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6 TOXICOLOGIA DOS PRAGUICIDAS

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18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/68
TOXICOLOGIA DOS PRAGUICIDAS
O termo AGROTÓXICO é definido pela Lei Federal nº 7.802 de 11/07/89,
regulamentada através do Decreto 98.816 no seu artigo 2, inciso I, como sendo:
Os produtos e os componentes de processos físicos, químicos ou biológicos
destinados aos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos
agrícolas, pastagens, proteção de florestas e também em ambientes urbanos,
hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora e da fauna, a
fim de preservá-la da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como
aqueles empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores do
crescimento.
Essa definição exclui fertilizantes e químicos administrados a animais para estimular
crescimento ou modificar comportamento reprodutivo.
O termo agrotóxico passou a ser utilizado, no Brasil, para denominar os venenos
agrícolas, colocando em evidência a toxicidade desses produtos ao meio ambiente e
à saúde humana. Também são genericamente denominados praguicidas, pesticidas,
biocidas, agroquímicos, produtos fitossanitários, defensivo agrícola, etc.
A mesma lei tem ainda como objeto os componentes e afins, também de interesse
da vigilância, que são assim definidos:
Componentes: "Os princípios ativos, os produtos técnicos, suas matérias-primas, os
ingredientes inertes e aditivos usados na fabricação dos agrotóxicos e afins”.
Afins: "Os produtos e os agentes de processos físicos e biológicos que tenham a
mesma finalidade dos agrotóxicos, bem como outros produtos químicos, físicos e
biológicos, utilizados na defesa fitossanitária e ambiental, não enquadrados no inciso
I”.
Dada a grande diversidade de produtos com centenas de princípios ativos em mais
de 2 mil formulações comerciais diferentes no Brasil, é importante conhecer a
classificação dos agrotóxicos. Essa classificação também é útil para o diagnóstico das
intoxicações e instituição de tratamento específico.
Conforme o organismo alvo e grupo químico
a. Inseticidas: possuem ação de combate a insetos, larvas e formigas. Os
inseticidas pertencem a quatro grupos químicos principais:
• Organofosforados: são compostos orgânicos derivados dos ácidos fosfórico,
tiofosfórico, fosfônico ou ditiofosfórico; 
• Carbamatos: são derivados do ácido carbâmico; 
• Organoclorados: são compostos à base de carbono, com átomos de cloro. São
derivados do clorobenzeno, do ciclo-hexano ou do ciclodieno. Foram muito utilizados
na agricultura, como inseticidas, porém, seu emprego tem sido progressivamente
restringido ou mesmo proibido. 
• Piretróides: são compostos sintéticos que apresentam estruturas químicas
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semelhantes à piretrina, substância existente nas flores do crisântemo (Pyrethrum).
Alguns desses compostos são: aletrina, resmetrina, decametrina, cipermetrina e
fenpropanato.
b. Fungicidas: agem no combate a fungos. Existem muitos fungicidas no mercado.
Os principais grupos químicos são:
• Etileno-bis-ditiocarbamatos, Trifenil estânico, Captan, Hexaclorobenzeno
c. Herbicidas: combatem ervas daninhas. Sua utilização tem sido crescente na
agricultura nos últimos 20 anos. Seus principais representantes são: Paraquat,
Glifosato, derivados do ácido fenoxiacético, Pentaclorofenol, Dinitrofenóis.
d. Outros grupos importantes compreendem:
• Raticidas: utilizados no combate a roedores; 
• Acaricidas: ação de combate a ácaros diversos; 
• Nematicidas: combate a nematóides; 
• Molusquicidas: ação de combate a moluscos; 
• Fumigantes: agem no combate a insetos e bactérias.
Classificação conforme a toxicidade
Esta classificação é fundamental para o conhecimento da toxicidade de um produto,
do ponto de vista dos seus efeitos agudos. 
Existem duas classificações:
• Ministério da Saúde - MS - Brasil: baseada na DL50 oral das formulações líquidas e
sólidas (Quadro 1). 
• Organização Mundial da Saúde - OMS: baseada na DL50 em ratos, oral e dérmica,
por mg/kg de peso, das formulações líquidas e sólidas (Quadro 2).
Classificação toxicológica do MS - BR
Formulação DL50 Oral (mg/kg)
Classe Toxicidade Líquida Sólida
I Altamente tóxico < 200 < 100
II Medianamente tóxico 200 – 2.000 100 - 500
III Pouco tóxico 2.000 – 6.000 500 – 2.000
IV Praticamente não tóxico > 6.000 > 2.000
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Classificação toxicológica da OMS
Classe Toxicidade
Oral Dérmica
sólidos líquidos sólidos líquidos
Ia Extremamente tóxico 5 ou 20 ou 10 ou 40 ou menos
Ib Altamente tóxico 5 - 50 20 - 200 10 - 100 40 – 400
II Moderadamente tóxico 50 - 200 - 100 - 400 - 4.000
III Levemente tóxico > 500 > 2.000 > 1.000 > 4.000
O Quadro 3 mostra a equivalência entre a "Dose Letal 50" (DL50) em animais com a
quantidade suficiente para matar um adulto de 70kg.
Equivalência DL50 entre animais experimentais e dose letal para o homem
DL50 Oral 
Animais de laboratório
(mg/kg)
Dose Letal Provável Humanos
(mg/kg)
< 1 Algumas gotas
1 – 50 1 colher de chá
50 – 500 30g ou 30ml
0,5g – 5g 500g ou 500ml
5g – 15g 1kg ou 1L
> 15g > 1kg ou 1L
Por determinação legal, todos os produtos devem apresentar nos rótulos, uma faixa
colorida, indicativa de sua classe toxicológica (Quadro 4).
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Classe toxicológica, toxicidade e cor da faixa no rótulo do produto
Classe Toxicidade Cor da Faixa
Classe I Extremamente tóxicos Vermelha
Classe II Altamente tóxicos Amarela
Classe III Moderadamente tóxicos Azul
Classe IV Pouco tóxicos Verde
 
Calcula-se que atualmente são utilizadas cerca de 2000 substâncias diferentes como
praguicidas (ingredientes ativos) em todo o mundo. A partir destas, produzem-se
inúmeras misturas (formulações) com outros ingredientes ativos ou com solventes,
emulsificantes, etc.
Usos
O Brasil está entre os principais consumidores mundiais de agrotóxicos. A maior
utilização dessas substâncias está na Agricultura, no combate às mais variadas
pragas e como desfolhantes e dessecantes.
Tem sido altamente utilizados no ambiente domiciliar como raticidas, baraticidas,
piolhicidas, mosquicidas (em especial o Aedes), na jardinagem amadora, etc. 
Incluídos na Medicina Veterinária para o controle de carrapatos, miíase, mosca-dos-
chifres, pediculoses.
Na Saúde Pública, na eliminação e controle de vetores transmissores de doenças
endêmicas. E, ainda, no tratamento de madeira para construção, no armazenamento
de grãos e sementes, na produção de flores, para combate de piolhos e outros
parasitas, na pecuária, etc.
População exposta
Dentre os vários grupos de população que estão expostos aos agrotóxicos,
destacam-se os principais:
1. Profissionais:
1.1.Trabalhadores do setor agropecuário
Este é, sem dúvida, o grupo mais sujeito aos efeitos danosos dos agrotóxicos. Tanto
os que têm contato direto, (aplicadores, preparadores da calda, almoxarifes) como
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os de contato indireto, podem ter exposição e apresentarem efeitos agudos e de
longo prazo. O grupo de contato indireto, que é o que realiza capinas, roçadas,
desbastes, colheitas, é o de maior preocupação. Como o período de reentrada nas
lavouras não é respeitado, estes trabalhadores, muitas vezes, se expõem e se
contaminam em maior grau do que o grupo de contato direto.
1.2. Setor de Saúde Pública
Este grupo profissional apresenta riscos de contaminação, pois embora a exposição,
em geral, ocorre com produtos de baixatoxicidade, ela é contínua durante muitos
anos. A resistência adquirida pelos vetores, como o Aedes, aos principais
agrotóxicos, exige a mudança freqüente de produtos, o que gera nos trabalhadores
exposição a múltiplos produtos com sérios prejuízos à saúde.
1.3.Trabalhadores de Empresas Desinsetizadoras
As empresas desinsetizadoras ou “dedetizadoras” são ainda motivo de preocupação.
Os casos de intoxicações agudas de aplicadores são comuns em todo o País. Além
disso, vários casos de intoxicação vêm ocorrendo em pessoas que vivem nos
ambientes onde houve aplicação dos produtos.
1.4.Trabalhadores das indústrias de formulação e síntese 
Neste grupo, os operários da linha de produção, pessoal de manutenção, limpeza,
lavanderia e profissionais de assistência técnica podem estar mais expostos e
apresentarem efeitos adversos, tanto agudos, como a longo prazo.
1.5.Setores de transporte e comércio:
Este grupo tem grande importância, principalmente nos municípios do interior dos
Estados onde existe um número significativo de casas comerciais, cooperativas que
comercializam e estocam os produtos.
2. População em geral
2.1. Acidentes
Acidentes com agrotóxicos durante o transporte e armazenamento inadequados,
podem ocasionar óbitos, principalmente envolvendo contaminação de alimentos para
consumo humano. Existe ainda, um número considerável de acidentes envolvendo
utilização inadequada das embalagens vazias de agrotóxicos para o
acondicionamento de alimentos ou água.
2.2.Resíduos nos alimentos
Várias constatações de contaminação de alimentos no Brasil foram feitas nas
décadas de 70 e 80. Ocorrem pelo uso de substâncias não autorizadas e pelo
desconhecimento e desrespeito dos intervalos de segurança dos produtos em várias
lavouras.
Dados epidemiológicos
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A notificação e a investigação das intoxicações por agrotóxicos são ainda muito
precárias em nosso país. Dificuldade de acesso dos trabalhadores rurais aos serviços
de saúde e o diagnóstico incorreto são alguns dos fatores que influem no subregistro.
Além disso, na maioria dos estados e municípios brasileiros, esses agravos não são
objeto dos sistemas de vigilância epidemiológica e/ou sanitária, não sendo, portanto,
definidos como de notificação compulsória.
Contudo, considerando a subnotificação, as intoxicações causadas por agrotóxicos
vêm ocupando, o segundo ou terceiro lugar (dependendo da região do Brasil) das
notificações entre todos os agentes referidos aos Centros de Informação e
Atendimento Toxicológicos (CIATs) distribuídos pelo país, nos últimos anos.
Pelos registros de intoxicações feitos pelo SINITOX, observam-se que há um grande
subregistro de efeitos adversos, principalmente, os de longo prazo que podem
determinar doenças crônicas.
Os agrotóxicos podem determinar efeitos sobre a saúde humana, dependendo da
forma e tempo de exposição e do tipo de produto por sua toxicidade específica.
Os agrotóxicos que mais causam preocupação, em termos de saúde humana, são os
inseticidas organofosforados e carbamatos, os piretróides e os organoclorados, os
fungicidas ditiocarbamatos e os herbicidas fenoxiacéticos (2,4-D), o glifosato e o
paraquat.
De acordo com o tempo de exposição, podem determinar três tipos de intoxicação:
aguda, sobreaguda e crônica.
Na intoxicação aguda os sintomas surgem rapidamente, algumas horas após a
exposição excessiva, por curto período, a produtos extrema ou altamente tóxicos.
Nas intoxicações agudas decorrentes do contato/exposição a apenas um produto, os
sinais e sintomas clínico-laboratoriais são nítidos e objetivos, o diagnóstico é claro e
o tratamento definido. Pode ocorrer de forma leve, moderada ou grave, dependendo
da quantidade de veneno absorvido.
A intoxicação sobreaguda ocorre por exposição moderada ou pequena a produtos
altamente tóxicos ou medianamente tóxicos e tem aparecimento mais lento. Os
sintomas são subjetivos e vagos, tais como dor de cabeça, fraqueza, mal-estar, dor
de estômago e sonolência, entre outros.
A intoxicação crônica caracteriza-se por surgimento tardio, após meses ou anos, por
exposição pequena ou moderada a produtos tóxicos ou a múltiplos produtos,
acarretando danos muitas vezes irreversíveis, como paralisias e neoplasias. Os
sintomas são subjetivos tornando o quadro clínico indefinido e o diagnóstico difícil de
ser estabelecido.
Vários fatores participam da determinação das intoxicações, dentre eles aqueles
relativos às características químicas e toxicológicas do produto, fatores relacionados
ao indivíduo exposto, às condições de exposição ou condições gerais do trabalho. Os
sinais a sintomas de intoxicação por agrotóxico segundo o tipo de exposição está
mostrado no Quadro 4.
Características do produto: características toxicológicas, forma de apresentação,
estabilidade, solubilidade, presença de contaminantes, presença de solventes, etc.
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Características do indivíduo exposto: idade, sexo, peso, estado nutricional,
escolaridade, conhecimento sobre os efeitos do produto e medidas de segurança,
etc.
Condições de exposição: condições gerais do trabalho, freqüência, dose, formas de
exposição, etc.
As características clínicas das intoxicações por agrotóxicos dependem, além dos
aspectos acima citados, do fato de ter ocorrido contato/exposição a um único tipo de
produto ou a vários deles.
Sinais a sintomas de intoxicação por agrotóxico segundo o tipo de exposição
Sinais e sintomas
Exposição
Única ou por curto período Continuada por longo período
Agudos
Cefaléia, tontura 
Náusea, vômito 
Fasciculação muscular 
Parestesias 
Desorientação 
Dificuldade respiratória 
Coma 
Morte
Hemorragias, 
Hipersensibilidade 
Teratogênese 
Morte fetal
Crônicos
Paresia e paralisia reversíveis 
Ação neurotóxica retardada 
irreversível 
Pancitopenia 
Lesão cerebral irreversível 
Tumores malignos 
Atrofia testicular 
Esterilidade masculina 
Distúrbios neuropsicológicos 
Alterações neurocomportamentais 
Neurite periférica 
Dermatites de contato 
Formação de catarata 
Atrofia do nervo óptico 
Lesões hepáticas,etc.
Fonte: Adaptado de Plaguicidas, salud y ambiente, ECO/OPAS
Exposição Múltipla
Outro tipo de problema bastante comum entre os agricultores é a exposição múltipla,
isto é, exposição a mistura de agentes tóxicos, de diversos grupos de agrotóxicos, de
maneira sistemática e a longo prazo, com episódios agudos de intoxicação por um
dos grupos específicos. Há equívocos em relação ao conceito de toxicidade de
misturas, pois esta não é resultante da soma das atividades tóxicas dos compostos.
A mistura de diferentes agentes pode ocorrer inadvertidamente porque alguns
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compostos persistem por longos períodos no meio ambiente ou porque são aplicados
repetidamente ou para melhorar a eficácia e diminuir os custos.
Portanto, o grande desafio para a Toxicologia nestas próximas décadas será a
avaliação dos indivíduos com múltiplas exposições por muitos anos. 
Alguns pesquisadores em outros países já constataram vários efeitos adversos por
esse tipo de exposição. A Figura 1 mostra essa diversidade de efeitos nos diferentes
sistemas do organismo humano. É importante notar que não há a definição de um
grupo específico de agrotóxico, mas sim uma ação sinérgica entre eles, o que
configura uma situação de bastante preocupação em termos de saúde pública.
Então, é preciso estar atento, devendo-se suspeitar de efeitos causados por
agrotóxicos e não por doenças de outras origens ao realizar o diagnóstico.
Efeitos de exposição crônica a múltiplos agrotóxicos.
Órgão/Sistema Efeito
Sistema nervoso
Síndrome Asteno-vegetativaPolineurite vegetativa radiculite 
Encefalopatias – Disencefalite 
Distonia vascular vegetativa 
Esclerose cerebral 
Neurite retrobulbar c/ acuidade visual 
Angiopatia da retina
Sistema respiratório Traqueíte crônica - Pneumofibrose inicial - Enfisema pulmonar – Asma brônquica
Sistema cardiovascular
Miocardite tóxica crônica 
Insuficiência coronária crônica 
Hipertensão - Hipotensão
Fígado Hepatite crônica - Colecistite Prejuízo na desintoxicação e outras funções
Rins Albuminúria - Nicturia – Uréia, Nitrogênio e Creatinina, Clearance
Trato gastrintestinal
Gastrite crônica - Duodenite - Úlcera 
-Colite crônica (hemorrágica, espástica e formações
polipóides) 
Hipersecreção e Hiperacidez 
Prejuízo motricidade
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Sistema
hematopoiético
Leucopenia - Reticulócitos 
Linfócitos -Eosinopenia - Monocitose 
- Alterações na hemoglobina
Pele Dermatites - Eczema
Olhos Conjuntivite - Blefarite
Fonte: Kaloyanova & Simeonova (1977). 
 Classificação 
Inseticidas:
• Organoclorados 
• Anticolinesterásicos: organofosforados e carbamatos; 
• Vegetais: píretro, piretrinas e piretróides; 
• Fumigantes: brometo de metila, fosfina, acrilonitrila, óxido de etileno, naftaleno.
Fungicidas:
• Benzimidazóis 
• Ftalimidas 
• Mercuriais 
• Tiocarbamatos e ditiocarbamatos: Maneb®, Mancozeb®, Dithane®, Zineb®; 
• Pirimidinas 
• Trifenil estânico: Duter®, Brestan®; 
• Captan: Ortocide®, Merpan®; 
• Hexaclorobenzeno
Herbicidas
• Glifosato: Roundup®; 
• Bipiridilos: paraquat e diquat 
• Ácido fenoxiacético: 2,4 diclorofenoxiacético (2,4-D) e 2,4,5 triclorofenoxiacético
(2,4,5-T) 
• Pentaclorofenol (preservante de madeira) 
• Dinitrofenóis 
• Triazinas 
• Dinitrofenóis e dinitrocresóis 
• Hidrazinas 
• Trifluralina 
• Acetamidas 
• Acetanilidas 
• Difenil éteres 
• Uréias modificadas
Acaricidas:
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• Benzilatos 
• Tetrazinas 
• Organitinas 
• Carboxamidas 
• Fenoxiciclohexil 
• Clorodifenil sulfonas 
• Formamidinas (Amitraz)
Rodenticidas
• Anticoagulantes: cumarínicos e indandiona
Inseticidas organofosforados e carbamatos
Os inseticidas pertencem a quatro grupos químicos principais:
• Inibidores da acetilcolinesterase: Organofosforados e Carbamatos 
• Organoclorados: São derivados do clorobenzeno, do ciclo-hexano ou do ciclodieno.
Foram muito utilizados na agricultura, como inseticidas, porém, seu emprego tem
sido progressivamente restringido ou mesmo proibido. Ex: Aldrin®, Endrin®, BHC®,
DDT®, Endossulfan®, Heptacloro®, Lindane®, Mirex®; 
• Piretróides: são compostos sintéticos que apresentam estruturas químicas
semelhantes à piretrina, substância existente nas flores do crisântemo (Pyrethrum).
Alguns desses compostos são: aletrina, resmetrina, deltametrina, cipermetrina e
fenpropanato. Ex: Decis®, Protector®, K-Othrine®, SBP®.
Inseticidas inibidores da colinesterase: Organofosforados (OF) e
Carbamatos (CARB)
A crescente preocupação sobre a poluição ambiental por inseticidas clorados não
degradáveis no ambiente, tem levado ao uso dos organofosforados e carbamatos
para várias finalidades: agricultura, pecuária, ambiente doméstico e em saúde
pública.
Este aumento é deve-se à sua eficácia como inseticidas, assim como ao fato de que
estes compostos não se acumulam na natureza e são de decomposição relativamente
rápida após a aplicação. Embora ofereçam menor risco para o meio ambiente, os
inseticidas organofosforados (OF) e carbamatos (CARB) são altamente tóxicos para
animais e humanos e as intoxicações provocadas por esses compostos têm
aumentado, particularmente, nos países em desenvolvimento.
Apresentação: Estes agrotóxicos encontram-se sob a forma de pó, grânulos,
líquidos ou aerossóis, em diferentes concentrações de acordo com a utilização, se
produtos para uso veterinário, fitossanitário, ou aplicadores profissionais (muito
concentrados) ou aerossóis de uso doméstico (pouco concentrados). As preparações
líquidas em geral vêm dissolvidas em hidrocarbonetos (xileno, tolueno...).
Os inseticidas organofosforados são compostos orgânicos derivados do ácido
fosfórico e seus homólogos (ácido fosfórico, tiofosfórico, ditiofosfórico e fosfônico). 
Os compostos organofosforados (OF) são, possivelmente, os inseticidas mais
amplamente usados no mundo e os que mais causam intoxicações e grande número
de mortes, com mais de 35.000 formulações diferentes em uso nos últimos 40 anos.
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Mais de 50.000 compostos OF são conhecidos pelo homem, mas, pouco mais de 40
são usados como praguicidas. O primeiro OF sintetizado foi o tetraetilpirofosfato
(TEEP) em 1854. A partir de 1932 começou-se a investigar esses agentes,
inicialmente como praguicidas e mais tarde para uso como agentes de guerra.
São exemplos de Organofosforados: Azinfós etílico (Gusathion A®), Clorpirifós
(Dursban®, Lorsban®), Diclorvos (DDVP®, Nuvan®, Vapona®), Dimetoato
(Dimexion®, Perfektion®), Diazinon (Basudin®, Diazitol®), Fenitrotion (Sumigran®,
Sumithion®), Fention (Baytrex®, Lebaycid®), Fosfamidon (Dimecron®), Malation
(Carbofós®, Malatol, Malaton®), Metamidofós (Tamaron®), Monocrotofós (Azodrin®,
Nuvacron®), Paration metilico (Folidol®).
Os carbamatos (CARB) fazem parte de um grande grupo de praguicidas sintéticos,
derivados de ésteres do ácido carbâmico. Foram desenvolvidos e usados em grande
escala nos últimos quarenta anos e mais de cinqüenta carbamatos são conhecidos
(WHO, 1986). Apresentam alta eficiência praguicida, principalmente, atividade
inseticida, baixa ação residual e baixa toxicidade em longo prazo, com amplo
espectro de uso (MÍDIO e SILVA, 1995; ROSATI e col., 1995; MORAES et al., 1996).
Atualmente, os carbamatos disponíveis no mercado são: Aldicarb (Temik®),
Aminocarb (Metacil®), Carbaril (Sevin®), Carbofuran (Carboran®, Furadan®),
Landrin (Landrin®), Metacalmato (Bux®), Metiocarb (Mesurol®), Metomil (Lannate®,
Nudrin®), Mexacarbato (Zectran®), Propoxur (Baygon®, Unden®) (CCIn, 2000).
 Os inseticidas OF e CARB exercem suas ações biológicas principalmente por inibição
de enzimas. As esterases são o alvo. Há inibição da acetilcolinesterase (AChE), que
tem a ação de degradar o neurotransmissor acetilcolina (ACh).
Com a AChE inibida, há acúmulo de ACh nos receptores muscarínicos, nicotínicos e
no Sistema Nervoso Central.
 
De acordo com o tempo de recuperação da colinesterase, esta inibição é considerada
"irreversível", tendo em vista a formação de um complexo mais estável - no caso dos
OF, e reversível - no caso dos carbamatos, já que o complexo é menos estável,
permitindo a recuperação da colinesterase mais rapidamente.
A fisiopatologia da intoxicação por carbamatos difere dos organofosforados em
importantes aspectos:
1. Os carbamatos inativam a acetilcolinesterase temporariamente. A enzima
carbamilada é instável e a regeneração da acetilcolinesterase é relativamente rápida
quando comparada com a enzima fosforilada. Assim, os praguicidas carbamatos são
menos perigosos com relação à exposição humana do que os organofosforados.
2. A dose necessária para provocar a morte e a dose necessária para determinar
poucos sintomas de intoxicação é substancialmente ampla para compostos
carbamatos do que com os compostos organofosforados.
3. Os carbamatos penetram pobremente o SNC
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São bem absorvidos por todas as vias (oral, dérmica, respiratória, pele e mucosas)
por serem altamente lipossolúveis. A presença de solvente orgânico
(hidrocarboneto), comumente adicionado às formulações dos agrotóxicos, intensificaa absorção. A meia-vida plasmática é relativamente curta, podendo variar de poucos
minutos a horas, dependendo do composto e da quantidade absorvida. Os inseticidas
e seus produtos de biotransformação são rapidamente distribuídos por todos os
tecidos atingindo concentrações maiores no fígado e rins, mas não se acumulam por
tempo prolongado. Os organofosforados, diferentemente dos carbamatos,
atravessam com facilidade a barreira hematoencefálica, produzindo quadros
neurológicos. A eliminação é urinária para a maioria dos compostos nas primeiras
48h.
 Farmacologia da transmissão do impulso nervoso
Para que haja a transmissão sináptica é necessário que a ACh seja liberada do
neurônio terminal e difundida através da fenda sináptica, ligando-se a um receptor
pós-sináptico, transmitindo assim o impulso nervoso para um receptor colinérgico.
A ACh é sintetizada no neurônio a partir da acetilcoenzima A e da colina e é
responsável pela neurotransmissão nas fibras pré-ganglionares simpáticas e
parassimpáticas, nas pós-ganglionares parassimpáticas e na placa mioneural.
A acetilcolina liga-se a receptores na membrana da célula pós-sináptica, permitindo
íons fluir para dentro da célula pós-sináptica. Para cessar a estimulação e
restabelecer a sensibilidade do receptor à nova transmissão nervosa, a ACh precisa
ser hidrolisada pela acetilcolinesterase continuamente. Na superfície da
acetilcolinesterase (AChE) existe um centro ativo para inativação (inativação por
hidrólise) da ACh, com formação de colina e ácido acético. A colina é reutilizada pela
célula pré-sináptica para produzir nova acetilcolina.
Como os OF e os CARB são inibidores da AChE, ocorre acúmulo de ACh na sinapse. O
excesso de acetilcolina inicialmente estimula e então, subseqüentemente, paralisa a
transmissão na sinapse colinérgica. Há estimulação dos receptores muscarínicos
(efetor em células colinérgicas), nos receptores nicotínicos (junções neuromusculares
esqueléticas) e no Sistema Nervoso Central.
Os inseticidas inibidores da colinesterase ligam-se ao centro esterásico da molécula
de AChE e cada um tem uma diferente afinidade nesse sítio. A inibição ocorre porque
os compostos OF fosforilam a enzima, formando um complexo estável e geralmente
irreversível. Os compostos CARB carbamilam a enzima e formam complexos menos
estáveis, permitindo a recuperação da enzima mais rapidamente.
A taxa de reativação da enzima carbamilada é relativamente rápida quando
comparada à da enzima fosforilada nos OF. Então a inibição da AChE pelo CARB é tão
frágil que nenhuma reação de envelhecimento é possível, como ocorre com a enzima
fosforilada.
 
Vários fatores influem na toxicidade:
Organofosforados:
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Carbamatos DL50 mg/Kg
Aldicarb 0,93
Bendiocarb 55
Carbaril 300
Carbofuran 8
Carbosulfan 90
Dioxacarb 90
Furatiocarb 137
Isoprocarb 403
Metomil 17
Oxamil 6
- Potencial de risco de cada substância, dose, tempo e via de exposição; 
- Atravessam a barreira hematoencefálica e penetram no SNC, levando a quadros de
moderados a graves; 
- Condições de saúde: algumas doenças alteram níveis de AchE; 
- Idade: neonatos e grávidas têm baixa atividade colinesterásica; 
- Alguns compostos altamente lipofílicos (fention, dissulfoton) depositam-se no
tecido adiposo atuando por mais tempo e persistindo por longos períodos nos
tecidos.
Carbamatos:
- Têm inibição colinesterásica de curta duração; 
- Não penetram efetivamente no SNC, resultando toxicidade limitada; 
- Gravidade do quadro: usualmente leve a moderada; 
- O aldicarb (um carbamato) especialmente, tem alta toxicidade podendo levar a
quadros severos e podem evoluir ao óbito em poucas horas.
Apresentação de alguns OF e CARB de acordo com o tipo de uso e a toxicidade -
DL50 VO (mg/kg)
Organofosforados DL50 mg/Kg
Azametiofós 1010
Bromofós 1600
Diazinon 300
Diclorvos (DDVP) 56
Dimetoato 150
Disulfoton 2,6
Fenitrotion 503
Fention 330
Fentoato 400
Malation 100
 
 
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Pirimicarb 147
Propoxur 95
Tiodicarb 39
 
 
 
 
Metamidofós 30
Mevinfós 4
Monocrotofós (Azodrin) 14
Naled 430
Paration 13
Temefós 4202
Triclorfon (Dipterex) 560
 
Os sintomas apresentam-se sob várias combinações, típicos daqueles por excessiva
estimulação dos diferentes receptores pela acetilcolina no sistema nervoso central e
autônomo, assim como na junção neuromuscular esquelética.
Receptores Muscarínicos
Glândulas exócrinas: sialorréia, sudorese, lacrimejamento; 
Olhos: miose, borramento visual, hiperemia conjuntival; 
Trato gastrintestinal: náusea, vômito, diarréia, tenesmo, dor abdominal,
incontinência fecal; 
Sistema respiratório: hipersecreção brônquica, rinorréia, sibilos, broncoespasmo,
dispnéia, cianose; 
Sistema cardiovascular: bradicardia, hipotensão, bloqueio AV; 
Aparelho urinário: aumento freqüência urinária, incontinência urinária.
Receptores Nicotínicos
Sistema cardiovascular: taquicardia, hipertensão, palidez, midríase; 
Músculo esquelético: fasciculações musculares, fraqueza muscular, fadiga, cãibras,
paralisia, tremores, arreflexia, paralisia flácida, insuficiência ou parada respiratória
por fraqueza muscular.
Receptores Sistema Nervoso Central
Sonolência, letargia, labilidade emocional, coma, cefaléia, confusão mental, ataxia,
tremores, respiração tipo Cheyne-Stokes, dispnéia, fadiga, convulsões, depressão
respiratória e cardiovascular.
Atentar:
- A gravidade e o tempo de início dos sintomas dependem da composição química do
inseticida, do tempo e da via de exposição; 
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- Após ingestão maciça, os sintomas aparecem em minutos; 
- Na maioria dos casos têm início de 30 min a 12 h. Nos compostos lipossolúveis
pode retardar até 24 h; 
- A manifestação mais grave e usual causa de óbito é a falência respiratória do
centro respiratório, agravado por excessiva secreção traqueobrônquica e
broncoespasmo;
- Perda da consciência e vômito predispõem à aspiração do conteúdo gástrico; 
- O quadro clínico apresentado pelo paciente constitui, freqüentemente, uma
emergência médica que requer atendimento urgente; 
- Produtos com solventes à base de hidrocarbonetos podem predispor a pneumonia
química por aspiração.
Organofosforados
Os sintomas em geral aparecem em 1-2h após a exposição, podendo ser retardados
em 12-24h sendo que, inicialmente, predominam as manifestações muscarínicas e
nicotínicas. O aparecimento de quadro nicotínico e do SNC indicam gravidade. Alguns
pacientes intoxicados com certos orfanofosforados podem apresentar hálito de alho.
Carbamatos
Têm ação rápida e efeitos imediatos, cessando logo após término da exposição. As
manifestações são de menor gravidade (leve a moderada), com predomínio de
efeitos muscarínicos. O diagnóstico é clínico, com início em 30 min e até 1-2 h após a
exposição, com cerca de 6 h de duração. Os sintomas são autolimitados pela
reversão espontânea da colinesterase. A recuperação é completa em 24 h. Os casos
severos podem ser mais prolongados.
A presença de grânulos escuros de Temik (Aldicarb), vulgarmente conhecido como
"chumbinho", na lavagem gástrica, pode certificar o diagnóstico.
Complicações
Convulsões prolongadas (conseqüentes à hipóxia, na maioria das vezes),
insuficiência renal (devido à rabdomiólise e fasciculações) e pulmonares (intubação
prolongada, ventilação mecânica e pneumonia aspirativa). Outras complicações:
hipoglicemia, hiperglicemia, hepatotoxicidade, coagulopatias, pancreatite.
Diagnóstico laboratorial
- Determinação da atividade da colinesterase
A dosagem da atividade pseudocolinesterase é um exame útil na intoxicação aguda,
mas, com pouco valor na intoxicaçãocrônica.
Os testes para determinação da atividade da colinesterase não estão disponíveis na
grande maioria dos serviços de saúde que prestam assistência aos pacientes
agudamente intoxicados. Mesmo obtidos, a interpretação pode ser difícil, pois os
níveis podem não correlacionar com o estado clínico e, além disso, uma
determinação da colinesterase isolada pode não confirmar, nem excluir uma
exposição, porque o nível normal é baseado na população estimada (valores de
referência) e existem altas variações intra e inter-individuais nos níveis de
colinesterase eritrocitária e plasmática.
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Alguns quadros patológicos podem levar à diminuição da atividade da colinesterase
plasmática: hepatite, cirrose, uremia, câncer, alergias, gravidez. Por sua vez, alguns
fármacos podem diminuir a atividade enzimática: sulfatos, fluoretos, citratos,
fenotiazinas, codeína e outros.
O diagnóstico das intoxicações por CARB usualmente é fundamentado na avaliação
clínica, pois os níveis de colinesterase normalizam-se rapidamente.
- Creatinofosfoquinase (CPK) 
- Eletromiografia (nas intoxicações por OF com déficit neuromotor) 
- Outros: hemograma, ionograma, gases arteriais, uréia, creatinina, ECG, Rx de
tórax
Correlação entre a gravidade, o quadro clínico e a atividade da colinesterase
plasmática das intoxicações por organofosforados e carbamatos.
Gravidade Quadro clínico
Atividade da
colinesterase
plasmática
Exposição
rápida Sem sinais ou sintomas 50-90%
Intoxicação
Leve
Náuseas, fadiga, mal-estar, miose, sialorréia discreta,
deambulação normal, fraqueza muscular mínima, cólicas
abdominais sem diarréia.
20-50%
Intoxicação
Moderada
Salivação, lacrimejamento, miose, broncorréia,
broncoespasmo; bradicardia, vômitos, sudorese, cólicas
abdominais, incontinência urinária e fecal, tremores,
fraqueza, não deambula, fasciculações, confusão, letargia,
ansiedade.
10-20%
Intoxicação
Grave
Agravamento do quadro moderado; insuficiência
respiratória, pupilas puntiformes, arritmias, paralisias,
coma, convulsões.
10% ou
menos
 
Diagnóstico diferencial
Deve ser feito com outras intoxicações (cogumelos de ação muscarínica, opióides,
medicamentos de ação colinérgica e barbitúricos), traumatismo cranioencefálico,
acidente vascular cerebral, síndrome comicial e edema agudo de pulmão de origem
cardiogênica.
Tratamento
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Da Crise Colinérgica Aguda: 
O sucesso do tratamento depende de rápida e simultânea implementação:
- Correção dos distúrbios colinérgicos com administração de doses adequadas de
atropina; 
- Manutenção das funções vitais; 
- Descontaminação.
Se o paciente tiver história de exposição, mas apresentar-se assintomático, deve-se
mantê-lo em observação por 6-8h.
1. Esvaziamento gástrico (êmese ou Lavagem Gástrica) + Carvão Ativado seguido de
catártico;
2. Na ingestão de OF e certos carbamatos, usar CA em múltiplas doses devido ao
ciclo enteroepático;
3. Antagonista: SULFATO DE ATROPINA (Atropina®): este fármaco bloqueia os
efeitos muscarínicos decorrentes da estimulação colinérgica
- Dose: Adultos: 1-4mg/dose, EV. Crianças: 0,01-0,05mg/kg/dose, EV; 
- Pode ser repetida a cada 15-30 min até que o paciente apresente sinais de
atropinização: secura das secreções pulmonares e de mucosas e o aumento da
freqüência cardíaca; 
- Alcançados esses sinais de atropinização, ajustar a dose. A retirada da atropina
deve ser gradual e restituída se surgirem manifestações colinérgicas;
4. As intoxicações por organofosforados normalmente necessitam de doses mais
elevadas de atropina;
5. Os carbamatos, em geral, têm recuperação em cerca de 6h. Na persistência do
quadro, considerar possibilidade de outro diagnóstico ou associação a OF;
6. Antítodo: PRALIDOXIMA (Contrathion®): Age na reativação enzimática da
colinesterase e proteção da enzima não inibida. Tem maior eficácia quando
administrado nas primeiras 24h da exposição. Tem efeito nas manifestações
nicotínicas (fraqueza muscular, depressão respiratória, etc.).
Lembrar que potencializa os efeitos da atropina reduzindo suas doses terapêuticas
- Doses: adultos: 1 a 2g, a cada 4-6h, EV, diluída em 150mL de soro fisiológico, de
30-45 minutos. Não exceder 200mg/min. Crianças: 25-50mg/kg, EV, a cada 4-6h,
diluída em 150mL de SF, por 30 minutos. Não exceder 0,4mg/kg/min; 
- Não é indicado na intoxicação por carbamatos. Contra-indicado nas intoxicações
por carbaril. 
- Efeitos colaterais: taquicardia, laringoespasmo, rigidez muscular e bloqueio
neuromuscular transitório (relacionados à infusão rápida), náuseas, hiperventilação,
cefaléia, tontura, diplopia;
7. Medidas para aumentar a eliminação:
- Diálise e Hemoperfusão: não são indicadas pelo grande volume de distribuição dos
OF e devido à curta duração do quadro nas intoxicações por carbamatos. A diurese
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forçada não é efetiva;
8. Medidas sintomáticas e de manutenção:
- Controle hidreletrolítico: somente repor as perdas (vômitos, diarréia, sudorese
intensa); 
- Convulsões: usar benzodiazepínicos, EV (seu uso impossibilita avaliação de outros
parâmetros); 
- Insuficiência respiratória: cuidados com a intubação e/ou ventilação mecânica.
Contra-indicação
Aminofilina, succinilcolina, morfina e fenotiazinas por aumentarem o risco de
arritmias cardíacas graves.
Complicações neurológicas
1. Síndrome intermediária (SI)
Esta Síndrome tem sido relatada com o uso do paration, metil-paration,
monocrotofós, metamidofós, fention e dimetoato. É de aparecimento agudo, surgindo
freqüentemente entre 24-96 h (1-4 dias) após a recuperação da crise colinérgica
aguda. Afetam pacientes conscientes, sem fasciculações ou outras manifestações
colinérgicas.
Caracteriza-se por fraqueza muscular especialmente flexores do pescoço, músculos
respiratórios e musculatura proximal de membros superiores e pescoço. Há risco de
óbito pela paralisia respiratória súbita.
O diagnóstico é clínico. Suspeitar quando, após recuperação da crise colinérgica,
desenvolve-se dificuldade respiratória. O pronto e efetivo controle da insuficiência
respiratória é o fator preponderante para o tratamento da SI. Todos os intoxicados
com produtos possíveis de causarem SI devem permanecer no hospital por 3-5 dias
após a intoxicação e melhora da crise colinérgica aguda
2. Polineuropatia tardia induzida por OF
Relatada com metamidofós, clorpirifós, fention, triclorfon, merfós, mipafós,
fenofosfon, malation, isofenfós, leptofós. Esse quadro desenvolve-se de 10 dias a
três semanas (2-4 semanas) após a exposição e após a crise colinérgica. Segundo
alguns autores, precisa existir agressão do OF a uma esterase identificada como
“esterase neurotóxica” ou “neurophaty target esterase” (NTE). O mecanismo de ação
tóxica necessita de maiores investigações.
As manifestações clínicas são progressivas e irreversíveis: debilidade, ataxia,
fraqueza muscular e paralisia, inicialmente distal (em pernas, progredindo para
extremidades superiores), cãibras dolorosas, parestesia, hiporreflexia. Após um
período de vários dias a algumas semanas o processo se completa com lenta
recuperação. Nos casos leves, os pacientes podem se recuperar após vários anos,
mas, nos casos mais severos ocorrem sintomas persistentes como espasticidade
resultante do dano da medula espinhal.
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Nenhuma droga terapêutica específica tem provado ser útil no tratamento. O uso de
atropina e pralidoxima durante a fase aguda não previne a polineuropatia. A fraqueza
muscular melhora com exercícios ououtras formas de fisioterapia.
Inseticidas piretroides
O piretro é um inseticida natural obtido da trituração das flores de algumas plantas
pertencentes à família Compositae, gênero Chrysanthemum (Pyrethrum) e espécie
cinerariaefolium., um dos mais antigos inseticidas conhecidos pelo homem. Por suas
vantagens, os piretros foram sintetizados e denominados piretróides e, o ácido
crisantêmico foi o primeiro dos cinco componentes do éster natural a ser sintetizado.
A síntese do ácido crisantêmico abriu novos caminhos para a obtenção de piretróides
sintéticos, sendo a aletrina o principal piretróide sintético produzido comercialmente.
Os piretróides foram descobertos a partir de estudos que procuravam modificar a
estrutura química das piretrinas naturais, e, uma vez que apresentavam maior
capacidade letal para os insetos, propriedades físicas e químicas muito superiores,
maior estabilidade à luz e calor e menor volatilidade, despertaram o interesse dos
cientistas.
Apesar de suas inúmeras vantagens podem causar intoxicações em indivíduos
potencialmente expostos às suas diversas apresentações (espirais, sprays ou
vaporizadores). 
Foram introduzidos no mercado em 1976 e, ainda que sejam mais caros por unidade
de peso em relação aos outros praguicidas, os piretróides têm sido bastante
empregados na área da Saúde e na Agricultura. Isto ocorre devido à alta eficiência,
sendo necessárias menores quantidades de produto ativo, resultando em menor
contaminação nas aplicações. Com isso, vêm ocupando rapidamente o lugar dos
organofosforados. Outra vantagem destes praguicidas é que eles admitem a sinergia,
ou seja, a potencialização pela adição de um sinergista, dando lugar a um aumento
da eficácia. Utilizado na Agropecuária (controle de insetos em plantações, grãos
armazenados, silos); na Veterinária (controle de ectoparasitas, principalmente
carrapaticidas) em grandes ou pequenos animais; nas Campanhas de Saúde Pública
(combate ao vetor da dengue) e em ambientes domésticos, na desinsetização de
residências, sendo as formulações freqüentemente mais elevadas. Para erradicação
de vetores ou insetos domiciliares, seu uso está restrito aos aplicadores profissionais.
 Piretro: Piretros são derivados naturais do ácido crisantêmico, extraídos de flores
do crisântemo.
Butóxido de Piperonila associado: inibe a enzima oxidase, potencializa a ação
inseticida, aumentando o efeito inseticida.
 No Sistema Nervoso Central e Periférico, prolongam a abertura dos canais de sódio
da membrana celular retardando a repolarização, o que determina paralisia nervosa.
Absorção: são bem absorvidos no trato gastrintestinal. Pela via dérmica ocorre
absorção em menor grau que a via oral. A exposição por inalação pode causar
irritação de vias aéreas e reações de hipersensibilidade.
A metabolização é rápida em mamíferos, sem acumulação em tecidos. Seus
metabólitos são inativos. A eliminação é urinária.
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Os piretróides são rapidamente degradados no solo e nas plantas. São muito
instáveis à luz, ar e condições alcalinas. Não são esperados resíduos em plantas e
alimentos.
Os piretros e piretrinas têm elevado potencial alergênico enquanto os piretróides
(sintéticos) têm reduzido potencial de hipersensibilidade.
A intoxicação aguda ou superdosagem é pouco freqüente, mas, pode ocorrer devido
à elevada concentração nos produtos agrícolas. A intoxicação por ingestão é rara,
provavelmente, pela rápida metabolização hepática. A absorção intestinal é pequena
assim como a absorção por pele intacta é baixa. São rapidamente excretados pela
urina.
Classificação, uso, toxicidade e DL50 mg/kg (ratos ou camundongos) dos píretros e
piretróides(**)
Substância Toxicidade DL50 mg/Kg
Aletrinas
Aletrina baixa-moderada 230 - 310
δ–aletrina baixa *
Bioaletrina baixa-moderada 425
Esbiotrin baixa-moderada *
Resmetrinas
Resmetrina baixa >2.500
Bio-resmetrina baixa 675-1.244
Cipermetrina moderada 160-300
α-cipermetrina moderada-alta 80
Cialotrina moderada 144-243
Lambda-cialotrina alta 56-79
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Fenotrina (sumitrin) baixa >5.000
Fenvalerato baixa-moderada 52-3.200
Tetrametrina baixa >5.000
Bifentrin alta 54,5
Deltametrina moderada-alta 31-139
Fenproatrin alta 18-36
**Fonte: Monografias em Toxicologia de Urgência, v. 2
Manifestações Clínicas
Intoxicação Aguda
A intoxicação aguda por superdosagem é rara. As manifestações clínicas geralmente
estão associadas com hipersensibilidade ou irritação direta.
Pele 
Causa eritema, vesículas ou bolhas com prurido intenso, edema, queimação e
parestesia.
Olhos 
Podem ser irritantes locais.
Inalação 
Irritação de vias aéreas, asma, reações de hipersensibilidade. Aspiração pulmonar
leva a pneumonite. Com solvente derivado de petróleo há risco de pneumonia
química.
Ingestão 
Os piretróides podem determinar, além dos distúrbios alérgicos, perturbações
neurológicas caracterizadas por cefaléia, hiperexcitabilidade, tontura, hiperreflexia,
fasciculações musculares, incoordenação motora, convulsões, paralisias e distúrbios
do equilíbrio.
O butóxido de piperonila está associado com epigastralgia, náuseas, vômitos,
diarréia, depressão leve do SNC.
Manifestações alérgicas (leves): espirros, secreção nasal serosa, obstrução nasal,
broncoespasmo, dermatite, cefaléia, rinite, asma, pneumonite.
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Reação anafilática grave (rara): colapso vascular periférico, dificuldade
respiratória, broncoespasmo, edema de orofaringe, hipotensão.
São contra-indicados em asmáticos ou pacientes com problemas respiratórios. Seus
produtos não devem ser usados em ambientes com pouca ventilação,
principalmente, em presença de crianças.
Tratamento
 
Na exposição da pele, olhos ou inalação: descontaminação conforme o caso.
Na ingestão: Ingestão de pequena quantidade: descontaminação local com água
corrente
Ingestão de risco: carvão ativado + catártico;
Na superdosagem, não provocar vômito. Se necessário proceder a lavagem
gástrica (na presença de solvente);
Lavagem Gástrica + intubação prévia: se o produto contém derivado de
petróleo (devido ao risco de aspiração);
Em caso de reação anafilática (rara): assistência respiratória, adrenalina, anti-
histamínico, corticóide e fluidos EV.
Medidas sintomáticas e de manutenção;
Anti-histamínicos para os processos alérgicos;
Diazepam na hiperexcitabilidade ou convulsões.
Obs: Nos pacientes com possibilidade de ingestão de risco, observar 4-6h devido ao
risco de aparecimento de sinais de depressão do SNC ou convulsões.
Inseticidas organoclorados
Este grupo de inseticidas tem como característica marcante, um prolongado efeito
residual, tendo alta persistência no ambiente e por sua capacidade de se acumular
nos seres vivos, principalmente, em humanos, além de seu efeito carcinogênico
observado em animais de laboratório.
Esses venenos atualmente têm sido estudados com maior profundidade em nível
mundial visto que compõem uma ampla variedade de substâncias denominadas
Substâncias Tóxicas Persistentes, impactantes em relação ao meio ambiente e à
saúde pública.
A inexistência de políticas públicas, durante décadas, em relação ao meio ambiente e
contaminantes químicos, gerou um passivo ambiental com inúmeros locais
detectados como depósitos de lixo tóxico, nos quais essas substâncias estão sempre
presentes e com riscos à população.
O uso da maioria dos organoclorados está proibido no País. Ainda são empregados na
agricultura (no controle de insetos), na saúde pública (controle de vetores) e na
indústria farmacêutica (tratamento de ectoparasitas especialmente piolhos e
escabiose).
 - Excitação neuronal direta, especialmenteSNC, causando estimulação, atividade
muscular involuntária, alterações comportamentais, depressão dos centros
respiratórios;
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- Podem sensibilizar o miocárdio aos efeitos das catecolaminas endógenas
predispondo arritmias. Muitos causam lesões hepáticas (indução microssomal) ou
renais (menos freqüente), possivelmente devido à formação de metabólitos tóxicos;
- Alteram propriedades eletrofisiológicos e enzimáticas da membrana celular nervosa.
São características a sua estabilidade química, alta solubilidade lipídica,
armazenamento em tecidos biológicos e alta persistência ambiental.
 Classificação segundo a estrutura química:
- Hexaclorociclohexanos: BHC, lindano 
- Diclorodifeniletados: DDT, dicofol, metoxiclor, clorobenzilato, cloropropilato 
- Ciclodienos: Aldrin, Dieldrin, Endrin, Clordane, Endosulfan, Heptacloro, Toxafeno
(Canfeclor) 
- Outros: Clordecone, Mirex (Dodecacloro)
Em geral não provocam intoxicações agudas. A toxicidade é variável, de moderada a
alta.
Absorção: são bem absorvidos por via oral e inalatória. A absorção por todas as vias
é aumentada em presença de lipídios (alimentos, veículos, solventes). Distribuição:
altamente estável e lipossolúvel, com armazenamento em tecidos com alto teor
lipídico (fígado, rins, sistema nervoso e tecido adiposo). O emagrecimento pode
liberar depósitos para a circulação, com efeitos tóxicos significativos. Atravessam a
barreira hematoencefálica e placentária.
Metabolização: sistema microssomal hepático (citocromo P450). Muitos compostos
podem apresentar recirculação enteroepática. Meia-vida: variável, com tendência em
acumular-se nos tecidos e no meio ambiente. Eliminação: a maior parte é realizada
através das fezes de forma inalterada. Os metabólitos são eliminados na urina e
também pelo leite materno.
Intoxicação Aguda
Após exposição oral, as manifestações surgem num período de 45 min a várias
horas. 
Inicialmente, observa-se quadro gastrintestinal com náuseas, vômitos, diarréia, mal
estar, tosse e dermatites. A estimulação do SNC ocorre com tontura, vertigens,
cefaléia, alterações comportamentais, irritabilidade, desorientação, tremores,
distúrbios da marcha (que evolui, nos casos graves, para fasciculações, tremores,
espasmos e convulsões tônico-clônicas), parestesias (especialmente face, lábios e
língua), hiperexcitabilidade evoluindo para coma e depressão respiratória. A morte é
freqüentemente decorrente de depressão respiratória.
Obs: Convulsão pode ser a primeira manifestação para Lindano, Aldrin, Dieldrin e
Toxafeno podendo ocorrer em menos de 20 min da ingestão.
As alterações cardiovasculares variam de arritmias até fibrilação ventricular. Podem
surgir sinais de hepatite (vários compostos são hepatotóxicos).
Outras manifestações clínicas:
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- Hipertermia: decorrente do processo convulsivo, alterações metabólicas ou de
origem central; 
- Agranulocitose, anemia aplástica; 
- Acidose metabólica: devido às convulsões e hipoxemia; 
- Reações de pele: urticária, hipersensibilidade, dermatite.
Obs: Se o produto contém solventes derivados do petróleo, considerar a
possibilidade de pneumonia química, pelo risco de aspiração.
Intoxicação Crônica
Perda de peso, fraqueza muscular, ataxia, cefaléia, irritabilidade, insônia, anemia,
aAlterações hepáticas. Efeitos estrogênicos. Alterações de pele: fotossensibilização e
dermatite.
 
Assistência respiratória (intubação, oxigênio) com monitorização cardíaca por,
no mínimo, 6-8 h;
Na ingestão: A indução de vômitos está contra-indicada pelo risco de convulsão
súbita e aspiração. Proceder a Lavagem Gástrica seguido de Carvão Ativado e
catártico salino. Na ingestão de pequena quantidade, fazer uso imediato do
Carvão Ativado sem Lavagem Gás
Nos casos moderados a severos, fazer Carvão Ativado em doses repetidas na
tentativa de diminuir a absorção e a circulação entero-hepática;
Não usar substâncias oleosas (catárticos, alimentos) pois aumentam a absorção
dos organoclorados;
Não usar simpatomiméticos pelo risco de arritmias;
Medidas de eliminação como a diálise, a diurese forçada e a hemoperfusão não
são efetivas devido ao grande volume de distribuição destes produtos;
Exposições/contaminações em pele, cabelos, unhas, olhos e inalação, proceder
a descontaminação específica.
Medidas sintomáticas e da manutenção:
Correção dos distúrbios hidreletrolíticos e acidose;
Propranolol: nas arritmias ventriculares;
Diazepam: nas convulsões;
Avaliação de funções hepática, renal e hematológica;
Assistência respiratória e antibioticoterapia: nos casos de pneumonia química.
Fungicidas
Dentre os fungicidas, vários grupos já apresentaram problemas toxicológicos, como
os mercuriais, hexaclorobenzeno e captofol. Porém, todos esses estão proibidos e,
portanto, não são mais utilizados no país.
Os fungicidas de maior relevância toxicológica atualmente são os ditiocarbamatos.
Estes produtos são muito utilizados nas culturas de tomate, morango, figo e flores
entre outras, e apresentam, do ponto de vista de intoxicação aguda, sintomas e
sinais de irritação das mucosas, como conjuntivite, rinite, faringite. Náuseas, vômitos
e diarréia podem acompanhar o quadro agudo.
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Nas exposições a longo prazo, pelo fato de alguns desses fungicidas apresentarem
manganês (metal pesado) na molécula, podem determinar um tipo de
Parkinsonismo, com tremores de extremidades que podem evoluir para um quadro
irreversível.
Herbicida glifosato
Dentre os herbicidas que vêm aumentando a utilização em todo o país, existem três
grupos de preocupação para a saúde, a saber:
Glifosato (N-fosfonometil-glicina) é um herbicida de amplo espectro, aplicado após a
planta ter emergido do solo (pos-emergente), de ação não-seletiva, ativo através de
translocação na planta. Glifosato tem baixa toxicidade para mamíferos que não inibe
a enzima acetilcolinesterase. Os solventes usados em formulações comerciais podem
alterar as propriedades toxicológicas. 
É registrado em mais de 100 paises. O glifosato também pode ser vendido em
combinação com outros herbicidas.
Existe uma formulação comercial que possui uma substância surfactante que tem
ação irritativa dermatológica de importância, não sendo uma ação do próprio
princípio ativo.
 
É um dos herbicidas mais utilizados na agricultura mundial, com crescimento
constante dos casos de intoxicações acidentais, profissionais e intencionais.
Representantes comerciais
O Glifosato original (Roundup®) contém formulação concentrada de sais de
isopropilamina (41%), uma amina surfactante - polioxietilenoamina (15,4%) e água. 
Outros produtos comerciais: Rodeo®, Bronco®, Weedoff®
É um ácido orgânico fraco formado por uma molécula de glicina e outra de
fosfonometil. A forma mais utilizada é o sal de isopropilamina, usualmente associado
com o surfactante polioxietilenoamina (POEA). 
Tem efeito residual curto. Geralmente os resíduos no solo têm uma meia-vida de
menos de 60 dias. 
Em plantas e alguns microrganismos, o glifosato age por inibição competitiva da
enzima (enolpiruvilshikimate-3-fosfato sintetase) essencial na síntese de
aminoácidos necessários à síntese protéica em plantas (ácido shikimic sintetase)
causando um déficit em aminoácidos aromáticos. A ausência desta via pode
responder por sua baixa toxicidade em animais. Efeitos agudos em animais, após
administração de altas doses intraperitoneal, são sugestivos de alteração da
atividade mitocondrial, possivelmente, desacoplando a fosforilação oxidativa. Não
tem ação inibitória da enzima aceticolinesterase.
A absorção no TGI é limitada a 30-36%; pela via dérmica é de 5,5% ou menos.
Possuimeia-vida de aproximadamente sete dias (168 h). Nos tecidos orgânicos, a
concentração mais elevada está nos ossos. O glifosato não é metabolizado em
humanos e sua biotransformação é muito reduzida (o único metabólito, o ácido
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aminometilfosfônico, pode ser detectado em quantidade menor que 0,5% de
glifosato) sendo o restante rapidamente excretado na urina como glifosato
inalterado. Eliminação fecal de 62-69% sem absorção e 14-29% na urina. 
Não é esperado bioacumulação do glifosato tendo em vista sua alta solubilidade em
água e seu caráter iônico.
Com toxicidade oral aguda relativamente baixa (DL50 oral, rato=5.600mg/kg), é
seguro para mamíferos. É considerado não carcinogênico (US EPA categoria E), não
mutagênico e destituído de desenvolver toxicidade.
Surfactantes e inertes podem ser adicionados à formulação do glifosato. O tipo de
surfactante e sua concentração podem diferir por formulação. Alguns produtos
contêm o sal de isopropilamina, mas, outros contêm monoamonio, sesqui-sódio ou
outros sais de glifosato. Alguns são formulações a seco, outros contêm diferentes
sistemas surfactantes, maior ou menor quantidade de surfactante total ou nenhum
surfactante.
Os efeitos tóxicos de formulações de glifosato podem estar presentes devido ao
surfactante e outros elementos aditivos. O surfactante POEA tem toxicidade estimada
em cerca de três vezes maior que o glifosato.
Casos graves têm ocorrido somente em ingestões intencionais. Exposição acidental
geralmente é reduzida e os efeitos são leves, com poucos óbitos por ingestão
acidental (usualmente crianças).
Na ingestão de dose maior que 0,5mg/Kg (adulto) deve ser feita avaliação e
monitorização hospitalar.
Idade: ingestão de 100-150ml por pacientes acima de 40 anos apresenta alto risco.
Estimativa de dose ingerida:
Casos leves: menor que 60mL (quadro gastrintestinal sem manifestações sistêmicas) 
Casos moderados (ou potencialmente grave): de 60 a 100mL 
Casos letais: ingestão acima de 200mL (correspondendo a 30-70g de glifosato
ácido).
Irritação oral e gastrintestinal (queimação da boca e esôfago, vômito e dor
abdominal) desenvolve-se rapidamente após ingestão. Hipotensão pode ocorrer em
horas após a ingestão de grandes quantidades. Alguns pacientes podem estar
estáveis nas primeiras 8-12h e, então, desenvolverem hipotensão e angústia
respiratória.
É difícil correlacionar a quantidade ingerida com a severidade dos efeitos clínicos.
A quantidade ingerida de Roundup não diluído (estimativa):
- Casos letais: variação de 85-200mL (corresponde a cerca de 30-70g do glifosato
ácido); mas quantidade maior (500mL de Roundup® - 180g ácido glifosato) foi
relatado ter sido ingerido por alguns pacientes que apresentaram somente sintomas
leves a moderados.
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Em geral: 
- Sintomas moderados estão associados com ingestão estimada de 20-500mL, 
- Sintomas leves com 5-150mL, e 
- Assintomáticos, com 5-50mL.
Alguns autores apontam que o surfactante contido no Roundup® pode ser
responsável pela síndrome clínica, mas que as evidências disponíveis neste ponto
são, ainda inconclusivas.
Efeitos em curto prazo - Exposição agudo ao produto formulado
- Contato Ocular 
Testes em animais indicam que glifosato pode causar irritação severa nos olhos com
irritação conjuntival temporária, edema periorbital e queimação ocular.
- Exposição cutânea 
O glifosato é praticamente isento de toxicidade sistêmica por exposição dérmica,
sendo testado em voluntários para foto-irritação e fotossensibilização sem produzir
qualquer efeito. 
Irritação moderada da pele pela formulação Roundup® é causada pelo surfactante
que é corrosivo para a pele. Quando o produto é manuseado pode haver edema e
parestesia em locais de contato, irritação dérmica prolongada e fotossensibilização
não esclarecida.
- Inalação 
Como o glifosato pode causar irritação leve da pele e irritação severa dos olhos, o pó
pode causar irritação moderada no nariz e garganta.
- Ingestão 
Estudos em animais mostram que o glifosato tem baixa toxicidade oral. 
Em geral, causa irritação, edema e erosão da orofaringe e mucosas do trato
gastrintestinal. Pode haver disfagia, náuseas, vômitos, diarréia, dor abdominal e
hemorragia gastrintestinal. 
Ocorre lesão esofágica e gástrica com ingestão de 25mL; irritação de mucosa logo
após ingestão de 30-60mL associada à sensação de queimação na boca, salivação,
eritema, vômitos, diarréia, náuseas, dor epigástrica e abdominal, disfagia, ulcerações
orais, hematêmese e melena.
Achados Endoscópicos:
Esôfago: lesões em cerca de 70% dos casos com úlceras, esofagite corrosiva, edema
de mucosa, hemorragia sem perfuração; 
Estômago: em 72% dos casos, gastrites e ulcerações; 
Duodeno: em 16% dos casos, duodenite.
Alterações em outros órgãos e sistemas
- Leucocitose inespecífica (65%); 
- Respiratório (23%): tosse, dispnéia, taquipnéia, broncoespasmo, cianose,
hipoxemia leve, edema pulmonar e insuficiência respiratória. A lesão pulmonar pode
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ser devido aos efeitos tóxicos do glifosato e do surfactante. Pode estar complicada
pela pneumonia aspirativa; 
- Fígado (19%): não tem ocorrido icterícia; 
- Cardiovascular (18%): hipotensão que responde inicialmente à hidratação e
manobras posturais seguindo para choque (observada dentro de horas após
ingestão), não responsivo a fluidos e aminas vasopressoras; 
- Renal (14%): oligúria, anúria. Pode haver hematúria macro ou microscópica. Há
relato de hemólise; 
- Metabólicos: acidose metabólica (freqüente nas intoxicações graves); 
- SNC (12%): tontura, cefaléia, confusão, coma; 
- Outros: hiperglicemia moderada, pequena elevação de temperatura, amilase
elevada.
Classificação de gravidade e efeitos da intoxicação aguda
ClassificaçãoDescrição dos efeitos
Sem sintomas Sem queixas, sem anormalidades físicas ou exames laboratoriais.
Leve
Principalmente do trato gastrintestinal: náuseas, vômitos, diarréia, dor
abdominal, dor em orofaringe com resolução em 24 horas. 
Sinais vitais estáveis, sem alterações renais, pulmonares ou
cardiovasculares.
Moderada
Sintomas gastrintestinais que persistem mais de 24h, hemorragia
gastrintestinal. Endoscopia: esofagite ou gastrite; ulceração oral,
hipotensão responsiva a fluídos EV. Alteração respiratória sem
necessidade de intubação, distúrbio ácido-básico; alterações hepáticas
ou renais transitórias, oligúria temporária.
Severa
Alteração respiratória necessitando intubação; falência renal
requerendo hemodiálise; hipotensão com necessidade de aminas
vasopressoras; parada cardíaca, coma, convulsões repetidas ou
morte.
Fonte: Talbot et al. (1991)
Efeitos de em longo prazo - Exposição Crônica
Não existem relatos de efeitos crônicos em humanos devido à exposição a glifosato
(alimentação em longo prazo em animais experimentais demonstraram uma baixa
toxicidade crônica oral). 
A aplicação repetida de glifosato na pele para esfolar pode causar edema, eritema e
dano corrosivo moderado.
- Carcinogenicidade: estudos mostraram não haver atividade carcinogênica. 
- Teratogenicidade e Embriotoxicidade: Nenhuma informação humana é disponível.
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Estudos em animais não produziram efeitos. 
- Toxicidade Reprodutiva: Informação não disponível 
- Mutagenicidade: Nenhuma informação humana disponível. Foi não-mutagênico em
uma série de testes. 
- Potencial para Acumulação: Nenhuma acumulação. Estudos em animais mostram
que o glifosato é lentamente absorvido pelo sistema digestivo e é eliminadorapidamente.
 
Tratamento
Exposições cutânea ou ocular: descontaminação;
Ingestão: proceder a realização de Lavagem Gástrica se houver ingestão a partir de
0,5mL/kg (produto sem diluição). Não ocorrendo vômitos espontâneos, realizar
Lavagem Gástrica até 4h após ingestão com intubação endotraqueal para prevenir
aspiração. Usar Carvão Ativado em dose única (adsorção do surfactante);
Adultos com ingestão acima de 0,5mL/kg de Roundup® necessitam atendimento
hospitalar em UTI:
- Assistência respiratória, assegurar permeabilidade de vias aéreas. Na insuficiência
respiratória pode ser necessário traqueotomia. Administrar oxigênio a 100%
inicialmente;
- Estabelecer via endovenosa (risco de hipotensão e choque)
- Monitorização cardiovascular, respiratória e renal;
- Medidas de suporte e sintomáticos:
Antiácidos para alívio da dor;
Administrar antibióticos na ocorrência de infecções;
Na hipotensão, administrar fluídos EV (sem excesso, há risco de edema
pulmonar) e posição de Trendelenburg. Quando hipotensão sem resposta, usar
vasopressores;
Monitorar o volume urinário. Não usar diuréticos se houver volemia reduzida ou
hipotensão (manitol pode precipitar edema pulmonar). Na insuficiência renal:
realizar hemodiálise;
Na acidose refratária, usar bicarbonato de sódio;
Corrigir os distúrbios ácido-básicos.
 A morte ocorre por parada cardiorespiratória. Pacientes podem parecer bem e
desenvolver hipotensão e choque refratário a fluídos e vasopressores, evoluindo para
o óbito.
 As fatalidades geralmente ocorrem nos primeiros dois dias após ingestão.
Desenvolvimento de angústia respiratória requerendo intubação, falência renal
requerendo diálise e choque são sinais de prognóstico ruim.
Pessoas com mais de 40 anos de idade e com ingestões de 100-150mL que
Roundup®parecem apresentar maior risco de um resultado fatal.
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Usualmente pacientes que não ingeriram dose maior que 100-120mL têm maior
chance de sobrevida. A recuperação nos sobreviventes é completa.
 
Herbicidas paraquat e diquat
O Paraquat (PQ) e o Diquat são herbicidas do grupo dos bipiridilos não seletivos,
largamente utilizados, principalmente na agricultura e por agências governamentais
e indústrias para controle de ervas daninhas.
O Paraquat tem seu uso restrito em muitos países do mundo tendo em vista seu
potencial significativo para intoxicações acidental e intencional. Nas últimas décadas,
o paraquat foi um agente bastante popular para o suicídio, mas, atualmente há
declínio do envenenamento intencional. Paraquat e diquat são compostos altamente
tóxicos e o tratamento dos pacientes intoxicados requer muita habilidade e
conhecimento dos procedimentos apropriados de tratamento.
Apresenta-se em soluções a 20% e tem propriedades tóxicas complexas.
O Paraquat é altamente tóxico ao homem por ingestão; seu efeito tóxico em
mamíferos é, em grande parte, devido ao dano para os alvéolos pulmonares. É bem
absorvido por via digestiva e moderadamente pela a pele irritada ou lesada, mas,
não é absorvido significativamente pela pele intacta. É altamente irritante para os
olhos. A via inalatória tem menor absorção. Absorção de névoa de spray pode
acontecer, mas não parece ser de significado prático.
Devido à alta letalidade do PQ, houve associação de emético na formulação, na
tentativa de reduzir a absorção na ingestão acidental ou intencional. A sua
importância está no seu uso para fins suicidas e pelo fato de ainda não existir
antídoto específico e não haver tratamento médico adequado para esta intoxicação,
existindo vários estudos e protocolos como propostas de tratamento. É de alta
morbi-mortalidade.
O envenenamento com Diquat é muito menos comum que com paraquat. Em
estudos animais, causa lesões rápidas e reversíveis dos pneumócitos tipo I, sem
lesar as células tipo II, não produzindo então, as lesões pulmonares observadas com
o PQ.
Representantes comerciais
Agroquat®, Braxone®, Gramoxone®, Paraquol®, Pared®.
Está bem estabelecido que o “Ciclo Redox” é a reação primária responsável pela
toxicidade do paraquat. Em condições anaeróbicas, o cátion paraquat pode ser
reduzido através de NADPH microssomal dependente para formar o radical reduzido.
Este então reage com oxigênio molecular para formar o cátion de paraquat e o íon
superóxido. O Paraquat continuará então o ciclo de oxidação para a forma reduzida
com os elétrons do oxigênio, causando morte celular por lipoperoxidação das
membranas celulares ou depleção de NADPH, como no pulmão, onde há acumulação
seletiva tanto nos pneumócitos tipo I e II.
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É pouco absorvido por via digestiva (5-10% da dose ingerida), inalação ou pele
íntegra. O paraquat absorvido é distribuído pela circulação sangüínea a praticamente
todos órgãos e tecidos corporais, atravessando a barreira placentária e sem
estocagem em tecidos de mamíferos. O pulmão seletivamente acumula paraquat do
plasma, por um processo dependente de energia. Não se liga às proteínas
plasmáticas, mas atinge o pico plasmático em 30 min a 2h após a ingestão. Tem
meia-vida de cerca de 30min. O paraquat não é metabolizado, mas é reduzido a um
radical livre instável que é re-oxidado para formar o cátion e produzir um ânion
superóxido. A biotransformação do paraquat nos pneumócitos tipo I e II gera a
produção de radicais livres resultando na peroxidação de lipídios e dano celular. A
hemorragia, o edema e os leucócitos infiltram os espaços alveolares, ocorrendo
rapidamente a proliferação de fibroblastos. Há um declínio progressivo na tensão de
oxigênio arterial e na capacidade de difusão do CO2. O Paraquat é excretado
rapidamente pelos rins (80-90%) dentro de 6 horas e quase 100% dentro de 24
horas, embora possa causar necrose tubular renal o que pode prolongar a sua
excreção em até 10 a 20 dias. A excreção em humanos envolve secreção renal ativa
e também filtração glomerular.
Toxicidade do paraquat
Dados em humanos:
Adultos: a dose tóxica mínima por via oral é calculada em 20mg/kg. 
Crianças: apresenta suscetibilidade e quadro clínico de envenenamento semelhante
aos adultos.
Dose letal em humanos encontra-se em 3-6 mg/kg o que traduz em uma quantidade
tão pequena quanto 10-15mL de solução a 20%. Até 4mg/kg pode ser fatal.
Ingestão de volumes superiores a 50mL é fatal.
Doses acima de 150mL estão associadas a perfurações de esôfago, estômago e
intestino.
A menor dose letal relatada foi de 1g (aproximadamente 16,7mg/kg).
A ingestão de qualquer quantidade deve ser considerada como potencialmente
grave. 
Quando ingerido, os órgãos-alvo do paraquat são: o trato gastrintestinal, pulmões,
rins, fígado e coração.
O pulmão é o órgão-alvo primário do paraquat e os efeitos pulmonares representam
as manifestações mais letais e menos tratáveis da intoxicação. Porém, a toxicidade
por inalação é rara. O mecanismo primário é a geração de radicais livres que oxidam
o tecido pulmonar. O paraquat atinge concentração pulmonar até 50 vezes maior que
a plasmática. Produz necrose focal miocárdica, hemorragias e edema pulmonar, com
formação de membrana hialina eosinofílica nos alvéolos e proliferação de fibroblastos
no septo alveolar. Enquanto o edema pulmonar agudo e os danos pulmonares podem
acontecer dentro de algumas horas após a exposição aguda grave, o dano tóxico
tardio de fibrose pulmonar, habitual causa de morte, comumente acontece entre 7-
14 dias depois da ingestão. Alguns pacientes que ingeriram grande quantidade de
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solução concentrada (20%) morreram mais rapidamente (dentro de 48h) devido à
falência circulatória.
Há necrose do córtex adrenal, necrose tubular renal e estase biliarcentrolobular.
 
Os sinais e sintomas do envenenamento são amplamente dependentes da via de
exposição e da dose.
Efeitos locais
A pele íntegra é uma barreira muito eficaz ao Paraquat. Dano dérmico local inclui
dermatite de contato. O contato prolongado produz eritema, bolhas, abrasão e
ulceração. Na ocorrência de lesões extensas, esta barreira é removida e pode ocorrer
absorção de quantidade tóxica, se o Paraquat estiver em contato em doses
suficientes. As soluções concentradas podem danificar as unhas, produzindo
manchas brancas ou em casos graves, rachaduras e sua perda, porém, segue-se um
crescimento normal. Exposição cutânea acentuada pode determinar eritema,
ulcerações e necrose de pele com posterior hiperqueratose reativa.
O contato ocular pode produzir inflamação grave na córnea e conjuntiva e, se não for
tratado, evolui com ulceração do epitélio e infecção secundária.
Efeitos sistêmicos
O trato gastrintestinal (TGI) é onde ocorre a fase inicial ou primeira fase de
toxicidade para as mucosas, logo após a ingestão da substância.
A sintomatologia instala-se nas primeiras 2h após a ingestão decorrente da sua ação
cáustica, provocando lesões desde a cavidade oral até porções mais distais do
intestino. Ocorre dor de garganta, odinofagia, erosões e ulcerações na boca, faringe,
laringe e esôfago, dor abdominal, vômitos (ocasionalmente com sangue) e diarréia.
Nos acidentes moderados a graves, outros sintomas de toxicidade do TGI incluem
dano hepático. Ocorre destruição dos hepatócitos (necrose hepática centrolobular),
que pode causar elevação de bilirrubina e enzimas hepatocelulares como AST, ALT e
LDH, levando a clínica de icterícia que se instala nas primeiras 24h.
Os rins são atingidos nas primeiras 48h, ocasionando rápida elevação de escórias
renais e diminuição da eliminação do Paraquat. Proteinúria, hematúria e piúria
refletem injúria renal, e a oligúria e anúria indicam necrose tubular aguda. 
Tanto as alterações hepáticas quanto as renais são autolimitadas e reversíveis,
quando tratadas em tempo hábil. O envenenamento com Diquat resulta em maior
dano renal em comparação com o paraquat.
As alterações pulmonares manifestam-se mais tardiamente, em torno do sétimo ao
décimo dia. Tem curso típico começando com consolidação difusa que, após vários
dias, evolui para lesões císticas. Ocorre lesão dos pneumócitos tipo II, com
conseqüente diminuição da produção de surfactante. Lesões fibrosas focais são
manifestações crônicas. Há uma fibrose intra-alveolar devido ao acúmulo de
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fibroblastos e basófilos, juntamente com a destruição da parede alveolar, obliterando
a arquitetura do parênquima pulmonar. O paciente apresenta dispnéia, ausculta de
crepitações em bases pulmonares, queda da curva de saturação de hemoglobina,
diminuição da tolerância aos esforços físicos e, em uma fase tardia, cianose
periférica em conseqüência da fibrose irreversível (condição responsável pelo êxito
letal). Este quadro é progressivo e agrava-se à medida que a fibrose pulmonar se
intensifica.
A necrose focal do miocárdio e músculo esquelético são os aspectos principais da
toxicidade do tecido muscular e tipicamente ocorre na segunda fase.
Há relatos em que a ingestão pode causar edema, hemorragia e lesão cerebral. Com
doses muito altas pode haver excitação e convulsões.
Correlação entre a dose tóxica e as manifestações clínicas do paraquat
Dose Descrição dos efeitos
Menos
de
20mg/kg
Manifestações tóxicas moderadas ou leves de tipo digestivo com alteração
funcional respiratória, renal e, menos freqüentemente, hepática.
Entre
20-
40mg/kg
Podem produzir a morte por um quadro gastrintestinal e de insuficiência
respiratória aguda que progride até fibrose pulmonar, dentro de dias ou
semanas, falência renal por necrose tubular e hepática (menos freqüente).
Mais de
40mg/kg
Podem ser letais em horas ou poucos dias já que produzem um dano
multiorgânico, com angústia respiratória, edema cerebral, necrose
miocárdica e falência hepática e renal.
Fases da intoxicação e manifestações da intoxicação por Paraquat
FasesÓrgão Manifestações clínicas
Fase I Gastrintestinal
Dor retroesternal em queimação, vômitos, diarréia e
eventualmente lesões esofágicas (podem ser perfurantes - ação
corrosiva do produto), dor abdominal. Lesões inflamatórias de
mucosas.
Fase
II Renal
Deterioração dos túbulos proximais levando a insuficiência renal
aguda. Podem a aparecer sintomas de necrose hepática
alterando as provas de função hepatocelular.
Fase Pulmonar Lesões pulmonares irreversíveis das células tipo I e II com
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III formação de fibrina. A morte ocorre, na maioria das vezes, por
insuficiência respiratória. Estado de consciência mantido.
 
O diagnóstico é baseado na história de exposição e pelos sinais e sintomas como
vômitos, dor abdominal, diarréia, anúria, dispnéia e disfunção hepática.
 Tratamento
- A prioridade imediata é prevenir qualquer absorção de paraquat. 
A primeira medida é a indução de vômitos até 1h (se o paciente ainda não vomitou)
ou realizar Lavagem Gástrica até 2h após a ingestão, pois a toxicidade sistêmica é
mais prejudicial que seu efeito local no trato digestivo.
A pele contaminada deve ser lavada completamente com água e sabão. Na
ocorrência de queimaduras químicas, pela ação corrosiva do produto, a possibilidade
de absorção dérmica deve ser considerada como viável. Qualquer roupa contaminada
deve ser removida imediatamente e a descontaminação cutânea deve ser procedida.
- O paciente deve ser transferido imediatamente para o hospital mais próximo;
- De modo geral, a oferta de oxigênio é contra-indicada por evidência que seu efeito
pode ser prejudicial (potencializa o efeito do PQ sobre os tecidos), acelerando o
processo pulmonar, mas, pode ser administrado ao paciente agonizante com cianose
ou dispnéia severa;
- Se houver qualquer possibilidade de perfuração esofágica, manter o paciente em
dieta zero até que a endoscopia ou outros estudos radiológicos excluam uma
perfuração. Infecção secundária de úlceras de boca deve ser tratada com
antibióticos;
- Como o paraquat é excretado livremente pelo glomérulo renal (mas é reabsorvido
nos túbulos), a diurese forçada acelera a excreção;
- Diálise pode ser requerida e a sua indicação é a mesma para qualquer outra forma
de falência renal aguda.
- Iniciar hemodiálise ou hemoperfusão o mais precoce possível;
- Medidas de suporte e manutenção das funções vitais como correção dos DHE e
ácido básico. Acidose profunda deve ser corrigida com bicarbonato de sódio
intravenoso;
- Laxante pode produzir perdas fluidas adicionais que devem ser substituídas com
salina normal EV;
- Ulceração de boca pode produzir dor severa que pode ser aliviada através de
tratamentos sintomáticos (analgésicos potentes).
- Terra de Füller®: agente adsorvente com maior poder de neutralização do PQ no
trato digestivo. Diluir 60 gramas em 200mL de manitol, VO ou SNG, de 6/6h durante
três dias. Na sua ausência, administrar terra com alto teor de argila ou bentonita a
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70% ou mesmo carvão ativado nos intervalos. Administrar catártico (sulfato de
magnésio ou de sódio) 20min após o uso da Terra de Füller.
Coadjuvantes do tratamento
Terapia com imunosupressores, corticóides e ciclofosfamida pode ser recomendada
na tentativa de suprimir o sistema imunológico, diminuindo a produção de
superóxidos e outros metabólitos tóxicos do oxigênio e prevenir o edema e o
processo inflamatório que evoluem para as lesões pulmonares.
Exames complementares
A presença de paraquat na urina é indicativa de absorção. Devem ser determinados

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