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Unidades I e II FILOSOFIA DA FELICIDADE UNIDADE I A Felicidade e a humanidade: 1.1. Histórico sobre a conceituação de felicidade até os dias atuais. Falar sobre a felicidade pode até parecer algo simples e do senso comum, mas nunca se falou tanto neste assunto. Como vocês já sabem, a inspiração para este curso vem das universidades de Harvard e Yale que, há quase vinte anos oferece cursos sobre o assunto. Quando o professor Tal Ben-Shahar inaugurou a primeira turma, em Harvard, apenas oito alunos se matricularam e dois desistiram ao longo do semestre. Com o passar dos anos, o trabalho ganhou popularidade e, a cada semestre, mais de 1400 alunos se matriculam nas aulas. Após um tempo de curso, foi realizada uma pesquisa em que 23% dos estudantes afirmaram que a disciplina havia mudado suas vidas para melhor. A ideia de saber mais sobre a felicidade das pessoas nasceu nesta mesma universidade norte-americana há mais 80 anos. Escolhemos um vídeo com um dos professores responsáveis por esta famosa pesquisa para vocês conhecerem ela mais a fundo. Assistam! E onde será que as pessoas são mais felizes? Segundo a ONU (2012), os cinco países mais felizes são: Finlândia, Noruega, Dinamarca, Islândia e Suíça. Mas, você já ouviu falar do Butão? O Butão é um pequeno país do Himalaia que, em 1972, passou a considerar um indicador sistêmico denominado Felicidade Interna Bruta, uma nova fórmula para medir o progresso da comunidade ou nação. E, desde então passou a atrair a atenção do resto do mundo. Dados de 2018 indicam que o Brasil ocupa o 28º lugar. 1. Link do texto para leitura: CORBI, Raphael Bottura; MENEZES-FILHO, Naércio Aquino. Os determinantes empíricos da felicidade no Brasil. Revista de Economia Política, vol. 26, no 4 (104), pp. 518-536, outubro-dezembro/2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rep/a/9QPFPCG8q5gJDW6rQW76yzD/?l ang=p 2. Vídeo sobre o famoso estudo longitudinal da Universidade de Harvard sobre a felicidade: Study of Adult Development at Harvard Medical School. Robert Waldinger (pesquisador atual do estudo original) – The Good Life | Robert Waldinger | TEDxBeaconStreet Links dos materiais de apoio: Convidamos você para pensar sobre tudo isso, lembrando que a universidade não visa formar apenas profissionais, mas proporcionar uma formação integral e humana. E, pensando nisso, nosso próximo assunto é a dimensão transcendental da humanidade. Mas antes de partir para o próximo assunto, precisamos que você assista a vídeo aula, faça a leitura do texto sobre o que determina a felicidade no Brasil. E ainda colocamos como conteúdo complementar indicações de artigos científicos e um vídeo sobre aquele famoso estudo da universidade de Harvard sobre a felicidade dos seus alunos ao longo de 80 anos. Aproveite! https://www.scielo.br/j/rep/a/9QPFPCG8q5gJDW6rQW76yzD/?l https://en.wikipedia.org/wiki/Harvard_Medical_School https://www.youtube.com/watch?v=q-7zAkwAOYg&t=124s https://www.youtube.com/watch?v=q-7zAkwAOYg&t=124s A modernidade para o mundo ocidental teve como legado um ser humano vazio de sua espiritualidade transcendente – esse pensamento é um dos caminhos para se refletir sobre como o ser humano passou a se relacionar com o mundo, supervalorizando a materialidade como sentido mais importante da existência e se convencendo de que a dimensão espiritual poderia ficar em segundo plano. Para começar essa conversa faz-se importante localizar a modernidade enquanto período de quatro séculos após o fim da Idade Média, marcado principalmente por uma estabilização da visão de mundo secular e laica. Também podemos dizer que foi o período em que o mundo questionou e negou a religião, a transcendência e a intervenção do divino. Época em que se defendeu a reinterpretação da realidade apenas por meio da racionalidade científica predominantemente naturalizante. Seria incoerente ao homem moderno levar em consideração, em sua reflexão, a relação entre o homem e Deus. Na atualidade presenciamos um retorno do interesse das pessoas pela transcendência, o que se vê é a busca por um sentido ou pelo preenchimento de um vazio existencial. 1.2. Dimensão transcendental da humanidade O ser humano se constitui com algumas dimensões como a física, a social, a psíquica (ou subjetiva) e a espiritual. A Organização Mundial de Saúde – OMS preconiza, desde a década de 1990, que a saúde é o bem estar físico, mental e social. A partir de 2014, reconhece também a dimensão espiritual como parte essencial da saúde humana. Conforme explica o filósofo brasileiro Denis Duarte, ¨a razão, por exemplo, é o que leva o homem a pensar, a ser criativo; a dimensão biológica leva-o a alimentar-se, a dormir, mas a espiritual ou religiosa é o que o leva a essa atração pelo sobrenatural, pelo transcendente”. Mas o que é o transcendente? Segundo este mesmo pensador: "O transcendente é aquilo que está além do mundo material, físico. Algo que não se explica ou ao qual se dá nome. Como exemplo desse transcendente, cita os textos bíblicos do livro do Apocalipse, escrito por São João. "João explica para nós que foi a outro mundo, diferente do nosso, ou seja, ele transcendeu. A experiência é o sobrenatural, está além daquilo que vivemos em nosso mundo natural." A experiência transcendental é muito particular e subjetiva, mas pode ser vivenciada por todas as pessoas. Podemos entender como um contato com o desconhecido, com o Deus que se manifesta, com o mistério, com o inexplicável, com o infinito. Separamos dois artigos que ajudarão na compreensão tanto das dimensões humanas quanto sobre nossa busca de transcendência. As dimensões humanas e a transcendência A meditação tem sido um caminho usado há milênios para este contato e hoje a ciência já tem infinitas comprovações de que seus benefícios vão muito além da transcendência. Falemos primeiro da atenção e da concentração – essas duas são faculdades mentais que, quando treinadas, se fortalecem e expandem, qualificando nosso modo de ser e estar no mundo, favorecendo um estado qualificado de presença e auto-regulação. A meditação é o fruto da atenção e da concentração, da capacidade de manter um foco interno e externo. É um instrumento que viabiliza a plena realização do potencial humano. A prática meditativa atenua as emoções destrutivas, intensifica as emoções saudáveis, educando a mente para aprender a lidar com o estresse, com a ansiedade e com as emoções, sendo fonte restauradora do equilíbrio psico-imuno-neuro-fisiológico. Praticada com regularidade, a meditação qualifica a memória para um viver mais saudável, oferecendo meios competentes para atuar na vida relacional, afetiva, familiar, profissional e espiritual. Separamos artigos que falam disso e seus links estão aqui neste material de apoio. É natural que a humanidade se organizou em grupos, em cultura e em comunidades. Essas comunidades criaram repertórios de valores, visões de mundo, modos de estar no mundo, modos de socializar-se. Tudo isso cria referências que vão se estruturando, sem dúvida, na história da humanidade, muitas vezes, como tradições espirituais ou, concretamente, como religiões. As religiões sempre desenvolveram práticas de interiorização, práticas de reconhecimento para que possamos pensar ¨quem sou eu¨, e ¨quem sou eu dentro desta comunidade¨, e quem sou eu dentro deste universo¨. Qual o espaço do humano dentro da criação ou da emanação? – e surgiram, assim, teorias diferentes que diferentes povos foram contestando. Meditação, concentração e práticas devocionais Hoje temos a possibilidade de ter contato com as mais diversas tradições, de conhecer as mais diversas práticas que possibilitam a interiorização. A meditação está entre as que chamamos de práticas atencionais e práticas meditativas ou contemplativas.Todas elas têm por objetivo familiarizar a pessoa consigomesmo e, em última instância, descobrir quem é esse eu que habita em cada um de nós e que não é fruto nem da absorção cultural, nem é fruto da instância biológica. O fato de querer ver a si mesmo e de querer compreender a si mesmo é universal. A prática da meditação exige de nós um certo grau de governabilidade de nossa atenção, que não pode ficar mudando seu foco de objeto a objeto e de pensamento a pensamento. A meditação como prática, como técnica dentro do repertório das tradições espirituais sempre tem o objetivo de integrar os diferentes aspectos que cada um de nós possui. Já falamos de uma dimensão física, de uma dimensão mental e de uma dimensão espiritual, é óbvio que no ser humano elas coexistem, nada disso está separado, tudo está absolutamente interrelacionado. Mas alinhar essas dimensões não é fácil - muitas vezes meu corpo está num lugar e a minha mente está em outro – alinhar essas dimensões é justamente o propósito das práticas meditativas, que muitas vezes estiveram a serviço do campo espiritual. Nestes casos, o objetivo sempre foi o de se conectar com um campo maior, um plano que certamente transborda minha simples compreensão. Nosso planeta está inserido em um universo que a razão não consegue abarcar e essa compreensão de ter condição de assumir com humildade a condição em que nos encontramos era o propósito que nas práticas meditativas se fortalecia com a integração das diferentes dimensões que cada um de nós temos. Hoje temos essa possibilidade de usufruir dos benefícios da meditação e a este exercício que convidamos vocês. A seguir, nas referências deste material de apoio, colocamos um link de um vídeo de uma mestra especial que ensina um tipo de meditação que se chama ZAZEN, que tem sua origem no Zen Budismo, no Japão, e é uma das práticas mais neutras e também mais utilizadas no mundo. Lembramos que além de fazer as leituras dos artigos e assistir as duas vídeo aulas desta parte, ainda deverá fazer os exercícios sobre o conteúdo da unidade e participar dos fóruns de discussão. Bom estudo! 1- Existência humana como transcendência. Revista PUC-Rio. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/34987/34987_4.PDF . Acesso em: 21 jan. 2023. 2- MENEZES, Carolina Baptista; DELL'AGLIO, Débora Dalbosco. Os efeitos da meditação à luz da investigação científica em Psicologia: revisão de literatura. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 29, n. 2, p. 276-289, jun. 2009. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-9893200900020000 6&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 21 jan. 2023. 3- Meditação guiada com Monja Coen | ESPECIAL ZAZEN | Zen Budismo: https://www.youtube.com/watch?v=98x8txJlGag Sugestão de materiais complementares: 1- COELHO JUNIOR, Achilles Gonçalves; MAHFOUD, Miguel. As dimensões espiritual e religiosa da experiência humana: distinções e inter-relações na obra de Viktor Frankl. Psicol. USP, São Paulo , v. 12, n. 2, p. 95-103, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642001000200006&lng =en&nrm=iso>. Acesso em: 21 jan. 2023. Links dos materiais de apoio: 2- MORAES, Maria Regina Cariello. O desencantamento da meditação: da união mística ao fitness cerebral. Relig. soc., Rio de Janeiro , v. 39, n. 1, p. 224-248, abr. 2019 . Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0100-85872019v39n 1cap10. https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/34987/34987_4.PDF https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/34987/34987_4.PDF http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932009000200006&lng=pt&nrm=iso http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932009000200006&lng=pt&nrm=iso https://www.youtube.com/watch?v=98x8txJlGag https://www.youtube.com/watch?v=98x8txJlGag http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642001000200006&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642001000200006&lng=en&nrm=iso http://dx.doi.org/10.1590/0100-85872019v39n1cap10 http://dx.doi.org/10.1590/0100-85872019v39n1cap10 “A psicologia deve olhar para a doença ou para a saúde? A psicologia detém a visão completa do comportamento humano? Para onde ela deve olhar, se quiser avistar as “leis do comportamento”? Um tópico que vem ganhando relevância nos últimos anos é a Psicologia Positiva (PP). De alguma forma se opõe à psicologia tradicional, pois esta enfatiza as doenças e transtornos mentais. A psicologia positiva visa expandir o alcance/atuação da psicologia e resgatar suas missões, principalmente naquilo que diz respeito à investigação, classificação e desenvolvimento de qualidades positivas. Neste sentido é um paradigma teórico que implica na análise de fenômenos como bem-estar; satisfação em determinadas áreas da vida; emoções positivas; saúde geral; auto-estima, habilidades sociais e felicidade. O pai da psicologia humanista é considerado Abraham Maslow, psicólogo que viveu entre 1908 e 1970. Foi ele quem deu credibilidade científica aos fenômenos observados, mas que, muitas vezes, é apenas lembrado e citado por sua pirâmide hierárquica das necessidades humanas (Pirâmide de Maslow). Maslow começou a (re)abrir os olhos para o foco das investigações e dos rumos que a psicologia havia tomado. Ele se interessou pelo estudo do crescimento e desenvolvimento do potencial humano, e defendeu a psicologia como um instrumento de promoção do bem-estar social e psicológico. Foi o 1o a utilizar o termo psicologia positiva, comparando-a com uma psicologia negativa, em seu livro Motivation and Personality, de 1954. No o final de 1997, Martin E. P. Seligman, psicólogo americano nascido em 1942, foi eleito Presidente da American Psychological Association (APA) e, juntamente, com Mihaly Csikszentmihalyi (o pai do “estado flow”), psicólogo húngaro nascido em 1934, começaram a publicar e empregar recursos em prol da difusão da psicologia positiva, como edições especiais de publicações, revistas científicas, convenções e encontros. UNIDADE II 2. A Ciência e a felicidade: 2.1. A psicologia positiva Em 1998, Seligman escreveu, na coluna presidencial do APA Monitor, o artigo “Building human strength: psychology’s forgotten mission” (Construir forças humanas: a missão esquecida da psicologia), onde apontou que, antes de II Grande Guerra Mundial, a psicologia tinha 3 objetivos: · curar as doenças mentais; · tornar a vida das pessoas mais satisfatória; · identificar e cultivar talentos superiores; Nesse mesmo texto, ele também aponta que após a II GM, “todos os esforços da psicologia se voltaram para o tratamento das doenças mentais e dos transtornos psicológicos”, ou seja, praticamente, um voltar-se para a reparação de danos. Nos últimos anos, com a crescente investigação e divulgação sobre a psicologia positiva, vem crescendo também o interesse geral e o mercado diretamente associado. Cursos de psicologia positiva e workshops de inteligência emocional, por exemplo, são mais oferecidos e vendidos – no Brasil – agora, do que há 5 ou 7 anos, por exemplo. Livros de psicologia positiva e inteligência emocional se tornaram best-sellers. O tema felicidade é globalmente acessado na internet, ganha os palcos do TED e chega até nós pelos grupos de WhatsApp, vídeos de apresentações ou ideias de pessoas como Tal Ben-Shahar e Shawn Achor (professores de Harvard e difusores contemporâneos, mundialmente conhecidos, no trabalho com a psicologia positiva). A sua saúde e bem-estar estão ligados diretamente às relações. Relacionar-se com uma pessoa positiva ou negativa tende a ser contagioso! Pode ser amigos, familiares, colegas de trabalho, namorado(a).... muitas vezes seu humor pode alterar dependendo das pessoas que o cercam. Por outro lado, estar rodeado por pessoas positivas também influencia e contribuem para o bom humor e consequentemente a saúde mentale porque não a física. Pesquisadores sugerem que os benefícios associados à positividade incluem: aumento da longevidade, proteção contra o estresse crônico, aumento da felicidade e maior sensação de propósito e conexão com a vida. Pense: e se for você a pessoa negativa? Como você lida com os problemas do seu dia-a-dia? Esse é nosso próximo assunto! Mas antes faça as atividades desta parte da disciplina. 1- CORBI, Raphael Bottura; MENEZES-FILHO, Naércio Aquino. Os determinantes empíricos da felicidade no Brasil. Revista de Economia Política, vol. 26, no 4 (104), pp. 518-536, outubro-dezembro/2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rep/a/9QPFPCG8q5gJDW6rQW76yzD/abstract/?lang=en Acesso em: 21/01/2023. 2- CAMALIONTE, Letícia George; BOCCALANDRO, Marina Pereira Rojas. Felicidade e bem-estar na visão da psicologia positiva. Bol. - Acad. Paul. Psicol., São Paulo , v. 37, n. 93, p. 206-227, jul. 2017. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1415-711X2017000200 004&lng=pt&nrm=iso Acesso em: 21/01/2023. 3- PALUDO, Simone dos Santos; KOLLER, Sílvia Helena. Psicologia Positiva: uma nova abordagem para antigas questões. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto , v. 17, n. 36, p. 9-20, Apr. 2007. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-863X2007000100002 Acesso em: 21/01/2023. 4- Vídeo: O que me faz feliz? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=9FBxfd7DL3E Sugestão de materiais complementares: - Vídeo: Study of Adult Development at Harvard Medical School. – Robert Waldinger (pesquisador atual do estudo original) - https://www.youtube.com/watch?time_continue=124&v=q-7zAkwAOYg&feature=emb_l ogo Links dos materiais de apoio: https://www.scielo.br/j/rep/a/9QPFPCG8q5gJDW6rQW76yzD/abstract/?lang=en http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1415-711X2017000200004&lng=pt&nrm=iso http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1415-711X2017000200004&lng=pt&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-863X2007000100002 https://www.youtube.com/watch?v=9FBxfd7DL3E https://www.youtube.com/watch?time_continue=124&v=q-7zAkwAOYg&feature=emb_logo https://www.youtube.com/watch?time_continue=124&v=q-7zAkwAOYg&feature=emb_logo 2.2. Neurobiologia da felicidade A felicidade representa um conceito abstrato para as pessoas. Nós, comumente, não conseguimos definir concretamente o que é a Felicidade. No entanto, conseguimos facilmente sentir a Felicidade. Então, podemos perguntar, será que, nessa experiência de Felicidade, acontecem modificações em nosso corpo? Em que local? Em nosso Sistema Nervoso? Então, falemos um pouco sobre o Sistema Nervoso, sua composição e forma de funcionamento. O tecido que compõe o Sistema Nervoso é composto das células chamadas de Células Nervosas ou Neurônios, que são as células efetoras do Sistema Nervoso, as células que determinam as atividades dos circuitos neurais e, também fazendo parte do tecido nervoso, temos as Células Gliais ou também chamadas de Células da Glia, ou ainda simplesmente Neuroglia. Estas células exercem o papel de células de suporte, de nutrição e de proteção para os Neurônios no tecido neural do Sistema Nervoso. A células nervosa, o Neurônio, é uma Célula altamente especializada e é composta pelo Corpo Celular ou Pericário, ou ainda também chamado de Soma, encarregado do metabolismo celular e da produção – síntese – dos mediadores químicos, um prolongamento celular denominado de Axônio que faz parte dos feixes nervosos, os dendritos e as terminações nervosas. O Neurônio apresenta uma forma bastante refinada de comunicação e, para isso, produz as suas próprias substâncias químicas. Essas substâncias são chamadas de mediadores químicos ou neurotransmissores. Os Neurotransmissores podem ser definidos como mensageiros químicos que transportam, estimulam e equilibram os sinais entre os neurônios e entre as células nervosas e outras células corporais. Esses mensageiros químicos, os Neurotransmissores, ficam armazenados em vesículas denominadas vesículas sinápticas, nas Terminações Nervosas do axônio e, quando é necessária a comunicação entre as células, as vesículas são abertas e os mediadores químicos são liberados no espaço chamado Sinapse. A Sinapse, é o espaço, o local de encontro entre a terminação nervosa do Neurônio e outra célula, e é nesse local que ocorre a transmissão das informações nervosas realizada pelos neurotransmissores. O Sistema Nervoso está dividido em Sistema Nervoso Central – SNC e Sistema Nervoso Periférico – SNP. O SNC é composto pelo Encéfalo e pela Medula Espinhal. O Encéfalo está dividido em áreas chamadas de Lobos. São elas: o Lobo Frontal, os Lobos Parietais Direito e Esquerdo, os Lobos Temporais Direito e Esquerdo e o Lobo Occipital. Ainda, na base do Encéfalo está o Tronco Encefálico também chamado de Tronco Cerebral, responsável por nossas funções vitais como batimento cardíaco, respiração e na região inferior posterior do Encéfalo está o Cerebelo que é encarregado de nossa coordenação motora. Quando observamos internamente, o Encéfalo é dividido em uma área chamada de Córtex e uma área chamada Subcórtex. No Córtex, somos capazes de aprender e memorizar. No Subcórtex encontramos as áreas do Hipotálamo, Hipocampo, Tálamo e Giro Cingulado e o Sistema Límbico, que é o Sistema encarregado das nossas Emoções. O Hipotálamo, o Tálamo, o Hipocampo, o Giro Cingulado e o Sistema Límbico trabalham de forma conjunta na percepção e no gerenciamento de nossas emoções. O Sistema Límbico se encarrega de perceber as emoções e classificá-las, trabalhando em um esquema de Recompensa ou Punição. As emoções que forem agradáveis para nós serão classificadas como Recompensa e até poderão ser memorizadas no campo do Prazer. Já as Emoções que forem desagradáveis, serão entendidas como Punição e poderão despertar sensações desagradáveis como Raiva, Tristeza, Medo e preparações para Luta e/ou Fuga. O Sistema Nervoso Central é encarregado de fazer o controle das nossas funções corporais. O Sistema Nervoso Periférico que é composto por nervos e receptores nervosos, é encarregado de informar ao Central sobre todas as sensações, atividades e modificações que acontecem no organismo e encarregado de executar todas as ordens planejadas pelo Central, para as funções corporais. Assim, através dessa perfeita sintonia, o Sistema Nervoso organiza e controla as funções corpóreas para que sejam mantidas as condições normais da vida humana. Assim, finalizamos nossa primeira parte do conteúdo sobre a neurobiologia da Felicidade. Lembramos que além de assistir à aula correspondente a esta parte, você deverá assistir ao vídeo sugerido no link abaixo. Bom estudo! 1- Vídeo Sistema Nervoso - “Superinteressante Coleções – O Corpo Humano – Cérebro”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=LHc6YgAmURs Sugestões de Leituras Complementares: - CABRERA-PERALTA, C. P.; CABRERA, M. A.; CABRERA-ROSA, R. A.; CABRERA-VUOLO, R. A.: Sistema Nervoso. in___Fisiologia – base para o diagnóstico clínico e laboratorial. 2ª Edição. p. 131-146. Birigui: Boreal, 2012. - GUYTON, A. C. Tratado de fisiologia médica. 12.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. - BARRETT, K. E.; BARMAN S. M.; BOITANO S.; BROOKS, H. Fisiologia Médica de Ganong. ISBN: 9788580552935. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580552935 Acesso em: 21/01/2023. - SCORSOLINI-COMIN, F., SANTOS, M. A. O estudo científico da felicidade e a promoção da saúde: revisão integrativa da literatura. Rev. Latino-Am. Enfermagem 18(3):[08 telas] mai-jun 2010. http://www.scielo.br/pdf/rlae/v18n3/pt_25.pdf Acesso em: 21/01/2023. - FERRAZ, R. B., TAVARES, H., ZILBERMAN, M. L..Revisão da Literatura Felicidade: uma revisão Happiness: a review. Rev. Psiq. Clín 34 (5); 234-242, 2007. http://www.scielo.br/pdf/rpc/v34n5/a05v34n5.pdfAcesso em: 21/01/2023. Links dos materiais de apoio: https://www.youtube.com/watch?v=LHc6YgAmURs https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580552935 http://www.scielo.br/pdf/rlae/v18n3/pt_25.pdf http://www.scielo.br/pdf/rpc/v34n5/a05v34n5.pdf Mediadores Químicos envolvidos na Felicidade A Felicidade é uma sensação extraordinária. Mas, o que se passa em nosso organismo quando estamos nos sentindo felizes? Quando experimentamos essa sensação tão especial de Felicidade? Vamos conhecer um pouco mais sobre os Mediadores Químicos envolvidos no estado, na sensação de Felicidade. Nossas Emoções ocorrem através da atividade de neurotransmissores que são liberados no Sistema Nervoso. O nosso Sistema Límbico, localizado no Subcórtex cerebral, é responsável pelos padrões comportamentais afetivos e emocionais. Nosso comportamento é comandado pelas atividades e interação das áreas do hipotálamo, hipocampo, amigdala, giro cingulado, tálamo lateral e sistema límbico. Essa interação ocorre através da comunicação neuronal provocada pelos neurotransmissores que são liberados pelos neurônios para que ocorra a comunicação neuronal. Faz parte do comportamento inato, ou seja, que está presente no ser humano desde seu nascimento, o comportamento instintivo, irracional. Esse comportamento apresenta os padrões afetivos e padrões emocionais. Como padrões afetivos podemos citar: • PRAZER • PUNIÇÃO • DOR • PREFERÊNCIA • AVERSÃO • MOTIVAÇÃO E como padrões emocionais: • RAIVA • MEDO • EUFORIA • ALEGRIA • TRISTEZA • DEPRESSÃO • ANGÚSTIA • OBSESSÃO • SEGURANÇA Embora nossos padrões de comportamento afetivo-emocional estejam presentes desde o nascimento e tenham componentes genéticos em sua apresentação, podemos, ao longo da vida, modificar esses padrões. As experiências vividas ao longo do tempo, a influência de acontecimentos externos do ambiente, o convívio com outras pessoas, o aprendizado adquirido e as memórias formadas podem interferir em nossos padrões comportamentais. A convivência em situações agradáveis e desagradáveis vai compondo ao longo do tempo memórias que nos auxiliam a moldar nossas reações e a estabelecer novos padrões de reações frente aos desafios cotidianos. Essa capacidade de adaptação, de reação e constante remodelação é uma das maravilhas de nosso Sistema Nervoso. Dessa forma, podemos nos adequar às novas experiências proporcionadas a nós ao longo de nossa existência. O nosso comportamento frente as atividades diárias é determinado através da comunicação entre os neurônios. A nossa mente está constantemente sendo estimulada através da liberação de Neurotransmissores. Estes mediadores químicos competem entre si e as reações e sensações que ocorrem são de acordo com a predominância de cada um em cada momento que nós vivenciamos. Os Neurotransmissores que são liberados no Sistema Nervoso podem promover inúmeras sensações. Por exemplo, podemos sentir Felicidade, Amor, Ansiedade, Euforia, Tristeza, Bem-estar, entre muitas outras sensações. Entre os mediadores químicos envolvidos nesse processo podemos citar a Serotonina, a Dopamina, a Noradrenalina e a Ocitocina. No sistema nervoso, a secreção de Dopamina pode ser responsável pela motivação e provoca uma sensação de Bem-Estar. A liberação do Neurotransmissor Noradrenalina, quando em pequenas quantidades, pode provocar a sensação de Ansiedade e pode estar relacionada com a sensação de Depressão. Já a liberação de Ocitocina, quando ocorre, promove a sensação de amor, de afeto, prazer, bem-estar. A ocitocina pode contribuir para a diminuição da sensação de depressão, tristeza e colaborar com a produção da alegria em nosso sistema nervoso. A secreção de Serotonina no Sistema Nervoso faz com que o indivíduo se sinta positivo, mais confiante e está associada com a Sensação de Felicidade. Como exemplo da atividade neuroquímica cerebral, podemos utilizar o mediador químico chamado Dopamina. Quando alguém passa por situações positivas ou desejadas, a PRODUÇÃO de Dopamina é estimulada no córtex cerebral. Depois de produzida, essa substância é ARMAZENADA. A Dopamina produzida pelos neurônios é armazenada nas terminações nervosas dos neurônios. Em seguida, quando é necessário realizar a comunicação neuronal, a Dopamina é LIBERADA, gerando impulsos nervosos. Quando esses impulsos nervosos atingem o córtex cerebral provocam a sensação de bem-estar e de positividade, contribuindo para o estado de FELICIDADE. Assim, de acordo com as nossas experiências que promovem essa variedade de secreção neuro-hormonal, nós podemos apresentar o que chamamos de Comportamento Racional. Somos capazes de realizar a diferenciação neurofisiológica provocada por experiências sensoriais que promovem a formação de novos circuitos neuronais. O Aperfeiçoamento de atitudes ocorre através da consolidação de conhecimentos, facilitada por sensações de prazer e punição. O Comportamento passa a ser assim, orientado por processos de aprendizado e memória como a intelectualização, a profissionalização e o planejamento de nossos atos. As nossas emoções podem afetar de forma significativa a nossa saúde. Alguns problemas físicos são capazes de afetar a saúde mental. Assim como alguns problemas mentais podem afetar a saúde física. Esses problemas podem dar origem às doenças psicossomáticas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a definição de Saúde é: “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”. O Sistema Nervoso trabalha ininterruptamente liberando substâncias químicas capazes de influenciar nossas atividades. Os Neurotransmissores são determinantes para nosso aprendizado, nossa memória, nossas reações emocionais e nossas atitudes. Desta forma, é importante que nós sejamos capazes de aprender com cada experiência vivida e viver buscando as melhores vivências, facilitando o convívio com situações que nos proporcionem felicidade. Assim, chegamos ao final desta aula. Não deixe de assistir a nossa aula na plataforma. Desejo a você um excelente aprendizado, interessante e feliz! Sugestões de Leituras Complementares: - GUYTON, A. C. Tratado de fisiologia médica. 12.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. - SCORSOLINI-COMIN, F., SANTOS, M. A. O estudo científico da felicidade e a promoção da saúde: revisão integrativa da literatura. Rev. Latino-Am. Enfermagem 18(3):[08 telas] mai-jun 2010. http://www.scielo.br/pdf/rlae/v18n3/pt_25.pdf - FERRAZ, R. B., TAVARES, H., ZILBERMAN, M. L..Revisão da Literatura Felicidade: uma revisão Happiness: a review. Rev. Psiq. Clín 34 (5); 234-242, 2007. http://www.scielo.br/pdf/rpc/v34n5/a05v34n5.pdf - DFARHUD D., Maryam MALMIR M., KHANAHMADI, M. Happiness & Health: The Biological Factors- Systematic Review Article. Iran J Public Health. 2014 Nov; 43(11): 1468–1477. IJPH-43-1468.pdf - Calleja-González J, Terrados N., Martín-Acero R., Lago-Peñas C., Jukic I., Mielgo-Ayuso J., Marqués-Jiménez D., Delextrat A., Ostojic S. Happiness vs. Wellness During the Recovery Process in High Performance Sport. Front Physiol. 2018; 9: 1598. Published online 2018 Dec 19. doi: 10.3389/fphys.2018.01598. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6306029/ http://www.scielo.br/pdf/rlae/v18n3/pt_25.pdf http://www.scielo.br/pdf/rpc/v34n5/a05v34n5.pdf https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4449495/pdf/IJPH-43-1468.pdf https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6306029/ https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6306029/ Felicidade e qualidade de vida: impacto do sono, atividades física, estresse, lazer e arte “Penso que não há nada mais artístico do que amar verdadeiramente as pessoas”. (Vincent Van Gogh) Como estudamos até o momento, diversos fatores são importantes para nosso bem-estar. Esses fatores podem ser fatoressistêmicos, ou seja, que fazem parte de nosso organismo como, por exemplo, fatores genéticos, fatores hormonais, e fatores externos, que fazem parte do ambiente, por exemplo, clima, iluminação, atividade física, música, entre outros. Entre esses fatores que podem influenciar o nosso humor, podemos citar a qualidade e o tempo de sono diário; a prática de atividade física, sua intensidade e frequência; o estresse diário; as horas de trabalho e o tipo de trabalho executado; a dedicação de um tempo diário ao lazer e relaxamento e a influência das diferentes formas de arte. Vamos falar inicialmente sobre o Sono. A nossa rotina diária tem influência direta no nosso estado físico, mental, psíquico e social. O ser humano funciona em um ritmo que chamamos de Circadiano. Esse Ciclo Circadiano ocorre a partir de variações hormonais que oscilam durante o dia e a noite, determinando o ciclo de vigília e o ciclo de sono de cada um de nós. Os hormônios Melatonina e Cortisol, que são produzidos pelo nosso organismo, têm papel fundamental na determinação desse ritmo. O ser humano é essencialmente diurno. Desta forma, predominantemente, o período de sono acontece durante a noite e o período de vigília durante o dia. Para que o estado de vigília aconteça, os níveis do Hormônio CORTISOL devem ser elevados. Assim, nosso organismo eleva a secreção de CORTISOL e nós ficamos alertas, acordados, durante o período diurno. Quando a noite vai se aproximando, os níveis de CORTISOL vão diminuindo e o nível de MELATONINA vai se elevando. A MELATONINA é um hormônio que colabora na indução e preparação para o relaxamento e o SONO. Para que isso aconteça e nós consigamos adormecer, é importante que o ambiente esteja adequado, escurecido, com clima agradável e com pouco ou nenhum ruído, de forma a facilitar o desligamento de nosso Sistema Nervoso e o seu repouso. Esses elementos que contribuem para que nós consigamos dormir com qualidade, são chamados de fatores sincronizadores do sono e estão relacionados também ao hábito de cada um de nós. Por exemplo, um indivíduo pode ter mais facilidade de dormir com um travesseiro alto, outra pessoa, pode conseguir dormir com travesseiro baixo. Esses hábitos são variáveis de pessoa para pessoa. O Sistema Nervoso experimenta durante todos os dias diferentes atividades e experiências. Essas vivências vão sendo acumuladas de forma aleatória e desorganizada. Quando o período de vigília é encerrado, o período de repouso se faz necessário. O descanso oferecido pelo Sono é descanso físico, e descanso mental, que nos protege do desgaste natural das horas acordadas. Quando excedemos o período de vigília, sem proporcionar o adequado repouso, passamos a ter dificuldades como problemas na memória, problemas de atenção, alterações no apetite, irritabilidade exagerada e contribuímos para o aumento de estresse. Assim, é importantíssimo que nossos neurônios e nosso corpo possam descansar para que estejamos “novinhos em folha” no dia seguinte, prontos para novas atividades e aprendizados. O sono faz com que sejamos capazes de recuperar nossas energias e também de obtermos descanso mental, para que nosso cérebro possa reorganizar as informações, escolher quais memórias devem ser guardadas e quais os eventos que serão descartados, ou seja, esquecidos. Nós fazemos isso durante o sono. De forma que, quando dormimos, descansando quantitativa e qualitativamente bem, damos a oportunidade para o nosso Sistema Nervoso se recuperar dos eventos radicais, experiências novas, vividos no dia anterior. Essa reorganização nervosa e hormonal, colabora para a manutenção de nossa memória, nosso bem-estar e nossa Felicidade. A atividade física também faz parte do “Hall da Fama” quando o assunto é a Felicidade. A realização de Atividade Física é capaz de provocar modificações na neuroquímica de nosso sistema nervoso. Quando realizamos atividades físicas provocamos a secreção de diferentes neurotransmissores, entre eles a Serotonina e a Ocitocina. Ainda, fazemos a liberação de um Neurotransmissor, em especial, chamado de ENDORFINA. A liberação de ENDORFINA ocorre gradativamente, a partir do início da prática física e pode ser observado até mesmo um tempo depois do término dessa atividade. A ENDORFINA é capaz de provocar sensações de bem-estar e alegria e assim, contribui de forma importante para a nossa Felicidade. Para a melhora da nossa qualidade de vida devemos considerar também a qualidade de nossa alimentação. É importante que nós nos preocupemos em manter hábitos alimentares saudáveis. Que nos preocupemos em fazer a ingestão de alimentos ricos e saudáveis e evitando a ingestão de excesso de gorduras, condimentos, sal, substâncias estimulantes como o café, podemos colaborar para o nosso bem-estar e equilíbrio e, assim, manter nosso organismo saudável e feliz. No entanto, é importante considerar que esses hábitos alimentares saudáveis devem obedecer a uma educação gradual para a sua aquisição evitando tornar o ato de alimentar-se em um processo desagradável pois o sistema nervoso pode entender essas mudanças na alimentação como um processo de punição, repleto de restrições e, assim, elevar o estresse relacionado à alimentação. A alimentação saudável e prazerosa, pode despertar sensações de felicidade quando provoca satisfação e prazer no indivíduo em se processo alimentar. Ainda, o ato de se alimentar pode representar um momento agradável de convívio familiar e social, onde os indivíduos partilham de momentos agradáveis em torno das refeições. Assim, respeitando nosso organismo e oferecendo cuidados adequados através da alimentação, contribuímos para a sensação da Felicidade. Outra peça fundamental na construção de nossa Felicidade é o Lazer. Os momentos prazerosos, de convívio com elementos escolhidos por nós, momentos especiais que elegemos para nosso Lazer, promovem modificações químicas importantes em nosso cérebro. Os momentos de lazer, do ponto de vista fisiológico, devem ser diários. Durante o período de Lazer, os neurônios liberam mediadores químicos da alegria e bem-estar, a Serotonina, Ocitocina, Dopamina, Endorfina. Assim, como nós já vimos nas aulas anteriores, o conjunto desses neurotransmissores, é responsável pelas sensações de Felicidade. Nesse “Hall da Fama” da Felicidade, podemos inserir também a Arte. A Arte, em suas diferentes formas, desperta em nosso Sistema Nervoso reações de prazer e bem-estar e está associada à sensação de Felicidade por provocar a liberação dos mediadores químicos da felicidade, quando faz com que o indivíduo se interesse por aquela forma de Arte, quando desperta alegria, curiosidade e prazer. A atenção, memória e aprendizado são estimulados quando entramos em contato com alguma forma de arte que nos interessa, seja pelas informações que ela traz, por sua beleza, seus detalhes, sua melodia, suas cores. Todo o processo de contato e conhecimento das artes faz com que nosso cérebro reaja e libere as substâncias químicas que provocam a Felicidade. Assim, chegamos ao final da Neurobiologia da Felicidade. Espero que você tenha gostado. Deixei para você, dois “desafios” curiosos. Na nossa área de trabalho da plataforma, você encontrará dois exercícios para serem feitos e assim, você poderá verificar o quanto nosso Sistema Nervoso é incrível! Sugestões de Leituras Complementares: - GUYTON, A. C. Tratado de fisiologia médica. 12.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. - CABRERA-PERALTA, C. P.; CABRERA, M. A.; CABRERA-ROSA, R. A.; CABRERA-VUOLO, R. A.: Sistema Nervoso. in___Fisiologia – base para o diagnóstico clínico e laboratorial. Cap 8. 2ª Edição.. Birigui: Boreal, 2012. - CAMALIONTE, L. G.; BOCCALANDRO, M. P. R.. Felicidade e bem-estar na visão da psicologia positiva. Bol. - Acad. Paul. Psicol., São Paulo , v. 37, n. 93, p. 206-227, jul. 2017. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-711X2017000200004&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 22 jan. 2023. - SANTANA, M. S., MAIA, E. M. C. Atividade Física e Bem-Estar na Velhice. Rev. salud pública. 11 (2): 225-236, 2009. https://www.scielosp.org/pdf/rsap/2009.v11n2/225-236/pt >. Acesso em: 22 jan. 2023. - AMBRAIA, Rosana Passos Beinner. Aspectos psicobiológicos do comportamento alimentar. Rev. Nutr., Campinas , v. 17, n. 2, p. 217-225, June 2004 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732004000200008&l ng=en&nrm=iso>.Acesso em: 22 jan. 2023. - ROPKE, L. M. et al. Efeito da atividade física na qualidade do sono e qualidade de vida: revisão sistematizada. Arch Health Invest (2017) 6(12):561-566 © 2017 - ISSN 2317-3009 http://dx.doi.org/10.21270/archi.v6i12.2258 https://www.researchgate.net/publication/322777572 Acesso em: 22 jan. 2023. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-711X2017000200004&lng=pt&nrm=iso http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-711X2017000200004&lng=pt&nrm=iso https://www.scielosp.org/pdf/rsap/2009.v11n2/225-236/pt https://www.scielosp.org/pdf/rsap/2009.v11n2/225-236/pt http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732004000200008&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732004000200008&lng=en&nrm=iso http://dx.doi.org/10.21270/archi.v6i12.2258 https://www.researchgate.net/publication/322777572 https://www.researchgate.net/publication/322777572
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