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1 GIOVANA NUNES DE ASSUNÇÃO Considerações iniciais Gestão da clínica é a clínica ampliada, não é somente sobre fazer médico, envolve também todos os processos que estão agregados a isso, como o tempo, a estrutura, o acesso; Primeira coisa ao pensar em gerenciamento da clínica é preciso considerar a dimensão do modelo de atenção, ou seja, como a gente cuida; APS brasileira apresenta heterogeneidade de modelos: Saúde suplementar, UBS, EFs; Unidade de Saúde da Família (USF): Possui agente comunitário; Equipe multiprofissional: 1 médico, 1 enfermeiro, 2 ou 3 técnicos de enfermagem; Cada equipe fica responsável por 1 território; Existe o vínculo médico-paciente; Longitudinalidade, acesso, coordenação do cuidado e integralidade. Unidade Básica de Saúde (UBS): Modelo mais tradicional; Tem como característica a demanda livre; Na composição da equipe não tem agente comunitário e assistente social; Equipe: 3 profissionais médicos (clínico geral, pediatra e ginecologista obstetra); Territorialização, apenas para limitar o acesso, a quantidade de pessoas; Não tem compromisso de visitação e vínculos; A população é fragmentada por faixa etária (Ex: crianças são atendidas pelos pediatras); Está começando a entrar em decadência. INAMPS: Modelo assistencial executado antes da Constituição de 1988, quando a saúde pública não era universal; Nessa época a saúde pública era vinculada ao Ministério da Saúde, o qual era vinculado ao Ministério de Seguridade Social; Composto por: Clínico geral, pediatra e ginecologista; Atendimento era por livre demanda; USF é “filha” desse pensamento; Ministério da Saúde: Fazia atividades de prevenção, campanhas (imunização), cuidado para programas específicos. Agenda vertical é uma agenda que direciona as prioridades em relação aos atendimentos (problemas prioritários), era comum na época do INAMPS e é comum hoje em dia na USF; Lei dos cuidados inversos: quando o cuidado está mais voltado a doença do que na população, como no exemplo do “hiperdia”; Sistema de saúde suplementar (ex: planos de saúde): 2 GIOVANA NUNES DE ASSUNÇÃO Compõem o sistema de saúde do brasileiro junto com o SUS; Não existe uma organização específica como no sistema público; O cliente tem “liberdade” de poder ir a qualquer profissional; As vezes o médico expõe o paciente à vários exames para garantir que não tem nada de errado na sua área; Não tem organização, é um caos, por isso tem muitos procedimentos desnecessário. Gate-keeper: Não é uma simples triagem, pois o médico de família não é o triador. O médico da família vai atender a pessoa de forma abrangente e cuidar delas ao longo do tempo. Tem o objetivo da APS tenha essa função; Encaminhalogista: Médico que só faz encaminhamento; Atenção primária seletiva e vertical, isto é, quando filtra quem atende e os grupos prioritários de atendimento, tem um baixo escore e baixa qualidade na análise no PCATool. Atenção à saúde de qualidade A atenção à saúde que deve ser utilizada na gestão da clínica: Atenção centrada na pessoa; Efetiva (resolutiva); Estruturadas com bases em evidências cientificas; Seguras, que não cause dano às pessoas e aos profissionais de saúde; Eficiente; Provido com custos ótimos. Fatores que interferem na gestão da clínica Definem a qualidade do serviço. Área adstrita/ “como é que definimos a população”: População definida por território. Precisa-se definir uma população para que se possa atender com as características para dar conta; Lista de pessoas: Como se trabalha na saúde suplementar. As pessoas escolhem o médico que vão acompanhar; Conformação das equipes: Se é aberta ou fechada: Fechada: É uma equipe para aquele grupo, seja por número de pessoas ou por área, uma equipe para cada área; Aberta: Um médico para cada equipe, mas os enfermeiros e técnicos atenderiam abertos para qualquer equipe, serão compartilhados. Forma de pagamento: como paga os profissionais, tradicionalmente paga-se os médicos da saúde suplementar por produção recebe o pagamento por paciente; Fatores do usuário que criam necessidades: doença crônica - necessidade de atendimento - , situações de sofrimento - pessoal, tragédias pessoais, conflitos -, compreensão subjetiva do estado de saúde - necessidade de atenção, cuidado, checkup de prevenção - e estado funcional da pessoa; Fatores do profissional: Formação, demanda, pagamento, medicina defensiva, insatisfação profissional/ burnout, sexo, idade/experiência, 3 GIOVANA NUNES DE ASSUNÇÃO estilo de prática clínica, médico ativador de retornos, médico deficitário em habilidades de comunicação, o mais rápido ou lento, médico influenciado pela indústria farmacêutica; Fatores organizacionais: Acessibilidade e disponibilidade: referente a criação de barreiras geográficas e organizacionais; Copagamento (pagamento complementar por consulta ou serviço): Prática usada pelos planos de saúde. Nota-se que o paciente que tem um plano com coparticipação tende a usar menos o serviço; Incentivos econômicos; Tamanho da área de abrangência ou da lista de pessoas; Pagamento por produção; Trabalho por equipe; Burocracia/consultas administrativas; Agenda e sistema de marcação; Organização médico-enfermeiro. A demanda O primeiro passo para fazer uma boa gestão é conhecer a demanda, conhecer os pacientes e criar o vínculo médico-paciente; É importante saber a frequência de atendimentos por dia, quais doenças são mais prevalentes, quais as causas de óbito; Pressão assistencial: Número de consultas em um período dividido pelo número de dias trabalhados em um mesmo período. Consegue- se observar quantos pacientes são atendidos por turno ou dia durante um período; Pressão assistencial alta: Se atende muitas pessoas por dia trabalhado; Frequência: Número de consulta em um período (geralmente um ano) dividido pelo número de habitantes de determinada comunidade. Revela o quanto a equipe está conseguindo atingir; Alta pressão assistencial e alta frequência: Bastante consulta por dia de trabalho e grande parte da população é contemplada com atendimento. Mais comum nas zonas urbanas; Alta pressão assistencial e baixa frequência: Muitos atendimentos por dia, mesmo assim uma faixa da população não consegue ser atendida pela unidade. Tem pouca margem de manobra organizacional; Baixa pressão assistencial e alta frequência: Pouco atendimento e boa parte da população está sendo atendida. Uma alternativa pode ser diminuir a equipe; Baixa pressão assistencial e baixa frequência: Baixo número de atendimento e poucas pessoas atendidas na unidade. Deve tentar diminuir as barreiras, ter uma boa estrutura, bons profissionais. OBS: Baixa pressão, apesar de parecer bom, é baixa, ainda não é a pressão assistencial ideal. Taxa de referenciamento Significa o quanto se encaminha pacientes para outras unidades; 4 GIOVANA NUNES DE ASSUNÇÃO É um dado importante de se compreender para que se tenha uma boa gestão da clínica. Entende-se como adequada uma taxa de 10 a 12% de referenciamento; Uma alta taxa de referenciamento compromete a integralidade, atributo essencial da atenção primária. Isso demonstra que a unidade é pouco resolutiva, há poucos serviços. Organização da agenda A agenda do profissional deve ser a mais disponível possível; Características: Organizar número de consultas disponíveis de forma compatível com a demanda; Não seteorizar ou verticalizar (só se estiver em um cenário de alta pressão assistencial, vai ser necessário proteger alguns grupos para atendimento); Adaptar as variações da demanda; Manter e/ou prever espaços entre as consultas para recuperação de atrasos; Alternar agenda complementar entre médico e enfermeiro; Individualizar o tempo de consulta (reservar a maior parte para consultas rápidas, deixando espaço para algumas consultas demoradas- autorreferenciamento). Estratégias para melhoria do acesso Tempos diferentes de consulta ao longo do turno: Mais breves nos picos de utilização da procura direta (10/10 min); intermediários para consultas agendadas (em até 48h – 15;15 min); horário multifuncional (retornos de situações complexas, PCA – procedimentos cirúrgicos, visitas domiciliares...). Equipes diferentes com horários diferentes (amplia a cobertura); Comunicação por e-mails, chat ou telefone. Intervenções para melhoria do acesso Reduza o tempo de espera e a demora; Identifique o modelo de agendamento; Maximize a efetividade do agendamento; Identifique outras barreiras de acesso; Programe mudanças com apoio da equipe; Molde a demanda à capacidade (Agendar de acordo com a demanda e com a capacidade de atendimento). Implantando o acesso avançado 5 GIOVANA NUNES DE ASSUNÇÃO Acesso significa facilitar o primeiro contato, no entanto, foram se consolidando modelos de agendamento problemáticos. Modelo tradicional Modelo muito presente nas unidades de saúde, com 100% de agendamento; As pessoas agendam seus problemas para uma data futura; Modelo da saúde suplementar; Os usuários faltam, esquecem, não lembram bem dos sintomas que estavam quando agendaram a consulta, etc; Causa uma demanda reprimida, uma vez que não tem espaço para o atendimento das demandas imediatas; Lema: “faça o trabalho do último mês, hoje.” Modelo de Carve-out (modelo intermediário) 50% da demanda é agendada, como no modelo tradicional; Os outros 50% é a demanda do dia que se caracteriza como urgente, que são as fichas distribuídas nas unidades de saúde para demandas urgentes dos usuários; Lema: "faça parte do trabalho de hoje, hoje.” Modelo de acesso avançado 65-75% da agenda do médico aberta para a demanda do dia; e 25-35% para agendamentos, sendo agendamentos a curto prazo, de 24/48h; O sistema começa a fluir melhor, a destravar, em vez de atender 15/20 pacientes por dia na correria; o médico irá conseguir atender 25/30 pacientes/dia na tranquilidade; Lema: “faça o trabalho de hoje, hoje.” Lidando com hiperutilizador Usuários hiperutilizador: paciente que vai com muita frequência a unidade de saúde, mais do que ele realmente precisa; Perfil típico: mulheres; demandam 3x mais consultas que a média, e 8x mais internações hospitalares; Muito comum na saúde suplementar; Não há uma forma única de se lidar, porém, é certo que a estratégia que não funciona é a limitação do acesso; Método clínico centrado na pessoa: Deve ser utilizado. Trazer o paciente hiperutilizador para o cuidado, mostrar interesse no paciente, mostrar que sempre que ele precisar, o médico estará ali para atendê-lo. Habilidades utilizadas na gestão da clínica Gestão de tempo: Entender que há pacientes que demandam suas necessidades em 5min, e outros precisam de 30min para o atendimento. Recomenda-se organizar a agenda, estudar habilidades de comunicação com os pacientes; Outras habilidades: Demora permitida; 6 GIOVANA NUNES DE ASSUNÇÃO Watchful waiting: Observação atenta. O médico ou agente de saúde vai atrás do paciente.
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