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Teoria da Pena “DA SANÇÃO PENAL E PENAS” Definição de Pena Pena: é a retribuição imposta pelo Estado em razão da prática de um ilícito penal e consiste na privação ou restrição determinada pela lei, cuja finalidade é a readaptação do condenado ao convívio social e a prevenção em relação à prática de novas infrações penais. TEORIAS DA PENA 1ª Abolicionismo penal: movimento para descriminalização e despenalização, evitando encarceramento, a pretexto de castigar ou promover a sua recuperação; 2ª Direito penal máximo: finalidade de punir a infração mínima a fim de não se tornar algo mais grave, sem haver limites para aplicação de penas; 3ª Garantismo penal: sistema equilibrado de aplicação na norma penal, com atuação nas infrações mais graves, abolindo delitos de menor potencial ofensivo, respeitando o devido processo legal; 4ª Direito penal do inimigo: separa as pessoas de bem das pessoas consideradas inimigos (terroristas, crimes sexuais, criminosos organizados entre outros). Não aplicação das mesmas garantias fundamentais. As punições são severas, inclusive desproporcionais à gravidade do delito. Separar aqueles que estão em constante “guerra” com o Estado. PERGUNTA-SE ? Qual seria a opção melhor para o Brasil? R: Seria o garantismo penal. Sistema equilibrado, com a intervenção mínima do estado nos conflitos da sociedade, porém quando o fizer deve ser feito com eficiência e severidade, sem gerar impunidade, restaurando a confiança no direito penal. Espécies de Penas admitidas: Art. 5º da CF: XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: privação ou restrição da liberdade; perda de bens; multa; prestação social alternativa; suspensão ou interdição de direitos; Espécies de Penas vedadas Art. 5º da CF: XLVII - não haverá penas: de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; de caráter perpétuo; de trabalhos forçados; de banimento; cruéis; Pena de Morte A pena de morte é admitida pelo ordenamento jurídico brasileiro? Pena de Morte Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; Pena de Morte É admitida somente em caso de guerra declarada pelo Presidente da República, nos termos do art. 55 e seguintes do Código Penal Militar e a forma de execução encontra- se no art. 707 do Código de Processo Penal Militar. Pena de Morte: Código Penal Militar Penas principais Art. 55. As penas principais são: morte; reclusão; detenção; prisão; impedimento; suspensão do exercício do pôsto, graduação, cargo ou função; reforma. Pena de morte Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento. Pena pérpetua: Limite das Penas Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. (alteração pela lei 13964/19) § 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. (alteração pela lei 13964/19) § 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far- se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido. Trabalho do Preso Lei de Execução Penal: “Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade. Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabelecimento.” O preso condenado que se recuse a trabalhar, pode ser forçado? Trabalho do Preso Art. 5º da CF: XLVII - não haverá penas: c) de trabalhos forçados; Portanto, o preso condenado, que se recusa a trabalhar, não pode ser forçado, ao contrário, há um incentivo da lei, como o direito de remição da pena, pois a cada 3 dias de trabalho abate 1 dia na condenação. Banimento O banimento ou desterro é uma medida jurídica pela qual um cidadão perde direito à nacionalidade de um país, passando a ser um apátrida (a não ser que previamente possua dupla-cidadania de outro país). O banimento foi usado com frequência pela ditadura militar brasileira, como método de repressão política, para punir dissidentes políticos e guerrilheiros que cometessem crimes contra a segurança nacional, como sequestro de diplomatas estrangeiros e luta armada nas cidades e em áreas rurais. Penas cruéis As penas cruéis são aquelas cumpridas em regime degradante ou desumano, não sendo admitidos açoites, como chicotadas, marcações com ferro a brasa, tortura, etc. Finalidade da pena Existem 3 teorias que procuram explicar as finalidades da pena: -Teoria absoluta ou da retribuição: a finalidade da pena é punir o infrator pelo mal causado à vítima, aos seus familiares e à coletividade. -Teoria relativa ou da prevenção: a finalidade da pena é a de intimidar, evitar que delitos sejam cometidos. -Teoria mista, unificadora ou conciliatória: a pena tem duas finalidades, punir e prevenir. Finalidade da pena Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: - as penas aplicáveis dentre as cominadas; - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. Finalidade da pena A teoria adotada pelo Código Penal Brasileiro em seu artigo 59, é chamada de Teoria Mista ou Unificadora da Pena. Justifica-se esta teoria pela necessidade de conjugar os verbos reprovar e prevenir o crime. Assim sendo, houve a unificação das teorias absoluta e relativa, pois essas se pautam, respectivamente, pelos critérios da retribuição e da prevenção do mal cometido, como razões da existência do sistema penal. Fundamentos da pena São as consequências práticas da condenação, de forma que a aplicação da pena ao condenado apresenta diversos fundamentos: Preventivo: subdivide-se na: prevenção geral: a existência da norma penal incriminadora visa intimidar os cidadãos, no sentido de não cometerem ilícitos penais; e prevenção especial: a aplicação da pena ao criminoso no caso concreto, em tese, evitaria que que ele cometesse novos delitos enquanto cumpre sua pena. Fundamentos da pena Retributivo: a pena funciona como um castigo ao transgressor de forma proporcional ao mal que causou, dentro dos limites constitucionais e penais estabelecidos. Reparatório: consiste em compensar a vítima ou seus parentes pelas consequências advindas da prática do ilícito penal. A obrigação de reparar o dano é um efeito secundário da sentença condenatória. Art. 91, do CP: São efeitos da condenação: I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime. Fundamentos da pena Readaptação: a aplicação da pena deve buscar a reabilitação do criminoso ao convívio social, devendo receber estudo, orientação, possibilidade de trabalho, lazer, aprendizado de novas formas laborativas, etc. Princípios relacionados às penas -Princípio da Legalidade e Anterioridade: a necessidade de que o crime se encontre definido em lei anterior, proibindo a retroatividade (maléfica), salvo para beneficiar o réu (art.5º, XL da XF). “Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege’”. -Princípio da humanização: vedação de penas cruéis, de morte, de trabalhos forçados, de banimentos ou perpétuas, devendo respeitar os direitos humanos e o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. -Princípio da Proporcionalidade: É o juízo de ponderação entre a gravidade do ilícito praticado e a sanção a ser aplicada, a pena deve ser proporcional. -Princípio da Intranscedência ou Pessoalidade: a pena não pode passar da pessoa do condenando, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens, nos termos das lei, serem estendidas aos sucessores e contra eles executadas até o limite do valor do patrimônio transferido. -Princípio da Inderrogabilidade: o juiz não pode deixar de aplicar a pena ao réu considerado culpado, bem como de determinar seu cumprimento, salvo exceções expressamente previstas em lei, como, por exemplo, o perdão judicial em crimes como homicídio culposo, lesão corporal culposa, receptação culposa, etc. ESPÉCIES DE PENAS E CRITÉRIOS DE APLICAÇÃO (artigos 32 e seguintes do C.P.) ESPÉCIES DE PENA (artigo 32 C.P.) Privativa de liberdade; (artigo 33 C.P.) Restritiva de direitos; (artigo 43 C.P.) Multa. (artigo 49 C.P.) PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE (artigo 33 a 42 C.P.) DEFINIÇÃO: é a modalidade de pena que tem por finalidade privar o sujeito ativo do crime do seu direito de ir e vir quando praticado o injusto típico. ESPÉCIES: Reclusão; Detenção; Prisão simples. PENA DE RECLUSÃO (artigo 33, 1ª parte, C.P.) Definição: é a modalidade de pena privativa de liberdade que decorre da prática de fato definido como crime, em que pode ser aplicado como início do cumprimento de pena, regime fechado, semiaberto ou aberto. PENA DE DETENÇÃO (artigo 33, 2ª parte, C.P.) Definição: é a modalidade de pena privativa de liberdade que decorre da prática de fato definido como crime, em que pode ser aplicado como início do cumprimento de pena, regime semiaberto ou aberto. DIFERENÇAS ENTRE RECLUSÃO E DETENÇÃO RECLUSÃO prática de crime fechado, semiaberto ou aberto efeito da condenação a incapacidade para exercício do poder familiar, tutela ou curatela em crimes dolosos cometidos contra filho, tutelado ou curatelado; Internação em casos de medida de segurança DETENÇÃO prática de crime semiaberto ou aberto aplicação de regime de tratamento ambulatorial . PARA A DOUTRINA ,HÁ DIFERENÇA ENTRE AS DUAS MODALIDADE DE PENA? Prisão simples (artigo 6º da L.C.P.) DEFINIÇÃO: é a modalidade de pena privativa de liberdade prevista para as contravenções penais, seguindo as seguintes regras: -aplicada os regimes semiaberto ou aberto, vedada a regressão ao regime fechado; -deve ser cumprida sem rigor penitenciário em estabelecimento especial; -cumprimento da pena em separado daqueles que foram condenados pela prática de crime. Prisão simples OBS: Na prática o condenado só será efetivamente condenado a cumprir pena de prisão simples se for reincidente, pois existem inúmeras medidas despenalizadoras a fim de evitá-la, como a transação penal, suspensão condicional do processo, substituição pelas penas restritivas de direitos. REGIMES DE CUMPRIMENTO DE PENA ESPÉCIES: -Fechado: estabelecimento de segurança máxima ou média; (art. 33, par. 1º, “a”) -Semiaberto: colônia agrícola, , industrial ou estabelecimento similar; (art. 33, par. 1º, “b”) -Aberto: casa de albergado ou estabelecimento similar. (art. 33, par. 1º, “c”) REGRAS DE FIXAÇÃO DE REGIME DE PENA (art. 33, par. 2º, “a”, “b” e “c”, C.P.) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. O magistrado na fixação do regime inicial, deve analisar as circunstâncias judiciais do condenado, na forma do art. 33, par. 3º do C.P., aplicando os critérios previstos no artigo 59 do mesmo diploma. Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”. OBS: Na forma do artigo 33, parágrafo 4º do C.P., o condenado a crime contra a administração pública só poderá progredir de regime de pena após a reparação do dano que causou ou devolução do produto do ilícito praticado com os acréscimos legais. REGIME DE PENA PARA CRIMES HEDIONDOS Crimes hediondos ou equiparados: Lei 8.072-90: Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto; II - fiança. § 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado. JURISPRUDÊNCIA A Corte Constitucional, no julgamento do HC no 111.840/ES, datado de 14/06/2012, de relatoria do Ministro Dias Toffoli, removeu o óbice constante do § 1o do art. 2º da Lei no 8.072/90, com a redação dada pela Lei no 11.464/07, o qual determinava que à pena por crime previsto nesse artigo será cumprida inicialmente em regime fechado', declarando, de forma incidental, a inconstitucionalidade da obrigatoriedade de fixação do regime fechado para o inicio do cumprimento de pena decorrente da condenação por crime hediondo ou equiparado. Possibilidade de fixação, no caso em exame, do regime semiaberto para o início de cumprimento da pena privativa de liberdade. Ordem concedida. SÚMULA VINCULANTE Crimes hediondos ou equiparados: Súmula Vinculante 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico. CUMPRIMENTO DA PENA EM REGIME FECHADO O regime fechado é cumprido em estabelecimento de segurança máxima ou média, ou seja, em penitenciárias. No início da pena, o condenado é submetido a exame criminológico, para obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação com vistas a individualização da pena (art. 34 da LEP). CUMPRIMENTO DA PENA EM REGIME SEMIABERTO O regime semiaberto é cumprido em colônia penal agrícola ou industrial ou em estabelecimento simular. É faculdade o exame criminológico. O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno dentro da colônia penal, sendo permitido o trabalho externo e a frequência a cursos profissionalizantes. SITUAÇÃO PROBLEMA Condenado em regime inicial semiaberto e não tem vagas. Como fica essa situação? RESPOSTA Constrangimento ilegal configurado. Ordem concedida pelo TJSP em HC 990.10.388749-5, 16ª C., Rel Almeida Toledo, 11/01/2011 vu. Não pode o condenado em regime inicial semiaberto aguardar vaga em regime fechado. Deve ser transferido imediatamente para o regime contido na sentença condenatória, ou se for o caso deve aguardar em regime aberto a vaga no semiaberto. CUMPRIMENTO DA PENA EM REGIME ABERTO O regime aberto é cumprido em casa do albergado ou estabelecimento adequado. Baseia-se na autodisciplina e responsabilidade do condenado que ficará fora do estabelecimento, sem vigilância, duranteo período diurno, devendo retornar no período noturno ou nos dias de folga. SITUAÇÃO PROBLEMA Condenado em regime semiaberto cumpre os requisitos estabelecidos em lei e progride para o regime aberto, porém não há estabelecimento adequado ou casa de albergado para cumprir em regime aberto o restante de sua pena. Como ficaria essa situação? RESPOSTA Julgado STJ: HABEAS CORPUS HC 66806 MG 2006/0205842-4 (STJ) Data de publicação: 05/02/2007 Ementa: CRIMINAL. HC. CONDENAÇÃO EM REGIME SEMI-ABERTO. PROGRESSÃO AO REGIME ABERTO. INEXISTÊNCIA DE VAGA EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL ADEQUADO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. DETERMINAÇÃO DE CUMPRIMENTO EM REGIME DOMICILIAR. ORDEM CONCEDIDA. I. Obtendo o paciente a progressão ao regime aberto e não havendo vaga em casa de albergado, evidencia-se o constrangimento ilegal a imposição de cumprimento do restante da pena em presídio comum. II. Não se podem exceder os limites impostos ao cumprimento da condenação, sob pena de desvio da finalidade da pretensão executória. III. Deve ser concedida a ordem a fim de que o paciente cumpra o restante da reprimenda em regime domiciliar, até que surja vaga em estabelecimento adequado. IV. Ordem concedida, nos termos do voto do Relator. PROGRESSÃO DE REGIME Na forma do art. 33, parágrafo segundo, as penas privativa de liberdade serão executadas de forma progressiva, de acordo com o mérito do condenado, passando de um regime mais rigoroso para outro mais brando, desde que previstos os requisitos legais, a fim de estimular sua ressocialização. LEGISLAÇÃO QUE REGULA A PROGRESSÃO DE REGIME DE PENAS -Artigo 40 C.P.: legislação especial regulará a matéria. -lei nº 7.210/84 (lei das execuções penais) COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DE PEDIDOS DE PROGRESSÃO DE REGIME DE PENA -Juiz da Vara das Execuções Criminais do local onde o preso cumprirá sua pena. REQUISITOS DE ORDEM OBJETIVA PARA PROGRESSÃO Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) . III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019 . VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) . VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) . § 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor, procedimento que também será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) . § 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime são, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) V - não ter integrado organização criminosa. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) . § 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do benefício previsto no § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) § 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 6º O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade interrompe o prazo para a obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da contagem do requisito objetivo terá como base a pena remanescente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 7º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) . Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves, médias e graves. A legislação local especificará as leves e médias, bem assim as respectivas sanções. Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção correspondente à falta consumada. . Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que: I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina; II - fugir; III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem; IV - provocar acidente de trabalho; V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas; VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei. VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007) VIII - recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019 Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso provisório. LEI 11.464/07 -crimes hediondos ou equiparados cometidos antes desta lei, a progressão se dará com 1/6. REQUISITOS DE ORDEM SUBJETIVA -Exame criminológico favorável -SUMULA 439 STJ: não é obrigatório, faculdade do juiz – decisão fundamentada. -Bom comportamento (B.I.) -Ausência de falta no prontuário REQUISITOS DE ORDEM OBJETIVA -Lapso temporal (tempo de pena) PROGRESSÃO PROVISÓRIA: é admitida (Súmula 716 do STF); PROGRESSÃO POR SALTOS: incabível (Súmula 491 do STJ); FALTA GRAVE INTERROMPE CONTAGEM DE PRAZO PARA PROGRESSÃO: deve iniciar novamente a contagem (Súmula 534 do STJ) E alteraçãopelo pacote anticrime atual. REGRESSÃO (artigo 118 da LEP) Definição: é o inverso da progressão. E pode ocorrer nas seguintes situações: -praticar fato definido como crime doloso (vide Súmula 526 do STJ – necessidade de transito em julgado); -sofrer condenação por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena a execução, torne incabível o regime; -se podendo, não pagar a multa imposta; -falta grave REMISSÃO: é o instituto pelo qual permite que o condenado ou preso provisório que facultativamente opte por trabalhar ou estudar durante o cumprimento da pena, tenha remidos (perdoados) 1 dia de pena a cada 3 dias trabalhados ou 1 dia de pena a cada 12 horas de estudo. DETRAÇÃO PENAL: é o computo junto à pena aplicada do período que a pessoa ficou presa ou internada provisoriamente antes da sentença. (Brasil ou Exterior). PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS ESPÉCIES (artigo 43 C.P.) Prestação de serviços à comunidade; -tarefas gratuitas ao condenado Interdição temporária de direitos; -proibições: dirigir, mandato eletivo, exercício de cargo, frequentar determinados lugares, concurso público, etc.. Limitação de fim de semana; -permanecer aos sábados e domingos por 5 horas diárias em casa de albergado. Prestação pecuniária (art. 45 par. 1º) -pagamento em dinheiro à vitima, ou a entidade pública com fins sociais -mínimo 1 salário mínimo e máximo 360 salários mínimos. Perda de bens e valores. -provento do crime; -bens suficientes para arcar com o prejuízo causado; Recolhimento domiciliar (crimes ambientais) . REQUISITOS PARA SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE EM RESTRITIVA DE DIREITOS -pena não superior a 4 anos em crimes dolosos; -crime sem violência ou grave ameaça; -todos os crimes culposos; -réu não reincidente em crime doloso; -culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade do agente indicarem que a substituição da pena será suficiente para punir o ato praticado. PENA DE MULTA Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. § 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. § 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária. DEFINIÇÃO: é o pagamento ao Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN) de certa quantia em dinheiro fixada na sentença. É o Estado-Membro que deve disciplinar como deve aplicar os recursos provenientes das multas de condenações criminais proferidas no âmbito de sua justiça. (Nucci e Fernando Galvão) BASE DE CÁLCULO: mínimo 10 e máximo 360 dias-multa, considerando o salário mínimo nacional (vigente na data do fato) para o cálculo, podendo ser elevada até 5 vezes. FIXAÇÃO DA MULTA: bifásico 1º número de dias-multa (mínimo 10 e máximo 360). 2º estabelece o valor do dia-multa (mínimo de 1/30 do salário mínimo e máximo de 5 vezes esse salário) CRITÉRIOS PARA ESTABELECER O VALOR DO DIA-MULTA -proporcionalidade com o caso concreto -atender as circunstâncias judiciais do artigo 59 do C.P. -possibilidade econômico-financeira do apenado (art. 60 CP) -poder discricionário do Juiz (art. 60, par. 1º CP) – pena pode ainda ser aumentada até o triplo se o juiz perceber a multa foi ineficaz devida a situação econômica do réu. EXCEÇÕES AO CRITÉRIO DE DIAS MULTA -quando no preceito secundário (cominação de pena), houver previsão legal diferente. Exemplo: Artigo 244 C.P.: abandono material (multa de 1 a dez vezes o maior salário mínimo) CONSEQUENCIAS DO NÃO PAGAMENTO DA PENA DE MULTA: -se tiver condições e não pagar, não poderá progredir de regime em caso de condenação cumulada com pena privativa de liberdade. Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DA MULTA Parte da doutrina defende ser inconstitucional Corrigir uma multa que já foi fixada em salário mínimo) Posição majoritária entende ser constitucional a correção, embora tenha sido utilizada salário mínimo como indexador. PAGAMENTO DA MULTA 10 dias após o trânsito em julgado da sentença condenatória para as partes. (Art. 50 caput CP) PARCELAMENTO DA MULTA -Art. 50, caput, 2ª parte: possibilidade de parcelamento, a critério do juiz o número de parcelas, analisando a situação econômica do réu. (discricionariedade) DESCONTO DE PARCELA DO SALÁRIO DO CONDENADO -Art. 50, par. 1º CP.: é possível o desconto da parcela da multa sobre eventual salário do condenado, não devendo incidir sobre recursos indispensáveis ao sustento da família (art. 50, par. 2º). SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DA MULTA -Art. 52 CP.: a execução da pena de multa será suspensa se sobrevém ao condenado doença mental. DOSIMETRIA DA PENA DEFINIÇÃO: é a fixação pelo juiz, após apurar os fatos e condenar o réu de uma quantia de pena necessária e suficiente para prevenção e reprovação da infração penal. ATO DISCRICIONÁRIO DO JUIZ: o juiz pode, de forma abstrata e de acordo com seu livre convencimento (discricionariedade), atendendo os limites mínimo e máximo de pena estabelecidos, fixar a quantidade de pena. PREVISÃO LEGAL Art 59 CP: O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. . FIXAÇÃO COMPLETA DA PENA: a pena deve ser fixada pelo juiz em três estágios. 1º ESTÁGIO: é o estágio primário, onde o juiz elege o montante de pena, utilizando-se do critério trifásico (artigo 68 C.P.): -pena base (artigo 59 do C.P.) -atenuantes (artigos 65 e 66 C.P.) e agravantes (artigos 61 e 62 C.P.); -causas de diminuição e aumento (artigos 69 a 71 C.P) 2º ESTÁGIO: é o estágio secundário onde o juiz elege o regime de pena (fechado, semiaberto ou aberto); 3º ESTÁGIO: é o estágio terciário, onde o juiz analisa eventual substituição da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos ou multa, ou mesmo aplicação do sursis processual. CRITÉRIO TRIFÁSICO 1ª FASE - FIXAÇÃO DA PENA BASE: leva em consideração as circunstâncias judiciais do artigo 59 do CP, quais sejam: -culpabilidade: juízo de censuralibilade – reprovação da conduta do sujeito -antecedentes: vida pregressa (maus ou bons) -conduta social: relacionamento na família, trabalho, lazer – antecedentes sociais -personalidade: é o caráter do sujeito -motivos: causa que inspirou o delito -circunstâncias: tempo, lugar e forma como executou o crime -consequência do crime: dano causado para a vítima. (moral ou material) -comportamento da vitima: participação da vítima no momento da inspiração do agente e na facilitação da execução. OBS: o quantum de cada circunstância fica a critério do juiz. (discricionariedade). POSIÇÃO DA DOUTRINA DOMINATE: -se as circunstâncias judiciais forem favoráveis, a pena base deve ser fixada no mínimo legal estabelecido no tipo penal. -se as circunstâncias judiciais forem desfavoráveis, a pena base deve ser fixada em uma média entre o mínimo e o máximo. 2ª FASE - CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES E AGRAVANTES CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES: Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; II - o desconhecimento da lei; III - ter o agente: a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou. CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES: Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I - a reincidência; II - ter o agente cometido o crime: a) por motivo fútil ou torpe; b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido; d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; l) em estado de embriaguez preordenada. CONCURSO ENTRE CIRCUNSTÂNCIA ATENUANTE E CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE Artigo 67 CP: No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. . 3ª FASE – CAUSAS DE AUMENTO E DE DIMINUIÇÃO -trata-se da última fase do critério trifásico de fixação da pena, onde o juiz analisa se há causas que possam diminuir a pena primeiro e posteriormente causas que eventualmente possam aumentar a pena. -essas causas de aumento e diminuição estão previstas no preceito primário de cada tipo penal. Exemplos de causas de aumento e diminuição: Aumento: Artigo 155, par. 1º: “a pena aumenta-se de 1/3 se o crime é praticado durante o repouso noturno” Diminuição: Artigo 155, par. 2º: “se o criminoso é primário e é de pequeno valor a coisa furtada....o juiz pode diminuí-la de 1/3 a 2/3. CONCURSO ENTRE CAUSA DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO Artigo 68, parágrafo único C.P.: “No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua”. OBSERVAÇÃO FINAL: -a causa de diminuição de pena pode diminuir a pena a baixo do mínimo legal estabelecido no preceito secundário do tipo penal; -a causa de aumento de pena pode superar o máximo da pena estabelecida no preceito secundário do tipo penal. CONCURSO DE CRIMES CONCURSO DE CRIMES Ocorre o concurso de crimes quando o agente pratica dois ou mais crimes mediante uma, duas ou mais condutas (ação/omissão). Cezar Roberto Bitencourt destaca que o concurso pode ocorrer entre crimes de qualquer espécie, comissivos ou omissivos, dolosos ou culposos, consumados ou tentados, simples ou qualificados, e ainda entre crimes ou contravenções (Tratado de Direito Penal, 2011, p. 680). CONCURSO DE CRIMES As modalidades de concurso de crimes previstas no Código Penal são: -Concurso Material – Art. 69 do CP; -Concurso Formal – Art. 70 do CP; e -Concurso Continuado – Art. 71 do CP. Concurso Material, Concurso Real ou Cúmulo Material Ocorre quando o agente, mediante mais de uma ação/omissão, pratica dois ou mais crimes, somar-se-ão as penas aplicadas para cada delito. “Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. ” Concurso Material: Espécies -Homogêneos: os crimes praticados são idênticos, isto é, da mesma espécie (ex.: dois furtos, dois homicídios, dois estupros, etc.). -Heterogêneos: os crimes praticados são diversos (ex.: um furto e um homicídio, um homicídio e um estupro, uma lesão corporal e um estelionato, etc.). Concurso Formal ou Concurso Ideal Ocorre quando o agente, mediante uma única ação/omissão, pratica dois ou mais crimes. Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Critério para exasperação da pena A jurisprudência pacificou o entendimento no sentido de que o número de crimes praticados é o critério que deve ser levado em conta pelo juiz para aplicar o índice de exasperação da pena. Concurso Formal: Espécies -Concurso Formal homogêneo: nos crimes idênticos o juiz deve aplicar uma só pena aumentada de um sexto até metade. -Concurso Formal heterogêneo: nos crimes não idênticos o juiz deve aplicar a pena do crime mais grave aumentada de um sexto até metade. -Concurso Formal Próprio/Perfeito: analisa-se o aspecto subjetivo do agente (dolo), uma vez que ele deve pretender alcançar apenas um resultado. -Concurso Formal Impróprio/Imperfeito: há dolos autônomos, isto é, dolos distintos em relação a cada um dos resultados. -Concurso Material Benéfico Deve-se levar em conta a ideia que permeia o concurso formal de crimes, e deve beneficiar o agente que com uma única ação/omissão produziu dois ou mais resultados não desejados. Desta feita, é preciso verificar se a exasperação é mais benéfica do que a soma. Caso a soma seja mais benéfica, deverá ser aplicada no caso concreto o concurso material em detrimento do concurso formal. “Art. 70, Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.” Aberratio ictus ou erro de execução No aberractio ictus ou erro na execução, o agente direciona a sua conduta para atingir determinado resultado contra uma pessoa específica, mas, por erro, acaba atingindo outra não pretendida. Caso o sujeito atinja somente a pessoa não visada, responderá como se tivesse atingido a vítima a quem pretendia, conforme art. 20, §3º, do CP. Contudo, pode acontecer de o agente atingir a vítima não visada e também uma terceira pessoa, consubstanciandoem um resultado duplo. Aberratio ictus ou erro de execução Resultado duplo: Se o agente não tiver dolos distintos de praticar a ação contra ambas as pessoas, aplica-se o critério da exasperação, isto é, considera-se a pena mais grave ou, se iguais, somente uma delas acrescida de 1/6 até ½. Trata-se de concurso formal próprio. Caso fique comprovado que o agente tinha vontade de atingir ambos os resultados, será aplicado o critério do cúmulo material e as penas serão somadas. Neste caso, trata-se de concurso formal impróprio. Aberratio criminis ou resultado diverso do pretendido O agente almeja atingir determinado resultado (bem jurídico), mas, por erro, acerta outro. Neste caso, na forma do art. 74 do CP, o sujeito somente será responsabilizado pelo resultado não pretendido caso exista previsão da modalidade culposa para o caso. Caso, além do resultado não pretendido, ocorra aquele desejado pelo agente, será aplicado o concurso formal de crimes. Crime continuado Configura-se o crime continuado quando o agente, mediante mais de uma ação/omissão, pratica dois ou mais crimes de mesma espécie e pelas mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução, etc., devendo os crimes subsequentes ser tidos como continuação do primeiro. Tem a finalidade de evitar a aplicação de penas exorbitantes, pois visa a aplicação de uma só pena, aumentada de um sexto a dois terços. Crime continuado Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. Aplicação da Pena no Crime Continuado A jurisprudência pacificou o entendimento no sentido de que o número de crimes praticados é o critério que deve ser levado em conta pelo juiz para aplicar o índice de exasperação da pena. Crime continuado: Requisitos -Pluralidade de ações/omissões: o agente deve praticar mais de uma conduta, consubstanciada em ação ou omissão. -Pluralidade de crimes de mesma espécie: pela corrente majoritária, crimes de mesma espécie são aqueles previstos no mesmo tipo penal, independentemente de sua forma simples, qualificada ou privilegiada. -Mesmas condições de tempo: a periodicidade exigida entre uma conduta e outra, segundo entendimento jurisprudencial, é de trinta dias. Crime continuado: Requisitos -Mesmas condições de lugar: entende-se que, quanto ao lugar, os crimes devem ter sido praticados na mesma comarca ou em comarcas interligadas. -Semelhante maneira de execução: a forma pela qual o crime foi praticado deve ser semelhante, isto é, deve haver o mesmo modus operandi. -Outras condições semelhantes: refere-se a qualquer outra condição que possa indicar a continuidade delitiva. Crime Continuado Qualificado Parágrafo único do art. 71 - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. *Situações Problemas: 1. O juiz diante da prática de dois crimes de roubos graves, aplica o concurso formal, com o aumento da pena de um terço. O critério utilizado pelo magistrado foi correto? Um sujeito acometido de sífilis estupra uma jovem. O juiz fixou a pena mínima para o estupro (art. 213 do CP) em 9 anos, e para o crime de perigo (art. 130 do CP) em 3 meses. Neste caso, qual o critério a ser utilizado pelo juiz referente ao concurso de crimes? Um criminoso furtou 100 estepes de carros diferentes nas cidades de São Paulo, Santo André e São Bernardo num período de 30 dias. Sendo a pena mínima do crime de furto simples, 1 ano de reclusão, tendo cometido 100 crimes, foi condenado a 100 anos de reclusão pelo concurso material. O critério utilizado pelo magistrado foi correto? O juiz diante da prática de dois crimes de roubos graves, aplica o concurso formal, com o aumento da pena de um terço. O critério utilizado pelo magistrado foi correto? Ementa PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CRIMES DE ROUBO. CONCURSO FORMAL: CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DA PENA. NÚMERO DE CRIMES. CP, art. 70. I. - Não se justifica o aumento da pena em um terço, em razão do concurso formal, se foram praticados apenas 2 (dois) crimes de roubo. Redução do acréscimo para o mínimo de um sexto. II. - HC deferido. (Processo: HC 77210 SP, Orgão Julgador: Segunda Turma do STF, Julgamento: 9 de Março de 1999, Relator: Min. CARLOS VELLOSO). 2. Um sujeito acometido de sífilis estupra uma jovem. O juiz fixou a pena mínima para o estupro em 8 anos, e para o crime de perigo em 3 meses. Neste caso, qual o critério a ser utilizado pelo juiz referente ao concurso de crimes? Concurso Material, pois na forma do parágrafo único do art. 70 do CP, a pena obtida pela aplicação do concurso formal não pode ultrapassar a pena que seria cabível pela aplicação do concurso material. “Art. 70, Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.” 3. Um criminoso furtou 100 estepes de carros diferentes nas cidades de São Paulo, Santo André e São Bernardo num período de 30 dias. Sendo a pena mínima do crime de furto simples, 1 ano de reclusão, tendo cometido 100 crimes, foi condenado a 100 anos de reclusão pela aplicação do concurso material. O critério utilizado pelo magistrado foi correto? Não. Deveria utilizar o critério do crime continuado, aplicando a pena de 1 ano, aumentando no patamar máximo de dois terços, de forma que a pena final seria de 1 ano e 8 meses. Nesse sentido: “o fato de serem diversas as cidades nas quais o agente perpetrou os crimes (São Paulo, Santo André e São Bernardo do Campo) não afasta a reclamada conexão espacial, pois elas são muito próximas umas das outras, e integram, como é notório, uma única região metropolitana” (STF, Rel. Min. Xavier de Albuquerque, RT 542/455). SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA SURSIS(artigos 77 a 82 do CP e artigo 156 a 163 da LEP) Conceito: SURSIS DA PENA: é o instituto de política criminal, que tem por finalidade a suspensão da execução da pena privativa de liberdade, evitando o recolhimento ao cárcere do condenado não reincidente, cuja pena não seja superior a dois anos (ou quatro, se septuagenário ou enfermo), sob determinadas condições, fixadas pelo juiz, bem como dentro de um período de prova pré-definido” (NUCCI, 2007, p. 441) Natureza Jurídica e Competência Natureza- Direito Subjetivo do Condenado Sanção Alternativa Competência- Juiz da sentença (após fixar a pena privativa de liberdade deve verificar os requisitos e, se adequados à lei, definir as condições da suspensão) Espécies de Sursis e Período de Prova Espécies -Sursis simples ou comum -Sursis especial (Condições mais brandas) -Sursis etário (Idade do sentenciado) -Sursis humanitário (Razões de saúde do condenado) Período de Prova (inicia com a audiência admonitória) -Sursis simples e especial: de 2 a 4 anos; (art.77, caput do CP) -Sursis etário e humanitário: de 4 a 6 anos. (art.77,§ 2º do CP) 1 Sursis simples ou comum: Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro)anos, desde que: I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. (substituição por restritiva de direitos) § 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício. Requisitos para sursis simples ou comum: Espécie de pena: privativa de liberdade (reclusão ou detenção); (art. 77, caput do CP) Quantidade da pena: igual ou inferior a 2 (dois) anos; (art. 77, caput do CP) Não reincidência em crime doloso (salvo se a condenação anterior for a pena de multa); (art. 77, I e § 1º do CP) Circunstâncias judiciais favoráveis; (art. 77, II do CP) Impossibilidade de aplicar restritivas de direito. (art. 77, III do CP) 2 Sursis especial: (condições mais brandas) § 2º do Art. 78 do CP: Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior (No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade ou submeter-se à limitação de fim de semana) pelas 3 seguintes condições, aplicadas cumulativamente: a) proibição de frequentar determinados lugares; b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. Requisitos para Sursis especial: Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; Circunstâncias judiciais inteiramente favoráveis – Art. 59 do CP; submeter a condições menos rigorosas (proibição de frequentar determinados lugares; de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades). Sursis etário ou humanitário: § 2º do Art. 77 do CP: A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. Requisitos para sursis etário ou humanitário: Sursis etário: idade superior a 70 anos da data da sentença; Sursis humanitário: razões de saúde do condenado; Pena: privativa de liberdade não superior a 4 (quatro anos) anos; Período de Prova: de 4 a 6 anos; Condições: Condições legais do sursis (comum, etário ou humanitário): art. 78, § 1º do CP) -Prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana no 1 º ano do benefício; -Proibição de frequentar determinados lugares; -Proibição de ausentar-se da comarca, sem autorização do juiz -Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. 2. Condições legais do sursis especial: art. 78, § 2º do CP (condições mais brandas) -Proibição de frequentar determinados lugares; -Proibição de ausentar-se da comarca, sem autorização do juiz -Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. OBS: por ter condições mais brandas, não haverá necessidade de prestação de serviços à comunidade no primeiro ano. (condição dos demais) . 3 Condições judiciais (art. 79 do CP): são outras condições que o juiz entender conveniente aplicar (discricionariedade), desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado. (aplicada a todos) Exemplos: imposição de processo de desintoxicação, frequência em curso, etc. ESPÉCIES DE REVOGAÇÃO DO SURSIS Revogação obrigatória (art. 81 do CP) é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; Revogação tácita (artigo 81, inciso III) descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código (No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48); Não comparecimento, injustificado, do réu á audiência admonitória. . Revogação facultativa (art. 81, § 1º do CP); Ocorre quando: -descumpre qualquer outra condição imposta; -é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. Extinção da Pena Extinção da pena. (art. 82 do CP) Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. Sursis para Crimes Hediondos e Assemelhados Doutrina: 2 Correntes: 1: sursis é incompatível com o sistema dos crimes hediondos; 2: como não há vedação expressa no texto legal, não cabe ao juiz negar o benefício. . Entendimento atual do STF: Como inexiste vedação expressa, deve ser concedido a Suspensão da pena quando preenchidos os requisitos legais. JURISPRUDÊNCIA Ementa NORMAS PENAIS - INTERPRETAÇÕES. As normas penais restritivas de direitos hão de ser interpretadas de forma teleológica - de modo a confirmar que as leis são feitas para os homens -, devendo ser afastados enfoques ampliativos. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA - CRIME HEDIONDO - COMPATIBILIDADE. A interpretação sistemática dos textos relativos aos crimes hediondos e à suspensão condicional da pena conduz à conclusão sobre a compatibilidade entre ambos. STF: Processo: HC 84414 SP; Orgão Julgador: Primeira Turma; Publicação: DJ 26-11-2004; Julgamento: 14 de Setembro de 2004; Relator: Min. MARCO AURÉLIO Sursis para o tráfico de drogas Para tráfico de drogas há expressa proibição da aplicação da suspensão da pena, no art. 44 da Lei 11.343-2006. Artigo 44. “Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.” Jurisprudência STF - HABEAS CORPUS : HC 104361 RJ Processo: HC 104361 RJ; Orgão Julgador: Primeira Turma; Publicação: DJe- 098 DIVULG 24-05-2011; Julgamento: 03 de Maio de 2011; Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA Ementa HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. PENA FIXADA EM PATAMAR INFERIOR A DOIS ANOS. PEDIDO DE CONCESSÃO DE SURSIS. IMPETRAÇÃO PREJUDICADA. CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO PARA RECONHECER A POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS. 1. O Supremo Tribunal Federal assentou serem inconstitucionais os arts. 33, § 4º, e 44, caput, da Lei n. 11.343/2006, na parte em que vedavam a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos em condenação pelo crime de tráfico de entorpecentes (HC 97.256, Rel. Min. Ayres Britto, sessão de julgamento de 1º.9.2010, Informativo/STF 598). . 2. O art. 77, inc. III, do Código Penal estabelece que a suspensão condicional da pena (sursis) somente será aplicável quando não for indicada ou cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, prevista no art. 44 do Código Penal. 3. Reconhecida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal a possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos no crime de tráfico de drogas, fica vedada a concessão de sursis ao Paciente. 4. Habeas corpus prejudicado. 5. Concessão de ofício para reconhecer a possibilidade de se substituir a pena privativa de liberdade aplicada ao Paciente por restritiva de direitos, desde que preenchidos os requisitos objetivos e subjetivos previstos em lei, devendo a análise ser feita pelo juízo do processo de conhecimento ou, se tiver ocorrido o trânsitoem julgado, pelo juízo da execução da pena. Livramento Condicional (arts. 83 ao 90 do CP) Conceito Instituto de política criminal, destinado a permitir a redução do tempo de prisão com a concessão antecipada e provisória da liberdade do condenado, quando é cumprida pena privativa de liberdade, mediante preenchimento de determinados requisitos e a aceitação de certas condições. Natureza Jurídica Incidente da execução da pena Direito Subjetivo do Condenado Última etapa do sistema progressivo de cumprimento da pena privativa de liberdade Benefício legal, concedido pelo Juízo da Execução Penal. Requisitos Espécie de pena: privativa de liberdade (reclusão ou detenção) Quantidade da pena aplicada igual ou superior 2 (dois) anos Cumprimento parcial da pena ESPÉCIES 1 Livramento Condicional Simples; “Art. 83, I do CP - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes;” 2 Livramento Condicional Qualificado; Art. 83, II do CP - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;” . E Se tiver maus antecedentes ou for reincidente em crime culposo? Na dúvida, deve-se optar pela solução mais favorável ao condenado com maus antecedentes ou reincidente em crime culposo, com a interpretação da necessidade de cumprimento de somente de mais de 1/3 da pena para ter direito a obtenção do Livramento Condicional. JURISPRUDÊNCIA Ementa CRIMINAL. HC. LIVRAMENTO CONDICIONAL. RÉU POSSUIDOR DE MAUS ANTECEDENTES. DIREITO AO LIVRAMENTO CONDICIONAL SIMPLES. NECESSIDADE DE CUMPRIMENTO DE 1/3 DA PENA. LIMITAÇÃO À LIBERDADE QUE DEVE VIR EXPRESSA EM LEI. VEDAÇÃO À INTERPRETAÇÃO AMPLA ÀS REGRAS RESTRITIVAS DE DIREITOS. ORDEM CONCEDIDA. STJ: Processo HC 57300 SP; Orgão Julgador: T5 - QUINTA TURMA; Publicação: DJ 05/02/2007 p. 275; Julgamento: 05 de Dezembro de 2006; Relator: Ministro GILSON DIPP. LIVRAMENTO CONDICIONAL EM CRIMES HEDIONDOS E OUTROS “Art. 83, V do CP - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.” REQUISITOS DE ORDEM OBJETIVA 1 LAPSO TEMPORAL -mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes. (simples) -mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso. (qualificado) -mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. (hediondos e outro) REQUISITOS DE ORDEM SUBJETIVA -Bom comportamento carcerário -Bom desempenho no trabalho durante a execução da pena -Aptidão para prover à própria subsistência -Reparação do dano, salvo efetiva impossibilidade -Cessação de periculosidade nos casos de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa Soma das Penas No caso de concurso de crimes reconhecidos na mesma sentença, deve-se observar o montante total aplicado, resultante da soma ou exasperação, para se verificar a possibilidade do benefício pelo cumprimento de parte desse total. No caso de superveniência de nova condenação quando o acusado já estava cumprindo pena por outro crime, as penas devem ser somadas para que com base no novo montante a cumprir, seja verificado o cabimento do livramento condicional. SITUAÇÃO PROBLEMA A falta grave cometida pelo sentenciado durante o cumprimento da pena privativa de liberdade, impede a concessão do benefício do livramento condicional, após ter o réu cumprido com os requisitos exigidos pela lei? Falta Grave Súmula 441 do STJ: “ A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.” Período de Prova Tempo restante da pena privativa de liberdade aplicada em que o sentenciado deve cumprir com as condições do benefício de condicional. CONDIÇÕES Art. 85 CP - A sentença especificará as condições a que fica subordinado o livramento. Art. 132 LEP - Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições a que fica subordinado o livramento § 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as obrigações seguintes: a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho; b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação; c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste. § 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as seguintes: a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção; b) recolher-se à habitação em hora fixada; c) não frequentar determinados lugares. Condições obrigatórias: obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho; comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste Condições facultativas -não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção. -recolher-se à habitação em hora fixada; -não frequentar determinados lugares. Revogação Conceito: perda do benefício que acarreta o cumprimento do restante da pena ESPÉCIES DE REVOGAÇÃO REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível: I - por crime cometido durante a vigência do benefício; II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código. Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do livramento. Para a concessão do livramento as penas de crimes diversos devem ser somadas . REVOGAÇÃO FACULTATIVA Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade. Efeitos da Revogação Situações: Se a condenação definitiva a pena privativa de liberdade ocorre por crime cometido durante a vigência do benefício Se descumprimento das condições impostas Se condenação definitiva por contravenção penal ou por crime a pena que não seja privativa de liberdade cometido durante a vigência do benefício; Efeitos: Não computar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período de prova e não será permitida, em relação ã mesma pena, novo livramento (art.142 da LEP) Efeitos da revogação (cont) Situações: Se condenação definitiva a pena privativa de liberdade ocorre por crime cometido antes da concessão do benefício Se condenação definitiva por contravenção penal ou por crime a pena que não seja privativa de liberdade cometido antes da vigência do benefício; Efeitos: Computar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período de prova, sendo permitida nova concessão de livramento sobre a pena unificada; (art. 141 da LEP) Prorrogação e Extinção Prorrogação do Período de Prova Suspende-se o Livramento Condicional enquanto não há decisão final a ser proferida no processo que apura o novo delito. Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento. Situação Problema Direito Penal X EXAME DE ORDEM UNIFICADO (2013.1)FGV - Prova aplicada em 16/06/2013 Questão 1 O Ministério Público, tomando conhecimento da prática de falta grave no curso de execução penal, pugna pela interrupção da contagem do prazo para efeitos de concessão do benefício do livramento condicional, fundamentando seu pleito em interpretação sistemática do Art. 83, do CP, e dos artigos 112 e 118, I, ambos da Lei n. 7.210/84. Levando em conta apenas os dados contidos no enunciado, com base nos princípios do processo penal e no entendimento mais recente dos Tribunais Superiores, responda à seguinte questão: O Ministério Público está com a razão? O examinando deve fundamentar corretamente sua resposta. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. Padrão de Resposta Com efeito, existe jurisprudência no sentido de que o cometimento de falta grave interrompe o prazo de concessão do benefício de progressão de regime. Todavia, tal situação (progressão de regime) é diversa daquela narrada na questão, que trata de instituto distinto, qual seja, o livramento condicional. Nesse sentido, a resposta do examinando deve ser dividida em duas alegações complementares: partindo-se da premissa que o art. 83 do CP não prevê a interrupção do prazo se cometida falta grave, é forçoso reconhecer a total ausência de previsão legal. Aliás, é pacífico o entendimento, tanto na doutrina quanto na jurisprudência, no sentido de que o cometimento de falta grave, por falta de previsão legal, não interrompe o prazo para aquisição do benefício do livramento condicional, o que se subsume, inclusive, pelo teor do Verbete 441 da Súmula do STJ, in verbis: “A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional” Padrão de Resposta Por fim, levando-se em conta o comando da questão, o examinando deve concluir seu raciocínio acerca da impossibilidade do pleito Ministerial com base em institutos principiológicos. A alegação do Ministério Público configura ofensa ao princípio da legalidade; ofende, outrossim, a vedação de dupla punição (princípio do ne bis in idem). Ressalte-se que com a finalidade de privilegiar a demonstração de conhecimento jurídico também poderá ser aceito desenvolvimento no sentido de que o objetivado pelo Parquet permitiria, em última análise, analogia in malam partem, o que também é vedado pelo Direito Penal, tendo em vista o já mencionado princípio da legalidade.
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