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SANTOS, Juvandi de Souza; CARVALHO, Juliana Carla Silva de. Megafauna Pleistocênica da América do Sul: Análise tafonômica do Haplomastodon waringi, escavado na Lagoa Salgada, Areial, Paraíba, Brasil. Campina Grande: Cópias & Papéis, 2014. A Paleontologia é muito mais que dinossauros”. Essas foram algumas poucas palavras das muitas ditas pelo Professor e Doutor Márcio Mendes ao comentar sobre a brilhante obra aqui resumida. E de fato, ela não é somente isso, o presente trabalho certificou essa afirmação de forma magnífica, com riqueza de informações e detalhes. Nascida em uma cidade com riqueza de vestígios paleontológicos espalhadas pelas suas redondezas, cada página lida da obra de Juvandi e Juliana me instigavam a querer saber ainda mais. O livro aqui resumido me impressiona pela sua escrita, feita de forma clara e simples, mas bem objetiva e minuciosa, que agrada tanto estudiosos da área, quanto pessoas que tiveram pouco acesso (ou até mesmo nenhum) acerca dos assuntos nele abordados. Impressiona pelas imagens e ilustrações nele inseridas: explicativas, interessantes, únicas e muito curiosas. E claro, impressiona pelas quantidades de informações, que surge da coleta de dados do animal (Haplomastodon waringi), e a partir disso, traz abordagens acerca dos processos de análise, das características da espécie, de sua extinção, entre outros temas relacionados. A obra é divindade em três capítulos, o primeiro faz a apresentação da megafauna pré-histórica das Américas; o segundo, sobre todo o processo e metodologia usada na escavação; e o terceiro, faz o levantamento (resultados e discussões) sobre o fóssil da espécie Haplomastodon waringi da Lagoa Salgada. Logo no início, há a explanação dos fatos sobre a época Pleistocênica, que é dividida em: idades Inferiores, Médio e Superior, sendo lido, sempre, do mais antigo para o mais moderno (SANTOS, 2009c). Além de explicar de forma clara como foi cada um desses momentos, ainda discorre sobre características das plantas e alguns animais que viveram durante o período. Sobre suas condições ambientais, que passaram de: ideais para animais gigantes na sua fase inicial (com enormes savanas), para favoráveis a grande extinção na fase final (que foi fundamental para a espécie humana). E, ocorrendo essa grande extinção da megafauna pleistocênica, o livro discorre sobre como, quando e quantas espécies foram extintas nesse período, e quais os fatos que contribuíram para essa extinção. De fato, foram vários. Que vão desde as mudanças climáticas acentuadas, até o aparecimento de novas espécies e, consequentemente, a extinção de outras. Com o aparecimento da espécie Konomidae, por volta dos 6 ou 7 milhões de anos A.P., (SANTOS, 2013), no mínimo ocorreram 3 grandes processos de extinção. Outro ponto interessante para mim, foi conhecer os animais extintos da pré- história, como: bestas, mamutes, elefantes, dentes-de-sabre, cavalo, camelos, rinocerontes, tatus, preguiças, entre vários outros animais, que (detalhe) eram gigantes. A megafauna pleistocênica paraibana, segundo Bergqvist (1989), a Paraíba é considerada um dos Estados brasileiros mais ricos em fósseis Mesozóicos e Cenozóicos. A obra nos mostra claramente os principais registros encontrados no estado, bem como seu estado de preservação e local de coleta. O capítulo dois vem logo após, nos mostrando um outro lado da pesquisa, mas não menos interessante. Aqui, o local da área estudado foi explanado de forma completa, com mapas e informações precisas. Quanto as escavações, ocorreram durante 4 dias (28 a 31 de janeiro de 2008), na fase que a lagoa estava sem água. No último capítulo uma introdução acerca da ciência tafonômica é realizada. Em sua etimologia, Tafonomia vem do grego: tafos = sepultamento; nomos = leis (MENDES, 1982). Com o estudo tafonômico realizado, é possível, por exemplo, identificar se houve ataque de espécies carnívoras, pela observação das marcas encontradas nos ossos. As análises tafonômicas também indicam possíveis mudanças paleoambientais na região examinada nos últimos 20 ou 30 mil anos. Com seus dados, podemos conhecer os processos que existiram na preservação do resto da megafauna pleistocênica, permitindo expansão e melhoria de pesquisas. Essa ciência é, de fato, impressionante! Por fim, os autores descrevem os detalhes e conclusões que poderiam ter levado algumas extinções, em especial a espécie estudada. Como competição por alimentos, clima quente e mudanças climáticas severas por meio de levantamento bibliográfico envolvendo o Paleoambiente, pode perceber-se que na área estudada a vegetação do tipo arbórea era pouca, podendo ter provocado competição pelo alimento. Havia também diversas mudanças. O local onde a espécie foi encontrada é um local baixo, sendo possível o acúmulo de água, o que chamava a atenção dos animais. Sendo assim, o mastodonte poderia ter sido atolado no sedimento viscoso, uma possível causa de morte. Enfim, os autores terminam seu trabalho com a certeza que trouxeram mais luz e conhecimentos para a comunidade. O escritor Juvandi de Souza atualmente segue como Paleontólogo muito atuante e Professor na Universidade Estadual da Paraíba, onde desenvolve inúmeras atividades marcantes. Sua atuação é de suma importância para a Paleontologia a nível mundial. Maria Angélica Fernandes da Silva – Graduanda do curso de Ciências Biológicas, na Universidade Estadual da Paraíba.
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