Buscar

RESUMO DIREITO ECONOMICO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO ECONOMICO
1. CONCEITO
Estudo da direção da política econômica pelo Estado.
O Direito Econômico, numa Economia de Empresa, se acha em presença de três interesses que concorrem para sua realização: o Interesse Geral, o interesse peculiar a cada empresa e os interesses particulares dos indivíduos.
Liberalismo => concentração do poder econômico => necessidade de conter essa força para não sufocar os outros elementos de mercado => preservar feição econômica e impedir a destruição do mercado
Atua, de um lado, o poder econômico privado, corporificando os interesses individuais e de grupos, e, de outro, o Estado, personificando o interesse da coletividade, a intervir para aplicar medidas de política econômica direcionadas a buscar uma forma de equilíbrio nas relações humanas em que o elemento econômico e o jurídico se confrontam.
O Direito Econômico é exatamente o resultado jurídico dessa mudança, pois que, por provocação da concentração capitalista, surge como a solução jurídica para salvar a liberdade de concorrência dentro de um quadro em que predominam os valores sociais.
o Direito Econômico pode ser considerado como “o direito da concentração ou da coletivização dos bens de produção e da organização da economia por poderes privados ou públicos”
“enquanto ramo do direito, o Direito Econômico é um direito da organização da economia cujo cerne é hoje o direito da concorrência com desdobramentos consideráveis, mas incertos, nas sociedades liberais ou em via de liberalização. É também uma disciplina, ou seja um subsistema do direito comparável à ‘equity’, de qualquer forma um ‘renascimento’ do direito, como resposta às ‘pressões’ da economia política”.29
Direito Econômico é o sistema de normas – ou a disciplina jurídica que as estuda – que regulam:
i) a organização da economia, designadamente definindo o sistema e o regime econômicos;
ii) a condução ou controle superior da economia pelo Estado, em particular estabelecendo o regime das relações ou do “equilíbrio de poderes” entre o Estado e a economia (os agentes econômicos, maxime os grupos de interesses concentrados); e
iii) a disciplina dos centros de decisão econômica não estaduais, especialmente enquadrando, macroeconomicamente a atividade das instituições fundamentais.30
Para um melhor entendimento da questão, convém assinalar que, para compor e intermediar o confronto entre o poder econômico privado e o poder econômico público, o Estado intervém sob várias formas, mas, fundamentalmente, adotando políticas para direcionar a relação entre o jurídico e o econômico. Para atingir esse objetivo, o Estado valer-se-á de normas jurídicas, para organizar a economia, conduzindo-a de forma a obter situações de equilíbrio,31 através da disciplina macroeconômica das relações estabelecidas entre os diversos poderes que se confrontam. O Direito Econômico será, assim, constituído por um corpo orgânico de normas condutoras da interação do Poder Econômico Público e do Poder Econômico Privado e destinado a reger a Política Econômica.
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO ECONOMICO 
· A norma jurídica deve garantir a segurança nas relações jurídicas
Não há que se pensar numa segurança teórica, abstrata, numa atribuição de direitos de igualdade, sem discriminação, com inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, sem uma garantia efetiva de segurança econômica.
Sem liberdade econômica não há liberdade política.
Não haverá soberania política, se não houver soberania econômica. É impossível falar-se da primeira dentro de um contexto de um colonialismo econômico imposto por organismos internacionais que, sob ficção de ajuda para sanar dificuldades, aprofundam cada vez mais os laços de dependência.
· A norma jurídica deve tomar como ponto de partida a realidade econômica
O legislador, ao editar normas de conteúdo econômico, deve estar sumamente atento à realidade econômica, que tem como uma de suas principais características a mutabilidade.
A realidade deve não somente ser verificada, mas prevista. O legislador e o administrador não podem reduzir-se a meros contempladores da realidade já acontecida. Se a lei é feita para o futuro, se ela se destina a reger fatos futuros, impõe-se que o legislador tenha a competência de prever.
O que funciona para um país desenvolvido pode não funcionar para um em desenvolvimento, não adianta idealização, é preciso palpar a realidade.
Os fatos como ponto de partida.
· A norma jurídica deve procurar a reforma da realidade
As normas que são criadas para reger a realidade econômica estão a demonstrar que o Direito não é imutável. Pode-se até mesmo dizer que, no âmbito do Direito Econômico, é que a relação entre fato-valor-norma se fecha num círculo, pois que a norma surgida dos fatos, através da sua valoração, se transforma num instrumento propulsor da própria realidade. A norma de conteúdo econômico passa a ser criadora de novos fatos sociais. 
A norma adquire força criadora de uma nova sociedade.
· A norma jurídica deve buscar o desenvolvimento sustentável
A concorrência econômica deve fazer triunfar o “melhor”, como enfatiza PERROUX, mas os conceitos de concorrência e de “melhor” passam pelo crivo da sustentabilidade do desenvolvimento, ou seja, deve haver desenvolvimento, mas se devem preservar as condições necessárias à subsistência das futuras gerações. A Declaração da Conferência das Nações Unidas, em Estocolmo, proclamou que “o homem é ao mesmo tempo criatura e moldador do seu ambiente, que lhe dá sustentação física e lhe oferece oportunidade para um crescimento intelectual, moral, social e espiritual.
· A norma jurídica deve buscar o equilíbrio dinâmico
Ora, o contexto de uma economia de mercado é essencialmente evolutivo; o confronto de interesses é sempre inovador das relações; mas o confronto não pode prescindir da perseguição de uma situação de permanente equilíbrio que se renova e se modifica constantemente.
O equilíbrio nunca será estático ou permanente. Já afirmava HOLMES que o repouso não é o destino do homem.42 Daí ter o aplicador da lei que estar sempre atento às alterações da realidade econômica, para adequar-se a elas e para dar ao texto legal uma interpretação teleológica.
· A norma jurídica deve garantir a democracia econômica e social
Este princípio encontra concretização exatamente através da participação de diversas categorias econômicas na formação das normas que regerão suas atividades. Esta coparticipação na elaboração de normas pode ser vista no artigo 10 da Constituição Federal, onde está dito que “é assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação”.
· A norma jurídico-econômica e o princípio da dignidade humana
É verdade que os sistemas jurídicos construídos com o tempo, também com o tempo se desfazem. Mas o tempo não consegue eliminar determinados valores, principalmente o da dignidade humana, muitas vezes aviltado, mas sempre clamando por ser respeitado. Há determinadas exigências éticas que permanecem sempre válidas, embora os comportamentos que lhes servem de exteriorização possam variar com o tempo.
Não existe política econômica alheia às exigências de respeito e de concretização da dignidade humana. Os direitos sociais devem figurar de forma primacial neste quadro de exigências. Respeito à dignidade humana exige uma política de garantia de trabalho honesto e suficiente para garantir uma existência saudável, educação para todos, saúde para todos etc.
· A norma jurídica: eliminação de atos economicamente lesivos
Para fugir da responsabilidade por danos e de sua distribuição por toda a população, e da apropriação dos ganhos por uma faixa restrita de beneficiários, deve a Ordem Econômica adotar princípios que eliminem os atos economicamente lesivos, com o que haverá redução ou até mesmo eliminação dos custos de transação.
Ocorrendo a lesão, inevitável será a recomposição ou a reparação, perguntando-se, então, se os custos detransação que deverão ser suportados não serão maiores do que os danos já ocorridos.
Esta duplicidade de situações exige do Estado uma vigilância muito maior para evitar os danos.
Ex: dano moral, dano material...
· A norma jurídica deve ser pragmática
As normas destinadas a reger a organização do mercado, pela adoção de medidas de política econômica, devem ser interpretadas à luz de um pragmatismo consciente. Tal postura hermenêutica se revela como um método para aplicação das normas que têm conteúdo econômico pertinente a todas as medidas de política econômica, em que se deve levar em conta, como visto acima, a realidade vivida, que é sempre refratária a verdades absolutas.
Na verdade, as decisões tomadas para aplicação de uma determinada política econômica não podem partir de princípios abstratos e absolutos, embora também não possam desgarrar-se deles. Devem elas levar em conta a realidade que se apresenta em determinado momento concreto e procurar dar-lhe o direcionamento que for julgado “correto”. As decisões de política econômica devem sempre ter diante de si as coordenadas da “praxis”, da realização, da transformação do mundo.56 As medidas de política econômica partem da verificação de fatos, da percepção de conflitos e da necessidade de tomar decisões que eliminem de maneira razoável esses conflitos. O resultado dessas ações será necessariamente uma transformação da realidade. A decisão será inevitavelmente pragmática, porque não tem por finalidade atingir a verdade.
· A norma jurídico-econômica e o princípio da proporcionalidade
A Constituição Federal de 1988, nos artigos 170 e 173, estabeleceu os princípios básicos de uma economia de mercado, em que o exercício da atividade econômica cabe exclusivamente à Empresa. No artigo 174 estão estabelecidas as funções do Estado, que, como agente normativo e regulador da atividade econômica, exercerá as funções de fiscalização, incentivo, e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
O princípio da proporcionalidade pode ser assimilado ao princípio da razoabilidade.
Livre iniciativa, liberdade de concorrência e propriedade privada X cidadania, dignidade da pessoa humana, valores do trabalho
O princípio da proporcionalidade, ou da razoabilidade, pode ser visto como um princípio geral do Direito, com aplicação específica ao campo do Direito Econômico, para reger adequadamente as relações entre as Empresas, que têm o direito de propriedade, e consequentemente o direito de realizar contratos, e o direito de concorrer no mercado nacional e internacional, e os deveres impostos ao Estado como agente normativo e regulador da atividade econômica.
3. RAZÕES DA INTERVENÇÃO ESTATAL NO DOMÍNIO ECONÔMICO
A primeira razão da intervenção do Estado se situa no fracasso do mercado e na necessidade imperiosa de recriar o mercado. A intervenção teve por finalidade justamente garantir a livre competição no mercado, dando-lhe consistência.
A segunda razão consiste nos critérios de equidade na distribuição. Ante a insuficiência dos puros e naturais critérios econômico-capitalistas, torna-se necessária a intervenção estatal para se eliminarem as desigualdades. O Estado assume o compromisso de atuar na justiça distributiva, buscando uma justa distribuição da renda.
Uma terceira razão, a que mais tem dado azo a críticas e servido de repulsa à crescente atuação do Estado no setor econômico, é a que “consiste na obtenção rápida de determinados objetivos de política econômica e na luta contra o ciclo da economia”. O Estado passa a exercer a função empresarial com o fim de conseguir mais prontamente metas que só demoradamente seriam alcançadas pelos particulares.
· Modalidades da atuação governamental:
- Regulação econômica: A atividade neste campo pode dar-se sob o enfoque da edição de normas destinadas a, de alguma forma, influir na concretização do fenômeno econômico, e para consegui-lo “o Governo condiciona, corrige, altera os parâmetros naturais e espontâneos do mercado”, mas neste caso o faz sob dois enfoques: o de uma simples fiscalização administrativa da atuação dos agentes econômicos, e o de uma influência mais determinante, quer sob o aspecto de estímulo quer sob o de apoio da atividade econômica.
- Atuação fiscal e financeira: Também aqui o Estado permanece fora da atividade econômica, mas edita normas de conteúdo financeiro ou fiscal através das quais impulsiona medidas de fomento ou de dissuasão. Concedendo benefícios fiscais ou impondo cargas tributárias mais ou menos pesadas, o Estado estimula determinadas atividades econômicas ou desestimula outras.
- Iniciativa pública: o Estado adota uma “iniciativa pública empresarial na atividade econômica, mediante a criação ex novo de empresas concorrenciais nas mesmas condições de mercado que podem adotar os agentes privados”. Entende, contudo, que se deva dar sempre ênfase à iniciativa privada, que é sempre mais criadora e se presta a secundar o desenvolvimento da personalidade do indivíduo, devendo ser sempre regra numa sociedade aberta e livre. Em sua opinião, a atuação do Estado na economia somente se justifica na medida em que sirva aos interesses gerais:
A intervenção empresarial do Estado deve vir exigida por um interesse geral prevalente e certo, pela existência de uma especial utilidade pública em tal atuação, pela necessidade de atender a necessidades coletivas, que de outra forma ficariam desatendidas.
- Reservas ao setor público: podem ser reservados ao setor público de forma exclusiva alguns setores da economia, o que se traduz numa negação da liberdade de empreender em tais campos: [Tais reservas] supõem, em princípio, um monopólio de iure a favor da Administração.
4. INTERVENÇÕES DIRETA E INDIRETA
· O Estado pode atuar diretamente no domínio econômico, e pode atuar só indiretamente. No primeiro caso, assume a forma de empresas públicas, nome genérico que compreende no sistema jurídico brasileiro as empresas públicas propriamente ditas e as sociedades de economia mista, assim mencionadas no art. 173, §§ 1º, 2º e 3º, da Constituição Federal. No segundo caso, atuação indireta, o Estado o faz através de normas, que têm como finalidade fiscalizar, incentivar ou planejar; o planejamento, como se verá, é somente indicativo para o setor privado. Esta forma de atuação do Estado está prevista no art. 174 da Constituição Federal.
· Através da atuação direta o Estado passa a atuar como empresário, comprometendo-se com a atividade produtiva, quer sob a forma de empresa pública quer sob a de sociedade de economia mista. Sob estas duas formas pode ele atuar em regime concorrencial, em que se equipara com as empresas privadas, ou em regime monopolístico. Como exemplos do primeiro caso (regime concorrencial) podem ser apontados o da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, a primeira, como empresa pública federal, e o segundo, como sociedade de economia mista, atuam em regime de concorrência com as demais entidades bancárias do País. Como exemplos do segundo caso (regime monopolístico), devem-se considerar a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e a Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras –, a primeira como empresa pública federal, e a segunda como sociedade de economia mista. O monopólio da primeira está consagrado no art. 21, X, e o da segunda no art. 177, I, II e III, da Constituição Federal.
· A intervenção direta pode fazer-se ainda por um outro caminho: o Estado assume a gestão da empresa privada, passando a dirigi-la quando interesses de ordem social o exijam. Caso específico dessa forma de intervenção é a prevista na Lei n. 6.024, de 13.03.1974, em que o Banco Central do Brasil assume a direção de instituições financeiras privadas e públicas não federais, com o intuito de normalizar o seu funcionamento ou, se isto for inviável, de decretar e realizar a sua liquidação extrajudicial.
5. INTERVENÇÃO DIRETA
Interessam-nos as definições de empresa pública e de sociedade de economia mista. Por empresa pública entende ele “a entidade dotada de personalidadejurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criada por Lei para a exploração de atividade econômica que o governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa, podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito” e por sociedade de economia mista “ a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por Lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou à entidade da Administração Indireta”.54 Determina ainda o § 1º do mesmo artigo que “quando a atividade for submetida a regime de monopólio estatal, a maioria acionária caberá apenas à União, em caráter permanente”.
6. INTERVENÇÃO INDIRETA
Ao atuar indiretamente na condução, no estímulo e no apoio da atividade econômica empreendida pelos particulares, o Estado adota determinadas formas de política econômica, peculiares a cada campo de atuação. A política econômica tem como objetivos fundamentais, nos países desenvolvidos, assegurar o crescimento sustentado da economia, assegurar o pleno emprego dos fatores de produção, particularmente da mão de obra, uma relativa estabilidade de preços, e garantir o equilíbrio da balança de pagamentos. Para garantir a consecução desses objetivos, deverá o Estado adotar uma série de medidas de política econômica que podem dizer-se instrumentos para alcançar aqueles objetivos fundamentais, mas que não têm por isso sua importância diminuída. É imperioso notar que a adoção de uma determinada medida não exclui outras, até porque a utilização isolada de certa medida terá efeitos negativos em outros setores, de tal forma que se pode e se deve afirmar que a situação de equilíbrio buscada como perfeita continuará sendo sempre uma meta a ser alcançada.
“quadrado mágico” (crescimento, pleno emprego, estabilidade de preços e equilíbrio exterior)
A adoção de determinada política econômica leva também a conflitos com o objetivo de outra, como, por exemplo, a adoção de uma política energética pode levar, e frequentemente leva, a confrontos com as preocupações de uma política ambiental. Podem ocorrer também conflitos entre os objetivos imediatos de uma política social e os de uma política de competitividade industrial.
7. AGÊNCIAS REGULADORAS
· A origem das agências reguladoras remonta ao século XIX, nos Estados Unidos. Em 1877, na decisão Munn v. Illinois7, e em 1886, na decisão Wabash v. Illinois8, a Suprema Corte afirma que “com base nos poderes decorrentes da soberania, um governo pode regular a conduta de seus cidadãos reciprocamente, e, quando necessário para o bem público, a maneira pela qual cada um poderá usar sua propriedade”.
· A atuação governamental no domínio econômico perdeu o nível de atuação direta, por força do disposto no art. 173 da Constituição Federal, mas conservou o potencial de sustentáculo de atividades econômicas deficientes ou mesmo de atenuador das situações e períodos de crise. Sob este aspecto assumem grande importância as políticas econômicas, quer aquelas estruturais, quer as conjunturais, as de curto, médio ou longo prazo, políticas globais, setoriais ou mesmo regionais.
· Para a consecução desses objetivos, a política econômica poderá servir-se da fiscalização, do incentivo ou do planejamento. Dois aspectos, que se inserem dentro das duas últimas formas de atuação como agente normativo e regulador da atividade econômica poder-se-iam apontar as chamadas ajudas públicas e também a planificação.
· Como as atividades econômicas privatizadas são de grande diversidade (licitação, concessão) e de especialidades bem demarcadas, o Estado cria agências também diversificadas e especializadas para o exercício das incumbências constitucionais.
· Independência da agência do Poder Executivo: Se são independentes, somente podem conceituar-se como agências reguladoras se tiverem real poder de decisão na área de atuação que lhes é afeta.
· As agências não dispõem de qualquer poder de decisão e sua magistratura, puramente moral, se exerce por meio de recomendações e de relatórios públicos.
· Relativamente ao objeto que deve constituir sua finalidade, deve-se dizer que têm elas por finalidade a “regulação de setores sensíveis” e ao mesmo tempo a “proteção dos administrados “, ou, na linguagem adotada pelo legislador brasileiro, a proteção do consumidor.
· Quanto à sua natureza jurídica, são organismos públicos (a lei brasileira as caracteriza como autarquias especiais), desprovidos de poder jurisdicional. Elas não têm, diferentemente do que a lei concede ao CADE, no Brasil, o poder judicante.
· Como autarquias especiais, têm personalidade jurídica e estão vinculadas às mutações da pessoa jurídica que é constituída pelo Estado, mas participam da atividade de comando e de controle decorrentes da competência e da responsabilidade do Estado.
· Seus membros são independentes e gozam de autonomia de gestão. A independência da Agência se confirma pelo fato de seus dirigentes terem mandato. São nomeados pelo Presidente da República, com prévia aprovação do Senado Federal.
· Estão sujeitas somente a controles jurisdicionais sobre suas atividades, estando ausente todo controle hierárquico ou de tutela.
· Dispõem de uma vasta gama de poderes, desde um simples poder “de influenciar” até poderes repressivos.

Continue navegando