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Licenciatura em Direito – I° Ano
Actuação do Estado na Economia
Discente: 
Contacto: 
Xai-Xai
Julho 2021
Actuação do Estado na Economia
	Trabalho de investigação a ser apresentado na disciplina de Economia Política, para efeitos avaliativos 
Docente: 
Discente: 
Xai-Xai
Julho 2021
Índice
1. Introdução	3
2. Objectivos	4
2.1. Geral	4
2.2. Específicos	4
3. Metodologia	4
4. Noções do Estado Liberal e Intervencionista	5
4.1. Estado Liberal	5
4.2.1. Tipos de intervenção	7
5. Funções do Estado	9
5.1. Função económica do Estado	9
5.2. Função social do Estado	11
5.3. Função Politica do Estado	12
6. Politica de intervenção do Estado	12
7. Conclusão	14
8. Bibliografia	15
1. Introdução
A intervenção do Estado no domínio económico é encontrada em varias disciplinas, desde o Direito constitucional e direito administrativo, cujos interesses são distintos, mas não divergentes, pois enquanto o direito administrativo se ocupa com as formas de realizar a função administrativa do Estado, o direito administrativo impõe que o Estado deve intervir, por exemplo, em caso de interesse público relevante que o legitime.
O presente trabalho de investigação tem como objectivo geral, analisar a actuação do Estado na ordem económica. Entretanto, tal objectivo é esclarecido de forma pormenorizada, onde são apresentadas a noções do Estado liberal e intervencionista; as funções do Estado mormente função politica, económica e social; e por fim temos a política de intervenção do Estado, enfatizando-se a política fiscal e monetária no caso específico do ordenamento jurídico moçambicano. 
O Estado liberal pressupõe a abstenção da intervenção do Estado na economia, entendendo-se que os particulares por si só são suficientes para satisfazerem as suas próprias necessidades. Paralelamente, na concepção do Estado intervencionista como é o caso de Moçambique, entende-se que os particulares devem exercer a sua actividade económica dentro dos padrões estabelecidos na Lei, e o Estado participa na ordem económica tanto de forma directa (desenvolvendo directamente a actividade económica), assim como de forma indirecta (regulando a economia). 
2. Objectivos 
2.1. Geral 
· Analisar a actuação do Estado na ordem económica
2.2. Específicos 
· Compreender as noções do Estado liberal e intervencionista;
· Apresentar as funções do Estado;
· Identificar a politica de intervenção do Estado.
3. Metodologia 
Segundo Marconi e Lakatos (2009, p. 40), a metodologia é um conjunto detalhado e sequencial de métodos e técnicas científicas a serem executadas ao longo de pesquisa, de tal modo que se consiga atingir os objectivos inicialmente propostos e ao mesmo tempo, atender aos critérios de menor custo, maior rapidez, maior eficácia e mas contabilidade de informação. A efectivação do mesmo foi possível com base numa pesquisa bibliográfica ou doutrinal, no esforço de conseguir os objectivos modelados e acima mencionados. Para tal foi necessário dissociar nas fontes e métodos das quais compensaram o intuito do mesmo. O tipo de investigação que levou avante, isto é, quanta forma de abordagem pesquisa qualitativa, quanto aos objectivos pesquisa exploratória e quanto aos procedimentos técnicos revisão bibliográfica.
4. Noções do Estado Liberal e Intervencionista 
4.1. Estado Liberal
A burguesia ascendente da fisiocracia e do liberalismo segue-se, historicamente, ao despotismo iluminado e fundamenta-se na necessidade dos novos e ricos empresários burgueses em libertar a produção e os lucros do centralismo autoritário do rei.
A liberdade e a propriedade assumem, agora, um papel determinante nas reivindicações da burguesia. E será interessante notar que a organização económica do fim do séc. XIX e do princípio do séc. XX aparece no seguimento dos grandes tratados de filosofia política que colocavam o homem numa posição diferente perante o Estado:
O Estado liberal identifica um Estado que tem por princípios actuar de forma mínima no domínio económico. O Estado do liberalismo económico era o resultado do temor que se tinha dos abusos de poder contra os agentes económicos. Acreditava-se que a participação do Estado não poderia limitar a livre iniciativa de empreender e competir com os outros agentes económicos.
Para os defensores desta teoria (Adam Smith, Stuart Mill e David Ricardo), a economia funcionaria como uma “mão invisível” na procura e obtenção da racionalidade. A ordem jurídica comum, abstracta e geral – sobretudo a propriedade e o contrato – era o suporte legal e único da economia. O liberalismo entende o contrato de trabalho numa expressão inter-individual já que o empresário e o operário assalariado aparecem, perante a lei, individual e abstractamente considerados, despidos de qualificação económica, como contratantes equiparáveis. (Moncada, 2003) 
A sociedade liberal era entendida como uma soma de indivíduos. Era, em primeiro lugar, a liberdade individual que se pretendia salvaguardar da interferência do poder sendo que a liberdade era entendida como libertação do Estado, dispensa da tutela estatal. (Vaz, 1998, p. 20)
No confronto com os factos reais da vida económica, verificou-se que a concorrência livre e perfeita desejada, aliada ao progresso técnico, acabou por permitir fenómenos de concentração que o liberalismo não aceitava, em teoria. Aparecem novos fenómenos contrários à doutrina liberal, tais como: o aparecimento das sociedades por acções fruto dos mecanismos de acumulação de capital; a criação de sindicatos e a celebração de contratos colectivos de trabalho etc. Mas, apesar de a economia ir dando sinais de rompimento com os ideais liberais, os princípios, nomeadamente, os constitucionais, como a liberdade e a propriedade, continuaram a afirmar-se, mesmo já no início do séc. XX. 
No entanto, o sistema liberal começou a dar sinais de enfraquecimento, quer na incapacidade de manter uma matriz de concorrência perfeita e de sociedade atomista, quer no aparecimento de conflitos sociais motivados pela divisão do trabalho no processo de industrialização. (Vaz, 1998) 4.2. Estado Intervencionista
A I Guerra Mundial é o marco convencionado para o início da desagregação do liberalismo económico. A partir deste âmbito, os Estados começam por ter a necessidade de reorientar a economia para aguentar os custos da guerra e confronta-se com fenómenos económicos como a inflação e o desemprego. Estas realidades obrigam os Estados a intervir procurando minimizar os efeitos da guerra. 
Os ideais da revolução de 1917 repercutiram-se por toda a Europa no pós-Guerra, tratando-se de um projecto sedutor que tende a agregar muitos teóricos preocupados com os efeitos sociais nefastos do modelo liberal e da economia de guerra. Em 1919, a Constituição de Weimar estabelece uma organização económica com princípios democráticos. Finalmente, a crise de 1929, contribuiu igualmente, para a modificação da relação entre poderes públicos e poderes privados. (Vaz, 1998, p. 35) 
A intervenção do Estado é um fenómeno que se manifesta, hoje em dia, em sistemas diversos, independentemente da sua classificação:
· A partir do modo de coordenação – nas economias totalmente planificadas e nas economias de mercado
· A partir do modo de produção – sistema económico de apropriação colectiva dos meios de produção ou sistema económico de apropriação privada dos meios de produção.
Esta preocupação com o bem-estar dos cidadãos manifestou-se, essencialmente, no fornecimento de serviços a nível estatal (correios e caminhos de ferro) e a nível municipal (abastecimentos de água, electricidade, gás, transportes públicos). O Estado tinha a consciência que os privados não seriam a melhor opção para o fornecimento destes serviços se eles pretendiam ser um serviço público e não uma mera actividade geradora de lucro. 
A partir destas iniciativas primárias, o Estado vai alargar consideravelmente o seu âmbito de fornecimento de serviços: segurança social, protecção no trabalho, política de emprego, seguros contra o desemprego, políticas sanitárias, protecção à família,política educacional, escolar e de investigação, política habitacional e de povoamento, planificação urbana e planificação do espaço territorial, política ambiental, etc. (Vaz, 1998, p. 36)
Até aos anos 80 do séc. XX, verifica-se, assim, uma progressiva intervenção do Estado na economia, com três fases distintas:
Intervencionismo Restrito – correspondendo ao período durante e após a I Guerra – restrito porque se trataram de medidas avulsas e conjunturais
Dirigismo – no espaço entre as duas guerras verificou-se um aumento acentuado das restrições aos agentes privados e, por outro lado, ao aumento da intervenção dirigista do Estado.
Planificação – a acção do Estado é entendida como um “poder-dever” que, além de legitimar a intervenção do Estado, lhe cria mesmo obrigações face à defesa da comunidade. (Moncada, 2003) 
4.2.1. Tipos de intervenção
Intervenções globais, sectoriais e pontuais ou avulsas
Olhemos para o Estado e para a Economia e pensemos num fenómeno global económico, por exemplo, uma baixa generalizada do investimento. Se o Estado intervém para corrigir este fenómeno global, através de medidas de encorajamento do investimento, estamos perante uma intervenção global. 
Se, a baixa no investimento se verifica num só sector de actividade, considerado fundamental para o desenvolvimento do país, ex. o turismo, e se o Estado adopta medidas de encorajamento ao investimento neste sector, estamos perante uma intervenção sectorial. Por outro lado, imaginemos que uma empresa importante para a exportação entra em dificuldades económicas e o Estado decide encetar uma intervenção que vise a recuperação da mesma empresa, estaremos neste caso perante uma intervenção pontual ou avulsa. (Moncada, 2003, p. 52)
Intervenções imediatas e mediatas
Para Moncada (2003, p. 53), as medidas imediatas são aquelas que se caracterizam por terem efeito directo dirigido e intencional na economia, por ex. as nacionalizações ou o apoio a determinadas actividades económicas. 
Mas, o Estado pode tomar outro tipo de medidas que, não sendo especificamente dirigidas a um sector económico ou à economia na sua globalidade, acabem por afectar a actividade económica do país, e neste caso estamos perante intervenções mediatas como por ex: aumento ou diminuição de impostos sobre o rendimento das empresas ou sobre o trabalho; abertura de linhas de crédito a favor da construção social; diminuição das taxas de juro etc.
Intervenções unilaterais e bilaterais
Quando o Estado nacionaliza ou privatiza, aumenta os impostos ou as taxas de juro, apoia um sector, etc. estamos perante intervenções unilaterais. Estas intervenções são as tradicionais e ainda maioritárias. 
No entanto, cada vez mais se acentua a tendência para o Estado intervir ao abrigo de formas convencionais e contratuais do exercício da autoridade. Estas formas pressupõem um acordo entre Estado e privados para a determinação de formas de intervenção. 
A intervenção unilateral é considerada como tributária de uma concepção policial da intervenção económica do Estado. Pelo contrário, a concepção contratual traz consigo uma evolução da fase de polícia económica para a fase da política económica (Moncada, 2003). 
As medidas convencionais ou contratuais não se destinam a prevenir ou a reprimir comportamentos dos actores económicos mas sim a concertar políticas económicas consideradas desejáveis pelo Estado em função de interesses sociais gerais.
Intervenções directas e indirectas
A intervenção do Estado na economia compreende a regulamentação e fiscalização da actividade económica de natureza privada – intervenção indirecta –, bem como a actuação directa do Estado no domínio económico, o que se dá normalmente por meio de empresas estatais – intervenção directa. Na intervenção directa, o Estado opera segundo as normas do direito privado encontrando-se na posição de igualdade face aos demais particulares através da criação de empresas publicas. A actividade que o Estado exerce a título de intervenção na ordem económica não é assumida por ele como actividade pública. Ele a exerce, conservando a sua condição de actividade de natureza privada, submetendo-se, por isso mesmo, às normas de direito privado (Waty, 2011, p. 187) 
5. Funções do Estado
5.1. Função económica do Estado 
De modo geral, a função económica do Estado traduz-se na intervenção do sector público para corrigir falhas do mercado, tendo em vista a necessidade de aumentar o bem-estar da sociedade. Para isso, o Estado intervêm na economia, desempenhando três funções, tais como: função distributiva de riqueza, função de alocação de recursos, e a função estabilizadora da economia. 
Função distributiva de renda e riqueza
A função distributiva (ou, segundo alguma literatura, a função redistributiva), significa que cabe ao Estado assegurar, através do orçamento, que exista maior equidade social e territorial, sobretudo assegurando o acesso universal aos serviços básicos dos cidadãos e, por meio de investimentos públicos, criar oportunidades de negócios e geração de emprego de forma direccionada para correcção das distorções e desequilíbrios provocados pelo mercado. Esta função está directamente relacionada com a função “colectora”, sobretudo de partes do rendimento das empresas e das famílias, através de diferentes tipos de impostos e taxas. (Mosca, 2005, p. 36) 
Função estabilizadora da economia 
A função de estabilização da economia significa assegurar que os indicadores da economia permaneçam duradouramente em níveis que proporcionem um bom ambiente de negócios e de confiança dos agentes económicos (empresas e famílias) para investir e consumir, isto é assumirem riscos na perspectiva de eventuais futuras convulsões que ponham em perigo os negócios e o bem-estar e a segurança dos cidadãos. Os indicadores que representam estabilidade são principalmente os seguintes: (1) crescimento económico de longo prazo, em ritmos estáveis sem “aquecimento”[footnoteRef:2] ou recessões de grande amplitude, assumindo a categoria de “crise conjuntural”[footnoteRef:3], e a capacidade de resistência a crises internas e/ou externas; (2) criação de emprego e manutenção de taxas de desemprego não superiores a 5%, considerando o desemprego estrutural9; (3) inflação e taxas de juro baixas (não superior a 3%), como garantia de redução dos custos do capital nos investimentos, no consumo e no bem-estar; (4) estabilidade cambial para segurança dos investidores e agentes do comércio externos para a estabilidade dos preços internos; (5) défice público baixo (menos de 3% do PIB), como forma de assegurar que o Estado, como principal agente económico (enquanto consumidor de recursos), esteja dimensionado conforme a capacidade de a economia gerar valor e impostos para suporte das funções do Estado. (Mosca, 2005, p. 36-37) [2: Diz-se que uma economia está aquecida quando cresce a ritmos elevados durante um período curto (2 a 3 anos), suportada por factores conjunturais. Nestes períodos, existem grandes oportunidades de negócio, geralmente em um número limitado, de alguns sectores e não do conjunto da economia. O conceito pode ser sinónimo de “bolha” da economia. ] [3: Regra geral, diz-se que uma economia está em crise quando atravessa um período (por exemplo, mais de três trimestres) em desaceleração, ou quando atinge um crescimento negativo. ] 
Alocação de recursos 
A função alocativa tem como objectivo a afectação de recursos, de forma complementar ao mercado, para corrigir as distorções, sobretudo na correcção dos factores de estabilidade da economia e resistência às crises económicas, e para que, através dos serviços públicos essenciais (saúde, educação, segurança social), reduzir as desigualdades sociais. Verifica-se a funcionalidade/articulação e complementaridade das três funções principais do Estado. (Mosca, 2005, p. 37)
5.2. Função social do Estado
Com o advento do liberalismo, não se fazia referência aos direitos sociais, uma vez que entendia que todas as necessidades seriam satisfeitas pelos próprios particulares. Contudo, esta concepção conduziuà concentração do capital nas mãos de uma minoria, em detrimento de vastos grupos sociais marginalizados, surgindo, o que deu embrião à concepção do Estado social encarado como garante do bem-estar e da justiça.
A efectivação dos direitos sociais implica que o Estado, e consequentemente toda a sociedade, assumam solidariamente um conjunto de encargos, a fim de sustentar a satisfação de necessidades sociais básicas, como a saúde, a protecção social, o ensino, etc., tendo sempre em atenção a protecção dos cidadãos mais vulneráveis. Como acima referido, a função social do Estado traduz-se na efectivação dos direitos sociais dos cidadãos constitucionalmente consagrados, nomeadamente: 
· Meio ambiente: todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à colectividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações, nos termos do artigo 90 da Constituição da Republica de Moçambique de 2018 adiante designada CRM.
· Educação: a educação é um direito e dever de cada cidadão, devendo ser provida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, o seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (art. 88 CRM).
· Saúde: a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e económicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos, e ao acesso universal e igualitário às acções e serviços para a sua promoção, protecção e recuperação, art. 59 em conjugação com art. 116 ambos da CRM.
· Emprego: o emprego constitui direito e dever de cada cidadão. Todo o trabalhador tem direito à justa remuneração, descanso, ferias e à reforma nos termos da lei, art. 84 e 85 da CRM 
· Cultura física e Deporto: cabe ao Estado garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais, e acesso às fontes da cultura nacional; cabe também apoiar e incentivar a valorização e a difusão das manifestações culturais, devendo proteger as manifestações das culturas populares nacionais, artigo 93 da CRM. (Canotilho (1998, p. 105)
5.3. Função Politica do Estado 
A função política do Estado está relacionada à administração superior dos interesses do Estado, no plano interno e externo, com elevado grau de discricionariedade e independência das decisões, conforme parâmetros fixados na Constituição. 
Deste modo, estão inseridas na ideia de governo tanto as decisões que se relacionam à definição e alinhamento das directrizes superiores de gestão dos interesses do Estado, como a definição das políticas públicas que serão implementadas, quanto os chamados actos de governo, que são situações de grande conteúdo político, como a declaração de guerra, decretação de estado de emergência etc. (Amaral, 2004)
6. Politica de intervenção do Estado
O desenvolvimento, como previsto constitucionalmente, é um dos objectivos do Estado, o que lhe acarreta a necessidade de estabelecer medidas económicas suficientes para alcançá-lo. Dessa forma, o desenvolvimento é atingido por medidas de política económica. Quase sempre, escuta-se a expressão “política fiscal” como um dos limitadores do desenvolvimento das empresas nacionais, ou que a política externa moçambicana não beneficia as exportações de bens industrializados.
A ordem económica funciona como um plano de fixação de objectivos para proporcionar o melhor nível de vida possível às pessoas. A politica económica é o plano efectivo de acção que pode constar ou não em uma norma de natureza constitucional, mas que será criada nos limites dos objectivos determinados constitucionalmente[footnoteRef:4]. [4: Para Modesto Carvalhosa (1972, p. 71) “em consequência, utilize o Estado de todos os meios normativos, administrativos e operacionais para obter o pleno aproveitamento de todos os factores económicos e não económicos (recursos naturais humanos e capitais), através de uma política intervencionista que propõe o aumento do nível geral da produção e sua racional partição, no espaço, por toda a área política do Estado”] 
As medidas de política económica ou intervencionista representam a forma de implementação pragmática dos instrumentos económicos para se alcançar os resultados dispostos juridicamente na ordem económica de uma Constituição. Nesse sentido, a política económica vai representar a forma de actuação do Estado, pois os resultados e os instrumentos já estão determinados. A competência do que governa deve ser auferida justamente na verificação da implementação de políticas. É claro que a maneira de realizá-la será distinta de executor para executor, daí as rotineiras críticas de natureza económica que são realizadas sobre as “políticas” de natureza fiscal, trabalhista, sindical, internacional etc.
O que o Estado deve fazer é funcionar como grande propulsor da actividade económica, poucas vezes realizando-a indirectamente, em maior quantidade, concedendo a exploração a outros e regulando-a indirectamente, e em todos os demais casos, fiscalizando as praticas que porventura possam ser incompatíveis com o processo económico para o desenvolvimento. (Mosca & Abbas, 2016)
O Estado deve funcionar como estimulador, planeador, coordenador e condutor do desenvolvimento económico. A política intervencionista tem por missão balizar as reformas estruturais para desencadear o desenvolvimento económico pretendido. Constituem exemplos das politicas intervencionistas no ordenamento moçambicano as infra referidas:
Politica fiscal e monetária 
A política monetária pode e deve ter um papel de checks and balances em relação à política fiscal. Esta função pode ser de complementaridade (reforço dos objectivos e aumento de eficácia e eficiência), ou de contracção das naturais tentativas de instrumentalização política e eleitoralista do Estado por via do orçamento. Por essas razões, se afirma, em teoria, que os bancos centrais devem ser independentes dos poderes políticas e da governação[footnoteRef:5]. [5: Na realidade, não existem evidências de uma total independência de algum Banco Central, porem, existem diferentes graduações de articulação e compromisso entre um Banco Central e o poder executivo.] 
As políticas fiscal e monetária podem produzir efeitos contraditórios, anular-se entre si, serem ineficazes e com baixos efeitos multiplicadores (eficiência), no lugar de criarem sinergias e complementaridades. 
A política monetária tem tido um claro objectivo de controlar a inflação (por meio de restrições à oferta monetária, através de reservas obrigatórias elevadas dos bancos comerciais junto do Banco Central e às taxas de referência altas), fazendo com que as taxas de juro à economia se mantenham elevadas. Deste modo, o Banco de Moçambique actua de forma semelhante, tanto quando a economia está em expansão, como quando está em recessão ou mesmo em crise. (Mosca & Abbas, 2016).
7. Conclusão 
Os contornos político e económico que permearam a dicotomia liberalismo e intervencionismo tiveram reflexo no campo jurídico. Tais reflexos no campo jurídico, contudo, podem ser melhor entendidos pela consideração da evolução de duas expressões básicas do Estado moderno: o Estado liberal e o Estado social.
Após a realização do presente trabalho, concluiu-se que ao longo do tempo, os modelos económicos sofreram modificações consideráveis, desde o liberalismo até ao intervencionismo. O Estado liberal e a sua consequente expressão no pensamento jurídico implicaram um avanço no seu tempo, no sentido de que aquele Estado humanizara “a ideia estatal, democratizando-a teoricamente, pela primeira vez, na Idade Moderna.
Constatou-se que o Estado intervencionista desempenha fundamentalmente três funções: a função económica, função social e função política. A função económica está subdividida em três espécies tais como: a alocação ou afectação de recursos, a estabilização da economia e a distribuição de riqueza. A função económica do Estado incide muito mais na intervenção do sector público para corrigir falhas do mercado,tendo em vista a necessidade de aumentar o bem-estar da sociedade. 
No âmbito da politica intervencionista, esta representa a forma de actuação do Estado, pois os resultados e os instrumentos já estão determinados. A competência do que governa deve ser auferida justamente na verificação da implementação de políticas. No caso especifico de Moçambique, temos a politica fiscal, que traduz-se na cobrança de impostos como uma das formas do Estado auferir dinheiro para satisfazer os interesses da colectividade. 
8. Bibliografia 
ABBAS, Máriam (2019). A política monetária e a agricultura em Moçambique, Novembro;
AMARAL, Diogo Freitas do (2004). Manual de Introdução ao Direito, Vol. I. Almedina;
CANOTILHO, José Joaquim Gomes, Direito Constitucional e Teoria da Constituição (1998). Coimbra Editora;
GIL, António Carlos (2008). Método e Técnicas de Pesquisa Social. 6a. Edição, São Paulo, Editora Atlas S.A,;
LAKATOS. Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade, (2009). Metodologia Científica, São Paulo, 5ͣ Edição, Editora Atlas;
MOCANDA, Luís Cabral (2003). Direito Económico, 4ª ed., Coimbra Editora, Coimbra;
MOSCA, J. (2005). Economia de Moçambique, Século XX. Editora Piaget;
MOSCA, Joao & ABBAS Maríam. Politicas publicas e desigualdades sociais e territoriais em Mocambique, Junho de 2016
VAZ, Manuel Afonso (1998). Direito Económico – A ordem económica portuguesa, 4ª ed., Coimbra Editora, Coimbra;
WATY, Teodoro Andrade. Direito Económico. Maputo, 2011.
Legislação
CRM – Constituição da Republica de Moçambique de 2018

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