiração e ao coração lhe atingem. Um aspecto que também é interessante 
destacar é a autoimagem que F. faz de si. Define-se como fraca demais. 
Outro momento da ordem do traumático na experiência Freudiana é referente a 
perspectiva do que é inassimilável pelo eu, sendo entendido como o que não se pode representar 
ou o que não se pode ser capturado pelo simbólico. 
14 
 
 
 
O TP se enquadraria nessa segunda perspectiva, que seria uma reedição mais elaborada 
da primeira, trauma do nascimento. Algo da ordem do horror que não tem representação. Isso 
se torna mais aterrador na adolescência, pois as estruturas psíquicas estão em confronto com o 
Outro. Desta forma, gerando uma desestabilização ainda maior em um psíquico ainda em 
formação. 
Conforme SIBEMBERG (2007), o TP pode se apresentar com “uma intensidade 
transbordante, que paralisa o sujeito diante do medo da loucura ou da morte, em meio a uma 
série de manifestações físicas que lhe fogem ao controle” (p.23). O desamparo é uma das 
questões que permeia o TP e está diretamente associado a uma angústia extrema sem 
representação. Uma angústia que não possui palavras para defini-la ou descrevê-la. Ela é 
inominável. No texto Sobre os Fundamentos para Destacar da Neurastenia uma Síndrome 
Específica Denominada Neurose de Angústia de 1895, FREUD (1895) descreveu da seguinte 
maneira: 
Queixa-se de “espasmos do coração”, “dificuldade de respirar”, 
“inundações de suor”, “fome devoradora”, e coisas semelhantes; e, em 
sua descrição, o sentimento de angústia frequentemente recua para o 
segundo plano ou é mencionado de modo bastante irreconhecível, como 
um “sentir-se mal”, “não estar à vontade”, e assim por diante. (p.45) 
 
O pânico surge para encobrir a grande angústia que invade o sujeito. Essa descrição 
confere exatamente com o que a psiquiatria diz hoje dos sintomas do TP (MANFRO, 2009). 
Uma questão a ser avaliada nessa descrição é que angústia ficaria em segundo plano, 
privilegiando-se na descrição do paciente os sintomas orgânicos. SIBEMBERG (2007), no 
texto Pânico: Uma neurose de Angústia, relata que o DSM III substituiu a expressão “neurose 
de angústia” por “transtorno do pânico”, com ou sem agorafobia. A indústria farmacêutica 
incorporou o nome pânico ao discurso social, mas na realidade continua sendo exatamente a 
mesma sintomatologia fornecida por Freud em 1895. Portanto 100 anos se passaram e as 
características são as mesmas estabelecidas por Freud no final do século XIX, agora repaginada 
pela indústria farmacêutica. GILES (2007) destaca que Freud via a angústia como a 
manifestação de uma energia livre que geraria uma ansiedade intensa que acarretaria ataques 
de angústia com repercussões somáticas. PEREIRA (1998) nos diz que: 
Vale notar, de passagem, que o pânico coloca em primeiro plano uma 
certa fenomenologia da derrelição, dado que diz respeito à existência 
confrontada com uma situação de desamparo total e encontrando-se, de 
repente, abandonada e desprovida de qualquer ajuda, seja humana ou 
divina (PEREIRA, 1998, p. 31). 
 
15 
 
 
 
O conceito derrelição pode ser visto, conforme CALLIGARIS (2015) como uma 
dimensão da angústia que provém da sensação do sujeito ser reduzido a um monte de carne, a 
um aglomerado de células sem história e sem palavras explicativas, ou seja, sem nada que diga 
porque e para o quê o sujeito existe. Um sentimento de vazio e inutilidade, nihil. 
Essa angústia gerada pelo sentimento de derrelição é dilacerante e somente algo da 
ordem da morte poderá aplacá-lo. Numa angústia extrema uma possibilidade possível de saída 
são os sintomas do pânico. Seria um encontro com o real, portanto talvez seja isso que faça os 
sintomas do TP serem tão emblemáticos. Sintomas semelhantes a um ataque que terá como 
consequência a morte. 
F: diz: “Tô cansada dessa dor de estar falhando, cansada de ouvir todos fazerem pouco 
caso do que eu estou sentindo, cansada desse vazio de não saber o que está acontecendo, de 
não saber quem eu sou”. 
F. demonstra nessa fala que não consegue entender o que está acontecendo. Ela não sabe 
mais quem é ela frente a tamanha angústia. Sente um profundo vazio e não se sente importante 
para o outro. 
PEREIRA (2008) diz que não há necessidade de se instalar um estado mórbido para se 
ter um TP. Ele pode surgir subitamente, caracterizado por uma profusão de sintomas somáticos. 
PEREIRA (2008) analisa que na visão Freudiana 
Mesmo a angústia, esse afeto indeterminado por excelência, não 
constitui por si só uma dimensão afetiva natural, auto-evidente, mas 
assinala antes de tudo a possibilidade de desabamento do sistema 
simbólico que dá coerência e sentido ao existir humano (PEREIRA, 
2008, p. 22). 
 
O adolescente vive uma situação limítrofe, na qual o Nome-do-pai será ratificado e o 
simbólico definitivamente instalado. No entanto, com os conflitos vivenciados na adolescência, 
mais a imaturidade psíquica e a força da pulsão sexual vinda após o período de latência pode 
tornar frágil o simbólico. Segundo PEREIRA (2008), os momentos de desamparos estarão 
presentes em diversos momentos da vida. Eles serão mais críticos quanto menor for os recursos 
psíquicos de simbolização. Por isso, na adolescência se torna importante, ainda mais, a 
presença e acolhida dos pais e como foi dada constituição do Outro a partir desses pais. Eles 
poderão servir de suporte a esse processo de simbolização, dando sentido, como a mãe nos 
primórdios de vida da criança, às sensações corporais e psíquicas vivenciadas, agora, na 
adolescência. 
16 
 
 
 
F; “Eu não consigo mais. Eu tô tomando remédio, mas não tá ajudando. A angústia 
continua aqui, minha mãe acha que eu estou fazendo de propósito, acha que eu estou fingindo. 
Ela acha que só porque alguns momentos eu rio e brinco eu já estou melhor. Esta me punindo 
por ser assim. Falando que preferia estar morta a ter que conviver com isso” 
F. não se sente apoiada pela mãe. O transtorno de pânico é complexo, pois tanto quem 
sente como quem está de alguma forma assistindo não compreendem o que está acontecendo. 
PEREIRA (2008) diria que o transtorno de pânico seria uma experiência de pura perda. 
O mais impressionante é que mesmo para a pessoa que tem o ataque de pânico sua 
sintomatologia parece incompreensível. Não existindo uma correlação dos sintomas com o 
momento psíquico vigente que os justificariam. 
Fala de F.: “Eu não vou conseguir ir para a escola, a angústia está me sufocando. Eu 
não sei o que ocorre comigo. Sinto um mal-estar e não consigo levantar para ir à escola. 
 A frase de F mostra uma forte angústia e um mal-estar que não estariam em consonância 
com ela. No Texto Inibição, Sintoma e Ansiedade, FREUD (1925-1926) caracteriza a ansiedade 
como um processo de desprazer, atos de descarga e percepções desses atos. Isso se faz muito 
presente no TP por intermédio da falta de respiração, batedeira cardíaca e assim por diante. 
PEREIRA (2008) diz que o pânico não poderia de modo algum ser concebido como 
uma mera resposta emocional “automática”, correlativa a uma descarga de energia libidinal. Na 
sua visão, “representa um grande esforço de pré-simbolização que a pessoa sente no corpo numa 
tentativa de compreender o próprio morrer” (PEREIRA, 2008, p.16). 
PEREIRA (2008) faz uma diferenciação entre o pânico e o desamparo. O pânico estaria 
relacionado ao pensamento e ao eu, enquanto o desamparo estaria relacionado à fragilidade 
inerente a linguagem, ao Outro. O desamparo seria o pano de fundo do transtorno de pânico. O 
que de alguma maneira fica encoberto como um véu e por meio da análise pode ser desvendado. 
PEREIRA (2008) diz que “O pensamento busca pelo Pânico apossar-se, por assim dizer, do 
desamparo implicado em tudo que diz respeito à relação da linguagem com o sexual do corpo” 
(pg 16). Portanto o pânico poderia ser representado, por meio do desamparo, como um 
aniquilamentoda linguagem. Talvez seja isso que dificulte tanto a pessoa acometida desse 
transtorno de poder falar para além dos sintomas somáticos. A pessoa não consegue ter palavras 
para expressar sua angústia e só consegue falar após ou aprés coup num momento quando não 
está mais com o ataque de pânico. 
17 
 
 
 
F. não consegue correlacionar seus sintomas com sua história de vida. Para ela não existe 
uma ligação. Ela sente diversas sensações que não consegue explicar e sente-se culpada por ser 
um ônus para família. 
Mário Eduardo (PEREIRA, 2008) define bem, que não é apenas um processo de 
descarga automática, mas uma história também se faz presente neste processo. Essa história 
pode estar associada a vivências de desamparo pregressas, que muitas vezes podem não estar 
explícita e diretamente relacionada ao pânico. Porém, por meio da psicanálise essas associações 
podem ser resgatadas e ressignificadas, como o Outro (mãe) faz com o bebê no início da sua 
vida para aplacar o sentimento de desamparo. 
No texto Inibições, Sintomas e Angústia, FREUD (1926) postula que não há razão para 
distinguir entre uma angústia realística e uma angústia neurótica. Isto se deve ao fato dele 
acreditar que mesmo na angústia realística, é também um perigo pulsional interno o que dá 
origem à angústia. Expulso de forma projetiva para o mundo exterior, esse perigo apresenta-se 
como nocivo frente ao eu. Essa situação fica bem exemplificada no caso da Fobia, como por 
exemplo no caso do Pequeno Hans (FREUD, 1926). 
Mas foi difícil conservar a uniformidade da ansiedade nos dois tipos de 
caso enquanto se insistia na derivação direta da ansiedade a partir da 
libido quanto às neuroses ‘atuais’. Com o abandono desse ponto de vista 
a nova distinção entre ansiedade automática e ansiedade como um sinal 
toda a situação foi esclarecida e deixou de haver qualquer motivo para 
se ver uma diferença genérica entre ansiedade neurótica e realística. ” 
(FREUD, 1926 p. 141). 
 
Por isso, FREUD (1926) propõe uma nova distinção entre a angústia automática e a 
angústia sinal. Na angústia automática, é involuntária, o que a determina fundamentalmente é 
a ocorrência de uma situação traumática. Ela descreve a condição afetiva própria da situação 
traumática. Portanto, o eu frente a uma situação de desamparo não possui recursos para lidar 
com a excitação tanto endógena como exógena. FREUD (1926) diz que é “...era involuntária, 
automática e sempre justificada sob fundamentos econômicos, e ocorria sempre que uma 
situação de perigo análoga ao nascimento se havia estabelecido” (p. 157-158). 
Já na angústia sinal, é a resposta do eu à ameaça de ocorrência de uma situação 
traumática que é vista como perigosa. Ela diz respeito a evidências fornecidas pelo psíquico 
para que a angústia não seja incontrolável e invasiva. FREUD (1926) diz que “...era produzida 
pelo ego logo que uma situação dessa espécie simplesmente ameaçava ocorrer, a fim de exigir 
sua evitação” (p.158). O objetivo dela era fazer com que o mal-estar frente ao perigo fosse 
menor devido a esquiva. 
18 
 
 
 
Outra visão apresentada por Freud sobre o pânico está no capítulo V de Psicologia das 
massas e análise do eu (1921). Freud apresenta que nos grupos, principalmente nos religiosos 
e militares, existem dois laços que os unem. Um laço seria a idealização do líder (religioso ou 
militar) como figura de proteção, toda-poderosa, um semi-Deus. O outro laço seria também de 
ordem libidinal, mas em relação aos membros do grupo. Um certo sentimento de irmandade. 
F. diz: “O meu pai era a única pessoa que me protegia!” 
Fala de mãe de F: “Grande parte do problema da F. é que ela é intolerante com as 
pessoas, tem também que aprender a ser mais humilde pra amar o próximo, quando ela rejeita 
as pessoas ela prejudica ela mesma. São atitudes óbvias que se nós aqui em casa falarmos pra 
ela não vai fazer efeito.” 
A mãe de F não compreende o que ocorre com a filha. Considerando que o que a menina 
tinha era preguiça de ir à escola. Ela desconsiderava toda a história de F. F. não tinha 
acolhimento em casa. Após o falecimento do pai, F. sente-se sozinha sem ter em quem confiar. 
FREUD (1921) destaca que quando esses laços se rompem com uma figura idealizada, 
o sentimento de poder e proteção desabam também, deixando apenas um lugar vazio. Um novo 
encontro com o desamparo fundamental ocorre, consequentemente provocando um estado de 
pânico. Portanto, o sujeito em pânico descobre-se, subitamente, como completamente 
desamparado, sem encontrar mais nenhuma figura divina que pudesse protegê-lo contra esse 
desamparo fundamental, o qual passa a ser vivenciado como insuportável. 
F. diz, que embora o pai não morasse em casa, ele era uma autoridade para filhas. Ela 
dizia que o Pai era cuidadoso, conversava e brincava com ela. F. não possuía um bom 
relacionamento com a mãe. Com os sucessivos acidentes, acarretando a paraplegia do pai e 
posteriormente sua morte, F fica sozinha sem outro referencial. Pereira diz: 
...o pânico é um estado afetivo que se instaura quando o aparelho 
psíquico, vendo-se radicalmente confrontado com o desamparo 
fundamental, descobre o terror, que o lugar onde esperava encontrar a 
presença concreta de um fiador da estabilidade do seu mundo, está 
fundamentalmente vazio. (PEREIRA, 2008, p. 38). 
 
Na realidade essa falta de garantia presente no pânico estaria relacionada ao fato de 
angústia ser intrínseca ao ser humano, consiste em uma dimensão inerente ao funcionamento 
psíquico, que se instalará mediante as operações psíquicas. No caso do pânico, remete ao luto 
ilusório de completude vivenciado miticamente nos primórdios da vida do ser humano. A falta 
faz parte da vida psíquica do ser humano e se a ver com ela é se deparar com a castração. 
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5 Inter-relacionamento entre esses conceitos 
Esta seção tem a finalidade de articular as características da adolescência, bem como do 
grande Outro e a importância dos pais ou representantes no processo de desencadeamento do 
TP. Para isso, são apresentado dois recortes de casos clínicos de duas adolescentes que tiveram 
como diagnóstico TP. 
Recortes de dois casos clínicos 
A apresentação desses dois casos clínicos tem o intuito de ilustrar como alguns aspectos 
pertinentes ao Outro e a falta de apoio dos pais ou seus representantes podem influenciar no 
diagnóstico de TP. 
Caso 1 – M 
Sintomas de palpitação, medo, sensação de que o “coração iria sair pela boca” se deram, 
inicialmente, na escola. Diversas vezes, M recorria a mãe para busca-la. M dormia com os pais. 
Tinha uma dependência grande com a mãe. As crises começaram a desencadear desde o 
momento em que o Pai de M assumiu ter relacionamentos extraconjugais. Esse pai era muito 
idealizado por M. Era uma figura cuidadosa, encarregava-se de muitos detalhes que a mãe não 
se preocupava, embora fosse, em alguns momentos, rígido e autoritário com a questão escolar. 
A mãe ficava absorvida pelo trabalho e sempre comparecia com um jeito de mãe “boazinha”, 
no qual tudo estava sempre bem, não dando limites para a filha. M sentia-se segura até descobrir 
a vida paralela do pai. 
Caso 2 - F 
F dorme com a mãe até hoje. Os pais se separaram, quando ela tinha dois anos de idade. O pai 
fica tetraplégico logo a seguir, vindo a falecer antes do término da primeira década de vida. F 
adorava o pai, afirmando diversas vezes, que era ele quem a protegia. Uma noite F vai dormir 
chorando de saudade do Pai e coloca ao seu lado os únicos pertences que ele lhe deixará. No 
dia seguinte, F acorda e não encontra mais seus pertences. Ninguém na casa sabe informar o 
que aconteceu. F sentia-se diferente e não aceita pelos colegas. F muda de escola e é convocada 
a assumir uma postura mais independente. Então F começa a sentir-se mal na escola. Não tolera 
ficar em sala de aula. Começa a sentir palpitações, mal-estar, desmaiando duas vezes, e 
consequentementedesistindo de ir estudar. As brigas com a mãe se intensificam. F. que sonhava 
em ser jornalista, é impedida pela mãe de escrever seus contos e histórias. 
 
 
 
20 
 
 
 
Considerações sobre os casos 
A seguir são discutidos alguns aspectos relacionados a constituição do sujeito dessas 
adolescentes relacionadas ao Outro e seu relacionamento com os pais. O objetivo aqui não é 
fazer uma análise completa, mas propiciar alguma visibilidade de situações que podem ocorrer 
e comprometer o sujeito. 
Como foi discutido na seção anterior, o TP é caracterizado por uma angústia extrema, 
um transbordamento afetivo que não teria representação no psíquico. O bebê está susceptível a 
essa experiência, pois ainda não possui aparato psíquico para suportar esse conjunto de 
sensações devido a sua imaturidade orgânica. Pode-se considerar também que o adolescente 
estaria vulnerável a esse tipo de angústia, exatamente, pela ebulição generalizada que ocorre no 
seu organismo após o período de latência. Seria um renascimento do jovem para o social. Ele 
tem de se a ver com um conjunto de novas sensações que não possuem representações em seu 
psíquico. Ele tem de lidar com seu novo corpo, com o luto da imagem dos pais da infância, com 
sua sexualidade e com as novas demandas do social. A desestabilização emocional adicionada 
a do orgânico faz com que a presença do grande Outro internalizado seja fundamental para que 
ele consiga dar conta e suportar essa passagem para etapa adulta. Essa situação fica mais 
atribulada, porque o jovem ao mesmo tempo que precisa do suporte do Outro, tem de se 
desvencilhar de muitas identificações já consolidadas do pais, para a partir daí, estabelecer a 
sua própria identidade. 
A angústia que se faz presente nesse momento de vida, pode se tornar maior, em 
consequência da omissão dos pais ou representantes. Esses que deveriam proteger deixam o 
jovem a sorte da angústia extrema sem referencial ou representação, embora fisicamente 
possam estar juntos. 
Portanto, uma saída para essa angústia seria as sensações presentificadas no corpo, 
experiência de quase morte, sentimento de derrelição, característicos do sintoma do TP. Esses 
sintomas podem aplacar o tamanho da violência deste sentimento de angústia percebido como 
desamparo e abandono. A morte ou a simulação desta, mediante o TP, pode interromper a 
ausência de simbolização e o aniquilamento da linguagem que configura o encontro do sujeito 
com o insuportável. 
Deste modo, a acolhida dos pais, por intermédio do amor, e do suporte ao processo 
simbolização do Outro podem fazer o adolescente efetuar sua travessia de forma menos 
traumática. 
21 
 
 
 
Por isso se faz importante para um médico, professor, terapeuta, psicanalítico ou não, conhecer 
o universo que permeia à adolescência para melhor cuida-lo. Mais especificamente, o 
desenvolvimento orgânico, as operações relacionadas à constituição do sujeito e a sua história 
devem ser de conhecimento para ajudá-lo nesse intenso trabalho que se configura adolescer. 
Há nas histórias das adolescentes uma superproteção das mães, que se pode observar na falta 
de autonomia na realização das suas atividades. As adolescentes dormiram com as mães até 
uma idade elevada, estabelecendo uma relação simbiótica com essas. As meninas não faziam 
muitas escolhas, e as escolhas feitas seguiam muito o que era determinado pelos pais. 
Aparentemente as mães não propuseram às filhas um ambiente para autonomia. Há indicativos 
de que essas filhas foram objetos de gozo para essas mães. As mães enlaçaram as meninas 
mediante o gozo e nele elas se fixaram estabelecendo de forma precária sua autonomia. Os 
comportamentos das moças eram regredidos e existia uma baixa tolerância a frustração, pois 
elas não aceitavam serem contrariadas. 
A agressividade exacerbada era característica do comportamento das adolescentes. Os 
vínculos de amizade com outros colegas da mesma idade eram muito restritos, e quando havia 
elas não se sentiam integradas e aceitas pelo grupo. 
Há também uma forte identificação com os pais. O pai era visto como figura de proteção, 
apresentando cuidados que a mãe não manifestava. As meninas tinham sonhos de seguirem a 
mesma carreira do pai. O discurso dos pais é repetido pelas moças, comparecendo a intervenção 
do 3º paterno, mas de forma tênue devido registro de dependência apresentado pelas mães. 
Ambos os casos apresentam ideais dos pais introjetados e um superego muito rigoroso. Há uma 
figura de pai idealizado e um rompimento brusco dessa idealização, seja pela desilusão da 
imagem paterna, no caso de M., ou pela morte, no de F.. Embora estejam envolvidas pelas 
famílias, há uma marca de abandono e desamparo instituído. Pais que não dão conta de dar 
suporte às filhas e um grande Outro muito frágil internalizado. Esse abandono tem como 
consequência um sentimento de desamparo, corroborando o que Freud estabelece em 
Psicologia das massas e análise do eu (FREUD, 1921). O pai para essas adolescentes 
representava uma saída para que essas moças deixassem de ser objeto de gozo das mães. No 
Caso de M., o pai que de certa forma fora cuidadoso, que tinha uma imagem idealizada de 
proteção e carinho, rompe subitamente com a imagem idealizada deixando M à deriva do 
desamparo. O pai abandona a família. O TP desencadeia-se após a saída do pai de M. de casa e 
a incapacidade da mãe de gerir a família. Já no caso F. a separação dos pais em idade tenra, 
logo a seguir a paraplegia do pai, culminando na sua morte antes do final da primeira década 
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de vida deixam um rastro de desamparo. F mostrava-se frágil e infantilizada, tendo uma péssima 
autoimagem, que foi constituída a partir da expressão do “Tu és fraca” dada pela mãe. O TP 
rompe quando ela é convocada, pela mãe, a assumir uma posição mais independente. 
Nos discursos das adolescentes presentifica-se o discurso do Outro. As adolescentes 
participam do laço social, foram envolvidas pela linguagem. No entanto elas vivem à mercê do 
gozo das mães. A sensação de desamparo irrompeu no psíquico, quando convocadas a tomarem 
uma atitude de mais autonomia. Significantes como “Tu és frágil, impotente, estás falhando” 
fazem parte do que elas ouvem do discurso familiar, retratando um sentimento de desvalia do 
sujeito. As adolescentes não conseguiram sair do útero familiar devido à grande dependência 
cultivada pela própria família. O outro, materializado na escola, é significado como agressivo 
e perigoso! Talvez por isso a escola seja um ambiente hostil que as impeçam de frequentar. O 
ideal-do-eu é inacessível. A fuga para virtual, seja nos jogos eletrônicos ou nos chats, se faz 
presente na vida das moças. Parece que nesse mundo elas possuem algum valor. Existe uma 
negação da falta no âmbito familiar. No caso de F. parece que nunca houve a morte do pai. A 
mudança corporal e a sexualidade estão presentes, mas não possuem um significante claro que 
o represente e qual o seu papel na vida delas. Não há uma reorientação do desejo, o desejo 
continua sendo do Outro materno. Elas não conseguiram efetuar um reordenamento das 
identificações para a partir daí se constituírem como sujeito de desejo. 
Portanto, conclui-se a partir desses recortes clínicos que há uma fragilidade da relação 
familiar em ambos os casos. Existe uma dependência das jovens em relação à família. De certa 
forma, uma superproteção se estabeleceu e consequentemente a falta de autonomia. Por meio 
das histórias das adolescentes, sugerisse uma fragilidade do processo de simbolização e a falta 
de sustentação do Outro. O Outro inconsciente não deu conta da representação psíquica do 
desamparo. A desilusão parental registrada nas histórias produz um desencantamento das 
figuras que seriam de proteção. O desamparo torna-se latente. Essas adolescentes, 
inconscientemente, optaram como forma de aplacar a angústia os sintomas do pânico. 
As questões relacionadasao desenvolvimento da infância dessas meninas, sua história 
familiar e de vida, a forma como se deu a constituição do sujeito e a introjeção do Outro 
deixaram profundas marcas. Essas marcas, no momento tão conturbado de que se trata a 
adolescência, eclodiram em uma desestabilização emocional, desencadeando o TP. 
 
23 
 
 
 
6 Conclusões e extensões futuras 
Este trabalho descreveu de forma breve os principais conceitos que norteiam a 
adolescência, suas características, fenômenos da contemporaneidade, características associadas 
ao Outro, angústia, desamparo e transtorno de pânico. 
A partir dos conceitos estudados conclui-se que a adolescência, para além das questões 
relacionadas à puberdade, é essencialmente um grande trabalho psíquico, o qual diversas 
operações da constituição do sujeito de desejo entram em vigência. Essas operações devem ser 
articuladas em background, tendo como pano de fundo o discurso do Outro e seus significantes. 
O Outro tem a responsabilidade de apoiar o processo de simbolização e de elaboração da falta. 
No entanto, ocorre que o infantil retorna na adolescência, após o período de latência, com a 
força avassaladora da pulsão, ratificando ou não as operações pregressas já realizadas. 
Considera-se salutar o apoio dos pais, bem como o discurso do Outro, nesse trabalho 
que consiste em adolescer. Sua acolhida e seu suporte fazem com que essa travessia se torne 
menos traumática. No entanto, os pais com excesso de atividades, com a elaboração fragilizadas 
da falta e do seu próprio narcisismo faz com que seus adolescentes cursem atalhos nessa 
travessia em relação a elaboração do simbólico e de seus conflitos. Com isso, o adolescente 
passa do desejo ao ato sem se questionar, vivenciando apenas o princípio do prazer de forma 
essencialmente narcísica (ARAÚJO, 2016). 
RUFFINO (2004) foi muito feliz na sua constatação de que o declínio da função social 
da imago paterna, o empobrecimento da experiência compartilhada e a falta de apropriação do 
sujeito de sua historicidade faz com que o trabalho adolescente seja fastidioso. A família na sua 
atual desestruturação não fornece suporte ao psíquico e às operações do trabalho adolescente. 
Adicionando-se a tudo isso, a chegada da puberdade, a fragilidade do simbólico e a falta 
de acolhimento dos pais culminam num processo de angústia profunda, experiência de puro 
desamparo que uma saída pode ser os sintomas pertinentes ao transtorno de pânico ou a própria 
morte para aplacá-la. 
As falhas do pais, pais vistos como seres humanos, juntamente com o suporte e acolhida 
deles preparam o adolescente para conquistar sua individualidade. A sua individualização 
perpassa o processo de desidealização desses pais, na identificação com outros pares e 
consequentemente na assunção de sua própria identidade. Para ALBERTI (2004), a 
adolescência é uma passagem que de alguma forma envolve o Outro e requer: 
1) longo trabalho de elaboração de escolhas: essas escolhas são pautadas nos valores, ideais, 
pensamentos introjetados a partir do Outro da infância. 
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2) um longo trabalho de elaboração da falta no Outro: o momento no qual ele deverá abrir mão 
de seu narcisismo e de perseguir o momento de completude vivenciado miticamente nos 
primórdios do nascimento para se a ver com a castração. 
Tanto um momento como outro despertam uma angústia muito forte que requer um 
amparo dos pais para que o jovem possa supera-la. Por isso os laços efetuados ao longo da 
infância são fundamentais para a constituição do sujeito. Julieta Jerusalinsky diz: 
Este laço, para seu estabelecimento, depende de que os cuidados que a 
mãe dirige ao bebê estejam permeados por uma série de operações 
psíquicas que implicam sua economia de gozo e sua transmissão 
inconsciente de um saber.” (JERUSALINSKY, 2011, p.14). 
 
Essas operações, que atuam sobre criança, serão revividas novamente na adolescência e 
constituirão o trabalho necessário para torna-lo adulto, como foi visto ao longo desse trabalho. 
O Outro participa em todas essas operações. Por isso, conhecê-lo se torna importante para 
compreender melhor desdobramentos e repercussões dessa passagem. 
No entanto, muito tem-se de pesquisar, aprofundar e de investigar sobre o assunto. Os 
conceitos relacionados à adolescência e à puberdade carecem de serem mais refinados, 
ampliando a escassa literatura sobre essa etapa da vida. A contemporaneidade e os imperativos 
de uma cultura capitalista, narcísica provocam desdobramentos na vida dos jovens. Esses 
fenômenos também devem ser acurados para se avaliar suas possíveis repercussões. O 
aprofundamento das leituras em Freud e em Lacan também serão muito relevantes para um 
aprimoramento, principalmente no que diz respeito a uma maior compreensão do ponto de vista 
psicanalítico sobre a à angústia e o desamparo. 
Por fim, considera-se também importante investigar a visão contemporânea da 
psicanálise sobre o transtorno de pânico, bem como possíveis abordagens de intervenção de 
forma que esse tipo de tratamento possa ganhar mais espaço no campo médico e 
psicoterapêutico. 
 
25 
 
 
 
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