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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CIENCIAS BIOMEDICAS DE CACOAL – UNIFACIMED Ana Paula De Assis, Alinne Setubal Boroviec, Andressa Da SilvaSousa, Carlos André, Carlos Nei Alves Rodrigues Junior, Eduardo Andrade Batista Da Silva, Fatima Ribeiro Cabral, Guilherme Nascimento, Izabely Pereira Gomes, Junior Rodrigues, Júlia Eduarda, Karina Rafaela. P De Andrade, Lucas Alex, Milena Gabriela Simini, Pablo Eliezer Reculiano, Pedro Rios, Rafael De Oliveira Barcelos, Willian Rodrigues. Patologias de sistema reprodutivo de fêmeas Cacoal – RO 2021 2 Ana Paula De Assis, Alinne Setubal Boroviec, Andressa Da SilvaSousa, Carlos André, Carlos Nei Alves Rodrigues Junior, Eduardo Andrade Batista Da Silva, Fatima Ribeiro Cabral, Guilherme Nascimento, Izabely Pereira Gomes, Junior Rodrigues, Júlia Eduarda, Karina Rafaela. P De Andrade, Lucas Alex, Milena Gabriela Simini, Pablo Eliezer Reculiano, Pedro Rios, Rafael De Oliveira Barcelos, Willian Rodrigues. Patologias de sistema reprodutiva de fêmeas Trabalho apresentado como parte da nota semestral – V2 da matéria de fisiopatologia da reprodução II do curso de Medicina Veterinária do Centro universitário de Ciências Biomédicas de Cacoal – UNIFACIMED. Cacoal – RO 2021 3 Sumário 1. BRUCELOSE BOVINA ...................................................................... 7 1.1 Introdução .......................................................................................... 7 1.2 Etiologia ............................................................................................. 7 1.3 Patogenia ........................................................................................... 7 1.4 Sinais clínicos .................................................................................... 8 1.5 Diagnóstico ........................................................................................ 8 1.6 Controle e profilaxia. .......................................................................... 9 1.7 Perdas produtivas ............................................................................ 11 2 LEPTOSPIROSE BOVINA .................................................................. 12 2.1 Etiologia ........................................................................................... 12 2.2 Epidemiologia .................................................................................. 12 2.3 Patogenia ......................................................................................... 13 2.4 Sinais clínicos .................................................................................. 14 2.5 Perdas produtivas ............................................................................ 14 2.6 Diagnóstico ...................................................................................... 15 2.7 Controle e profilaxia ......................................................................... 15 3 RINOTRAQUEÍTE INFECCIOSA BOVINA (IBR) ................................ 16 3.3 Sinais clínicos .................................................................................. 17 3.4 Perdas reprodutivas ......................................................................... 18 3.5 Diagnóstico ...................................................................................... 18 3.6 Profilaxia .......................................................................................... 19 3.7 Prognóstico ...................................................................................... 20 4. VÍRUS DA DIARREIA VIRAL BOVINA (BVDV) .................................... 20 4.1 Etiologia .............................................................................................. 20 4.2 Patogenia ............................................................................................ 21 4.3 Sinais clínicos ..................................................................................... 22 4 4.4 Perdas reprodutivas ............................................................................ 22 4.5 Diagnóstico ......................................................................................... 23 4.6 Profilaxia ............................................................................................. 24 4.7 Prognostico ......................................................................................... 24 DOENÇAS BACTERIANAS ...................................................................... 24 5. CAMPILOBACTERIOSE BOVINA ........................................................ 24 5.1 Etiologia .............................................................................................. 24 5.2 Epidemiologia .................................................................................. 25 5.3 Patogenia ......................................................................................... 25 5.4 Sinais clínicos .................................................................................. 26 5.5 Perdas produtivas ............................................................................ 27 5.6 Diagnóstico ...................................................................................... 27 5.8 Controle e profilaxia ............................................................................ 27 6 MICOPLASMOSE ............................................................................... 28 6.1 Etiologia ........................................................................................... 28 6.3 Sinais clínicos .................................................................................. 30 6.4 Perdas produtivas ............................................................................ 30 6.5 Diagnostico ...................................................................................... 30 6.6 Profilaxia .......................................................................................... 31 7 NEOSPOROSE – PROTOZOÁRIO ....................................................... 31 7.1 Etiologia .............................................................................................. 31 7.2 Epidemiologia e fatores de risco ......................................................... 32 7.3 Ciclo Biológico do Neospora caninum ................................................. 32 7.4 Sinais clínicos ..................................................................................... 33 7.5 Diagnóstico ......................................................................................... 33 7.6 Controle e Profilaxia ............................................................................ 33 8 TRICOMONIASE – PROTOZOÁRIO ..................................................... 34 5 8.1 Etiologia .............................................................................................. 34 8.2 Patogenia ............................................................................................ 35 8.3 Sinais clínicos ..................................................................................... 35 8.4 Perdas reprodutivas ............................................................................ 36 8.5 Diagnóstico ......................................................................................... 36 8.6 Profilaxia ............................................................................................. 37 9 CISTOS OVARIANOS ............................................................................ 37 9.1 Etiologia .............................................................................................. 37 9.2 Patogenia ............................................................................................ 38 9.3 Sinais clínicos .....................................................................................39 9.4 Diagnóstico ......................................................................................... 40 10 FETO MUMIFICADO ............................................................................ 40 10.1 Etiologia ............................................................................................ 40 10.2 Patogenia .......................................................................................... 41 10.3 Sinais Clínicos ................................................................................... 41 10.4 Perdas Reprodutivas ......................................................................... 42 10.5 Diagnostico ....................................................................................... 42 10.6 Prognostico ....................................................................................... 42 11 CIO DO ENCABELAMENTO ........................................................... 42 11.1 Etiologia ............................................................................................ 42 11.2 Patogenia .......................................................................................... 42 11.3 Sinais clínicos ................................................................................... 43 11.4 Perdas reprodutivas .......................................................................... 43 11.5 Diagnóstico ....................................................................................... 43 11.6 Profilaxia ........................................................................................... 43 11.7 Prognóstico ....................................................................................... 43 12 MUCOMETRA ...................................................................................... 43 6 12.1 Etiologia ............................................................................................ 43 12.2 Patogenia .......................................................................................... 44 12.3 Diagnostico ....................................................................................... 45 13 PIOMETRA .......................................................................................... 45 13.1 Etiologia ............................................................................................ 45 13.2 Patogenia .......................................................................................... 45 13.3 Sinais clínicos ................................................................................... 46 13.4 Perdas Produtivas ............................................................................. 46 13.5 Diagnostico ....................................................................................... 46 13.6 Profilaxia ........................................................................................... 47 REFERÊNCIAS: ........................................................................................ 48 7 1. BRUCELOSE BOVINA 1.1 Introdução A Brucelose bovina é uma doença responsável por causar aborto no terço final da gestação em vacas e orquites nos machos (NETO, 2009). É uma doença infecto-contagiosa causada por uma bactéria denominada Brucella abortus, sendo uma zoonose devido a transmissão dos animais aos seres humanos por ingestão de alimentos infectados ou a exposição com animais infectados e sendo de notificação obrigatória (CARDOSO, 2016). Brucelose bovina é responsável por causar grandes percas econômicas tanto em bovinos de corte como leiteiros. 1.2 Etiologia As bactérias do gênero Brucella, pertencem a classe Proteobacteria, são bactérias Gram-negativas, intracelulares facultativas, imóveis e não esporuladas. A Brucella possui dez espécies independentes, sendo classificada por sua diferença de patogenicidade, preferência de hospedeiros, características bioquímicas e antigênicas. Sendo as principais do gênero B. melintesis (cabras, ovelhas e camelos), B. abortus (bovinos e bubalinos), B. suis (suínos e javalis), B. neotomae (ratos do deserto), B. ovis (ovelhas) e B. canis (cães) (SOLA, 2014). Os bovinos e os bubalinos também são susceptíveis B. suis e B. melintesis, sendo a B. abortus a responsável pela maioria das infecções (CARDOSO, 2016). 1.3 Patogenia Suas patogenicidades estão ligadas diretamente em seu mecanismo que permite sua invasão, sobrevivência e multiplicação intracelular nas células do hospedeiro, estando protegida do sistema imune (CARDOSO, 2016). Acomete principalmente fêmeas e machos na fase reprodutiva, as bactérias se multiplicam nos fagócitos e são disseminados principalmente pelas vias hematógena, onde sua predileção são em úteros gravídicos, tecidos mamários e osteo articulares e órgãos do sistema reprodutor masculino. A sua predileção pelo útero gravídico se dá pela grande concentração do hormônio eritritol atraindo as brucelas e tendo um fator estimulante para seu crescimento. Nas fêmeas ocorre o aborto 8 no terço final da gestação, retenção de placenta, corrimento vaginais, endometrites e mastites, já nos machos podem ser registradas a orquite, epididimite e esterilidade (NETO, 2009). Sua transmissão para o homem pode ocorrer pela ingestão de leite ou derivados de animais infectados, manipulação de carne contaminadas pela bactéria, contato direto com animais doentes, fetos abortados ou placentas e manipulação incorreta de vacinas (B19) (NETO,2009). A resistência da B abortus fora do corpo do hospedeiro é de cerca de cinco dias à temperatura ambiente; 30 a 37 dias no solo e 75 dias no feto. Sua viabilidade, é influenciada por condições ambientais: aumentada em temperatura mais amena com boa umidade e diminuída em altas temperaturas, luz solar direta e dessecamento. O tempo de sobrevivência nas fezes líquidas varia, sendo na temperatura de 45 a 50 ºC, de quatro horas, enquanto que na temperatura de 15ºC, de aproximadamente oito meses (COELHO, 2018). 1.4 Sinais clínicos Nas fêmeas a B. abortus tem como sua principal causa o aborto, geralmente por volta do 5º e do 7º mês de gestação, nascimento de animais mortos ou fracos, podendo acometer a glândula mamária em casos crônicos (COELHO, 2018). Podendo ter queda na produção de leite, repetição de cio, corrimento vaginal, retenção de placenta, infertilidade permanente ou temporário sendo sinais de suma importância a sua produção. Outros sinais clínicos que podendo estar relacionado a B. abortus são, artrites, espondilites, bursites especialmente em vertebras toráxicas e lombares e inchaços nas articulações (CARDOSO, 2016). 1.5 Diagnóstico Um bom diagnóstico está diretamente relacionado aos sinais clínicos, porém o diagnóstico definitivo sempre será sorológico e bacteriológico (NETO, 2009). Os testes sorológicos empregados para o diagnóstico da brucelose identificam os anticorpos específicos presentes no soro sanguíneo dos animais 9 infectados, baseando-se em antígenos de superfície bacteriana, compostos por lipopolissacarídeos (LPS) e proteínas de membrana externa (SOLA, 2014). No Brasil a legislação nacional definiu como testes oficiais o Teste do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT), o Teste do Anel do Leite (TAL), o 2 Mercaptoetanol (2-ME), o teste de Fixação do Complemento (FC) e o Teste de Polarização Fluorescente (FPA). O primeiro é um teste de triagem, o segundo de monitoramento e os três últimos, confirmatórios (BRASIL, 2016). Para brucelose bovina, o teste de AAT se mostrou como um teste de triagem por ser rápido, de fácil execução, de baixo custo e alta sensibilidade. É o único de rotina realizado por médicos veterinários habilitados pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (COELHO, 2018). Animais reagentes ao ATT poderão ser submetidos a um teste confirmatório, o 2-ME,sendo feitos apenas por laboratórios credenciados ou oficiais credenciados. O 2-ME sendo um teste confirmatório de eleição devido sua alta sensibilidade e boa especificidade. Já o FC é o teste de referência preconizado para trânsito internacional, sendo empregado em vários países que conseguiram erradicar a doença ou estão em processo de erradicação. É realizado em laboratórios oficiais credenciados, como teste confirmatório em animais reagentes ao teste de triagem, ou para diagnóstico de casos inconclusivos ao teste do 2-ME (BRASIL, 2016). O FPA, técnica incluída na última atualização da legislação, tem apresentado excelente desempenho, mas ainda é pouco difundido em países subdesenvolvidos, em função do alto custo e da dependência de importação de equipamentos e reagentes para sua realização (COELHO, 2018). E o TAL pode ser utilizado por veterinários habilitados ou pelo serviço veterinário oficial apenas para monitoramento da condição sanitária em propriedades, ou segundo critérios definidos pelo serviço veterinário oficial (BRASIL, 2016). 1.6 Controle e profilaxia. No Brasil as medidas de controle e prevenção para a brucelose bovina, se baseiam em um sistema de vacinação de bezerras entre 3 à 8 meses de idade, 10 junto com medidas sanitárias com eliminação das fontes de infecção dos rebanhos, boas práticas de manejo, monitoramento da vacinação e controle do trânsito animal são fundamentais nos programas sanitários de controle oficial (BAPTISTA et al., 2012). Essas medidas são regulamentadas pelo Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT), instituído em 2001 pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e revisado em 2016, assim visando a diminuir o impacto negativo dessas zoonoses na saúde humana e animal, além de promover a competitividade da pecuária nacional (COELHO, 2018). Esse programa tem o objetivo de diminuir a prevalência e a incidência de brucelose e tuberculose, visando a erradicação dessas doenças em nosso território. A vacinação é obrigatória para todas as fêmeas bovinas e bubalinas, entre três e oito meses de idade, com amostra vacinal do tipo B19. A vacina B19 poderá ser substituída pela vacina contra brucelose não indutora da formação de anticorpos aglutinantes, a amostra vacinal RB51. Fêmeas acima de oito meses não vacinadas com a amostra B19 devem, ser vacinadas com a amostra RB51 de forma obrigatória, a vacinação de qualquer uma das amostras vacinais só pode ser realizada sob a responsabilidade de um Médico Veterinário cadastrados no serviço veterinário oficial do estado de atuação (COELHO, 2018). Em casos de animais soros positivos devem ser sacrificados conforme descrito pelo Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal, em casos de aborto o feto e placenta deve ser queimado ou enterrado, sempre seguindo as recomendações de manipulação evitando a contaminação entre animais e ao ser humano (CARDOSO, 2016). A Certificação de Propriedades Livres de Brucelose e Tuberculose, esses procedimentos obedecem aos princípios técnicos estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). A sua aplicação foi ajustada à realidade dos sistemas de produção brasileiros e às necessidades do PNCEBT. A adesão ao processo de certificação é voluntária e seria extremamente positiva a implementação de mecanismos de incentivo e de compensação. Tais 11 iniciativas deverão ser desenvolvidas em colaboração com todos os atores da cadeia produtiva, principalmente a indústria (PNCEBT, 2006). Referente ao certificado de propriedade livres de brucelose e tuberculose existe uma dificuldade de aplicação das normas técnicas estabelecidas em estabelecimentos de criação extensiva e com muitos animais, sendo principal sistema de criação na pecuária de corte no Brasil. Por esse motivo, criou-se a certificação de propriedade monitorada para brucelose e tuberculose, também de adesão voluntária. Nelas, os testes de diagnóstico são realizados por amostragem, seguindo procedimentos estabelecidos no regulamento do PNCEBT. E se não forem detectados animais positivos, a propriedade receberá o certificado de monitorada para brucelose e tuberculose. Se forem encontrados animais positivos, os animais não incluídos na amostragem serão submetidos a testes de diagnóstico, e todos os animais positivos serão sacrificados. Somente após essa etapa a propriedade receberá o certificado de monitorada para brucelose e tuberculose. Sendo que os animais testados para esse certificado serão apenas fêmeas acima de 24 meses e machos reprodutores (CARDOSO, 2016). Assim, Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal vem trabalhando de forma coordenada junto as entidades oficiais visando ao controle e erradicação da doença para um melhor desempenho na produção bovina no Brasil. 1.7 Perdas produtivas Quando relacionamos as perdas produtivas a Brucelose Bovina em fêmeas temos diversas perdas econômicas significativas. O aborto gerando perdas econômicas devido a perda da cria quando relacionado ao gado e corte e no gado de leite além da perca da cria, também o seu período de lactação. A repetição de cios, junto a ele vem um aumento no intervalo entre partos, causando grandes prejuízos em qualquer tipo de exploração de rebanhos bovinos. No leite as vacas terão um grande período seco e nas vacas de corte acarreta um menor número de bezerros disponível. Retenção de placenta e 12 metrite, são comuns em casos de partos brucélicos ocasionando um gasto com tratamento e medicamentos. Queda na produção de leite, as vacas tem um período mais curto de lactação mesmo tendo a presença do bezerro ou não, relacionado ao sistema de criação. Aumento no número de animais de descarte, devido aos problemas reprodutivos principalmente em fêmeas primíparas, assim, gerando um custo de reposição de matrizes. Problemas na comercialização desses animais podendo ter notificação na propriedade devido animais positivos. Assim as propriedades devem seguir um controle sanitário e vacinal de seus animais bastante rigorosos, visando a erradicação dessa doença em sua propriedade e em nosso território para um melhor desempenho produtivo e econômico (SIQUEIRA, 2006). 2 LEPTOSPIROSE BOVINA 2.1 Etiologia O microrganismo causador da Leptospirose é uma bactéria pertencente à ordem Spirochaetales, família Leptospiraceae e gênero Leptospira. Apresentam forma helicoidal, muito fino (0,1 μL de diâmetro) apresentando comprimento variável de 6 a 20 mm, são aeróbios estritos, são gram-positivas e negativas, e em suas extremidades se apresenta curvadas ou em forma de gancho, e nesses á presença de axóstilo no qual confere sua grande motilidade (PUBVET, 2016). A duas espécies principais do gênero Leptospira é a L. interrogans e L. biflexa. Para a espécie L. interrogans na atualidade estima-se a existência de aproximadamente 300 sorovares, sendo esses divididos em 25 sorogrupos. Nos bovinos, entre os sorovares mais encontrados esta o Hardjo, este apresenta dois tipos de sorovariedade sorologicamente idênticos, porém de genes distintos, são esses: L. interrogans, sorovar Hardjo, tipo Hardjoprajitno e Borgpetersenii e sorovar Hardjo, tipo Hardjobovis (JAMAS et al., 2020). 2.2 Epidemiologia A leptospirose é uma patologia de distribuição cosmopolita, e já se foi diagnosticada nos animais em todos os continentes e países, menos nas regiões 13 polares. Devido a ocorrência de grandes precipitações pluviais e o tipo de solo, a leptospirose tem maior prevalência em países de clima tropical (MIASHIRO et al., 2018). O portador universal e principal reservatório da Leptospirose é o rato, esse elimina a doença pela urina por toda sua vida, fazendo com que a leptospirose tenha distribuição mundial. A principalforma de transmissão é por contato direto, onde um mamífero infectado infecta um saudável, ou por contato indireto como urina que contenha leptospirose viáveis, ou também por veículos inanimados, como solo, água, ou objetos contaminados (VICENTE, 0000). Esta patologia está incluída na lista do Código Sanitário para Animais Terrestres da Organização Internacional de Epizootias por ter propagação internacional, ser emergente, apresentar potencial zoonótico e distribuição na população humana (OIE, 2009). A leptospirose é uma zoonose, e os humanos são acometidos através do contato com reservatórios ou portadores silvestres e domésticos de Leptoospira spp. O grupo de risco para essa doença são os garis, catadores de lixo, agricultores, veterinários, tratadores de animais, militares e bombeiros, pois são esses que apresentam ter o maior contanto com possíveis animais contaminados (ROLIM et al., 2012). 2.3 Patogenia O animal é contaminado pelo microrganismo através de pequenos cortes ou abrasões, na membrana mucosa, como por exemplo a conjuntiva. A partir do momento que ocorre a penetração as leptospira espalham-se imediatamente e cai na corrente sanguínea, onde multiplicam-se ativamente no interstício, sangue, linfa e líquor, levando o animal a um quadro agudo. As lesões primárias ocorrem nos pequenos vasos, como hemorragia, trombos e bloqueio do aporte sanguínea, devido à ação mecânica do microrganismo nas células endoteliais de revestimento celular (FIGUEIREDO, 2007). Após atingir a corrente sanguínea as leptospiras atingem também outros órgãos, como o pulmão, fígado e baço, rim, sistema genital, onde se multiplicam 14 por aproximadamente uma semana, fase denominada leptospira, nessa fase ocorre o estágio febril (VICENTE, 2017). Outra fase que caracteriza essa patologia e a fase de Lestospirúria (leptospiras eliminadas na urina), que ocorre devido à ausência de fagócitos na urina, permitindo a multiplicação destes microrganismos nos túbulos contorcidos renais, formando microcolônias (SIMÕES et al., 2016). As leptospiras no trato reprodutor das vacas causam infecção placentária, infecção aguda do feto e algumas vezes em leptospirose congênita. A infecção pode persistir por até 142 dias em vacas prenhes e por 97 dias em vacas não prenhes (FIGUEIREDO, 2007). 2.4 Sinais clínicos Nos bovinos os sinais clínicos presentes vão desde uma forma totalmente inaparente até uma forma aguda, febril e severa. A severidade da doença vai de acordo com a idade do animal, imunidade, sorovar infectante e da concentração e virulência. Os sinais são variados, incluindo febre, diarreia, anemia, icterícia e hemoglobinúria. Porem as manifestações clínicas mais frequentes são as relacionadas ao trato reprodutivo, como o abortamento, no terço final da gestação, infertilidade, esterilidade ou nascimento de produtos a termo, debilitados, que nos primeiros dias de vida morrem. Pode-se observar nos bezerros um quadro febril com icterícia e hemoglobinúria (FIGUEIREDO, 2007). Nas vacas que apresentam aptidão leiteira, pode ocorrer infecção da glândula mamária e o quadro clínico é a mastite atípica, e diminuição da secreção de leite em até 80%, contudo a produção normal retorna em 10 a 15 dias, outras características são úbere flácido e leite manchado por coágulos de sangue (SIMÕES, 2016). 2.5 Perdas produtivas Esta doença é um importante causa de perdas econômicas na pecuária, devido a maiorias das infecções serem subclínicas e associada a infecções fetais que levam ao aborto, parto de natimortos e o nascimento de neonatos fracos com alta taxa de mortalidade em bovinos, ovinos, equinos e suínos. Quando 15 ocorre epidemias de aborto e infertilidade nos rebanhos de bovinos, ocorre também o aumento de descartes de animais, causando significativas perdas econômicas. Além desses ocorrem prejuízos como agalactia em bovinos de leite e a síndrome da queda de produção de leite (FIGUEIREDO, 2007). 2.6 Diagnóstico Existem três formas de se fazer o diagnóstico da leptospirose bovina, o diagnóstico epidemiológico, clínico e laboratorial. O epidemiológico se dá através de características como baixa eficiência reprodutiva dos planteis, existência de elevada infestação de roedores, alto período de chuva associado à manifestações clínicas reprodutivas sugestivas de leptospirose (SIMÕES, 2016). O diagnóstico clínico se dá através dos sinais clínicos manifestado pelos animais, como febre, diarreia, anemia, icterícia e hemoglobinúria. E sinais reprodutivos presentes nos rebanhos bovinos como abortos, natimortos, reabsorção fetal, entre outros. Contudo utilizar apenas o diagnóstico clínico não se tem certeza absoluta do diagnóstico final, para isso precisa-se utilizar além desse, o diagnóstico epidemiológico e o laboratorial (JAMAS, 2020). O diagnóstico laboratorial de leptospirose bovina pode ser realizado por diferentes métodos laboratoriais como exames de visualização no microscópio de campo escuro, soroaglutinação microscópica e teste de Elisa (VICENTE, 2017). 2.7 Controle e profilaxia As medidas de controle para combater esta patologia se dá através de meios como, identificação das fontes de infecção, combater os reservatórios sinantrópicos, separar os animais, tratar ou descartar os animais infectados e adotar medidas de vigilância epidemiológica dos doadores de sêmen e dos comunicantes. Devem ser feitos os saneamentos das vias de transmissão por meios de drenagem, destino adequado de excretas, cadáveres e restos de animais, higiene e desinfecção das instalações e equipamentos zootécnicos, e a armazenagem adequada de alimentos. (FIGUEIREDO, 2007). 16 Outro método de controle é através de da utilização de antibióticos (principalmente estreptomicina), vacinação (bacterinas de células inteiras) e manejo adequado de terrenos alagadiços. Os antibióticos são usados no início para reduzir o número de animais infectados e minimizar a transmissão horizontal (JAMAS, 2020). A mais importante medida de prevenção é a vacinação, onde essa realizara o controle da leptospirose nos rebanhos, proporcionando imunidade humoral aos animais (ROLIM, 2012). Se utiliza a primo vacinação no emprego das vacinas, onde aos três ou quatro meses de idade se faz a vacinação, e após 30 dias se faz o reforço, e depois revacinações semestrais ou anuais conforme as condições ambientais. As vacinas (bacterinas) de leptospiras são suspensões de uma ou mais estirpes de leptospiras patogênicas. Embora não tenha sua eficácia confirmada, a vacinação pode reduzir o número de animais susceptíveis e gerar um grau de imunidade (FIGUEIREDO, 2007). Algumas medidas profiláticas da leptospirose são, o combate contra roedores, acondicionamento e destino adequado do lixo e armazenamento apropriado de alimentos, investir no setor de saneamento básico e adequação de equipamentos de proteção individual (EPI’s) (JAMAS, 2020). 3 RINOTRAQUEÍTE INFECCIOSA BOVINA (IBR) De acordo com Kahrs, 2001 citato por T.C.M. Fino et.al. 2012, infecções causadas por herpesvírus bovino 1 (BoHV-1) são responsáveis por gerar significativas perdas na produtividade, tanto na pecuária de corte quanto na leiteira. Apresenta alta ocorrência em rebanhos de todo o mundo e diferentes formas de manifestações clínicas. 3.1 Etiologia Herpesvírus bovino 1 pertence à família Herpesviridae, subfamília Alphaherpesvirinae, gênero Varicellorirus. Pode ser classificados em três subtipos: BoHV-1.1, relacionado aos quadros com sintomatologia respiratória e problemas reprodutivos, como infertilidade e abortamentos; 17 BoHV-1.2a, relacionado a uma grande variedade de manifestações clínicas que incluem transtornos reprodutivos, como abortos e casos de doença respiratória leve. BoHV-1.2b, relacionados a casos de vulvovaginite pustular infecciosa (IPV) e, balanopostitepustular infecciosa (IPB). 3.2 Patogenia Segundo Roizman et al., 1995, citado por C.B. Melo et.al. 2012, a replicação de BoHV-1 ocorre na mucosa do trato respiratório ou na mucosa genital, de acordo com a via de infecção. O vírus penetra nas terminações nervosas periféricas e migra através de axônios para os neurônios dos gânglios trigêmeo ou sacral, onde estabelece infecções latentes, uma característica típica de todos os herpesvírus, a capacidade induzir um estado de latência nos gânglios trigeminal ou sacral. Quando os animais são expostos a fatores estressantes, há um quadro de supressão imunológica gerando condições ideais para a reativação do vírus, gerando síntese e excreção de progênie infecciosa. 3.3 Sinais clínicos Segundo FLORES (2007), citado por ANTÔNIO Marco et. al. 2014, o Herpesvírus bovino 1 afeta, principalmente, os tratos respiratório e genital de bovinos, sendo os quadros clínicos subdivididos em sinais característicos de IBR e IPV/IPB. Raramente há ocorrência conjunta das formas genital e respiratória da doença. IBR: a manifestação clínica da doença caracteriza-se pela ocorrência de febre, anorexia, apatia, descargas mucopurulentas nasais e oculares, conjuntivite, erosões e hiperemia na mucosa nasal, dispneia, tosse, estridor traqueal e aumentos dos linfonodos locais. Abortamento e lesões nos bezerros: durante um surto, até 25% das matrizes gestantes podem abortar, principalmente entre o quinto e o oitavo mês de gestação. Bezerros infectados durante os estágios finais de seu desenvolvimento fetal podem apresentar a forma sistêmica da enfermidade, caracterizada por infecção aguda, com lesões necróticas nas mucosas dos tratos 18 digestivo e respiratório, fígado, rins e quadros de encefalite, que levam a cria ao óbito poucas horas após o parto. IPV: A IPV aguda pode se desenvolver no trato genital de fêmeas entre dois a quatro dias após episódios de cobertura natural ou inseminação artificial com sêmen infectado. Clinicamente, os sinais são observados após um período de incubação que varia de um a três dias e caracterizam-se pelo aparecimento de hiperemia, corrimento genital que varia de seromucoso a mucopurulento e edemaciação da vulva, além de pequenas pústulas distribuídas na mucosa, que podem se conectar formando úlceras recobertas por material fibrinoso que ocupam uma grande parcela da superfície vulvar. IPB: Machos infectados podem desenvolver uma severa inflamação do pênis e do prepúcio com lesões semelhantes às descritas na IPV. Em virtude do desconforto causado pelos danos no trato genital, o macho evita a monta e, em alguns reprodutores, pode haver prejuízos temporários à qualidade do sêmen, como anomalias morfológicas e funcionais dos espermatozoides. 3.4 Perdas reprodutivas A IBR é responsável por significativas perdas produtivas, sendo o maior prejuízo na esfera reprodutiva principalmente devido ao aumento da mortalidade e ao menor desenvolvimento entre animais jovens, à menor produção leiteira e ao ganho de peso, além de interferir na performance reprodutiva do rebanho. 3.5 Diagnóstico Quando há suspeita de IBR é primeiro realizar o diagnóstico clínico baseado no histórico de doenças na propriedade, com a observação dos sinais clínicos e lesões em machos e fêmeas. De acordo com Deka et al., 2005, citado por R.C. Leite et. al, 2012, o isolamento viral em cultivo celular é considerado o teste padrão para a identificação de BoHV-1. O diagnóstico pode ser realizado a partir de swabs de secreções nasais, oculares e genitais, além de sêmen e tecidos de fetos abortados e anexos fetais. As técnicas de imunoperoxidase e imunofluorescência são alternativas mais rápidas para o diagnóstico virológico. 19 A sorologia pode ser realizada por soroneutralização (SN) ou por ELISA, e estes testes são utilizados em inquéritos epidemiológicos, certificação de rebanhos e triagem de reprodutores destinados à coleta e comercialização de sêmen. A reação em cadeia da polimerase (PCR) apresenta grande aplicabilidade no diagnóstico veterinário, podendo ser utilizada também na genotipagem, nas análises filogenéticas dos patógenos e na identificação de animais positivos durante a forma latente da infecção. Essa técnica permite a detecção de quantidades muito pequenas de DNA viral, apresentando maior sensibilidade e especificidade comparada ao ELISA e ao isolamento viral. 3.6 Profilaxia Ações para redução de risco, como manejo sanitário e nutricional adequados, remoção de animais soropositivos, controle de entrada novos animais desinfecção periódicas das instalações, controle de pragas e imunização dos animais, dificultam a disseminação viral dentro do rebanho. A vacinação é recomendada em locais onde a infecção por herpesvírus é endêmica, assim como em propriedades onde haja condições favoráveis para a transmissão viral. Nesses casos, a erradicação da enfermidade é economicamente inviável pelo grande custo envolvido no descarte de animais, e a imunização dos animais torna-se uma maneira eficaz de diminuir as perdas econômicas advindas da manifestação clínica da doença. Segundo Patel, 2005, citado por por C.B. Melo et.al. 2012, é recomendado programar a vacinação em rebanhos com histórico comprovado de infecção, com sorologia elevada, sistemas de recria e confinamento, os quais reúnem novilhos de várias procedências; e em propriedades com alta rotatividade de animais. Já em rebanhos sem histórico clínico da doença e sem problemas reprodutivos, pode-se mantê-los sem vacinação, mas deve ser feito o monitoramento contínuo dos parâmetros clínicos e produtivos. 20 3.7 Prognóstico O prognóstico dessa doença é ruim, pois não é viável manter animais soropositivos na propriedade, mesmo sendo assintomáticos, por apresentarem um grande risco de a disseminação da doença no rebanho, podendo causar surtos e como consequência grandes perdas econômicas 4. VÍRUS DA DIARREIA VIRAL BOVINA (BVDV) 4.1 Etiologia Segundo Rodrigues e Rocha (2021) A diarreia viral bovina (BDV) é uma doença viral que traz grande impacto na bovinocultura tanto na reprodução quanto no trato digestivo dos bovinos acometidos o qual gera perca produtiva. O agente etiológico é um Vírus da família Flaviridae do gênero Pestivirus que além do BVDV também possui mais duas espécies conhecidas: Vírus da doença da fronteira dos ovinos e o Vírus da Peste Suína Clássica (Faria,2013), o BVDV possui dois genótipos: BVDV-1 e BVDV-2, os quais tem vários subgrupos e dois biótipos, que são classificados conforme o efeito durante a replicação celular: o citopatogênico e o não-citopatogênico (Rodrigues e Rocha, 2021). O genótipo BVDV-1 é conhecido a mais tempo e o mais comum, este constitui a maioria das cepas de vacinas e genealogia de referência, já o genótipo BVDV-2 foi separado e identificado na década de1990 onde ouve surtos de BVD aguda e severa, desta maneira desta maneira este ficou associado a casos clínicos mais severos. Contudo hoje sabe-se que a virulência e a patogenicidade do vírus não dependem do grupo genotípico (Faria, 2013). O biótipo citopático (CP) causa grandes danos na células de cultivo, entre eles is principais são a vacuolização citoplasmática e destruição celular em torno de 48 a 72 horas, são pouco encontrados em amostras de campo e isolados principalmente de animais com doença das mucosas ou pós-vacinal e o vírus não-citopático (NCP) é comumente encontrado nas amostras mas não causa mudanças na morfologia celular, estão associados a infecções naturais, enfermidade entéricas, reprodutivas e congênitas (Faria, 2013). Faria (2013) diz, que somente o biótipo NCP atravessa a barreira placentária e infecta o feto, causando então uma infecção persistente, de onde gera o animal conhecido como Persistentemente Infectado (PI), o qual se torna então o 21 principal disseminadorda doença e que após pode ser acometido pela Doença das Mucosas. É uma enfermidade de distribuição mundial, tanto em bovinos de corte quanto de leite, no Brasil está tem taxa de acometimento de animais soropositivos que varia de 60 a 85% (Silva et al, 2011), a presença desta patologia no País desde os anos 60 (Faria, 2013). Silva et al (2011) afirma que esta patologia é infecciosa e considerada enzoótica em alguns países. 4.2 Patogenia Rodrigues e Rocha(2021) dizem que a patogenia da BVD é determinada por muitos fatores, onde os reservatórios são a principal forma de transmissão do BVDV, estes são hospedeiro imunocompetente ou imunotolerante ao vírus, além dos fatores do próprio animal como: idade do animal, infecção vertical, período gestacional, imunização por vacinas, status imune e presença de determinantes estressores. Segundo Silva et al (2011) os animais portadores do vírus dissipam ele então por descarga nasal, no leite, na urina e na saliva. Quando o vírus entra em contato com o animal negativo ate então, ele começa a se replicar na mucosa oro-nasal, alcançando assim altas concentrações nas tonsilas, se espalha para os linfonodos regionais e se dissemina para o restante do corpo por meio dos leucócitos, possui tropismo pelas células da linhagem germinativa nos testículos e ovários, células do timo, placas de Peyer e células do feto (Faria,2013). A infecção quando ocorre no primeiro trimestre da gestação pode causar no nascimento de bezerros PI os quais servirão de reservatório da BVDV (Silva et al, 2011). A transmissão vertical geralmente é assintomática e a infecção ocorre pelo vírus NCP e esta causa a infecção fetal sem aborto ou natimorto onde então quando nascem são bezerros PI, muitas vezes nem identificados mas estes possuem uma grande quantidade viral na corrente sanguínea que são expelidas por secreções e fluidos corpóreos, assim esses animais são um forte reservatório da doença (Rodrigues e Rocha,2021) 22 Rodrigues e Rocha (2021) dizem que a forma aguda da BVD tem um período de incubação que varia de 10 a 14 dias após o contato. 4.3 Sinais clínicos Segundo Rodrigues e Rocha (2021) os sinais clínicos da forma aguda são: febre 40-41°C, distúrbios alimentares, taquicardia, acometimento respiratório, diminuição na produção leiteira, diarreia de aspecto aquoso abundante por volta de 3 dias após o aparecimento dos primeiros sinais, acidose, perda ponderal, desidratação (por causa da diarreia intensa), depressão, podendo levar a morte do animal. Já na infecção crônica Rodrigues e Rocha (2021) dizem que os sintomas são inespecíficos tornando assim de difícil entendimento da doença, ocorre a perda de apetite e peso, apatia seguida de fraqueza, diarreia intermitente, timpanismo crônico, erosões interdigitais e ulcerações na mucosa oral e na pele de difícil cicatrização. Animais assintomáticos formam um quadro imunossupressor onde acabam estando propensos a doenças e infecções secundárias do sistema respiratório, gastrointestinal e distúrbios hemorrágicos (Rodrigues e Rocha, 2021). É comum a ocorrência de ulceras pequenas em todas os tipos da doença menos na assintomática, geralmente essas ulceras aparacem no esôfago, rúmen e omaso as quais podem ser hiperêmicas ou hemorrágicas, o abomaso pode estar inflamdo e edematoso (Silva et al, 2011). 4.4 Perdas reprodutivas Em um estudo realizado com fêmeas no início da gestação soronegativas que foram expostas acidentalmente com vaca PI as taxas de concepção foram maiores para as que se soroconverteram nos dias do cruzamento ou pouco depois do que para as matrizes que se soroconvertem antes. E em novilhas soropositivas e que se soroconvertem nos dias do cruzamento até o diagnóstico de gestação (entorno de 50 dias) a taxa de fecundação é maior para as soropositivas do que para as soroconvertidas (Faria,2013). 23 Segundo Faria (2013) ainda não está claro o porque da taxa reduzida de prenhez mas depende do momento da infecção em relação a reprodução, o vírus é encontrado em tecidos ovarianos de fêmeas infectadas, quando os ovócitos em desenvolvimento são expostos ao BVDV causa reduzida capacidade de sobrevivência para os ovócitos por causa dos danos celular direto. Após infecção muito intensa de BVDV pode ocasionar uma ooforite intersticial, a qual se muito longa ocasiona mau funcionamento ovariano permanente. BVDV altera secreção de hormônios ovarianos, assim vacas PI tem os ovários hipoplásicos e com menor número de folículos antrais. Analisando todos estes pontos pode se notar que a infecção por BVDV altera a dinâmica ovariana e levam a redução na fertilidade a qual pode ser temporária ou permanente (Faria, 2013). 4.5 Diagnóstico Segundo Rodrigues e Rocha (2021) deve-se considerar suspeita de BVD quando ocorrer casos de perdas embrionárias, abortos, malformação fetal e nascimento de bezerros fracos. Para se fazer o diagnóstico deve-se observar os sinais clínicos, histórico do rebanho, anamnese, os achados macro e microscópico e de isolamento viral. Mas o diagnostico definitivo é baseado nos exames laboratoriais (Angst et al, 2019). Segundo Angst et al (2019) o isolamento viral é o principal teste para confirmação do diagnóstico indicado pela OIE, para realizar este exame o indicado é que seja coletado fragmentos do fígado ou baço, sangue total ou soro e sêmen, estes devem ser armazenados de maneira correta sobre refrigeração. O teste de soroneutralização viral é usado como rotina para o detectar e mensurar os anticorpos contra BVDV. O teste de ELISA é outra maneira de identificar o vírus no sangue, o PCR identifica amostras de acido nucleicos virais de material sanguíneo e de tecidos, ate mesmo das amostras conservadas (Rodrigues e Rocha, 2021). 24 4.6 Profilaxia Segundo Rodrigues e Rocha (2021) as formas de prevenção variam de acordo com o regime e funcionalidade da propriedade, e também da região, mas as ações que não podem faltar na forma de profilaxia da BVDV é a identificação e eliminação de animais PI da propriedade e a realização da vacinação. A vacina é ideal que seja realizada nas fêmeas antes do cruzamento ou inseminação, pois assim fica melhor a imunização do animal gestante e também garante uma melhor imunização fetal (Faria, 2013). Rodrigues e Rocha (2021) dizem que a vacinação deve ser realizada no terço final da gestação para que o bezerro ao nascer adquira uma melhor imunização passiva. Deve-se escolher a vacina que seja mais completa com as variedades cepas do BVDV, mas não se tem ainda uma vacina com os dois genótipos e citopáticas e não-citopática (Faria,2013), as vacinas de BVDV que temos no Brasil são de vírus vivo modificado ou vírus inativo, assim as vacinas vivas na grande maioria são compostas por estipes citopatogênicos do vírus atenuado e a vacina inativa tem tanto citopatogênico quanto não- Citopatogênico (Rodrigues e Rocha, 2021). 4.7 Prognostico Segundo Rodrigues e Rocha (2021) O prognóstico é considerado reservado, ate mesmo porque depende da fase que esta a doença quando identificada. DOENÇAS BACTERIANAS 5. CAMPILOBACTERIOSE BOVINA 5.1 Etiologia A campilobacteriose bovina tem como agente etiológico o Campylobacter fetus. Este agente possui duas subespécies, sendo esses o C. fetus subsp. Fetus, que seu principal sinal clínico é o aborto esporádico em bovinos e infertilidade enzoótica em ovinos, e o C. fetus subsp. venerealis que é o principal, pois é o causador da campilobacteriose bovina. O Campylobacter fetus subsp. veneralis é classificado como um bastonete delgado de 0,5 a 8 µm de comprimento e 0,2 a 0,5 µm de largura, móveis, gram-negativo, em formato de vírgula, em “S”, ou espiralado, apresenta um ou mais flagelos polares e não são 25 formadores de esporos, e necessita para seu crescimento de uma atmosfera rica em CO2 (10%) euma mínima concentração de O2 (5%) ( ALVES, et al., 2011). O Campylobacter fetus apresenta dois sorotipos denominados A e B, onde serão classificados de acordo com a composição do lipopolissacarídeo da membrana externa da bactéria. A subespécie fetus apresenta o sorotipo A e B, já a subespécie venerealis apresenta apenas o sorotipo A (THOMPSON & BLASER, 2000). 5.2 Epidemiologia A transmissão do Campylobacter fetus subsp. venerealis se dá por via sexual, através da cópula com um touro infectado. Dessa forma a principal forma de introdução desta patologia do rebanho é através da compra de touros ou vacas infectadas. Existem também outras formas de infecção, como por exemplo através de sêmens contaminados, comportamento homossexuais de touros com outros touros e através da transmissão por fômites, como espéculos, material utilizado na coleta de sêmen e inseminação artificial, camas utilizadas em criações com alta densidade (ALVES et al., 2011). O touro que está infectado apresenta maior importância na disseminação da enfermidade, pois um reprodutor pode transmitir a doença para várias matrize, onde à possibilidade de até 100% de infecção em uma única cópula (RISTOW, 1987). A morbidade é elevada, principalmente em rebanhos que utilizam a monta natural, já a mortalidade nos animais adultos em relação as complicações reprodutivas são nulas, porém a mortalidade embrionária nas primeiras concepções é extremante elevada (RISTOW, 1987). 5.3 Patogenia Após a infecção da fêmea ao C. fetus subsp. venerealis através da cópula ou por outros meios de transmissão, a bactéria é depositada na vagina, é após alguns dias migra para a cérvix e atinge o útero gravídico, causando processos de infertilidade e casos de abortos precoces. Sua colonização na mucosa endometrial, causa modificações no ambiente uterino, prejudicando o processo 26 de nidação dos embriões ou gerando um ambiente inapropriado para os embriões implantados (GENOVEZ, 1997). O micro-organismo pode sobreviver por longos períodos sem produzir lesões no epitélio vaginal, e para que ocorra a infecção no útero e ovidutos é necessário que a vaca esteja no período de estro, este processo dura em média de 12 a 14 dias (LEAL, 2012). As lesões que ocorrer no trato feminino vão desde uma inflamação catarral leve, até processos de aborto. As vacas apresentam infertilidade devido a cervite, endometrite e salpingite, e várias repetições de cios em intervalos superiores a 20-21 dias, principalmente em novilhas, e nas vacas os índices de abortos é em média 10% (RISTOW, 1987). Em torno de 90 dias a primeira infecção é eliminada, e com 20 dias as infecções subsequentes, indicando assim uma resposta anamnéstica, entretanto essa resposta ocorre desde que infecções secundárias ocorram dentro de 15 meses após a primeira infecção (LEAL, 2012). As fêmeas infectadas por essa bactéria podem voltar a atividade reprodutiva normal, contudo se faz necessário o repouso sexual da fêmea infectada de 4 a 6 meses para que o microrganismo desapareça por completo do lúmem vaginal das matrizes (GIUFFRIDA, 2007). 5.4 Sinais clínicos A patologia pelo C. fetus subsp. venerealis nas fêmeas tem como manifestações clínicas infertilidade, endometrite leve, salpingite, cervite, morte embrionária, repetição de estro e abortos. Como manifestação clínica principal se destaca a repetição de cio em intervalos aumentados e irregulares, esses intervalos geralmente é superior a 35 dias. As lesões mais frequentes encontradas nos fetos abortados são broncopneumonia supurativa e hepatite intersticial e em certos casos pode ocorrer mumificação fetal. Os abortos são mais frequentes no terço médio de gestação (4° e 5° mês), porém pode ocorrer também em períodos mais tardios. Outros sinais clínicos encontrados é a retenção de placenta, em novilhas a idade de primeira cria se torna mais tardia, 27 aumento do intervalo entre partos, aumento do período de estação de monta e a baixa taxa de natalidade do rebanho (ALVES, 2011). 5.5 Perdas produtivas Com esta patologia presente do rebanho se faz necessário o descarte e necessidade de reposição de animais inférteis, animais aqueles que estão em frequente repetição de cio, que abortara, frequentemente e os touros contaminados. Pode ocorrer também perdas no custo do sêmen, queda na produção de bezerros, redução na produção de leite por conta do intervalo entre partos longos e custos altos com profilaxia (GIUFFRIDA, 2007). 5.6 Diagnóstico Os principais meios de diagnóstico da CGB é o diagnóstico clínico e o laboratorial. Entretanto o diagnóstico clínico se faz muito dificultoso devido as características da doença e os sinais clínicos não serem patognomônicos da doença, com isso nenhum dos sinais clínicos descritos na literatura pode ser interpretado como diagnóstico da doença, dessa forma é indispensável a utilização de diagnósticos laboratoriais para descoberta de um rebanho contaminado (LEAL, 2012). O material utilizado nos exames laboratoriais pode ser coletado de fêmeas, onde se coleta o muco cervico-vaginal com pipeta de inseminação ou tampão absorvente (FERNANDES & GOMES 1992). Pode-se também serem coletados materiais como fetos abortados (conteúdo estomacal, fígado e pulmões), ou restos de membranas fetais para a utilização nos exames laboratoriais (ALVES, 2011). As técnicas utilizadas em laboratório hoje para o diagnóstico desta patologia em nosso país é o isolamento e identificação da bactéria por cultivo, imunofluorescência direta e PCR (LEAL, 2012). 5.8 Controle e profilaxia A principal forma de prevenção, é não permitir a entrada da doença no rebanho, através de princípios básicos de criação de gado que é a produtividade e sanidade. Existem várias medidas de profilaxia como por exemplo o controle 28 do trânsito animal na propriedade, evitar o compartilhamento de pastagens de lotes contaminados com os não contaminados, adquirir touros e novilhas virgens para reposição, realização de exames diagnósticos em todos os touros adquiridos, uso da estação de monta com duração de 60 a 90 dias, vacas e novilhas recém compradas e prenhas devem permanecer em pasto separados das demais matrizes, manter a média de idade dos touros a menor possível e não misturar vacas ou novilhas com “status” sanitário desconhecido (LEAL, 2012). Caso venha a ocorrer a contaminação do rebanho, são necessárias medidas de controle, como o descarte dos touros portadores da patologia e o descarte das fêmeas vazias ao final da estação de monta, sendo essa estação de monta limitada de 60 a 90 dias. Além desses, existem medidas mais eficazes como a vacinação de todos as fêmeas entre 30 e 45 dias antes da cobrição ou do início da estação de monta, implantação da inseminação artificial com sêmen de qualidade (STYNEN et al., 2003). 6 MICOPLASMOSE 6.1 Etiologia A família Mycoplasmatale é detentora de dois importantes agentes que estão correlacionados com doenças do trato geniturinário de varias espécies dentre elas os bovinos. Segundo BUZINHANI et al., (2007) a ocorrência desses microorganismos está correlacionada a ocorrência da síndrome vulvovaginite granular em bovinos. Quanto a sua importância clínica e zootécnica está correlacionada principalmente a baixos índices de concepção devido a infertilidade que provoca, abortos e repetições de cio. Entre as espécies de micoplasmas isoladas em amostras de bovinos, o Mycoplasma bovis, Mycoplasma bovigenitalium e Ureaplasma diversum são considerados de maior importância para as infecções do trato urogenital (BUZINHANI et al., 2007; LYSNYANSKY et al., 2009, citados por ROCHA, 2009). Quanto aos meios de transmissão há micoplasmose acaba sendo difundida do contato entre animais ou contato de um animal aparentemente saudável com fômites contaminados pro secreções das vias respiratórias, visto que,está 29 patologia também acomete o aparelho respiratório, a disseminação do agente também pode ocorrer através das biotecnologias da reprodução como a inseminação, tal processo ocorre principalmente quando se usa sêmen já contaminado com o agente. 6.2 Patogenia Uma das características marcante com relação ao modo de ação desses microorganismos é sua capacidade de aderência a superfície celular, esse mecanismo permite a esses agentes que os mesmos não sejam expulsos por secreções ou pelo fluxo urinário. Com relação aos locais que podem ser encontrados usualmente são trato respiratório, urogenital e das articulações e, raramente, invadem os tecidos e o sangue. Esses microorganismos se alojam no interior de células para evitar que sejam combatidos por alguma reação imunológica, e assim como em outros tipos de infecção podemos dizer que a patogenicidade do agente está diretamente ligada ao gral de ação do sistema imunológico do hospedeiro. Com o decorrer do desenvolvimento da patologia e consequentemente um crescimento dos micoplasmas presentes no ambiente temos a liberação de metabolitos e enzimas como o peróxido de hidrogênio (H2O2), radicais superóxidos (O2-) e amônia que se acumulam, causam danos aos tecidos do hospedeiro e induzem à inibição irreversível da catalase endógena (AMARAL, 2003). Estudos de SMITS et al., (1994); BIELANSKI et al., (2000); MONTAGNER et al., (2007), citados por ROCHA, (2009) acabaram constatando que com a presença desses microorganismos na tuba uterina e a atividade de enzimas e metabolitos geradas por sua presença, causam a diminuição ou o cessamento da atividade ciliar, interferindo na concepção e no desenvolvimento inicial do embrião. Também há interferência no mecanismo de fixação aos embriões, foi verificado experimentalmente que estes agentes podem atravessar a zona pelúcida de ovócitos e também se fixarem sobre o acrossoma dos espermatozóides. Sendo capazes também de alterar a concentração do esperma, velocidade e motilidade dos espermatozóides levandoos à perda da capacidade de fertilização. 30 6.3 Sinais clínicos Segundo RISTOW, (2010) em vacas causam agalactia contagiosa, mastite, endometrite, salpingite, placentite, vulvovaginite granular, aborto, repetições de cio, infertilidade e conseqüentemente, baixa taxa de concepção. Em touros causam vesiculite seminal e epididimite, enfermidades responsáveis por alterações morfológicas e funcionais dos espermatozóides, como por exemplo, diminuição da motilidade que resulta em baixa qualidade do sêmen. A vulvovaginite é relatada em vários estudos como tendo por agente causador microorganismos pertencentes a família do micoplasmas, entretanto, essa mesma patologia já foi descrita como tendo por ocorrência a presença de outros microorganismos. Sendo até mesmo inicialmente correlacionada com a presença Herpesvírus Bovino tipo 1 (BHV-1). Esta inflamação envolve o aparecimento súbito de descarga vulvar, granulações na mucosa vaginal associada ou não com a presença de vesículas na vulva, as quais tendem a se manifestar de 4 a 10 dias após o serviço, em fêmeas na fase reprodutiva GAMBARINI et al., 2009, citado por ROCHA, 2009. 6.4 Perdas produtivas As perdas econômicas podem ser observadas com a menor incidência de gestações, também pode se observar perdas relacionadas com partos prematuros, abortos e reabsorções fetais. O sêmen de animais contaminados também perdem qualidade e devido a presença desta patologia no sistema de produção temos um aumento dos custos com veterinários e drogas para tratamento das infecções. 6.5 Diagnostico O diagnóstico clínico deve ser realizado através da observação da sintomatologia apresentada pelos animais. O diagnóstico laboratorial é realizado através de cultivo e identificação dos agentes em material clínico de animais comprometidos. Os materiais rotineiramente analisados são: muco vaginal, muco prepucial, sêmen (in natura ou industrializado) e leite RISTOW, (2010). 31 6.6 Profilaxia Estudos publicados por NICHOLAS et al., (2006) aponta que assim como diversos outros microorganismos o M. bovis vem desenvolvendo com o uso indiscriminado de antibióticos cepas resistentes à por exemplo oxitetraciclina medicamento comunmente usado em tratamentos. Dessa forma podemos observar que apesar da infermidade possuir um tratamento viável em alguns casos, o uso incorreto dessas ferramentas acabam por proporcionar maiores dificuldades no tratamento dessa patologia. Sendo assim se faz necessário como medidas profiláticas no combate a essa doença a realização de exames que possam indicar animais positivos e também a observação de sinais clínicos. A profilaxia com antibióticos é geralmente desnecessária, entretanto é observado que em animais tratados a resposta humoral tende a permanecer por mais tempo, sugerindo que a atividade dos anticorpos, isoladamente, raramente é efetiva contra a infecção. DOENÇAS PROVOCADAS POR PROTOZOÁRIOS 7 NEOSPOROSE – PROTOZOÁRIO 7.1 Etiologia Neospora caninum, é um protozoário responsável pela grande parte dos abortos em bovinos, onde ainda interfere na produção leiteira e na produtividade do rebanho. Foi descrito pela primeira vez por DUBEY et al. (1988), este parasita pertencente do filo Apicomplexa, classe Sporozoa, família Sacocystidae, teve sua introdução em rebanhos explicada, quando identificaram oocistos nas fezes de cães e por meio disso foi descoberto seu ciclo biológico. É um parasita intracelular obrigatório, tendo cães, coiotes, lobo cinzento e dingos como hospedeiros definitos, devido a capacidade de eliminarem em suas fezes os oocistos. Como hospedeiros intermediários se encontram os ruminantes, equinos, Vulpes vulpes (raposa), Rattus novergius (ratos silvestres) e cervos. Em bovinos foi relacionado como agente patogênico, em consequência de encontrarem bradizoítos nos cistos teciduais do agente etiológico, no cérebro de um feto bovino, pertencente a um rebanho com distúrbios, onde a principal 32 sintomatologia apresentada era o aborto,a partir disso prejuízos econômicos nos sistemas de produção bovina, especialmente em rebanhos leiteiros, são relacionados com a ocorrência de neosporose. 7.2 Epidemiologia e fatores de risco A neosporose tem sua distribuição cosmopolita, ou seja, observada em praticamente em qualquer lugar do mundo. Propriedades onde seus bovinos são acometidos são localizadas próximas às cidades, sendo considerado isto um fator de risco potencial. São considerados como fatores de riscos cães, criações de aves domésticas, fornecimento de silagem e o tamanho da propriedade. No caso do fornecimento de silagem deteriorada, suas micotoxinas presentes promovem a depressão do sistema imune dos animais, auxiliando na reativação de uma infecção latente por Neospora caninum. Estudos de SILVA et al. (2008) apotam que animais com escore corporal ruim apresentam maior número de casos para neosporose, isso em comparação aos de escore regular, mostrando que o estado nutricional é um importante fator de risco, assim como a umidade, onde bovinos provenientes de áreas alagadiças possuem maior susceptibilidade, pois a umidade favorece a sobrevivência do Neospora caninum. 7.3 Ciclo Biológico do Neospora caninum O Neospora caninum tem como forma infectante os taquizoítos e os cistos teciduais. Seus estágios infectantes (taquizoítos e bradizoítos), DUBEY et al. (2002), tem desenvolvimento no hospedeiro intermediário. Os oocistos tem seu ciclo no hospedeiro definitivo, onde sua excreção para o ambiente é apenas pelas fezes, tendo o potencial de contaminar alimentos e água (ANDREOTTI, 2001). Os taquizoítos penetram infectando células neurais, macrófagos, fibroblastos, endotélio e hepatócitos, sua característica é a rápida multiplicação celular, favorecendo a disseminação, DUBEY et al.(2002). Os bradizoítos possuem multiplicação lenta, podendo persistir durante a vida toda no hospedeiro sem ocorrer manifestações clínicas (LLANO,2013). 33 O ciclo de vida do Neospora caninum, se inicia após 5 dias da ingestão de cistos possuindo bradizoítos, o hospedeiro definitivo eliminará os oocistos não esporulados pelas fezes, onde no ambiente vão esporular entre 24 e 72 horas após a eliminação (LINDSAY, et al.,1999), isso pode variar de acordo com as condições ambientais presentes. Com a esporulação, apresentarão 4 esporocistos com dois esporozoítos cada, esses conseguem sobreviver em condições diversas por longos períodos (LLANO,2013). 7.4 Sinais clínicos Entre o quinto e sexto mês de gestação, há multiplicação dos taquizoítos, sendo manifestado por meio do aborto, isso de forma esporádica (intervalos irregulares com baixa incidência), endêmica (taxas altas por longos períodos) ou epidêmica (recente infecção). Em casos que não geram o aborto, os bezerros soropositivos, em até dois meses apresentam: disfunção neuromotora, ataxia, paralisia de membros, hipertensão rígida, perda da consciência, reflexos patelares atenuados. No nascimento observa-se exoftalmia, hidrocefalia, estreitamento da medula espinhal, microencefalite, hidroencefalite, hipoplasia cerebelar e anormalidades do SNC. Os bezerros ainda apresentam escore corporal baixo, fraqueza, dispneia e dificuldade de levantar. 7.5 Diagnóstico O diagnóstico ocorre com base na anamnese, avaliação do histórico, sinais clínicos do rebanho e de exames complementares, e a confirmação só é possível com os exames laboratoriais. Nos métodos laboratoriais são utilizados o exame histopatológico, imunohistoquímica, PCR, ELISA, IFI. 7.6 Controle e Profilaxia O controle sanitário e o manejo correto são de suma importância para a prevenção da ocorrência de neosporose. Recomenda-se avaliar o rebanho, e em casos positivos observar o tamanho da infecção e a forma como foi transmitida. Deve ser feito o controle da população de cães e logo realizar a sorologia destes. Antes do ingresso de outros animais para a propriedades devem ser submetidos a triagem sorológica. A utilização de transferência de embrião é um forte aliado na prevenção, devido os embriões pré-implantados serem resistentes a infecção. 34 O manejo alimentar deve ser de forma correta para que não ocorra queda na imunidade. Além de manter silos fechados e eliminar materiais originados do aborto. DUBEY et al. (2001) cita o uso de sulfadiazina, daraprima e clindamicina como forma de tratamento, porém o custo e a eficácia do protocolo é alvo de contestações. 8 TRICOMONIASE – PROTOZOÁRIO 8.1 Etiologia A tricomonose bovina é uma doença parasitaria, infecciosa e sexualmente transmissível, seu agente etiológico é um protozoário flagelado de denominação Tritrichomonas foetus, da família Tritrichomonadea este é ativamente móvel, anaeróbico e sua multiplicação através de divisão binária, ele é sensível ao calor e também a desinfetantes mais comuns, desta maneira sobrevive pouco tempo no ambiente (Espósito e Oliveira, 2009). A morfologia do T. foetus é diferenciada facilmente dos outros tipos da mesma família, pois este tem a forma piriforme, e possui três flagelos anteriores e um posterior, sua membrana é ondulante, com três a cinco ondas e um movimento vibratório característico, esta é uma das principais formas de diferenciação do agente etiológico dando assim facilidade em diagnosticar a doença, possuem três sorotipos, mas estes não apresentao papel importante na imunidade a T. foetus (Haas, 2018). Contudo Haas (2018) afirma que o principal fator de virulência são as cisteínas proteinases, as quais atuam como adesinas que se aderem as células epiteliais do hospedeiro, sendo que quando isso ocorre causa então uma diminuição na produção de genital. Assim as cisteínas proteinases são liberadas na superfície mucosa do hospedeiro durante a infecção e induzem inflamação, citotoxidade e apoptose nas células epiteliais da vagina e do útero das fêmeas. Segundo Jaguszeski et al (2017) a tricomonose é uma doença de distribuição mundial assim podendo acontecer em qualquer região com bovinos, além de ser uma enfermidade que ocorre tanto em bovinos leiteiros quanto de corte. As principais fontes de disseminação desta doença são os touros de reprodução, 35 então a utilização de inseminação artificial é uma forma de evitar a doença nas vacas reprodutoras, assim que diagnosticado os touros positivos deve-se ser descartados evitando contaminação de vacas (Haas, 2018). 8.2 Patogenia Segundo Spósito e Oliveira (2009) a transmissão desta doença ocorre durante o coito onde o macho infectado transmite para a fêmea ou vice-versa. Além do coito essa doença também é disseminada através de vaginas artificiais que estejam contaminadas de outros touros, corrimento vaginal de vaca infectada que cai na cama de feno (ou outras camas de animais condicionados em altas densidades), fômites (espéculos vaginais), inseminação artificial com equipamentos ou sêmen contaminados (Jaguszeski et al, 2017). Outra forma de disseminação da enfermidade é o homossexualismos entre os machos (Spósito e Oliveira, 2009). Haas (2018) diz que após a copula o T. foetus causa uma leve vaginite, a qual muitas vezes passa até despercebida, após o parasita se move para o lúmen uterino pela cérvix durante o estro, de uma a duas semanas de infecção ocorre a colonização de todo o sistema reprodutivo, esta interfere na fertilização e desenvolvimento embrionário, mas a morte do embrião geralmente ocorre com 50 à 70 dias de gestação. Spósito e Oliveira (2009) afirmam que nos machos é mais comum de ser encontrado o T. foestus na cavidade prepucial, mucosa peniana e porção inicial da uretra, quando os animais mais velhos esta doença se torna crônica, acredita- se que por causa das alterações do epitélio prepucial e aumento do número e profundidade das vilosidades), raramente os touros apresentam manifestações clínicas da doença. 8.3 Sinais clínicos Segundo Haas (2018) os touros não apresentam nenhum sinal clinico, não ocorre alteração de comportamento e na libido, e nem na capacidade de fecundação do sêmen, já que não ocorre modificações nas características físicas e químicas dos fluidos, mas ao final da estação de monta eles podem apresentar exaustão física e perda de condição corporal, devido a monta em fêmeas 36 infectadas. Lembrando que por estes serem assintomáticos então iram servir de reservatório durante toda a vida se não forem diagnosticados (Jaguszeski et al, 2017). Nas vacas alguns dias após a cópula com touros infectados podem desencadear inflamações do sistema reprodutivo, onde pode-se ou não ocorrer a perda embrionária (Almeida et al, 2018). Desta maneira o primeiro sinal clinico da doença é a foliculite e vestibulite por causa da grande concentração de tricomonas na porção ventral da vagina e vestíbulo, também pode se apresentar endometrite, piometra, cervicite, vaginite, irregularidades do estro, aborto aproximadamente entre o terceiro e quinto mês da gestação, morte fetal (Jaguszeski et al, 2017). Almeida et al (2018) relata que em alguns estudos as fêmeas sofrem uma infecção tipicamente transitória mas conseguem abolir a enfermidade de 8 a 12 semanas após se contaminarem, assim as vacas podem se curar e adquirir imunidade, mas isso não impede que ocorra os danos reprodutivos. 8.4 Perdas reprodutivas A tricomonose geralmente causa perdas embrionárias/abortos, infertilidade nas fêmeas, estas são causadas geralmente pela penetração do protozoário no útero, além de causar infecções segundarias como piometra, endometrite (Jaguszeski et al, 2017), entre outras já citadas acima. 8.5 Diagnóstico Segundo Spósito e Oliveira (2009) o diagnóstico é baseado nas apresentações clinicas, históricoreprodutivo, isolamento e identificação do protozoário, assim para se realizar este utiliza-se amostras de muco vaginal, lavado prepucial, sêmen e conteúdo estomacal de feto abortado. Lembrando que as amostras devem ser colhidas e armazenadas para transporte de maneira adequada, pois isto influenciara na análise para diagnostico, desta forma o diagnóstico é baseado no encontro do protozoário vivo, assim deve ser enviado em meio apropriado para manter o parasita viável, o material deve ser enviado do campo ao laboratório o mais rápido possível e não pode ser resfriado e muito menos congelado, deve estar em temperatura ambiente. 37 Haas (2018) indica a utilização de reação em cadeia polimerase (PCR), por causa do aumento na sensibilidade analítica, rapidez na liberação do resultado e o fato de que os protozoários na coleta não precisarem estar viáveis. 8.6 Profilaxia Segundo Spósito e Oliveira (2009) sabendo que os touros são reservatórios permanentes e as fêmeas após alguns meses de infecção poder adquirir imunidade ao protozoário, assim as medidas de controle deve-se para prevenir a transmissão do patógeno do macho para as fêmeas. Seguindo essa lógica o melhor controle para a tricomonose é a eliminação de touros infectados do rebanho, para isso deve-se realizar os exames de PCR, e de raspados ou lavados prepucial para diagnosticar se há ou não a presença do protozoário T. foetus nos mesmos (Spósito e Oliveira, 2009). Outra forma de prevenção da tricomonose é a utilização da inseminação artificial, com sêmen de qualidade e comprovado a inesistencia do T. foetus, e também a utilização de equipamentos adequados higienizados corretamente (Jaguszeski et al, 2017). Almeida et al (2018) relata que se deve realizar os testes para identificação do patógeno nos touros de reprodução no início e final da estação de monta, com intuito de evitar uma grande disseminação do protozoário e evitar que ocorra grandes perdas reprodutivas. Realizar o descarte das fêmeas que apresentam a enfermidade. A vacinação contra T. foetus também é uma forma de prevenção bem utilizada para controle e prevenção da doença, mas está quase não é realizada no Brasil, mas nos outros países está sendo bem empregada mesmo apresentando uma faixa de 45% de eficácia de prevenção é bem utilizada pois auxilia na taxa de parição o que reduz a perda reprodutiva (Haas, 2018). 9 CISTOS OVARIANOS 9.1 Etiologia Cisto ovariano folicular, também conhecido como doença ovariana cística (DOC), é uma das alterações reprodutivas mais importantes em bovinos. Esta 38 condição tem impacto significativo na produção animal por diminuir a eficiência reprodutiva e tem sido diagnosticada com freqüência nos rebanhos de todo o Brasil. Acredita-se que suas causas estão relacionadas a diversos fatores como hereditariedade, nutrição estresse, clima e até mesmo o uso indiscriminado de hormônios visando à prevenção desta patologia, que pode levar a infertilidade por um longo período (JÚNIOR. B.G, 2012). A possível causa do cisto ovariano ainda não é bem conhecida. Inúmeros fatores são apontados como fatores de risco, como perda de escore de condição corporal no pós-parto, número de lactações, época do ano e desordens do pós- parto (López-Gatius et al., 2002) citado por (Santos et al,. 2008). Para alguns pesquisadores o aparecimento do cisto O desenvolvimento do cisto parece estar associado a um desequilíbrio endócrino envolvendo o eixo hipotálamo-hipófise- gonadas. Em diversas pesquisas a capacidade de produção das vacas vem sendo associado à queda de fertilidade, onde a ocorrência de cisto ovariano está intimamente associada com a produção de leite (Heuer et al.,1999) citado por Portinari et al. (2013). Os cistos ovarianos são classificados em folicular ou lúteo, dependendo do grau de luteinização da estrutura. A diferenciação por palpação retal é difícil e às vezes impossível (Sprecher et al., 1988; Farin et al., 1990) citado por (Santos et al,. 2008). Em bovinos, cistos ovarianos são encontrados principalmente nosprimeiros 60 dias pós-parto, pois é neste período que o hipotálamo e a hipófise ainda estão parcialmente refratários ao estrógeno produzidos pelos folículos que iniciam o crescimento, ou os mesmos não apresentam capacidade adequada para a produção de estradiol (FERNANDES, et al., 2005) citado por (ARNONE. B, 2011). 9.2 Patogenia O desenvolvimento da patologia se da seguinte forma resumidamente se tem uma redução na liberação de LH, principalmente durante a onda pré-ovulatória, alguns fatores são predisponentes para o desenvolvimento da doença como condições de estresses das vacas onde ocorre a liberação de cortisol, balanço 39 energético no pós-parto e condições ambientais em regiões de climas temperados. Tal patologia é caracterizada como uma manifestação secundaria a uma disfunção correlacionada com a cadeia hormonal desse animal (FERNANDES, et al., 2014). Comum todo o organismo desse animal se apresentará da seguinte forma a concentração de LH nesses animais se apresentará de forma baixa quando comparado a animais saudáveis. Com a ausência do pico de LH não temos a ruptura da parede folicular e a luteinizarão da mesma não ocorre. O nível energético possui efeito significante sobre a atividade ovariana. Uma nutrição inadequada suprime com mais freqüência o cio em fêmeas jovens em crescimento do que em adultas. E o balanço energético negativo provavelmente deprime a atividade ovariana pela inibição da liberação pulsátil de LH. Baixos níveis de glicose e de insulina no início da lactação podem interferir com a secreção pulsátil de LH ou agir diretamente sobre o ovário, deprimindo a secreção de esteróide, deficiência de iodo também é importante, pois este metalóide atua através da tireóide, provocando a sensibilização do ovário às gonadotrofinas hipofisárias ou indiretamente, na ativação metabólica geral (JUNIOR. B. G, 2012). 9.3 Sinais clínicos Segundo FERNANDES, (2004); RAMOS (2008) citados por ARNONE. B, (2011) São diversos os sintomas associados à presença de cistos ovarianos em bovinos, ninfomania, anestros e ciclos irregulares. A ninfomania é o sintoma traduzido pela manifestação de ciclos curtos e irregulares e períodos de aceitação de monta e duração acima do normal. Os processos primários representam anomalias localizadas e atuantes diretamente sobre os órgãos constituintes do trato genital, que se manifestam pela inabilidade de concepção. As origens dessas alterações são variadas, mas recebe maior realce aquelas relacionadas às malformações de origem hereditária ou congênita, caracterizadas principalmente pela ausência de estruturas anatômicas essenciais para a reprodução; por exemplo, agenesia e hipoplasia gonadal ou de segmento tubular do trato genital. Os transtornos secundários da reprodução representam as inabilidades de produzir gerações, porém o animal já concebeu 40 ou ainda tem habilidades para produzir novas gerações. Nesses casos, na maioria das vezes, as origens da infertilidade, inicialmente, atingem órgãos de outros sistemas e, secundariamente, ou seja, na evolução do caso clínico, repercute sobre o trato genital, interferindo no processo normal da reprodução, originando falha da fertilidade. 9.4 Diagnóstico De acordo com SMITH, (2006); NOBLE et al., (2000); McENTEE, (1990) citados por JÚNIOR, B. G (2012) O diagnóstico da degeneração cística folicular baseia-se na anamnese e no exame clínico preciso. O histórico de estro constante ou freqüente, de curtos intervalos inter estrais ou anestro, podem sugerir degeneração folicular cística. Para se determinar a condição que levará ao diagnóstico conclusivo geralmente são necessárias duas avaliações, com intervalo de dez dias, o método mais usual é a palpação via retal, porém a ultra- sonografia é o método clínico mais
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