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Clara Barcelar - Endocrinologia REVISÃOSINHA RÁPIDA... A atividade do eixo HPA é governada pela secreção de HLC e vasopressina (AVP) pelo hipotálamo, os quais, por sua vez, ativam a secreção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela pituitária, que finalmente estimula a secreção de glicocorticoides pelo córtex adrenal. Os glicocorticoides, então, interagem com seus receptores em múltiplos tecidos-alvo, incluindo o eixo HPA, onde são responsáveis pela inibição negativa por feedback da secreção do ACTH pela pituitária e do HLC a partir do hipotálamo. Embora os glicocorticoides regulem a função de quase todos os tecidos do corpo, o efeito fisiológico mais conhecido desses hormônios é a regulação do metabolismo energético. Síndrome de Cushing É a condição resultante da exposição prolongada a quantidades excessivas de glicocorticoides. Pode ser fruto da administração terapêutica prolongada de glicocorticoides ou, bem menos frequentemente, da hiperprodução de cortisol, ou seja, é uma condição rara definida como um estado clínico resultante da secreção excessiva, crônica e inapropriada de cortisol. Doença de Cushing Se refere a um tumor hipofisário-adenoma produtor de ACTH, sendo responsável por mais de 80% das causas da síndrome de Cushing ACTH-dependente. Manifestações clássicas: ganho de peso, letargia, fraqueza, irregularidades menstruais, perda da libido, hirsutismo, acne, estrias purpúricas, miopatia proximal (queixa dominante na doença de Cushing), disfunção erétil e distúrbios psiquiátricos. Sua maior ou menor intensidade depende da duração e da intensidade do hipercortisolismo. Equimoses surgidas espontaneamente ou aos mínimos traumatismos (consequentes ao adelgaçamento da pele e ao aumento da fragilidade capilar), miopatia proximal (afetando, sobretudo, os membros inferiores) ou estrias violáceas ou purpúricas mais largas do que 1cm tornam a possibilidade diagnóstica de SC bastante elevada em um paciente com obesidade central. Pacientes costumam apresentar hipercoagulabilidade e risco aumentado de complicações tromboembólicas → aumento nos níveis séricos do fator de von Willebrand e no fator VIII induzido pelo cortisol. Em crianças, as manifestações são semelhantes aos adultos, mas a obesidade tende a ser generalizada e ocorre diminuição da velocidade de crescimento (hipercortisolismo antagoniza a ação do IGF-1 na placa de crescimento). Descartar uso de glicocorticoides (por qualquer via de administração). Os 3 principais instrumentos diagnósticos atualmente empregados para estabelecer o diagnóstico de SC são: → Testes de supressão com dexametasona em baixas doses: - Visam demonstrar a perda da inibição por retroalimentação do cortisol normal sobre o eixo HHA. → Dosagem do cortisol salivar ao final da noite: - A secreção do cortisol é caracterizada por uma ritmicidade circadiana. Em indivíduos saudáveis com estáveis ciclos sono–vigília convencionais, os níveis plasmáticos de ACTH começam a subir entre 3 e 4h da manhã, alcançando pico entre 7 e 9h, quando, a partir daí, caem ao longo do resto do dia. Os valores do cortisol sérico e salivar espelham tal fato, sendo os níveis mais altos das 8 às 9h da manhã, e seu nadir em torno da meia-noite, na ausência de estresse. Esse ritmo circadiano está alterado em pacientes com síndrome de Cushing, e foi relatado que a elevação do cortisol ao final da noite é considerada o mais precoce e mais sensível marcador da enfermidade. → Medida do cortisol livre urinário (amostra de 24h): - Obtém-se a dosagem do cortisol livre urinário (UFC) analisando-se uma amostra urinária de 24 horas, em que é incluída a segunda micção do dia em que a coleta é iniciada até a primeira do dia seguinte. Para a grande maioria dos pacientes com DC, a adenomectomia seletiva por via transesfenoidal continua sendo o tratamento de escolha. Apenas raramente, a abordagem transcraniana se faz necessária. Nos casos de doença persistente ou recorrente após a cirurgia transesfenoidal (CTE), radiocirurgia estereotaxia em dose única ou fracionada pode ser usada. No entanto, os efeitos terapêuticos da radiação podem demorar 3 a 5 anos para ser obtidos. Em casos graves e refratários, adrenalectomia bilateral, de preferência por via laparoscópica, é realizada, mas há riscos significativos relacionados com hipocortisolemia permanente, insuficiência adrenal e risco de síndrome de Nelson. Assim, a terapia medicamentosa tem sido cada vez mais considerada no algoritmo do tratamento. De um modo geral, não é realizado tratamento medicamentoso de rotina objetivando a redução do cortisol no pré-operatório, sendo preferível a cirurgia o mais precoce possível. Por outro lado, é sempre realizado vigoroso tratamento pré-operatório das morbidades associadas, especialmente da HAS e DM, além do tratamento da hipocalemia, dislipidemia, hipovitaminoses (D, B12) entre outras com o objetivo de melhorar as condições clínicas para a cirurgia. Complicações da CTE → E é um método cirúrgico relativamente seguro, com mortalidade perioperatória < 1%. As principais causas de óbito são infarto agudo do miocárdio, tromboembolismo pulmonar, meningite e sangramento intracerebral. Em mãos experientes, as taxas de morbidade e mortalidade são ainda mais baixas: mortalidade < 0,5% e complicações sérias em menos de 1,5% dos casos. As complicações mais frequentes são hiponatremia transitória (5 a 20%), diabetes insípido (DI) transitório (10 a 30%) e fístula liquórica (2 a 5%). DI permanente ocorre em menos de 3% dos casos. Complicações infecciosas, como meningite e sinusite esfenoidal, são raras. O efeito colateral mais frequente da CTE é o hipopituitarismo, constatado em até 50% dos pacientes, particularmente após uma segunda CTE. Causa mais comum é o adenoma adrenocortical secretor de cortisol. O tratamento de escolha é a ADRENALECTOMIA UNILATERAL. Após a adrenalectomia unilateral, pode demorar muitos meses ou mesmo anos (até 3 anos) para a adrenal contralateral suprimida se recuperar. É aconselhável, portanto, a terapia de reposição glicocorticoide (com hidrocortisona ou prednisona) e, eventualmente, terapia de substituição mineralocorticoide com fludrocortisona. Excisão cirúrgica radical é o tratamento de escolha para pacientes com doenças malignas localizadas e continua a ser o único método pelo qual sobrevivência a longo prazo livre de doença pode ser alcançada. Tumores irressecáveis ou amplamente disseminados podem ser tratados de modo paliativo com terapia anti- hormonal, radioterapia (para lesões localizadas), quimioterapia sistêmica ou tratamento com mitotano.
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