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MÉTODOS DE AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PROF.A DRA. MARIA CECÍLIA DE FREITAS FERREIRA Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica: Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Fernando Sachetti Bomfim Marta Yumi Ando Simone Barbosa Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Cristiane Alves © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Só- crates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande res- ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a socie- dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conheci- mento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivên- cia no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de quali- dade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mer- cado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR UNIDADE 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................................................5 1. LINGUAGEM: DEFINIÇÃO E TIPICIDADE ..........................................................................................................6 2. MODELO DE ANAMNESE FONOAUDIOLÓGICA ............................................................................................. 16 2.1 IDENTIFICAÇÃO E QUEIXA ............................................................................................................................. 17 2.1.1 HISTÓRIA PREGRESSA DA QUEIXA ............................................................................................................ 17 2.2 DESENVOLVIMENTO E/OU ATUALIZAÇÕES DAS ÁREAS ........................................................................... 18 2.2.1 COMUNICAÇÃO EM GERAL ......................................................................................................................... 18 2.2.2 APRENDIZAGEM ESCOLAR ......................................................................................................................... 19 2.2.3 FUNÇÕES OROFACIAIS E SENSÓRIO-MOTORAS ORAIS ........................................................................ 19 2.2.4 PSICOLOGIA ............................................................................................................................................. 19 2.2.4.1 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO ............................................................................................................ 19 2.2.4.2 COMPORTAMENTO SOCIAL E EMOCIONAL ..........................................................................................20 TEORIA E PROCEDIMENTOS DE ANAMNESE, AVALIAÇÃO E PARECER DIAGNÓSTICO PARA CRIANÇAS DE 1 A 6 ANOS PROF.A DRA. MARIA CECÍLIA DE FREITAS FERREIRA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: MÉTODOS DE AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 4WWW.UNINGA.BR 2.2.5 DESENVOLVIMENTO NEUROMOTOR ........................................................................................................20 2.3 SAÚDE GERAL..................................................................................................................................................20 2.4 CONDIÇÕES AMBIENTAIS, FÍSICAS E SOCIAIS ..........................................................................................20 2.5 ANTECEDENTES PESSOAIS (CONCEPÇÃO, GESTAÇÃO, NASCIMENTO)..................................................22 2.6 HISTÓRICO FAMILIAL ....................................................................................................................................22 2.7 IMPRESSÕES SOBRE O(A) INFORMANTE ...................................................................................................23 3. MODELO DE AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA ...............................................................................................23 3.1 IDENTIFICAÇÃO ...............................................................................................................................................23 3.2 SUGESTÕES DE INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DE LINGUAGEM E DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO EM CRIANÇAS SEM ORALIDADE OU COM ORALIDADE REDUZIDA ...........................................23 3.2.1 PROC - PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO COMPORTAMENTAL .................................................................23 3.2.2 ESCALAS DE DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ................................................................................25 3.3 AVALIAÇÃO DA LINGUAGEM ORAL POR SUBSISTEMAS ...........................................................................26 3.3.1 FONÉTICA E FONOLOGIA .............................................................................................................................26 3.3.2 MORFOSSINTAXE ........................................................................................................................................27 3.3.3 VOCABULÁRIO .............................................................................................................................................27 3.3.4 PRAGMÁTICA E NARRATIVA .......................................................................................................................29 3.4 PROCESSAMENTO FONOLÓGICO ................................................................................................................30 3.4.1 MEMÓRIA DE TRABALHO FONOLÓGICA: DÍGITOS EM ORDEM DIRETA E INVERSA E PSEUDOPALAVRAS ...............................................................................................................................................30 3.4.2 CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA ......................................................................................................................31 3.4.3 RECODIFICAÇÃO FONOLÓGICA: NOMEAÇÃO RÁPIDA E AUTOMÁTICA ................................................. 31 3.5 DESENVOLVIMENTO GERAL ..........................................................................................................................32 3.6 AUDIÇÃO ..........................................................................................................................................................33 3.7 OUTROS ...........................................................................................................................................................33 3.8 RASTREAMENTO DE TEA (TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO) ................................................33 3.9 RASTREAMENTO DE QUESTÕES SENSORIAIS ...........................................................................................35 3.10 RASTREAMENTO DE APRAXIA DA FALA ....................................................................................................36 3.11 ASPECTOS MIOFUNCIONAIS OROFACIAIS, VOZ E FLUÊNCIA ..................................................................36 4. MODELO DE PARECER DIAGNÓSTICO PARA A FAIXA ETÁRIA DE ATÉ 6 ANOS ........................................37 CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................................................................395WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO A presente apostila visa a capacitar os alunos da fonoaudiologia para os aspectos fundamentais do processo de avaliação fonoaudiológica da linguagem infanto-juvenil, fornecendo melhores dados norteadores para a intervenção fonoaudiológica e multipro� ssional de crianças e adolescentes que apresentam queixas relacionadas à comunicação oral e escrita, principalmente. Essa tarefa não é simples, visto que existem diferentes abordagens teóricas, modelos de desenvolvimento da linguagem, etiologias, entre outros. Devem-se diferenciar as manifestações apresentadas: se são exclusivamente linguísticas ou se decorrentes de patologias abrangentes capazes de desencadear. E para cumprir a tarefa desa� adora do diagnóstico, realiza-se uma minuciosa avaliação fonoaudiológica com uma entrevista inicial (anamnese) e aplicação de questionários para conhecimento inicial do caso, avaliação clínica e aplicação de protocolos padronizados (escalas, testes, entre outros). Os cuidadores/responsáveis devem ser abordados, ouvidos e questionados, com o intuito de obter informações relevantes de fora do contexto clínico, que auxiliem no processo de avaliação e intervenção. O conhecimento minucioso sobre o desenvolvimento social da comunicação verbal, não verbal e da escrita se faz necessário para todo o processo diagnóstico e planejamento terapêutico individual. Portanto, o processo de avaliação fonoaudiológica da linguagem infanto-juvenil é baseado em métodos cientí� cos de investigação, capazes de responder aos questionamentos criados a partir de cada caso, hipóteses a serem respondidas pelas manifestações apresentadas e, principalmente, seleção dos métodos para responder aos questionamentos e testar as hipóteses, conforme o que se encontra disponível padronizado e normatizado no Brasil. Além de analisar os resultados encontrados, convém considerá-los como um diagnóstico fonoaudiológico em linguagem e traçá-los como possíveis planos de intervenção. 6WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. LINGUAGEM: DEFINIÇÃO E TIPICIDADE Para iniciarmos o processo de diagnóstico fonoaudiológico, é necessário rever os parâmetros sobre o desenvolvimento típico da linguagem. Segundo a American Speech and Hearing Association (ASHA), linguagem é um complexo e dinâmico sistema de símbolos convencionais que é utilizado de várias maneiras para o pensamento e a comunicação. Pode-se de� nir a linguagem de diversas formas, mas consensualmente infere-se que: 1. Está correlacionada ao contexto histórico, social e cultural; 2. É observada por meio de cinco parâmetros: fonológico, morfológico, sintático, semântico e pragmático; 3. Depende de fatores biológicos, cognitivos, psicossociais e ambientais; 4. Requer inter-relação de comunicação com os pares, envolvendo papel social, motivação e aspectos não verbais referentes à interação; 5. Envolve ainda capacidades metalinguísticas, ou seja, compreensão e conscientização sobre a língua utilizada. Antes do aparecimento da fala propriamente, o indivíduo inicia sua comunicação, sendo possível observar seu desempenho na comunicação e avaliar o risco para alterações na aquisição e no desenvolvimento da linguagem. Aqui observaremos aspectos do desenvolvimento típico da linguagem e aspectos ligados ao simbolismo. Uma criança inicia as emissões verbais caracterizadas como fala no segundo ano de vida, entre 1 ano e 1 ano e 11 meses. Entretanto, a comunicação intencional é observada quando se dirige a alguém por meio de gestos e produção de sons, ou quando espera uma resposta, por exemplo, o que ocorre no primeiro ano de vida. Nesse período, a criança reproduz sons advindos dos interlocutores, que comumente são os pais, irmãos e avós. Além disso, compreendem frases sociais imperativas, como, por exemplo: “vem aqui” ou “manda beijo”. A fala deve estar presente no segundo ano de vida, sendo que as crianças devem se comunicar por meio dela. O repertório lexical deve ter no mínimo 50 palavras, produzidas com o padrão fonológico próprio para a faixa etária. As produções podem aparecer da seguinte forma: [suto] para “suco”, [buiako] para “buraco”, [matato] para “macaco” e até “qué aga” para “quero água”. É possível que sua fala seja ininteligível para a maioria das pessoas, sendo compreendida pelos seus cuidadores. Frases simpli� cadas são observadas e caracterizam-se principalmente por serem sociais, considerando o padrão da língua. Frases do tipo “nenê mimi não», «esse meu bola” ou “papai pão comeu” são observados. A linguagem receptiva aparece mais evoluída que a expressiva, já que é capaz de compreender ordens da sua rotina com duas ações, como, por exemplo: “pega seu chinelo e guarda no armário”, compreende também questionamentos com pronomes interrogativos, como: “Onde está a bola?” ou “O que você quer na geladeira?”. Podem contar pequenos relatos com apoio do adulto, que acaba fazendo a complementação intercalada da narrativa com perguntas do tipo: “O que aconteceu no parque hoje? Choveu? Brincou?” ou “Onde você se machucou? Passou remédio? Doeu?”. A conversação é iniciada e mantida por poucos turnos, assim como seu tópico. 7WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Na sequência da idade, aos 3 anos, as crianças apresentam simpli� cações fonológicas, omissões e substituições, o que não compromete a inteligibilidade, sendo, assim, compreendida por pessoas que não convivem com ela. Já dominam as regras de � exão nominal quanto ao gênero. As frases possuem conectivos, como artigos e pronomes. Nessa fase, pode aparecer o que se denomina “dis� uência � siológica” ou “gagueira � siológica”, com hesitações e repetições de palavras antes de emitir a palavra que está buscando no seu léxico mental, como, por exemplo: “cadê a minha minha minha bolsa de de es escola?”. Na sequência, aos 4 anos, as crianças usam e compreendem vários pronomes inde� nidos: outro, ninguém, alguém. Na linguagem receptiva, entendem uma sequência de três ordens, como, por exemplo: “abra a porta, pegue a caixa e coloque a blusa”. Conseguem realizar � exões dos tempos verbais de verbos regulares (passado, presente e futuro composto). Quanto à pragmática, pede, protesta, nomeia, faz perguntas sobre referentes ausentes e usa expressões sociais para interagir de maneira aprimorada. A narrativa contém histórias que são conhecidas e contadas sem a ajuda do outro ou de � guras, todavia os elementos coesivos da narração ainda são falhos. No que se refere às habilidades conversacionais, crianças dessa idade apresentam um equilíbrio maior entre manter e iniciar a conversação. Caminham na direção de se tornarem capazes de conversar com mais de um interlocutor ao mesmo tempo sobre referentes ausentes ou abstratos. Quanto à produção e organização dos sons da fala, ainda são esperadas, até os 4 anos e meio, di� culdades com o uso do /ϛ/ (chuva [suva]), do /ӡ/ (janta [zâta]), do /r/ (morango [molãgo]; buraco [buyako]; parede [paede]) e dos encontros consonantais. Considera-se que aos 5 anos praticamente não há mais di� culdade quanto ao uso dos sons da fala. Se houver erro na produção ou organização deles, será nos grupos consonantais (quadro [kwado]; gravata [garavata]; prato [plato]; � auta [frawta]) e em palavras longas ou pouco frequentes no vocabulário infantil (liquidi� cador [lidi� kador]; macarronada [maRonada]). Podem ocorrer algumas trocas na fala de natureza sociolinguística (cultural) que não podem ser classi� cadas como alteração, como, por exemplo, blusa [bruza]; problema [pobrema]. São usados adequadamente os verbos irregulares mais frequentes. Quanto ao aporte lexical, este gira em torno de 6000 palavras, sendo que já se observa o uso e a compreensão dos advérbios/preposiçõesde lugar por oposição (em cima/embaixo; dentro/fora; atrás/na frente/ao lado; perto/longe). Há domínio de termos opostos como “alguns/muitos” ou “mais/menos”. Os advérbios de tempo ainda podem ser usados de forma instável, mas estão presentes no vocabulário da criança. Revela habilidade para de� nir palavras, questiona sobre seus signi� cados, identi� ca-as e faz rimas. Narra com manutenção da organização de tempo dos fatos ocorridos, omite alguns deles, o que não prejudica sua compreensão. As simpli� cações fonológicas não são observadas mais aos 6 anos. Estima-se que mais de 10.000 palavras estejam em seu arcabouço lexical. Entretanto, o meio sociocultural no qual está inserida exerce forte in� uência sobre o acréscimo lexical e sobre o uso de estruturas frasais mais so� sticadas, como os períodos subordinados adjetivos e adverbiais. Utilizam corretamente os advérbios de tempo mais comuns (ontem/hoje/amanhã; manhã/tarde/noite; antes/depois). No uso da linguagem, passam a ser hábeis com as palavras para argumentar e persuadir. Narram com detalhe histórias conhecidas e relatos pessoais. Já ocorre criação de estórias com coerência entre os fatos. Percebem seus erros nos turnos dialógicos e se corrigem para serem compreendidas, reestruturando seus enunciados e a organização do discurso. Demonstram habilidade para usar a linguagem, independentemente do contexto e do interlocutor. 8WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Quando as crianças iniciam o processo de alfabetização propriamente dito, por volta dos 6 ou 7 anos, já dominam o sistema fonológico da língua portuguesa, produzindo e organizando corretamente os fonemas em suas emissões, além de serem capazes de identi� car e manipular segmentos, como as sílabas. Emitem frases compostas nas quais estão contidos pronomes, advérbios e preposições. Há domínio das � exões nominais e verbais, o que lhes permite apresentar consciência morfológica. Têm um amplo vocabulário, sendo capazes de participar com sucesso de jogos que envolvem categorização e de� nição de palavras, como, por exemplo, dizer a categoria superior, uma outra palavra da mesma categoria ou mesmo os traços semânticos que compõem aquela palavra. Demonstram � uência, utilizando recursos linguísticos necessários para diferentes propósitos: questionar, inferir, descrever, protestar, narrar, dialogar ou argumentar. Observa-se o aparecimento de ironia e contagem de piadas, próprios da linguagem das fases mais adiantadas, como a pré-adolescência. Em vista disso, caso se observem características de linguagem não compatíveis com a idade, apesar de demonstrarem desempenho adequado em outras atividades que não exigem fala ou compreensão de fala, a criança e o adolescente podem ser fortes candidatos a apresentarem di� culdades especí� cas com a linguagem, o que poderá repercutir sobre o processo de aprendizagem da leitura e da escrita nas idades mais adiantadas. Dessa forma, seguem, nos quadros de 1 a 6, as características de tipicidade que devem ser observadas no processo de aquisição e desenvolvimento de linguagem nas subdivisões da linguagem conforme cada faixa etária no momento da avaliação fonoaudiológica da linguagem. Tais quadros foram baseados em Zorzi e Hage (2004); Aguado e Narbona (2005); Asha (2007); Chevrie-Muller (2005); DSM-5; Ferreira, Be� -Lopes e Limongi (2004); Lamônica e Britto (2016); Marchesan, Justino e Tomé (2014) e Zorzi e Capellini (2009). Desenvolvimento típico da linguagem – Faixa etária: 0 a 11 meses 1º mês • O choro representa uma reação biológica à dor e à fome. • As vocalizações são esporádicas e por vezes re� exas. • Assusta-se com sons intensos. • Movimentos re� exos do corpo, interpretados pelo mediador. • Reage com atenção e calma à voz da mãe ou do cuidador. 2º e 3º meses • O choro torna-se diferenciado em relação à intensidade, duração e frequência. • As vocalizações e risos parecem estar relacionados às sensações de bem-estar. • As vocalizações apresentam variação quanto à altura e duração. • Reage à fala humana: expressões faciais, olhares e vocalizações. • A díade mãe-bebê é responsiva ao tom de voz. • Procura a fonte sonora, se atenta ao som. • Inicia-se a produção de vogais e sons articulados. 9WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4º e 5º meses • Surgem os “jogos vocais” ou “autobalbucio”: “parece brincar” com os sons que emite, que ainda não são usados para a comunicação. • Ações comunicativas são interpretadas e expandidas pelo mediador. • O balbucio é indiferenciado: repetição da mesma sílaba ([papapa], [mamama]). • Emissões tanto na inspiração quanto na expiração. • Responde com o olhar ao ser chamado. 6º e 7º meses • Participa com mais frequência e ativamente da interação com seus cuidadores por meio do riso, expressão facial, movimentação corporal, vocalizações e olhares. • Surgem as imitações de sons realizados por outras pessoas. • O balbucio já se diferencia: repetição de diferentes sílabas em sequência: ([padada], [dadapama]). • Aponta e olha para os objetos, sem ainda se dirigir ao mediador. 8º e 9º meses • Observam-se os comportamentos comunicativos intencionais: dirige-se ao outro pelos gestos e vocalizações. • Sorriem em interação face a face. • Aponta o que quer. • Repete com consistência sons emitidos pelos outros. • Mantém e busca o contato visual com a mãe/mediador. • Reproduz e atende a imperativos sociais acompanhados de gestos (“joga beijo”, “dá tchau”, “não!”). 10º e 11º meses • Utiliza principalmente o jargão (encadeamento de vogais e consoantes variadas com entonação da língua materna). • Participa da atividade dialógica por meio do jargão, expressões faciais elaboradas e gestos, por vezes respeitando os turnos de conversação e a entonação. • Pode apresentar idiossincrasias (sequências fonéticas consistentes com signi� cado especí� co, por exemplo: [kikaw] para casa). • Por vezes repete palavras do interlocutor, mas a repetição tem padrão fonológico diferente (exemplo: “vai dormir...” – criança: [mimi]). Quadro 1 - Desenvolvimento típico da linguagem – 0 a 11 meses. Fonte: A autora. 10WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Desenvolvimento típico da linguagem – Faixa etária: 12 a 24 meses Entre 1 e 2 anos • Caracteriza-se por uma linguagem funcional, mesmo sem ou com limitada estrutura linguística. • Já se comunica para expressar suas necessidades, para chamar a atenção, informar e perguntar. • Fala de 10 a 200 palavras. • Compreende de 50 a 150 palavras e frases. • Emite palavras isoladas ou fala formulaica (frases produzidas em bloco). Exemplo: [kԐome] – “quero comer”. • Utiliza palavras com atributo de cor, forma e tamanho. • Conhece as partes do corpo e suas funções. • Usa simbolismo nas brincadeiras. • Produz: onomatopeias (‘auau’, ‘miau’), palavras idiossincráticas ([lianu] para boneca), contextuais ([aiu] quando um objeto cai) e palavras de uso social ([oi] para chamar a atenção de alguém). • Mantém diálogo por meio de especularidade e complementaridade. • Exemplo: Adulto: O que você comeu?? Criança: “meu” Adulto: É! Tava gostoso? Criança: “tava toso” Adulto: Você comeu com o vovô e com a vovó? Criança: “omeu oo não” • Compreende perguntas, imperativos e a� rmações rotineiras e situacionais. Exemplos: “Cadê a sua bola?” “Pega a laranja”. “Vamos passear?” • Por volta dos 18 meses, inicia-se a produção de orações com dois e três vocábulos. Exemplos: [may letδi] – “Dá mais leite”. [kε asã?] – “Você quer maçã?” [papai li] – “Papai está ali” • Compreende ordens rotineiras e situacionais com duas ações. Exemplo: “Pega os brinquedos e põe na caixa”. • Ao � nal desse 2º ano de vida ocorre umaumento lexical signi� cativo. Quadro 2 - Desenvolvimento típico da linguagem – 12 a 24 meses. Fonte: A autora. 11WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Sintaxe – Desenvolvimento típico da linguagem Faixa etária: 2:1 a 3:0 anos • Entre 2 e 2:6 anos, a estrutura principal da frase é N-V-N (nome, verbo, nome). • Ocorrem omissões de preposições, artigos e pronomes. • As frases apresentam de 3 a 4 palavras, com desvios de � exão nominal e verbal. Exemplos: “Esse verde sapato”; “Eu dançou tudo música”. • Uso de pronomes pessoais (você, eu, ele/ela), possessivo (meu) e demonstrativo (esse), mas não utiliza adequadamente o gênero deles. Exemplo: “Minha cai maçã”. • Observam-se orações a� rmativas, interrogativas (com alguns pronomes: “que” e “onde”) e negativas (no início desse período, o advérbio de negação aparece deslocado para o � nal da frase). Exemplos: “Onde minha vovó tá?” (Onde está a minha avó?); “Qué bolo comê não” (Eu não quero comer bolo). • Próximo aos 3 anos, observam-se períodos coordenados. Exemplo: “Essa boneca chóia e fazi xixi” (Essa boneca chora e faz xixi). Faixa etária: 3:1 a 4:0 anos • Uso de períodos simples e compostos com 6 palavras (coordenados e subordinados com “porque” e “mas”). Exemplos: “Eu não vô guardar porque vô brincá”; “Mamãe não dá mas eu quero”. • Surgem as orações interrogativas com os pronomes “quem” e “qual”. Ex.: • “Qual é a cor?”; “Quem vai comer?”. • Uso de tempos verbais no presente, passado e futuro composto, pode haver desvios de � exão verbal por generalização de regras. Exemplos: “Eu dou pro Totó” – presente. “Papai vai fazê pra mim” – futuro composto. “Eu passeei no parque” – passado simples. “Eu que fazei o desenho” (eu que � z o desenho). • Respeita as regras de � exão de gênero, utilizando os artigos especí� cos. Exemplos: “Comi a maçã e guardei o brinquedo”. “Peguei os meu brinquedos” (Peguei os meus brinquedos). Faixa etária: 4:1 a 5:0 anos • Ocorrem períodos simples, compostos e subordinados com “se” e “quando”. Exemplos: “Eu vou comer quando eu chegar lá”. “A professora vai me dar estrela se eu � car quietinho”. • Usa corretamente os principais tempos verbais (presente, passado e futuro composto) para verbos regulares. • Podem ocorrer desvios de � exão, principalmente nos verbos irregulares e pouco frequentes. Exemplos: “Eu fazi pra você” (Eu � z para você). “Eu não ouvo daqui” (Eu não ouço daqui). 12WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Faixa etária: 5:1 a 6:0 anos • Observam-se períodos simples, compostos e subordinados com “pois” e “para que”. Exemplos: “Eu vou dar a sopa para a neném para que ela � que forte”. “Vamos brincar assim, pois é mais fácil!” • Uso dos tempos verbais pretérito mais que perfeito e pretérito do subjuntivo. Exemplos: “Eu já tinha falado isso antes de você chegar” “E se você me desse o presente antes de dormir?” • Já usa corretamente os verbos irregulares mais frequentes. Após os 6/ 7 anos • Surge a voz passiva. O meio social (escola, família) interfere signi� cativamente na produ- ção de estruturas mais so� sticadas, como voz passiva, subordinadas adjetivas e adverbiais. Exemplo: “Eu fui forçado a comer espinafre no almoço”. Quadro 3 - Sintaxe. Fonte: A autora. Fonologia – Desenvolvimento típico da linguagem Faixa Etária: 2:1 a 3:0 anos • Todas as simpli� cações fonológicas são esperadas. • Aos 2:6 anos desaparecem as seguintes simpli� cações: - Reduplicação: [papato] – sapato, [pepew] – chapéu; - Oclusivação: [tapo] - sapo; [tapew] – chapéu; - Redução de sílaba em palavras dissílabas e trissílabas: [fe] – café, [beytoy] – cobertor; - Assimilação: [pasaηiηo] – passarinho, [faRafa] – garrafa. • Aos 3:0 anos desaparecem: - Anteriorização de oclusivas velares: [matato] – macaco, [doma] – goma; - Ensurdecimento/sonorização: [a� ãw] – avião, [poka] – boca, [teto] – dedo; - Redução ou silabi� cação de consoante � nal (fricativa � nal /s/): [ekada] – escada, [lapisi] – lápis; - Redução da líquida lateral /l/: [obo] – lobo, [paitu] – palito. Faixa etária: 3:1 a 4:0 anos • Aos 3:6 anos desaparecem: - Simpli� cação de líquida não lateral /R/, seja por redução, substituição ou semivocalização: - Redução: [opa] – roupa, [maεko] – marreco; - Substituição: [lede] – rede, [kalo] – carro; - Semivocalização: [kaδoyo] – cachorro. • Aos 4:0 anos desaparecem: - Simpli� cação de consoante � nal (líquida � nal /r/), por redução ou semivocalização: - Redução: [ma] – mar, [mekado] – mercado; - Semivocalização: [kayne] – carne, [kaloy] – calor. 13WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Faixa etária: 4:1 a 5:0 anos • Aos 4:6 anos desaparecem: - Anteriorização de palatal: [sapεw] – chapéu, [zelo] – gelo; - Posteriorização de alveolar (ou posteriorização para palatal): [δapo] – sapo, [meδa] – mesa; - Simpli� cação de líquida lateral /r/, seja por redução, substituição ou semivocalização: - Redução: [kaeta] – careta; - Substituição: [molãgo] – morango; - Semivocalização: [peya] – pera. • Aos 5 anos desaparece: - Simpli� cação de grupo consonantal, especi� camente redução: [dagãw] – dragão, [peto] – preto; [fawta] – � auta, [buza] – blusa. Faixa etária: 5:1 a 6:0 anos • Até 5:6 anos desaparecem: - Simpli� cação de grupo consonantal, silabi� cações e substituições: - Silabi� cação: [tarator] – trator, [folor] – � or, [plεgo] – prego; - Substituição: [bisikrεta] – bicicleta, [bruza] – blusa; • Aos 6:0 anos eventualmente podem ainda aparecer: - Omissão de sílaba átona em palavras polissílabas com mais de 5 sílabas: [lidi� kador] – liquidi� cador. - Migração de grupo consonantal e de consoante � nal (líquida � nal): [trige] – tigre, [pεgro] – prego; [kardeno] – caderno, [asurka] – açúcar. Após os 6/ 7 anos • As simpli� cações fonológicas são superadas. Quadro 4 - Fonologia. Fonte: A autora. Semântica/Léxico – Desenvolvimento típico da linguagem Faixa etária: 2:1 a 3:0 anos • Léxico: entre 200 e 450 palavras. • Signi� cado lexical: utilização de variados substantivos: nomes de objetos de locais especí� cos onde frequenta, casa, creche, parque, brinquedos, pessoas do convívio frequente, até 4 partes do corpo, alimentos e bebidas, animais e vestuário. Faz uso de verbos para representar as ações e adjetivos (limpo/sujo, feio/bonito, grande/pequeno, quente/frio). Desvios semânticos são frequentes nas palavras com sentido lexical (superextensão, subextensão e antonísia). • Signi� cado gramatical relacional: surge a preposição “de” indicando posse e “para” indicando bene� ciário. Exemplos: “Comida do gato” e “Esse para papai”. • Signi� cado gramatical contextual (dêiticos): expressa e compreende advérbios de lugar (ali, aqui, dentro, lá, perto de) e pronomes (eu, você, mim, meu, ele, esse). Menciona tempo com os advérbios: “agora” e “ontem”; ainda há erros esporádicos. • Compreende e responde perguntas com os pronomes “onde”, “quem” e “o que”. Exemplos: “Onde está a cadeira?”, “O que você está comendo?”, “Quem fez isso?”. 14WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Faixa etária: 3:1 a 4:0 anos • Léxico: entre 500 e 1.000 palavras. • Signi� cado lexical: aumento de nomes, verbos e adjetivos. Entre eles: palavras que signi� cam sentimentos (medo, triste, alegre), 6 partes do corpo, termos de comparação (igual/diferente). Há todos os tipos de desvios semânticos. Ex.: “O dirigidor me levou” (motorista), “Mamãe me abraçou grande” (forte), “Eu liguei a luz” (acendi). • Signi� cado gramatical relacional: aparecem as preposições “em”, “sobre” indicando lugar e “com” indicando acompanhamento. Exemplos: “Vi o morango sobre o bolo” e “Tinha pão com queijo”. • Signi� cado gramatical contextual (dêiticos): usa advérbios de lugar(em cima/ embaixo, atrás/na frente, dentro/fora, perto/longe), porém ainda se observa erro ao distinguir os opostos. Expressa e compreende os advérbios de tempo “agora/depois”; em contrapartida, nos demais, ainda apresenta inconsistências. Exemplos: “Agora eu vou para a escola”, “Depois eu vou dormir˝ (uso correto); “Amanhã eu fui brincar com meu primo” (uso inadequado). • Compreende duas ordens não relacionadas. Exemplos: “Pegue a maçã e feche o lixo”, “Põe a água na geladeira e calça o sapato”. • Compreende e responde perguntas com os pronomes “como” e “quando”. Exemplos: “Você só vai brincar quando a mamãe deixar?”, “Como vai ao parque?”. Faixa etária: 4:1 a 5:0 anos • Léxico: entre 1.500 e 3.000 palavras. • Signi� cado lexical: aumento signi� cativo de nomes, verbos e adjetivos. Os desvios semânticos diminuem, sendo ainda comum a superextensão e por relação de contiguidade. Exemplos: “A saia está pequena aqui” (curta – superextensão). “Esse apartamento é muito alto” - (prédio - por relação de contiguidade). “Vamos a lancheria” (padaria – por proximidade morfológica). “Adoro bife empalhado” (empanado – por proximidade fonológica). • Signi� cado gramatical relacional: adquire “com” indicando instrumento. Exemplo: “A sopa é com colher”. • Signi� cado gramatical contextual (dêiticos): uso e compreensão dos advérbios de lugar e de tempo mais consistentemente. Usa e compreende pronomes inde� nidos, como: outro, ninguém e alguém. Exemplos: “Onde está o carrinho verde?” (mostra) “E o outro?” (mostra corretamente). “Alguém fez esse desenho lindo aqui, quem foi?”. “Ninguém quer comer o espinafre”. • Compreende e age a uma sequência de três ordens. Exemplo: “pegue maçã, guarde na geladeira e feche a porta”. Faixa etária: 5:1 a 6:0 anos • Léxico: em torno de 6.000 palavras. • Signi� cado lexical: aumento de nomes, verbos e adjetivos. • Signi� cado gramatical contextual (dêiticos): usa e compreende os advérbios/ preposições de lugar por oposição (em cima/embaixo; dentro/fora; atrás/na frente/ do lado; perto/longe). Domina termos opostos como “alguns/muitos”; “mais/menos”. Os advérbios de tempo estão frequentemente presentes. Exemplos: “Ontem eu � quei doente”, “Amanhã eu vou no parque”. • Aparecem questionamentos sobre o tempo. Exemplo: “Quando vai chover de novo?” 15WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Após os 6/ 7 anos • Léxico: acima de 10.000 palavras. • Signi� cado lexical: aquisição completa dos traços de signi� cação das palavras de uso rotineiro, praticamente não se observam mais desvios semânticos. O meio sociocultural passa a exercer forte in� uência sobre o aumento e a diversi� cação do vocabulário. • Signi� cado gramatical: usa os advérbios de tempo mais comuns (ontem/hoje/ amanhã; manhã/tarde/noite; antes/depois). Interessa-se pela hora do relógio, sendo que as atividades escolares contribuem signi� cativamente para tal aprendizado. • Signi� cado � gurado: aos 6 anos adquire a estrutura de piadas e adivinhações, mas ainda não entende o humor que está sob essas estruturas. Entre 10 e 11 anos é capaz de compreender e descrever verbalmente as metáforas e compreender o humor criado sob a estrutura linguística das piadas. Quadro 5 - Semântica/Léxico. Fonte: A autora. Pragmática – Desenvolvimento típico da linguagem Faixa etária: 2:1 a 3:0 anos • Funções comunicativas: a criança usa a oralidade para solicitar (necessidades físicas e psicológicas), mostrar, informar, perguntar, chamar a atenção para ela e interagir com o mediador. • Narrativa: já é capaz de narrar aproveitando-se de perguntas do interlocutor sobre lugar (onde), acontecimentos (o que) e pessoas (quem). Fase da protonarrativa. Exemplo: Onde você foi? “na bobó” (na vovó) O que você fez lá? “binco” (brinquei) E o que mais? “comeu e mimi” (comi e dormi) • Habilidades conversacionais: é capaz de iniciar e manter diálogo por poucos turnos, dispersa-se e não se atém ao tópico da conversação. Há diálogo com pessoas próximas, em ambientes rotineiros, sobre temas concretos e referentes presentes, com turnos simples. Faixa etária: 3:1 a 4:0 anos • Funções comunicativas: solicita, protesta, nomeia, faz perguntas sobre referentes ausentes, utiliza frases e expressões sociais para interagir. Função predominante: informativa. • Narrativa: relata experiências imediatas. Ao narrar histórias, há di� culdades em manter a coerência e coesão, já que omite elementos secundários e insere fatos inventados. Fase da narrativa primitiva. Exemplo: Criança: “Era uma vez a chapeuzinho vermelho. Ela passeava pela � oresta. Aí ela Encontrou o lobo e foi passear com ele”. Adulto: Onde foi passear com o lobo? Criança: “Na � oresta para pegar � ores para a vovozinha”. Adulto: E aí? Criança: “Aí, aí eles encontram o caçador e vão até a casa da vovozinha. Eles comem bolo e o caçador sai correndo lá na � oresta”. • Habilidades conversacionais: os turnos de conversação são inteligíveis e coerentes. Inicia menos do que mantém, e predominam os turnos simples. Caso o interlocutor peça repetição, repete exatamente da mesma forma sem se corrigir. 16WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Faixa etária: 4:1 a 5:0 anos • Funções comunicativas: as funções descritas anteriormente já estão mais elaboradas e frequentes. • Narrativa: observa-se narrativa de história conhecida sem ajuda do interlocutor ou de � guras. Há falhas nos elementos coesivos. • Habilidades conversacionais: equilíbrio maior entre manter e iniciar a conversação e entre turnos simples e expansivos. Conversa mais com o interlocutor também sobre referentes ausentes e abstratos. Faixa etária: 5:1 a 6:0 anos • Funções comunicativas: há recursos linguísticos mais so� sticados. É capaz de descrever um objeto ou local. Demonstra habilidades metalinguísticas (de� ne palavras, se interessa pelo signi� cado delas, as identi� ca e já reconhece e usa rimas). • Narrativa: ainda omite fatos secundários sem prejuízo da compreensão, mantém a organização temporal das histórias. Insere apenas fatos ocorridos na narrativa. • Habilidades conversacionais: inicia e mantém diálogo por muitos turnos. Dialoga com mais de um interlocutor concomitantemente sobre referentes ausentes e abstratos, com turnos expansivos. Após os 6/7 anos • Funções comunicativas: utiliza todas as funções comunicativas de forma adequada. Já é hábil para argumentar e persuadir. • Narrativa: narra histórias conhecidas e relatos pessoais detalhadamente. Consegue inventar propositalmente estórias com coerência entre os fatos. • Habilidades conversacionais: observa-se o uso de recursos para trocar o tema da conversação (“sabe uma outra coisa...”). Quando solicitada repetição, é capaz de autocorrigir-se para ser compreendida. Usa a linguagem conforme o contexto e o interlocutor: regula o que pode dizer conforme o lugar e com qual pessoa. Quadro 6 - Pragmática. Fonte: A autora. Após serem observadas as referências de tipicidade para as diversas faixas etárias, serão iniciadas as etapas sugeridas de metodologia de avaliação fonoaudiológica com seus devidos modelos, sendo elas: anamnese fonoaudiológica (entrevista), avaliação fonoaudiológica e parecer diagnóstico. Inicialmente os modelos de ambas serão relacionados à faixa etária referente à primeira infância e, num segundo momento, os modelos serão referentes à faixa etária de 7 a 14 anos. 2. MODELO DE ANAMNESE FONOAUDIOLÓGICA Sugestão indicada para a faixa etária de 1 a 6 anos. 17WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1 Identificação e Queixa NOME: Nº DE REGISTRO: DATA DE NASCIMENTO: IDADE ATUAL: ESCOLARIDADE: ESCOLA/CRECHE: NOME E TELEFONE DA INSTITUIÇÃO NOME DO PROFESSOR E COORDENADOR INFORMANTE: GRAUDE PARENTESCO NOMES DOS PAIS: NOME DA MÃE, SUA ESCOLARIDADE E PROFISSÃO NOME DO PAI, SUA ESCOLARIDADE E PROFISSÃO AVALIADOR(ES): DATA: MÊS/20__ Horário de atendimento: MATUTINO ( ) VESPERTINO ( ) NOTURNO ( ) Quadro 7 - Identi� cação Anamnese Fonoaudiológica. Fonte: A autora. Quadro 8 - Queixa. Fonte: A autora. 2.1.1 História pregressa da queixa Informações sobre a queixa: • Qual é (caracterização detalhada). Exemplos: “Meu � lho fala pouco”, “O V. fala bastante, mas ninguém entende o que diz”. “Ele fala menos que o irmão mais novo” ou “Minha � lha fala enrolado, atropela as palavras”. • Quando teve início. • Quem percebeu (qual pessoa, qual pro� ssional). • Quais as manifestações evoluções/involuções (melhora/piora) ocorreram com o passar do tempo. • O que já foi feito (quais exames, observações pro� ssionais, quais avaliações e intervenções pro� ssionais e clínicas que frequentou). • Quem (qual pessoa ou pro� ssional) encaminhou para a clínica fonoaudiológica. 18WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Por exemplo: • A queixa é: “Meu � lho fala errado”. Então devo caracterizar o que fala errado: quais os sons que utiliza errado? Solicitar exemplos: palavras, frases e situações em que elas aparecem. Usa as palavras com o sentido certo para o recado que quer passar? • A queixa é: “Ela não fala nada”. Nenhuma palavra? Caso fale alguma palavra, citá-las. Caso não fale, perguntar como se comunica. De que forma isso acontece. Pode solicitar imitação das emissões e gestos, se for o caso, e caracterizá-los. 2.2 Desenvolvimento e/ou Atualizações das Áreas 2.2.1 Comunicação em geral Descrever nesse campo possíveis alterações relacionadas aos demais aspectos da comunicação: • habilidade e interesse para se comunicar; • linguagem oral; • fala; • � uência; • voz; • audição. Por exemplo: • A queixa é de fala: “Meu � lho fala errado”. Discorrer aqui sobre possíveis di� culdades no desenvolvimento da linguagem oral: idade de aparecimento das primeiras palavras, quais foram elas, primeiras frases, quais foram elas, vocabulário, habilidade para dialogar com os cuidadores e pares, para contar um fato, para compreender o que o outro diz, aspectos da audição como di� culdade para ouvir sons verbais e não verbais, aspectos vocais (rouquidão, perda da voz) e da � uência da fala. A toda informação positiva sobre queixas desses aspectos, deve-se avançar nas perguntas. Atenção: Cuidado com as perguntas que podem induzir a uma resposta: • Ex.: “Seu � lho já toma líquido no copo, correto?” 19WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Pre� ra questionamentos diretos: • Ex.: “Seu � lho toma líquido no copo?” e, na sequência, “como?” • ou “consegue tirar a própria roupa?” e, na sequência, “quais peças?” 2.2.2 Aprendizagem escolar • Idade de ingresso na escola; • Desempenho nas atividades propostas: na educação infantil (como jogo simbólico, socialização, contagem de histórias, entendimento de rimas, coordenação motora � na para recortar ou pintar) ou no ensino fundamental se a criança estiver no 1º ano (reconhecimento de letras, leitura de palavras ou frases, o que escreve); • Desempenho em relação à classe; • Mudanças de sala e de escola; • Comprometimento da família; • Assiduidade. 2.2.3 Funções orofaciais e sensório-motoras orais • Hábitos orais; • Respiração diurna (postura habitual de língua e lábios); • Respiração noturna (sialorreia, ronco, sono agitado/fragmentado, postura de lábios e língua ao dormir); • Histórico de amamentação (peito ou mamadeira); • Alimentação (introdução alimentar, tipo de alimento, local, apetite, seletividade); • Queixa de mastigação (consistência alimentar, dor, ruído articular); • Queixa de deglutição (postura de língua, ruído, dor, auxílio de líquido para deglutir, histórico de tratamento odontológico). 2.2.4 Psicologia 2.2.4.1 Desenvolvimento cognitivo • Brincadeira: como brinca, com o que brinca, preferências quanto aos brinquedos, brincadeiras e ambiente, se representa/simboliza atividades vividas/observadas, brincadeira de “faz de conta”; • Independência: o que costuma realizar sem ajuda; • Atenção: se distrai fácil, não consegue seguir instruções apesar de compreendê-las. • Memória: para fatos, lugares, sequências; 20WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Sinais de agitação/impulsividade (corre em demasia, fala excessivamente, não aguarda sua vez). 2.2.4.2 Comportamento social e emocional • Socialização: interação com os familiares, com os colegas da escola, com estranhos; reação quando contrariado; • Atenção compartilhada: mostra, leva o objeto próximo ao rosto do parceiro, aponta; • Respostas/iniciativas sociais com um interlocutor: iniciativa de aproximação, resposta, engajamento, ignorar ou evitar contato; • Comportamento de apego: preocupação excessiva quando separada dos pais, adaptação na escola/creche, busca pela ajuda dos pais). 2.2.5 Desenvolvimento neuromotor • Controle cervical: idade em que � rmou o pescoço; • Sentar: idade em que sentou sem apoio; • Engatinhar: caso sim, em qual idade; • Andar: idade em que caminhou com e sem suporte, características do caminhar, se utiliza algum instrumento; • Possíveis di� culdades de equilíbrio e coordenação motora grossa e � na: jogar bola, correr, pular, chutar, pedalar, manipular objetos. 2.3 Saúde Geral • Doenças que a criança apresenta ou apresentou; • Tratamentos realizados: acompanhamentos de longo prazo clínicos e/ou medicamentosos; • Cirurgias e internações realizadas: quais, há quanto tempo, por qual período; • Medicamentos que ingeriu ou ingere: concentrações, frequência, via. 2.4 Condições Ambientais, Físicas e Sociais • Caracterização da moradia (casa, apartamento, cômodos); • Composição familiar: membros da família, quem mora na mesma casa e parentescos; escolaridade dos familiares: grau de instrução; • Rotina doméstica; • Atividades de lazer; • Como estimulam o desenvolvimento; • Uso de dispositivos eletrônicos: quais, por quanto tempo, com qual conteúdo, se alguém acompanha a criança durante o uso. 21WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A presença de telas, seja do computador, tablet ou smartphone, conectadas à internet nos lares das crianças e adolescentes revela que essa tecnologia avança expressivamente à medida que se torna mais acessível. Por exemplo, numa amostra representativa de 2.964 famílias, 86% das crianças e adolescentes brasileiros entre 9 e 17 anos estão conectados (BRAZILIAN INTERNET STEERING COMMITTEE, 2018) e o aumento do uso de telas de mão também vem crescendo entre as crianças com menos de 36 meses. O desenvolvimento da comunicação requer uma aproximação e aprimoramento de ações pré-linguísticas, o que gradativamente evolui para o plano pós-linguístico. A cada estímulo, ocorre uma nova aprendizagem. Antes mesmo de a criança utilizar recursos linguísticos para a comunicação, ela percorre, de forma processual, meios não linguísticos que serão sustentados pelas interações, promovendo momentos diferentes para que adquira distintas formas de agir sobre o ambiente. Pensando no caminho em que as crianças começam a usar dispositivos eletrônicos antes mesmo de iniciar propriamente a linguagem verbal, algumas pesquisas científi cas internacionais têm mostrado os aspectos positivos e negativos desse uso. A partir desses resultados, a Academia de Pediatria Americana apresentou um manual de referência para o uso de eletrônicos portáteis nas diferentes faixas etárias que foi acompanhado pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Nesse manual, há referências sobre o tempo de permanência nas telas portáteis, de quemaneira isso deve ser fornecido, qual conteúdo deve ser priorizado, entre outras informações. 1) AFONSO, F. R.; FERREIRA, M. C. F.; HAGE, S. R. V. Análise das habilidades comunicativas de crianças expostas a brinquedos eletrônicos e tradicionais. In: CASTRO, L. H. A. C.; PEREIRA, T. T.; MORETO, F. V. C. (org.). Propostas, recursos e resultados nas Ciências da Saúde 6. Ponta Grossa: Atena Editora, 2020. p. 30-38. Disponível em: <https://doi.org/10.22533/at.ed.3742024064>. 2) BRAZILIAN PEDIATRIC SOCIETY. Guidance Manual Scientifi c Departments of Pediatrics Development and Behavior and School Health: Healthy use of screens, technologies and media in nurseries, baby nurseries and schools. 2019. Disponível em: <https://www.sbp.com.br/fi leadmin/ userupload/21511dMOUsoSaudavelTelasTecnolMidiasnaSaudeEscolar.pdf>. 22WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.5 Antecedentes Pessoais (Concepção, Gestação, Nascimento) • Planejamento gestacional; • Idade materna na gestação; • Realização de acompanhamento pré-natal; • Intercorrências na gestação (possibilidade de aborto, medicação, doenças, quedas, uso de álcool e substâncias ilícitas); • Possíveis abortos anteriores e posteriores: motivo; • Tempo da gravidez em semanas; • Tipo de parto: como foi o parto, motivo do tipo; • Intercorrências neonatais; • Escala de APGAR; • Pós-parto: como foi para mãe e criança; • Tempo de permanência na maternidade, necessidade de incubadora; • Peso e estatura ao nascimento. 2.6 Histórico Familial • Outros casos na família com a mesma queixa ou queixa parecida: qual manifestação/ diagnóstico, qual o parentesco; • Doenças na família: quais, acompanhamento genético; • Possível consanguinidade entre os pais. 3) DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE ADOLESCÊNCIA DA SBP. Manual de orientação da SBP: saúde de crianças e adolescentes na era digital. 2016. Disponível em: <http://www.sbp.com.br/ fileadmin/user_upload/2016/11/19166dMOrient-Saude-Crian-e- Adolesc.pdf>. 4) MADIGAN, S. et al. Association between screen time and children’s performance on a developmental screening test. Jama Pediatr., [s. l.], v. 173, n. 3, p. 244-250, 2019. Disponível em: <https:// doi.org/10.1001/jamapediatrics.2018.5056>. 23WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.7 Impressões sobre o(a) Informante • Impressões sobre o informante: domínio e segurança das respostas dadas; • Interação com os entrevistadores. 3. MODELO DE AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA Sugestão indicada para a faixa etária de 1 a 6 anos (da educação infantil ao 1º ano). 3.1 Identificação NOME: Nº REGISTRO: DATA DE NASCIMENTO: IDADE ATUAL: ESCOLARIDADE: ESCOLA/CRECHE: NOME E TELEFONE DA INSTITUIÇÃO NOME DO PROFESSOR E COORDENADOR PAIS E/OU RESPOSNSÁVEIS: AVALIADOR(ES): DATA: mês/20__ PERÍODO DE AVALIAÇÃO: MATUTINO ( ) VESPERTINO ( ) NOTURNO ( ) Quadro 9 - Identi� cação - Avaliação Fonoaudiológica. Fonte: A autora. 3.2 Sugestões de Instrumentos para Avaliação de Linguagem e do Desen- volvimento Cognitivo em Crianças sem Oralidade ou com Oralidade Reduz- ida 3.2.1 PROC - Protocolo de Observação Comportamental Como instrumento para crianças entre 18 e 48 meses, tem-se o PROC – Protocolo de Observação comportamental: avaliação de linguagem e aspectos cognitivos infantis, de Zorzi e Hage (2004). 24WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 1 - Capa e anexos do PROC. Fonte: Zorzi e Hage (2004). 25WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.2.2 Escalas de Desenvolvimento da Linguagem ADL 2 - Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem (MENEZES, 2019) Trata-se de uma escala de avaliação expressiva e compreensiva destinada a crianças entre 1 e 6 anos e 11 meses. Figura 2 - Materiais, manual do examinador, manuais de � guras da linguagem expressiva e compreensiva e protoco- los de aplicação e pontuação do ADL2. Fonte: Menezes (2019). 26WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Escala ELM - Early Language Milestone Scale (COPLAN, 1982) Para crianças até 36 meses, trata-se de uma escala de comunicação auditiva expressiva, auditiva receptiva e visual. Figura 3 - Protocolo de aplicação da escala ELM. Fonte: Coplan (1982). 3.3 Avaliação da Linguagem Oral por Subsistemas São sugestões de instrumentos para avaliação das áreas da linguagem: fonética, fonologia, morfossintaxe, vocabulário/semântica e pragmática. 3.3.1 Fonética e Fonologia Um do s instrumentos para avaliação é a Prova de Fonologia do ABFW, que se encontra em ABFW: Teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, � uência e pragmática (WERTZNER, 2004). Figura 4 - Manual do examinador, � chário de � guras e protocolo de aplicação do ABFW. Fonte: Wertzner (2004). 27WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.3.2 Morfossintaxe Como instrumento para crianças entre 18 e 60 meses, tem-se o protocolo de avaliação morfossintática a presentado por Hage (2000) em sua tese intitulada Distúrbio especí� co do desenvolvimento da linguagem: subtipos e correlações neuroanatômicas. Figura 5 - Tese e protocolo de avaliação morfossintática. Fonte: Hage (2000). Além disso, tem-se a Análise morfossintática por meio de protocolo de análise de amostra de fala espontânea – baseado no PAM – Protocolo de Análise Morfossintática, de Pinheiro e Hage (2019). E, ainda, o Morphosyntactic Evaluation Protocol (MEP): validation of content, de Pinheiro, Silva e Hage (2020), que se trata de um instrumento para crianças entre 18 e 60 meses. 3.3.3 Vocabulário Expressivo Para crianças entre 2 e 6 anos, tem-se a Prova de Vocabulário do ABFW (BEFI-LOPES, 2004). 28WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 6 - Manual do examinador, � chário de � guras e protocolo de aplicação do ABFW. Fonte: Be� -Lopes (2004). Expressivo e Receptivo Para crianças entre 1 e 7 anos, tem-se o Teste de vocabulário auditivo e teste de vocabulário expressivo (CAPOVILLA et al., 2011). Figura 7 - Capa do livro referente ao Teste de Vocabulário Auditivo e Teste de Vocabulário Expressivo. Fonte: Ca- povilla et al. (2011). 29WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.3.4 Pragmática e Narrativa Para crianças entre 3 e 5 anos, tem-se o Protocolo de Avaliação das Habilidades Pragmáticas, que se encontra em Aná lise do per� l das habilidades pragmáticas em crianças pequenas normais (HAGE et al., 2007). Figura 8 - Publicação cientí� ca do Protocolo de Avaliação das Habilidades Pragmáticas. Fonte: Hage et al. (2007). Para crianças a partir de 6 anos, tem-se o instrumento Discurso Narrativo Oral Infantil (DNOI), que se encontra em Avaliação de linguagem e funções executivas em crianças (FONSECA; PRANDO; ZIMMERMANN, 2016). Figura 9 – Capa do livro no qual se encontra o teste DNOI. Fonte: Fonseca, Prando e Zimmermann (2016). 30WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.4 Processamento Fonológico 3.4.1 Memória de trabalho fonológica: dígitos em ordem direta e inversa e pseudopala- vras Como instrumento para crianças a partir de 4 anos, tem-se o Teste de Repetição de Pseudopalavras e Dígitos, em Reference values of nonword repetition test for Brazilian Portuguese- speaking children (HAGE; GRIVOL, 2009). Figura 10 - Teste de Repetição de Pseudopalavras e Dígitos. Fonte: Hage e Grivol (2009). 31WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A| U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.4.2 Consciência Fonológica Um instrumento para crianças a partir dos 5 anos é a Prova de Consciência Fonológica por Produção Oral, que Seabra e Capovilla publicaram no capítulo 13 do livro Avaliação neuropsicológica cognitiva: linguagem oral. Figura 11 – Capa do livro em que se encontra a Prova de Consciência Fonológica por Produção Oral. Fonte: Seabra e Dias (2012). 3.4.3 Recodificação Fonológica: nomeação rápida e automática Como instrumento a partir dos 4 ou 5 anos, tem-se o TENA – Teste de Nomeação Automática (SILVA; MECCA; MACEDO, 2018). Figura 12 – Capa do livro TENA – Teste de Nomeação Automática. Fonte: Silva, Mecca e Macedo (2018). 32WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.5 Desenvolvimento Geral Para crianças de 0 a 6 anos, tem-se o Denver II – Teste de Triagem do Desenvolvimento (FRANKENBURG et al., 2018). Figura 13 - Materiais, manual de treinamento, manual técnico, folhas de respostas e objetos do Denver II. Fonte: Frankenburg et al. (2018). Para crianças entre um e 72 meses, tem-se a Escala de Desenvolvimento Comportamental (GESELL; AMATRUDA, 2000). Figura 14 - Tabela de Desenvolvimento Comportamental, de Gesell e Amatruda, e folha de registro. Fonte: Gesell e Amatruda (2000). 33WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.6 Audição Convém realizar a devida avaliação audiológica em cada faixa etária para investigação de diagnóstico diferencial. Exame preferencialmente de, no máximo, 6 meses. 3.7 Outros Caso seja necessário, devem ser solicitadas avaliações nas diversas áreas de especialidade da saúde: terapia ocupacional, � sioterapia, psicologia, genética, neurologia, psiquiatria, otorrinolaringologia, entre outras; além de áreas correlatas como pedagogia e assistência social. 3.8 Rastreamento de TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) Para ATA – Escala de Avaliação de Traços Autísticos, consultar Escala de Avaliação de Traços Autísticos (ATA) – validade e con� abilidade de uma escala para a detecção de condutas autísticas (ASSUMPÇà O et al., 1999). Figura 15 - Escala de Traços Autísticos. Fonte: Assumpção et al. (1999). 34WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para veri� car a Escala CARS – Child Autism Rating Scale, consultar a disser tação de mestrado Autismo infantil: tradução e validade da CARS (‘childhood autism rating scale’) para uso no Brasil (PEREIRA, 2007). Figura 16 - CARS. Fonte: Pereira (2007). Outra sugestão é o PROTEAR-R – Sistema de Avaliação da Suspeita de Transtorno do Espectro Autista (BOSA; SALLES, 2018). 35WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 17 - Livro de instruções e de avaliação do PROTEAR-R. Fonte: Bosa e Salles (2018). 3.9 Rastreamento de Questões Sensoriais Per� l Sensorial 2 Abreviado: Questionário do cuidador: dos 3 anos e 0 meses a 14 anos e 11 meses, de Dunn (2014), é um instrumento indicado para crianças entre 3 e 14 anos. Figura 18 - Capa do livro Per� l Sensorial 2. Fonte: Dunn (2014). 36WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.10 Rastreamento de Apraxia da Fala Um instrumento para crianças a partir de 3 anos é o Protocolo de Avaliação de Praxias Articulatórias e Bucofaciais, que se encontra em A avaliação fonoaudiológica em crianças sem oralidade. Tópicos em Fonoaudiologia (HAGE, 2003). Figura 19 - Protocolo de Avaliação de Praxias Articulatórias e Bucofaciais. Fonte: Hage (2003). 3.11 Aspectos Miofuncionais Orofaciais, Voz e Fluência Em caso de observação de alterações nessas áreas, aplicar breve protocolo, que deve ser analisado com o supervisor/professor da devida especialidade ou mesmo realizar um encaminhamento para triagem na área especí� ca. Seguem sugestões para cada uma delas: - Escala GRBAS de análise perceptivo auditiva da voz, que se encontra em Cli nical examination of voice (HIRANO, 1981, p. 81-84). 37WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - Avaliação Miofuncional Orofacial, que se encontra em Ava liação miofuncional orofacial: protocolo MBGR (GENARO et al., 2009). - Prova de Fluência do ABFW, de Be� -Lopes (2004), que se encontra no livro ABFW: Teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, � uência e pragmática. 4. MODELO DE PARECER DIAGNÓSTICO PARA A FAIXA ETÁRIA DE ATÉ 6 ANOS mês/20__ __________ (nome do paciente), (DN: __/__/20__), prontuário no ____, estudante da educação infantil “ __________” foi atendido na “Clínica _______________” com queixa de ______. Avaliação fonoaudiológica A avaliação fonoaudiológica envolveu os seguintes procedimentos (sugestões): • Habilidades comunicativas e do desenvolvimento do jogo simbólico: PROC - Protocolo de Observação Comportamental (ZORZI; HAGE, 2004). • Desenvolvimento da linguagem: ADL2 – Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem (MENEZES, 2019). • Desenvolvimento da linguagem: Escala ELM – Early Language Milestone Scale (COPLAN, 1982). • Produção fonética e fonológica: Prova de Fonologia do ABFW - Teste de Linguagem Infantil (WERTZNER, 2004). • Produção morfossintática: Protocolo de avaliação morfossintática por amostra (HAGE, 2000). • Vocabulário expressivo: Prova de Vocabulário do ABFW - Teste de Linguagem Infantil (BEFI-LOPES, 2004). • Habilidades pragmáticas: Protocolo de Avaliação das Habilidades Pragmáticas (HAGE et al., 2007). • Linguagem discursiva, compreensão de narrativa oral e inferência: Discurso Narrativo Oral Infantil - DNOI (FONSECA; PRANDO; ZIMMERMANN, 2016). • Processamento Fonológico: • Memória de trabalho fonológica: Teste de Repetição de não palavras e dígitos (HAGE; GRIVOL, 2009). • Consciência Fonológica: Prova de Consciência Fonológica por Produção Oral (SEABRA; CAPOVILLA, 2012). 38WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Recodi� cação fonológica: TENA - Teste de nomeação automática (SILVA et al., 2018). • Desenvolvimento global: Escala de Desenvolvimento Comportamental de Gesell e Amatruda (2000). • Desenvolvimento global: Denver II – Teste de Triagem do Desenvolvimento (FRANKENBURG et al., 2018). • Avaliação audiológica: audiometria tonal, logoaudiometria, impedanciometria, emissões otoacústicas evocadas, avaliação eletro� siológica. • Veri� cação de comportamentos autísticos: ATA – Escala de Avaliação de Traços Autísticos (ASSUMPÇÃO, 1999), escala CARS – Child Autism Rating Scale (PEREIRA, 2007), PROTEAR-R (BOSA; SALLES, 2018). • Rastreamento de alterações sensoriais: Per� l Sensorial 2 Abreviado – Questionário do cuidador (DUNN, 2014). • Rastreamento de apraxia da fala: Protocolo de Avaliação de Praxias Articulatórias e Bucofaciais (HAGE, 2003). Resultados Descrever a conclusão dos testes. Quando há relatório das demais especialidades Sempre que houver acesso ao relatório das especialidades da saúde e da educação, estes deverão ser incluídos. Ex.: “A avaliação psicológica incluiu os seguintes instrumentos...”. Adicionar o nome do procedimento, a versão e sua conclusão de forma � dedigna ao que está escrito. Conclusão diagnóstica Apontar a hipótese diagnóstica e os achados que levaram a essa conclusão. Conduta Exemplo: “Neste contexto, a conduta é terapia fonoaudiológica para as alterações de linguagem, com investimento nas habilidades do Processamento Fonológico (consciência fonológica, memória de trabalho fonológico, acesso ao léxico) como requisitos para a alfabetização. Também indico intervenção socioemocional para promover evolução do repertório de habilidades sociais operandocomo fator de proteção que minimizam o desenvolvimento de problemas de comportamento”. 39WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante das patologias e suas diferenças, variações e intensidades de manifestação, considerando tanto suas qualidades quanto di� culdades, deve-se realizar um diagnóstico diferencial de qualidade juntamente com uma equipe multipro� ssional para determinar os caminhos iniciais da abordagem intervencionista. É necessário que os dados da(s) entrevista(s) e das avaliações sejam precisos, assim como a clareza da sua documentação, a � m de promover procedimentos terapêuticos assertivos com melhores práticas para elaboração de planos e programas de intervenção fonoaudiológica. 4040WWW.UNINGA.BR UNIDADE 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................................42 1. CASO CLÍNICO 1 MSOG .....................................................................................................................................43 1.1 IDENTIFICAÇÃO ................................................................................................................................................43 1.2 QUEIXA E HISTÓRIA PREGRESSA DA QUEIXA .............................................................................................43 1.3 DADOS IMPORTANTES DA ANAMNESE ........................................................................................................43 1.4 RELATÓRIO ESCOLAR .....................................................................................................................................45 1.5 SELEÇÃO DOS PROCEDIMENTOS PARA AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA ..............................................46 1.5.1 AVALIAÇÃO DE LINGUAGEM E DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO EM CRIANÇAS SEM OU COM POU- CA ORALIDADE ....................................................................................................................................................46 1.5.2 AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO GERAL ............................................................................................49 1.5.3 RASTREAMENTO DE TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO ........................................................51 CASO CLÍNICO 1 PROF.A DRA. MARIA CECÍLIA DE FREITAS FERREIRA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: MÉTODOS DE AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 41WWW.UNINGA.BR 1.5.4 AVALIAÇÃO AUDITIVA ..................................................................................................................................52 1.6 HIPÓTESE, MARCADORES DIAGNÓSTICOS, DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL E ITENS IMPORTANTES DO PARECER DIAGNÓSTICO ......................................................................................................................................53 1.6.1 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA O TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO...............................53 1.6.2 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ......................................................................................................................55 1.6.3 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ...............................................................................................................55 1.6.4 ITENS IMPORTANTES DO PARECER DIAGNÓSTICO ................................................................................55 CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................................................................56 42WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Após as sugestões de anamnese (entrevista), avaliação e parecer diagnóstico fonoaudiológicos para crianças até 6 anos de idade, apresenta-se o “caso clínico 1 MSOG” para raciocínio diagnóstico. Esse caso exempli� ca tais tópicos com informações � ctícias baseadas em caso clínico realístico. Nesse caso clínico, constarão a identi� cação da criança em questão, dos seus pais e/ou responsáveis e da sua escola, dados importantes da anamnese, dados importantes do relatório escolar, a seleção dos procedimentos, a interpretação dos resultados encontrados, os marcadores diagnósticos e o diagnóstico diferencial. 43WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. CASO CLÍNICO 1 MSOG 1.1 Identificação Nome: M.S.O.G.; Data de nascimento: __/05/2016; Idade: 2 anos e 9 meses; Naturalidade: cidade de 90 mil habitantes no interior do estado de São Paulo; Sexo/gênero: masculino; Informante: M.E.; Parentesco: genitora/mãe biológica; Ocupação: funcionária em um hotel; Escola: creche Sta. Terezinha; Professora: Maria; Coordenadora: Iara; Data da entrevista: __/02/2019. 1.2 Queixa e História Pregressa da Queixa “Meu � lho não fala”. Segundo a mãe, iniciou as primeiras palavras com um ano de idade, sendo elas: “papa” para papai, “mama” para mamãe, “Dudu” para o irmão e vovó, além de imitar sons de carro. A comunicação ocorre por meio de gestos indicativos. Quando quer algo, aponta, faz contato visual e toque. Inicialmente a escola percebeu alguns comportamentos, como isolamento social e estereotipias (mãos na cabeça). Dessa forma, solicitou à mãe investigação com especialistas. A criança iniciou intervenção semanal com a pedagoga há 4 meses. Nesse período, a escola observou melhora quanto à socialização e ao contato ocular. A pedagoga sugeriu avaliação fonoaudiológica. 1.3 Dados Importantes da Anamnese Comunicação em Geral • Seu repertório de palavras não aumentou muito quando comparado ao início das primeiras palavras; • Não faz nenhum tipo de frase; • Entende ordens e comandos; • É independente, pega as coisas sem pedir ajuda, mas quando não consegue, aponta para a mãe pegar para ele; • Faz pouco contato visual; • Demonstra alguns sentimentos, como tristeza, raiva e alegria; 44WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • “Conversa” sozinho, emitindo alguns sons que não são compreendidos pela família, porém quando alguém chega perto, para de fazê-los; • Não apresenta nenhuma di� culdade para ouvir sons e não se irrita com som alto, segundo a informante; • Interação: tem ‘boa’ interação com familiares, colegas e estranhos. Aprendizagem Escolar • Frequenta a creche há dois anos; • Nas atividades de coordenação motora � na, apenas faz riscos no papel, ainda sem autonomia para pintar. Funções Orofaciais • Mama na mamadeira duas vezes ao dia e usa chupeta para dormir; • Respiração oral diurna e noturna; • Deglute os alimentos de forma rápida; • Come primeiro o arroz e o feijão. Caso tenha algo misturado neles, se nega a comer; • Só come legumes se forem batidos. Desenvolvimento Cognitivo e Sensorial • “Fissurado por bola”; • Há seis meses começou a apresentar brincadeira simbólica; • En� leira sapatos em casa; • Única coisa que faz sozinho é comer; • Irrita-se com mudança de caminho; • É agitado, gosta de correr; • Perde facilmente o interesse quando a atividade não é do seu gosto; • Não apresenta problemas com sensibilidade a texturas. Comportamento Social e Emocional • ‘Bom’ comportamento com a família, ‘dá abraços, beijos e aceita carinho’; • Quando contrariado, chora, faz birra e se joga no chão; • Demonstra ‘boa’ interação com estranhos e amigos. 45WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Desenvolvimento Motor Figura 1 - Desenvolvimento motor de M.S.O.G. Fonte: A autora. Saúde Geral • Diagnosticado com re� uxo desde o nascimento; • Apresentou regurgitamento nasal seguido de tosse; • Teve a Síndrome mão-pé-boca; • Um episódio de internação por conta de desidratação; • Ingeresuplementação para reposição vitamínica. Antecedentes Familiais • Irmã por parte de mãe começou a falar com 2 anos e 6 meses; • Primo e prima por parte de pai começaram a falar com três anos. 1.4 Relatório Escolar Dados importantes constantes no relatório enviado pela creche Santa Terezinha, local onde a criança frequenta há 2 anos: • QUEIXA: “é disperso, não se concentra nas atividades propostas”. • Tem pouco tempo de atenção, enquanto os colegas estão fazendo atividade, corre pela sala; • Nega-se a fazer as atividades propostas; • Não fala, mas compreende; • A professora observa que eventualmente ‘conversa’ sozinho; • Irrita-se com barulhos muito altos e coloca as mãos na cabeça quando isso acontece; • Faz birra quando é contrariado; • Mostra-se independente; 46WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Tem ‘boa’ relação com professores e colegas, mas não demonstra afeto; • Nas brincadeiras, explora os objetos sem dar função a eles; • Costuma arremessar brinquedos, materiais escolares e alimentos; • Demorou a se adaptar com a rotina da creche. 1.5 Seleção dos Procedimentos para Avaliação Fonoaudiológica Instrumentos selecionados a partir da idade da criança avaliada e das características relatadas na anamnese. 1.5.1 Avaliação de linguagem e do desenvolvimento cognitivo em crianças sem ou com pouca oralidade Aplicou-se o PROC - Protocolo de Observação Comportamental (ZORZI; HAGE, 2004). Figura 2 - Capa e anexos do PROC. Fonte: Zorzi e Hage (2004). 47WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Aplicação e pontuação do PROC Figura 3 - Anexo referente às habilidades comunicativas da criança M.S.O.G. no PROC. Fonte: Adaptado de Zorzi e Hage (2004). Figura 4 - Anexo referente às habilidades comunicativas da criança quanto aos meios de comunicação e níveis de contextualização da linguagem de M.S.O.G. no PROC. Fonte: Adaptado de Zorzi e Hage (2004). Figura 5 - Anexo referente à compreensão verbal e aspectos do desenvolvimento cognitivo de M.S.O.G. no PROC. Fonte: Adaptado de Zorzi e Hage (2004). 48WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 6 - Anexo referente aos aspectos do desenvolvimento cognitivo relacionados ao nível de organização do brinquedo e imitação de M.S.O.G. no PROC. Fonte: Adaptado de Zorzi e Hage (2004). Figura 7 - Anexo referente à pontuação dos aspectos observados quanto às habilidades comunicativas, compreensão da linguagem oral e aspectos do desenvolvimento cognitivo de M.S.O.G. no PROC. Fonte: Adaptado de Zorzi e Hage (2004). Portanto, observam-se resultados relacionados às: 1. Características gerais das habilidades comunicativas: • Comunicação intencional com funções primárias por meios não simbólicos, tendo restrição ou ausência na participação em atividade dialógica; • Não apresenta organização linguística. 2. Características gerais da compreensão da linguagem oral: • Resposta assistemática. 3. Características gerais do desenvolvimento cognitivo: • Imita gestos visíveis no próprio corpo e somente sons não verbais; • Encontra-se na transição entre o período sensório-motor e representativo. Dessa forma, é possível a� rmar que suas respostas demonstram uma pontuação abaixo da pontuação esperada para sua idade (137,11) no PROC. 49WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.5.2 Avaliação do Desenvolvimento Geral Aplicou-se a Escala de Desenvolvimento Comportamental de Gesell e Amatruda (2000). Figura 8 - Tabela de Desenvolvimento Comportamental de Gesell e Amatruda e folha de registro. Fonte: Gesell e Amatruda (2000). Aplicação e Pontuação da Escala de Gesell e Amatruda Figura 9 - Tabela de Desenvolvimento Comportamental de Gesell e Amatruda e folha de registro para a idade de M.S.O.G. quanto ao comportamento adaptativo. Fonte: Adaptado de Gesell e Amatruda (2000). Durante a aplicação, não foi possível a� rmar se o paciente estava com o desenvolvimento adequado para sua idade, pois houve recusa em realizar as atividades que envolviam desenho. Com exceção dessas, foram realizadas todas as atividades propostas para a idade de 2 anos a 2 anos e 5 meses, como também o esperado para 1 ano e 9 meses a 1 ano e 11 meses. 50WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA , Figura 10 - Tabela de Desenvolvimento Comportamental de Gesell e Amatruda e folha de registro para a idade de M.S.O.G. quanto ao comportamento motor grosseiro. Fonte: Adaptado de Gesell e Amatruda (2000). Mesmo não havendo colaboração da criança para as atividades de 2:6 - 2:11, a idade do comportamento motor grosseiro está adequada, pois ela realizou 100% das atividades esperadas para a faixa etária de 2 anos a 2 anos e 5 meses. Figura 11 - Tabela de Desenvolvimento Comportamental de Gesell e Amatruda e folha de registro para a idade de M.S.O.G. quanto ao comportamento motor delicado. Fonte: Adaptado de Gesell e Amatruda (2000). Não foi possível analisar quantitativamente o desenvolvimento da área, pois não houve interesse da criança em realizar uma das atividades propostas. Observou-se que é capaz de fazer uma torre com 7 cubos, estando dentro do esperado para crianças de 2 anos a 2 anos e 5 meses, faltando apenas a realização da atividade de virar uma a uma as folhas do álbum de � guras para que a idade comportamental fosse con� rmada. Figura 12 - Tabela de Desenvolvimento Comportamental de Gesell e Amatruda e folha de registro para a idade de M.S.O.G. quanto ao comportamento de linguagem. Fonte: Adaptado de Gesell e Amatruda (2000). Devido à ausência de oralidade, o comportamento de linguagem está atrasado, sendo compatível com o esperado para a idade de 1 ano e 2 meses. Figura 13 - Tabela de Desenvolvimento Comportamental de Gesell e Amatruda e folha de registro para a idade de M.S.O.G. quanto ao comportamento pessoal social. Fonte: Adaptado de Gesell e Amatruda (2000). 51WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A idade comportamental para a área apresentou-se rebaixada por conter itens que exigem a presença de oralidade. Dessa forma, a ausência dela implicou a baixa porcentagem de atividades realizadas pela criança, fazendo com que seu comportamento esteja compatível com o esperado para a faixa etária inferior à sua. 1.5.3 Rastreamento de Transtorno do Espectro do Autismo Aplicou-se a ATA – Escala de Avaliação de Traços Autísticos (ASSUMPÇÃO et al., 1999). Figura 14 - Escala de Traços Autísticos. Fonte: Assumpção et al. (1999). 52WWW.UNINGA.BR M ÉT OD OS D E AV AL IA Çà O FO NO AU DI OL ÓG IC A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os resultados demonstraram: • Falta de atenção: 2 pontos; • Alteração de linguagem/comunicação: 2 pontos; • Comportamentos: 2 pontos; • Manipulação do ambiente: 1 ponto; • Falta de habilidade/conhecimento: 1 ponto; • Reações inapropriadas à frustração: 1 ponto; • Utilização de pessoas ao seu redor (se o adulto não responde, interfere na conduta do adulto – birra): 0,5 ponto; • Busca de ordem rígida: 0,5 ponto; • Controle de esfíncter: 0,5 ponto; • No total, M.S.O.G. obteve 11 pontos, o que não indica TEA. • A média é de 31,56 para suspeita de TEA (ASSUMPÇÃO et al., 1999). 1.5.4 Avaliação Auditiva Em relação à audiometria em campo livre, apresentou ótimo condicionamento, sorriu, olhou, encaixou, bateu palma, porém não aceitou o fone. Os limiares encontrados foram: em 500Hz-30dB, em 1kHz-30dB, em 2kHz-30dB e em 4kHz-25dB. O limiar esperado seria 15dB, porém houve perda da calibração e excesso de cerúmen em ambas as orelhas. A conclusão foi a de que, no mínimo, uma das orelhas não apresenta
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