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TUTORIA 1- Toxologia

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DOENÇAS RESULTANTES DO AGRAVO AO MEIO AMBIENTE
PROBLEMA 1
1-IDENTIFICAR OS PRINCIPAIS AGENTES ENVOLVIDOS NAS INTOXICAÇÕES, INDICANDO SEUS
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS ( MEDICAMENTOS, DOMISSANITÁRIOS, INSETICIDAS,
PESTICIDAS, RATICIDAS.)
https://sinitox.icict.fiocruz.br/sites/sinitox.icict.fiocruz.br/files//Brasil8.pdf
https://sinitox.icict.fiocruz.br/sites/sinitox.icict.fiocruz.br/files//Brasil8.pdf
No Brasil, como na maioria dos países, os medicamentos se apresentam como o principal agente tóxico,
respondendo por, aproximadamente, 28% dos casos de intoxicação humana registrados, anualmente, pelo SINITOX/
CICT/FIOCRUZ/ MS. Os benzodiazepínicos, antigripais, anti-depressivos, antiflamatórios são as classes de
medicamentos que mais intoxicam em nosso país. Crianças menores de 5 anos representam, aproximadamente, 35%
dos casos de intoxicação por medicamentos, no Brasil.
_____________________________________________________________________________________________
2- DESCREVER A AÇÃO NO ORGANISMO HUMANO DESENCADEADA PELAS INTOXICAÇÕES
POR PIRETROIDES, CARBAMATOS, ORGANOCLORADOS, ORGANOFOSFORADOS,
APRESENTANDO AS MANIFESTAÇÕES CLINICAS E ANTÍDOTOS.
Manual de Toxicologia Clínica: Orientações para assistência e vigilância das intoxicações agudas / [Organizadores] Edna
Maria Miello Hernandez, Roberto Moacyr Ribeiro Rodrigues, Themis Mizerkowski Torres. São Paulo: Secretaria
Municipal da Saúde, 2017. 465 p.
De acordo com a legislação brasileira os praguicidas são denominados agrotóxicos e são definidos como: “produtos
e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no
armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou
implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja
alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados
nocivos”. São também componentes desse grupo, as substâncias e produtos, empregados como desfolhantes,
dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento; (Lei Federal 7.802/1989)
Podem ser classificados de acordo com o tipo de praga a ser controlada ou com a sua estrutura química. Serão
descritos nesse capítulo, de acordo com o critério de incidência e gravidade das intoxicações, os seguintes produtos:
• Inibidores da colinesterase: carbamatos e organofosforados; 
• Inseticidas Piretróides; 
• Inseticidas Organoclorados; 
• Herbicidas. 
As intoxicações por praguicidas podem ocorrer tanto no ambiente rural, com o no ambiente urbano. As
circunstâncias mais comuns envolvendo crianças são os acidentes, pela presença desses agentes no ambiente
doméstico. Os adultos geralmente se expõem por meio das tentativas de suicídio, das exposições ocupacionais e dos
acidentes em decorrência do uso inadequado dos produtos. 
 INIBIDORES DA COLINESTERASE: CARBAMATOS E ORGANOFOSFORADOS
Utilizados amplamente no controle de insetos e outros parasitas, podendo ser utilizados com finalidade agrícola,
doméstica ou veterinária. Atualmente existem cerca de 29 princípios ativos organofosforados e 14 carbamatos,
utilizados sozinhos ou em formulações.
Mecanismo de efeitos tóxicos 
• Inibição da Acetilcolinesterase, resultando no acúmulo de acetilcolina nas sinapses colinérgicas no sistema nervoso
central, periférico somático e autônomo, levando ao aumento da resposta nos receptores pós-sinápticos, nicotínicos
ou muscarínicos; 
• No caso dos inseticidas carbamatos, a inibição é reversível e a reativação da enzima é espontânea e rápida,
geralmente acontece em menos de 24 horas; 
• Nas exposições a inseticidas organofosforados, a inibição é quimicamente mais estável quando comparada aos
carbamatos e a recuperação da enzima pode ser mais lenta, podendo levar dias a semanas e até ser irreversível, onde
a reativação dependerá da síntese de novas moléculas de acetilcolinesterase. 
Dose tóxica: Varia de acordo com o princípio ativo porém é sempre uma intoxicação potencialmente grave
necessitando de um diagnóstico rápido e pronta intervenção terapêutica; Atentar para: Produtos destinados ao uso
agrícola, veterinário e os clandestinos, por conterem maiores concentrações do princípio ativo; Tentativa de suicídio,
onde existe o risco de ingestão de doses elevadas. 
Farmacocinética dos Carbamatos
 Absorção: Bem absorvidos por ingestão e inalação e através da pele e mucosas, Trabalhos recentes mostram que
atravessam a barreira hematoencefálica; Pico plasmático em cerca de 30 a 40 minutos da ingestão. 
Distribuição: São lipossolúveis possibilitando uma boa distribuição em todo os tecidos incluindo o SNC; O
Aldicarb na forma líquida possui uma elevada lipofilicidade e uma toxicidade dérmica muito maior que a de outros
carbamatos. 
Metabolismo: A maior parte é biotransformada no fígado. 
Eliminação: Cerca de 90% é excretado na urina dentro de 3 a 4 dias. 
Farmacocinética dos organofosforados 
Absorção: Bem absorvidos por todas as vias. Deve-se ficar atento às exposições cutâneas maciças, pois podem
causar grave toxicidade; A presença de lesões cutâneas ou ambientes com altas temperaturas aumentam a absorção;
A dificuldade de remoção destes compostos da pele e da roupa, pode explicar algumas intoxicações crônicas, assim
como o uso inadequado dos EPIs para via respiratória e cutânea; O pico plasmático difere muito conforme o
princípio ativo, variando de minutos como é o caso dos derivados oxons ou tions de ação rápida, até horas como é o
caso do clorpirifós. 
Distribuição. Volume de distribuição: A maioria é lipofílico, levando a um grande volume de distribuição e a
possibilidade de acúmulo em tecido adiposo protegidos do metabolismo. A mobilização deste estoque pode causar
recorrência da crise colinérgica, sendo mais provável com compostos altamente lipofílicos como a fentiona.
Metabolismo: Hepático; Alguns organofosforados, após biotransformação, geram subprodutos mais tóxicos que os
compostos que lhes deram origem como, por exemplo, a parationa e a malationa, que se transformam em
paraoxon e malaoxon, respectivamente. 
Eliminação Renal. 
Manifestações clínicas 
Agudas
Muscarínicas: Salivação, sudorese, lacrimejamento, hipersecreção brônquica, bradicardia, miose, vômitos e
diarreia; 
Nicotínicas: Taquicardia, hipertensão, midríase, fasciculações, fraqueza muscular e hiporreflexia, podendo evoluir
para paralisia dos músculos respiratórios; 
Centrais: Agitação, labilidade emocional, cefaleia, tontura, confusão mental, ataxia, convulsões e coma. 
 Tardias
 As intoxicações graves por inseticidas inibidores das colinesterases habitualmente estão associadas a distúrbios
ácidobásicos, metabólicos e hidroeletrolíticos; Nas intoxicações agudas por inseticidas OF, podem ocorrer quadros
clínicos neurológicos mais tardios;
Síndrome intermediária: Aparece 24 a 96 horas após a exposição, e é caracterizada pela paralisia das musculaturas
proximal e respiratória que pode ocorrer com alguns OF tais como: fentiona, malationa, diazinona, monocrotofos,
metamidofos, parationa metilica, parationa etílica; 
Polineuropatia tardia: pode ocorrer após 7 a 21 dias da exposição a alguns OF como o metamidofos, a malationa e
o clorpirifos entre outros (Organic Phosphorous-Counpoud Induced Delayed Neuropathy - OPIND); 
Desordens neuropsiquiátricas: Em exposições agudas à altos níveis de OF ou nas exposições à baixas doses por
períodos prolongados, tem sido descritas em trabalhadores expostos à OF, desordens neuropsiquiátricas induzidas
por OF (Chronic organophosphate induced neuropsychiatric disorder - COPIND); Estas desordens vão desde
manifestações inespecíficas tais como sonolência, ansiedade. alterações da memória, fadiga, até manifestações mais
graves como delírio, agressividadee alucinação 
Diagnóstico 
Clínico: Baseado na história de exposição aos agentes inibidores da colinesterase; Na intoxicação aguda buscar as
manifestações agudas colinérgicas; Na intoxicação crônica, além da observação dos sinais que aparecem
tardiamente, a monitorização laboratorial por meio do indicador de efeito - determinação da atividade enzimática da
colinesterase eritrocitária - pode contribuir para o diagnóstico.
Complementar:
Laboratorial geral - Hemograma, glicemia, funções hepática e renal, gasometria, eletrólitos, ECG, CPK. º
Laboratorial específico - O método mais utilizado para a determinação da atividade enzimática das colinesterases é
o de Ellmann: 
* Valores de referência (método de Ellman):
* Plasmática: 1,3 a 7,8 ΔA/min/mL;
* Sangue total: 15,5 a 31,0 ΔA/min/mL;
* Eritrocitária: 32,0 a 58,0 ΔA/min/mL.
* Em intoxicações agudas, espera-se encontrar a colinesterase plasmática abaixo de 1,3 ΔA/min/ mL. As outras duas
colinesterases tem maior importância na avaliação da exposição crônica. A colinesterase plasmática também pode
estar alterada em condições não relacionadas com a intoxicação como disfunção hepática ou gravidez;
* Para o monitoramento da exposição ocupacional aos pesticidas, podem ser adotadas outras metodologias analíticas
na forma de kits portáteis, tais como o Test-mate ChE Colinesterase com valor de referência: * Eritrocitária: 2,77 a
5,57 U/mL
* Para monitoramento da exposição ocupacional deve-se observar a Norma Regulamentadora - NR-7, contida na
Portaria SSST nº 24, de 29 de dezembro de 1994;
Observação: Dispensar o paciente somente após franca reativação da colinesterase plasmática. Observar que o
rebaixamento da colinesterase plasmática nem sempre se correlaciona com a gravidade do quadro clínico. 
Diagnóstico diferencial: 
Outras intoxicações: Por medicamentos anticolinesterásicos utilizados na Doença de Alzheimer (cloridrato de
donepezil e rivastigmina) e na miastenia gravis (Piridostigmina). 
Outras condições: Edema agudo pulmonar. 
Tratamento 
Medidas de suporte: 
 Desobstruir vias aéreas e administrar oxigênio suplementar quando necessário;
 Monitorizar sinais vitais; 
 Manter acesso venoso calibroso; 
 Hidratação adequada; 
 Evitar o uso de succinilcolina em caso de IOT. 
Descontaminação
Em pacientes que apresentem exposição cutânea, as medidas de descontaminação externa da pele, cabelos, olhos, e a
retirada de vestimentas e calçados contaminados devem ser realizadas concomitantemente com as medidas de
reanimação e a aplicação de antídotos. Indica-se lavar a pele com quantidades abundantes de água e utilizar sabão
neutro, principalmente em banho de chuveiro, se possível. Os atendentes devem utilizar luvas e proteção para evitar
contato com secreções e roupas contaminadas;
Realizar lavagem gástrica precoce com SF 0,9% até 1 hora após ingestão; 
Administrar carvão ativado por SNG após realizar a lavagem gástrica; 
Observar se o paciente apresentou episódios de vômitos espontaneamente. Nessa situação, a lavagem gástrica não é
indicada, devendo-se realizar o tratamento sintomático (antieméticos) e administrar apenas o carvão ativado.
Antídotos 
A atropina e as oximas são recomendadas para o tratamento das intoxicações causadas por inibidores de
colinesterases. 
Atropina: Age como um bloqueador dos receptores muscarínicos, evitando a ação da acetilcolina acumulada nas
sinapses. É um antagonista competitivo e o medicamento de escolha para as manifestações muscarínicas e do SNC.
Não estabelece a reativação da enzima inibida e não influi na eliminação dos agentes anticolinesterásicos; não atua
nos sintomas causados pela estimulação de receptores nicotínicos, principalmente de origem muscular e na
depressão respiratória; O tratamento adequado com o sulfato de atropina pode salvar a vida do paciente
intoxicado. 
* Dose inicial: Sulfato de atropina IV, na dose de 1 a 4 mg (em crianças, 0,05 a 0,1 mg/kg de peso) in bolus;
* Repetir a cada 2 a 15 minutos até a atropinização plena do paciente, dependendo da gravidade do caso. Em casos
graves poderá ser necessário o uso de grande quantidade de atropina, sendo fundamental manutenção de estoque
mínimo na sala de emergência;
* A atropinização adequada traduz-se pelo desaparecimento dos sintomas muscarínicos, especialmente com a
melhora da hipersecreção pulmonar, do broncoespasmo e consequentemente da oxigenação tecidual, além da secura
de pele e mucosas e elevação da frequencia cardíaca. A melhora pulmonar nem sempre ocorre simultaneamente ao
desaparecimento dos demais sintomas colinérgicos;
* A miose é um dos últimos parâmetros a ser revertido, e não deve ser utilizado para avaliar a melhora da
intoxicação aguda;
* A persistência ou retorno dos sintomas muscarínicos indica a necessidade de doses adicionais de atropina;
* Nos casos graves, poderá ser necessário o aumento das doses ou a redução do intervalo entre elas;
* Deve-se evitar o uso de infusão intravenosa contínua tanto pelo fato de ser menos eficaz na obtenção da
atropinização adequada, assim como pelo maior risco de intoxicação atropínica (febre, rubor de pele, agitação,
delírio e taquicardia e midríase);
* Deve-se diminuir a dose da atropina progressivamente conforme a melhora clínica;
* É importante assegurar a oxigenação tecidual e corrigir a acidose para melhorar a ação da atropina e diminuir o
risco de fibrilação ventricular.
* Apresentação mais frequente: sulfato de atropina, ampolas com 0,25 mg/mL ou 0,5 mg/mL.
Oximas: O efeito terapêutico esperado das oximas é a reativação da acetilcolinesterase; A indicação das oximas
deve basear-se na gravidade das manifestações clínicas do paciente, especialmente aqueles que apresentam sintomas
colinérgicos graves e persistentes, mesmo após várias horas de atropinização adequada. O início do tratamento deve
ser o mais precoce possível em relação à exposição, e mantido preferencialmente até 12 horas após o
desaparecimento dos sintomas colinérgicos; 
Pode ser recomendada essencialmente no tratamento das intoxicações moderadas a graves por inseticidas
organofosforados, sendo mais efetiva quanto mais precocemente utilizada nas primeiras 24 horas após a exposição, e
antes de ocorrer inativação permanente da acetilcolinesterase;
Nas intoxicações por carbamatos, as oximas são contra-indicadas apenas para o inseticida carbaril; 
Pode ser utilizada nas intoxicações graves por carbamatos de alta toxicidade aguda, como o aldicarbe, promovendo
uma recuperação clínica mais rápida e sem efeitos adversos importantes. Como outros carbamatos geralmente
determinam intoxicações leves e de curta duração, as oximas não são indicadas no seu tratamento; 
Apesar das indicações este produto é de difícil acesso no mercado nacional. 
Medidas de eliminação: Não estão indicadas.
Sintomáticos
 Diazepam para controlar fasciculações, convulsões e hipertensão; 
 Corrigir hipotensão com volume, utilizar drogas vasoativas em casos refratários;
 Antibioticoterapia em caso de broncopneumonia aspirativa. 
Vigilância: Os casos suspeitos de intoxicação devem ser notificados, de acordo com a Portaria MS/GM nº 204 de 17
de fevereiro de 2016 na Ficha de Investigação de Intoxicação Exógena-FIIE. Ver anexos I e II; 
• Se intoxicação confirmada, preencher campo 66 da FIIE como: 
 Efeito tóxico de inseticidas organofosforados e carbamatos - T60.0 
INSETICIDAS ORGANOCLORADOS
Essa classe de inseticidas foi amplamente utilizada no passado, porém a partir da década de 1970, a maioria foi
proibida ou teve seu uso restrito, devido a suas propriedades de bioacumulação, biomagnificação e persistência; 
• Os organoclorados podem ser agrupados em 4 categorias apresentando diferenças em relação a dose tóxica,
absorção, acumulação em tecido adiposo, biotransformação e à eliminação, porém seu quadro clínico em seres
humanos é similar;• No Brasil os pesticidas organoclorados estão proibidos ou em processo de retirada programada. 
Mecanismo de efeitos tóxicos 
Interferem com o fluxo normal de sódio e potássio na membrana axonal, causando hiperexcitação do sistema
nervoso central, resultando em perturbações dos processos mentais e convulsões. 
Dose Tóxica: Varia de acordo com o princípio ativo; 
Toxicidade baixa: DL50 oral animal > 1g/Kg: Hexaclorobenzeno, metoxicloro; 
Toxicidade moderada: DL50 animal > 50mg/Kg e < 1 g/Kg.: Clordano, DDT, heptacloro, kepone, lindano, mirex,
toxafeno; 
Toxicidade alta: DL50 em animal < 50 mg/Kg: º Aldrina, dieldrina, endossulfan, endrina. 
Farmacocinética 
Absorção: 
Todos são bem absorvidos por via oral
Por via dérmica a absorção é variável dependendo do composto, sendo significativa com a aldrina, dieldrina e
endrina
Por via inalatória é pouco absorvido.
Distribuição: São altamente lipofílicos, o que permite sua distribuição para todo o organismo; Possuem rápida
redistribuição do SNC para o sangue e daí para o tecido adiposo, onde se acumula. 
Metabolismo: Lento para alguns como DDT, DDE, dieldrin, heptaclor, mirex, favorecendo a bioacumulação;
Rápido para outros, tais como endossulfan, endrin, lindano, que são pouco persistentes nos tecidos. 
Eliminação: O tempo de meia-vida dos compostos que possuem metabolismo lento varia de meses a anos, enquanto
que para o lindano é de 21 horas em adultos; 
A principal via de excreção é a biliar, mas alguns metabólitos são encontrados na urina. Muitos compostos tais
como o mirex possuem recirculação entero-hepática ou entero-entérica;
Todos os compostos altamente lipossolúveis são excretados no leite materno. 
Manifestações Clínicas 
Logo após a ingestão podem ocorrer cefaléia, náuseas, vômitos, parestesias de língua, lábios e face, tremores,
confusão mental, convulsões e coma; 
Como são lipossolúveis e se acumulam em tecido adiposo, a duração da toxicidade poderá ser demorada. 
Diagnóstico 
Clínico: Baseado na história de exposição aos agentes e no exame clínico 
Complementar: Laboratorial específico Os níveis sanguíneos não estão imediatamente disponíveis e não são úteis
para o tratamento de emergência. 
Laboratorial geral: Hemograma, glicemia, funções hepática e renal, gasometria, eletrólitos, ECG, CPK. 
Diagnóstico diferencial É menos importante quando o produto é claramente citado pelo paciente, familiares e/ou
equipe de atendimento pré-hospitalar. Quando esta informação é desconhecida, considerar as inúmeras outras causas
de alterações do SNC, digestivas, de convulsões e de coma. 
Tratamento
Medidas de suporte 
 Desobstruir vias aéreas e administrar oxigênio suplementar quando necessário;
 Monitorizar sinais vitais; 
 Manter acesso venoso calibroso; 
 Hidratação adequada.
Descontaminação
Em pacientes que apresentem exposição cutânea, as medidas de descontaminação externa da pele, cabelos, olhos e a
retirada de vestimentas e calçados contaminados devem ser realizadas. Indica-se lavar a pele com quantidades
abundantes de água e utilizar sabão neutro, principalmente em banho de chuveiro, se possível. Os atendentes devem
utilizar luvas e proteção para evitar contato com secreções e roupas contaminadas; 
Realizar lavagem gástrica precoce com SF 0,9% até 1 hora após ingestão; 
Administrar carvão ativado por SNG após realizar a lavagem gástrica; 
Observar se o paciente apresentou episódios de vômitos espontaneamente. Nessa situação, a lavagem gástrica não é
indicada, devendo-se realizar o tratamento sintomático (antieméticos) e administrar apenas o carvão ativado. 
 Antídotos Não há. 
Medidas de eliminação: Doses repetidas de carvão ativado ou resina de colestiramina podem ser administradas para
evitar a recirculação entero-hepática. 
Sintomáticos
Benzodiazepínicos para controlar convulsões;
Arritmias ventriculares podem responder a beta-bloqueadores como propranolol ou esmolol;
Antibioticoterapia em caso de broncopneumonia aspirativa.
 Vigilância: Os casos suspeitos de intoxicação devem ser notificados, de acordo com Portaria MS/GM nº 204 de 17
de fevereiro de 2016 na Ficha de Investigação de Intoxicação Exógena-FIIE. Ver anexos I e II; 
 Se intoxicação confirmada, preencher campo 66 da FIIE como:
 Efeito tóxico de inseticidas halogenados - T60.1 
INSETICIDAS PIRETRÓIDES
São um grupo de inseticidas sintéticos derivados das piretrinas naturais, que são extraídas das flores de crisântemo.
De acordo com a sua estrutura química, podem ser dividos em 2 grupos:
• Tipo I: não possuem o grupo ciano. A maioria produz a síndrome T, caracterizada por tremores em experimentos
com ratos; 
• Tipo II: possuem um grupo ciano, o que aumenta muito a neurotoxicidade em animais e insetos e tende a produzir
a síndrome CS em estudos com animais, que cursa com coreoatetose e salivação. 
Mecanismo de efeitos tóxicos: Atuam diretamente nos axônios prolongando a despolarização do canal de sódio,
levando a uma hiperexcitação do sistema nervoso; Em concentrações altas, os piretróides do tipo II ligam-se aos
receptores do GABA bloqueando os canais de cloro e sua ativação o que também leva a uma hiperexcitabilidade do
SNC. 
Dose Tóxica: Varia de acordo com o princípio ativo; A dose oral tóxica em mamíferos é superior a 100 a 1000 mg/
Kg. A dose oral aguda potencialmente letal é de 10 a 100 g; • Observar que produtos de uso domestico e
medicamentos contendo piretroides tem baixa concentração, enquanto produtos de uso agrícola, veterinário e
clandestinos contem maiores concentrações do princípio ativo. 
Farmacocinética
Absorção: Absorvido por via oral e inalatória; sendo observados efeitos sistêmicos após exposições maciças. Os
piretroides não são compostos voláteis, e a toxicidade pulmonar é devido ao solvente utilizado como veículo; Pouco
absorvido pela pele, no entanto podem atingir as terminações nervosas periféricas.
Distribuição: Piretrinas e piretroides são lipofílicos e portanto rapidamente distribuídos ao SNC. 
Metabolismo: Rapidamente metabolizados a produtos menos tóxicos que as substâncias originais pelo sistema
enzimático CYP450, portanto não se acumulam no organismo. 
Eliminação: Os compostos originais e seus metabólitos são eliminados na urina em 12 a 24 horas.
 Não há evidência que tenham recirculação. 
Manifestações Clínicas: Tontura, salivação, cefaléia, vômitos, irritabilidade, sintomas de sensibilização e
fenômenos alérgicos semelhante a quadros de rinite ou asma, pneumonite e broncoespasmo; 
- Sintomas neurológicos são incomuns, porém existem relatos de convulsões e neuropatias complexas associadas à
ingestão de doses elevadas; 
- Sensações de formigamento e queimação podem ocorrer em áreas da pele em contato direto com o inseticida.
Diagnóstico 
Clínico: Baseado na história de exposição aos agentes e exame clínico. 
Complementar: Laboratorial específico: Não há.
Laboratorial geral: hemograma, glicemia, funções hepática e renal, gasometria, eletrólitos, ECG, CPK. 
Diagnóstico diferencial: É menos importante quando o produto é claramente citado pelo paciente, familiares e/ou
equipe de atendimento pré-hospitalar;
Com outras intoxicações: Solventes, depressores do SNC e substâncias irritantes de pele, mucosas; 
Com outras condições: Outras causas de alterações do SNC, pulmonares e de hipersensibilidade.
Tratamento
 Suporte
 Desobstruir vias aéreas e administrar oxigênio suplementar quando necessário; 
 Monitorizar sinais vitais; 
 Manter acesso venoso calibroso; 
 Hidratação adequada; CABD quando indicado. 
Descontaminação 
Indica-se lavar a pele ou cabelos com quantidades abundantes de água e utilizar sabão neutro, se possível em banho
de chuveiro. Os atendentes devem utilizar luvas e proteção para evitar contato com secreções e roupas
contaminadas.Em pacientes que apresentem exposição ocular, fazer lavagem com SF 0,9%; 
 Em caso de ingestão de grande quantidade de piretroidetipo 2, realizar lavagem gástrica precoce com SF 0,9% e
administrar dose única de carvão ativado, desde que o diluente não seja um solvente derivado de petróleo. 
Antídoto Não há.
Medidas de eliminação Não indicadas. 
Vigilância Os casos suspeitos de intoxicação devem ser notificados, de acordo com a Portaria MS/GM nº 104 de 17
de fevereiro de 2016 na Ficha de Investigação de Intoxicação Exógena-FIIE. Ver anexos I e II; 
Se intoxicação confirmada, preencher campo 66 da FIIE como: º Efeito tóxico de outros inseticidas - T60.2 
______________________________________________________________________________________________
1. INTOXICAÇÃO, TOXICIDADE E AGENTE TÓXICO
 Toxicologia
 Ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações de substâncias químicas com o organismo. 
 Tipos: Clínica, Química, Experimental, Forense, Social, Profilático, Industrial, Ambiental, Veterinária, Alimentar
e Ocupacional. 
 Agente tóxico
 Entidade química capaz de causar dano a um sistema biológico, alterando uma função ou levando-o à morte, sob
certas condições de exposição. 
 Podem ser classificados quanto a:
→ Características físicas : 
→ Características químicas : halogêneos, produtos ácidos e alcalinos, hidrocarbonetos alifáticos,
hidrocarbonetos aromáticos e metais pesados. 
→ Tipo de ação tóxica :
- Neurotóxicas: quando atuam no sistema nervoso. 
- Hepatotóxicas: quando atuam no fígado. 
- Nefrotóxicas: quando atuam nos rins. 
 Toxicidade
 Capacidade inerente e potencial do agente tóxico de provocar efeitos nocivos em organismos vivos. 
 DL50: dose letal média de uma substância – grau de toxicidade aguda de substâncias químicas. 
 Fatores que influenciam na toxicidade:
→ Propriedades físico-químicas do agente químico.
→ Estado do organismo (fatores genéticos, imunológicos, estado nutricional, sexo, idade).
→ Exposição (via de introdução, dose, concentração, frequência).
→ Ambiente (temperatura, luz, umidade). 
 Ação tóxica
 Maneira pela qual um agente tóxico exerce sua atividade sobre as estruturas teciduais. 
 Antídoto 
 Agente capaz de antagonizar os efeitos tóxicos de substancias. 
 Efeitos tóxicos 
 Interação de agentes químicos
- O efeito de uma substância altera o efeito da outra. 
- Pode ocorrer em qualquer das fases de exposição da substância no nosso organismo. 
- Tipos de interação:
→ Efeito aditivo : soma dos efeitos de cada agente de forma isolada. 
→ Efeito sinérgico : os efeitos combinados de dois produtos químicos são muito maiores do que a soma dos
efeitos isolados. 
→ Potenciação : substância tóxica tem seu efeito aumentado por outra não toxica. 
→ Antagonismo : duas substâncias administradas em conjunto interferem uma com a outra.
- Antagonismo funcional: duas substâncias químicas produzem efeitos opostos sobre a mesma função
fisiológica.
- Antagonismo químico ou inativação: uma reação química entre dois compostos produz um produto final
menos tóxico.
- Antagonismo disposicional: absorção, distribuição, biotransformação ou excreção de uma substância
química é alterada – concentração e/ou a duração da permanência do produto químico no órgão-alvo são
diminuídos.
- Antagonismo de receptores: duas substâncias que se ligam ao mesmo receptor produzem um efeito menor
quando administradas em conjunto do que quando são somados seus efeitos de maneira separada, ou quando
um produto químico antagoniza o efeito do outro. São considerados bloqueadores. 
 Relação dose-resposta
- Relaciona as características de exposição a um agente e seu espectro de efeitos.
- Do ponto de vista prático, existem dois tipos de relações dose-resposta: 
→ Relação dose-resposta individual : descreve a resposta de um organismo individual a diferentes doses de uma
substância química, muitas vezes referida como uma resposta “graduada”, porque o efeito medido é
contínuo entre intervalos de doses. 
→ Relação dose-resposta quântica : caracteriza a distribuição de respostas diante de doses diferentes em uma
população de organismos individuais.
 Intoxicação
 Processo patológico que pode ser causado por uma substância exógena ou endógena – desequilíbrio fisiológico
no organismo – alterações biológicas. 
 Esse processo é evidenciado por sinais e sintomas ou mediante exames laboratoriais. 
o Intoxicação aguda 
- Decorre de um único contato ou múltiplos contatos com o agente tóxico, em um período de aproximadamente
24 horas. 
- Os efeitos surgem de imediato ou no decorrer de alguns dias – máximo de 2 semanas. 
o Intoxicação sub-aguda ou sub-crônica
- Exposições repetidas a substâncias químicas.
- Ocorre por exposição moderada ou pequena a produtos altamente tóxicos ou medianamente tóxicos e tem
aparecimento mais lento. 
- Os sintomas são subjetivos e vagos, tais como dor de cabeça, fraqueza, mal-estar, dor de estômago e sonolência,
entre outros.
o Intoxicação crônica
- Decorre de uma exposição prolongada a doses cumulativas do toxicante ou agente tóxico, em um período
prolongado – 3 meses a anos.
 Fases da intoxicação 
o Exposição
- Fase em que as superfícies externa ou interna do organismo entram em contato com o toxicante. 
- Importante considerar a via de introdução, a frequência, a duração da exposição, as propriedades físico-
químicas, a dose ou a concentração e a susceptibilidade individual. 
o Toxicocinética
- Relacionada ao movimento dos agentes tóxicos dentro do organismo, desde a sua absorção até a sua eliminação.
- Absorção: meio esterno – circulação sistêmica – via dérmica, respiratória ou digestiva. 
- Distribuição: distribuição do tóxico pelo organismo – é maior em locais mais vascularizados (proteínas
plasmáticas, fígado e rins, tecido ósseo e placenta).
- Biotransformação: mecanismo de defesa do corpo – promove alterações químicas ou estruturais nas substâncias
dentro do organismo para diminuir ou cessar sua toxicidade e facilitar a excreção – ocorre principalmente no
fígado. 
- Excreção: urina, bile, fezes, ar expirado, leite, suor ou outras, inalterados ou modificados quimicamente. 
o Toxicodinâmica
- Interação entre as moléculas do toxicante e os sítios de ação, específicos ou não, dos órgãos – aparecimento de
desequilíbrio homeostático.
- Quando as toxinas não são excretadas, permanecem na circulação e se ligam a receptores. 
o Clínica
- Fase em que há evidências de sinais e sintomas, ou ainda alterações patológicas detectáveis mediante provas
diagnósticas. 
- Caracterizada pelos efeitos nocivos provocados pela interação do toxicante com o organismo. 
2. VIAS DE INTOXICAÇÃO
 As principais vias de exposição de agentes tóxicos no organismo são:
→ Dérmica : tópica, percutânea. 
→ Oral : gastrintestinal, ingestão. 
→ Respiratória : pulmonar, inalação. 
 Outras vias: intramuscular, intravenosa e subcutânea – respostas de maior efeito. 
 Ordem de eficácia das vias:
 Inalação > intraperitoneal > subcutânea > intramuscular > intradérmica > oral > dérmica.
 O material no qual o produto químico está dissolvido, e outros fatores de formulação podem alterar
significativamente a absorção. 
 A via de administração pode influenciar a toxicidade dos agentes (Ex.: um agente que atua sobre o SNC e que é
de maneira eficiente detoxificado no fígado, seria menos tóxico se administrado por via oral, porque quase a
totalidade da dose por via oral passa pelo fígado antes de atingir a circulação sanguínea). 
 Via dérmica 
 Pele: epiderme (camada mais externa – estrato córneo – barreira limitante de absorção) + derme (camada mais
interna). 
 A pele é impermeável à maioria dos íons e soluções aquosas; mas é permeável a muitos toxicantes sólidos, gases
e líquidos lipossolúveis. 
 Algumas substâncias atuam diretamente sobre a pele – efeitos deletérios na epiderme – corrosão, sensibilização
e até mesmo mutações gênicas – efeitos locais ou sistêmicos. 
 As substâncias de elevado coeficiente de partição óleo/sal são absorvidas com maior facilidadepor difusão
lipídica, através do estrato córneo. 
 Em menor escala, passam pelos folículos pilosos e canais de glândulas sudoríparas. 
 Substâncias de maior reação com a via dérmica: solventes orgânicos – contaminação acidental em contato com a
pele ou aderidos às roupas. 
 A absorção depende de fatores, como: tempo de exposição, pH da pele, umidade ambiental e formulação do
produto. 
 Via respiratória 
 Inalação de substâncias químicas através do ar, que pode ou não estar contaminado com outras substâncias. 
 Principal via das intoxicações industriais. 
 Nem tudo o que é inalado é absorvido pelo sangue – sistema de filtração do nariz (pelos) e trato respiratório
superior (mucosa, cílios vibráteis) – impedem que grandes partículas penetrem no organismo e atinjam os
pulmões. 
 Partículas pequenas são inaladas – podem ser depositadas em vários tecidos ou órgãos. 
 O organismo é capaz de emitir sinais de alarme quando ocorrem riscos: odor, tosse e irritação no nariz. 
 Via oral
 Pode ser acidental (água e alimentos contaminados) ou voluntária (ato suicida e ingestão de drogas em
indivíduos dependentes). 
 É a principal via de administração de medicamentos, que podem causar efeitos adversos. 
 A absorção pode ocorrer no estômago ou intestino – dependente da variação do pH, irrigação, características
anatômicas e propriedades físico-químicas do agente toxico. 
 Por esta via, a absorção é dependente da composição alimentar – presença de alimentos pode alterar o tempo de
esvaziamento gástrico e a motilidade gastrintestinal, influenciando também a velocidade e a quantidade de
absorção do agente. 
 Outras vias 
 Vias parenterais – quando são administrados diretamente na corrente sanguínea, produzem efeitos maiores
efeitos. 
 Utilizadas na terapêutica e pelos dependentes de drogas do tipo cocaína e heroína. 
(Fundamentos de Toxicologia – 2008)
3. CLASSIFICAÇÃO DA INTOXICAÇÃO
 Pode ser leve, grave ou moderado, de acordo com a toxidade, tempo de absorção e excreção.
→ Leve : cefaleia, irritação cutâneo-mucosa, dermatite de contato irritativa ou por hipersensibilização, náusea e
discreta tontura.
→ Moderada : cefaleia intensa, náusea, vômitos, cólicas abdominais, tontura mais intensa, fraqueza
generalizada, parestesia, dispneia, salivação e sudorese aumentadas.
→ Grave : miose, hipotensão, arritmias cardíacas, insuficiência respiratória, edema agudo de pulmão,
pneumonite química, convulsões, alterações da consciência, choque, coma, óbito. 
(Princípios e Áreas da Toxicologia)
4. ETIOLOGIAS DA INTOXICAÇÃO
 Acidental
 Exposição indesejável e inesperada, não-intencional. 
 São as mais correntes em pediatria – crianças intoxicam-se com medicamentos, substâncias cáusticas (ácidos ou
álcalis) ou domissanitários – descuido e imprudência dos adultos responsáveis. 
 Pode ocorrer no local de trabalho – exalação de monóxido de carbono em cozinhas e calefações. 
 Alimentação – alimentos venenosos que contêm toxinas naturais, contaminação extrínseca ou consumo de
algumas sementes altamente tóxicas (pinhão-bravo). 
 Picada de animais peçonhentos – serpentes, escorpiões, aranhas, lacraias ou lepidópteros. 
 Tintas de roupas e sapatos – absorvidos pela pele. 
 Produtos químicos – xampus pediculocidas a base de piretróides – absorção e toxicidade são amplificados em
virtude de lesões provocadas pelo repetido ato das crianças de coçar a cabeça com as unhas. 
 Utilização indiscriminada do acaricida tóxico NEOCID – consagrado como potente ectoparasiticida –
lipossolúvel – penetração pela pele. 
 Medicamentos – principalmente na faixa etária de 1 a 4 anos de idade. 
 As toxinas, os venenos e as substâncias nocivas podem ingressar em nosso organismo por qualquer via – muitas
vezes o paciente ou seus familiares não percebem, nem previnem. 
 Há intoxicações acidentais sutis – geram problemas a saúde em longo prazo – difícil diagnóstico. 
 Iatrogênica
 Quadros clínicos causados por tratamentos e terapias farmacológicas, especialmente as não prescrita. 
 Sensibilidade individual – alergias. 
 Tratamento errôneo. 
 Superdosagem de medicamentos – farmacoalergias. 
 Ocupacional
 Contato contínuo com substâncias tóxicas no trabalho. 
 Pequenas indústrias estabelecidas no próprio lar. 
 Averiguar com o intoxicado a natureza das atividades profissionais, para determinar a causa. 
 Suicida
 Cuidado com o quadro clínico e psicossocial. 
 Através de medicamentos, agrotóxicos ou raticidas. 
 Centros de Assistência ao Suicida – reabilitação daqueles que tentaram o auto-extermínio. 
 Violência
 Homicídios e maus tratos.
 Crime mediante o uso de tóxicos. 
 Endêmica 
 Água, ar e alimentos: metais, poeiras, resíduos. 
 Social
 Toxicomanias: tabaco, álcool, maconha, cocaína, crack. 
 O diagnóstico clínico deve ser feito segundo a pessoa e não conforme a droga. 
 Existência de uma dependência entre o enfermo (toxicomaníaco) e o tóxico. 
 Esta relação produz euforia, hábito, costume e determina a síndrome de abstinência quando o organismo do
viciado se priva do tóxico. 
 Entretanto, a marca principal de uma toxicomania é a mudança de personalidade – despersonalização. 
 Toxicômanos: alcoólatras, fumantes inveterados, os habituados aos barbitúricos e às anfetaminas. 
 Tratamento especial – equipe multiprofissional – perda lenta e progressiva do hábito de consumir a droga –
desintoxicação. 
 Inalação de cole
 Genética
 Falhas genéticas que provocam deficiências enzimáticas, tornando o indivíduo incapaz de metabolizar certas
substâncias. 
 Esportivas
 Doping – dopagem bioquímica comum em atletas. 
 Ambiental
 Gases e vapores industriais, transporte de cargas químicas, contaminações da água e alimentos.
 Rurais 
- Defensivos agrícolas, plantas tóxicas, animais peçonhentos e intoxicações endêmicas. 
- Perigo ao trabalhador e família – contato direto e indireto com substâncias tóxicas. 
- Orientação sobre o correto manuseio. 
 Urbana 
- Poluição urbana. 
- Poluição oxidante (tipo "Los Angeles”) – principal fonte são os veículos automotores. 
- Redutora ("Londres") – queima de materiais para a produção de calor. 
- Em ambos os casos as consequências sobre o ser humano são expressivas, pois apesar de geralmente não muito
graves, atingem proporção considerável da população. 
- Os principais agentes químicos envolvidos são o CO, óxidos de enxofre e de nitrogênio, hidrocarbonetos e ozônio.
 Tentativa de aborto/abortamento
 Todo caso suspeito de intoxicação de gestantes decorrente do uso de produto e/ou substância química com a
intenção de provocar abortamento. 
(Manual de Vigilância - Programa Municipal de Prevenção e Controle das Intoxicações – 2012) 
5. AGENTES TÓXICOS – EPIDEMIOLOGIA 
 Epidemiologia 
 Agente tóxico envolvido: medicamentos > drogas de abuso > alimentos e bebidas > produtos de uso domiciliar >
raticidas > agrotóxicos agrícolas > produtos químicos > outros > agrotóxicos domésticos > produtos veterinários
> cosméticos > plantas tóxicas > metais. 
 Faixa etária: 20-39 > 40-59 > 15-19 > 1-4 > 10- 14 > 5-9 > menor de 1 ano > 60-64 > 70-79 > 65-69 > maior
que 80 anos. 
 Sexo: feminino > masculino. 
 Região de notificação: SE > NE > Sul > CO > Norte. 
 Circunstância: tentativa de suicídio > acidental > abuso > uso habitual > ingestão de alimentos > automedicação
> uso terapêutico > erro de administração > ambiental > tentativa de aborto > prescrição médica. 
 Estima-se que 60% das tentativas de suicídio no Brasil são por ingesta abusiva de medicamentos e 20% por
venenos e agrotóxicos, sobrando o restante apenas com cortes e perfurações. 
 Medicamentos
 Tipo mais frequente de intoxicações do mundo, inclusive no Brasil. 
 Benzodiazepínicos, antigripais, antidepressivos e anti-inflamatórios são as classes de medicamentos que mais
causam intoxicações no Brasil. 
 Costuma ocorrer em crianças e em tentativas de suicídio. 
 Domissanitários Produtos de composição e toxidade variada, responsável por muitas intoxicações. 
 Alguns são produzidos ilegalmente em casa e comercializados. 
 Geralmente têm altas concentrações – intoxicações maior frequência e de maior gravidade. 
 Inseticidas de uso doméstico
 São pouco tóxicos quando usados de forma adequada. 
 Pode causar alergias e envenenamento, principalmente em pessoas mais sensíveis. 
 A desinsetização em ambientes domiciliar, comercial e hospitalar por pessoas não capacitadas pode provocar
intoxicação no aplicador e moradores/trabalhadores. 
 Pesticidas de uso agrícola 
 Principais causas de registro de óbitos no Brasil –uso inadequado e tentativas de suicídio. 
 Raticidas 
 No Brasil, só são autorizados os raticidas à base de anticoagulantes cumarínicos. 
 São grânulos ou iscas, pouco tóxicos e mais eficazes que os clandestinos – matam os ratos e eliminam as
colônias. 
 Utilização de produtos altamente tóxicos, proibidos para uso doméstico – envenenamentos graves e óbitos. 
 Animais peçonhentos 
 Grupo de maior risco de casos registrados no Brasil. 
 Programa Nacional de Controle de Acidentes por Animais Peçonhentos do Ministério da Saúde.
 Produtos químicos industriais
 Solventes: tiner, querosene, tricloroetileno, benzeno, tolueno e cetonas.
 Gases tóxicos.
 Produtos de uso doméstico
 Cáusticos.
 Sabões e detergentes.
 Desodorizantes.
 Repelentes de insetos.
 Polidores de metal.
 Pilhas e baterias.
 Derivados de petróleo de uso doméstico.
 Tintas, vernizes e lacas.
 Colas e adesivos.
(Toxicologia no Âmbito Farmacêutico – 2014)
6. AÇÃO DESENCADEADA PELA INTOXICAÇÃO
 Os agrotóxicos podem ter vários efeitos sobre a saúde humana, dependendo da forma e tempo de exposição e do
tipo de produto por sua toxicidade específica. 
 Os agrotóxicos que mais causam preocupação, em termos de saúde humana, são os inseticidas organofosforados,
carbamatos, os piretróides e os organoclorados. 
 Organofosforados
 Junto com os carbamatos, representam a maior causa de mortalidade por intoxicações nas áreas rurais. 
 Apresentam, em geral, a seguinte estrutura: 
 X é o grupo que se separa do composto quando os OF fosforilam a enzima acetilcolinesterase (AChE) – local
mais sensível à hidrólise. 
 R1 e R2 são comumente grupos alcóxi, embora possam existir outros grupos substituintes. 
 Podem estar ligados por dupla ligação ao fósforo tanto um átomo de oxigênio (O) quanto um de enxofre (S). 
 A partir de diferenças químicas, os OFs podem ser divididos em diversas subclasses: fosfatos, fosforotioatos,
fosforamidatos e fosfonatos. 
 Biotransformação
- Todos os compostos com ligação P=S necessitam de ativação metabólica para que sua atividade biológica se
manifeste – apenas os compostos com ligações P=O são inibidores da acetilcolinesterase (AChE). 
→ Dessulfuração oxidativa : formação de um “oxon” ou oxigênio análogo ao inseticida de origem; 
→ Oxidação tioéter : formação de sulfóxido (S=O) seguida de formação de sulfona (O=S=O). 
→ Ambas catalisadas pela enzima do citocrome P450. 
 Como o OF é inibidor da AChE, ocorre acúmulo de ACh na sinapse – estimulação exacerbada dos receptores
colinérgicos muscarínicos e nicotínicos – síndrome colinérgica).
 Fosforilam a hidroxila no sitio esterásico ativo da serina na AChE, impedindo sua função. 
 AChE pode “envelhecer” e se tornar inibido de forma irreversível.
 Inibem também a butirilcolinesterase ou pseudocolinesterase (PChE) que quebra a ACh. 
 Manifestações clínicas 
o Síndrome colinérgica
- Glândulas exócrinas (M): sudorese e salivação.
- Olhos (M): miose e visão turva. 
- Sistema digestório (M): cólicas abdominais, vômitos, diarreia, motilidade gastrintestinal aumentada.
- Sistema respiratório (M): grave secreção bronquial, broncoconstrição. 
- Bexiga (M): frequência urinária, incontinência. 
- Sistema cardiovascular (M): bradicardia, hipotensão. 
- Sistema cardiovascular (N): taquicardia, hipertensão passageira.
- Bradicardia/taquicardia, midríase/miose: podem ocorrer por meio de efeitos competidores devidos ao estimulo
das vias simpáticas e parassimpáticas. 
- Musculatura esquelética (N); fasciculações musculares, espasmos, fraqueza generalizada. 
- SNC (M e N): tontura, letargia, fadiga, confusão mental, cefaleia.
o Síndrome intermediária
- Ocorre durante o processo de recuperação do quadro colinérgico. 
- Fraqueza respiratória da musculatura proximal dos membros e pescoço. 
- Mortalidade de 15-40%.
o Polineuropatia retardada induzida por organofosforado (NRIOP)
- Formigamento de pés e mãos com perda sensorial, fraqueza muscular progressiva, flacidez muscular distal,
ataxia.
- Podem aparecer em 2-3 semanas após exposição aguda.
- Inibição da esterase-alvo das neuropatias (NTE), enzima dos tecidos nervosos.
o Efeitos crônicos
- Animais em exposição continua com baixas doses, mas que inibem a AChE, sem presença de sinais
colinérgicos, podem desencadear tolerância aos efeitos colinérgicos.
- Substâncias altamente lipofílicas são armazenadas no tecido adiposo, com potencial prolongado de toxicidade. 
 Tratamento
- Via dérmica: retirar roupas contaminadas e lavar com sabão alcalino.
- Via TGI:
→ Carvão ativado via oral (até 60 minutos após a ingestão e se o risco de intoxicação justifica o uso do carvão),
lavagem gástrica ou aspiração do conteúdo caso de ingestão moderada.
→ Uso de atropina intravenosa (antagonista do receptor muscarínico) previne o efeito acumulativo da ACh.
→ Diazepam (↓ ansiedade e fasciculações musculares e controle de convulsões, em casos graves).
→ Reativador enzimático pralidoxima: reativa as AChE antes do “envelhecimento” – benefícios inconclusivos.
- Antídoto: atropina. 
 Carbamatos
 Derivados do ácido carbâmico. 
 Toxicidade oral aguda varia de leve a grave.
 São menos perigosos com relação à exposição humana do que os organofosforados.
 Biotransformação
- Hidrólise e oxidação, inibindo a AChE, rapidamente reversível.
- As enzimas AChE não “envelhecem” e não há inibição das NTE, não havendo NRIOP.
- A enzima carbamilada é instável e a regeneração da acetilcolinesterase é relativamente rápida quando comparada
com a enzima fosforilada. 
 Manifestações clínicas 
- Síndrome colinérgica: semelhante aos OFs.
- Miose, diurese, diarreia, salivação, fasciculações musculares e efeitos no SNC.
- Os efeitos no SNC são menos acentuados – esses compostos têm mais dificuldade em atravessar a barreira
hematoencefálica.
- A dose necessária para provocar a morte e a dose necessária para determinar poucos sintomas de intoxicação é
substancialmente ampla para compostos carbamatos do que com os compostos organofosforados. 
 Tratamento
- Antídoto: atropina (previne acúmulo de ACh) – reverte efeitos muscarínicos e penetra no SNC. 
 Piretroides
 Alta atividade inseticida, toxicidade relativamente baixa em mamíferos, de nenhuma persistência no ambiente e
baixa tendência em induzir resistência em insetos.
 Representa 25% dos inseticida.
 Intoxicação aguda em humanos é rara.
 Rapidamente biotransformados
- Hidrólise da ligação éster (carboxiesterases plasmáticas e hepáticas) e oxidação da ligação alcoólica (citocromo
P450).
- Tipo I: interrompem os canais de sódio voltagem-dependentes, ligam-se a subunidade α do canal de sódio e ↓
ativação (abertura) e inativação (fechamento) – estado estável de hiperexcitação.
- Tipo II: ligam-se e inibem os receptores GABA – bloqueiam canais de Cl.
 Manifestações clínicas 
- Tipo I (síndrome T): comportamento agressivo, aumento da susceptibilidade a estímulos externos, tremores por
todo o organismo e prostração.
- Tipo II (síndroma CS): comportamento animal (patadas, escavar), hipersialorreia, tremores fortes, coreoatetose,
convulsões clônicas.
- Dérmico: parestesia, eritema, formigamento continuo ou ardor, em casos graves.
- Reações anafiláticas (broncoespasmo, edema orofaríngeo e choque) em indivíduos hipersensíveis.
 Tratamento
- Não existem antídotos específicos.- Lavar pele com água e sabão.
- Vitamina E: alívio da parestesia.
- Carvão ativado em casos adequados (adsorve a substancia tóxica, diminui a motilidade intestinal) e lavagem
gástrica são suficientes. 
 Organoclorados
 Toxicidade aguda moderada (< que dos OFs).
 Poder de bioacumulação.
 Poder carcinogênico.
 Derivados do etanoclorados: 
o DDT
- Toxicidade oral aguda moderada e absorção dérmica limitada. 
- Sinais agudos: agitação motora, aumento da frequência de movimentos espontâneos, hipersuscetibilidade a
estímulos externos (luz, sons, toque); tremores leves e convulsões tônico-clônicas.
- Sinais crônicos: fígado é órgão-alvo, pois DDT e DDE aumentam o peso do fígado e causam hipertrofia e
necrose nas células hepáticas.
- Ação: nos insetos e em mamíferos.
- DDT interfere nos canais de Na, na membrana axonal, semelhante ao tipo I dos piretroides.
- Biotransformação: DDT → DDE e DDD.
o Ciclodienos e Hexaclorociclohexanos
- Ação neurotóxica.
- Rapidamente absorvidos pela pele.
- Órgão-alvo: SNC.
- Convulsões proeminentes (compostos se ligam a sítios ligantes de picrotoxina nos canais de sódio, bloqueiam
sua abertura e antagonizam a ação inibitória do GABA).
 Tratamento
- Não existe antídoto, pode ser usada clorastinamina (inibe secreção de ácidos biliares, diminui absorção intestinal e
aumenta excreção fecal); carvão mineral, lavagem gástrica, laxantes. 
(Fundamentos em Toxicologia – Lange)
 
7. SÍNDROMES TOXICOLÓGICAS
 Grupos de sinais e sintomas muito característicos que podem ser produzidos por doses tóxicas. 
 Muitas vezes pode-se ter um quadro clínico misto. (Ex.: um paciente intoxicado por um antidepressivo tricíclico
pode apresentar manifestações anticolinérgicas, depressão neurológica e convulsões). 
 Síndrome colinérgica 
 Resulta da estimulação excessiva dos receptores da acetilcolina – inibição da acetilcolinesterase (degrada a
acetilcolina) ou estimulação direta dos receptores da acetilcolina.
 A acetilcolina é o neurotransmissor em:
→ Todas as terminações nervosas autonômicas pré-ganglionares (receptores nicotínicos). 
→ Todas as terminações parassimpáticas.
→ Algumas terminações nervosas simpáticas pós-ganglionares (receptores muscarínicos). 
→ Junção neuromuscular (receptores nicotínicos). 
→ Algumas sinapses do SNC.
 Inibidores da acetilcolinesterase
- Praguicidas carbamatos e organofosforados. 
- Armas químicas de organofosforados (sarin, soman e tabun). 
- Fisostigmina, neostigminae piridostigmina. 
 Estimulantes dos receptores da acetilcolina
- Arecolina, betanecol, carbacol, colina, metacolina, alguns cogumelos. 
 As manifestações clínicas de atividade colinérgica excessiva podem ser divididas em efeitos muscarínicos,
nicotínicos e centrais. 
 A gravidade relativa destes efeitos difere entre casos individuais.
 Efeitos muscarínicos: resultantes da hiperatividade parassimpática – bradicardia. 
 Efeitos nicotínicos: resultantes da hiperatividade simpática – taquicardia. 
 A gravidade e a duração da síndrome dependem do agente responsável e da dose. 
 Síndrome anticolinérgica
 Resultante do antagonismo da acetilcolina nos receptores muscarínicos.
 Principais agentes/causas
- Anti-histamínicos (especialmente Brometazina, Trimeprazina, Dimenidrinato). 
- Drogas antiparkinsonianas (Benzatropina, Biperideno, Orfenadrina, Prociclidina). 
- Agentes antiespasmódicos (Clidinium, Glicopirrolato, Propantelina). 
- Alcalóides da Belladonna (extrato de Belladonna, Atropina, Hioscina, Sulfato L-Hiosciamina, Brometo de
escopolamina). 
- Antidepressivos cíclicos. 
- Cicloplégicos oftalmológicos (Ciclopentolato, Homatropina, Topicamida).
- Neurolépticos fenotiazínicos. 
- Plantas contendo alcalóides anticolinérgicos (Atropa belladonna, Brugmansia spp, Cestrum spp, Datura spp,
Hyoscyamus niger, Solanum spp) – principalmente os derivados tropânicos (alcalóides de plantas solanaceas e
drogas relacionadas). 
 Manifestações 
- Sinais e sintomas centrais anticolinérgicos: alteração mental ou de consciência, desorientação, delírio, alucinações,
agitação, comportamento violento, sonolência, coma, depressão respiratória central e raramente convulsões.
- A síndrome anticolinérgica periférica inclui: hipertermia, midríase, membranas e mucosas secas, pele vermelha,
quente e seca, vasodilatação periférica, taquicardia, diminuição da motilidade intestinal (às vezes íleo paralítico) e
retenção urinária.
- Rabdomiólise, choque cardiogênico e parada cardiorespiratória podem ocorrer excepcionalmente. 
- Pacientes com glaucoma podem sofrer um agravamento desta condição. 
- Pacientes com hiperplasia prostática benigna são particularmente mais susceptíveis à retenção urinária.
 Diagnóstico diferencial:
→ Síndrome de abstinência ao álcool. 
→ Delírio orgânico secundário (usualmente relacionado a sepsis). 
→ Doenças psiquiátricas. 
→ Drogas psicodélicas. 
- Muitas vezes o diagnóstico é complicado pelo fato de haver mistura de vários medicamentos, armazenados em casa
ao longo do tempo, ou até de outras substâncias domésticas e mesmo de drogas ilícitas.
 Síndrome simpaticomimética
 Resultante da estimulação da atividade simpática através de: 
→ Aumento de liberação de catecolaminas (anfetaminas).
→ Bloqueio da recaptação (cocaína). 
→ Interferência no metabolismo (inibidores da monoaminooxigenase - IMAO). 
→ Estimulação direta de receptor (adrenalina). 
 A síndrome simpaticomimética em intoxicações por abuso de substâncias psicoativas é um quadro de
emergência ou de urgência que leva à excitação do sistema nervoso central. 
 As substâncias causadoras da síndrome mimetizam as aminas biogênicas (adrenalina, serotonina e dopamina).
 Principais agentes simpatomiméticos
- Anfetaminas. 
- Ecstasy. 
- Cocaína. 
- Teofilina.
- Fenilpropanolamina. 
- Efedrina e pseudoefedrina. 
- Cafeína.
- Ácido lisérgico (LSD). 
 Manifestações 
- A forma adrenérgica da síndrome simpaticomimética é caracterizada por: taquicardia, hipertensão, hipertermia,
diaforese, hiperreflexia, midríase e palidez, podendo evoluir com distorções perceptuais, convulsões, alterações
paranoides do pensamento e baixa consciência. 
- As principais complicações são o infarto agudo do miocárdio, o acidente vascular encefálico, a insuficiência renal e
as arritmias fatais.
- A forma serotoninérgica da síndrome simpaticomimética é caracterizada por agitação, confusão, hipertermia,
taquicardia, diaforese, mioclonia e tremores, evoluindo progressivamente com hipertonia, convulsões, rabdomiólise,
coma e insuficiência renal.
 Síndrome serotoninérgica
 Resulta da estimulação excessiva de receptores serotoninérgicos centrais e periféricos. 
 O aumento da estimulação provocada pelo neurotransmissor 5-hidroxitriptamina (serotonina) pode ser devido
ao: 
→ Aumento da produção de serotonina – triptofano. 
→ Aumento da liberação da serotonina estocada – anfetamínicos (incluindo ecstasy), bromocriptina, cocaína,
L-dopa.
→ Diminuição da recaptação da serotonina pelo neurônio pré-sináptico – dextrometorfano, nefazadona,
petidina (meperidina), inibidores seletivos da recaptação da serotonina – ISRS (fluoxetina, paroxetina e
sertralina), venlafaxina e antidepressivos tricíclicos. 
→ Inibição da monoaminooxidase (MAO) responsável pelo metabolismo da serotonina – moclobemida
(inibidor seletivo da MAO-A) e inibidores não-seletivos da MAO (isocarboxazida e iproniazida).
→ Estimulação do receptor pós-sináptico da serotonina – dietilamida do ácido lisérgico (LSD). 
→ Aumento da resposta pós-sináptica à estimulação causada pela serotonina – lítio.
 Manifestações
- Tríade de sintomas: disfunção autonômica, alterações neurológica e alterações mentais. 
- Nem todos esses achados estão presentes em todos os pacientes.
- O diagnóstico é sugestivo quando há manifestação de quatro ou mais sintomas em cada grupo descritos no quadro
abaixo.
Diagnóstico clínico da síndrome serotoninérgicaDisfunção autonômica Alterações neurológicas Alterações mentais
diaforese tremores alteração da consciência
diarréia vertigem agitação
febre hiperrreflexia hipomania
taquicardia sinusal mioclonia letargia
hiper ou hipotensão convulsões insônia
taquipnéia rigidez muscular alucinações
midríase reflexo de Babinski hiperatividade
rubor opistótono
cãibras abdominais ataxia
sialorréia coma
calafrios
 Contudo, deve-se realizar diagnóstico diferencial com outras situações que possam apresentar manifestações
clínicas em comum. 
 O diagnóstico diferencial mais importante e provável refere-se à síndrome neuroléptica maligna (SNM), caso o
paciente iniciou o uso de agentes neurolépticos ou teve a dose aumentada antes do aparecimento dos sinais e
sintomas. 
 Deve-se ainda fazer exclusão entre síndrome anticolinérgica; intoxicação por carbamazepina; infecções do
sistema nervoso central; insolação; abstinência de etanol, opióides ou hipnótico-sedativos; overdose de
simpatomiméticos e intoxicação por lítio.
 Síndrome de depressão neurológica 
 Agentes
- Benzodiazepínicos, carbamazepina, barbitúricos, carisoprodol, zolpidem, derivados da imidazolina
(descongestionantes tópicos), antidepressivos tricíclicos, inibidores da acetilcolinesterase (principalmente
organofosforados), salicilatos, álcoois, monóxido de carbono, opióides naturais (heroína, morfina) e seus análogos
sintéticos (meperidina).
 Manifestações 
- Sonolência ao coma. 
- Hiporreflexia. 
- Miose. 
- Hipotensão. 
- Bradicardia. 
- Hipotermia.
- Edema pulmonar. 
 Síndrome extrapiramidal
 Resulta do bloqueio dos receptores dopaminérgicos. 
 Principais agentes
- Fenotiazínicos: clorpromazina – sedação, manifestações anticolinérgicas e autonômicas (distúrbios extrapiramidais
menos expressivos); tioridazina, trifluoperazina e flufenazina. 
- Butirofenonas: haloperidol. 
- Antieméticos: metoclopramida e bromoprida. 
 Manifestações 
- Quadro de hipertonia, espasmos musculares, sinal da roda denteada, catatonia, acatisia, crises oculógiras,
opistótono, distorções faciais, choro monótono, tics, torcicolo, postura bizarra e contrações dos membros superiores.
 Síndrome metemoglobinêmica
 Resultante da conversão excessiva da hemoglobina em metemoglobina, que é incapaz de se ligar e transportar
oxigênio. 
 Principais agentes 
- Anestésicos locais e tópicos.
- Sulfonamidas e sulfonas. 
- Dapsona. 
- Anilina e derivados.
- Cloroquina. 
- Fenazopiridina. 
- Nitroprussiato de sódio. 
- Nitritos/nitratos: diarreias bacterianas, solo e água contaminados. 
- Antineoplásico. 
- Metoclopramida. 
- Paracetamol. 
 Manifestações 
- Cianose.
- Taquicardia. 
- Astenia. 
- Irritabilidade. 
- Dificuldade respiratória. 
- Depressão neurológica. 
- Convulsões. 
 Síndrome narcótica
 Resulta de intoxicações por abuso de substâncias. 
 Situações de overdose de psicolépticos (especialmente de ataráxicos benzodiazepínicos), barbitúricos ou
opiáceos, intencional ou acidental, são os motivos mais comuns. 
 A síndrome leva à depressão do sistema nervoso central e se apresenta em duas formas distintas: a hipno-
sedativa e a opiácea. 
 A síndrome narcótica hipno-sedativa geralmente é causada por benzodiazepínicos, fenobarbital ou outros
sedativos. 
 A opiácea é causada por morfina, heroína, codeína, propoxifeno ou outros opioides.
 Manifestações 
- Depressão respiratória: hipoventilação e apeia.
- Depressão neurológica: sonolência, torpor e coma. 
- Convulsões: intoxicação por morfina, meperidina e propoxifeno. 
- Distúrbios psíquicos e sensoriais: euforia, disforia. 
- Miose puntiforme bilateral. 
- Calor, rubor facial ou prurido (liberação histamina).
- Náusea, vômito: retardo no esvaziamento gástrico e constipação. 
- Hipotensão arterial, taqui ou bradicardia, arritmia. 
(Toxicologia – UFRJ)
8. CONDUTAS TERAPÊUTICAS GERAIS 
 Coletar informações sobre os agentes tóxicos, tempo de exposição e via de intoxicação. 
 Avaliar os sinais vitais e manter os parâmetros adequadas, como ventilação mecânica, função cardíaca e estado
neurológico do paciente.
 Medidas de descontaminação:
 Nas intoxicações, geralmente, a descontaminação da vítima sempre será indicado. 
 O tipo de medida adotado varia com a via de exposição ao agente. 
 Descontaminação dérmica
 Rápida remoção de roupas e calçados contaminados.
 Lavar totalmente toda a área corporal atingida com água em abundância - chuveiro de descontaminação.
 O uso de sabão está indicado sempre que o agente contaminante for uma substância oleosa ou graxas e nas
picadas de animais.
 O uso de bucha é contra indicado.
 Não recolocar as roupas e calçados.
 Descontaminação ocular
 Irrigação dos olhos durante o tempo necessário até ausência de resíduos do agente tóxico.
 Tempo médio entre 10 a 15 minutos.
 Usar preferencialmente Solução Fisiológica a 0,9% ou água corrente limpa. 
 Descontaminação gástrica
 Lavagem gástrica.
 Medidas gerais:
 Êmese
 Uso de xarope de ipeca ou outro indutor de vomito, não sendo mais aceitável pelo risco de repetida exposição e
de aspiração. 
 Lavagem gástrica 
 Com poucas exceções, todos os pacientes intoxicados devem ser submetidos à sondagem nasogástrica e lavagem
do conteúdo gástrico.
 Em pacientes comatosos, deve-se ter o controle das convulsões e a proteção das vias aéreas, antes de se proceder
à lavagem gástrica. 
 As lavagens devem ser repetidas até que se obtenha líquido claro. 
 Contra-indicações
- Pacientes inconscientes – entubação endotraqueal prévia e depois introduzir sonda orogástrica. 
 *Escala de Reed:
- Paciente em convulsão.
- Ingestão de substâncias cáusticas. 
- Ingestão de produtos derivados do petróleo. 
- Crianças < 6 meses: indicação discutível, dependente do nível de toxicidade do agente.
- Ingestão de corrosivos (possibilidade de haver perfuração esofagogástrica).
- Ingestão de compostos hidrocarbonetos (possibilidade de pneumonite – se houver aspiração).
 Carvão ativado
 Posterior à lavagem gástrica. 
 Poucas exceções – as mesmas para a lavagem. 
 Efeito é maior dentro da primeira hora da intoxicação, mas é usada em todos os casos pela dificuldade em
determinar o intervalo. 
 Adsorção das substâncias tóxicas (até os já absorvidos) e ↓ da absorção sistêmica. 
 Há substâncias que o uso do carvão ativado deve ser em doses múltiplas (carbamatos e benzodiazepínicos). 
 É inefetivo contra alguns compostos (álcalis cáusticos, lítio, álcoois e sais de ferro). 
 Tem pouca efetividade contra organoclorados e digoxina.
 Possíveis complicações
- Vômitos, aspiração, constipação, abrasão ocular, obstrução intestinal e infecção respiratória.
 Laxativos
 Principal: manitol.
 É importante que seja associado ao carvão ativado, diminuindo a chance de absorção por reduzir o tempo em
contato com o TGI. 
 Medidas específicas para eliminação:
 Diurese forçada e alcalinização da urina
 Hiper-hidratação ou uso de diuréticos para aumentar depuração renal.
 Indicação: intoxicação grave por barbitúricos.
 Deve ser evitado em pacientes com insuficiência renal.
 Hemodiálise e hemoperfusão
 Pouco indicados e se mal indicados, podem causar maior morbidade.
 Indicado em casos graves, com dosagem sérica em níveis letais; álcoois, barbitúricos, lítio, mercúrio, chumbo.
 Antídotos e antagonistas
 Indicações precisas.
 Usados em doses adequadas, afim de não provocar nova intoxicação. 
(Intoxicações exógenas em clínica médica – 2003)
9. ÓRGÃOS DE NOTIFICAÇÃO E ORIENTAÇÃO PARA CASOS DE INTOXICAÇÃO
 Portaria nº 104/GM/MS, de 25 de janeiro de 2011
 Todos os casos suspeitos de intoxicação deverão ser notificados.
 Indivíduos expostos a substâncias químicas e que apresentem sinais e sintomas de intoxicação e/ou alterações
laboratoriais. 
 SINITOX
 O Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas (SINITOX), criado em 1980 pelo Ministério da
Saúde (MS), com sede na Fundação OswaldoCruz (FIOCRUZ).
 Coordena o processo de coleta, compilação, análise e divulgação dos casos de intoxicação humana registrados
no país, pela Rede Nacional de Centros de Controle de Intoxicações, Rede Sinitox.
 Ficha de notificação e de atendimento.
 Centros de informação
 Funcionamento 24h por dia.
 Entidades públicas.
 Atendimento telefônico ou presencial.
 Atendimento de casos humanos e animais.
 Centro de Informação e Assistência Toxicológica - CIAT
 Os Centros de Controle de Intoxicações funcionam em regime de plantão permanente, todos os dias do ano. 
 Prestação de informações aos profissionais de saúde, às instituições hospitalares e à população leiga, por
plantonistas supervisionados pelo corpo técnico do centro, através de telefone, fax, e-mail. 
 Centro de Controle de Intoxicações - CCI
 O CCI auxilia a estabelecer prioridades e a formular um plano de atendimento eficaz, além de fornecer
informações sobre qualquer antídoto.
 As ligações para os CCIs são gratuitas e o atendimento, funciona 24h por dia, com profissionais experientes e
devidamente treinados. 
 Ao ligar, é necessário passar para o atendente dados da vítima, para auxiliar no direcionamento do atendimento.
 CEATOX - Centro de Assistência Toxicológica
 Fornece informações específicas em caráter de urgência, a profissionais de saúde e população em geral, via
telefone, auxiliando no diagnóstico e tratamento.
 Formação de profissionais de saúde na área de toxicologia e farmacovigilância. 
 Analisa os casos de reações adversas a medicamentos, relatando-os posteriormente à OMS.
 Exerce atividade educativa através de cursos, aulas e palestras direcionados à população geral e a profissionais
da área de saúde.
 O curso de Toxicologia Clínica oferecido pelo CEATOX - SP é um evento anual, já em sua XVI edição. 
 Centro de Informação Anti-veneno – CIAVE

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