Buscar

cap 1. O surgimento da filosofia na Grécia antiga.

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A - A passagem do pensamento mítico para o filosófico-científico
Nesse capítulo o professor Danilo Marcondes aborda c9mo se deu a transição do pensamento mítico para o pensamento filosófico-científico, o que caracterizava esse pensamento filosófico-científico, qual as razões dessa transição, as possíveis razões dele ter surgido onde surgiu, quais teriam sido os primeiros filósofos, e quais as noções fundamentais dessa nova forma de apreender a realidade.
Danilo comenta que os historiadores da filosofia são unânimes em atribuir a origem da filosofia ao século VI a.c. na Grécia antiga, a partir do filósofo Tales de Mileto (inclusive o Aristóteles é um dos que defendem esse ponto no seu livro I da metafísica). É importante destacar que os assírios e babilônios, chineses e indianos, egípcios, persas, hebreus, e demais povos antigos possuíam sua própria forma de interpretar os fenômenos naturais, no entanto, é na Grécia que está localizada a origem do principio filosófico-científico.
Daí surgem algumas questões: por que nasce nesse lugar e nesse contexto? E qual seria o sentido dessa ciência no termo "filosófico-científico"?
Algumas questões que envolviam o pensamento mítico eram: a origem do mundo, o funcionamento da natureza e dos processos naturais e as origens dos povos e os seus valores básicos.
Um ponto interessante é que os mitos não vão está ligados a um autor ou autores específicos, mas sim a uma tradição cultural e folclórica. O que implica dizer que está intrínseco à adesão e aceitação dos indivíduos.
Outra característica, e que inclusive é um ponto central no que distância esse tipo de pensamento do filosófico-científico, é que ele não se fundamenta, não se justifica, ou é exposto ao questionamento, a crítica e a correção.
Outro aspecto é que os mitos interpretam os fenômenos por intermédio do apelo ao sobrenatural, ao mistério, ao sagrado e a magia. Ou seja, os fenômenos naturais são explicados por uma dimensão que é exterior ao mundo natural, de modo que vai acabar frequentemente recorrendo aos Deuses, ao espirito, e ao destino. Assim sendo, somente alguns indivíduos seriam capaz de interpretar o divino, são eles: os sacerdotes, os magos, e os iniciados. Mas de uma forma bastante limitada.
Dando prosseguimento, o professor Marcondes fala sobre os motivos que influenciaram o desenvolvimento desse novo modo de pensar: a insatisfação com as explicações orais de pensamento mítico levava a um paradoxo. As explicações recorriam ao mistério, que por sua vez é inexplicável, levando portanto, a um paradoxo na medida que expões a impossibilidade do conhecimento.
Os primeiros filósofos se distanciando da tradição mítica, vão procurar interpretar os fenômenos naturais a partir da própria natureza, isto é, do próprio mundo concreto e não daquilo exterior a ele (o que ficou conhecido como naturalismo).
Essa atitude que expressa uma ruptura no modo de se apreender a realidade, acabou abrindo espaço para a possibilidade de se obter conhecimento, uma vez o naturalismo trouxe a possibilidade de se formular e fundamentar explicações. É importante destacar que essa ruptura não se dá de uma forma completa e imediata. Os mitos continuam de alguma maneira, e com ele as crenças, superstições, fantasia, etc. O que muda é a sua função, já que ele deixa de ser a principal forma de explicar a realidade (ainda que ele ainda vá gerar influência, a exemplo da obra de Platão).
A ruptura do pensamento mítico para o pensamento filosófico está inserido em um longo período de transformações e transições que estavam ocorrendo na Grécia, que levou a uma nova forma de organização social. O tales de Mileto, que é atribuído como primeiro filósofo, tem origem na cidade de Mileto, que ficava localizada em uma área de colônias gregas do mar mediterrâneo oriental. Essa era uma área onde havia muito portos e entrepostos comerciais, e um conviveu harmônico de diferentes culturas, que se explica em razão do interesse comercial em comum, que nesse caso influenciava uma convivência de maneira tolerante. Nesse cenário, é possível que o conviveu dos diferentes povos tenham influenciado a tendência ao principio filosófico-científico, já que pode ter levado a relativização dos mitos.
B. Noções fundamentais do pensamento filosófico-científico.
Marcondes comenta que a principal contribuição dos primeiros filósofos foi o desenvolvimento de um conjunto de conceitos e atitudes para explicar a realidade, são eles: a Physis, o apelo a causalidade, o caráter regressivo, o cosmo, o logos e o caráter crítico.
A) Physis - Está ligada a noção de que a chave da compreensão da realidade se encontra no próprio mundo concreto, e não fora dele (Aristoteles chama inclusive os primeiros filósofos de physiologos, na sua obra "Metafísica" I e II).
B) Apelo a causalidade - Apesar dos mitos também recorerrem a causalidade, aqui se tem uma novidade: a causalidade é atribuída a fenômenos naturais.
C) Caráter regressivo - Uma vez que um fenômeno natural está sempre ligado a outro fenômeno natural, tal como no pensamento mítico isso levaria a um paradoxo, pois o caráter regressivo levaria ao inexplicável. Daí a necessidade dos primeiros filósofos em encontrarem uma causa primeira (arqué) que unifique toda a realidade, assim solucionando esse problema.
Tales de Mileto (água).
Anaxímenes (ar).
Anaxímandro (apeiron).
Heráclito (fogo).
Demócrito (átomo)
Empédocles (os 4 elementos: terra, água, fogo e ar).
D) Cosmo/Kosmo - se refere ao mundo natural e ao espaço celeste como realidade ordenada e harmoniosa. E essa ordem é redigida por princípios racionais que possuem justamente a causalidade como lei.
E) Logos - Significa literalmente discurso, se refere a um discurso racional e argumentativo que justifica as explicações, e que se põe aberto a crítica e a reformulação. É por haver uma correspondência entre a razão humana e a racionalidade do mundo natural que se é possível elaborar explicações sobre a realidade.
F) Caráter crítico - diz respeito ao fato de que as formulações filosóficas devem estarem sempre abertas ao questionamento e a discussão. Um exemplo disso é o fato das próprios seguidores de Tales rejeitarem sua explicação e proporem as suas próprias explicações. A única exigência é que ao se propor novas explicações, elas necessariamente devem serem justificadas, explicadas e fundamentadas.
QUADRO SINÓTICO
Passagem do pensamento mítico-religioso ao pensamento filosófico-científico, representando o surgimento da filosofia na Grécia antiga (séc.VI a.C.). 
Ruptura entre essas duas formas de pensamento como resultante de transformações na sociedade grega da época, que se seculariza, tornando-se importante a atividade comercial. 
O surgimento do pensamento filosófico-científico nas colônias gregas da Jônia é significativo, uma vez que ali se dava um maior contato com outras culturas, levando a uma relativização do mito e das práticas religiosas.
O mito, como explicação do real através do elemento sobrenatural e misterioso, é considerado insatisfatório; os primeiros filósofos procuram explicar a realidade natural a partir dela própria: naturalismo da escola jônica.
O novo pensamento filosófico possui características centrais que rompem com a narrativa mítica:
1. A noção de physis (natureza).
2. A causalidade interpretada em termos estritamente naturais.
3. O conceito de arqué ou elemento primordial.
4. A concepção de cosmo (o universo racionalmente ordenado).
5. O logos como racionalidade deste cosmo e como explicação racional.
6. O caráter crítico dessas novas teorias que eram sujeitas à discussão evitando o dogmatismo e fazendo com que se desenvolvessem, transformando-se e reformulando-se.

Continue navegando