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Ebook - Crédito Rural

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JORNADA DA ADVOCACIA DO
CRÉDITO RURAL
Ebook - Resumo do Crédito Rural Página 03
ENCARGOS LEGAIS E ILEGAIS
NAS CÉDULAS RURAIS
 O crédito rural é um tipo de mútuo que tem como objetivo fomentar 
as atividades agropecuárias no nosso País. 
 Seu regramento compreende Legislação específica e regras próprias, 
consolidadas no MCR. Deve-se atentar para os encargos exigíveis na 
cédula que podem estar em desacordo com a legislação do crédito rural. 
1. JUROS
Juros remuneratórios: considerar aquele estabelecido no Plano Agrícola 
e Pecuário (PAP) do ano da contratação, não podendo, em caso de falta 
desse, ultrapassar o limite de 12% a.a. conforme determinação do C.M.N. 
 Juros de mora: são os juros legais devidos em caso de inadimplência. O 
Decreto Lei 167/67 em seu artigo 5º, §único, tratou diretamente da taxa, 
fixando-o em 1% a.a.
Regime de Juros: COMPOSTO OU SIMPLES: Nas cédulas de crédito rural 
não é permitido o REGIME DE JUROS compostos (exceto se EXPRESSA-
MENTE pactuado) também conhecido como anatocismo, onde há a inci-
dência de juros sobre juros no cálculo do quantum devido.
Capitalização dos Juros: Seguindo a linha de fomento ao crédito rural e 
sua função social, o entendimento de menor onerosidade ao tomador, a ca-
pitalização dos juros deve atentar o prazo semestral, conforme artigo 5º do 
DL 167/67.
 . 
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2. CRONOGRAMA DE
PAGAMENTO DO MÚTUO
 o pagamento do financiamento do crédito rural deve levar em consi-
deração o período de produção e comercialização dos bens produzidos. 
Veja-se o MCR, 3-2-25c.
3. CLÁUSULA DE
VENCIMENTO ANTECIPADO
 BASE LEGAL PARA DEFESAS: artigo 14, letra ‘e’ do Decreto 58.380/66
e artigo 50, V da Lei 8.171/91
 MCR: 2-6-2 / 2-6-4 / 2-6-7 / 3-2-25c
 O artigo 11 do DL 167/67, que faculta ao mutuante (financiador) a co-
brança do vencimento antecipado da cédula, vai de encontro ao que pres-
supõe o Instituto do Crédito Rural, isto porque a atividade apresenta riscos 
permanentes e tem como objetivo o fortalecimento da economia nacional, 
não podendo o mutuário ficar a mercê de eventual cobrança preliminar, 
quando a própria legislação assegura ao produtor rural o direito ao alonga-
mento das parcelas, em razão da natureza especial do financiamento rural
 Nas cédulas de crédito rural, ou títulos derivados de crédito rural, con-
soante DL 167/67, não se admite a cobrança da mesma (cobrança substi-
tutiva), isto porque tal dispositivo expressa quais os encargos de mora po-
derão incidir, ex: juros de mora de até 1% a.a..
5. CLÁUSULA DE
MULTA
 É obrigatório estar expresso no título a a cobrança da multa, caso 
contrário não poderá ser inserida no saldo devedor. Além disso, a multa não 
pode superar 2% do saldo devedor.
4. COMISSÃO DE
PERMANÊNCIA
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6. GARANTIAS VINCULADAS, REGISTROS
E O DIREITO DE SUBSTITUIÇÃO DAS
GARANTIAS ATRELADAS AS CCR E CCB.
 No que tange a definição das garantias atreladas as operações de 
mútuo rural, a legislação especial (art. 26 da Lei 4.829/65) reconhece a 
vinculação às normas complementares do CMN. Veja-se o MCR, 2- 3- 1 e 2 
-3 -1 tratando-se elas de: penhor, alienação fiduciária, hipoteca, aval ou 
fiança, entre outras admitidas pelo CMN.
 Vale ainda mencionar a recente instituição da Lei do Agro (Lei 
13.986/2020) incluiu uma nova modalidade de regime jurídico denominada 
patrimônio rural em Afetação, que consiste na possibilidade de 
segregação/separar imóvel rural em partes para posterior constituição de 
garantia em CIR (cédula imobiliária rural) que poderá ser utilizada para 
quaisquer modalidades de financiamentos, inclusive crédito rural.
Na CCB só é registrada a garantia em caso de hipoteca ou alienação 
fiduciária de bem imóvel. 
 O penhor rural, agrícola ou pecuário, industrial e comercial é registrado 
no RI, o penhor de direitos e de títulos de créditos, bem como de veículos, é 
registrado no cartório de Títulos e Documentos. Não se registra aditivo de 
substituição de garantia, deve-se cancelar a garantia anterior e 
registrar-se a nova. Veja-se MCR 2-3-23.
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7. ENCARGOS E CONDIÇÕES LEGAIS
NAS HIPÓTESES DE PRORROGAÇÃO
DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO RURAL:
 Tanto a legislação especial, como o MCR reconhece o direito do 
produtor rural a prorrogação das dívidas quando da ocorrência de eventos 
que alteram e impossibilitam a normal condução da atividade 
agropecuária. São eles (veja-se MCR 2-6-9): 
a) dificuldade de comercialização dos produtos; (Circ 1.536)
b) frustração de safras, por fatores adversos; (Circ 1.536)
c) eventuais ocorrências prejudiciais ao desenvolvimento das explorações. 
(Circ 1.536)
 A regra geral de incidência de encargos nas hipóteses autorizadoras 
de prorrogação prevê que os saldos devedores serão apurados com base 
nos encargos contratuais de normalidade, excluídos os bônus, rebates e 
descontos, sem o cômputo de multa, mora ou quaisquer outros 
encargos por inadimplemento ou honorários advocatícios 
denominado cronograma de pagamento do Mútuo Rural agropecuário. 
Veja-se MCR 3-2-25.
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OBSERVAÇÕES SOBRE
A ANÁLISE CONTRATUAL:
a) Ao contratar o financiamento, o Banco ou Instituição Financeira deve 
cumprir os requisitos que dizem respeito ao prazo para liberação do recurso 
que consta normatizado pelo CMN. É importante que a liberação dos recur-
sos estejam de acordo com os prazos necessários para desenvolvimento 
da atividade, por exemplo, a lavoura de soja e arroz possuem prazo de 
planta, caso o crédito seja liberado após a data, haverá perdas na produti-
vidade prejudicando o andamento da atividade. Art. 4 e 14 da Lei 
4.829/65, art. 50, IV da Lei 8.171/91 e art. 14 ‘e’ do Dec. 58.380/66.
 
b) Atentar para os casos em que se configura operação mata-mata, eis 
que, sendo o crédito rural operação com destino específico, não podem os 
valores liberados serem utilizados pelo Banco ou Instituição Financeira para 
pagamento de dívidas junto a Instituição. Haveria aí um desvio da finalidade 
na aplicação dos recursos. Ainda esta questão é relevante porque os cre-
dores inserem débitos de várias naturezas, ex. crédito rural, crédito pessoal, 
cartão de crédito, descaracterizando o crédito rural e firmando novo título 
fora dos parâmetros legais do crédito rural, trazendo ônus muito maiores ao 
financiado. Verificar art. 14 do Dec. 58.380/66 cc arts. 2º e 8º da Lei 
4829/65 e art. 48 da Lei 8171/91. 
c) Cobranças vinculadas ao título como tarifas, honorários e obrigatorieda-
de de contratação de seguro, que ficam vinculadas ao financiamento e na 
maioria das vezes descontadas da conta do mutuário devem ser avaliadas. 
Muitas vezes o seguro é atrelado a operação sem que o devedor tenha 
conhecimento, diante disso deixa de acionar o mesmo nos casos previstos 
na apólice que deveria lhe ser entregue. Importante a análise minuciosa do 
título. Art. 8º e 64 do DL 167/67. 
 . 
PRINCIPAIS DISPOSITIVOS
Lei 4.829/65
DL 58.380/66
DL 167/67
Lei 8.171/91
Manual de Crédito Rural

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