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Unidade 1 - Desenvolvimento Sustentável

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Apresentação - Seção 1 de 6
As questões sociais e ambientais adentram o século XXI transpassando as barreiras acadêmicas. O tema ganha forma e passa a ser debatido não somente em grandes eventos, conferências e afins, mas também compõe o discurso político e as rodas de diálogo, e dele tomam parte pessoas de diferentes graus de conhecimento. O mundo das artes – músicas, poesias, peças teatrais, novelas – “firma” um compromisso, denunciando e levando o conhecimento de forma popular. O distanciamento entre sociedade e ambiente passa a ser gradativamente erradicado e dá margem a uma nova visão, denominada socioambiental.
Antes de qualquer titulação ou posto empregatício, somos cidadãos e temos reponsabilidade com nosso meio de convívio e com as causas socioambientais. Temos o compromisso de reestruturar nossas formas de pensamento e nosso conhecimento, pois, no decorrer da História, a ideia de hierarquização da sociedade sobre o ambiente, ou dentro do próprio âmbito social, acarretou reflexos desastrosos. Mesmo em passos lentos, caminhamos rumo à construção socioambiental de maneira digna; contudo, para entender como isso ocorreu, é necessário fazer uma linha do tempo, compreendendo o histórico e o surgimento dos conceitos e seus fundamentos.
AUTOR
O professor Bruno Fonseca da Silva é graduado em Geografia (Licenciatura) e Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Pernambuco, o professor atua desde 2013 em estudos relacionados às ciências ambientais. Suas pesquisas concentram-se no monitoramento ambiental, por meio da análise de elementos químicos, radioisótopos e compostos orgânicos para avaliação da qualidade do ar – utilizando organismos vivos (líquens) – e do solo. Tem publicações, participações em eventos científicos e ministração de cursos e palestras.
Dedico este livro a todos que buscam compreender e se preocupam com as causas ambientais – e principalmente aos cientistas da sociedade civil, que defendem e procuram solucionar problemas sobre a temática.
Bruno Fonseca da Silva 
Dedico este livro a todos que buscam compreender e se preocupam com as causas ambientais – e principalmente aos cientistas da sociedade civil, que defendem e procuram solucionar problemas sobre a temática.
AUTORA
A professora Camila Bolfarini Bento é Doutora e Mestre em Biotecnologia e Monitoramento Ambiental pela Universidade Federal de São Carlos (2020), licenciada em Biologia (2020) e Bacharel em Engenharia Agronômica pela Universidade Estadual Paulista (2012).
Dedico este trabalho aos meus professores, por todos que acrescentaram conhecimento teórico e prático desde a minha formação de base até a pós-graduação. Agradeço por serem profissionais tão dedicados nessa árdua e nobre tarefa de formar pessoas intelectual e socialmente.
Objetivos
Seção 2 de 6
Unidade 1. 
Aspectos introdutórios da temática socioambiental
Bruno Fonseca da Silva
OBJETIVOS DA UNIDADE
· Introduzir a temática social e ambiental e realizar uma reflexão sobre os problemas atuais, para descobrir quais os motivos de o tema ser debatido atualmente;
· Explanar conceitos importantes e apresentar as respectivas definições sobre o tema socioambiental;
· Conhecer os movimentos existentes que fundamentam o debate socioambientalista mundial.
TÓPICOS DE ESTUDO
Introdução
· Os problemas ambientais da atualidade
· A interdisciplinaridade nas questões ambientais
· Um convite para repensar o amanhã
Conceitos e definições
Histórico dos debates a respeito de ética e responsabilidade social no Brasil e no mundo
Movimentos mundiais
Atualmente, a humanidade apresenta forte preocupação com as questões ambientais. No sentido restrito, utilizamos o termo “ambiente” para nos referirmos aos aspectos da natureza, como a água, as plantas, os “animais”; mas consideramos a “sociedade” como algo à parte, como se não houvesse um elo entre ambos. Qual motivo, porém, para inserimos aspas nos respectivos termos?
Porque somos educados, ou doutrinados, a restringi-los em seus significados. Quando abordamos a palavra “animais”, em certo ponto, inferiorizamos as demais espécies por sermos seres pensantes – mas, nisso, fracassamos. Nós nos consideramos inteligentes; porém, não sabemos respeitar o meio em que vivemos. Somos definidos como sociais; todavia, negligenciamos o respeito à opinião, a escolha, ao status social do outro. Nessa direção, chegamos ao limite: da abundância de recursos naturais, mas também do preconceito, iniciando uma corrida contra o tempo para equilibrar a balança, e alcançarmos a harmonia.
Podemos afirmar que a humanidade formou subgrupos. Diferentemente de outras espécies, na nossa, um subgrupo procura sobressair-se ao outro, fazendo com que se estruture uma pirâmide social (Figura 1), o que, em determinados momentos, acarreta discriminação.
No entanto, por qual motivo falamos de ser humano e sociedade, se a temática é ambiente? Essa pergunta poderá ser respondida com outra: afinal, somos também ambiente? Se a resposta for positiva, o que nos levaria a pensar que questões sociais não são discutidas na temática ambiental? O primeiro exercício necessário é a reflexão de que não existe diferença entre sociedade e ambiente: ser humano e o seu meio constituem algo mútuo e unitário. A compreensão é aparentemente simples, mas torna-se complexa ao tentarmos colocá-la em prática.
Figura 1. Modelo de pirâmide social brasileira, classificada pela renda. Fonte: IBGE (2015) apud Mussi, 2017, p. 20.
Uma reflexão importante é sobre o que nos leva atualmente a abordar esse discurso socioambiental com afinco. Talvez seja a busca pela sensibilização social, não se restringindo à conscientização. Sensibilizar a população às questões socioambientais procura estimular seu engajamento e trabalho efetivo, com a finalidade de um ambiente de melhor convívio.
Deve-se, por sinal, compreender que a palavra trabalho não está restrita às relações de emprego, mas a toda e qualquer atividade socioambiental realizada. Para melhor compreensão, pode-se afirmar que a produção do conhecimento e o desligamento histórico entre sociedade e ambiente são formas de trabalho. Dessa forma, o trabalho é o produto dos fenômenos e da relação entre sociedade e natureza, que procura atingir alguma meta ou objetivo. Essa finalidade é denominada teleologia.
CONTEXTUALIZANDO
A concepção de trabalho foi estudada pelo cientista Sergio Lessa para elaboração da sua tese de doutorado, que resultou no livro Mundo dos homens: trabalho e ser social. O enredo da obra baseia-se na concepção de trabalho como processo de complexidade do ser social e no trabalho abstrato (força produtiva). A abordagem da obra é de cunho filosófico e sociológico, e convida-nos a conhecer e ampliar a visão sobre o tema (LESSA, 2012).
Nesse enredo filosófico, podemos pensar na relação de trabalho que temos com o nosso meio e em ambas as questões, físicas e sociais que o envolvem. Compreender esse relacionamento socioambiental exige conhecimento de diversas áreas – humanidades, sociais aplicadas, exatas e saúde. Cada qual traz uma forma de construção de conhecimento – nem sempre convergente –, e essa contradição, ou contraposição de ideias tem a capacidade de formar novos conhecimentos. É o que se denomina dialética.
Esse debate de ideias é importante para a formação de conhecimento, pois o ambiente se constitui na interdisciplinaridade. Dessa maneira, a implementação do método cartesiano como forma de compreender melhor os fenômenos que nos rodeiam acarretou alguns problemas: com o formato de fragmentação do conhecimento, precisamos, agora, unir as diversas ciências, algo de suma importância para compreendermos o ambientalismo.
CITANDO
Leandro Konder tratou da dialética em sua obra O que é a dialética, publicada pela primeira vez em 1981. O livro, que faz uma abordagem estrutural histórica, filosófica e sociológica sobre o tema, traz a seguinte definição de dialética pelo autor: “O modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanentetransformação” (KONDER, 2008, p. 8).
OS PROBLEMAS AMBIENTAIS DA ATUALIDADE
A crescente demanda por uma soberania econômica dos países implica sérios problemas ambientais. Para movimentar a “máquina” financeira e se tornarem concorrentes, as grandes empresas buscaram o lucro e se ausentaram das questões do ser humano e seu meio.
É complexo afirmar que os governos são responsáveis pelo desenvolvimento regional, pois, durante o processo histórico, em especial após a Segunda Guerra Mundial, as grandes corporações, as multinacionais, iniciaram uma espécie de regência econômica global. Em geral, torna-se perceptível a necessidade das indústrias e do setor de serviços para a manutenção de empregos, geração de rendas e afins.
Uma indústria multinacional, ao se instalar, por exemplo, em determinada cidade, ocasiona o surgimento de outras pequenas empresas que lhe darão suporte produtivo (peças, tecidos ou qualquer tipo de matéria-prima). Também ocorrerá a ampliação do comércio e outros meios de serviços, devido à chegada de novos moradores ou visitantes, ampliando a abertura de hotéis, restaurantes, entre outros. Além disso, os gestores regionais procuram melhorar os serviços básicos, principalmente aqueles relacionados ao transporte, o que facilita a locomoção. Isso demonstra a formação de uma cadeia que, com o passar dos anos, gera maior engajamento.
Aparentemente, todo esse processo parece positivo; contudo, há, também, um lado obscuro. A falta de preocupação com o meio físico ocasionou a devastação de florestas, ameaçando a sobrevivência de espécies. Essa remoção de cobertura vegetal também ocasionou a degradação dos solos, bem essencial à manutenção da vida, assim como dos recursos hídricos, que foram poluídos – em ambos os casos, com consequências consideradas irreversíveis. A exploração de bens minerais tornou-se altamente crescente, mas a manutenção dos recursos não pôde acompanhar a demanda.
Além disso, o fenômeno da urbanização ocasionou aumento demasiado na geração de resíduos sólidos e efluentes, bem como a constante emissão de particulados atmosféricos (orgânicos e inorgânicos), por meio dos gases emitidos por indústrias, transportes e pela realização de queimadas (Figura 2).
Figura 2. Ilustração dos problemas ambientais da atualidade. Fonte: SOUZA, 2014.
Não somente as questões relacionadas ao meio físico, porém, registraram impactos. A necessidade de mão de obra acarretou a busca por pessoas de outras regiões que aceitassem empregos exploratórios, sujeitando-se a uma elevada carga de trabalho e a baixos salários. Os resultados desse processo foram xenofobia e inferiorização do trabalho feminino, e o preconceito contra raça e gênero tornou-se crescente. O status social e profissional paira sobre o ambiente, dando margem à inferiorização. Mesmo assim, os subgrupos, comentados anteriormente, foram incorporados socialmente e ganharam força, mas sabemos que esses problemas ainda se encontram presentes, embora as legislações e os movimentos para mudanças se encontrem ativos e tenham obtido resultados positivos. Todavia, muito ainda precisa ser feito.
CURIOSIDADE
A história de Marie Curie é inspiradora. Nascida em 1867, na Polônia, desafiou todos os preconceitos existentes quanto à inferiorização social da mulher. Realizou um trabalho crucial sobre a radioatividade, sendo a primeira mulher, e a única pessoa no mundo, a ganhar o Prêmio Nobel duas vezes em categorias científicas distintas, química e física. Lutou contra toda forma de discriminação e preconceito, e seu legado científico é reconhecido e aplicado até os dias atuais, principalmente nas áreas de física, química e na medicina.
É importante perceber que as atividades relacionadas à economia estarão sempre interligadas aos problemas socioambientais. A empregabilidade e a necessidade de circulação financeira elevam as relações no interior da sociedade e o meio físico.
A educação é uma ferramenta “libertadora” para a erradicação dos problemas apresentados; entretanto, as falhas nesse processo são enormes. O esquecimento de que educar é a principal ferramenta para a formação de cidadãos é uma das principais delas. A realização de mudanças deve ser iniciada a qualquer momento, por mais simples que seja a atitude; porém, a educação será crucial e terá impactos na construção de um novo futuro.
As questões relatadas implicam sérias consequências para um bom desenvolvimento socioambiental. A saúde humana é a principal impactada e motivo de estudos em diversos países. Um dos temas trabalhados em países desenvolvidos é a influência das questões socioambientais na população, pois é perceptível o crescimento do número de mortes por câncer devido à poluição, da procura por psicólogos e psiquiatras devido a problemas de relacionamento etc. – e isso influencia a qualidade de vida e bem-estar do ser humano. As melhorias surgirão primeiramente da sensibilização, e posteriormente no trabalho para modificação – formas de ação denominadas práxis.
DICA
A práxis é o processo da junção entre teoria e prática. A explanação desse conceito foi realizada no trabalho realizado por Pereira e colaboradores (2016), chamado: “O conceito de práxis e a formação docente como ciência da educação”. Mesmo com uma abordagem mais voltada à pedagogia, os autores procuram apresentar os princípios fundamentais do conceito.
A INTERDISCIPLINARIDADE NAS QUESTÕES AMBIENTAIS
Os meios de comunicação facilitaram nossa percepção sobre o sistema causa-efeito dos problemas ambientais. Todavia, é importante relembrá-los para fixá-los em nosso cotidiano. Podemos classificá-los em:
1. Discriminação por questões de classe, gênero, razão e etnia;
2. Exploração irregular de recursos naturais;
3. Abuso de autoritarismo por status social, empregatício ou acadêmico;
4. Despejo de rejeitos em locais e formas indevidas;
5. Desmatamento e caça predatória;
6. Exploração de mão de obra;
7. Emissão constantes de poluentes atmosféricos;
8. Ausência de aprendizado sobre deveres sociais éticos.
As causas dessas questões acarretam uma conjuntura de reuniões, debates e movimentos sociais, para o despertar da sensibilização. A academia, como principal membro estrutural de discussão dos problemas socioambientais, tem o compromisso de trabalhar esses temas e propor soluções. Entretanto, uma única ciência não é capaz de ter a totalidade de conhecimentos necessários para essa finalidade.
Um sociólogo, por exemplo, não tem competência, em sua formação, para implementar tecnologias industriais de recuperação de áreas degradadas – mas tem o conhecimento necessário para compreender as causas humanas que levaram à degradação do local. Um administrador não tem, em seu perfil profissional, qualificação para análises químicas de despejo de efluentes em rios – mas pode trabalhar em conjunto com um especialista na área ambiental para propor uma gestão sustentável de resíduos. Esses exemplos demonstram a importância do trabalho conjunto das diferentes áreas.
No decorrer do processo de construção do conhecimento, podemos subdividir esse trabalho conjunto em três aspectos:
1. Multidisciplinar
Cada área contribui com seu conhecimento, sem modificações; há uma espécie de ponto de vista.
2. Interdisciplinar
As áreas do conhecimento adentram-se umas nas outras e formam uma interligação de conhecimentos.
3. Transdisciplinar
Não existem áreas de conhecimento. Tudo é contínuo, sem ocasionar espécie alguma de divisão ou interrupção.
Este último aspecto é considerado, por diversos cientistas, uma utopia, devido à complexidade de um único ser lidar com todo tipo de área existente. No caráter multidisciplinar, a falta da construção de novos pensamentos não apresentará eficácia quando em comparação com a interdisciplinaridade. Já a interdisciplinaridade recebe contribuições em diferentes áreas, e ocorre um engajamento, com a construção de novas formas de pensamentos aplicadas em diferentes contextos. Nesse caminho, o discurso socioambiental apresenta sua formação.
Atualmente, praticamente todos os cursos de formação profissional etecnológica (técnico, graduação ou pós-graduação) trazem alguma disciplina, ou assuntos dentro de sua ementa, que abordam a temática ambiental. Nesse sentido, os projetos ambientalistas, por abarcarem diferentes áreas do conhecimento, demonstram robustez de elaboração e execução, uma vez que sua construção exige diferentes pontos de vistas, que são interligados e contextualizados.
No Brasil, os cursos de pós-graduações stricto sensu (mestrado e doutorado) inseridos na área de ciências ambientais da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) apresentam a interdisciplinaridade de áreas como obrigatoriedade no processo de construção de suas dissertações e teses. Caso o trabalho não tenha esse escopo, poderá ser penalizado com reprovação. As questões sociais, inclusive, devem ser contempladas na problemática da pesquisa, pois, em sua maioria, os programas têm o objetivo de formar recursos humanos capazes de compreender e solucionar problemas relacionados ao ambiente.
UM CONVITE PARA REPENSAR O AMANHÃ
Nossas formas de agir, sejam elas positivas, ou negativas, implicarão no futuro. Como forma de refletir sobre a exposição anteriormente realizada, percebe-se que o ambiental é algo mais abrangente do que os elementos físicos.
Compreender a natureza e suas interligações é um processo complexo; contudo, em um primeiro momento, talvez seja primordial respeitarmos os elementos que nos rodeiam. Somos todos os dias convidados a refazer um novo amanhã, e repensá-lo significa transformar nossas atitudes e propor ações de melhoria.
Procuremos deixar o pensamento focado no dinheiro, as atitudes de soberba, a ganância para passarmos a conviver em harmonia. A teoria ética que aprendemos no período escolar é sempre necessária de ser colocada em prática, sensibilizando-nos com o meio em que estamos e que vivenciamos. Diferentemente das demais espécies, somos seres pensantes – e, ao realizarmos escolhas e ponderarmos nossas atitudes, conhecemos as consequências das nossas ações. Portanto, ao prejudicarmos o meio em que vivemos, temos conhecimento dos impactos que causaremos a nós mesmos.
As gerações futuras agradecerão as transformações positivas que nos propusermos fazer hoje, e deverão dar continuidade a elas, pois este é um trabalho constante, ininterrupto e inacabável: a manutenção do nosso meio é fundamental para melhorar exponencialmente a qualidade de vida e, consequentemente, nossa felicidade.
Numa sociedade harmonizada, todos têm bons lucros em ambos os aspectos, financeiro e moral – pois passamos a refletir sobre o coletivo, e não somente sobre as questões individuais. Procuremos, portanto, sempre fazer esse exercício de pensar no próximo, sobre as coisas que nos rodeiam e sobre o amanhã.
Conceitos e definições
Antes de iniciarmos este tópico, é importante pensarmos que o conhecimento é construtivo.
A academia exige constantes reflexões sobre suas teorias, pois é dela a responsabilidade de formar novos conhecimentos. Como acadêmicos, devemos lembrar que o conhecimento deve ser por nós construído, e não simplesmente recebido e reproduzido. Algumas pessoas se perguntam por qual motivo existe a necessidade de constantes e diferentes formas de leituras – livros, notas, artigos, comunicações curtas –, e essas questões dúbias são erradicadas quando entendemos o verdadeiro sentido de sermos acadêmicos.
Neste tópico, serão tratados alguns conceitos e definições utilizados frequentemente na temática socioambiental. Todavia, é importante lembrar que eles são passíveis de mudanças, uma vez que a academia é dinâmica e se encontra em constantes transformações. As práxis implementadas são responsáveis pelo surgimento de novas formas de visão, já que a prática é crucial na efetivação do pensamento teórico.
Socioambiental/ambiental
Como abordado, compreende-se como socioambientais (ou ambientais) as relações existenciais entre sociedade e natureza. É algo inseparável, que tem como produto o trabalho.
Não há, nessa relação, superioridade ou inferioridade entre as partes, mas um equilíbrio. Torna-se importante a fixação dessa “balança equilibrada”, pois durante séculos existiu uma discussão acerca de uma superioridade entre as partes: ora, a sociedade é responsável pela regência do seu meio; ora, a gerência ocorre no sentido inverso. Essa discussão de questões de meio físico e social foi fundamental para o surgimento de determinadas ciências, como a Geografia.
A ideia de que o meio físico era superior ao homem fez com que surgisse o conceito de espaço vital, de que o homem necessitava explorar os recursos para que ocorresse um equilíbrio. Essa forma de pensamento, denominada determinista, foi elaborada por Friedrich Ratzel e largamente incorporada nas ideologias de Hitler para o nazismo, sendo esse um dos primeiros relatos escritos sobre a implementação das questões sociais sobre o ambiente.
Meio ambiente
Termo usualmente empregado nos estudos voltados às ciências ambientais. Entretanto, há cientistas que iniciaram uma espécie de desuso, pois, ao inserirmos a palavra “meio”, estaríamos abordando a metade de algo, e, devido à interligação existente, não se deve realizar essa inferência.
Por muitos anos, as questões ambientais foram abordadas nos seus aspectos físicos. Contudo, o papel social tem apresentado uma inserção gradativa e abrangente na discussão. Por termos sido acostumados (ou até mesmo doutrinados) a dividirmos o conhecimento para melhor compreensão, esse termo pode ser usualmente empregado para o estudo das questões físicas ambientais.
Áreas degradadas
Umas das maiores problemáticas ambientais existentes atualmente é a degradação ambiental. O termo é empregado principalmente para estudos de solos e ecossistemas.
As atividades humanas, principalmente de industrialização, agricultura, pecuária, e mineração, destacam-se no desmatamento e improdutividade do solo, por meio do lançamento de rejeitos, como elementos químicos tóxicos. Ao dizermos que uma área é degradada, ocorre uma referência àquelas que se encontram altamente poluídas e requerem regeneração, a partir de tecnologias sustentáveis para melhoramento de solos, afluentes e reflorestamento.
No meio acadêmico, pesquisas voltadas à recuperação dessas áreas são constantes. O avanço nas ciências dos materiais possibilitou a aplicação de nanopartículas, hidrogéis e estruturas poliméricas que auxiliam, com sucesso, a recuperação de solos e rios.
Atualmente, empresas propõem o financiamento de pesquisas ou compra de patentes para solucionar tais problemas, o que implica na inserção de uma série de profissionais, como engenheiros, físicos, químicos, administradores, biólogos e afins.
Desertificação
A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações das Nações Unidas (ONU).
A utilização de recursos naturais de forma inapropriada, somada às mudanças climáticas e aspectos físicos naturais, ocasiona uma degradação de tal forma que torna impossível a regeneração dos locais explorados, fazendo surgir áreas áridas e semiáridas.
Esse debate foi iniciado devido a problemas existentes no continente africano, alvo de grandes preocupações. Por envolver aspectos de auxílio financeiro, países como os Estados Unidos entraram na “corrida”, com o intuito de adquirir lucros, contestando a existência de áreas em processo de desertificação em seu território. No entanto, atualmente existe um mapeamento e acompanhamento dos países com tendências ao processo de desertificação, que podem ser encontrados nas Américas, África e Europa.
No Brasil, as áreas susceptíveis à desertificação são encontradas na Região Nordeste. Um dos núcleos de estudos é o município de Cabrobó, Pernambuco, que se encontra em processo avançado (Figura 3). A utilização das técnicas de agricultura por inundação, associada à topografia do terreno e alta evapotranspiração devido às condições climáticas, ocasionou a formação de extensas camadas de sais no solo, tornando-o improdutivo e causando abandono das áreas. As pesquisas estão concentradas nos aspectos de impactossocioambientais, bem como na tentativa de mitigar o problema.
Figura 3. Solo salinizado no município de Cabrobó, Pernambuco, um dos núcleos de desertificação brasileiro. Fonte: MAIA, 2015.
As problemáticas não se restringem aos aspectos físicos, pois os fatores sociais são duramente afetados. Ao tornar o solo improdutivo, ocorre um impacto direto na produção de alimentos, bem como o abandono dos locais pelos moradores. Nesse processo, há uma queda na arrecadação econômica. Sendo a região responsável por produzir alimentos para outros municípios, estados e afins, o processo ocasionará desabastecimento e prejudicará milhares de famílias. Fatores como esses ressaltam a preocupação das entidades governamentais sobre o tema.
Efluentes
Umas das temáticas mais trabalhadas pelas empresas no setor ambiental são os efluentes. A água é um bem precioso, utilizado corriqueiramente em nossas atividades do cotidiano. O processo de “chegada, recebimento” da água é denominado afluente; e a “saída”, denominada efluente.
Devido à mistura com outros compostos, orgânicos e inorgânicos, como gorduras, pesticidas, metais e afins, os efluentes tornaram-se uma temática de grande discussão, pois o destino, em sua maioria, são os rios. Ao serem lançados em aquíferos, um dos principais problemas é a carga microbiana existente no material, que ocasiona sequestro de oxigênio e impede o desenvolvimento e manutenção da vida aquática.
Os metais são outro exemplo de grandes preocupações, devido à capacidade de se acumular nos organismos. Os acúmulos podem acontecer em seres humanos, por meio da ingestão, acarretando sérios problemas de saúde.
ASSISTA
A série Aruanas, produzida pela Rede Globo, demonstra com clareza os problemas causados pelo não tratamento de efluentes. O enredo concentra-se nos impactos socioambientais causados pela mineração na região amazônica. O despejo irregular dos efluentes, com altas concentrações de metais como chumbo e mercúrio, ocasiona problemas de saúde nos moradores da região devido à ingestão por meio do consumo de peixes. Em algumas cenas, é demonstrada a morte gradativa dessas pessoas.
Atualmente, há empreendimentos com estações de tratamento e monitoramento constante, por meio de análises químicas que atendem às legislações ambientais.
Pesquisas nessa temática registram grandes avanços, principalmente pela aplicação de carvões ativados como adsorventes. Outros buscam a utilização de organismos vivos, como plantas aquáticas, para realização de tratamentos. O propósito, porém, vai além do tratamento, e busca a reutilização para fins de serviços gerais ou alguma etapa de processo produtivo. No Brasil, a importância do tema reflete-se na construção de linhas de pesquisas em cursos de mestrado e doutorado, que se propõem a estudar o problema e buscar soluções.
Bioenergia
As preocupações do petróleo e carvão mineral como bens finitos acarretaram mudanças energéticas globais. A busca por fontes alternativas de energia tornou-se crescente, a fim de evitar um colapso energético futuro.
Não somente a falta, mas também a intenção dos países em melhorar suas condições ambientais proporcionaram o avanço de pesquisas e implementação de fontes limpas e renováveis.
A bioenergia é compreendida como aquela que acarreta menores níveis de impactos ambientais, composta por fontes sustentáveis. Matérias-primas como biomassa, sol, vento, são consideradas formas de energia limpa (Figura 4).
Figura 4. Principais fontes de energia limpa. Fonte: CreaJR-PR, 2010.
É de suma importância saber que qualquer forma de energia trará algum nível de impacto: o que se diferencia é o grau implicado.
Petróleo e carvão mineral, além de considerados bens finitos, emitem particulados e compostos orgânicos quando em combustão, como os hidrocarbonetos polissacarídeos aromáticos, altamente prejudiciais à saúde. Estudos apontam positividade em sua substituição por outras fontes, mais sustentáveis, com tendência mundialmente crescente; porém, são necessárias uma constante atenção e acompanhamento.
A utilização de biomassa pode ocasionar uma competição entre produção de energia e alimentos. Entre as matérias-primas utilizadas, os óleos derivados da soja e do milho são os principais, mas são eles também fontes nutricionais importantes.
Pesquisas que procuram avaliar os impactos ambientais da energia solar e eólica apontaram dois sérios problemas: elevação da morte de animais, principalmente de aves, e erosão. A devastação de áreas para implementação desses modais energéticos também é outra problemática. Compreender tais problemas é importante para entendermos que, mesmo em se tratando de uma energia sustentável, há alguma forma de impacto.
Economia verde
Devido às preocupações com as questões ambientais, as empresas iniciaram um processo de mudança e implementaram tecnologias em seu processo de trabalho para proporcionar menos impactos ao ambiente.
Seu propósito sustenta-se em menores emissões de poluentes, bem como na criação de produtos biodegradáveis. Esse novo formato produtivo é denominado de economia verde e tem demonstrado adesão crescente por parte de empreendimentos do setor público e privado. Essa adesão não se encontra restrita à diminuição de impactos ambientais, mas também abrange mais lucratividade, com diminuição de custos.
Essa nova visão econômica encontra-se presente em grandes debates e participa da agenda da ONU. Os empreendimentos estão gradativamente reestruturando suas linhas produtivas e investindo em tecnologias sustentáveis. Já os setores públicos têm uma tendência em incentivar essa transição, principalmente para atingir as metas propostas em acordos de cooperação sobre diminuições da poluição ambiental. São mudanças que devem atingir de forma positiva a sociedade, possibilitando e garantindo seu bem-estar, sem ocorrência de danos.
Padrões de consumo
Vivemos numa sociedade em que somos “forçados” ao constante consumo, e essa atividade é de suma importância para manutenção econômica. Por quaisquer produtos utilizados necessitar, em seu processo, de alguma matéria-prima originada do ambiente, preocupações ambientalistas foram iniciadas.
O consumismo demasiado poderá ocasionar, em breve, a escassez de recursos naturais. Daí, o debate visando à mudança. Ao se mencionar sobre padrões de consumo, estamos nos referindo à forma como a sociedade adquire e descarta seus bens – roupas, eletrodomésticos, calçados e afins.
O desafio atual encontra-se na sensibilização social para o consumo consciente, uma atividade de alto grau de dificuldade. Em um meio em que se aprendeu que o comprar pode ser uma ferramenta de felicidade, ocasionar uma mudança nessa forma de pensar é complexo.
Contudo, não ocorre a existência de uma alternativa sem ser por meio de mudança de atitudes – e a realidade atual é a falta de recursos naturais no futuro, já que a demanda é superior se comparada à oferta. Como consequência, poderá ocorrer uma queda no bem-estar da população, assim como a falta de atendimento para questões básicas e essenciais de manutenção diária.
Mudanças climáticas
Para compreensão desse tema, uma primeira definição precisa ser esclarecida, que é a diferença entre clima e tempo. O tempo é algo mutável – um dia poderá ser de sol, e o outro é de chuva. Já o clima é uma observação das modificações do tempo numa faixa mínima de 30 anos.
Quando falamos de mudanças climáticas, a referência é uma grande modificação no clima em escala regional ou global. Essa mudança pode apresentar sérios riscos à qualidade de vida da população. Áreas de climas frios, por exemplo, podem apresentar constante aquecimento.
As constantes emissões de poluentes são as principais causadoras da problemática, uma vez que podem provocar reações com o ozônio atmosférico e ocasionar aumento na destruição de filtragem dos raios ultravioletas. Esse processo é denominado aquecimento global.
Ocorrem grandes discussões na comunidade acadêmica sobre essa temática. Alguns estudiosos afirmam que a Terra se encontra em um processo de aquecimento natural, com tendênciasfuturas de ocorrer um resfriamento, já que, no contexto histórico de formação do planeta, existem evidências de processos de glaciação e deglaciação.
Entretanto, a maior quantidade de pesquisas aponta que os impactos ocasionados ao ambiente, principalmente pela emissão de gases tóxicos no ar, são os principais responsáveis por esse processo atualmente.
Desenvolvimento sustentável
Entende-se por desenvolvimento sustentável o emprego de tecnologias que ocasionem menores níveis de agressão ao ambiente, como a diminuição da emissão de poluentes na atmosfera. A terminologia tecnologias limpas também é usualmente empregada nessa temática.
A substituição dos combustíveis fósseis (petróleo) por energia de biomassa é considerada uma forma de desenvolvimento sustentável. As inovações tecnológicas sustentáveis também devem ter um custo acessível, para beneficiar todas as classes sociais. A questão social também se encontra inclusa no discurso dessa temática, devido à necessidade de melhorar a qualidade de vida da população, em uma tentativa de diminuir as desigualdades.
Os limites de recursos naturais devem ser respeitados, e são necessários altos investimentos em pesquisas que busquem fontes alternativas em substituição parcial, ou total. Atividades que contribuam para a extinção de espécies devem ser imediatamente interrompidas e reelaboradas, por poderem provocar um desequilíbrio no sistema ecológico. Essas novas visões e perspectivas estão sendo gradativamente postas em práticas, principalmente por países europeus; entretanto, muito ainda precisa ser realizado.
Preservação e conservação
Esses termos, diferentemente do pensamento comum, têm significados totalmente opostos. A preservação é designada para áreas com proteção total, em que não pode ocorrer nenhuma forma de intervenção humana. Quando se trata de conservação, poderá ocorrer a exploração de forma racional, não fomentando indícios de qualquer tipo de impacto ao ambiente. O Brasil conta com legislações que garantem e delimitam áreas preservadas e conservadas, tendo como punição de descumprimento multas e/ou prisões.
O desrespeito a essas áreas, porém, é uma problemática existente e difícil de ser erradicada. As fraudes sobre as legislações ambientais, o descompromisso de empreendimentos, tentativas de subornos e trabalho exploratório e ilegal, são situações encontradas na exploração de bens naturais: em muitos casos, as áreas protegidas têm riquezas minerais, como ouro, ferro, grafeno, estanho e afins, cobiçadas por grandes empresas devido às diversas aplicações. Uma face esquecida é a riqueza da biodiversidade na fauna e flora existente nessas áreas, em alguns casos, pouco conhecidas e estudadas.
Pesquisas constantes em áreas protegidas demonstram a descoberta de novas espécies, bem como melhor compreensão das dinâmicas ecológicas. Os estudos de base (aqueles que dão margem a outras pesquisas) apontam que há muito que ser descoberto. São fatores como esses que demonstram a importância de proteção das respectivas áreas, especialmente em um contexto em que, em muitos casos, ocorre negligência para atender anseios econômicos.
Ecologia, ecossistemas e biomas
A procura pela compreensão dos aspectos de interrelação dos seres vivos com seu ambiente é denominado ecologia. Entre seus campos de pesquisa, busca-se o entendimento dos padrões e diversidades de espécies, modificações fisiológicas ou genéticas, ciclos biogeoquímicos e afins.
São assuntos de extrema complexidade que envolvem, em determinados casos, anos de pesquisas para obtenção de resultados.
O bioma é compreendido pela delimitação de uma região com características (climáticas, fisiológicas, geomorfológicas, entre outros aspectos) bem definidas. No território brasileiro há seis biomas: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa.
Denomina-se ecossistema a interação dos fatores bióticos e abióticos, e se propõe estudar suas respectivas influências. Esse é um conceito bastante utilizado e estudado pelos ecologistas. Contudo, os setores de tecnologia da informação também têm-se apropriado dessa terminologia.
Recentemente, o termo ecossistemas de inovação tem ganhado espaço nos debates. Seu objetivo é uma parceria sólida entre entidades governamentais, empresas e instituições universitárias, visando à construção e implementação de parques tecnológicos. Os temas que têm foco são aqueles voltados ao campo das engenharias, informática e outros que envolvem a tecnologia da informação.
Equidade social
A busca por uma sociedade mais justa é uma das lutas ambientais atuais. A questão de justiça não deve se restringir aos aspectos do ser humano em sua relação com o meio físico, mas abranger também a relação entre seres sociais.
O termo igualdade adentra este século para realizar reparos, consertar e evitar erros relacionados à justiça social. Contudo, outro termo tem tido sua aplicação ampliada: a equidade.
Diferentemente da igualdade, que busca realizar uma avaliação, julgamento e afins e é aplicada igualitariamente a todos, a equidade busca estudar o caso, ocasionando uma restruturação de regra, mas sem perda alguma da ética e da justiça (Figura 5).
Figura 5. Exemplificação da diferença entre igualdade e equidade social. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 24/08/2020.
Segurança alimentar
Esse tema pode ser definido como a capacidade de produção e distribuição de alimentos seguros para toda a população. As políticas voltadas a mecanismos produtivos e disponibilidade de alimentos, a serem elaboradas pelas entidades governamentais, é denominada soberania alimentar.
A temática da segurança alimentar envolve diversos temas: todos aqueles voltados à disponibilidade de terra, água e fertilizantes. O contexto também está relacionado à aquisição de alimentos saudáveis para a população. Temáticas como obesidade e doenças causadas pelo consumo alimentício inadequado também são relacionadas à segurança alimentar.
RESÍDUOS SÓLIDOS
Esse tema é definido como qualquer tipo de material ou bem adquirido e descartado pela sociedade. Em sua maioria, os materiais podem ser reciclados e/ou reutilizados. Contudo, o descarte inadequado apresenta um dos principais problemas ambientais atuais.
No Brasil, em 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n° 12.305/10): o Ministério do Meio Ambiente (2010) aborda políticas de gestão, responsabilidade sobre o ciclo de vida, viabilização de coleta seletiva e sistema de informações sobre o gerenciamento de resíduos.
Contudo, falhas envolvendo aspectos financeiros inviabilizam um trabalho efetivo, especialmente as diversas falhas no gerenciamento de resíduos. Nossas atitudes como cidadãos são importantes, pois a separação dos resíduos ainda é algo pouco executado na sociedade.
Racismo estrutural
Vivemos em uma sociedade diversificada. Contudo, as políticas étnicas e de respeito ao próximo, em alguns casos, não são implementadas.
No histórico de desenvolvimento humano, a ascensão de um determinado grupo social e inferiorização de outro é algo ainda encontrado neste século. Essa trajetória histórica, que põe em prática uma cultura que atinge diferentes grupos sociais de forma negativa, sem respeito à ética civil, é denominada racismo estrutural.
Histórico dos debates a respeito de ética e responsabilidade social no Brasil e no mundo
Seção 5 de 6
Os debates sociais sobre as responsabilidades e valores éticos ocorrem todos os dias.
As mesas redondas e eventos científicos são constantes no mundo inteiro, sendo eles responsáveis por traçar e fomentar a compreensão do hoje e promover ações que terão efeitos significativos em curto ou longo prazo. Os meios acadêmicos e as universidades são os principais polos desses debates, destacando-se as Ciências Humanas, embora não sejam exclusivas nessas mesas.
Uma visão de aspecto mundial
O debate sobre a reponsabilidade social tem seu principal início marcado pela Revolução Industrial no século XVIII. A situação precária de trabalho, em maioria exploratórios, fez diversos teóricos debaterem a problemática.
Entreas teorias realizadas, uma se encontra em debate até os dias atuais: Karl Marx elabora as primeiras formulações sobre o capitalismo. A corrente de pensamento de Marx era uma dura crítica à exploração exacerbada da classe operária, e, em contrapartida, aos lucros e à concentração de renda que estavam nas mãos dos grandes donos de empreendimentos. Além disso, as teorias de Marx também contemplavam questões ambientais devido aos altos níveis de poluição que se alastravam pela Europa.
As problemáticas relacionadas ao trabalho exploratório fizeram a classe operária procurar lutar por alguma forma de garantia de direitos. Esse fator estava atrelado, também, à constante modernização fabril, que diminuiu a dependência de mão de obra e fez com que antigos artesões se tornassem desempregados. Essas perspectivas levaram os operários a lutar e a construir sindicatos, reconhecidos pelo parlamento inglês após várias lutas, que também resultaram no surgimento de movimentos grevistas.
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Outro ponto está atrelado ao engajamento dos setores públicos nas temáticas ambientais. A preocupação com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida social foi peça-chave para o surgimento de encontros que buscassem propor soluções de mitigação. Reuniões que anteriormente eram realizadas para atender às preocupações com as perspectivas econômicas passaram a ser substituídas pelas pautas ambientalistas.
O movimento hippie, ocorrido nos anos 1960, também faz parte de uma importante conjuntura dos debates sociais. Iniciado com a luta contra o uso de armas nucleares, incorporou temáticas importantes em seu discurso, como o respeito à natureza, homossexualidade, preconceito racial e consumo consciente, dando margem a outros debates pouco comentados naquele período.
// O Brasil no caminho da responsabilidade social
Após o período da Ditadura Militar e constituição do Brasil como democracia, novos debates surgiram. 
Após o período da Ditadura Militar e constituição do Brasil como democracia, novos debates surgiram.
A elaboração da Constituição garantiu as legislações trabalhistas anteriormente reduzidas durante a ditadura. A liberdade de expressão e de imprensa é devolvida, ampliando a ascensão sobre os problemas sociais, principalmente relacionados à pobreza, existentes devido à liberdade dos pesquisadores das ciências humanas definirem seus estudos sem a ocorrência de algum tipo de retaliação.
A reforma agrária é outro importante marco, que possibilitou a distribuição e posse de terras para os pequenos agricultores. Diferentemente do que se imagina, esse grupo de trabalhadores são os principais responsáveis pelo abastecimento alimentício nacional. As grandes lavouras, as agroindústrias, têm foco na manutenção do mercado internacional, uma vez que o Brasil é um dos principais centros do agronegócio mundial.
// Primavera Silenciosa: um embate com a Revolução Verde
A Segunda Guerra Mundial teve fim no ano de 1945 e deixou consequências graves para humanidade. 
A Segunda Guerra Mundial teve fim no ano de 1945 e deixou consequências graves para humanidade.
O mundo precisava reestruturar-se fisicamente e economicamente. Além da morte de milhares de pessoas, outro grande grupo ficou sem acesso a alimentos e suprimentos de necessidades básicas. Fatores como esses impulsionaram o problema da fome existente em diversos países do mundo, mesmo anteriormente à guerra, e fizeram com que surgisse uma visão agrícola denominada Revolução Verde. Entre os períodos de 1960 e 1970, países como Estados Unidos e México procuraram implementar tecnologias que acelerassem a produção agrícola.
Por outro lado, a utilização desenfreada de pesticidas trouxe problemas ambientais. O uso de produtos químicos como fertilizantes era algo corriqueiro. Todavia, estudos de monitoramento do meio físico e saúde humana, bem como avaliações de riscos, não eram realizados com frequência, e não existiam protocolos seguros de utilização e afins. Estudos que fossem contra e apresentassem divergências de pensamentos eram duramente criticados: um deles realizado por Rachel Carson em 1962, denominado Primavera silenciosa.
A obra, que buscava explicar os impactos da utilização inadequada de pesticidas no desenvolvimento vegetal, biodiversidade de espécies e saúde humana, foi considerada livro célebre pelo movimento ambientalista moderno. Mesmo sendo duramente criticado na época, ele demonstrou com clareza os impactos desse modelo de produção e foi crucial para o processo de mudança, que, obviamente, não foi rápido. Atualmente, o avanço científico possibilita o desenvolvimento de novas perspectivas e tecnologias no campo agrícola, com níveis mais baixos de impactos ambientais.
// Conferência de Estocolmo
O fim da Segunda Guerra também ocasionou outras preocupações ambientais. O relatório produzido pelo Clube de Roma em 1972 apontou um problema de crescimento rápido da população e que os recursos naturais não conseguiriam suprir as necessidades.
O fim da Segunda Guerra também ocasionou outras preocupações ambientais. O relatório produzido pelo Clube de Roma em 1972 apontou um problema de crescimento rápido da população e que os recursos naturais não conseguiriam suprir as necessidades.
Naquele mesmo ano, a ONU decidiu realizar a primeira reunião com chefes de Estado que procurassem tratar dos problemas ambientais, denominada Conferência Mundial do Homem e do Meio Ambiente, popularmente conhecida como Conferência de Estocolmo (Figura 6).
Figura 6. Notícia de jornal brasileiro sobre a Conferência de Estocolmo. Fonte: FEITOSA, 2018.
Figura 6. Notícia de jornal brasileiro sobre a Conferência de Estocolmo. Fonte: FEITOSA, 2018.
Problemas como catástrofes naturais, mudanças climáticas, possível escassez de recursos naturais e modificações econômicas e sociais foram debatidas no encontro, que resultou na Declaração das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, também denominada Declaração de Estocolmo, que promovia ações ambientais. A importância dessa reunião é pautada por ser a primeira vez que as entidades governamentais se preocuparam, oficialmente, com os aspectos ambientais.
A criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)
As mudanças globais do clima despertaram grande interesse das instituições governamentais e seus respectivos gestores, o que culminou na criação do IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change, em 1988.
A intenção do Painel é voltada à junção e difusão de dados relacionados a mudanças climáticas, com a proposta de conhecimento sobre seus aspectos fundamentais, formas de solução e efeitos na sociedade (pessoas e questões econômicas).
Protocolo de Quioto
Os relatórios de IPCC foram fundamentais para, em 1997, ser construído o Protocolo de Quioto. A entrada em vigor do Protocolo, porém, foi realizada apenas no ano de 2005.
Sua finalidade tem um significado importante para a manutenção da vida no planeta, pois o intuito foi o estabelecimento do controle na emissão de gases do efeito estufa (GEE) pelas atividades industriais na atmosfera.
Os países assinaram um compromisso para diminuição das emissões de CO2, e o protocolo também deu margem para o surgimento do termo créditos de carbono, em que uma tonelada de dióxido de carbono geraria um crédito em forma de certificado. Essas certificações poderiam ser negociadas no mercado internacional.
Eco 92 e Rio + 20
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, popularmente conhecida como Eco 92, foi uma das principais reuniões mundiais a tratar dos temas ambientais, com um significativo envolvimento de diversos países (176) de todo o planeta.
Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a conferência procurava definir um plano de ação para o desenvolvimento sustentável, e tornou-se o início da ascensão global das discussões sobre os problemas ambientais, tendo como foco a busca por alternativas de solução (Figura 7). Assim como o relatório do IPCC, a Eco 92 foi fundamental para elaboração do Protocolo de Quioto.
Figura 7. Registro do encerramento da Eco92. Fonte: ROZARIO, 1992.
A Rio+20, por sua vez, foi realizada 20 anos depois e teve por objetivo a reafirmação dos compromissos adotados na Eco 92. A conferência também teve como foco a observação e discussão de problemas ainda existentes e buscou formas de soluções futuras. Um grande diferencial do encontro foi a intensificação dos debates voltados à implementação da economia verde.
Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável
Esse importante evento ocorreu na cidade de Nova York, Estados Unidos, com o objetivo de direcionar o planejamento para o desenvolvimento sustentável até o ano de 2030. Foram traçados 17 objetivos, denominados ODS (Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável), como demonstra a Figura 8. No encontro, também foram discutidas as ações propostas durante a Rio +20.
Agora é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nessa unidade. Vamos lá?!
SINTETIZANDO
A industrialização e o desenvolvimento urbanos foram os principais causadores dos impactos ambientais, transformando radicalmente o modo de vida social. Esse processo também ocasionou o afastamento do ser humano em relação a seu meio, o que causou uma diferença entre sociedade e natureza. Além disso, o deslumbramento com os aspectos econômicos e ascensão do modo capitalista fizeram com que a sociedade se dividisse em subgrupos, dando margem à disseminação de diversas formas de discriminação.
O consumo e a falta de sensibilização com a natureza ocasionaram uma série de consequências, como a poluição de aquíferos, do ar e do solo, que impactam seriamente a manutenção e qualidade de vida. Ademais, o surgimento e disseminação de doenças relacionadas a impactos ambientais é algo presente na sociedade atual, e tais fatores levam-nos a refletir sobre a necessidade de reestruturarmos nossas atitudes.
As causas sociais, como preconceito racial, discriminação a grupos etc. são de cunho ambientalista, pois devemos lembrar sempre que ser humano e natureza são indissociáveis. A compreensão de todos os aspectos, humanos, físicos e afins, na óptica interdisciplinar, é fundamental, devido à robustez em receber e interligar diferentes formas de conhecimento.
Nesta unidade, vimos um pouco dos debates ambientalistas, seus conceitos e fundamentos. A principal observação a ser feita é a atenção dos setores públicos para as causas ambientalistas. A percepção que este é um tema que influencia diretamente os aspectos sociais e econômicos fez com que a temática adentrasse as agendas globais. O fomento de pesquisas também demonstra a importância da discussão. Todos os eventos e conferências, diante disso, têm um único fim: proporcionar para sociedade uma vida sustentável.
Devemos sempre lembrar que esta não é uma causa exclusiva dos órgãos governamentais e das grandes empresas, porém. Assim como a sociedade procurou lutar pelos diretos trabalhistas, deverá ater-se à sensibilização com o seu meio. O ambiente que nos rodeia é de todos, e somos responsáveis por sua melhoria. Pequenas atitudes hoje farão a diferença para termos um futuro melhor e proporcionar melhor qualidade de vida para as próximas gerações.
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