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PROCESSO SELETIVO PARA RESIDÊNCIA MÉDICA 2021 ANOS ADICIONAIS E ÁREAS DE ATUAÇÕES PSIQUIATRIA DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA INSTRUÇÕES • Verifique se este caderno contém 20 (vinte) questões de múltipla escolha; • Caso não esteja completo, informe imediatamente o fiscal da sala. Não serão aceitas reclamações posteriores. • Confira seus dados impressos e assine no campo indicado; • Leia cuidadosamente cada questão e escolha a resposta que você considera correta; • Cada questão possui apenas uma resposta correta, mais de uma letra assinalada implicará anulação dessa questão; • Responda todas as questões; • Marque, de acordo com as instruções contidas na Folha de Respostas, com caneta de tinta preta, a letra correspondente à alternativa que você escolheu; • A duração da prova é de 2 (duas) horas, já incluído o tempo para o preenchimento da Folha de Respostas; • Só será permitida a saída da sala após 1 (uma) hora do ínicio da prova, podendo levar apenas o documento contendo suas respostas anotadas; • Durante a realização da prova não será permitida qualquer consulta ou comunicação entre os candidatos, nem a utilização de aparelhos eletrônicos de qualquer natureza ou qualquer outro material vedado nos termos do edital. É proibida a divulgação ou impressão parcial ou total sem autorização prévia. Direitos autorais reservados. Nome Inscrição Assinatura Carteira Sala Página 2/12 – Faculdade de Medicina da USP - Residência Médica 2021 QUESTÃO 01 R., 16 anos, foi avaliada pela equipe da Psiquiatria no PS, após ter tido quadro de provável catotonia resolvido. Apresenta provável diagnóstico de Esquizofrenia. A equipe do CAPSi vem acompanhando o caso durante o último ano. Realizou diversas visitas domiciliares, pois a mãe não levava a paciente ao local do CAPSi. Nestas visitas, puderam constatar que a paciente não recebe as medicações adequadamente, devido à resistência da mãe em administrá-las e que vive em condições precárias, com hábitos de higiene limitados. De acordo com relato da família da paciente, há grave suspeita de que a paciente foi abusada sexualmente por seu pai. Alguns vizinhos também relataram situações de maus tratos físicos (“batia com a cabeça das duas filhas contra a parede quando se irritava” - sic). A equipe do CAPSi também constatou que a irmã de R. demonstrava medo de ficar perto do pai e que R. apresentava crises de agitação quando se conversava a respeito do pai perto dela (mesmo na ausência dele). Há quatro anos ele já não mora mais com a família, porém sempre tenta manter contato telefônico e já demonstrou, através de contato com a mãe da paciente, intenção de visitá-la ou mesmo de tentar encontrá-la na rua. A mãe da paciente, segundo informações de familiares, apresenta um quadro de epilepsia refratária tratada cirurgicamente no passado. Desde a cirurgia, apresenta sintomas psiquiátricos variáveis, com tratamento instável e, por vezes, se recusa a seguir os tratamentos indicados. (A) Considerando os preceitos estabelecidos pelo ECA, no qual a criança deve permanecer com sua família, sendo o afastamento do convívio familiar uma medida de exceção, a menina deve receber alta sob os cuidados da mãe, devendo ser acionado CREAS para acompanhamento da família e a inserção da adolescente em CAPS-I, com atendimentos domiciliares, se necessário. (B) Considerando a situação de risco para as filhas e a incapacidade da mãe em assumir os cuidados de ambas, a menina deve receber alta hospitalar e ser acolhida em instituição e a mãe encaminhada para tratamento psiquiátrico compulsório. (C) A prioridade deve ser os cuidados de saúde de R. Para tanto, esta deve ser internada apenas se houver o consentimento da mãe, de forma que o vínculo seja preservado. Assim, após a sua internação, deve ser realizada avaliação detalhada sobre possíveis situações de negligência e abuso e, uma vez confirmadas, devem ser comunicadas ao Conselho Tutelar e Vara da Infância da região. (D) A prioridade deve ser os cuidados de saúde de R. Para tanto, esta deve ser internada, ainda que contra a vontade da mãe, acionando-se a Vara da Infância e Juventude. Após sua internação, deve-se enviar manifestação técnica para o Conselho Tutelar e Vara da Infância da região para informar a situação de negligência materna e suspeita de abuso, para que as medidas protetivas necessárias sejam tomadas. Faculdade de Medicina da USP – Residência Médica 2021 - Página 3/12 QUESTÃO 02 Com relação ao Diagnóstico de Dependência de Substâncias Psicoativas em adolescentes, é possível afirmar que: (A) Como a dependência química não se estabelece de imediato, sendo necessário a passagem do uso experimental, uso ocasional, uso regular, uso abusivo e daí a dependência, quando esta se instala na grande maioria das vezes o indivíduo é maior de 18 anos. É por esta razão que não existem critérios específicos para diagnóstico de dependência de substâncias para adolescentes. (B) Pelas novas diretrizes do DSM-5, não há mais a distinção entre uso abusivo e dependência. O diagnóstico de transtorno por uso de substâncias é feito pela intensidade de problemas apresentados: os onze critérios (divididos em quatro categorias – falta de controle; prejuízo social; uso arriscado; critérios farmacológicos) são listados todos juntos e de acordo com o número de critérios presentes, seria definida a gravidade do quadro clínico. (C) O adolescente é mais resistente às consequências físicas do uso de drogas, sendo raro o desenvolvimento de abstinência e tolerância nesta população. Esta é a razão pela qual o número de leitos para internação de adolescentes dependentes químicos é significativamente menor do que para adultos. (D) Como os adolescentes ainda estão em fase de desenvolvimento, o uso de qualquer substância psicoativa, em qualquer frequência e quantidade, é considerado patológico. Página 4/12 – Faculdade de Medicina da USP - Residência Médica 2021 QUESTÃO 03 Masculino, 16 anos e 10 meses, cursando 3º ano EM em escola particular. Há cerca de 5 anos, paciente vem apresentando restrição progressiva da dieta alegando medo de passar mal e vomitar. Investigações clínicas e laboratoriais conduzidas pelo Pediatra exibiram resultados dentro dos parâmetros de normalidade, sendo assim inconclusivas. Perda de peso se intensificou no último ano junto com maior preocupação com desempenho acadêmico. Relata ficar muito incomodado ao comer junto com outras pessoas e o cheiro de determinados alimentos lembram “refeições em que já passou muito mal”. Nega induzir vômitos ou usar laxantes com o intuito de perder de peso. Negava incomodo com comentários recorrentes sobre estar muito magro. Diz que gostaria de comer melhor, mas tem muito medo de alimentos diferentes dos que come hoje. Na data da avaliação, paciente com peso de 41 kg, altura 163 cm e IMC de 15.43 kg/m² que o coloca no percentil de IMC/idade < 1% (Z-escore de IMC/idade de -3). Marcada lentificação psicomotora, hipocorado e emagrecido com presença de lanugo visível em antebraços. Inversão do ciclo sono-vigilia. Ausência de alterações da sensopercepção. Considerando os critérios do DSM-5, a hipótese diagnóstica e as condutas iniciais mais adequadas para o caso são: (A) Anorexia nervosa restritiva. Condutas: Psicoeducação sobre o diagnóstico e o tratamento ao paciente e aos pais; Terapia familiar com foco na responsabilização dos pais pela realimentação; Reintrodução progressiva dos alimentos e reduzir gasto energético. (B) Anorexia nervosa atípica. Condutas: Psicoeducação sobre o diagnóstico e o tratamento ao paciente e aos pais; Terapia familiar com foco na responsabilização dos pais pelo tratamento; Iniciar Mirtazapina 15 mg/noite para insônia; Orientação nutricional com organização de horários e proibir atividadesfísicas. (C) Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo. Condutas: Psicoeducação sobre o diagnóstico e o tratamento ao paciente e aos pais; Psicoterapia com foco na motivação do paciente para o tratamento e estimular os pais a ajudá-lo; Orientação nutricional com aumento do volume utilizando alimentos já aceitos e reduzir gasto energético. (D) Fobia específica (Vômitos – Emetofobia). Condutas: Tranquilizar pais e paciente; Orientar sobre processos de realimentação baseado em técnicas de enfrentamento da Terapia Cognitivo Comportamental; Iniciar Sertralina 25 mg/dia para os sintomas ansiosos. Faculdade de Medicina da USP – Residência Médica 2021 - Página 5/12 QUESTÃO 04 Em relação à esquizofrenia na infância e adolescência, qual a resposta correta? (A) Apresenta funcionamento pré-mórbido bem marcado por alterações do neurodesenvolvimento: motor, linguagem e sociabilidade. (B) Os sintomas negativos surgem na fase crônica da doença e não estão presentes na fase aguda ou até mesmo antes dela. (C) Os delírios tendem a ser persecutórios, auto referentes ou de grandeza, são bem estruturados, contendo elementos da vivência da criança (monstros, personagens de filmes e jogos). (D) Um pior funcionamento pré-mórbido está presente na psicose de início na vida adulta quando comparado com as alterações pré-psicóticas da esquizofrenia na infância e adolescência. QUESTÃO 05 Em relação a agentes farmacológicos, seus efeitos adversos e esquemas posológicos, assinale a alternativa correta: (A) Clonidina deve ser introduzida inicialmente em doses diárias de 0,05 mg ao deitar, e aumentada 0,05 mg a cada 3 dias até que um esquema de dose de 3 ou 4 vezes por dia seja alcançado, com doses médias de 0,4-0,6 mg/dia e doses máximas de 1 mg/dia. (B) Poliúria e polidipsia associada à terapia com lítio pode indicar diabete insípido nefrogênico. (C) Carbamazepina, oxcarbazepina e Erva de São João são indutores potentes de CYP3A4 e podem aumentar nível sérico de medicações como risperidona. (D) Citalopram e escitalopram são medicações bastante seguras pois não alteram o intervalo QT. QUESTÃO 06 Quanto aos sinais precoces de risco para o transtorno do espectro autista (TEA) podemos afirmar como sendo correto: (A) Não respondem quando chamado pelo nome entre 6 e 8 meses. (B) Não se interessam pelo prazer que provocam nos outros por volta dos 18 meses. (C) Perda de aquisição de fala funcional e interação por volta dos 18 meses. (D) Não se orienta que o pediatra faça escalas de triagem por ser parte do trabalho do especialista. Página 6/12 – Faculdade de Medicina da USP - Residência Médica 2021 QUESTÃO 07 Particularidades marcam a diferença nos aspectos clínicos e na terapêutica da depressão em crianças e em adolescentes. Dentre essas diferenças podemos citar: (A) O risco de suicídio está fortemente associado ao diagnóstico de depressão e aumenta consideravelmente na adolescência. (B) As crianças respondem melhor a tratamentos farmacológicos do que adolescentes, posto que os adolescentes sofrem maior influência dos hormônios sexuais. (C) Em crianças há uma maior diferença de gêneros, enquanto essa diferença é menor nos adolescentes. (D) Crianças respondem melhor aos antidepressivos tricíclicos, enquanto os adolescentes respondem melhor aos inibidores seletivos da recaptura de serotonina. QUESTÃO 08 Com relação aos Transtornos Ansiosos na Infância e Adolescência (TAIA), é correto afirmar: (A) Os TAIA são raros e acometem mais frequentemente os meninos em relação às meninas, numa razão aproximadamente de 2:1. (B) No DSM-5, houve a retirada dos diagnósticos de Transtorno Obsessivo-Compulsivo e de Transtorno de Estresse Pós-Traumático da seção dos Transtornos de Ansiedade, além da criação de uma nova seção para os diagnósticos referentes aos “Transtornos geralmente diagnosticados na primeira vez na infância ou adolescência”, da qual passaram a fazer parte o Transtorno de Ansiedade de Separação e o Mutismo Seletivo. (C) Na avaliação de crianças, são de grande importância as informações obtidas junto aos pais/cuidadores, professores e outros profissionais envolvidos nos cuidados delas, sendo geralmente dispensável a avaliação direta das crianças, uma vez que elas, na maioria das vezes, não conseguem expressar adequadamente os sintomas que apresentam. (D) O tratamento dos TAIA visa à redução dos sintomas ansiosos a um ponto em que deixem de interferir no funcionamento social ou escolar, no funcionamento familiar e no desenvolvimento normal. Abrange diversas modalidades, tais como intervenções de psicoeducação, terapia cognitivo-comportamental, terapia psicodinâmica, terapia familiar e/ou farmacoterapia. Faculdade de Medicina da USP – Residência Médica 2021 - Página 7/12 QUESTÃO 09 No tratamento de crianças e adolescentes que sofreram algum trauma, agudo ou crônico, deve-se: (A) Abordar imediatamente todas as lembranças do trauma sofrido, para que a criança não crie memórias traumáticas. (B) A abordagem deve, obrigatoriamente, ser multidisciplinar, visando promover fatores de resiliência individuais, na família – através de orientação e suporte familiar - e na comunidade, através do acionamento dos serviços que compõem a rede de proteção. (C) Quando os pais são as figuras que cometem os abusos em seus filhos, a conduta deve ser o afastamento dos filhos, visando a proteção imediata das crianças, e o início do processo de perda da guarda para que possam ser encaminhados para família substituta o mais rápido possível. (D) A vivência apenas de negligência acarreta consequências de menor gravidade no desenvolvimento cognitivo e emocional, quando comparada às consequências do abuso físico e sexual, e portanto demanda menos intervenções terapêuticas. QUESTÃO 10 Paciente Débora, 15 anos, é trazida à consulta ambulatorial acompanhada pela mãe. A mãe diz que filha é muito nervosa, tem crises de “explosão emocional” frequentes, nas quais chora muito e fica agressiva. Também refere que durante essas crises, que duram algumas horas, a paciente fica “fora de si”, sendo frequente Débora não lembrar das crises após ficar mais calma. O quadro começou aos 13 anos, quando a mãe percebeu autolesões na coxa da filha. Ao interrogar sobre o ambiente da adolescente, ela relata que tem dificuldades de fazer amigos na escola, onde sofre bullying por ser muito magra. O IMC de Débora está dentro do esperado, na faixa inferior da normalidade. Ao exame físico, identifica-se uma série de cicatrizes lineares nacaradas na região das coxas e algumas incisões superficiais com crostas sero-sanguinolentas. A mãe fala que não aguenta mais esse jeito “ansioso” da filha e sua baixa “autoestima”, que não respondem às medicações em uso. Ela traz a receita médica na qual consta sertralina 200 mg/dia e lorazepam 2 mg/dia. Escolha a alternativa que contenha melhor descrição da crise, hipótese diagnóstica mais provável e abordagens terapêuticas adequadas: (A) Crise dissociativa / Transtorno de Personalidade Borderline / Suspensão gradual de benzodiazepínico. Psicoeducação e treinamento de habilidades. (B) Explosões comportamentais recorrentes / Transtorno explosivo intermitente / Suspensão de benzodiazepínico e manutenção de inibidor seletivo de recaptura de serotonina. (C) Crise de agressividade para confronto de autoridade / Transtorno de Oposição Desafiante / Suspensão gradual de benzodiazepínico e sertralina. Introdução de lamotrigina. Terapia cognitivo-comportamental. (D) Reação de intolerância à frustração normal para a idade / Adolescência normal / Suspensão de medicações, psicoterapia psicodinâmica e seguimento ambulatorial espaçado. Página 8/12 – Faculdade de Medicina da USP - Residência Médica 2021 QUESTÃO 11 Em relação a efeitos adversos de medicações psicotrópicas, assinale a alternativacorreta: (A) O diagnóstico de toxicidade serotoninérgica é clínico, a partir da identificação de, na vigência de tratamento com medicação serotoninérgica, clônus espontâneo ou clônus induzido e agitação ou diaforese, tremor e hiperreflexia, sendo a descontinuação do agente causal fundamental para o tratamento, assim como medidas de suporte e deve-se evitar o uso de benzodiazepínicos para controle da agitação. (B) Para o tratamento da distonia aguda em crianças, recomenda-se o uso de difenidramina 5 mg/kg/dia a cada 6h ou 8h via endovenosa ou intramuscular profunda ou biperideno 0.04 mg/kg/dose intramuscular (máximo de 2 mg) a cada 30 minutos até 4 doses em 24 horas. (C) Síndrome neuroléptica maligna envolve hipertermia, rigidez muscular, disfunção autonômica, taquicardia, taquipneia, labilidade de pressão arterial e níveis flutuantes de consciência, com início agudo e evoluindo em até 12h, com etiologia provavelmente secundária a níveis elevados abruptos de bloqueio de receptores dopaminérgicos em vias nigroestriatais, hipotalâmicas, mesolímbicas e mesocorticais. (D) Para o manejo da acatisia, recomenda-se o uso de anti-psicóticos de segunda geração, na menor dose possível, podendo ser mantidas medicações como valproato e inibidores seletivos da recaptação da serotonina e eventualmente introduzindo anticolinérgico, clonazepam ou propranolol. Faculdade de Medicina da USP – Residência Médica 2021 - Página 9/12 QUESTÃO 12 P. de 4 anos e 6 meses, vem para consulta de rotina, acompanhado de sua mãe. Mãe refere que está preocupada porque na escola, onde frequenta educação infantil, a professora relatou que P. tem apresentado comportamentos inadequados. De acordo com a professora, P. é inquieto, distrai-se por qualquer coisa, tem dificuldade em se manter nas atividades propostas e, às vezes, chuta os colegas quando frustrado. Mãe descreve que a criança sempre foi muito cheia de energia. Desde que começou a andar, não parava quieto, não obedecia a seus comandos, se machucava com frequência a ainda hoje não se atenta ao perigo (por exemplo, sobe em lugares altos, atravessa a rua sem prestar atenção, mesmo sabendo que não deve). Consegue sustentar a atenção quando está diante da televisão ou jogando no celular. Tanto na escola quanto em casa, diante de regras ou limites, irrita-se, opondo-se à instrução dada. Quanto ao desenvolvimento neuropsicomotor, mãe diz que P. foi um pouco mais “devagar” que seu irmão: andou com 1 ano e 4 meses e falou as primeiras palavras com 20 meses. Nessa época, chegou a fazer uma audiometria, cujo resultado foi normal. Atualmente, P. ainda apresenta trocas fonêmicas, sendo difícil a compreensão do que diz em alguns momentos, mas mãe e escola consideram que geralmente P. consegue se comunicar de forma adequada. Baseado no caso clínico acima, escolha a alternativa correta: (A) O diagnóstico de TDAH ainda não pode ser realizado nesta idade, uma vez que a inquietude é uma característica esperada em crianças pré-escolares. (B) Os sintomas opositores devem ser manejados através do uso de antipsicóticos como, por exemplo, a risperidona, não havendo eficácia para as abordagens psicoterápicas destes nesta idade. (C) O manejo inicial deve ser feito com psicoestimulantes, uma vez que está bem estabelecido na literatura dentro desta faixa etária. (D) As trocas fonêmicas podem ocorrer nesta idade e não configuram transtorno de linguagem. O paciente deverá ter abordagem multidisciplinar com fonoaudiologia. Página 10/12 – Faculdade de Medicina da USP - Residência Médica 2021 QUESTÃO 13 VMC, sexo feminino, 11 anos, pré-pubere, chega ao Pronto-Socorro trazida pelos pais em função de recusa alimentar há 72 horas, onde confessa ter ingerido somente água no período. Nas últimas 8 horas, os pais tentaram realizar realimentação sob supervisão, conforme orientados por Nutricionista especialista em Transtornos Alimentares. Entretanto, sem sucesso. Há cerca de 1 mês, após ter descoberto que não era a mais magra do grupo de amigas, passou a pular refeições, aprendeu a contar calorias com aplicativos de celular e cortou a maioria dos alimentos ricos em gorduras. Contou que estava muito triste e achava que, se não fosse a mais magra, deixaria de ser a aluna mais querida da sala. Perdeu 4 kg nas últimas semanas, no entanto, ainda se sentia bastante insatisfeita com sua forma física e após as refeições descreve sentir uma angústia intensa, muito medo de engordar e as únicas coisas que a aliviavam era dançar ou fazer abdominais no seu quarto. Ao exame: Paciente chora copiosamente, falando que prefere morrer a comer algo que possa engordá-la. Peso = 37 Kg; Altura = 146 cm; IMC de 17.36 kg/m²; percentil de IMC/idade 51% (Z-escore de IMC/idade de +0,1); PA = 70x50 mmHg; FC = 70 bpm; Glicemia capilar = 36 mg/dL; ECG sem alterações; Potássio sérico= 3,7 mEq/L. No caso acima, após estabilização dos parâmetros clínicos na emergência, qual seria a modalidade de tratamento mais adequada? Qual os principais critérios que justificam a escolha? (A) Modalidade: Internação hospitalar. Justificativa: Recusa alimentar aguda com rápida perda de peso e risco de suicídio. (B) Modalidade: Internação hospitalar. Justificativa: Hipocalemia e risco de suicídio. (C) Modalidade: Internação domiciliar com equipe pediátrica de Homecare. Justificativa: Falha de tratamento ambulatorial e risco de instabilidade clínica. (D) Modalidade: Ambulatorial com equipe especializada em Transtornos Alimentares. Justificativa: Sintomatologia típica de anorexia nervosa e perda de 10% do peso corporal. QUESTÃO 14 Em relação à evolução e tratamento da esquizofrenia na infância e adolescência, qual a resposta correta? (A) As indicações clínicas do uso da clozapina em crianças e adolescentes não são as mesmas do uso na população adulta, como refratariedade e redução de comportamento suicida. (B) Crianças e adolescentes são mais vulneráveis a efeitos adversos de psicofármacos, no entanto o impacto metabólico a longo prazo nessa faixa etária é menos expressivo. (C) O pior prognóstico relatado para pacientes de esquizofrenia de início precoce talvez possa ser explicado pelo tempo de psicose não tratada e maior associação com déficits cognitivos de base. (D) Todos os antipsicoticos são igualmente efetivos no tratamento da esquizofrenia na infância e adolescência. Faculdade de Medicina da USP – Residência Médica 2021 - Página 11/12 QUESTÃO 15 Sobre o TDAH é correto afirmar: (A) Na abordagem de adolescentes com TDAH, a terapia comportamental é a modalidade de tratamento preconizada. Os psicoestimulantes não devem ser usados, devido ao risco de abuso nesta população. (B) Crianças em uso de estimulantes devem ter o peso e a altura aferidos rotineiramente. Havendo alteração nestes parâmetros, a pausa da medicação em finais de semana/férias pode ser considerada. (C) A avaliação neuropsicológica, além de ser necessária para firmar o diagnóstico de TDAH, auxilia no planejamento de intervenções terapêuticas, uma vez que possibilita o mapeamento de déficits nas funções executivas. (D) Em relação aos fatores de risco bem estabelecidos para o TDAH temos os fatores genéticos (herdabilidade ~76%) e o ambientais, nos quais se destacam a prematuridade e o uso de eletrônicos. QUESTÃO 16 Sobre TEA podemos afirmar como correto: (A) Deficiência intelectual e TDAH são sempre diagnósticos diferenciais, não podendo ser uma comorbidade do TEA. (B) Atraso de fala é um dos critérios diagnósticos mais importantes e deve ser pesquisado pela sua alta prevalência. (C) A comunicação não verbal frequentemente está preservada e pode utilizada como forma de substituição para a comunicação verbal. (D) Alterações sensoriais como hipo/hipersensibilidade aos estímulos é um critério diagnósticoe pode ser causa de comportamento disruptivo. QUESTÃO 17 Como relação ao transtorno disruptivo da desregulação do humor (TDDH) é correto afirmar que: (A) Apesar de ser um quadro psicopatológico distinto do transtorno bipolar, com curso clínico e aspectos diagnósticos próprios, ele se encontra descrito, no DSM-5, dentro do grupo de transtorno bipolar do humor. (B) Há evidências, apesar de ainda pouco consistentes, de resposta parcial com o uso de carbonato de lítio e antiepilépticos. (C) A principal diferença com o transtorno explosivo intermitente (TEI) é que no TDDH as explosões de raiva são mais frequentes (ocorrendo até 03 vezes na semana), por um período maior de tempo (12 meses) e com a presença de humor permanentemente irritado no intervalo entre as explosões. (D) A idade mínima para o diagnóstico são 10 anos de idade, podendo o quadro persistir na vida adulta. Página 12/12 – Faculdade de Medicina da USP - Residência Médica 2021 QUESTÃO 18 Qual das seguintes afirmações a respeito de características clínicas, fatores de risco e prognóstico do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) em crianças e adolescentes está correta? (A) 40% dos jovens com TOC de início na infância ou adolescente podem experimentar remissão no início da idade adulta, mas muitos deles podem ter uma doença vitalícia. (B) A desinibição comportamental na infância é um possível fator de risco relacionado ao temperamento do indivíduo. (C) Meninas são afetadas em uma taxa mais alta do que meninos na população pediátrica. (D) A taxa de TOC entre parentes de primeiro grau de indivíduos com TOC na infância ou adolescência é 2 vezes maior do que entre parentes de primeiro grau daqueles sem o transtorno. QUESTÃO 19 Sobre o desenvolvimento de adolescentes, assinale a alternativa correta: (A) O estilo autoritário parental organiza limites e direitos de forma balanceada enquanto o estilo parental indulgente é sinônimo de permissivo para o adolescente. (B) A adolescência é um período que a conscientização e a inquietação em relação à identidade pessoal se atenuam pela maior capacidade cognitiva e acesso às informações. (C) O adolescente pode ter seu sigilo quebrado na consulta e deverá ser informado disso quando houver risco à sua vida ou outros riscos significativos, como risco a terceiros. (D) A depressão está presente em igual proporção em homens e mulheres na adolescência, apesar de as mulheres terem mais tentativas de suicídio. QUESTÃO 20 É comum em serviços de pronto atendimento os médicos se deparem com adolescentes com alto risco de suicídio, alguns com relatos de múltiplas tentativas de suicídio desencadeadas por estressores interpessoais. Essa característica, associada a um quadro frequente de desregulação emocional, alterações cognitivo-perceptual, comportamental e de identidade sob estresse, que ocorrem em diversos contextos, nos faz pensar em uma determinada hipótese diagnóstica. Sobre esta é possível afirmar que: (A) A abordagem terapêutica primária é o tratamento psicofarmacológico (ex. estabilizadores de humor e antipsicóticos). (B) Não é possível o diagnóstico de nenhum transtorno especifico em pacientes com menos de 18 anos, já que a personalidade ainda está em desenvolvimento. (C) Trata-se de um transtorno com prognóstico desfavorável, com tendência dos sintomas se manterem ao longo da vida. (D) As abordagens terapêuticas mais efetivas para esse transtorno são Terapia Comportamental Dialética (DBT) e Tratamento Baseado na Mentalização (MBT).
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