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8 Processo Penal Aplicado

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Direito Processual Penal
Aplicado
Aula 8 - As provas em espécie: O interrogatório e a
con�ssão. A delação premiada e as previsões legais.
A prova testemunhal.
INTRODUÇÃO
Nesta aula, você irá identi�car as provas em espécie, visando ao processo penal, inserido na complexidade do ritual judiciário, para
fazer uma reconstrução (aproximativa) de um fato passado. 
Você irá compreender que por meio das provas o processo pretende criar condições para que o juiz exerça sua atividade recognitiva
a partir da qual se produzirá o convencimento externado na sentença.
OBJETIVOS
Reconhecer as provas em espécie: do interrogatório e da con�ssão. A delação premiada e as previsões legais.
Analisar a prova testemunhal.
INTERROGATÓRIO:
É ato processual, no qual o juiz ouve o acusado, perguntando acerca dos fatos que lhe são imputados, dando a este último
oportunidade para que, se quiser, deles defenda, pois, optando pelo silêncio, o réu estará assegurado constitucionalmente, não
sendo tomado como prova.
NATUREZA JURÍDICA DO INTERROGATÓRIO
Não há consenso entre os doutrinadores em relação à natureza jurídica do interrogatório, que pode ser classi�cado, de acordo com
cada uma das correntes, em:
Meio de defesa - por entender-se que, embora as declarações do réu possam fornecer ao juiz elementos que permitam o
descobrimento da verdade, o interrogatório (audiência em que se colhem as declarações) não está preordenado para essa
�nalidade, mas para permitir a contestação da acusação.
Meio de defesa e de prova - a natureza mista do interrogatório derivaria de sua dupla �nalidade: facultar ao réu que negue a conduta
ou a explique, mas também possibilitar a colheita, pelo juiz, de elementos de convicção.
De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, o interrogatório é, eminentemente, meio de defesa:
Fonte:
Dúvida não há, no entanto, de que poderá constituir fonte de prova, sempre que o acusado alegar a ocorrência de determinado fato
ou circunstância.
CARACTERÍSTICAS DO INTERROGATÓRIO
Ato personalíssimo
Já que só o acusado (ou o querelado) pode ser interrogado, sem que haja possibilidade de ser substituído por outrem no ato
(defensor, curador etc.). Na hipótese de interrogatório de pessoa jurídica acusada de crime ambiental (art. 225, § 3º, da CF), será
ouvido o representante que for indicado pela ré, ainda que não seja seu representante legal, uma vez que esse pode não ter
conhecimento do fato.
Ato oral
Pois se perfaz, em regra, por meio de palavras.
Ato não sujeito à preclusão
À medida que pode ser praticado a qualquer tempo.
Ato público
Uma vez que, salvo excepcionalmente, qualquer pessoa pode presenciá-lo.
Ato bifásico
Porque constituído de duas partes, uma sobre a pessoa do acusado (interrogatório de quali�cação), e, outra, sobre os fatos
(interrogatório de mérito).
OBRIGATORIEDADE E OPORTUNIDADE
O caráter obrigatório do interrogatório relaciona-se à necessidade de o juiz ouvir o réu presente, constituindo nulidade a
inobservância do dever em questão (art. 564, III, e, do CPP). 
A falta de interrogatório é considerada nulidade de natureza relativa pelo Supremo Tribunal Federal, embora haja doutrinadores que
atribuam caráter insanável à referida eiva. 
Nesse sentido:
 
A ocasião adequada para a realização do interrogatório é a audiência de instrução e julgamento, depois das declarações do
ofendido. 
 
Clique aqui (glossário) e saiba mais sobre a realização do interrogatório.
DIREITO AO SILÊNCIO
Muito embora a Constituição faça menção apenas ao preso como titular do direito ao silêncio (art. 5º, LXIII, CF), enraizou-se, em
nosso ordenamento jurídico, o entendimento de que a todo investigado ou acusado é garantido o privilégio contra a
autoincriminação, segundo o qual ninguém pode ser obrigado a produzir prova contra si (nemo tenetur se detegere). 
Daí decorre a previsão, no texto legal, de que o acusado deva ser informado, antes do início do interrogatório, do seu direito de
permanecer em silêncio e de não responder a perguntas que lhe forem dirigidas (art. 186, caput, do CPP).
 
Entende-se, todavia, que o direito ao silêncio pode ser exercitado, apenas, no tocante ao interrogatório de mérito, já que a
prerrogativa não socorre o acusado no que diz respeito às indagações relativas à sua quali�cação, cujas respostas não têm
conteúdo defensivo. 
 
Em relação a isso, adverte Guilherme de Souza Nucci que:
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/GON873/galeria/aula8/docs/aula8_01.pdf
O direito ao silêncio deve ser respeitado tanto no interrogatório judicial como no interrogatório policial, resultando, da infringência ao
dever de a autoridade comunicar o investigado ou réu acerca da prerrogativa, a nulidade do ato e de outros que dele dependam.
O exercício do direito ao silêncio, por outro lado, não pode gerar qualquer re�exo negativo para o réu, o que autoriza a conclusão de
que não foi recepcionada pelo atual sistema constitucional a parte �nal do art. 198 do Código, que prevê que o silêncio “poderá
constituir elemento para a formação do convencimento do juiz”.
O juiz deve, portanto, desconsiderar, para �ns de análise da prova, a circunstância de o acusado ter silenciado, na medida em que
esse comportamento não pode gerar presunção de culpabilidade.
 
Para fazer valer, perante o júri, a prerrogativa que garante ao acusado não ser prejudicado por ter-se mantido em silêncio, o art. 478,
II, do Código de Processo Penal dispõe que, durante os debates, as partes não poderão fazer menção ao silêncio do acusado.
Pretendeu o legislador, com isso, evitar que, no julgamento realizado por íntima convicção, o exercício do direito ao silêncio pudesse
in�uir na decisão dos jurados, de modo a prejudicar o réu.
Saiba mais
, Na Lei 12.850/13, art. 4º, § 16, que trata das organizações criminosas, porém, o colaborador renuncia expressamente ao direito de permanecer
calado e se compromete a dizer a verdade sobre tudo o que lhe for perguntado, tanto quando interrogado pela autoridade policial quando
interrogado em juízo, sob pena de invalidar a sua colaboração e os benefícios acordados.
PARTICIPAÇÃO DO DEFENSOR
A presença do defensor, constituído ou nomeado, no interrogatório judicial foi erigida pelo art. 5º, LXIII, da Constituição Federal e
pelo art. 185, caput, do Código de Processo Penal a condição de validade do ato. Exigindo a presença do defensor, prestigiam-se o
efetivo exercício da defesa técnica e sua integração com a autodefesa,
Atenção
, Acaso o advogado constituído pelo acusado, apesar de regularmente intimado, não esteja presente no momento do interrogatório (ou seja, na
audiência de instrução e julgamento), poderá o juiz nomear defensor para o ato, sem que isso importe em nulidade.
 
RÉU
Além da presença do defensor, o juiz deve assegurar ao réu, em qualquer modalidade de interrogatório (presencial ou por
videoconferência), a possibilidade de entrevistar-se reservadamente com seu advogado (art. 185, § 5º, do CPP).
 
TESTEMUNHAS
Como o interrogatório tem lugar, em regra, na mesma audiência em que são ouvidos ofendido e testemunhas, é necessário que o
juiz, depois de colher a narrativa da vítima e a prova testemunhal, permita que o réu mantenha contato com o defensor antes de ser
interrogado.
Fonte:
Malgrado haja previsão de observância das normas relativas ao interrogatório judicial ao interrogatório realizado na fase policial
(art. 6º, V, do CPP), é desnecessária a adoção, na etapa inquisitorial, das cautelas exigidas em decorrência da instalação do
contraditório, tais como a presença obrigatória de defensor e a possibilidade de reperguntas.
O réu solto será interrogado ao comparecer perante a autoridade judiciária, ou seja, no lugar em que estiver sediado o órgão julgador
(art. 185, caput, do CPP). 
Desejando, porém, diminuir os riscos e despesas inerentes ao transporte de presos do estabelecimento em que estejam recolhidos
até a sede do juízo, o legislador estabeleceu que o interrogatório do acusado preso será feito no estabelecimento em que se
encontrar(art. 185, § 1º, do CPP). Criou-se, portanto, exceção à regra de que os atos processuais devem ser praticados na sede do
juízo.
Atenção
, De ver-se, entretanto, que, em atenção à necessidade de garantir a incolumidade dos sujeitos processuais (juízes, promotores, advogados,
auxiliares da justiça) e, ainda, em atenção aos princípios constitucionais da ampla defesa e da publicidade dos atos processuais, condicionou-
se a realização do interrogatório em dependências de estabelecimento prisional à existência de sala própria onde esteja garantida a segurança
de tais pessoas, a presença do defensor e a publicidade. 
Caso contrário, o réu deverá ser requisitado e escoltado até a sede do juízo para que ali seja interrogado. A realização do interrogatório no
presídio, no entanto, é providência raríssima, já que a concentração de todos os atos instrutórios em uma única audiência (art. 400, caput, do
CPP, com a redação dada pela Lei n. 11.719/2008) é incompatível com aquela providência, pois não é razoável que ofendido, testemunhas e
todos os demais atores processuais dirijam-se ao estabelecimento prisional para participar do ato. 
O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que é possível a realização do interrogatório por meio de carta precatória, sem que isso importe em
ofensa ao princípio da identidade física do magistrado (CC 99.023/PR, julgado pela Terceira Seção).
A controvérsia em torno da possibilidade, à luz dos princípios constitucionais, de realização de interrogatório por meio de
videoconferência existe em razão da circunstância de que a medida representa mitigação ao direito de presença do acusado, um
dos componentes da autodefesa.
Com a edição da Lei n. 11.900/2009, o Código passou a prever expressamente a possibilidade de realização de interrogatório por
videoconferência, mantendo-se o acusado no presídio, quando o juiz, de ofício, ou em razão de requerimento das partes, veri�car a
existência de uma das seguintes situações excepcionais que justi�cam a mitigação do direito de presença (art. 185, § 2º, do CPP). 
Da decisão que determinar o interrogatório por videoconferência, as partes deverão ser intimadas com 10 dias de antecedência.
Ao réu é assegurado o direito de acompanhar os depoimentos das testemunhas pelo mesmo sistema de videoconferência e de
comunicar-se com seu defensor, por meio de canais telefônicos reservados, antes e durante a audiência.
CONTEÚDO DO INTERROGATÓRIO
PRIMEIRA PARTE
Na primeira parte do interrogatório, também chamada interrogatório de quali�cação, o acusado será perguntado sobre a residência,
meios de vida ou pro�ssão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa — notadamente se foi preso ou
processado alguma vez —, assim como acerca de outros dados familiares e sociais (art. 187, § 1º, do CPP). Ver também art. 68, Lei
de Contravenções Penais.
SEGUNDA PARTE
Na segunda parte, denominada interrogatório de mérito, as indagações serão relativas à veracidade da imputação, ao local em que
ele se encontrava ao tempo da infração, às provas já apuradas, ao conhecimento de testemunhas, vítimas e de instrumentos
utilizados para a prática do delito, bem como acerca de eventual fato ou circunstância que auxilie sua defesa (art. 187, § 2º, do
CPP).
INTERVENÇÃO DAS PARTES
Importa registrar que, até o advento da Lei n. 10.792/2003, o interrogatório realizava-se com a intervenção exclusiva do juiz, sem
que a acusação e o defensor pudessem interferir no ato (falava-se, por isso, em judicialidade do ato). 
Com as alterações introduzidas pelo citado diploma legal, as partes passaram a ter a possibilidade de, após as indagações do juiz,
sugerirem perguntas ao magistrado (art. 188 do CPP), sem que possam, porém, interrogar diretamente o acusado (“cross
examination”). Manteve-se, portanto, o sistema presidencialista de inquirição em relação ao interrogatório. 
No Tribunal do Júri, todavia, uma vez encerradas as indagações do juiz, o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor
poderão, diretamente, dirigir perguntas ao acusado (art. 474, § 1º, CPP). Apenas os jurados devem interrogar o réu por intermédio do
juiz (art. 474, § 2º CPP). 
Embora somente em relação à instrução em plenário do Júri haja previsão da ordem de endereçamento das reperguntas ao
acusado, não há dúvida de que a norma do art. 474, § 1º, do Código de Processo Penal aplica-se analogicamente aos demais
procedimentos, o que autoriza a conclusão de que o Ministério Público (ou querelante) deve formulá-las antes do defensor. 
Havendo litisconsórcio passivo, ou seja, mais de um acusado, cada um deles será interrogado separadamente, já que o Código veda
o interrogatório conjunto (art. 191 do CPP), devendo ser assegurado aos corréus o direito de formular perguntas, por intermédio de
advogado, ao corréu que estiver sendo interrogado. Nesse sentido:
 
 
MODALIDADES ESPECIAIS DE INTERROGATÓRIO
Pessoas portadoras de necessidades especiais
O art. 192 do Código, que regula o interrogatório de pessoas portadoras de necessidades especiais em razão de de�ciência relativa
à fala (mudo), à audição (surdo) ou a ambos os sentidos (surdo-mudo), excepciona o princípio da oralidade que informa a atividade
probatória em geral, na medida em que prevê algumas formas de manifestação escrita do interrogando.
 
Assim é que ao mudo são endereçadas perguntas orais, que ele responderá por escrito; se surdo o interrogado, far-se-ão perguntas
escritas, e as respostas serão orais; acaso se trate de surdo-mudo, as perguntas e respostas serão escritas. 
Se o interrogando mudo, surdo ou surdo-mudo for analfabeto, haverá necessidade de auxílio de intérprete que o entenda, vedada, ao
juiz, “qualquer forma de utilização de mímica, sob pena de se ofender o método de colheita do depoimento, expressamente previsto
em lei”.
Na prática forense, é comum que o juiz tome conhecimento das limitações sensoriais do acusado apenas no momento do
interrogatório, circunstância que o leva a valer-se, para efetivação do ato, de indevidas gesticulações ou, até mesmo, do auxílio de
familiares do réu, que acabam, de forma rudimentar, intermediando as comunicações com o interrogando, o que é de todo
desaconselhável, pois, diferentemente dos intérpretes, os parentes do acusado não têm imparcialidade nem conhecimento técnico
que lhes permita interpretar, com exatidão, o exato teor das manifestações. 
Na hipótese de o acusado não se expressar pela língua portuguesa, deverá ser interrogado com o auxílio de um intérprete (art. 193
do CPP), que se incumbirá de formular ao réu as perguntas feitas pelo juiz e a esse transmitir as respostas oferecidas pelo
interrogando. Essa providência deve ser adotada mesmo que o juiz conheça o idioma por qual se expressa o acusado. 
Em quaisquer das exceções expostas acima, o não acatamento ferirá o principio da ampla defesa, direito constitucional
assegurado. Ausência de interrogatório no curso da ação: há dois posicionamentos, a nulidade relativa a nulidade absoluta. Este
último é prevalecente, pois que viola a ordem constitucional da ampla defesa.
ESPÉCIES DE CONFISSÃO
 
Fonte:
Obs.: Não há con�ssão �cta ou presumida, pois como diz: “Quem cala não diz nada”, ou seja, o silêncio não gera o efeito de
con�ssão.
Delação ou chamamento de corréu
é a atribuição da prática do crime por terceiro, feita pelo acusado, em seu interrogatório e pressupõe que o delator também
confesse a sua participação
Delação premiada
ver leis 12.850/13, art. 4º; 9613/98, art. 1º, § 5º; 8072/90, art. 8º § único, 9807/99, art. 14, 11.343/06, art. 41 
Clique aqui (glossário) e saiba mais. 
PROVA TESTEMUNHAL
Conceito: Toda pessoa pode ser testemunha, art. 202 do CPP. Porém, em sentido estrito, testemunha é todo estranho, equidistante
das partes, chamado ao processo para falar sobre os fatos perceptíveis a seus sentidos relativos ao objeto do litígio. É convocada
pelo juiz, por iniciativa própria ou a pedido das partes, para depor em juízo sobre os fatos sabidos e concernentes à causa.
Testemunha éa pessoa física distinta dos sujeitos processuais chamada a juízo para prestar informações sobre fatos relacionados
à infração, mediante assunção de compromisso de dizer a verdade. 
Esse conceito permite concluir, desde logo, que o conteúdo do testemunho é um fato, daí por que o art. 213 do Código de Processo
Penal prevê que “o juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da
narrativa do fato”.
CAPACIDADE PARA TESTEMUNHAR
Em regra, toda pessoa pode servir de testemunha (art. 202 do CPP), sem que se exija qualquer qualidade ou requisito para que
possa ser ouvida nessa condição.
Atenção
, É inadmissível, portanto, que se interdite a possibilidade de alguém testemunhar em razão de condição ou qualidade pessoal, como a pro�ssão
ou função, o grau de escolaridade, a capacidade intelectual, a condição social etc. Até mesmo as crianças e os portadores de doença ou
incapacidade mental podem testemunhar, incumbindo ao juiz estabelecer o valor devido às suas palavras.
A lei prevê expressamente as hipóteses em que determinadas pessoas, em razão da pro�ssão, função, ministério ou ofício que
exercem, estão proibidas de depor (art. 207 do CPP). Tal proibição, porém, alcança apenas aos fatos em relação aos quais tenha o
dever de guardar sigilo, não constituindo impedimento para que essa pessoa funcione como testemunha em todo e qualquer caso. 
Por ex.: Embora o advogado esteja impedido de testemunhar em processo movido contra cliente que lhe con�denciou segredo,
nada obsta que preste testemunho em um crime de homicídio que presenciou ser praticado por pessoa que lhe era desconhecida.
TESTEMUNHO DE POLICIAIS
Paci�cou-se o entendimento de que, tal como qualquer outra pessoa, os servidores policiais não estão impedidos de testemunhar e
o valor de suas declarações é pleno, desde que prestados de forme �rme, coerente com as demais provas e sem contradições. A
propósito:
 
OITIVA DE AUTOR DA INFRAÇÃO COMO TESTEMUNHA
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/GON873/galeria/aula8/docs/aula8_02.pdf
Pode ocorrer que, em razão de alguma contingência, uma ou mais pessoas a quem se atribui a prática da infração não seja
processada em litisconsórcio com os demais acusados, como, por exemplo, na hipótese de ter sido bene�ciado pela transação
penal, de ter obtido perdão judicial ou no caso de ter ocorrido o desmembramento do feito. 
É possível, ainda, que, apesar de denunciado, o corréu não seja interrogado, porque se bene�ciou da suspensão condicional do
processo. Em tais situações, não é possível, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, sua oitiva na qualidade de
testemunha ou de informante. Excetua-se, porém, a hipótese de réu colaborador bene�ciado pela delação premiada, hipótese em
que poderá ser ouvido como informante.
Características:
Judicialidade
Só é prova testemunhal aquela produzida em juízo.
Oralidade
Deve ser colhida por meio de uma narrativa verbal prestada em contato direto com o magistrado e as
partes e seus representantes. Art. 204 do CPP.
Objetividade
A testemunha deve depor sobre os fatos sem externar opiniões ou emitir juízo de valor. Art. 213 do CPP.
Retrospectividade
A testemunha deverá falar sobre os fatos em que assistiu.
Imediação
A testemunha deverá dizer em juízo aquilo que captou imediatamente por meio de seus sentidos.
Individualidade
Cada qual prestará seu depoimento isoladamente da outra. Art. 210 do CPP.
DISPENSADAS:
Estão dispensados o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, e os a�ns em linha reta do acusado, art. 206 do CPP. Clique aqui
(glossário) e saiba mais.
TESTEMUNHAS NÃO SUJEITAS AO COMPROMISSO DE DIZER A VERDADE
Denomina-se informante (ou declarante) a testemunha que é dispensada do compromisso de dizer a verdade. As testemunhas não
sujeitas a compromisso são (art. 208 do CP): 
a) o parente do réu que, apesar de não obrigado a depor, opte por fazê-lo (ascendente ou descendente, o a�m em linha reta, o
cônjuge e o irmão do acusado — art. 206 do CPP). 
b) os de�cientes mentais e os menores de 14 anos. Não há consenso, todavia, se, nos casos em que a lei dispensa a testemunha do
compromisso, também estará ela isenta do dever jurídico de dizer a verdade, o que tem re�exo na possibilidade ou não de o
informante ser responsabilizado por eventual falso testemunho:
 
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/GON873/galeria/aula8/docs/aula8_03.pdf
É a posição de Magalhães Noronha, Nélson Hungria e Damásio de Jesus , para quem o compromisso não é elementar do tipo penal.
No mesmo sentido: 
“1. Testemunha que não prestou compromisso em processo civil por ser prima da parte, mas que foi advertida de que suas
declarações poderiam caracterizar ilícito penal. 2. A formalidade do compromisso não mais integra o tipo do crime de falso
testemunho, diversamente do que ocorria no primeiro Código Penal da República, Decreto 847, de 11/10/1890. Quem não é
obrigado pela lei a depor como testemunha, mas que se dispõe a fazê-lo e é advertido pelo Juiz, mesmo sem ter prestado
compromisso pode �car sujeito as penas do crime de falso testemunho. Precedente: HC n. 66.511-0, 1ª Turma. Habeas corpus
conhecido, mas indeferido”. (STF — HC 69.358/RS — 2ª Turma — Rel. Min. Paulo Brossard — DJ 09.12.1994 — p. 34.082)
 
É o entendimento de Heleno Cláudio Fragoso e de Tourinho Filho , para quem as hipóteses legais de dispensa do compromisso são
também hipóteses de exoneração do dever de dizer a verdade. Nesse mesmo sentido: 
“1 — Para a caracterização do crime de falso testemunho não é necessário o compromisso. Precedentes. 2 — Tratando-se de
testemunha com fortes laços de afetividade (esposa) com o réu, não se pode exigir-lhe diga a verdade, justamente em detrimento
da pessoa pela qual nutre afeição, pondo em risco até a mesmo a própria unidade familiar. Ausência de ilicitude na conduta. 3 —
Conclusão condizente com o art. 206 do Código de Processo Penal que autoriza os familiares, inclusive o cônjuge, a recusarem o
depoimento. 4 — Habeas corpus deferido para trancar a ação penal”. (STJ — HC 92.836/SP — 6ª Turma — Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura — DJe 17.05.2010)
PROIBIDOS DE DEPOR:
Pessoa que deve guardar sigilo em razão de função, ministério, o�cia ou pro�ssão, art. 207 do CPP. 
Estão proibidas de depor as pessoas que, em razão de sua função, ministério, ofício ou pro�ssão, devam guardar segredo, salvo se,
desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar seu depoimento (art. 207 do CPP).
Atenção
, Não se trata aqui de mera exoneração do dever de depor, mas de efetiva proibição de que as pessoas que têm conhecimento do fato em razão
de pro�ssão, função ofício ou ministério prestem testemunho. Assim, sempre que houver legítimo dever jurídico de sigilo quanto às
informações recebidas, como ocorre, dentre outros, em relação aos médicos, psicólogos, advogado e sacerdotes, a proibição de testemunhar,
com ou sem compromisso, existirá. 
O interessado na manutenção do segredo, todavia, pode desobrigar aquele que tem dever do sigilo desse encargo, o que afasta a proibição de
depor e obriga a testemunha, inclusive, a prestar compromisso.
SUSPEIÇÃO OU INDIGNIDADE DA TESTEMUNHA
Embora não preveja as causas que retiram a isenção da testemunha, o Código prevê a possibilidade de a parte interessada valer-se
da arguição de defeito da pessoa que repute suspeita de parcialidade ou indigna de fé (art. 214 do CPP). 
A doutrina relaciona várias hipóteses de testemunho potencialmente defeituoso: amizade íntima ou inimizade capital com o
acusado; pessoa já condenada por falso testemunho; pessoa que recebeu dádivas para testemunhar; pessoas com antecedentes
criminais desabonadores etc.
CONTRADITA E ARGUIÇÃO DE DEFEITO
A contradita é o mecanismo processual utilizado para obstar a colheita do testemunho de pessoa proibida de depor (art. 207 do
CPP) ou para garantir que pessoa não obrigada a testemunhar seja ouvida sem prestar compromisso (art. 208 do CPP). 
Na hipótese de acolhimento da contradita, ou seja, se o juizreconhecer tratar-se de pessoa cujo depoimento é facultativo ou de
pessoa proibida de depor, deverá:
 
 
A arguição de defeito, por outro lado, é o instrumento de que pode valer-se a parte para esclarecer se a testemunha é suspeita de
parcialidade ou indigna de fé. Seu acolhimento não tem como efeito a exclusão do depoimento, cabendo ao juiz proceder à oitiva e
valorar posteriormente o valor do testemunho (art. 214 do CPP). 
Tanto a contradita como a arguição de defeito devem ser deduzidas antes do início do depoimento da testemunha, logo após sua
quali�cação. As razões da impugnação serão consignadas no termo, incumbindo ao juiz, em seguida, indagar à testemunha sobre o
alegado e, caso necessário, facultar à parte interessada produzir prova das alegações, decidindo em seguida sobre a contradita ou
arguição de defeito.
NUMERO DE TESTEMUNHAS VARIA DE ACORDO COM O TIPO DE
PROCEDIMENTO:
 
 
 
 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS TESTEMUNHAS:
 
O comparecimento ao local determinado, no dia e na hora designados, pois, o não acatamento a este, deverá caber a condução
coercitiva
Identi�car-se: tem por obrigação de, ao inicio de seu depoimento, apresentando-se, com nome, idade, pro�ssão, estado civil,
residência, local onde exerce sua atividade pro�ssional etc
Prestar depoimento: �car em silêncio poderá até con�gurar em crime de falso testemunho
Dizer a verdade sobre os fatos: tem o dever de relatar aquilo que sabe ou tomou conhecimento
 
Sim, é admitido como prova, mas, se menor de 14 anos, não será dado como compromisso, pois deverá ser avaliado o valor
probatório relativo, portanto, servirá como mero informante do juízo.
As partes têm o ônus de arrolar, no momento procedimental adequado, as testemunhas que pretendem sejam ouvidas. Assim, a
acusação deve fazê-lo na denúncia ou na queixa (art. 41 do CPP), ao passo que a defesa deve indicar as testemunhas na resposta
escrita (art. 396-A, caput, do CPP). 
No procedimento do júri, as partes devem arrolar as testemunhas que pretendem ouvir em plenário na ocasião de que trata o art.
422 do Código de Processo Penal, ou seja, logo após o trânsito em julgado da pronúncia quando o juiz noti�ca as partes para
apresentarem o rol.
Uma vez arroladas tempestivamente as testemunhas, todavia, à parte é garantido o direito de ouvi-las, incumbindo ao juiz a adoção
das providências que garantam a sua noti�cação e, se necessário, sua condução coercitiva, salvo se a parte interessada, de forma
expressa, assumir o encargo de apresentá-las independentemente de intimação. 
O desrespeito a esse direito importa, conforme o caso, em cerceamento de acusação ou em cerceamento de defesa. Há divergência
quanto à possibilidade de o juiz indeferir a oitiva de testemunha regularmente arrolada pela parte quando constatar a impertinência
da prova.
 
Para alguns, a produção da prova testemunhal, como ocorre em relação aos demais meios de prova, submete-se ao exame de
pertinência e relevância por parte do juiz, que poderá indeferir a oitiva de pessoa cujo depoimento revelar-se inútil à apuração da
verdade.
Há quem entenda, de forma oposta, que o juízo de relevância só tem lugar quando se cuidar de testemunha que exceda ao número
legal, na medida em que, em se tratando de testemunha numerária, a oitiva é sempre obrigatória. A propósito:
 
LOCAL DA COLHEITA DO TESTEMUNHO
Ordinariamente a testemunha é ouvida na sede do juízo, para onde deverá dirigir-se na data e no horário designados pelo juiz, sob
pena de condução coercitiva, de pagamento de multa e das custas da diligência e, ainda, de responsabilização por crime de
desobediência (arts. 218 e 219 do CPP). 
O dever de comparecimento, contudo, não atinge:
1. Pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor (art. 220 do CPP) — as testemunhas que
não possam deslocar-se ao fórum em razão de suas condições de saúde devem ser inquiridas onde estiverem, de modo a ensejar o
deslocamento do juiz e das partes até o local em que possam ser ouvidas.
2. Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os governadores dos
estados e territórios, os Secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos municípios, os deputados estaduais e Distritais,
os membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos estados, do Distrito Federal, bem
como os do Tribunal Marítimo (art. 221 do CPP) e os membros do Ministério Público (art. 40, I, da Lei n. 8.625/93) — essas
autoridades serão inquiridas em local, dia e hora previamente ajustados entre elas e o magistrado.
TESTEMUNHAS QUE RESIDEM FORA DA JURISDIÇÃO
Nos termos do disposto no art. 222 do Código de Processo Penal, a testemunha que residir em comarca diversa daquela pela qual
tramita o processo será ouvida mediante a expedição carta precatória. 
A utilização de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real para colheita do
depoimento deprecado, embora preferível, na medida em que proporciona relativa imediação entre a prova e o juiz natural, ainda é
pouco frequente, embora expressamente previsto no art. 222, § 3º, do CPP. 
Ao expedir a carta precatória, o juiz deve estabelecer prazo para o seu cumprimento, uma vez que a providência não suspende a
instrução criminal (art. 222, § 1º, do CPP), daí por que, uma vez escoado o prazo, a sentença poderá ser prolatada
independentemente da devolução da carta, que, no entanto, será anexada aos autos a qualquer tempo (art. 222, § 2º, do CPP). 
É pací�co o entendimento de que ao juiz incumbe apenas intimar as partes da expedição da precatória, competindo aos
interessados veri�car junto ao juízo deprecado quando o ato se realizará.
Mesmo que o juízo deprecante não realize a intimação acerca da expedição da carta, o reconhecimento da invalidade do ato
instrutório depende da demonstração de prejuízo, conforme o enunciado da Súmula n. 155 do Supremo Tribunal Federal:
Averbe-se, ainda, que, de acordo com o entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça,
Está acesa a controvérsia doutrinária e jurisprudencial acerca da necessidade de requisição do réu preso para acompanhar
inquirição de testemunha em juízo deprecado. Tal questão não foi paci�cada pelo Supremo Tribunal Federal, que já se manifestou
de acordo com ambas as orientações.
Não há dúvida, porém, de que o reconhecimento da invalidade do testemunho deprecado, mesmo para aqueles que consideram ser
necessária a presença do réu preso, subordina-se à demonstração da ocorrência de prejuízo e à oportuna arguição.
TESTEMUNHA QUE ESTÁ FORA DO PAÍS
Se a testemunha estiver fora do país, será inquirida por carta rogatória, desde que a parte interessada demonstre previamente a
imprescindibilidade da providência e que suporte o pagamento das despesas de envio (art. 222-A do CPP). Veja-se a respeito:
NOTIFICAÇÃO DAS TESTEMUNHAS
Como regra, a testemunha deve ser noti�cada, por intermédio de o�cial de justiça, a comparecer à audiência. Acaso se trate de
militar, porém, deverá haver requisição de sua apresentação à autoridade superior (art. 221, § 2º, do CPP). 
Se a testemunha for servidor público, será noti�cada por mandado, mas o superior hierárquico deverá ser comunicado do dia e hora
designados para o depoimento (art. 221, § 3º, do CPP). A testemunha que estiver presa deverá ter a apresentação requisitada ao
diretor do estabelecimento em que estiver recolhida.
COLHEITA ANTECIPADA DO TESTEMUNHO
Se houver razões para temer que uma ou mais testemunhas não possam depor no futuro, pode o juiz, de ofício ou a pedido das
partes, ouvi-las antecipadamente (art. 225 do CPP), até mesmo antes do ajuizamento da ação (art. 156, I, do CPP).
Atenção
, Essa necessidade pode advir de diversas circunstâncias, como a idade avançada da testemunha ou a notícia de que a testemunha
permanecerá por longo período no exterior, ou, ainda, de que está acometida de enfermidade grave.
ATIVIDADES
1 - Discorra brevemente sobre a naturezajurídica do interrogatório do acusado e o direito ao silêncio. (TRF 2ª Região – X Concurso
para Juiz Federal).
Resposta Correta
2 - O relato da colaboração e seus possíveis resultados, as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de polícia, a
declaração de aceitação do colaborador, as assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado de polícia, do
colaborador e de seu defensor, a especi�cação das medidas de proteção ao colaborador e à sua família, quando necessário, são os
itens que obrigatoriamente deverão constar do termo de acordo da colaboração premiada, que deverá ser redigido por escrito, de
acordo com a Lei n. 12.850/13 (Organizações Criminosas). 
Essa a�rmação está correta ou falsa?
Resposta Correta
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