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LÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESA Yara Coeli IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 2 LÍNGUA PORTUGUESA O inteiro teor desta apostila está sujeito à proteção de direitos autorais. Copyright © 2020 Loja do Concurseiro. Todos os direitos reservados. O conteúdo desta apostila não pode ser copiado de forma diferente da referência individual comercial com todos os direitos autorais ou outras notas de propriedade retidas, e depois, não pode ser reproduzido ou de outra forma distribuído. Exceto quando expressamente autorizado, você não deve de outra forma copiar, mostrar, baixar, distribuir, modificar, reproduzir, republicar ou retransmitir qualquer informação, texto e/ou documentos contidos nesta apostila ou qualquer parte desta em qualquer meio eletrônico ou em disco rígido, ou criar qualquer trabalho derivado com base nessas imagens, texto ou documentos, sem o consentimento expresso por escrito da Loja do Concurseiro. Nenhum conteúdo aqui mencionado deve ser interpretado como a concessão de licença ou direito de qualquer patente, direito autoral ou marca comercial da Loja do Concurseiro. IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 3 PROGRAMA DO CONCURSO: 1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados........................................................................p.4 2. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais..........p.7 3. Domínio da ortografia oficial.................................p.14 4. Domínio dos mecanismos de coesão textual........p.30 4.1. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de outros elementos de sequenciação textual..........................p.30 4.2. Emprego de tempos e modos verbais................p.32 5. Domínio da estrutura morfossintática do período....p.38 5.1. Emprego das classes de palavras........................p.38 5.2. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração.......................................................p.56 5.3. Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração.......................................................p.56 5.4. Emprego dos sinais de pontuação......................p.74 5.5. Concordância verbal e nominal...........................p.79 5.6. Regência verbal e nominal..................................p.91 5.7. Emprego do sinal indicativo de crase..................p.97 5.8. Colocação dos pronomes átonos......................p.102 6. Reescrita de frases e parágrafos do texto............p.104 6.1. Significação das palavras...................................p.105 6.2. Substituição de palavras ou de trechos de texto......p.110 6.3. Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto.....................................................p.110 6.4. Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade. .......................................................p.110 Para resolver questões de provas do CESPE/UnB, é preciso sempre estar atento ao comando, verificar se está sendo exigida a resposta correta ou incorreta, se a afirmação feita na questão é verdadeira, lembre-se de que ela vai avaliar as relações linguísticas dentro do texto, então deve- se ler com bastante atenção e resolver a partir do texto, o conhecimento teórico tem que ser utilizado a partir do texto, no texto e para o texto. Alguns vocábulos muito utilizados pelo CESPE nas questões: ✓ CORREÇÃO GRAMATICAL: Se ela utilizar somente esse vocábulo na questão, então não precisa ser avaliado o sentido, até pode haver alteração semântica, mas não pode ferir a gramaticalidade do texto. ✓ COERÊNCIA: Se ela utilizar esse vocábulo na questão, entenda que coerência não é valor semântico, mas lógica contextual, pode até haver alteração semântica, desde que seja mantido o nexo contextual, o que é dito no texto tem que ter sentido, não necessariamente o mesmo sentido que tinha antes. ✓ VALOR SEMÂNTICO/SENTIDO ORIGINAL DO TEXTO: Se ela utilizar esse vocábulo, entenda que se deve analisar se as mudanças propostas por ela não alteram a semântica do texto. Correção gramatical e coerência são elementos que um texto sempre deverá ter, mas mudança de valor semântico, só com leitura atenta se vai perceber. ✓ VALOR SINTÁTICO: Se ela utilizar esse vocábulo, estará fazendo referência à função (de sujeito, objeto direto, oração explicativa, oração restritiva...) que os termos exercem na oração, então deve se analisar se qualquer mudança proposta por ela não altera a função exercida pelo termo em questão. LÍNGUA PORTUGUESA IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 4 1. COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS É muito comum, entre os candidatos a um cargo público, a preocupação com a interpretação de textos. Isso acontece porque lhes faltam informações específicas a respeito dessa tarefa constante em provas relacionadas a concursos públicos. Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento de responder às questões relacionadas a textos. TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de produzir INTERAÇÃO COMUNICATIVA (capacidade de CODIFICAR E DECODIFICAR). CONTEXTO – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de CONTEXTO. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão grande, que, se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente daquele inicial. INTERTEXTO - comumente, os textos apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo de recurso denomina-se INTERTEXTO. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - o primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na prova. Nesse processo, buscam-se: a) a ideia principal (ou básica); b) as ideias secundárias; c) o reconhecimento de palavras ou expressões que possam dar validade ao entendimento das ideias expressas no texto. ORIENTAÇÃO: Com a finalidade de auxiliar o raciocínio de quem deve responder a questões de compreensão de textos, observe o seguinte: 1) Atenha-se exclusivamente ao texto. 2) Proceda através de eliminação de hipóteses. 3) Compare o sentido das palavras; às vezes, uma palavra decide a melhor alternativa. 4) Tente encontrar o tópico frasal, ou seja, a frase que melhor sintetiza o texto ERROS DE INTERPRETAÇÃO É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpretação. Os mais frequentes são: a) Extrapolação (viagem) Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação. b) Redução É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema desenvolvido. c) Contradição Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, consequentemente, errando a questão.OBSERVAÇÃO - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas, numa prova de concurso qualquer, o que deve ser levado em consideração é o que o AUTOR DIZ e nada mais. COESÃO- é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacionam palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito. IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 5 Para interpretar bem 1) Aumente o seu vocabulário: Os dicionários são amigos que precisamos consultar. Faça exercícios de sinônimos e antônimos. 2) Não se deixe levar pela primeira impressão. Há textos que metem medo. Abra sua mente e seu coração para o que o texto lhe transmite, na qualidade de um amigo silencioso. 3) Ao fazer uma prova qualquer, leia o texto duas ou três vezes, atentamente, antes de tentar responder a qualquer pergunta. Primeiro, é preciso captar sua mensagem, entendê-lo como um todo, e isso não pode ser alcançado com uma simples leitura. Dessa forma, leia-o algumas vezes. A cada leitura, novas ideias serão assimiladas. Tenha a paciência necessária para agir assim. Só depois tente resolver as questões propostas. 4) As questões de interpretação podem ser localizadas (por exemplo, voltadas só para um determinado trecho) ou referir-se ao conjunto, às ideias gerais do texto. No primeiro caso, leia não apenas o trecho (às vezes uma linha) referido, mas todo o parágrafo em que ele se situa. Lembre-se: quanto mais você ler, mais entenderá o texto. Tudo é uma questão de costume, e você vai acostumar-se a agir dessa forma. 5) Há questões que pedem conhecimento fora do texto. Por exemplo, ele pode aludir a uma determinada personalidade da história ou da atualidade, e ser cobrado do aluno ou candidato o nome dessa pessoa ou algo que ela tenha feito. Por isso, é importante desenvolver o hábito da leitura, como já foi dito. Procure estar atualizado, lendo jornais e revistas especializadas. É preciso estar atento para a ideia principal de cada parágrafo, só assim se assegura um caminho que levará à compreensão do texto. Pode-se, tranquilamente, ser bem-sucedido numa interpretação de texto. Para isso, deve-se observar o seguinte: ✓ Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto; ✓ Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá até o fim, ininterruptamente; ✓ Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas; ✓ Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; ✓ Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor; ✓ Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor compreensão; ✓ Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto correspondente; ✓ Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão; ✓ Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de ...), não, correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras que aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a entender o que se perguntou e o que se pediu; ✓ Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais exata ou a mais completa, às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia a resposta; ✓ Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento de lógica objetiva; ✓ Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto; ✓ Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor, definindo o tema e a mensagem; ✓ O autor defende ideias e você deve percebê-las; ✓ As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as ideias estão coordenadas entre si; ✓ Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior clareza de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado. A interpretação não depende de cada um, mas, sim, do que está escrito. "O que está escrito, escrito está." IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 6 DICA DE INTERPRETAÇÃO: comece pelas questões mais curtas; diante das opções, elimine as improváveis; muitas vezes há alternativas tão absurdas que dispensam a leitura integral do texto. Às vezes, citam dados, informações que sequer são mencionados no texto. PASSOS PARA LEITURA E ENTENDIMENTO DO TEXTO O candidato deve fazer dois tipos de leitura: 1ª leitura informativa: para buscar as palavras mais importantes de cada parágrafo, que constituem as palavras-chave do texto em torno das quais as outras se organizam para dar significação e produzirem sentidos. 2ª leitura interpretativa: para compreender, analisar e sintetizar as informações do texto. A leitura interpretativa requer: * compreensão: entender a mensagem literal contida no texto. As questões versam sobre a postura ideológica do autor, a ideia central, a tese defendida. * análise: depreender do texto a informação essencial. Para isso é importante buscar as palavras mais importantes de cada parágrafo, elas constituirão as palavras-chave do texto. Atentar para os modos de articulação das ideias. * síntese: organizar as ideias principais do autor para chegar à expressão que constitui a tese defendida pelo autor durante todo o texto. Nas questões de compreensão / interpretação de texto, o candidato deve, além da compreensão, análise e síntese, destacar, em cada parágrafo, a informação básica, para facilitar a compreensão do texto. Há diferença no objetivo das questões de compreensão e de interpretação de textos 1. Compreensão ou Intelecção de Texto – consiste em analisar o que realmente está escrito, ou seja, coletar dados do texto. 2. Interpretação de Texto – consiste em saber o que se infere (conclui) do que está escrito. Dicas importantes para a análise de textos: 1. Não extrapole ao que está escrito no texto. Muitas vezes, por se tratar de fatos reais, o candidato interpreta o que não está escrito. Deve-se ater somente às informações que estão relatadas. 2. Não valorize apenas uma parte do contexto. O texto deve ser considerado como um todo, não se atenha à parte dele. 3. Sublinhe as palavras-chave do enunciado, para evitar entender justamente o contrário do que está escrito. Leia duas vezes o comando da questão, para saber realmente o que se pede. Tome cuidado com algumas palavras, como: pode, deve, não, sempre, é necessário, é obrigatório, correta, incorreta, exceto, erro etc. 4. Se o comando pede a ideia principal ou tema, normalmente deve situar-se no primeiro ou no último parágrafo - introdução e conclusão. 5. Se o comando busca argumentação, deve localizar-se nos parágrafos intermediários - desenvolvimento. 6. Não levar em consideração o que o autor quis dizer, mas sim o que ele disse; escreveu. 7. Tomar cuidado com os vocábulos relatores, os que remetem a outros vocábulos do texto: pronomes relativos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc. IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 7 2. RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS A Tipologia Textual define, em linhas gerais, os seguintes tipos (básicos) de texto em prosa: 1. Descritivo 2. Narrativo 3. Dissertativo 1. Descritivo: é o texto do objeto - da impressão física, da imagem, da cor, do aroma, da beleza, da feiura, do relevo, da paisagem, da precisão quanto aos aspectos físicos. ✓ Predomina o tempo pretérito imperfeito ou mesmo o presente ( indicativo e subjuntivo). Exemplos: os aspectos físicos e tipos humanos de uma favela carioca, a obra de um sociólogo que descreve o biótipo de um determinado povo, o texto de um “folder” turístico etc. 2. Narrativo: texto utilizado para contar um caso, narrar fato(s), historiar acontecimentos, não importando se fictícios ou verídicos. ✓ Predominam neste texto os tempos pretéritos: perfeito ou imperfeito. ✓ Aação é um dos principais ingredientes da narração. ✓ O tempo é outro dos ingredientes. ✓ O autor, muitas vezes, utiliza personagens que dialogam. Exemplos: uma crônica, um caso, um conto, uma notícia de jornal, uma partida de futebol, um romance, uma parábola, uma historinha infantil etc. 3. Dissertativo: é o texto da ideia - da opinião, do ponto de vista. ✓ Privilegia o discurso indireto ( 3ª pessoa ), embora possa redigido na 1ª pessoa. ✓ Aborda, quase sempre, um tema palpitante do comportamento humano: justiça social, ética (práticas aéticas), ecologia (crimes ambientais), paz (violência urbana), democracia, liberdade, futuro do homem ( seus medos e anseios) etc. Exemplos: um editorial de jornal, um artigo do Diogo Mainardi (Veja), um texto de pensamentos filosóficos etc. Há ainda outros tipos de textos: • Texto Injuntivo: qualquer texto que tenha a finalidade de instruir o leitor (interlocutor). Por esse motivo, sua estrutura se caracteriza por verbos no imperativo: ordenando ou sugerindo. a) Injuntivo-instrucional: quando a orientação não é coercitiva, não estabelece claramente uma ordem, mas uma sugestão, um conselho. Exemplos: a) o texto que predomina num livro de autoajuda; b) o manual de instruções de um eletroeletrônico; c) o manual de instruções ( programação ) sobre metas, funções etc.; d) uma ingênua receita de bolo escrita pela avó... b) Injuntivo-prescritivo: a orientação é uma imposição, uma ordem baseada em condições sine qua non. Exemplos: a) a receita de um médico (a um paciente) transmitida à enfermeira responsável; b) os artigos da Constituição ou do Código de Processo Penal; c) a norma culta da Língua Portuguesa; d) as cláusulas de um contrato; e) o edital de um concurso público... • Texto expositivo: apresenta informações sobre um objeto ou fato específico, sua descrição, a enumeração de suas características. Esse deve permitir que o leitor identifique, claramente, o tema central do texto. Um fato importante é a apresentação de bastante informação, caso se trate de algo novo esse se faz imprescindível. Quando se trata de temas polêmicos a apresentação de argumentos se faz necessário para que o autor informe aos leitores sobre as possibilidades de análise do assunto. O texto expositivo deve ser abrangente, deve permitir que seja compreendido por diferentes tipos de pessoas. • A fábula é uma narrativa figurada, na qual as personagens são geralmente animais que possuem características humanas. Pode ser escrita em prosa ou em verso e é sustentada sempre por uma lição de moral, constatada na conclusão da história. A fábula está presente em nosso meio há muito tempo e, desde então, é utilizada com fins educacionais. Muitos provérbios populares vieram da IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 8 moral contida nesta narrativa alegórica, como por exemplo: “A pressa é inimiga da perfeição” em “A lebre e a tartaruga” e “Um amigo na hora da necessidade é um amigo de verdade” em “A cigarra e as formigas”. Portanto, sempre que redigir uma fábula lembre-se de ter um ensinamento em mente. Além disso, o diálogo deve estar presente, uma vez que trata- se de uma narrativa. Por ser exposta também oralmente, a fábula apresenta diversas versões de uma mesma história e, por este motivo, dá-se ênfase em um princípio ou outro, dependendo da intenção do escritor ou interlocutor. É um gênero textual muito versátil, pois permite diversas situações e maneiras de se explorar um assunto. É interessante, principalmente para as crianças, pois permite que elas sejam instruídas dentro de preceitos morais sem que percebam. E outra motivação que o escritor pode ter ao escolher a fábula na aula, no vestibular ou em um concurso que tenha essa modalidade de escrita como opção é que é divertida de se escrever. Pode-se utilizar da ironia, da sátira, da emoção, etc. Lembrando-se sempre de escolher personagens inanimados e/ou animais e uma moral que norteará todo o enredo. • A Crônica é uma reflexão sobre o acontecido. A crônica é um gênero que tem relação com a ideia de tempo e consiste no registro de fatos do cotidiano em linguagem literária, conotativa. A origem da palavra crônica é grega, vem de chronos (tempo), é por isso que uma das características desse tipo de texto é o caráter contemporâneo. A crônica difere da notícia, e da reportagem porque, embora utilizando o jornal ou a revista como meio de comunicação, não tem por finalidade principal informar o destinatário, mas refletir sobre o acontecido. Desta finalidade resulta que, neste tipo de texto, podemos ler a visão subjetiva do cronista sobre o universo narrado. Assim, o foco narrativo situa-se invariavelmente na 1ª pessoa. Poeta do quotidiano, como alguém chamou ao cronista dos nossos dias, apresenta um discurso que se move entre a reportagem e a literatura, entre o oral e o literário, entre a narração impessoal dos acontecimentos e a força da imaginação. Diálogo e monólogo; diálogo com o leitor, monólogo com o sujeito da enunciação. A subjetividade percorre todo o discurso. A crônica não morre depressa, como acontece com a notícia, mas morre, e aqui se afasta irremediavelmente do texto literário, embora se vista, por vezes, das suas roupagens, como a metáfora, a ambiguidade, a antítese, a conotação, etc. A sua estrutura assemelha-se à de um conto, apresentando uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão. Exemplo prático de tipos textuais (fragmentos de Cora Coralina): “Fui criada ( e até hoje moro ) numa casa simples, mas de cômodos bem amplos e confortáveis. Um jardim colorido e aromático. Beija-flores por aqui não faltam. Tenho duas filhas. Ana, uma menina alta, meio desengonçada, mas de um brilho especial nos olhos muito pretos. Virgínia, uma menina muito magra, gestos e rosto delicados, tem uma cabeleira tão ruiva que poderia ser confundida com uma dessas atrizes do cinema americano....” Texto descritivo. “Certo dia, minhas duas filhas e eu fomos passear pelo sítio. Na margem do rio havia uma pequena canoa. O espírito de aventura falou mais alto. Entramos na canoa e, no meio do leito, notamos a água infiltrando-se. Percebi o desespero das meninas, mas tive de aparentar toda a calma e...” Texto narrativo. “A vida de uma mulher não é fácil em parte alguma deste mundo. A sociedade machista impõe-lhe regras e destinos que ela jamais pode escolher. A mulher será sempre uma escrava totalmente submissa ao marido, às tradições, aos costumes e à hipocrisia chauvinista dos...” Texto dissertativo. “Minhas receitas preferidas. Bolo de Banana. Caramelize uma forma com açúcar, corte 10 bananas no sentido do comprimento, coloque-as na forma, bata 4 ovos com uma xícara de leite, duas de farinha de trigo e uma colher de fermento. Despeje a massa na forma, polvilhe (a gosto) com canela e açúcar e leve ao forno pré-aquecido em 180ºC. Deixe...” Texto injuntivo (instrucional). “Como fazer um parto de emergência ( recado para minhas filhas e netas). Mantenha a calma. Prepare uma superfície limpa para ela se deitar. Pegue uma tesoura e três pedaços de linha de 25cm. Ferva tudo por 10 minutos. Dobre um cobertor e coloque-o sobre a futura mamãe. Lave bem as mãos e as unhas com água e sabão. Quando as contrações aumentarem...” Texto injuntivo-prescritivo. IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 9 EXERCÍCIO DE TIPOLOGIA TEXTUAL 1. Identifique o tipo de redação apresentando: (1) descrição (2) narração (3) dissertação ( ) Acreditamos firmemente que só o esforço conjunto de toda a nação brasileira conseguirá vencer os gravíssimos problemas econômicos, por todos há muitos conhecidos. Quaisquer medidas econômicas, por si sós, não são capazes de alterar a realidade, se as autoridades que elaboram não contarem com o apoio da opinião pública, em meio a uma comunidade de cidadãos conscientes. () Nas proximidades deste pequeno vilarejo, existe uma chácara de beleza incalculável. Ao centro avista-se um lago de águas cristalinas. Através delas, vemos a dança rodopiante dos pequenos peixes. Em volta deste lago pairam, imponentes, árvores seculares que parecem testemunhas vivas de tantas histórias que se sucedem pelas gerações. A relva, brilhando ao sol, estende-se por todo aquele local, imprimindo à paisagem um clima de tranquilidade e aconchego. ( ) As crianças sabiam que a presença daquele cachorro vira-lata em seu apartamento seria alvo da mais rigorosa censura de sua mãe. Não tinha qualquer cabimento; um apartamento tão pequeno que mal acolhia Álvaro, Alberto e Anita, além de seus pais, ainda tinha de dar abrigo a um cãozinho! Os meninos esconderam o animal em um armário próximo ao corredor e ficaram sentados na sala à espera dos acontecimentos. No fim da tarde a mãe chegou do trabalho. Não tardou em descobrir o intruso e a expulsá-lo, sob os olhares aflitos de seus filhos. ( ) Joaquim trabalhava em um escritório que ficava no 12º andar de um edifício da Avenida Paulista. De lá avistava todos os dias a movimentação incessante dos transeuntes, os frequentes congestionamentos dos automóveis e a beleza das arrojadas construções que sucedem do outro lado da avenida. Estes prédios moderníssimos alternavam-se com majestosas mansões antigas. O presente e o passado ali se combinavam e, contemplando aquelas mansões, podia-se, por alto, imaginar o que fora, nos tempos de outrora, a paisagem desta mesma avenida, hoje tão modificada pela ação do progresso. ( ) Dizem as pessoas ligadas ao estudo da Ecologia que são incalculáveis os danos que o homem vem causando ao meio ambiente. O desmatamento de grandes extensões de terra, transformando-as em verdadeiras regiões desérticas, os efeitos nocivos da poluição e a matança indiscriminada de muitas espécies são apenas alguns aspectos a serem mencionados. Os que se preocupam com a sobrevivência e o bem-estar das futuras gerações temem que a ambição desmedida do homem acabe por tornar esta terra inabitável. ( ) O candidato à vaga de administrador entrou no escritório onde iria ser entrevistado. Ele se sentia inseguro, apesar de ter um bom currículo, mas sempre se sentia assim quando estava por ser testado. O dono da firma sentou-se com ar de extrema seriedade e começou a lhe fazer as perguntas mais variadas. Aquele interrogatório parecia interminável. Porém, toda aquela sensação desagradável dissipou-se quando ele foi informado de que o lugar era seu. Gabarito: (3), (1), (2), (1), (3), (2) (2017 – CESPE/UnB – Delegado/GO) A diferença básica entre as polícias civil e militar é a essência de suas atividades, pois assim desenhou o constituinte original: a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF), em seu art. 144, atribui à polícia federal e às polícias civis dos estados as funções de polícia judiciária — de natureza essencialmente investigatória, com vistas à colheita de provas e, assim, à viabilização do transcorrer da ação penal — e a apuração de infrações penais. Enquanto a polícia civil descobre, apura, colhe provas de crimes, propiciando a existência do processo criminal e a eventual condenação do delinquente, a polícia militar, fardada, faz o patrulhamento ostensivo, isto é, visível, claro e perceptível pelas ruas. Atua de modo preventivo-repressivo, mas não é seu mister a investigação de crimes. Da mesma forma, não cabe ao delegado de polícia de carreira e a seus agentes sair pelas ruas ostensivamente em patrulhamento. A própria comunidade identifica na farda a polícia repressiva; quando ocorre um crime, em regra, esta é a primeira a ser chamada. Depois, havendo prisão em flagrante, por exemplo, atinge-se a fase de persecução penal, e ocorre o ingresso da polícia civil, cuja identificação não se dá necessariamente pelos trajes usados. Guilherme de Souza Nucci. Direitos humanos versus segurança pública. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 43 (com adaptações). O texto é predominantemente A) injuntivo. D) exortativo. B) narrativo. E) descritivo. C) dissertativo. Gabarito: C IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 10 EXERCÍCIOS DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Texto I Detector de mentira por e-mail. Cientistas norte-americanos garantem que criaram método para identificar uma mentira contada em mensagens eletrônicas (Revista Língua, nº 18, 2007 – Texto adaptado) Cientistas da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, anunciaram no fim de fevereiro, início de março, ser capazes de identificar uma mentira contada por e-mail. Analisando cinco características de textos falaciosos, identificaram “pistas” que mentirosos deixam em textos escritos. Segundo os cientistas, a margem de acerto nos testes é de 70%. Os conhecimentos podem ser condensados em um programa de computador disponível já a partir do próximo ano. Textos falsos têm, por exemplo, 28% mais palavras que textos verdadeiros, descobriram os cientistas. Mas a ocorrência de frases casuais, que possam despertar ambiguidade, é bem menor nos verdadeiros que nos mentirosos. Mais detalhadas que as verdades, mentiras são contadas por meio daquilo que os pesquisadores chamam de “expressão de sentido”, como “sentir”, “ver”, e “tocar” – usadas para criar um cenário que nunca existiu. Mentirosos desconfortáveis com a própria lorota tenderiam ainda a usar palavras com sentido negativo, como “triste”, “estressado”, “irritado”. [...] O professor Jeff Hancock, coordenador do estudo, disse que, mais que ajudar as pessoas a identificar mentirinhas privadas contadas por seus parceiros amorosos, a pesquisa pode ter diversos usos públicos. 01. A leitura global do texto nos permite inferir que o autor quer: A) chamar a atenção para uma descoberta revolucionária: a mentira por e-mail pode estar com os seus dias contados. B) mostrar que a mentira é comum nos e-mails: todos mentem porque não serão descobertos. C) enfatizar que há recursos modernos para o homem se esconder atrás de uma cortina, a da mentira eletrônica. D) lembrar de que a mentira faz parte da vida dos homens: tanto faz mentir como dizer a verdade, não há problemas. 02. No texto: “Detector de mentira por e-mail” predominam as marcas de um texto: A) narrativo. C) descritivo. B) dissertativo. D) narrativo-argumentativo. TEXTO II Não existe essa coisa de um ano sem Senna, dois anos sem Senna ... Não há calendário para a saudade. (Adriane Galisteu, no Jornal do Brasil) 03. Segundo o texto, a saudade: a) aumenta a cada ano. b) é maior no primeiro ano. c) é maior na data do falecimento. d) é constante. e) incomoda muito. 04. A segunda oração do texto tem um claro valor: a) concessivo d) condicional b) temporal e) proporcional c) causal 05. A repetição da palavra não exprime: a) dúvida c) tristeza b) convicção d) confiança e) esperança TEXTO III Passei a vida atrás de eleitores e agora busco os leitores. (José Sarney, na Veja) 06.Deduz-se pelo texto uma mudança na vida: a) esportiva c) profissional b) intelectual d) sentimental e) religiosa 07.O autor do texto sugere estar passando de: a) escritor a político d) senador a escritor b) político a jornalista e) político a escritor c) político a romancista 08.Infere-se do texto que a atividade inicial do autor foi: a) agradável c) simples b) duradoura d) honesta e) coerente 09.O trecho que justifica a resposta ao item anterior é: a) e agora c) passei a vida b) os leitores d) atrás de eleitores e) busco IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 11 10.A expressão que não pode substituir o termo agora é: a) no momento c) presentemente b) ora d) neste instante e) recentemente TEXTO IV Os animais que eu treino não são obrigadosa fazer o que vai contra a natureza deles. (Gilberto Miranda, na Folha de São Paulo, 23/2/96) 11.O sentimento que melhor define a posição do autor perante os animais é: a) fé c) solidariedade b) respeito d) amor e) tolerância 12.O autor do texto é: a) um treinador atento d) um adestrador consciente b) um adestrador frio e) um adestrador filantropo c) um treinador qualificado 13.Segundo o texto, os animais: a) são obrigados a todo tipo de treinamento. b) fazem o que não lhes permite a natureza. c) não fazem o que lhes permite a natureza. d) não são objeto de qualquer preocupação para o autor. e) são treinados dentro de determinados limites. Texto V 14. O humor provocado pela tirinha se estabelece pela leitura: (A) do primeiro quadrinho, somente. (B) do segundo quadrinho, somente. (C) do terceiro quadrinho, somente. (D) do primeiro e do terceiro quadrinhos. (E) do segundo e do terceiro quadrinhos. TEXTO VI Segunda maior produtora mundial de embalagem longa vida, a SIG Combibloc, principal divisão do grupo suíço SIG, prepara a abertura de uma fábrica no Brasil. A empresa, responsável por 1 bilhão do 1,5 bilhão de dólares de faturamento do grupo, chegou ao país há dois anos disposta a brigar com a líder global, Tetrapak, que detém cerca de 80% dos negócios nesse mercado. Os estudos para a implantação da fábrica foram recentemente concluídos e apontam para o Sul do país, pela facilidade logística junto ao Mercosul. Entre os oito atuais clientes da Combibloc na região estão a Unilever, com a marca de atomatado Malloa, no Chile, e a italiana Cirio, no Brasil. (Denise Brito, na Exame, dez./99) 15) Segundo o texto, a SIG Combibloc: a) produz menos embalagem que a Tetrapak. b) vai transferir suas fábricas brasileiras para o Sul. c) possui oito clientes no Brasil. d) vai abrir mais uma fábrica no Brasil. e) possui cliente no Brasil há dois anos, embora não esteja instalada no país. 16) Segundo o texto: a) O Mercosul não influiu na decisão de instalar uma fábrica no Sul. b) a SIG Combibloc está entrando no ramo de atomatado. c) a empresa suíça SIG ocupa o 2º lugar mundial na produção de embalagem longa vida. d) a Unilever é empresa chilena. e) a SIG Combibloc detém 2/3 do faturamento do grupo. 17) Os estudos apontam para o Sul porque: a) o clima favorece a produção de embalagens longa vida. b) está próximo aos demais países que compõem o Mercosul. c) A Cirio já se encontra estabelecida ali. d) nos países do Mercosul já há clientes da Combibloc. e) o Sul é uma região desenvolvida e promissora. 18) " ... e apontam para o Sul do país ... " O trecho destacado só não pode ser entendido, no texto, como: a) e indicam o Sul do pai b) e recomendam o Sul do país c) e incluem o Sul do país d) e aconselham o Sul do país e) e sugerem o Sul do país Gabarito: 1. A, 2. A, 3. D, 4. C, 5. B, 6. C, 7. E, 8. B, 9. C, 10. E, 11. B, 12. D, 13. E, 14. E, 15. E, 16.E, 17.B, 18.C. IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 12 (2010 – CESPE/UnB – TRE/BA – Técnico) 1 Quase todo mundo conhece os riscos de se ter os documentos usados de forma indevida por outra pessoa, depois de tê-los perdido ou de ter sido vítima de assalto. Mas um 4 sistema que começou a ser implantado na Bahia pode resolver o problema em todo o país. A tecnologia usada atualmente para a emissão de 7 carteiras de identidade na Bahia pode evitar esse tipo de transtorno. A foto digital, impressa no documento, dificulta adulterações. 10 A principal novidade do sistema é o envio imediato das impressões digitais, por computador, para o banco de dados da Polícia Federal em Brasília. Dessa forma, elas 13 podem ser comparadas com as de outros brasileiros e estrangeiros cadastrados. Se tudo estiver em ordem, o documento é entregue em 16 cinco dias. Ao ser retirada a carteira, as digitais são conferidas novamente. “Você pode até ter a certidão de nascimento de outra 19 pessoa, mas, quando tentar tirar a carteira por ela, a comparação das impressões digitais vai revelar quem é você”, diz a diretora do Instituto de Identificação da Bahia. 22 Na Bahia, a troca pelo modelo novo será feita aos poucos. As atuais carteiras de identidade vão continuar valendo e serão substituídas quando houver necessidade de emitir-se a 25 segunda via. Por enquanto, só a Bahia está enviando os dados para a Polícia Federal. Segundo o Ministério da Justiça, a partir de 2011, 28 outros estados devem integrar-se gradativamente ao sistema. A previsão é que, em nove anos, todos os brasileiros estejam cadastrados em uma base de dados unificada na Polícia 31 Federal. Internet: (com adaptações). Com relação ao texto acima apresentado, julgue os itens de 1 a 12. 1. A nova tecnologia de emissão de carteira de identidade, criada na Bahia, reduz o risco de fraudes e adulterações. 2. No texto, tanto o termo “todo” (l.1) quanto “todo o” (l.5) expressam totalidade. 3. O texto, que é, predominantemente, descritivo, apresenta detalhes do funcionamento do sistema de identificação que deve ser implantado em todo o Brasil. 4. Os vocábulos “impressa” (l.8) e “entregue” (l.15) são particípios irregulares dos verbos imprimir e entregar, respectivamente; tais verbos admitem, também, as formas participiais regulares: imprimido e entregado. 5. A palavra “mas” (l.19), no texto, tem sentido semelhante ao expresso pelo conectivo e no seguinte período: Assinou o documento, e se esqueceu de levá- lo. 6. Depreende-se do texto que a implantação da nova carteira de identidade proporcionará mais agilidade aos serviços prestados pelos institutos de identificação do Brasil. 7. A supressão da vírgula que sucede a palavra “ordem” (l.15) não acarreta prejuízo à correção gramatical do período em questão. 8. Infere-se do texto que o processo de emissão da nova carteira de identidade será menos dispendioso para o cidadão, visto que as fotos necessárias para o documento serão feitas pelo próprio instituto de identificação. 9. O emprego das expressões “vão continuar valendo” (l.23) e “está enviando” (l.25), as quais indicam haver uma ação em curso, usualmente, deve ser considerado vício de linguagem. 10. Do trecho “Por enquanto, só a Bahia está enviando os dados para a Polícia Federal” (l.25-26) infere-se que, pelo menos, um outro estado brasileiro também adotou o novo sistema de identificação, mas não enviou, ainda, as impressões digitais para atualização do banco de dados da Polícia Federal. 11. Na linha 28, o emprego da preposição a na combinação “ao” é exigência sintática do verbo “integrar”. 12. Infere-se do texto que o novo sistema de identificação representa um avanço para o trabalho da polícia brasileira. Gabarito: 1.E, 2.C, 3.E, 4.C, 5.C, 6.E, 7.E, 8.E, 9.E, 10.E, 11.C, 12.C. IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 13 (2010 – CESPE/UnB – TRE/BA – Analista) Texto para os itens de 1 a 12 1 A pluralidade étnica dos brasileiros impressionava vivamente os estrangeiros que, desde 1808, se avolumavam como viajantes, naturalistas ou comerciantes no país. Apesar 4 disso, para além do espanto dos viajantes, são raros os registros dessa convivência interétnica do século passado fora da clássica relação senhor-escravo. 7 Em um processo-crime de 1850, ocorrido no município fluminense de Rio Claro, encontramos um raro flagrante de tal convivência e das tensões do dia a dia dos 10 brasileiros oitocentistas. Antônio Ramos foi processado pelo assassinato do negociante Feliciano Lisboa e de sua “caseira” (amásia), Isabel 13 Leme. Todas as testemunhas que depuseram contra ele no processo acreditavam que o motivo do crime fora umavingança pelo fato de Isabel tê-lo chamado de negro após um 16 jantar na casa das vítimas. O que verdadeiramente interessa no caso é que, no processo, a indignação de Ramos, apesar de ele ter sido 19 considerado um homem violento, pareceu compreensível aos depoentes. Ainda que ele não tivesse justificado seu ato extremo, nenhuma das testemunhas negou-lhe razão por ter 22 raiva de Isabel, que, afinal, o recebera em casa. É rara, na documentação, referência tão explícita à convivência interétnica no nível privado bem como às normas de 25 comportamento e tensões que implicava, consubstanciadas no sentido pejorativo que a qualificação negro, dada por Isabel ao seu convidado, tinha para os que conviviam com eles, ou seja, 28 não foi o convite de Lisboa e Isabel para que Ramos jantasse em sua casa — um homem livre, ao que tudo indica, descendente de africanos — que causou estranheza às 31 testemunhas, mas o fato de que, nessa situação, a anfitriã o tivesse chamado de negro, desqualificando-o, desse modo, como hóspede à mesa do casal. 34 Como regra geral, o que se depreende da leitura desse processo bem como da de outros documentos similares é que a palavra negro foi utilizada na linguagem coloquial, por quase 37 todo o século XIX, como uma espécie de sinônimo de escravo ou ex-escravo, com variantes que definiam os diversos tipos de cativos, como o africano — comumente chamado de preto até 40 meados do século — ou o cativo nascido no Brasil — conhecido como crioulo —, entre outras variações locais ou regionais. Apesar disso, 41% da população livre do Império, 43 recenseada em 1872, era formada por descendentes de africanos. Hebe M. Mattos de Castro. Laços de família e direitos no final da escravidão. In: História da vida privada no Brasil: Império. Coordenador-geral Fernando A. Novais; organizador do volume Luiz Felipe de Alencastro. vol. 2. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 341-3 (com adaptações). Com referência às ideias do texto, julgue os itens de 1 a 5. 1. Do texto pode-se depreender que, apesar de quase metade da população recenseada, por volta da década de 70 do século XIX, ser descendente de africanos, a convivência interétnica não restou registrada além das relações de poder. 2. Para exemplificar o pouco numeroso registro de convivência interétnica fora da clássica relação entre senhor e escravo em meados do século XIX, a autora do texto lança mão de um processo-crime ocorrido na época, relatando-o, resumidamente, em três parágrafos. 3. No processo-crime de que trata o texto, as testemunhas, pelo fato de Antônio ter sido desqualificado durante o jantar para o qual foi convidado, deram-lhe razão no que diz respeito à raiva que ele sentia por Feliciano Lisboa e sua amásia Isabel, ambos assassinados por ele. 4. Do texto, pode-se inferir que as testemunhas não estranharam o fato de que a anfitriã tivesse chamado Antônio Ramos de “negro”. 5. Na convivência diária no decorrer do século XIX, a linguagem coloquial admitia variantes da palavra “negro” para designar os diversos tipos de cativos que viviam no Brasil, conforme atestam documentos como o processo-crime citado no texto. Julgue os itens que se seguem, relativos a aspectos gramaticais do texto. 6. A expressão “Apesar disso” (l.3-4) introduz uma ideia que se opõe à expectativa sugerida no período anterior. 7. O segmento “apesar de ele ter sido considerado um homem violento” (l.18-19) pode ser corretamente substituído pelo seguinte: apesar dele haver sido considerado um homem violento. 8. Nas palavras “referência” e “espécie”, o emprego do acento atende à mesma regra de acentuação gráfica. 9. No trecho “bem como às normas de comportamento e tensões” (l.24-25), o emprego do acento indicativo de crase justifica-se pela regência da forma verbal “implicava” (l.25) e pela presença do artigo definido. 10. Em “consubstanciadas no sentido pejorativo” (l.25- 26), a palavra “pejorativo” pode ser substituída por favorável, sem prejuízo para o sentido do trecho em questão. 11. Por ser explicativa, a expressão “ou seja” (l.27) está entre vírgulas. 12. No trecho “a anfitriã o tivesse chamado de negro, desqualificando-o” (l.31-32), a forma pronominal “o” tem o mesmo referente nas duas ocorrências. IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 14 1 Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1904. Meu caro Paz, Obrigado pelas tuas palavras e pelo teu abraço. Ainda que de 4 longe, senti-lhes o afeto antigo, tão necessário nesta minha desgraça. Não sei se resistirei muito. Fomos casados durante 35 anos, uma existência inteira; por isso, se a solidão me abate, 7 não é a solidão em si mesma, é a falta da minha velha e querida mulher. Obrigado. Até breve, segundo me anuncias, e oxalá concluas a viagem sem as contrariedades a que aludes. Abraça- 10 te o velho amigo Machado de Assis. Machado de Assis. Obra completa. vol. 3. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 1.072 (com adaptações). Considerando o texto acima, que apresenta uma comunicação particular, julgue os itens de 13 a 18. 13. A palavra “Obrigado” (l.3 e 8) está flexionada no masculino e no singular para concordar, em gênero e número, com o signatário da correspondência. 14. As expressões “Meu caro Paz” (l.2) e “o velho amigo” (l.10) correspondem, respectivamente, ao vocativo e à epígrafe da comunicação particular em questão. 15. Em “senti-lhes o afeto antigo” (l.4), a forma pronominal “lhes” refere-se às expressões “tuas palavras” e a “teu abraço” ambas na linha 3. 16. Na oração “se a solidão me abate” (l.6), a substituição do conector “se” por acaso não prejudicaria o sentido expresso nessa oração e a correção gramatical. 17. As formas verbais “anuncias” (l.8), “concluas” (l.9) e “aludes” (l.9) estão conjugadas na segunda pessoa do singular do mesmo tempo e do mesmo modo verbal. 18. Em “oxalá concluas a viagem” (l.8-9), o vocábulo “oxalá” pode ser substituído por tomara que, mantendo-se, assim, o sentido do trecho em que se insere. Acerca da redação de correspondências oficiais, julgue o item abaixo. 19. Como vocativo das comunicações oficiais destinadas a senadores, juízes, ministros e governadores, recomenda-se evitar o título acadêmico de Doutor e usar o pronome de tratamento Senhor. Com rela Gabarito: 1.E, 2.C, 3.E, 4.E, 5.C, 6.C, 7.E, 8.C, 9.E, 10.E, 11.C, 12.C, 13.C, 14.E, 15.C, 16.E, 17.E, 18C, 19.C. 3. DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL (NOVA ORTOGRAFIA) Ortografia é o sistema correto de representar na escrita os fonemas e as formas da língua. Ela trata da representação escrita dos sons que formam os vocábulos, por meio dos símbolos denominados letras. Uso do S 1. Nas palavras derivadas de uma primitiva em que já existe S: pesquisa → pesquisador, pesquisado casa → casinha, casebre, casarão camisa → camisinha, camisola, camisolão análise → analisar, analista, analisando 2. Nos sufixos: • -ês, -esa (na indicação de título de nobreza, origem, nacionalidade) marquês → marquesa; burguês → burguesa; camponês → camponesa; milanês → milanesa • -ense (indicador de procedência, origem) santanense, manuaense, paranaense • -isa (indicador feminino de profissão, ocupação) diaconisa, sacerdotisa, papisa, profetisa • -oso, -osa (indicadores de adjetivos, formadores de estado pleno, abundância) manhoso, carinhoso, horrorosa, suntuosa 3. Após ditongos: Cleusa, causa, náusea, maisena 4. Na conjugação dos verbos pôr (e derivados) e querer: repus, repusera, repusesse, pus, pusera, pusesse, quis, quisera, quisesse, quiséssemos IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 15 Uso do Z 1. Nas palavras derivadas de uma primitiva em que já existe Z : raiz →enraizar baliza → abalizado, balizador, balizado rapaz → rapazola, rapazinho, rapazote 2. Nas terminações –ez, -eza, formadores de substantivos abstratos derivados de adjetivos: real → realeza grande → grandeza cru → crueza certo → certeza 3. Nas terminações –izar (formador de verbos) e – ização (formador de substantivos) canal → canalizar → canalização humano → humanizar → humanização atual → atualizar → atualização global → globalizar → globalização Uso do X 1. Depois de ditongo: ameixa, baixo, caixa, feixe, paixão 2. Depois da sílaba inicial en-: enxaqueca, enxadrista, enxame, enxuto Fazem exceção: encher e derivados; enchova; e palavras iniciadas com ch que ganharam prefixo em-, como enchouriçar (em + chouriço + ar). 3. Depois da sílaba inicial me -: mexerica, mexicano, mexilhão, mexer Exceção: mecha (substantivo) e derivados escrevem-se com ch. 4. Em palavras de origem africana e indígena: abacaxi, capixaba, macaxeira, morubixaba, pixaim, xará, xinxim, xique-xique 5. Palavras aportuguesadas do inglês trocam o sh original por x: xampu (de shampoo), xerife (de sheriff) Escrevem-se com x: almoxarife, bexiga, bruxa, capixaba, caxemira, caxumba, coaxar, coxo, elixir, enxada, engraxate, enxurrada, esdrúxulo, faxina, lagartixa, laxante, lixa, luxo, maxixe, mexer, mexerico, morubixaba, muxoxo, orixá, Oxalá, praxe, pixaim, puxar, relaxar, rixa, taxa (impostos, tributo), vexame, xale, xampu, xarope, xavante, xaxim, xereta, xerife, xícara, xingar. Escrevem-se com ch : apetrecho, archote, bochecha, boliche, crochê, cachaça, cachimbo, chá, chamariz, chamego, chafariz, cartucheira, charco, cheque, chimarrão, chimpanzé, chuchu, chucrute, chumaço, chutar, cacho, cochicho, cocho, colcha, colchão, comichão, coqueluche, fachada, ficha, flecha, galocha, inchar, macho, machado, machucar, mancha, nicho, pachorra, pichar, pechincha, piche, rachar, recheio, salsicha, sanduíche, tacha (prego), tacheiro, tacho, tocha. Uso do E e do I 1. Todos os verbos terminados em –uir, -air, -oer escrevem-se com a letra i na segunda e terceira pessoas do singular do presente do indicativo. contribuir → contribuis, contribui cair → cais, cai doer → dói influir → influis, influi sair → sais, sai roer → róis, rói 2. Todos os verbos terminados em –ir escrevem-se com a letra e na segunda e terceira pessoas do presente do indicativo. acudir → acodes, acode fugir → foges, foge decidir → decides, decide 3. Todos os verbos terminados em –uar ou em –oar escrevem-se com a letra e na primeira, segunda e terceira pessoas do presente do subjuntivo. perdoar → perdoe, perdoes, perdoe atuar → atue, atues, atue caçoar → caçoe, caçoes, caçoe jejuar → jejue, jejues, jejue 4. Prefixos ante- e anti- • ante – (prefixo) significa “antes” (indica posição anterior) antecâmara, antemão, antepasto, anteontem, antebraço antediluviano, antever • anti - (prefixo) significa “contra” (indica posição contrária) antiacadêmico, antialcoólico, anticoncepcional, anticlerical antídoto, antiaéreo, anticonjugal, antifascista IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 16 5. Prefixos em /en e im/in: emporcalhar engraxar empossar entorpecer imputar incomodar impugnar infalível 6. Prefixos des e dis: desgarrar discernir desinfetar dispensar desmedido dislexia Escrevem-se com e: Abaeté, acareação, acreano, aldeola, alheado, antecipar, antedatar, anteprojeto, área (medida de uma superfície), barbárie, cadeado, candeeiro, caranguejo, cardeal, cereal, cumeada, cumeeira, decreto, deferido, deferir, descortino, descrição (exposição), descriminar (absolver de crime), despensa (lugar para guardar mantimentos), destilação, emergir, emigrar, eminência, eminente, empecilho, encabular, enteado, engolir, enxada, estropear, falsear, geada, grandessíssimo, himeneu, inquerição, lêndea, lenimento, meada, memoridade, mestiço, mexerica, murmúreo, níveo, óleo, parêntese, passeata, peão, petróleo, quase, quepe, recheado, reencanar, revalidar, róseo, senão, sequer, seringa, subentender, terráqueo, vadear, violáceo, vítreo. Escrevem-se com i: aborígine, adiantar, adiante, adivinho, amiúde, anticristo, ária (cantiga), azuis, camoniano, casimira, corrimão, crânio, crioulo, dentifrício, diante, diferido, discente (que aprende), discrição (que é discreto), disparate, dispêndio, dispensa (licença), imbuia, imigração, iminente, invés (contrário), miúdo, pardieiro, pátio, pião, privilegiado, privilegiar, recriação, (ato de recriar), réstia, siar, vadiar, vadiação Uso do O e do U Às vezes se confundem usos do u e do o na grafia de algumas palavras. Compare as listas abaixo: com O com U Abolir acudir Boteco bueiro botequim burburinho comprido cumprido (de cumprir) comprimento (extensão) cumprimento (saudação) Cortiça cúpula Cobrir curtume Engolir embutir explodir entupir Focinho escapulir Goela jabuti lombriga jabuticaba mágoa lóbulo mochila mucama moleque pirulito Névoa rebuliço Nódoa suar (transpirar) Poleiro supetão Polenta tábua sortir (abastecer) tabuleiro Sotaque tabuleta Zoeira trégua Uso de C, Ç, S, SS, SC, XC 1. Nos vocábulos de origem árabe, tupi e africana, usam-se c e ç : açaí, araçá, araçoia, caiçara, caçula, cacimba, canguçu, criciúma, Ceci. Iguaçu, Juçara, miçanga, Moçoró, muçum, muçurana, paçoca, Paraguaçu, Turiaçu 2. Depois de ditongos, grafam-se c e ç : beiço, caução, coice, feição, foice, louça, refeição, traição 3. Nos substantivos e adjetivos derivados de verbos terminados em –nder e –ndir usa-se s: pretender → pretensão pender → pensão, pênsil tender → tensão, tenso ascender → ascensão, ascensor expandir → expansão, expansivo fundir → fusão difundir → difusão confundir → confusão, confuso suspender → suspensão, suspensório IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 17 4. Nos substantivos derivados de verbos terminados em –der, -dir, -tir e –mir usa-se s (depois de n ou r) ou ss : aceder → acesso regredir → regressão, regresso repercutir → repercussão descomprimir → descompressão ascender → ascensão interceder → intercessão agredir → agressão admitir → admissão reprimir → repressão compreender → compreensão 5. Por razões etimológicas usa-se entre vogais sc e xc: apascentar, ascender (subir), convalescer, crescer, descente (que desce), discernir, efervescente, enrubescer, fascínio, florescer, incandescer, intumescer, lascivo, miscelânea, nascer, néscio, obsceno, oscilar, piscina, prescindir, recrudescer, rescindir, suscitar, tumescer, vísceras, excelência, excêntrico, exceto, excesso, exceder OBSERVE AS SEGUINTES GRAFIAS Escrevem-se com s : aliás, alisar, análise, após, asa, atrás, atraso, através, aviso, bisar, brasa, casulo, catalisar, cisão, colisão, cós, crase, crise, despesa, detrás, deusa, diálise, empresa, fase, fusão, gás, gasolina, gasômetro, groselha, hesitante, hidrólise, ileso, inclusive, infusão, invés, jus, lapiseira, lisonjeiro, lisura, mariposa, marselhês, mês, mosaico, nasal, obséquio, obus, paisagem, pêsames, rasura, revés, síntese, sinusite, surpresa, tosar, três, uso, usina, visar. Escrevem-se com z : abalizar, aduzir, ajuizar, alcaçuz, alcoolizar, algoz, amizade, anarquizar, apaziguar, aprazível, aprendiz, arborizar, arroz, assaz, atriz, atroz, audaz, azar, azia, baliza, bazar, bizarro, buzina, cafuzo, capaz, capuz, capuz, carbonizar, cartaz, chafariz, coriza, cruz, cuscuz, delicadeza, deslize, desprezo, eficaz, enfezado, esvaziar, falaz, feroz, fertilizar, fugaz, gaze, giz, gentileza, horizonte, impureza, jaez, jazigo, lambuzar, lazer, lhaneza, luz, magazine, meretriz, morbidez, nariz, nudez, obstetriz, ozônio, palidez, perspicaz, petiz, pobreza, prazer, prazo, profetizar, rapaz, rezar, rodízio, sagaz, sazonal, talvez,tenaz, tez, trapézio, trezentos, vazio, veloz, verniz, voraz, xadrez Uso do G 1. Nas palavras terminadas em –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio. adágio, colégio, litígio, relógio, refúgio 2. Nas palavras terminadas em –gem. ferrugem, selvagem, massagem, mixagem 3. Nas palavras derivadas de outras, já grafadas com g. tingir → tingido → tingimento fingir → fingido → fingimento Escrevem-se com g : abordagem, algibeira, algemar, angélico, aterragem, auge, cingir, constrangir, doge, estrangeiro, falange, ferrugem, gengibre, gengiva, gergelim, geringonça, giba, gibi, gíria, herege, impingem, logístico, margear, megera, monge, mugido, ogiva, pungente, rabugento, regurgitar, tangerina, tigela, vagem, vertigem, viagem (subst.) Uso do J 1. Nas palavras de origem tupi (indígena) e africana: biju (variante de beiju), canjarana, canjica, jabuticaba, jacaré, jenipapo, jerimum, jiboia, jirau, pajé. (Exceção: Sergipe.) 2. Nos verbos terminados em –jar ou –jear: arranjar, despejar, sujar, viajar, ultrajar, granjear, gorjear, lisonjear 3. Nas palavras derivadas de outras já grafadas com j: granja → granjeiro lisonja → lisonjeiro laje → lajeado majestade → majestoso Escrevem-se com j : ajeitar, alforje, berinjela, cafajeste, canjerê, canjica, cerejeira, desajeitar, enjeitar, gorjear, gorjeta, granjear, hoje, intrujice, jeca, jeito, jejum, jenipapo, jérsei, jiboia, jiló, jiu-jítsu, laje, laranjeira, lisonjeiro, majestade, majestoso, manjedoura, manjericão, ojeriza, pajé, pajem, pegajoso, sarjeta, sabujice, traje, trejeito, ultraje, varejo, varejista, viaje, viagem (do verbo viajar) IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 18 RESUMO DOS PRINCIPAIS CASOS ORTOGRÁFICOS Escreve-se com S 01) as palavras derivadas de verbos terminados em - nder e –ndir: pretender = pretensão, ascender = ascensão. 02) as palavras terminadas em -oso e -osa, com exceção de gozo: gostosa, glamorosa, raivoso. 03) as palavras terminadas em -ase, -ese, -ise e -ose, com exceção de gaze e deslize: fase, crase, tese, osmose. 04) palavras femininas terminadas em –isa: poetisa, Marisa. 05) As formas dos verbos pôr, querer e usar:• pus, quis, usei. Escreve-se com Ç ou S? Após ditongo, escreve-se com -ç-, quando houver som de /cê/, e escreve-se com -s-, quando houver som de /zê/. • eleição • traição • Neusa • coisa Escreve-se com S ou Z? 01 a) com -s- as palavras terminadas em -ês e -esa que indicarem nacionalidades, títulos ou feminino. • português • norueguesa • marquês • duquesa b) com -z- as palavras terminadas em -ez e -eza, substantivos abstratos que provêm de adjetivos. • embriaguez • limpeza • lucidez • nobreza 02) a) Escreve-se com -s- os verbos terminados em -isar, quando a palavra primitiva já possuir o –IS + VOGAL-. • análise = analisar • pesquisa = pesquisar • paralisia = paralisar b) Escreve-se com -z- os verbos terminados em -izar, quando a palavra primitiva não possuir -s- nem –IS + VOGAL-. • economia = economizar • terror = aterrorizar • catequese = catequizar • síntese = sintetizar 03) a) Escreve-se com -s- os diminutivos terminados em -sinho e -sito, se a palavra primitiva já possuir -s- no final. • casinha • asinha • portuguesinho • camponesinha b) Escreve-se com -z- os diminutivos terminados em - zinho e -zito, quando a palavra primitiva não possuir -s- no final. • mulherzinha • arvorezinha • alemãozinho • aviãozinho Verbos terminados em UIR e OER Terão as 2ª e 3ª pessoas do singular do Presente do Indicativo escritas com -i-: tu possuis, ele possui, tu constróis, ele constrói EXERCÍCIOS 1. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corretamente. a) palidez - francezes - pretencioso b) fuzível - beleza - rigoroso c) holandezes - fuzarca - pesquisa d) quisesse - rapides - talentoso e) catequizar - burguês – análise 2. (ES ou EZ – ESA ou EZA) acid___, marqu_____, arid___, campon___, cort___, estupid___, lucid___, mesquinh___, montanh___, milan___, nud___, palid___, pequen___ (pequeno), pequin___ (cão). 3. (S ou Z) agili___ar, ali___ar, ameni___ar, bati___ar, canali___ar, carboni___ar, catali___ar, catequi___ar, capitali___ar, coti___ar, desli___ar, fiscali___ar, fri___ar, humani___ar, parali___ar. Gabarito Ortografia: 1.e, 2. acidEZ, marquÊS, aridEZ, camponÊS, cortÊS, estupidEZ,lucidEZ, mesquinhEZ, montanhÊS, milanÊS, nudEZ, palidEZ, pequenEZ(pequeno), pequinÊS(cão). 3. agiliZar, aliSar, ameniZar, batiZar, canaliZar, carboniZar, cataliSar, catequiZar, capitaliZar, cotiZar, desliZar, fiscaliZar, friSar, humaniZar, paraliSar. IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 19 ALGUNS USOS ORTOGRÁFICOS ESPECIAIS PORQUE /PORQUÊ/POR QUE/POR QUÊ PORQUE É usado introduzindo: - Explicação. Ex.: Não reclames, porque é pior. - Causa. Ex.: Faltou à aula porque estava doente. PORQUÊ: É usado como substantivo; é sinônimo de motivo, razão. Ex.: Não sei o porquê disso. POR QUE (separado e sem acento) É usado: • Como um equivalente a pelo qual / pela qual / pelos quais / pelas quais. Ignoro o motivo por que ele se demitiu. (pelo qual). Eis as causas por que não venceremos. (pelas quais). Estranhei a forma por que o estudante reagiu. (pela qual). • em interrogações diretas, onde o que equivale a qual motivo. Por que regressamos? (Por qual motivo regressamos ?) Por que não vieram os computadores ? (Por qual motivo não vieram ?) • em interrogações indiretas, onde o que equivale a qual razão ou qual motivo. Perguntei-lhe por que faltara à aula. (por qual motivo). Não sabemos por que ele faleceu. (por qual razão). • Como um equivalente a motivo pelo qual ou razão pela qual. Não há por que chorar. (motivo pelo qual). Viajamos sem roteiro: eis por que nos atrasamos. (a razão pela qual). POR QUÊ: É usado ao final da frase interrogativa ou quando estiver sozinho. Ex.: Você fez isso, por quê? Por quê? ONDE E AONDE A tendência no português atual é considerar a seguinte distinção: aonde indica a ideia de movimento ou aproximação (com verbos que exigem a preposição “A”), opondo-se a donde que exprime afastamento (com verbos eu exigem a preposição “DE”). Costuma referir-se a verbos de movimento. Aonde você vai? Aonde querem chegar com essas atitudes? Aonde devo dirigir-me para obter esclarecimentos? Não sei aonde ir. Donde você veio? Onde indica o lugar em que se está ou em que se passa algum fato. Normalmente refere-se a verbos que exprimem estado ou permanência, ou seja, verbos que exigem a preposição “EM”. Onde você está? Onde você vai ficar nas próximas férias? Não sei onde começar a procurar. IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 20 MAIS e MAS Mas é uma conjunção adversativa, equivalendo a porém, contudo, entretanto. Não conseguiu, mas tentou. Mais é pronome ou advérbio de intensidade, opondo-se normalmente a menos. Ele foi quem mais tentou, ainda assim não conseguiu. É um dos países mais miseráveis do planeta. NA MEDIDA EM QUE E À MEDIDA QUE Na medida em que exprime relação de causa e equivale a “porque”, “já que”, “uma vez que”. Na medida em que os projetos foram abandonados, a população carente ficou entregue à própria sorte. À medida que indica proporção, desenvolvimento simultâneo e gradual. Equivale a “à proporção que”. A ansiedade aumentava à medida que o prazo ia chegando ao fim. MAL E MAU Mal pode ser advérbio ou substantivo. Como advérbio significa “irregularmente”, “erradamente”, “de forma inconveniente ou desagradável”. Opõe-se a bem. Era previsível que ele se comportaria mal. Era evidente que ele estava mal-intencionado porque suas opiniões haviam repercutidomal na reunião anterior. Como substantivo, mal pode significar “doença”, “moléstia”, em alguns casos significa “aquilo que é prejudicial ou nocivo”. A febre amarela é um mal que atormenta as populações pobres. O mal é que não se toma nenhuma atitude definitiva. O substantivo mal também pode designar um conceito moral, ligado à ideia de maldade, nesse sentido a palavra também opõe-se a bem. Há uma frase de que a visão da realidade nos faz muitas vezes duvidar: “O mal não compensa” Mau é adjetivo. Significa “ruim”, “de má índole”, “de má qualidade”. Opõe-se a bom e apresenta a forma feminina má. Não é mau sujeito. Trata-se de um mau administrador. Tem um coração mau. A PAR e AO PAR A par tem o sentido de “bem-informado”, “ciente”. Mantenha-me a par de tudo o que acontecer. É importante manter-se a par das decisões parlamentares. Ao par é uma expressão usada para indicar relação de equivalência ou igualdade entre valores financeiros (geralmente em operações cambiais): As moedas fortes mantém o câmbio praticamente ao par. AO ENCONTRO DE E DE ENCONTRO A Ao encontro de indica “ser favorável a”, aproximar- se de”. Ainda bem que sua posição vai ao encontro da minha. Quando a viu foi ao seu encontro e abraçou-a. De encontro a indica oposição, choque, colisão. Veja. Suas opiniões sempre vieram de encontro às minhas, pertencemos a mundos diferentes. O caminhão foi de encontro ao muro, derrubando- o. IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 21 A E HÁ NA EXPRESSÃO DE TEMPO O verbo haver é usado em expressões que indicam tempo já transcorrido: Tais fatos aconteceram há dez anos. Nesse sentido, equivale ao verbo fazer: Tudo aconteceu faz dez anos. A preposição a surge em expressões em que a substituição pelo verbo fazer é impossível: O lançamento do satélite ocorrerá daqui a duas semanas. Eles partirão daqui a duas horas. ACERCA DE E HÁ CERCA DE Acerca de significa “sobre”, “a respeito de”: Haverá uma palestra acerca das consequências das queimadas. Há cerca de indica um período aproximado de tempo já transcorrido ou equivale ao verbo existir + aproximadamente: Os primeiros colonizadores surgiram há cerca de quinhentos anos. Há cerca de dez pessoas te procurando AFIM E A FIM Afim é um adjetivo que significa “igual”, “semelhante”. Relaciona-se com a ideia de afinidade: Tiveram ideias afins durante o trabalho. São espíritos afins. A fim surge na locução a fim de, que significa “para” e indica ideia de finalidade: Trouxe algumas flores a fim de nos agradar. DEMAIS E DE MAIS Demais pode ser advérbio de intensidade, com o sentido de “muito”, aparece intensificando verbos, adjetivos ou outros advérbios: Aborreceram-nos demais: isso nos deixou indignados demais. Estou até bem demais. Demais também pode ser pronome indefinido, equivalendo a “outros”, “restantes”: Não coma todo o pudim. Deixe um pouco para os demais. De mais opõe-se a de menos. Refere-se sempre a um substantivo ou pronome: Não vejo nada de mais em sua atitude. O concurso foi suspenso porque surgiram candidatos de mais. SENÃO E SE NÃO Senão equivale a “caso contrário” ou “a não ser”: É bom que colabore, senão não haverá como ajuda-lo. Se não surge em orações condicionais. Equivale a “caso não”: Se não houver aula, iremos ao cinema. IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 22 NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO Resumão com as principais mudanças: Alfabeto Nova Regra: O alfabeto agora é formado por 26 letras • Regra Antiga: O 'k', 'w' e 'y' não eram consideradas letras do nosso alfabeto. • Como é: Essas letras serão usadas em siglas, símbolos, nomes próprios, palavras estrangeiras e seus derivados. Exemplos: km, watt, Byron, byroniano Trema Nova Regra: Não existe mais o trema em língua portuguesa. Apenas em casos de nomes próprios e seus derivados, por exemplo: Müller, mülleriano • Regra Antiga: agüentar, conseqüência, cinqüenta, qüinqüênio, freqüência, freqüente, eloqüência, eloqüente, argüição, delinqüir, pingüim, tranqüilo, linguiça • Como é: aguentar, consequência, cinquenta, quinquênio, frequência, frequente, eloquência, eloquente, arguição, delinquir, pinguim, tranquilo, linguiça. Acentuação Nova Regra: Ditongos abertos (ei, oi) não são mais acentuados em palavras paroxítonas • Regra Antiga: assembléia, platéia, idéia, colméia, boléia, Coréia, hebréia, bóia, paranóia, jibóia, apóio, heróico, paranoico • Como é: assembleia, plateia, ideia, colmeia, boleia, Coreia, hebreia, boia, paranoia, jiboia, apoio, heroico, paranoico. Observações: • nos ditongos abertos de palavras oxítonas e monossílabas o acento continua: herói, constrói, dói, anéis, papéis. • o acento no ditongo aberto 'eu' continua: chapéu, véu, céu. Nova Regra: O hiato 'oo' não é mais acentuado • Regra Antiga: enjôo, vôo, corôo, perdôo, côo, môo, abençôo. • Como é: enjoo, voo, coroo, perdoo, coo, moo, abençoo. Nova Regra: O hiato 'ee' não é mais acentuado • Regra Antiga: crêem, dêem, lêem, vêem, descrêem, relêem. • Como é: creem, deem, leem, veem, descreem, releem. Nova Regra: Não existe mais o acento diferencial em palavras homógrafas • Regra Antiga: pára (verbo), péla (substantivo e verbo), pêlo (subst.), pêra (subst.), péra (subst.), pólo (subst.) • Como é: para (verbo), pela (substantivo e verbo), pelo (subst.), pera (subst.), pera (substantivo), polo (subst.) Observação: • o acento diferencial ainda permanece no verbo 'poder' (3ª pessoa do Pretérito Perfeito do Indicativo - 'pôde') e no verbo 'pôr' para diferenciar da preposição 'por' IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 23 • Nova Regra: Não se acentua mais a letra 'u' nas formas verbais com o “u” pronunciado de forma átona e tônica, quando precedido de 'g' ou 'q' e antes de 'e' ou 'i' (gue, que, gui, qui) • Regra Antiga: argúi, apazigúe, averigúe, enxagúe, enxagüemos. • Como é: argui, apazigue, averigue, enxague, ensaguemos. Nova Regra: Não se acentua mais 'i' e 'u' tônicos em paroxítonas quando precedidos de ditongo • Regra Antiga: baiúca, boiúna, cheiínho, saiínha, feiúra, feiúme • Como é: baiuca, boiuna, cheiinho, saiinha, feiura, feiume Hífen 1. Nova Regra: O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por 'r' ou 's', sendo que essas devem ser dobradas • Regra Antiga: ante-sala, ante-sacristia, auto-retrato, anti-social, anti-rugas, arqui-romântico, arqui-rivalidade, auto-regulamentação, auto-sugestão, contra-senso, contra-regra, contra-senha, extra-regimento, extra- sístole, extra-seco, infra-som, ultra-sonografia, semi- real, semi-sintético, supra-renal. • Como é: antessala, antessacristia, autorretrato, antissocial, antirrugas, arquirromântico, arquirrivalidade, autorregulamentação, contrassenha, extrarregimento, extrassístole, extrasseco, infrassom, inrarrenal, ultrarromântico, ultrassonografia, suprarrenal. Observação: • em prefixos terminados por 'r', permanece o hífen se a palavra seguinte for iniciada pela mesma letra: hiper- realista, hiper-requintado, hiper-requisitado, inter- racial, inter-regional, inter-relação, super-racional, super-realista, super-resistente. 2. Nova Regra: O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por outra vogal • Regra Antiga: auto-afirmação, auto-ajuda, auto- aprendizagem, auto-escola, auto-estrada, auto- instrução, contra-exemplo, contra-indicação, contra- ordem, extra-escolar, extra-oficial, infra-estrutura, intra-ocular, intra-uterino, neo-expressionista, neo- imperialista, semi-aberto, semi-árido, semi-automático, semi-embriagado,semi-obscuridade, supra-ocular. • Como é: autoafirmação, autoajuda, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada, autoinstrução, contraexemplo, contraindicação, contraordem, extraescolar, extraoficial, infraestrutura, intraocular, intrauterino, neoexpressionista, neoimperialista, semiaberto, semiautomático, semiárido, semiembriagado, semiobscuridade, supraocular, ultraelevado. Observações: • esta nova regra vai uniformizar algumas exceções já existentes antes: antiaéreo, antiamericano, socioeconômico etc. • esta regra não se encaixa quando a palavra seguinte iniciar por 'h': anti-herói, anti-higiênico, extra-humano, semi-herbáceo etc. 3. Nova Regra: Agora utiliza-se hífen quando a palavra é formada por um prefixo (ou falso prefixo) terminado em vogal + palavra iniciada pela mesma vogal. • Regra Antiga: antiibérico, antiinflamatório, antiinflacionário, antiimperialista, arquiinimigo, arquiirmandade, microondas, microônibus, microorgânico • Como é: anti-ibérico, anti-inflamatório, anti- inflacionário, anti-imperialista, arqui-inimigo, arqui- irmandade, micro-ondas, micro-ônibus, micro-orgânico Observações: • esta regra foi alterada por conta da regra anterior: prefixo termina com vogal + palavra inicia com vogal IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 24 diferente = não tem hífen; prefixo termina com vogal + palavra inicia com mesma vogal = com hífen • uma exceção é o prefixo 'co'. Mesmo se a outra palavra inicia-se com a vogal 'o', NÃO se utiliza hífen. 4. Nova Regra: Não usamos mais hífen em compostos que, pelo uso, perdeu-se a noção de composição • Regra Antiga: manda-chuva, pára-quedas, pára- quedista, pára-lama, pára-brisa, pára-choque, pára- vento • Como Será: mandachuva, paraquedas, paraquedista, paralama, parabrisa, parachoque, paravento Observação: • o uso do hífen permanece em palavras compostas que não contêm elemento de ligação e constitui unidade sintagmática e semântica, mantendo o acento próprio, bem como naquelas que designam espécies botânicas e zoológicas: ano-luz, azul-escuro, médico-cirurgião, conta-gotas, guarda-chuva, segunda-feira, tenente- coronel, beija-flor, couve-flor, erva-doce, mal-me-quer, bem-te-vi etc. O uso do hífen permanece • Em palavras formadas por prefixos 'ex', 'vice', 'soto': ex-marido, vice-presidente, soto-mestre • Em palavras formadas por prefixos 'circum' e 'pan' + palavras iniciadas em vogal, M ou N: pan-americano, circum-navegação • Em palavras formadas com prefixos 'pré', 'pró' e 'pós' + palavras que tem significado próprio: pré-natal, pró- desarmamento, pós-graduação • Em palavras formadas pelas palavras 'além', 'aquém', 'recém', 'sem': além-mar, além-fronteiras, aquém- oceano, recém-nascidos, recém-casados, sem-número, sem-teto Não existe mais hífen • Em locuções de qualquer tipo (substantivas, adjetivas, pronominais, verbais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais): cão de guarda, fim de semana, café com leite, pão de mel, sala de jantar, cartão de visita, cor de vinho, à vontade, abaixo de, acerca de etc. • Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de- rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à queima-roupa. Consoantes não pronunciadas 5. Fora do Brasil foram eliminadas as consoantes não pronunciadas: ação, didático, ótimo, batismo em vez de acção, didáctico, óptimo, baptismo Grafia Dupla 6. De forma a contemplar as diferenças fonéticas existentes, aceitam-se duplas grafias em algumas palavras: 7. • António/Antônio, facto/fato, secção/seção. IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 25 ACENTUAÇÃO GRÁFICA IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 26 REGRA GERAL 1. Acentuam-se monossílabos tônicos terminados em: A(S), E(S), O(S) Pá, fé, só, três, trás, nós, vês... 2. Acentuam-se oxítonas terminadas em: A(S), E(S), O(S), EM(ENS) Vatapá, café, cipó, alguém, parabéns, cajás, marajás, Bené, chulé, mantém, refém... 3. Acentuam-se paroxítonas terminadas em: I(S), U(S), R, X, N, L, ESSE, UM(UNS), Ã(S), DITONGO Júri, lápis, ônus, vírus, cadáver, tórax, hífen, móvel, bíceps, álbum, álbuns, órfã(s), história, móveis, órgão... ✓ NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO: ôo perde o acento, fica oo Antes ---------------------------------agora Vôo Voo Enjôo Enjoo Obs.: paroxítonas com a mesma terminação das oxítonas (a, e, o, em, ens) não são acentuadas. Mala, vara, pente, mestre, item, homem, hifens, homens, nuvens, jovens... 4. Acentuam-se todas as proparoxítonas Mágico, fósforo, paralelepípedo, antítese... REGRAS ESPECIAIS 5. Acentuam-se I e U na 2ª vogal do hiato, quando • sozinhas (ou + S) na sílaba; • não seguidas de NH. Graúdo, saída, açaí, Itaú, saúde, constituído, Janaína, juízes, Luíza... ✓ NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO: I e U perdem o acento se paroxítonas, depois de ditongo: Antes ---------------------------------agora Baiúca baiuca Bocaiúva bocaiuva boiúna boiuna feiúra feiura 6. Acentuam-se ditongos abertos ÉI, ÉU e ÓI se vierem no final da palavra (seguido ou não de S): Coronéis, chapéu, corrói, dói, anéis, fiéis, troféu, herói (o ditongo vem no final, mantêm o acento) ✓ NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO: éi, éu, ói perdem o acento se forem paroxítonas: Todos os eia(s) e oia(s) perderam o acento Antes ---------------------------------agora Idéia ideia Estréia estreia paralisar assembleia jibóia jiboia Tróia Troia Jóia Joia 7. Grupos QUE, QUI, GUE, GUI, O U recebia: Trema se fosse pronunciado de forma átona: tranqüilo . Acento agudo se pronunciado de forma tônica: apazigúe. IBGE LÍNGUA PORTUGUESA 27 ✓ NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO: Hoje o U pronunciado desses grupos perdeu o trema e o acento agudo, mas a pronúncia continua a mesma: Antes ---------------------------------agora freqüentes frequentes cinqüenta cinquenta tranqüilo tranquilo averigúe averigue apazigúe apazigue 8. Acento diferencial: era usado para diferenciar a classe das palavras: PÁRA (v.) ≠ PARA (prep.) PÔR (v.) ≠ POR (prep.) ✓ NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO: hoje caíram os acentos diferenciais, só permaneceram os acentos de pôr(verbo) e de pôde (passado). Antes ---------------------------------agora Pára (verbo) para (verbo) Pêra (subst.) pera (subst.) Pelo (subst.) pelo (subst.) Pólo (subst.) polo (subst.) 9. Os verbos crer, dar, ler, ver (e verbos derivados) dobram o “E” no plural: Na 3ª pessoa do sing. Na 3ª pessoa do plural Ê EE Ele lê/vê – eles leem/veem ✓ NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO: êem perde o acento, fica eem: Antes ---------------------------------agora lêem leem vêem veem dêem deem crêem creem 10. Acentuam-se os verbos ter e vir ( e todos os verbos derivados) na 3ª pessoa do plural. Na 3ª pessoa do sing. Na 3ª pessoa do plural E Ê Ele vem/tem – eles vêm/têm Ele retém – eles retêm Muitos verbos produzem formas oxítonas ou monossilábicas que devem ser acentuadas. Observe: Cortar + a = cortá-la Pôs + os = pô-los Fazer + o = fazê-lo Fez + o = fê-lo Sinais diacríticos: sinais gráficos com os quais se distingue a modulação das vogais ou a pronúncia de certas palavras, para evitar confusões com outras. transito – trânsito ate – até
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