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AVALIAÇÃO DAS TÉCNICAS DE NUCLEAÇÃO PARA RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DAS MATAS CILIARES DO CÓRREGO SANTO ANTÔNIO

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Prévia do material em texto

CENTRO PAULA SOUZA 
FACULDADE DE TECNOLOGIA DE JAHU 
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM MEIO AMBIENTE E 
RECURSOS HÍDRICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IDAIANA APARECIDA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DAS TÉCNICAS DE NUCLEAÇÃO PARA 
RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DAS MATAS CILIARES DO 
CÓRREGO SANTO ANTÔNIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
JAÚ 
1º Semestre/2011
 
 
 
 
IDAIANA APARECIDA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DAS TÉCNICAS DE NUCLEAÇÃO PARA 
RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DAS MATAS CILIARES DO 
CÓRREGO SANTO ANTÔNIO 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Faculdade de 
Tecnologia de Jahu, como parte dos 
requisitos para obtenção do título de 
Tecnólogo em Meio Ambiente e Recursos 
Hídricos. 
Orientadora: Prof ª. MSc. Marina Carboni . 
 
 
 
 
 
 
 
JAÚ 
1º Semetre/2011
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este trabalho é dedicado a todas as 
pessoas que estiveram presentes na 
minha vida e a todos que contribuem 
efetivamente para a utilização dos 
recursos naturais de forma sustentável. 
 
 
 
 
Agradecimentos 
 
 
Agradeço a Jesus que tem sido minha luz. 
Ao meu filho Christian Stopa pela compreensão, por suportar minha ausência e pelo 
amor incondicional. 
Aos meus pais Maria e Josias Silva por me permitirem sonhar e por servirem como 
verdadeiros alicerces nessa caminhada. 
Aos meus irmãos Sandra Silva e Carmélio Silva que mesmo separados pela 
distância torcem pelo meu sucesso e também pelos conselhos e proteção. 
Ao meu irmão Caromélio Silva, “esse é o cara”, que me serve como espelho no 
aprendizado da vida, pelos cuidados a mim dispensados e por ser a peça 
fundamental para minha existência. 
A Danilo Gozzo, meu companheiro e conselheiro.....que paciência...., pelo apoio, 
segurança e compreensão nos meus momentos de insanidade; 
A Família Desajácomo por me receber com grande hospitalidade e por permitir meu 
acesso sem restrições à área avaliada. 
A Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA) - Coordenadoria de 
Biodiversidade e Recursos Naturais (CBRN/Bauru), representado por Mariela 
Cerqueira Julião pelo apoio e material cedido. 
Ao Prof. Dr. Vinicius Castro Souza pelo auxilio na identificação das espécies. 
A Bruna Romero pela disposição em repassar seu conhecimento sempre que 
solicitei. 
A Cristina Almeida e Joefson Nascimento, companheiros de todas as horas durante 
este período. 
E finalmente, a minha professora e orientadora Marina Carboni pelas visitas á 
campo, pela serenidade e por servir como norte para a consolidação deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
As técnicas de nucleação tornam-se uma ação vital para a recuperação de áreas 
degradadas, pois objetivam reconstituir um ambiente o mais próximo possível da sua 
condição original. Este estudo tem por objetivo avaliar a capacidade nucleadora 
destas técnicas para a restauração ecológica de um trecho da Mata Ciliar do 
Córrego Santo Antônio. O projeto de restauração da mata ciliar foi implantado em 
agosto de 2010 ao redor de uma nascente na Fazenda Santo Antônio no município 
de Jaú – SP. A propriedade está inserida em uma paisagem cuja matriz é a cultura 
da cana de açúcar e outras culturas. Foram utilizadas 4 técnicas de nucleação 
sendo: Cinco transposição de solo, três poleiros artificial, quinze núcleos de 
Anderson, e nove transposição de galharia. As avaliações para monitoramento da 
restauração foram realizadas mensalmente no período de fevereiro a maio de 2011. 
Os dados coletados foram baseados nos Indicadores para Monitoramento de 
Nucleação elaborado no âmbito do Projeto Mata Ciliar. Entre os regenerantes 
naturais foram encontradas 17 famílias e 29 espécies diferentes sendo Solanum 
mauritianum Scop. e Gnaphalium spathulatum Burm. f. as espécies mais 
abundantes na regeneração natural dos núcleos avaliados. Mesmo os núcleos 
sofrendo interferências como o plantio de espécies exóticas pelo proprietário, tendo 
passado por longo período de estiagem e ter sofrido aplicação de herbicidas, as 
funções ecológicas da área avaliada estão sendo restituídas como o retorno da 
microfauna e mesofauna, a utilização dos poleiros pela avifauna e o estabelecimento 
de indivíduos regenerantes nos núcleos. As técnicas nucleadoras deverão ainda ser 
testadas em períodos mais longos de avaliação para que esses resultados 
contribuam para uma melhor eficiência na restauração ecológica de áreas 
degradadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras–chave: Restauração, Matas Ciliares, Áreas degradadas, Técnicas de 
Nucleação. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
The techniques of nucleation become a vital action for the recovery of degraded 
areas; it aims to reconstruct an environment as close as possible to its original 
condition. This study aims to evaluate the nucleating capacity of these techniques to 
ecological restoration of a portion of the riparian forest of the San Antonio Creek. The 
restoration project of the riparian forest was established in august 2010 around a 
spring on the farm in the municipality of Santo Antônio Jau - SP. The property is 
placed in a landscape whose matrix is the culture of sugar cane and other crops. We 
used four techniques being nucleation: Five transposition of soil, three artificial 
perches, fifteen cores Anderson, implementation and nine branches. Assessments to 
monitor the restoration were carried out monthly from february to may 2011. The data 
collected were based on Indicators for Monitoring Nucleation prepared under the 
Riparian Forest Project. Between the natural regenerating found 17 families and 29 
different species and Solanum mauritianum Scop. And Gnaphalium spathulatum 
Burm. f. the most abundant species in natural regeneration of nuclei evaluated. Even 
nuclei suffering interference as the planting of exotic species by the owner, having 
gone through long dry season and have been applying herbicides, the ecological 
functions of the evaluated area are slowly being restored as the return of microfauna 
and mesofauna, the use of perches by birds and the establishment of regenerating 
individuals in the nuclei. Nucleator’s techniques should also be tested over longer 
periods of assessment for these results contribute to a better efficiency in ecological 
restoration of degraded areas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Keywords: Restoration, Ripain Forests, Degraded areas, Nucleation techniques. 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
FIGURA 1 - Transposição de solo ............................................................................22 
FIGURA 2 - Poleiros artificiais secos ........................................................................24 
FIGURA 3 - Estrutura das mudas em núcleos de Anderson.....................................25 
FIGURA 4 - Transposição de galharia ......................................................................26 
FIGURA 5 - Mapa com ortofoto da Microbacia do Córrego Santo Antônio, localização 
da área estudada na microbacia do Córrego Santo Antônio (círculo em azul). ........28 
FIGURA 6 - Localização da Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré (UGRHI 13), no Estado 
de São Paulo (círculo em azul). ................................................................................29 
FIGURA 7 - Localização da área estudada (círculo vermelho) e da Floresta 
Estacional Semidecidual e Floresta Paludosa (seta amarela). .................................30 
FIGURA 8 - Croqui da área com a localização dos núcleos implantados .................31 
FIGURA 9 - Distância da área avaliada (círculo azul) em relação ao local de 
recolhimento do material para a transposição de solo (círculo amarelo). .................33 
FIGURA 10 - Técnica de transposição de solo na Fazenda Santo Antônio, fotografia 
tirada em 14 de agosto de 2010................................................................................39 
FIGURA 11 - Poleiro seco com fixação de quatro bases no solo, fotografia tirada em14 de agosto de 2010................................................................................................40 
FIGURA 12 - Núcleos de Anderson na Fazenda Santo Antônio (círculo em amarelo 
"pioneiras", círculo em vermelho "não pioneiras"), fotografia tirada em 14 de agosto 
de 2010. ....................................................................................................................41 
FIGURA 13 - Leira da galharia em decomposição, fotografia tirada em 14 de agosto 
de 2010. ....................................................................................................................42 
FIGURA 14 - Quantidade de regenerantes encontrados nas amostras fevereiro à 
maio de 2011.............................................................................................................45 
FIGURA 15 - Núcleo de transposição de solo afetado pela palhada residual da 
manutenção, fotografia tirada em 04 de maio de 2011. ............................................46 
FIGURA 16 - Quantidade de regenerantes encontrados nos poleiros ......................47 
FIGURA 17 - Penas encontradas na área dos poleiros, fotografia tirada em 16 de 
abril de 2011..............................................................................................................49 
FIGURA 18 - Fezes de aves na base dos poleiros, fotografia tirada em 16 de abril de 
2011. .........................................................................................................................49 
FIGURA 19 - Quantidade de regenerantes encontrados nas amostras fevereiro à 
maio de 2011.............................................................................................................50 
FIGURA 20 - Indício de formigueiro na área dos núcleos de Anderson, fotografia 
tirada em 26 de março de 2011.................................................................................51 
FIGURA 21 - Mortalidade das mudas plantadas nos núcleos de Anderson. O eixo X 
representa os núcleos de Anderson numerados de 1 a 15 na área de estudo. ........52 
FIGURA 22 - Aplicação de herbicida glifosato entre os núcleos, fotografia tirada em 
04 de maio de 2011...................................................................................................52 
FIGURA 23 - Grande concentração de formigueiros na área dos núcleos de 
Anderson, fotografia tirada em 04 de maio de 2011..................................................53 
FIGURA 24 - Cobertura de copa das mudas plantadas nos núcleos, fotografia tirada 
em 04 de maio de 2011.............................................................................................54 
FIGURA 25 - Cobertura de Copa das mudas plantadas em núcleos de Anderson...54 
FIGURA 26 - Volume de ocupação da galharia nas amostras de fevereiro à maio de 
2011 ..........................................................................................................................57 
 
 
 
 
FIGURA 27 - Velocidade que a matéria orgânica se decompõe ao longo dos meses 
de coleta....................................................................................................................57 
FIGURA 28 - Fungos encontrados nas leiras da galharia, fotografia tirada em 04 de 
maio de 2011.............................................................................................................58 
FIGURA 29 - Regenerantes encontrados na técnica de transposição de galharia ...59 
 
 
 
 
LISTA DE QUADRO 
 
 
QUADRO 1 - Mudas plantadas nos Núcleos de Anderson, suas respectivas famílias 
e grupos sucessionais. P = Pioneira, NP = Não Pioneira. Classificação baseada em 
APG II (SOUZA; LORENZI, 2008).............................................................................34 
QUADRO 2 - Regenerantes encontrados na técnica de transposição de solo durante 
as amostragens de fevereiro a maio de 2011. Identificadas conforme APG II 
(SOUZA; LORENZI, 2008). .......................................................................................45 
QUADRO 3 - Regenerantes encontrados nos poleiros artificiais secos durante as 
amostragens de fevereiro a maio de 2011. Identificadas conforme APG II (SOUZA; 
LORENZI, 2008)........................................................................................................47 
QUADRO 4 - Diversidade de sementes encontradas durante as amostras..............48 
QUADRO 5 - Regenerantes encontrados nos núcleos de Anderson durante as 
amostragens de fevereiro a maio de 2011. Identificadas conforme APG II (SOUZA; 
LORENZI, 2008)........................................................................................................55 
QUADRO 6 - Regenerantes encontrados na transposição de galharia durante as 
amostragens de fevereiro a maio de 2011. Identificadas conforme APG II (SOUZA; 
LORENZI, 2008)........................................................................................................59 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
RESUMO.....................................................................................................................4 
ABSTRACT .................................................................................................................5 
1 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................10 
2 - OBJETIVOS .........................................................................................................12 
2.1- Objetivo geral .................................................................................................12 
2.2 - Objetivos específicos.....................................................................................12 
3 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................13 
3.1 - Matas Ciliares................................................................................................13 
3.2 - Vegetação da Região de Jaú/SP...................................................................14 
3.3 - Restaurações Ecológicas ..............................................................................15 
3.4 - Nucleação......................................................................................................16 
3.5 - Regeneração Natural.....................................................................................17 
3.6 - Dispersão de Sementes ................................................................................19 
3.7 - Técnicas de Nucleação .................................................................................20 
3.7.1 - Transposição de Solo .................................................................................21 
3.7.2 - Poleiros Artificiais Secos ............................................................................23 
3.7.3 - Núcleos de Anderson .................................................................................24 
3.7.4 - Transposição de Galharia...........................................................................25 
4 - MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................27 
4.1 - Descrição da área de estudo.........................................................................27 
4.2 - Implantação das técnicas nucleadoras de restauração.................................30 
4.2.1 - Transposição de Solo .................................................................................32 
4.2.2 - Poleiro Artificial ...........................................................................................33 
4.2.3 - Núcleos de Anderson .................................................................................34 
4.2.4 - Transposição de Galharia...........................................................................37 
4.3 - Avaliação das técnicas de nucleação............................................................37 
4.3.1 - Regeneração Natural..................................................................................384.3.2 - Transposição de Solo .................................................................................38 
4.3.3 - Poleiros Artificiais Secos ............................................................................40 
4.3.4 - Núcleos de Anderson .................................................................................41 
4.3.5 -Transposição de Galharia............................................................................42 
5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ...........................................................................43 
5.1 - Transposição de Solo ....................................................................................43 
5.2 - Poleiros Artificiais Secos ...............................................................................46 
5.3 - Núcleos de Anderson ....................................................................................50 
5.4 - Transposição de Galharia..............................................................................56 
6 - CONCLUSÃO ......................................................................................................61 
7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................63 
ANEXOS ...................................................................................................................68 
 
 
 
 
 
10 
 
 
1 - INTRODUÇÃO 
 
 
O atual desenvolvimento agrário começa se mostrar necessário para a 
conciliação das áreas produtivas com áreas de preservação provocando uma 
sinergia entre estas paisagens drasticamente fragmentadas. Com isto, a restauração 
de áreas degradadas, principalmente no sentido de aumentar a conectividade entre 
fragmentos florestais, torna-se uma ação essencial para a manutenção da qualidade 
de vida no nosso planeta (REIS et al., 2006). 
Os autores ainda citam, que as técnicas de restauração através da nucleação, 
representam uma oportunidade de incorporar os princípios-chave da metáfora do 
“fluxo da natureza” à prática da restauração ecológica. Baseando-se no modelo do 
Paradigma Contemporâneo, esta técnica representa um “espaço para o 
imprevisível”, gerando fenômenos eventuais e aleatórios e permitindo maiores 
aberturas para a variedade de fluxos, próprios dos sistemas naturais (REIS et al., 
2006). 
No Brasil a restauração ambiental por nucleação é recente, os primeiros 
experimentos tiveram início em áreas piloto “Unidades Demonstrativas” (UDs). As 
UDs foram montadas em Floresta Estacional Semidecidual (Capão Bonito-SP), 
Cerrado (Santa Rita do Passa Quatro-SP) e Restinga (Florianópolis-SC). Onde 
resultou num custo 34% mais barato do que os modelos tradicionais (BECHARA, 
2006). 
Em 2005 no Estado de São Paulo, iniciou – se o Projeto de Recuperação de 
Matas Ciliares (PRMC), desenvolvido pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, 
com doação de US$ 7,75 milhões do Global Environment Facility (GEF), 
implementada pelo Banco Mundial. Este projeto teve como apoio a regulamentação 
legislativa das resoluções: RESOLUÇÃO SMA-42 e RESOLUÇÃO SMA-71 (que 
altera Resolução SMA-42 de 26-09-2007 e institui o Projeto Estratégico Mata Ciliar) 
(SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO AMBIENTAL/SECRETARIA DO MEIO 
AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO – SIGAM/SMA, 2011). 
No Estado de São Paulo, as áreas em recuperação estão em propriedades 
privadas de pequeno e médio porte, onde os proprietários, de forma voluntária, 
aderem ao projeto onde, as atividades de recuperação nas áreas degradadas são 
 
 
 
11 
 
 
realizadas por ONGs, associações de produtores rurais ou cooperativas locais 
(SIGAM/SMA, 2011). 
No município de Jaú em janeiro de 2008 consolidou – se a implantação do 
Projeto de Recuperação de Matas Ciliares (PRMC) na Fazenda Santo Antônio dos 
Ipês e, em abril de 2009, em área experimental com as técnicas de nucleação, 
situada na Fazenda Flórida e executada pelo Instituto Pró-Terra, em parceria com a 
Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (INSTITUTO PRÓ-TERRA, 
2011; SIGAM/SMA, 2011). 
E ainda, no município de Jaú em agosto de 2010, na Fazenda Santo Antônio 
de propriedade da família Desajácomo iniciou-se a recuperação da mata ciliar em 
conformidade com o Projeto de Recuperação de Matas Ciliares e, execução do 
Instituto Pró-Terra, área que foi avaliada ao decorrer deste trabalho. 
O estudo destas áreas constitui - se em uma ação de longo prazo, com a qual 
se quer adquirir e disseminar conhecimentos sobre as diferentes metodologias de 
nucleação e os resultados alcançados por elas, com o objetivo de reverter o 
desflorestamento e promover a integração das áreas naturais com as cultiváveis, e a 
área degradada com suas vizinhanças, com isso, possibilitarem o resgate das 
conectividades ecológicas e funcionais da área (SIGAM/SMA, 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
2 - OBJETIVOS 
 
 
2.1- Objetivo geral 
 
As técnicas nucleadoras de restauração são uma metodologia nova com 
eficácia a ser testada, portanto, este trabalho tem como objetivo avaliar a 
capacidade nucleadora das técnicas de transposição de solo, poleiros artificiais, 
grupos de Anderson e transposição de galharia para o processo de restauração de 
matas ciliares na nascente do Córrego do Santo Antônio através do método de 
monitoramento proposto pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente. 
 
 
2.2 - Objetivos específicos 
 
 
• Contribuir através do estudo para melhorar as técnicas de nucleação; 
• Quantificar a regeneração natural nos núcleos avaliados; 
• Estudar a densidade de regenerantes nos diferentes núcleos; 
• Valorizar e disseminar a iniciativa desses proprietários, mostrando a 
viabilidade e os resultados da restauração florestal em terras privadas 
indicando os benefícios dessas ações; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
3 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
 
3.1 - Matas Ciliares 
 
 
Todos os tipos de vegetação arbórea vinculada à margem dos rios ou cursos 
d’água, com drenagem bem definida ou mesmo difusa, pode-se expressar como 
mata ciliar, independente de sua composição florística, área ou região de ocorrência 
(MARTINS, 2001; RODRIGUES, 2000). 
A vegetação ciliar recebe influência do clima, da topografia, pela sua 
formação florestal ou local onde esta inserida, pois reflete as características 
hidrológicas, hidrográficas, climáticas, geológicas e geomorfológicas, que são 
atuantes como definidores de paisagem e condições ecológicas do local, portanto, é 
encontrado uma grande heterogeneidade fisionômica, florística e estrutural nessa 
área (RODRIGUES, 2000). 
Vários são os termos utilizados para descrever esta vegetação ou para 
associação desta, quanto à fisionomia ou paisagem regional. Assim, esta disponível 
na literatura uma rica nomenclatura para estas áreas, como: Florestas ripárias, 
florestas ribeirinhas, matas ciliares, matas de galeria, florestas ripícolas e florestas 
beiradeiras. Estes termos são os fundamentais e mais encontrados para definir este 
tipo de formação ao longo dos cursos d’água (MARTINS, 2001). 
A vegetação ciliar é diretamente afetada durante o encharcamento do solo, 
que é influenciado pela oscilação do lençol freático e pelo regime de cheias dos rios, 
isso faz com que se definam as espécies ocorrentes em condições mais úmidas e as 
que são encontradas apenas em áreas mais secas. No entanto, em alguns trabalhos 
nota-se que há a atuação de outros fatores na composição vegetacional das matas 
ciliares, que o encharcamento do solo e as alterações edáficas na faixa ciliar não 
são os mais importantes e únicos fatores definidores da dinâmica e características 
das florestas ciliares. O transporte de serrapilheira, a fertilidade do solo e a 
dispersão de sementes são influenciadas pelo regime de inundação, alterando a 
intensidade à medida que se afasta da margem do curso d’água (RODRIGUES & 
SHEPHERD, 2000). 
 
 
 
14 
 
 
A elevação do níveldo rio faz com que o banco de sementes e a serrapilheira 
sejam soterrados ou removidos, influenciando na germinação e no recrutamento de 
indivíduos da faixa ciliar e na dinâmica desta formação. O volume de água 
transportado e a duração do processo são importantes na definição da mortalidade, 
na seleção das espécies e estabelecimento dos indivíduos nessa faixa, em função 
disto, as espécies de crescimento rápido, podem ser favorecidas. Tem que se 
considerar necessário à ocorrência de inundação na faixa ciliar, pois é um 
instrumento natural de perturbação da vegetação que favorece os grupos iniciais da 
sucessão (RODRIGUES & SHEPHERD, 2000). 
As matas ciliares são protegidas legalmente pelo Código Florestal Lei n.º 
4.771/1965, onde, no art. 1º, § 2, inc.II são incluídas na categoria de áreas de 
preservação permanente. 
 
“área de preservação permanente: área protegida nos termos dos 
arts. 2o e 3o desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a 
função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a 
estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e 
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações 
humanas” (BRASIL, 1965). 
 
 E pela Resolução Conama 303/2002 MMA art. 3º, inc. II que institui a largura 
mínima da faixa ciliar, ao qual a recuperação da área estudada foi baseada: 
 
“ao redor de nascente ou olho d`água, ainda que intermitente, com raio 
mínimo de cinqüenta metros de tal forma que proteja, em cada caso, a 
bacia hidrográfica contribuinte” (CONAMA, 2002). 
 
 
3.2 - Vegetação da Região de Jaú/SP 
 
 
 Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (1992), o 
Cerrado e a Mata Atlântica são as vegetações predominantes na região de Jaú. A 
Mata Atlântica, ou conforme IBGE (1992), Floresta Estacional Semidicidual é a 
vegetação predominante da área de estudo, Microbacia Hidrográfica do Córrego 
Santo Antônio. No entanto, outros tipos vegetacionais também ocorrem na mesma 
 
 
 
15 
 
 
Microbacia, tais como Floresta Paludosa e Florestas Ribeirinhas, associadas as 
formações Atlânticas. 
As Floresta Estacionais Semideciduais caracterizam-se pela estacionalidade 
climática dupla, sendo uma tropical com chuvas de verão intensas e logo após 
estiagem acentuada e outra subtropical sem período seco, mas com a chamada 
seca fisiológica provocada pelo frio do inverno , com temperaturas médias inferiores 
a 15° C. Tendo nesta vegetação a porcentagem de 20 a 5 0% de árvores que 
perdem as folhas (caducifólias) no conjunto florestal e não individualmente (IBGE, 
1992). 
 
 
3.3 - Restaurações Ecológicas 
 
 
 “é a ciência prática e, arte de assistir e manejar a recuperação da 
integridade ecológica dos ecossistemas, incluindo um nível mínimo de 
biodiversidade e de variabilidade na estrutura e no funcionamento dos 
processos ecológicos, considerando – se seus valores ecológicos, 
econômicos e sociais” (ENGEL & PARROTTA, 2003 p.6). 
 
Conforme (ENGEL & PARROTTA, 2003; SER, 2004), a restauração ecológica 
é uma ação a longo prazo que tem como meta a deliberação e a viabilidade 
ecológica do ecossistema, ou seja, o ecossistema reparado terá recursos bióticos 
para se desenvolver sem subsídios ou assistência. Logo, a comunidade restabelece 
sua funcionalidade e estrutura se mantendo sozinho e retornando o mais próximo 
possível das condições naturais. 
As faixas normais de variação de estresse ambiental e perturbação irão 
mostrar resiliência, interagindo com ecossistemas próximos por meio de interações 
culturais e fluxos bióticos e abióticos (ENGEL & PARROTTA, 2003). 
Qualquer trabalho a longo prazo que tem como meta reconstituir um 
ecossistema auto-sustentável, sólido e resiliente, equilibrando integralmente os 
processos naturais e sua estrutura o mais próximo possível das comunidades 
naturais, será um trabalho de restauração ecológica. Para que as áreas degradadas 
se convertam em floresta, melhorando com eficácia a conservação da 
 
 
 
16 
 
 
biodiversidade, as metas da restauração devem ser priorizadas, embora inserindo 
por vezes opções mais caras e difíceis de implantar em grandes dimensões (ENGEL 
& PARROTTA, 2003). 
 
 
3.4 - Nucleação 
 
 
A nucleação é compreendida como a capacidade de proporcionar uma 
expressiva melhora nas condições ambientais no sentido de resgatar a 
funcionalidade local e atrair a diversidade e, com isso, permitir uma ampliação na 
probabilidade de ocupação por outras espécies na área degradada (YARRANTON & 
MORRISON, 1974). 
A nucleação representa uma técnica básica para as atividades antrópicas que 
se propõe contribuir para a restauração de comunidades se tornando um princípio 
sucessional na colonização das áreas que estão se reconstituindo. Para 
proporcionar uma maior diversidade e para que ocorra uma estabilização o mais 
breve possível e com a mínima entrada artificial de taxas energéticas, em áreas 
degradadas, as técnicas de nucleação são avaliadas para que sejam colocadas em 
prática da melhor forma nestes locais (REIS et al., 2003). 
 Quando inserida em áreas degradadas a nucleação, abrangem elementos 
biológicos ou abióticos, capazes de proporcionar fluxos de energia novos como 
emergências para uma maior eficácia e dispersão da energia introduzida nas áreas 
degradadas. Os métodos de nucleação representam focos de energia com 
potencialidades de integração de paisagens fragmentadas, com geração de efeitos 
regionais (em locais a restaurar) e efeitos de contexto (em áreas desvinculadas pela 
fragmentação). Para que seja mais efetivo o método de nucleação na paisagem e 
promova a conexão é indispensável que os fluxos energéticos e biológicos 
aconteçam nos dois sentidos sendo, fragmentos-área em restauração e área 
restaurada-paisagem. Os fluxos biológicos provocados pelos métodos de nucleação 
tendem a ser dinâmicos no espaço e no tempo acontecendo nos dois sentidos, 
facilitando o processo nucleador, e permitindo a conectividade do local e contexto a 
restaurar (REIS; TRES, 2009). 
 
 
 
17 
 
 
Quando a legislação for mais clara, eficaz sobre o assunto e ampliar a 
formação de recursos humanos sobre o princípio da sucessão dos ecossistemas, a 
nucleação se tornará a técnica mais aplicada para a restauração de áreas 
degradadas (REIS ET AL, 2003). 
 
 
 
3.5 - Regeneração Natural 
 
 
Conforme (MARTINS, 2001), as formações florestais se tornam capazes de 
se recuperarem de distúrbios naturais ou antrópicos através da regeneração natural. 
Quando uma floresta ciliar sofre um distúrbio, como desmatamento, incêndio 
ou até mesmo de forma natural com as clareiras, à colonização da área acontece 
através da sucessão secundária, que conduz a vegetação com uma série de 
estágios sucessionais que possui como característica grupos de plantas que se 
estabelecem ao longo do tempo, mudando a ecologia local até aproximar-se de um 
estágio estável e estruturado. 
A auto-manutenção e sustentabilidade de um ecossistema em condição 
estável pressupõe que as espécies dominantes se regenerem naturalmente e se 
mantenham nessa condição a longo prazo. Em ecossistemas extremamente 
degradados não ocorrerá esta condição, pois, a sucessão secundária e a 
colonização por espécies arbóreas serão dificultadas e impedidas, num tempo 
compatível com as necessidades do ser humano, por limitações físicas ou bióticas 
(ENGEL & PARROTTA, 2003). 
Existem algumas barreiras que dificultam a regeneração natural, atuando em 
uma ou mais fases do ciclo vital da planta e podendo incluir um dos seguintes 
fatores (NESPSTAD et al.,1990; PARROTTA, 1993; BORGES & ENGEL, 1993; 
MIRITI, 1998 apud ENGEL & PARROTTA, 2003): 
 
• Ausência ou baixa disponibilidade de propágulos (sementes, estoques 
radiculares): acontece pela falta de propágulos nas regiões adjacentes, 
 
 
 
18 
 
 
falta de dispersores, devastação do banco de sementes ou raízes do 
solo;• Falhas no recrutamento de plântulas em áreas abertas: competição por 
gramíneas, falta de ambiente favorável para se estabelecer as mudas, 
ampliação na predação de sementes, em áreas abertas a herbívora de 
plântulas; 
• Fatores adicionais de estresse: pastoreio, excessos ao explorar as 
áreas em regeneração e o fogo; 
• Falhas no estabelecimento de interações essenciais para a 
manutenção da integridade: falta de dispersores, polinizadores e 
simbiontes (rizobactérias e micorrizas). 
 
Martins (2001), entretanto, diz que alguns fatores são primordiais para a 
sucessão secundária acontecer como, a proximidade de remanescentes florestais e 
a fontes de sementes, o banco de sementes do solo, a rebrota de espécies 
arbustivo-arbóreas e a duração e intensidade do distúrbio, pois, cada área terá uma 
dinâmica sucessional específica. Em áreas onde o banco de sementes do solo não 
foi perdido, existe fonte de sementes próximas e a degradação não foi intensa, a 
regeneração natural torna-se suficiente para a restauração da área. Há de se ter a 
preocupação de isolar a área, não praticar qualquer atividade agrícola e eliminar o 
fator de degradação. 
A ocorrência de gramíneas exóticas e espécies invasoras inibem a 
regeneração das espécies arbóreas, mesmo chegando através da dispersão ou 
estando presentes no banco de sementes. Nesse caso, tem que se intervir de modo 
a controlar as populações invasoras agressivas e estimular a regeneração natural da 
área degradada. Normalmente, a restauração da mata ciliar através da regeneração 
natural é um processo lento, porém de baixo custo. Se necessário à formação da 
floresta ciliar em curto tempo utiliza-se então de técnicas que acelerem a sucessão 
(MARTINS, 2001). 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
3.6 - Dispersão de Sementes 
 
 
A dispersão de sementes é um processo onde as sementes são levadas de 
perto da planta-mãe para locais próximos ou distantes (podendo variar de 
centímetros a quilômetros) onde, os níveis de competição e predação são menores 
(HOWE, 1986). 
O predador executa o papel de dispersor ao transportar e perder um fruto ou 
semente (REIS; KAGEYAMA, 2003). Em florestas a forma mais ocorrente da 
dispersão de sementes é através de animais (zoocoria) onde grande parte destas 
espécies vegetais (60 a 90%) são adaptadas ao transporte de propágulos. Neste 
processo os animais são generalistas, ou seja, espécies que possuem frutos 
zoocóricos atraem animais com características diferentes como: espécies, tipos, 
tamanhos, habitats (MORELLATO & FILHO, 1992). 
Animais que possuem como comportamento transportar e plantar as 
sementes em novos locais é um auxílio na restauração de áreas degradadas de 
fundamental importância e efetivamente mais barato (REIS; KAGEYAMA, 2003). 
Segundo (REIS, 1995), a tendência dos animais dispersores é se estabelecer 
em locais onde exista disponibilidade de alimentos durante o ano todo. Com isso, as 
plantas bagueiras (plantas que atraem grande número de animais quando em 
frutificação), têm papel de extrema importância na manutenção do equilíbrio 
dinâmico na restauração de áreas degradadas e também das florestas. 
Estes níveis de interação entre bagueiras e animais devem ser aproveitados 
no sentido de ampliação na probabilidade de chegada de sementes vindas de áreas 
adjacentes (REIS et al., 1999). 
Os animais que procuram as bagueiras geralmente buscam predar animais 
que se concentram nela durante alimentação ou apenas para se alimentar de seus 
frutos (consumidores primários). As bagueiras ainda servem como indicador de algo 
do comportamento de possível influência de distribuição de sementes dos animais 
frugívoros ou apenas como fonte de alimento. As bagueiras de cada região podem 
ser levantadas de forma simples através de questionamento de moradores antigos 
de uma comunidade. Deve-se ressaltar que em áreas em recuperação, a utilização 
de bagueiras pode aumentar com rapidez o número de espécies, se tornando uma 
 
 
 
20 
 
 
estratégia da resiliência e recuperação ambiental, pois quanto maior a capacidade 
de atração, nutrição e condições de reprodução de uma comunidade, mais rápida 
será a restauração. Há ainda, um desconhecimento das reais potencialidades de 
plantas que atuem como gatilhos em processos de restauração, pois, tudo ainda, é 
muito teórico, tem-se a necessidade de avaliação e monitoramento dos projetos de 
restauração, visando o fornecimento de subsídios e aprimoramento de modelos de 
implantação florestais (REIS; KAGEYAMA, 2003). 
 
 
3.7 - Técnicas de Nucleação 
 
 
Espíndola et al., (2006), diz que a recuperação de áreas degradadas através 
da nucleação se caracteriza pela introdução de várias técnicas nucleadoras que 
quando juntas, produzem uma diversidade de fluxos naturais na área degradada. 
Estas técnicas possuem diferentes particularidades e efeitos funcionais, resgatando 
as condições dos sistemas naturais de forma complexa e mantendo os processos-
chave. 
Segundo Bechara, (2006) são formados microhabitats nos diferentes núcleos, 
possibilitando a vinda de várias espécies com diferentes formas de vida, que se 
irradiam por toda a área durante o processo de aceleração sucessional. 
Os autores propõem que as técnicas não ultrapassem 5% da área restaurada 
para que exerçam sua funcionalidade e o que sobrou receberá influência dos 
núcleos, se sujeitando a sucessão secundária e as condições naturais do ambiente, 
tendo como consequência uma série de variáveis características da paisagem onde 
está inserida a área a restaurar. Devem ser construídos módulos destinados a 
implantação das seguintes técnicas: transposições de solo, poleiros artificiais 
(secos), grupos de Anderson e transposições de galharia sendo a parcela maior da 
área destinada à regeneração natural que será facilitada e desencadeada por estas 
técnicas (ESPÍNDOLA et al., 2006). 
Cada uma das técnicas, de acordo com as funções desempenhadas por elas, 
deverá adotar o critério de distribuição espacial, ordem cronológica diferente ou 
 
 
 
21 
 
 
gradiente temporal distinto, levando em consideração as condições biológicas e 
físicas ou o grau de deficiência destes elementos na área (ESPÍNDOLA et al., 2006). 
 
 
3.7.1 - Transposição de Solo 
 
 
Segundo (REIS; VIEIRA, 2009), uma área com solo degradado, necessita 
ações antrópicas na recomposição da vegetação natural, devido à falta de sementes 
no banco e a pouca possibilidade da chegada de propágulos através da dispersão. 
Ainda, segundo (REIS; VIEIRA, 2009), a transposição de solo é uma técnica 
de nucleação, que visa a restauração do solo, auxiliando no desenvolvimento da 
micro, meso e macro fauna/flora que são compostas por sementes, propágulos, 
microorganismos, fungos, bactérias, minhocas, algas, etc., formando núcleos em 
áreas degradadas. Uma forma visual de avaliação da nucleação em áreas 
degradadas é através da formação de pequenos núcleos revegetados (banco de 
sementes) conforme (Figura 1). 
Conforme Bechara, (2006) a técnica faz com que chegue e irradie propágulos 
da biota do solo recebendo influência da capacidade de dispersão do organismo. A 
colonização do solo pode se instituir através de organismos transpostos e assim, 
ocorre o fornecimento de alimento aos consumidores. Para se manter na 
comunidade as espécies da biota deverão suportar as variações climáticas e 
sazonais, portanto, a transposição é capaz de nuclear uma sucessão inicial da biota 
do solo quando os microorganismos sensíveis a mudanças severas de temperatura 
e que são os responsáveis pela colonização dos primeiros estágios sucessionais 
edáficos. Para os macroorganismos mais sensíveis as condições de temperatura e 
umidade, o desafio será promover a sua própria manutenção. 
Os fluxos dos organismos facilitam a restauração de todas as formas de vida 
e de propágulos, englobando a paisagem do entorno e a área degradada. O 
restabelecimentoda conectividade é essencial ao nível genético destas áreas, com 
os fragmentos vizinhos. 
Recomenda-se que sejam utilizados solos com diferentes níveis sucessionais 
para que haja uma imensa variação no micro, meso e macroorganismos do 
 
 
 
22 
 
 
ecossistema a ser restituído, unindo a área a ser restaurada a fragmentos próximos 
(REIS et al., 2003). 
A transposição de solo se revelou ter rápido efeito e alto potencial de 
restabelecimento das interações planta-animal possibilitando a inserção de todas as 
formas de vida como arvoretas pioneiras e espécies herbáceo-arbustivas, 
ocasionando a atração da fauna disseminadora de sementes se tornando uma 
estratégia importante a ser explorada nas atividades de restauração (BECHARA, 
2006). 
 
 
 
 
FIGURA 1 - Transposição de solo 
 
 Fonte: REIS, et. al, (2003) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
3.7.2 - Poleiros Artificiais Secos 
 
 
Os animais considerados mais eficientes no transporte e dispersão de 
sementes entre fragmentos de vegetação são as aves e os morcegos. Estes animais 
vêm dos fragmentos próximos de forma esporádica pousam no poleiro, deixando 
sementes que, depois de adaptadas crescem ou não nas áreas ciliares. Os poleiros 
podem ser montados com formas e funções diferentes, fazendo com que 
principalmente as aves e morcegos, ampliem seus comportamentos distintos como 
animais dispersores (TRES et al., 2011). 
A atração destes animais é uma das formas mais efetivas para a chegada de 
sementes e assim, acelerar o processo sucessional. Através da regurgitação, 
defecação ou derrubada de frutos e sementes em árvores remanescentes, tornam-
se núcleos de regeneração, com grande diversidade na sucessão secundária inicial 
(REIS et al., 2003). 
Ainda, conforme os autores Reis & Tres (2009), para a conectividade das 
unidades da paisagem, os poleiros representam a melhor estratégia, ganhando 
espaço nos trabalhos de restauração, mostrando sua grande capacidade nucleadora 
e exercendo seu papel como trampolim ecológico. 
A conectividade se dá em várias direções e é gerada á partir dos fluxos 
ecológicos com a implantação estrutural do poleiro seco (imita galhos secos de 
plantas) ou a do poleiro vivo (árvores vivas) (Figura 2). São depositadas sementes 
nas áreas degradadas através de uma diversidade de espécies atraídas pelos 
poleiros, formando um núcleo alogênico e tornando o ambiente propício para 
conectar a área degradada a fragmentos próximos. As estruturas biológicas do 
ambiente sofrem modificações através desses núcleos, representando focos de 
concentração de propágulos e atraindo vários consumidores a área, atuando como 
facilitadores na constituição de uma nova cadeia trófica nas áreas a serem 
colonizadas. Entretanto, passarão a ser fonte de alimentos para dispersores 
secundários, os núcleos formados, facilitando a direção dos fluxos ecológicos, 
restituindo nova diversidade a paisagem. Numa matriz não-habitat, quando 
dispersos potencializam a permeabilidade da matriz, favorecendo os fluxos 
ecológicos (REIS; TRES, 2009). 
 
 
 
24 
 
 
 
 
FIGURA 2 - Poleiros artificiais secos 
 
 Fonte: REIS et al., (2006) 
 
 
3.7.3 - Núcleos de Anderson 
 
 
É uma técnica de plantio de árvores em grupos de Anderson (ANDERSON, 
1953 apud TRES; REIS, 2009) que tem como prioridade espécies chave regional e a 
qualidade do material genético utilizado na introdução, com isso, visa-se incrementar 
a diversidade regional da área a ser restaurada. 
O plantio de mudas através da introdução de espécies, se torna a forma mais 
eficaz para incrementar o processo da nucleação. Esta técnica se torna importante 
no sentido de escolher as espécies a fim de formar pequenos núcleos com grande 
capacidade de nucleação. São formados núcleos adensados com 3, 5 ou 13 mudas, 
com 0,5 metros de espaçamento, de forma homogênea ou heterogênea (Figura 3). 
As mudas centrais são beneficiadas no desenvolvimento em altura e as laterais no 
crescimento das ramificações, se comportando o grupo como um só indivíduo. 
(ESPÍNDOLA et al., 2006). 
 
 
 
25 
 
 
Os fluxos ecológicos são direcionados a uma condição específica formando 
populações naturais com espécies altamente funcionais. Nas áreas em formação, os 
núcleos deverão representar uma notável variabilidade genética, formando uma 
população mínima viável. Quando o núcleo se irradiar, inicia – se a troca de material 
genético entre as populações formadas e as populações de fragmentos próximos á 
area, garantindo no futuro, que a progênie nucleie a paisagem, constituindo uma 
dinâmica local de fluxos ecológicos (TRES; REIS, 2009). 
Recomenda-se que as mudas recebam cuidados como a adubação e a 
capina até formarem um núcleo sombreado propiciando o crescimento de espécies 
mais esciófitas (ESPÍNDOLA et al., 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Pioneira 
 Não pioneira 
 
FIGURA 3 - Estrutura das mudas em núcleos de Anderson 
 
 Fonte: Adaptado Instituto Pró-Terra, (2011) 
 
 
3.7.4 - Transposição de Galharia 
 
 
 Em locais onde grandes áreas de solo são retiradas (áreas de empréstimo e 
bota-fora), o principal motivo da degradação ambiental está na falta total de 
nutrientes no solo, por isso, devem ser utilizadas fontes de matéria orgânica da 
região, de preferência os que possuem nutrientes imobilizados, exemplo disso são 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
os restos de exploração florestal, onde esse material ao invés de ser queimado pode 
ser enleirado de forma a criar núcleos de biodiversidade para o processo 
sucessional secundário da área em recuperação (REIS et al., 2003). 
Conforme (REIS; TRES 2009), para a formação de um ambiente seguro para 
a fauna surge uma estratégia eficaz para a ampliação da permanência e frequência 
de visitantes (roedores, répteis, anfíbios, etc), a técnica de transposição de galharia 
(acúmulo de galhos, tocos, resíduos, florestais ou amontoados de pedras) em áreas 
em recuperação (Figura 4). 
Devido a formação do microclima apropriado estes núcleos atuam como 
refúgios artificiais para a fauna (ESPÍNDOLA et al., 2006). 
Espera – se que através destes visitantes sejam facilitadas a chegada de 
sementes dos fragmentos próximos, cooperando para a conectividade local e a 
sucessão alóctone. São formados um micro-habitat diversificado para uma variação 
florística e faunística, nas áreas degradadas, se estendendo e irradiando para as 
áreas próximas (REIS; TRES, 2009). 
 
 
 
FIGURA 4 - Transposição de galharia 
 
 Fonte: REIS et al., (2003) 
 
 
 
27 
 
 
4 - MATERIAIS E MÉTODOS 
 
4.1 - Descrição da área de estudo 
 
 
A área de estudo possui 0,3 hectares e está localizada na Fazenda Santo 
Antônio no município de Jaú – SP, de propriedade da Família Desajácomo, com 
coordenadas UTM 762928m L e 7534680m S, pertencente à microbacia do Córrego 
Santo Antonio (Figura 5), e Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos 13 
(UGRI – 13) da Bacia Tietê - Jacaré (Figura 6). 
Nesta propriedade estão localizadas as principais nascentes do Córrego 
Santo Antônio, que é hoje um dos maiores mananciais de abastecimento da cidade 
de Jaú. O projeto de restauração foi desenvolvido ao redor de uma nascente (Figura 
7) que abastece um reservatório de água utilizado pela família para a criação de 
peixes, além de fornecer água para as culturas agrícolas e para a criação de animais 
da propriedade. A propriedade de 140,4 ha está inserida em uma matriz 
vegetacional com predominância do cultivo de cana de açúcar, no entanto a 
propriedade possui diferentes culturas como: café, eucaliptos, milho, arroz e ainda a 
criação de gado e suínos. 
O solo predominante do município de Jaú é o latossolo roxo, com textura 
argilosa e muito profunda (PREFEITURA MUNICIPAL DE JAÚ, 2011) e o clima 
conforme a classificaçãode KOPPEN é do tipo Cwa, mesotérmico ou clima tropical 
de altitude onde, o verão úmido e inverno seco. Nos meses de verão (outubro a 
março) as precipitações apresentam índice em torno de 1.428 mm, e no inverno 
(período seco) vai de abril a setembro. (VENIZIANI, 1997). 
Nas proximidades da área em restauração ocorre um fragmento de Floresta 
Estacional Semidecidual e Floresta Paludosa de aproximadamente 15 ha de 
vegetação bem preservada e que atua como principal fonte de propágulos para a 
restauração (Figura 7). 
 
 
 
28 
 
 
 
FIGURA 5 - Mapa com ortofoto da Microbacia do Córrego Santo Antônio, localização da 
área estudada na microbacia do Córrego Santo Antônio (círculo em azul). 
 
 Fonte: SIGAM, (2011) 
 
 
 
 
29 
 
 
 
FIGURA 6 - Localização da Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré (UGRHI 13), no Estado de São 
Paulo (círculo em azul). 
 
 Fonte: SIGAM, (2011) 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
FIGURA 7 - Localização da área estudada (círculo vermelho) e da Floresta Estacional 
Semidecidual e Floresta Paludosa (seta amarela). 
 
 Fonte: Google Earth, (2011). 
 
 
4.2 - Implantação das técnicas nucleadoras de resta uração 
 
 
A implantação das técnicas nucleadoras foi realizada de 10 à 14 de agosto de 
2010 e contou com o apoio de 5 trabalhadores rurais, funcionários do Instituto Pró-
Terra. O preparo da área teve início com a construção de cerca de arame farpado ao 
redor da nascente, pois o entorno é utilizado como pastagem. Para a restauração da 
mata ciliar desta nascente o PRMC definiu a utilização de 4 técnicas de nucleação 
sendo: Cinco transposição de solo, três poleiros artificiais secos, quinze núcleos de 
Anderson, e nove transposição de galharia demonstradas no croqui abaixo (Figura 
8). 
 
 
 
 
31 
 
 
 
 Fonte: A autora 
 
 
 
 
 
 
 
 Núcleos de Anderson 
 
 Transposição de Solo 
 
 Poleiro 
 
 Transposição de Galharia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 8 - Croqui da área com a localização dos núcleos implantados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Represa 
 
 
 
32 
 
 
4.2.1 - Transposição de Solo 
 
 
O uso de banco de propágulos para recuperação de áreas degradadas é uma 
prática bastante utilizada para recuperação de áreas minerais (ZANETI, 2008). Para 
transposição de solo alóctone neste trabalho, foram retiradas 05 amostras com 
cerca de 1m² de camada superficial do solo (horizonte orgânico do solo) e 
serrapilheira, com profundidade de 10 cm. O solo foi coletado em área alóctone 
pouco preservada, com indícios de entrada de gado e algumas clareiras no interior 
de uma mata seca (Floresta Estacional Semidecidual), localizada a 
aproximadamente 2,5 Km de distância da área de implantação (Figura 9), na mesma 
microbacia com coordenadas UTM (762643m L e 7533331m S). O material foi 
coletado em sacos plásticos de 10 Kg, transportado e depositado nos núcleos que já 
estavam previamente limpos de gramíneas competidoras e preparados com 
aberturas de 1,0m x 1,0m para recebimento deste material. 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 
FIGURA 9 - Distância da área avaliada (círculo azul) em relação ao local de recolhimento do 
material para a transposição de solo (círculo amarelo). 
 
 Fonte: Google Earth, (2011). 
 
 
4.2.2 - Poleiro Artificial 
 
 
Para a confecção dos 3 poleiros foram cortados 12 varas de bambus, do tipo 
médio, da mesma propriedade, com comprimento de 5 metros de altura cada. Os 
bambus foram fixados no solo em formato de um quadrado tomando o cuidado de 
preservar os galhos secos dos mesmos. A área de 4,5 m de diâmetro que recebeu 
os poleiros foi limpa através de capina manual. 
 
 
 
34 
 
 
4.2.3 - Núcleos de Anderson 
 
 
Na área restaurada foram plantadas 195 mudas, sendo 135 pioneiras e 60 
não pioneiras. 
Estas mudas foram distribuídas e divididas em 15 núcleos com 12 m² cada. 
Os núcleos continham 13 mudas, sendo 9 pioneiras e 4 não pioneiras e 
espaçamento de 1,0m x 1,0m entre mudas. As mudas de espécies nativas regionais 
foram provenientes do Núcleo de Produção de Mudas – CATI Pederneiras - SSA, 
conforme quadro 1. 
 
 
QUADRO 1 - Mudas plantadas nos Núcleos de Anderson, suas respectivas famílias e 
grupos sucessionais. P = Pioneira, NP = Não Pioneira. Classificação baseada em APG II 
(SOUZA; LORENZI, 2008). 
Nome 
Vulgar 
Nome 
Científico 
Família Grupo 
Sucessional 
(P) – (NP) 
Algodoeiro Heliocarpus americanus L. Heliconiaceae 
 
P 
Amendoim bravo Pterogyne nitens Tul. Fabaceae NP 
Angico vermelho Parapiptadenia rigida (Benth.) 
Brenan 
Fabaceae P 
Araçá amarelo Psidium coriaceum Mart. ex O. 
Berg 
Myrtaceae NP 
Araçá rosa Psidium cattleianum Sabine Myrtaceae P 
Araribá Rosa Centrolobium tomentosum 
Guillemin ex Benth. 
Fabaceae P 
Aroeira brava 
(branca) 
Lithraea molleoides (Vell.) Engl. Anacardiaceae 
 
P 
Aroeira pimenteira Schinus terebinthifolius Raddi Anacardiaceae 
 
P 
Bauínia Bauhinia forficata Link. Fabaceae P 
Canafístula Peltophorum dubium (Spreng.) 
Taub. 
Fabaceae P 
 
 
 
 
35 
 
 
continuação 
Candeia Gochnatia polymorpha 
(Less.) Cabrera 
Asteraceae P 
Capororoca Rapanea ferruginea (Ruiz & 
Pav.) Mez 
Myrsinaceae P 
Ceboleiro/Cebolão Phytolacca dioica L. Phytolaccaceae P 
Cedro rosa Cedrela fissilis Vell. Meliaceae NP 
Cereja-do-rio-
grande 
Eugenia involucrata DC. Myrtaceae NP 
Chá-de-bugre Cordia sellowiana Cham. Boraginaceae P 
Chichá do Cerrado Sterculia chicha A. St.-Hil. ex 
Turpin 
Malvaceae P 
Covantã Cupania vernalis Cambess. Sapindaceae 
 
P 
Dedaleiro Lafoensia pacari A. St.-Hil. Lythraceae NP 
Embaúva Cecropia pachystachya Trécul Urticaceae P 
Eritrina Erythrina verna Vell. Fabaceae P 
Espinho de maricá Mimosa bimucronata (DC.) 
Kuntze 
Fabaceae P 
Farinha-seca Albizia niopoides (Spruce ex 
Benth.) Burkart 
Fabaceae P 
Figueira branca Ficus guaranitica Chodat Moraceae P 
Genipapo Genipa americana L. Rubiaceae NP 
Goiaba-brava Myrcia tomentosa (Aubl.) DC. Myrtaceae NP 
Guanandi Calophyllum brasiliense 
Cambess. 
Clusiaceae NP 
Guaiuvira Patagonula americana L. Boraginaceae P 
Guarantã Esenbeckia leiocarpa Engl. Rutaceae NP 
 
 
 
 
 
36 
 
 
 continuação 
Ingá-ferradura Inga sessilis (Vell.) Mart. Fabaceae NP 
Ipê rosa Tabebuia heptaphylla (Vell.) 
Toledo 
Bignoniaceae P 
Jequitibá rosa Cariniana legalis (Mart.) Kuntze Lecythidaceae NP 
Leiteiro Peschiera fuchsiaefolia (A. DC.) 
Miers 
Apocynaceae P 
Mirindiba-rosa Lafoensia glyptocarpa Koehne Lythraceae P 
Mutambo Guazuma ulmifolia Lam. Malvaceae P 
Paineira rosa Chorisia speciosa A. St.-Hil. Malvaceae NP 
Pau-cigarra Senna multijuga (Rich.) H.S. 
Irwin & Barneby 
Fabaceae P 
Pau d’alho Gallesia gorazema (Vell.) Moq. Phytolaccaceae P 
Pau ferro Caesalpinia ferrea Mart. 
 
Fabaceae P 
Pau formiga Triplaris brasiliana Cham. Polygonaceae P 
Pau-marfim Balfourodendron riedelianum 
(Engl.) Engl. 
Rutaceae P 
Pau pólvora Trema micrantha (L.) Blume Cannabaceae P 
Pau-viola Citharexylum myrianthum Cham. Verbenaceae P 
Peito-de-pomba Tapirira guianensis Aubl. Anacardiaceae P 
Saguaraji-amarelo Rhamnidium elaeocarpum 
Reissek 
Rhamnaceae NP 
Saguaraji vermelho Colubrina glandulosa Perkins Rhamnaceae P 
Taiúva Chlorophora tinctoria (L.) 
Gaudich. 
Moraceae P 
Tamanqueiro Alchornea glandulosa Endl. & 
Poeppig 
Euphorbiaceae P 
 
 
 
 
 
37 
 
 
continuação 
Tamboril orelha de 
negro 
Enterolobium contortisiliquum 
(Vell.) Morong 
Fabaceae P 
Tapiá Crateva tapia L. Brassicaceae P 
Tingui preto Dictyoloma vandellianum 
A.H.L. Juss. 
Rutaceae P 
 
 Fonte: Adaptado SMA, 2011; EMPRAPA, 2011; TRÓPICOS, 2011. 
 
Em todas as covas foram feitas adubação de base com fertilizante N:P:K 
6:30:6 com 200 gramas/cova e, nos núcleos foram adicionados o hidrogel durante o 
plantio. 
 
 
4.2.4 - Transposição de Galharia 
 
 
Para a implantação dos núcleos com transposiçãode galharia foram 
utilizados galhos secos, doados pela Prefeitura do Município de Jahu, oriundos da 
poda da arborização urbana, com restrições a espécies invasoras. 
O material foi transportado por caminhão carroceria da Prefeitura Municipal de 
Jaú e foi depositado em 9 núcleos em formato de cubo. 
 
 
4.3 - Avaliação das técnicas de nucleação 
 
 
 Após a implantação do projeto de restauração iniciou-se as avaliações da 
restauração, objeto deste trabalho. Para a avaliação das técnicas foram realizadas 
mensalmente no período de fevereiro a maio coletas de dados baseados nos 
Indicadores para Monitoramento de Nucleação elaborado no âmbito do Projeto de 
Recuperação de Matas Ciliares (PRMC), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente 
 
 
 
38 
 
 
do Governo do Estado de São Paulo pela consultora Deisy Tres em parceria com 
técnicos colaboradores do projeto. 
 As coletas de dados em campo foram realizadas nas seguintes datas: 
• 12 de Fevereiro de 2011; 
• 26 de Março de 2011 
• 16 de Abril de 2011; 
• 04 de Maio de 2011. 
 
 
4.3.1 - Regeneração Natural 
 
 
Para avaliação da regeneração natural foram amostradas e identificadas 
todas as plantas encontradas dentro dos núcleos com altura > 10 cm em todas as 
técnicas de nucleação. Os regenerantes foram quantificados e coletados para 
posterior identificação com auxilio de literatura, consulta ao herbário HESA da 
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” e consulta a especialista. As 
espécies identificadas foram classificadas conforme suas formas de vida. 
 
 
4.3.2 - Transposição de Solo 
 
 
 Na técnica de nucleação por transposição de solo (Figura 10) os núcleos 
foram identificados com plaquetas de plástico numeradas e foram avaliados os 
seguintes indicadores, conforme planilha em anexo 1: 
 
• Número de espécies regenerantes: quantidade de espécies regenerantes 
encontrados durante a coleta; 
• Nome da espécie regenerante: identificação dos regenerantes. 
• Forma de vida: descrição dos hábitos de vida dos indivíduos divididos em: 
herbáceo = espécies vegetais com caule não lenhoso; arbustivo/arbóreo = 
 
 
 
39 
 
 
espécies vegetais com caule lenhoso acima de 1,5m e trepadeiras = 
indivíduos terrícolas, lenhosos ou herbáceos, cujo crescimento em altura 
depende da sustentação mecânica fornecida por outras plantas (Udulutsh et 
al. 2004); 
• Indício de fauna: descrição dos sinais ou marcas presentes na área que 
indiquem a presença de fauna, tais como: pegadas, penas, sementes 
zoocóricas, fezes, tocas, insetos e outros; 
• Espécies invasoras (%): avaliação da porcentagem de cobertura das espécies 
exóticas invasoras (gramíneas exóticas e outras), encontrados nos núcleos 
utilizando 4 níveis de infestação sendo: 1) 0 – 25%, 2) 26 – 50%, 3) 51 – 75%, 
4) 76 – 100%. 
 
 
 
FIGURA 10 - Técnica de transposição de solo na Fazenda Santo Antônio, fotografia tirada 
em 14 de agosto de 2010. 
 
 Fonte: A autora 
 
 
 
 
 
40 
 
 
4.3.3 - Poleiros Artificiais Secos 
 
 
 Nesta técnica (Figura 11) foram avaliados os mesmos indicadores 
apresentados na técnica anterior (transposição de solo), além dos seguintes 
parâmetros: 
• Riqueza de sementes: quantidade de sementes de espécies diferentes 
encontradas na área dos poleiros; 
• Densidade de sementes: número de sementes encontradas na área dos 
poleiros; 
 
 
 
FIGURA 11 - Poleiro seco com fixação de quatro bases no solo, fotografia tirada em 14 de 
agosto de 2010. 
 
 Fonte: A autora 
 
 
 
 
 
41 
 
 
4.3.4 - Núcleos de Anderson 
 
 
 Nos núcleos de Anderson (Figura 12) foram avaliados indicadores 
apresentados na técnica “transposição de solo”, além dos seguintes parâmetros: 
• Levantamento das espécies plantadas no núcleo: anotação dos nomes das 
mudas vindas do viveiro; 
• Cobertura de Copa: foi avaliada, com o auxílio de uma trena a projeção 
horizontal (sombreamento) da copa das mudas na superfície do solo no 
núcleo, onde é controlada a qualidade, quantidade e distribuição da luz, 
sendo que, a rapidez da cobertura é essencial para controlar o mato 
competição e a interceptação da água das chuvas nas copas, com isso, 
auxiliar na estabilização do solo (SMA, 2011). 
 
 
 
FIGURA 12 - Núcleos de Anderson na Fazenda Santo Antônio (círculo em amarelo 
"pioneiras", círculo em vermelho "não pioneiras"), fotografia tirada em 14 de agosto de 2010. 
 
 Fonte: A autora 
 
 
 
42 
 
 
4.3.5 -Transposição de Galharia 
 
 
 Nos núcleos de transposição de galharia (Figura 13) foram avaliados 
indicadores apresentados na técnica “transposição de solo”, além dos seguintes 
parâmetros: 
• Volume ocupado pela galharia: foram aferidos o volume da figura geométrica 
(formato de cubo), aproximada e formada pela distribuição dos galhos, 
utilizando a fórmula V = comp. x larg. X altura. 
• Taxa de decomposição da matéria orgânica da galharia (volume/meses): 
Através desta ao longo dos meses de amostra (fevereiro, março e abril), foi 
avaliado a velocidade de decomposição da galharia. 
 
FIGURA 13 - Leira da galharia em decomposição, fotografia tirada em 14 de agosto de 
2010. 
 
 Fonte: A autora 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 
 Durante avaliação da restauração nos núcleos foram encontrados 421 
regenerantes de 17 famílias, com as respectivas formas de vida: 1 Trepadeira 
(Malvaceae), 4 Arbustiva/Arbórea (Bignoniaceae, Fabaceae, Myrtaceae e 
Solanaceae) e 12 Herbácea (Amaranthaceae, Asteraceae, Fabaceae, 
Euphorbiaceae, Malvaceae, Melastomataceae, Onagraceae, Plantaginaceae, 
Poaceae, Rubiaceae e Solanaceae) e uma família não determinada (ND). 
 A técnica de nucleação que se mostrou a melhor facilitadora para o 
estabelecimento de regenerantes foi os núcleos de Anderson, com 290 
regenerantes. 
 Apenas 65 indivíduos de espécies Arbustivo/Arbóreas foram encontradas nas 
avaliações de regeneração natural na área de todos os núcleos, o que pode ser 
atribuído à alguns fatores como: 
• baixa eficiência ou inexistência de banco de sementes do solo; 
• dificuldade de germinação da semente e estabelecimento da plântula devido 
à mato competição por braquiária; 
• alto nível de predação de sementes; 
• escassez de dispersores de sementes. 
 
 
5.1 - Transposição de Solo 
 
 
 Seis meses após a implantação da técnica, conforme figura 14, foram 
encontrados na 1ª amostra, 19 regenerantes, considerando que os núcleos não 
foram irrigados, estes receberam influência das condições físicas do ambiente, como 
a luz e umidade do solo, devido às chuvas intensas nesse período, que favoreceu o 
recrutamento e estabelecimento das espécies (quadro 2). Já na 2ª e 3ª amostra o 
desempenho foi parecido, com evolução na quantidade de regenerantes em relação 
à 1ª amostra onde, 27 regenerantes foram encontrados, mas nesse período ocorreu 
 
 
 
44 
 
 
a manutenção na área e os núcleos de transposição foram afetados pela palhada 
residual da manutenção. 
 Das espécies encontradas na regeneração natural, apenas 03 eram espécies 
de forma de vida arbustivo/arbóreos, que posteriormente servirão de poleiro, e 
sombrearão a área para que os processos de sucessão secundária ocorram. No 
entanto, mesmo com a grande quantidade de espécies herbáceas regenerantes, 
estas não se apresentam como gramíneas invasoras e não trarão conseqüências 
negativas para os regenerantes arbustivo/arbóreos que conseguirem se estabelecer 
na área. 
 Em relação às espécies invasoras (gramíneas exóticas como braquiária e 
colonião) a porcentagem de infestação se manteve baixa (0 a 25%) no núcleo, 
porém, como citado anteriormente na 4ª amostragem percebeu – se que a palhada 
residual deixada durante as manutenções (figura 15), influenciou no 
desenvolvimento das espécies do núcleo de forma negativa, impedindo a 
germinação e ocasionando o abafamento dos regenerantes já estabelecidos. A 
quantidade de regenerantes sofreu um decréscimo(de 27 para 14 sobreviventes), 
deixando clara a ocorrência do fato citado acima. Quanto aos indícios de fauna 
foram avistadas abelhas, formigas, moscas, penas e fezes o que indica que o núcleo 
com transposição de solo atraiu a fauna disseminadora e o retorno da microfauna e 
mesofauna, para a recomposição da biota. 
 
 
 
 
 
45 
 
 
Transposição de Solo
19
27 27
14
Fevereiro Março Abril Maio
Meses
R
eg
en
er
an
te
s
 
FIGURA 14 - Quantidade de regenerantes encontrados nas amostras fevereiro à maio de 
2011. 
 
 
QUADRO 2 - Regenerantes encontrados na técnica de transposição de solo durante as 
amostragens de fevereiro a maio de 2011. Identificadas conforme APG II (SOUZA; 
LORENZI, 2008). 
Transposição de Solo 
 
Quantidade Família Nome científico Forma de vida 
2 Asteraceae Elephantopus mollis Kunth Herbácea 
1 Asteraceae Erechtites sp Herbácea 
1 Asteraceae Gamochaeta americana (Mill.) Wedd. Herbácea 
2 Asteraceae Gnaphalium spathulatum Burm. f. Herbácea 
1 Bignoniaceae Jacaranda mimosifolia D. Don Arbustiva/Arbórea 
2 Fabaceae Crotalaria sp Herbácea 
1 Malvaceae Sida linifolia Cav Herbácea 
 
 
 
 
 
46 
 
 
continuação 
2 Myrtaceae Psidium guajava L. Arbustiva/Arbórea 
1 Solanaceae Solanum americanum Mill. Herbácea 
1 Solanaceae Solanum mauritianum Scop. Arbustiva/Arbórea 
 
 
 
FIGURA 15 - Núcleo de transposição de solo afetado pela palhada residual da manutenção, 
fotografia tirada em 04 de maio de 2011. 
 
 Fonte: A autora 
 
 
5.2 - Poleiros Artificiais Secos 
 
 
 Conforme figura 16, na amostragem feita em fevereiro de 2011 não foram 
encontrados espécies regenerantes nos poleiros na 1ª coleta e, a baixa quantidade 
de espécies regenerantes se manteve durante as coleta seguinte, porém, a coleta 
mais relevante em relação a este dado aconteceu nos meses de abril e maio, onde 
foram encontradas 23 espécies regenerantes sendo 20 herbáceas e apenas 01 
 
 
 
47 
 
 
(Psidium guajava L.) e 02 (Solanum mauritianum Scop) arbustivo/arbóreas (quadro 
3). 
Poleiros Artificiais Secos
4
23
21
Fevereiro Março Abril Maio
Meses
R
eg
en
er
an
te
s
 
FIGURA 16 - Quantidade de regenerantes encontrados nos poleiros 
 
 
QUADRO 3 - Regenerantes encontrados nos poleiros artificiais secos durante as 
amostragens de fevereiro a maio de 2011. Identificadas conforme APG II (SOUZA; 
LORENZI, 2008). 
Poleiros Artificiais 
 
Quantidade Família Nome científico Forma de vida 
 
4 Asteraceae Emilia fosbergii Nicolson Herbácea 
2 Asteraceae Gamochaeta americana (Mill.) Wedd. Herbácea 
5 Asteraceae Gnaphalium spathulatum Burm. f. Herbácea 
2 Myrtaceae Psidium guajava L. Arbustiva/Arbórea 
em excesso Plantaginaceae Bacopa salzmannii Wettst. ex Edwall Herbácea 
em excesso Poaceae Brachiaria radicans Napper Herbácea 
4 Rubiaceae Richardia brasiliensis Gomes Herbácea 
3 Solanaceae Solanum americanum Mill. Herbácea 
1 Solanaceae Solanum mauritianum Scop. Arbustiva/Arbórea 
 
 
 
48 
 
 
 Durante a coleta de dados não foi avaliada a quantidade de avifauna que 
freqüentou os poleiros, no entanto, foram avistados pássaros pousando nos mesmos 
o que permitiu a chegada de 5 tipos de sementes não identificadas, que aqui 
chamamos de semente 01, 02, 03, 04 e 05 (quadro 4), mostrando a efetividade na 
utilização dos poleiros por estes dispersores entre fragmentos e ajudando no 
aceleramento do processo sucessional da área. Além dos pássaros, também foram 
visualizadas formigas, aranha d’água, penas (Figura 17), pegadas e fezes de aves 
(Figura 18), o que indica a recolonização desses núcleos. Devido à ocorrência das 
manutenções a porcentagem de espécies invasoras se manteve entre 0 e 25%. 
 
 
QUADRO 4 - Diversidade de sementes encontradas durante as amostras 
Riqueza de Sementes 
 
 Fevereiro Março Abril Maio 
Semente 01 76 7 0 0 
Semente 02 1 3 0 0 
Semente 03 14 0 0 0 
Semente 04 0 3 0 0 
Semente 05 0 0 3 0 
 
 
 Foram instalados 5 poleiros na área, destes, 2 quebraram pela ação do vento, 
e foram cortados pelo proprietário no primeiro mês de implantação, com isso, a 
distribuição dos poleiros na área foi afetada. Outro fator que justifica a baixa 
densidade de regenerantes na área dos poleiros foi à localização do poleiro 2, que 
encontra – se em cima de nascentes intermitentes que voltaram a aflorar na área 
após o cercamento e retirada do gado. Os regenerantes não conseguiram se 
estabelecer devido ao encharcamento do solo embaixo do poleiro. O melhor 
desempenho de regenerantes foi encontrado no poleiro 3 que estava bem próximo 
ao fragmento vegetacional remanescente, responsável pelo estabelecimento de 3 
espécies arbóreo/arbustivo. 
 
 
 
49 
 
 
 
FIGURA 17 - Penas encontradas na área dos poleiros, fotografia tirada em 16 de abril de 
2011. 
 
 Fonte: A autora 
 
 
 
FIGURA 18 - Fezes de aves na base dos poleiros, fotografia tirada em 16 de abril de 2011. 
 
 Fonte: A autora 
 
 
 
50 
 
 
5.3 - Núcleos de Anderson 
 
 
 Como mostrado na figura 19, logo na 1ª coleta foram encontrados 122 
regenerantes de 13 espécies, nos núcleos de Anderson. Na 2ª coleta os núcleos 
tinham passado por manutenção que provavelmente eliminou junto com as 
gramíneas invasoras alguns regenerantes, e ocorreu um pequeno decréscimo da 
quantidade de regenerantes encontrados (de 122 caiu para 97). Já na 3ª coleta o 
número de indivíduos voltou a subir (159 regenerantes) e, na 4ª coleta, realizada em 
maio de 2011 foram encontrados 282 regenerantes, um importante progresso no 
estabelecimento destes indivíduos. Das 17 famílias encontradas em todos os 
núcleos, 13 ocorreram nos núcleos (quadro 5) e ainda, foram visualizadas formigas 
(Figura 20), fezes, penas. 
 
 
Núcleos de Anderson
122
97
159
282
Fevereiro Março Abril Maio
Meses
R
eg
en
er
an
te
s
 
FIGURA 19 - Quantidade de regenerantes encontrados nas amostras fevereiro à maio de 
2011. 
 
 
 
51 
 
 
 
FIGURA 20 - Indício de formigueiro na área dos núcleos de Anderson, fotografia tirada em 
26 de março de 2011. 
 
 Fonte: A autora 
 
 
 Conforme figura 21, notou – se uma alta mortalidade de mudas plantadas nos 
núcleos 05, 08, 09,10 e 11. O encharcamento provocado por nascentes 
intermitentes que afloram em diversos pontos da área foi o principal causador dessa 
mortalidade, pois, as mudas não suportaram o excesso de água. Outros fatores que 
podem ter influenciado na mortalidade dos indivíduos foi à interferência com 
herbicida glifosato aplicada pelo proprietário (Figura 22) entre os núcleos e a 
presença de vários formigueiros de saúvas (formigas cortadeiras) (Figura 23). 
 
 
 
 
 
52 
 
 
0
1
2
3
4
5
6
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12 A13 A14 A15
Núcleos de Anderson
M
or
ta
lid
ad
e
Fevereiro
Março
Abril
Maio
 
FIGURA 21 - Mortalidade das mudas plantadas nos núcleos de Anderson. O eixo X 
representa os núcleos de Anderson numerados de 1 a 15 na área de estudo. 
 
 
 
FIGURA 22 - Aplicação de herbicida glifosato entre os núcleos, fotografia tirada em 04 de 
maio de 2011. 
 
 Fonte: A autora 
 
 
 
53 
 
 
 
FIGURA 23 - Grande concentração de formigueiros na área dos núcleos de Anderson, 
fotografia tirada em 04 de maio de 2011. 
 
 Fonte: A autora 
 
 
 Durante todos os meses de amostragem foram avaliadas a cobertura de copa 
de todas as mudas plantadas nos núcleos de Anderson (Figura 24) onde, a trena foi 
esticada de forma aleatória a cada coleta, com isso, em algumas amostragens foram 
coletados dados de espécies com arquitetura de copa mais aberta e em outro mês 
as espécies amostradas não tinham a mesma arquitetura de copa, o que pode ter 
influenciado nos resultados de março e abril, no entanto, fica evidente o aumento da 
biomassa dos indivíduos plantados ao longo das amostragens e consequentemente 
do sombreamento desde a primeira avaliação (6,52%) até a última (23,36%) (Figura 
25). 
 
 
 
54 
 
 
 
FIGURA24 - Cobertura de copa das mudas plantadas nos núcleos, fotografia tirada em 04 
de maio de 2011. 
 
 Fonte: A autora 
 
 
Núcleos de Anderson
6,52%
10,72%
6,82%
23,36%
Fevereiro Março Abril Maio
Meses
C
ob
er
tu
ra
 d
e 
C
op
a 
(%
)
 
FIGURA 25 - Cobertura de Copa das mudas plantadas em núcleos de Anderson 
 
 
 
 
55 
 
 
QUADRO 5 - Regenerantes encontrados nos núcleos de Anderson durante as amostragens 
de fevereiro a maio de 2011. Identificadas conforme APG II (SOUZA; LORENZI, 2008). 
Núcleos de Anderson 
 
Quantidade Família Nome científico Forma de vida 
1 Amaranthaceae Alternanthera ficoidea (L.) P. Beauv Herbácea 
6 Asteraceae Ageratum conyzoides L Herbácea 
1 Asteraceae Conyza bonariensis (L.) Cronquist Herbácea 
1 Asteraceae Emilia fosbergii Nicolson Herbácea 
11 Asteraceae Erechtites sp Herbácea 
8 Asteraceae Erigeron bonariensis L. Herbácea 
18 Asteraceae Gamochaeta americana (Mill.) Wedd. Herbácea 
56 Asteraceae Gnaphalium spathulatum Burm. f. Herbácea 
1 Asteraceae 
Orthopappus angustifolius (Sw.) 
Gleason Herbácea 
3 Asteraceae Sida cordata (Burm. f.) Borss. Waalk. Herbácea 
4 Bignoniaceae Jacaranda mimosifolia D. Don Arbustiva/Arbórea 
1 Bignoniaceae Tabebuia sp Arbustiva/Arbórea 
4 Euphorbiaceae Ricinus communis L. Herbácea 
2 Fabaceae Cassia polyphylla Jacq. Herbácea 
5 Fabaceae Crotalaria sp Herbácea 
1 Fabaceae Morfo spp 1 Arbustiva/Arbórea 
1 Fabaceae Sweetia sp Arbustiva/Arbórea 
2 Malvaceae 
Malvastrum coromandelianum (L.) 
Garcke Herbácea 
2 Malvaceae Sida linifolia Cav Herbácea 
5 Malvaceae Sida rhombifolia L. Herbácea 
2 Melastomataceae Rhynchanthera cordata DC. Herbácea 
2 Myrtaceae Eugenia uniflora L. Arbustiva/Arbórea 
14 Myrtaceae Psidium guajava L. Arbustiva/Arbórea 
1 Onagraceae Ludwigia nervosa (Poir.) H. Hara Herbácea 
em excesso Plantaginaceae Bacopa salzmannii Wettst. ex Edwall Herbácea 
69 Plantaginaceae Scoparia dulcis L. Herbácea 
2 Poaceae Brachiaria radicans Napper Herbácea 
31 Rubiaceae Borreria verticillata (L.) G. Mey. Herbácea 
11 Solanaceae Solanum americanum Mill. Herbácea 
25 Solanaceae Solanum mauritianum Scop. Arbustiva/Arbórea 
 
 
 
 
 
56 
 
 
5.4 - Transposição de Galharia 
 
 
 Ao longo dos meses a tendência é que estes núcleos se decomponham e 
forneçam matéria orgânica ao solo, favorecendo a germinação e crescimentos das 
espécies e, conforme figura 26 ao longo dos meses amostrados percebeu – se 
alterações quanto ao volume ocupado pela galharia devido à variação (aumento das 
medidas) durante as coletas. Este fato ocorreu porque houve a recomposição dos 
núcleos de galharia, (acréscimo de mais galhos) durante as manutenções, ocorridas 
neste período. 
 Mesmo com esta recomposição, foi notável a decomposição da matéria 
orgânica em relação à 1ª e 4ª coleta (Figura 27), mostrando a efetividade nos 
resultados como, por exemplo, a atração da fauna para a área e inibição de 
gramíneas invasoras. 
 Outro aspecto importante durante as coletas foram os fungos encontrados em 
todas as leiras de galharia (Figura 28), pois estes são essenciais na decomposição 
da matéria orgânica. As leiras já estão servindo como fonte de alimento aos 
decompositores. Em todas as leiras foram observados também, cupins que auxiliam 
na decomposição da madeira. 
 Em alguns núcleos da galharia encharcados pelo afloramento do lençol 
freático, foram encontrados girinos e aranha d’água, mostrando a eficiência da 
técnica na formação de um microclima apropriado para a sobrevivência destes. 
Outros indícios de fauna encontrados foram: formigas, abelhas, fezes, cascas de 
besouro, pássaros e penas, evidenciando o resgate das funções ecológicas. 
 
 
 
 
 
57 
 
 
 
Transposição de Galharia
0
5
10
15
20
25
30
G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9
V
ol
um
e 
de
 o
cu
pa
çã
o 
(m
³)
Fevereiro
Março
Abril
Maio
 
FIGURA 26 - Volume de ocupação da galharia nas amostras de fevereiro à maio de 2011 
 
 
 
Taxa de decomposição da matéria orgânica nos 
núcleos ao longo dos meses de coleta
0
1
2
3
4
5
6
7
G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9
Transposição de Galharia
m
³/
te
m
p
o
Fevereiro
Março
Abril
Maio
 
FIGURA 27 - Velocidade que a matéria orgânica se decompõe ao longo dos meses de 
coleta 
 
 
 
 
 
58 
 
 
 
FIGURA 28 - Fungos encontrados nas leiras da galharia, fotografia tirada em 04 de maio de 
2011. 
 
 Fonte: A autora 
 
 
 Em relação aos indivíduos regenerantes na galharia (Figura 29), já na 1ª 
coleta foi significativa a quantidade de regenerantes encontrados (65), na 2ª coleta a 
quantidade de indivíduos encontrados dobrou (129). Nas coletas seguintes (abril e 
maio), ocorreu um decréscimo para 93 indivíduos regenerantes. Alguns destes 
núcleos de transposição estavam em áreas encharcadas e também foi feito 
interferência de herbicida glifosato na borda dos núcleos (pelo proprietário), o que 
pode ter contribuído para a mortalidade destes regenerantes. 
 Como observado no quadro 6, a galharia mostrou – se eficaz no 
estabelecimento de 97 indivíduos regenerantes onde, 86 eram espécies herbáceas, 
01 trepadeira e somente 10 eram de forma de vida arbustivo/arbóreo. 
 
 
 
 
 
59 
 
 
Transposição de Galharia
65
129
93 95
Fevereiro Março Abril Maio
Meses
R
eg
en
er
an
te
s
 
FIGURA 29 - Regenerantes encontrados na técnica de transposição de galharia 
 
 
QUADRO 6 - Regenerantes encontrados na transposição de galharia durante as 
amostragens de fevereiro a maio de 2011. Identificadas conforme APG II (SOUZA; 
LORENZI, 2008). 
Transposição de Galharia 
 
Quantidade Família Nome científico Forma de vida 
5 Amaranthaceae Alternanthera ficoidea (L.) P. Beauv Herbácea 
4 Asteraceae Ageratum conyzoides L Herbácea 
16 Asteraceae Erigeron bonariensis L. Herbácea 
8 Asteraceae Gnaphalium spathulatum Burm. f. Herbácea 
1 Asteraceae Sida cordata (Burm. f.) Borss. Waalk. Herbácea 
1 Asteraceae Sonchus oleraceus L. Herbácea 
7 Fabaceae Crotalaria sp Herbácea 
1 Malvaceae Sida cordata (Burm. f.) Borss. Waalk. Trepadeira 
 
 
 
 
 
60 
 
 
continuação 
8 Melastomataceae Rhynchanthera cordata DC. Herbácea 
1 ND Morfo spp 2 Herbácea 
2 Onagraceae Ludwigia nervosa (Poir.) H. Hara Herbácea 
em 
excesso Plantaginaceae Bacopa salzmannii Wettst. ex Edwall Herbácea 
10 Plantaginaceae Scoparia dulcis L. Herbácea 
8 Rubiaceae Borreria verticillata (L.) G. Mey. Herbácea 
14 Solanaceae Solanum americanum Mill. Herbácea 
10 Solanaceae Solanum mauritianum Scop. Arbustiva/Arbórea 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
61 
 
 
6 - CONCLUSÃO 
 
 
 Este trabalho pode verificar que a retirada do fator de degradação trouxe bons 
resultados para a regeneração da área com o retorno do afloramento de nascentes 
antes soterradas pelo pisoteio do gado. Com isso o volume e a qualidade da água 
na propriedade aumentaram (ressurgimento de nascentes intermitentes ao longo da 
área em restauração) trazendo benefícios para a biodiversidade da microbacia e 
para a população abastecida por essas águas. 
 Apesar da proximidade a uma fonte de propágulos preservada (fragmento 
remanescente de Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Paludosa), verificou-
se uma baixa densidade de espécies regenerantes arbóreo/arbustivo nos núcleos. 
Esse resultado pode estar sendo influenciado negativamente pela área em 
restauração estar adjacente a uma matriz canavieira, porém os resultados durante 
os meses avaliados vêm sofrendo uma progressiva melhora em relação ao 
recrutamento dos indivíduos regenerantes. 
 As técnicas utilizadas visam potencializar o resgate da funcionalidade 
ecológica da área degradada, e isto vem ocorrendo na área em questão, como por 
exemplo, nos poleiros artificiais, pois, foram observadas diversas sementes e fezes 
de pássaros nesta técnica, portanto, fica evidente a utilização da avifauna pelos 
mesmos e a eficácia das técnicas utilizadas na área

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