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ENFERMAGEM-PSIQUIÁTRICA (1)

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Sumário 
1 ENFERMAGEM PSIQUIÁTRICA ....................................................... 3 
2 HISTÓRICO DA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE MENTAL ..................... 7 
3 A ENFERMAGEM E O CAPS .......................................................... 11 
4 SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA ....................................... 18 
5 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA DEPRESSÃO ................... 20 
6 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO CLIENTE 
ESQUIZOFRÊNICO ......................................................................................... 27 
7 ASSISTÊNCIA AO CLIENTE COM TRANSTORNO OBSESSIVO 
COMPULSIVO ................................................................................................. 30 
8 ASSISTÊNCIA AO CLIENTE COM TRANSTORNO DE PÂNICO ... 33 
9 ASSISTÊNCIA AO CLIENTE COM TRANSTORNO DELIRANTE ... 42 
9.1 Sinais e sintomas ...................................................................... 43 
9.2 Diagnóstico ................................................................................ 44 
9.3 Prognóstico ............................................................................... 45 
9.4 Tratamento ................................................................................ 45 
10 ASSISTÊNCIA AO CLIENTE COM TRANSTORNO BIPOLAR .... 45 
Fonte: www.psiconlinews.com ........................................................... 47 
10.1 Etiologia ................................................................................. 47 
10.2 Sinais e sintomas ................................................................... 47 
10.3 Mania ..................................................................................... 48 
10.4 Hipomania .............................................................................. 49 
10.5 Depressão .............................................................................. 50 
10.6 Estado misto .......................................................................... 50 
10.7 Diagnóstico ............................................................................ 50 
 
 
 
10.8 Tratamento ............................................................................. 52 
10.9 Uso e seleção do medicamento ............................................. 53 
10.10 Lítio ........................................................................................ 54 
10.11 Anticonvulsivantes ................................................................. 55 
10.12 Antipsicóticos ......................................................................... 56 
10.13 Precauções durante a gestação ............................................ 57 
10.14 Educação e psicoterapia ........................................................ 57 
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 58 
 
 
1 ENFERMAGEM PSIQUIÁTRICA 
 
 
Fonte: www.broonell.blog.br 
Texto adaptado de Sueli de Carvalho Villela e 
Maria Cecília Moraes Scatena 
 
A assistência psiquiátrica, no Brasil, até a década de 70 pode-se 
considerar marcada pela má qualidade de assistência aos portadores de 
 
 
 
doenças mentais, superlotação das instituições psiquiátricas, comercialização 
da loucura e cronificação do doente mental, tendo como vertente principal o 
modelo médico e hospitalocêntrico para essa prática. 
No final da década de setenta do século passado, emergem movimentos 
que procuram denunciar tal situação na perspectiva de melhoria da qualidade 
de assistência à saúde mental, tendo como ator central o Movimento dos 
trabalhadores de Saúde Mental que se inicia. Esse movimento impulsiona a 
discussão a respeito da assistência psiquiátrica, que culmina na adesão de 
outras esferas sociais, tais como familiares de doentes mentais internados e 
da mídia, na luta por uma assistência mais humana e menos segregadora e 
violenta derivada do modelo hospitalocêntrico. Fato que repercute, dando 
origem ao movimento de reforma da assistência psiquiátrica. 
A reforma psiquiátrica brasileira “é um movimento histórico de caráter 
político, social e econômico, influenciado pela ideologia de grupos 
dominantes”. Esse movimento teve suas raízes na concepção de 
desinstitucionalização dos Estados Unidos e da Itália e hoje é discutida como 
parte das políticas de saúde. 
Os objetivos da reforma enfatizam a substituição dos aparatos 
manicomiais pelos serviços comunitários e normatizam as internações 
involuntárias. Nesse contexto, fica clara a importância da mudança de 
conceito e atitude quanto à doença mental e, para que isso ocorra, é 
necessário que os profissionais de saúde mental se adaptem às novas 
concepções e assim possam efetivar a assistência pautada em uma ideologia 
de cidadania, ética, humanização e uma assistência integral. 
Sabemos que a incidência de transtornos mentais é alta, e também que 
as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são as mais procuradas nesses casos, 
e é por isso que o enfermeiro deve estar preparado para esse tipo de 
atendimento (CAIXETA; MORENO, 2008). 
A maior parte dos profissionais reconhece como ações de saúde mental 
apenas a administração de medicamentos psiquiátricos e o encaminhamento 
do paciente para serviços especializados. Mas, na realidade o atendimento da 
 
 
 
enfermagem para esses casos deve ir muito além, começando por acolher e 
escutar o cliente (CAIXETA; MORENO, 2008; GONÇALVES, 2009). 
A priori deve-se entender que os transtornos mentais não aparecem de 
forma clara e explícita, nós devemos aprender a identificá-los também nos 
pacientes que não aparentam ter transtornos mentais. É preciso identificar os 
pacientes que sofrem exclusão social e até mesmo observar os familiares 
(CAIXETA; MORENO, 2008). 
Sinais e sintomas como insônia, fadiga, irritabilidade, esquecimento, 
dificuldade de concentração e queixas somáticas são os mais comuns e 
podem levar à incapacidade e à procura por serviços de saúde (CAIXETA; 
MORENO, 2008). 
As ações de enfermagem em Saúde Mental devem começar já na 
entrevista, perguntando e ouvindo com atenção não somente a queixa do 
paciente, mas sua história de vida, sua cultura, seu processo de adoecimento, 
seus problemas emocionais e sofrimentos. É preciso conversar com o 
paciente, orientá-lo, pois muitas vezes essas ações são mais eficazes do que 
iniciar outra via terapêutica nesse indivíduo. Além disso, conversar e orientar 
a família também são ações relevantes (CAIXETA; MORENO, 2008; 
GONÇALVES, 2009). 
 
 
Fonte: www.esquizofenix.files.wordpress.com 
 
 
 
 
Quanto mais confiança o paciente sentir do profissional mais ele se 
manifestará de forma sincera e verbalizará as suas dúvidas (ALMEIDA, 2009) 
Em longo prazo, deve-se acompanhar o indivíduo, principalmente se 
este estiver fazendo uso de terapia medicamentosa. Deve-se observar 
também se o mesmo está tendo melhora no seu quadro de saúde mental 
(CAIXETA; MORENO, 2008; GONÇALVES, 2009). 
O enfermeiro pode estimular o paciente a tomar suas próprias decisões, 
fazê-lo perceber que ele tem suas capacidades, limites e potenciais a serem 
explorados. Outra ação importante é ajuda-lo a perceber a realidade em que 
está vivendo (ALMEIDA, 2009; GONÇALVES, 2009). 
Os profissionais de enfermagem devem entender que o portador de 
distúrbio mental é um sujeito ativo, e que apesar de pensar ou agir de forma 
diferente da maioria, seus pensamentos e desejos devem ser levados em 
consideração e respeitados na medida do possível. (ALMEIDA, 2009). 
Para fazer um acompanhamento de forma eficiente, é preciso, além de 
assistir o enfermo, investir em reuniões com a família, visitas domiciliares, 
contato com a escola e/ou trabalho, e também orientá-lo quanto aos centros 
de cultura e programas de inclusão social, pois sociabilizá-lo com pessoas 
novas, pode e deve fazer muito bem para a sua recuperação (ALMEIDA, 2009; 
GONÇALVES, 2009). 
Desde 2003 foram incluídas na Estratégia de Saúde da Família(ESF) 
equipes de Saúde Mental. O principal objetivo é tratar do paciente no contexto 
familiar, pois realizar o tratamento isolado da família, das pessoas que o 
indivíduo tem contato diário, nem sempre apresenta resultados positivos (IDS; 
USP; MS, 2001; GONÇALVES, 2009). 
Não há um modelo pronto de atendimento a ser seguido pelo profissional 
de saúde, cabe ao enfermeiro ser criativo e estar disposto a ajudar o paciente, 
além de procurar se aprimorar e se qualificar a respeito nesse âmbito. 
É de suma importância ressaltar que o trabalho do enfermeiro não 
consiste apenas em realizar práticas e procedimentos, mas proteger, 
 
 
 
promover e preservar a qualidade de vida dos seus pacientes (ALMEIDA, 
2009). 
2 HISTÓRICO DA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE MENTAL 
 
Texto adaptado de Antônio José de Almeida Filho, Ana Emília 
Cardoso Moraes e 
Maria Angélica de Almeida Peres 
 
No final da década de 1970 e início da década de 1980 surgem novas 
propostas de assistência no campo da Saúde Mental, exigindo mudanças no 
saber e no fazer da área. Diante dessa nova realidade, a enfermagem 
psiquiátrica buscou explicações sobre a loucura e a forma de lidar com ela, 
através de dois discursos: o psiquiátrico e o psicológico. A concepção 
psiquiátrica predominante até então era organicista, partindo do pressuposto de 
que a doença mental é uma doença orgânica, se instalando no organismo, 
independentemente de outros fatores. Por outro lado, os fatores psicossociais 
incorporados ao discurso psiquiátrico são compreendidos como agravantes de 
um processo de adoecimento interno, inconsciente do sujeito, de modo que a 
origem da doença possa ser identificada na sua história individual e em uma 
perspectiva mais ampliada das relações interpessoais. 
 
 
Fonte: www.saudementalrn.files.wordpress.com 
 
 
 
 
No entanto, não se pode negar a importância dessas duas concepções na 
compreensão do processo de adoecimento psíquico. Para tanto, houve a 
necessidade de uma discussão aprofundada, levando-se em consideração o 
legado histórico da enfermagem psiquiátrica. Inicialmente, a concepção orgânica 
foi preponderante no ensino e na prática da enfermagem, baseada em regras de 
ações técnicas predeterminadas, adequadas àquele momento histórico, que 
culminavam com o surgimento do manicômio no Brasil, o qual se estruturou com 
os princípios difundidos na obra de Michel Foucault, denominada “Microfísica do 
Poder”, através do tripé: punição, controle e isolamento. 
Uma pesquisa envolvendo 22 conteúdos programáticos da disciplina de 
Enfermagem Psiquiátrica de escolas de Enfermagem das esferas federal, 
estadual e privada, relativos ao período de 1930 a 1964, permitiu constatar que 
o ensino era realizado com ênfase nos aspectos clínicos da doença mental, 
encerrando no modelo biológico a explicação de causalidade da loucura, e, 
portanto, tendo no hospital o centro de suas ações. 
O modelo biologicista foi constatado também nas literaturas nacional e 
internacional sobre assistência de enfermagem em outras áreas. Uma análise 
dos saberes da enfermagem, procurando caracterizar sua historicidade, mostra 
que, até a década de 1950, predominava o delineamento de fundamentação para 
os procedimentos técnicos de enfermagem, cujas bases se alicerçavam 
fortemente na área biológica. Com isso, esses saberes, ao buscarem sua 
cientificidade, tentavam uma aproximação com o saber da medicina, com sua 
autoridade. Esses saberes cumpriam funções técnicas e ideológicas. Visavam 
um trabalho em contradições entre o harmônico e humanitário. 
Dessa forma, havia coincidência entre o saber-prática da enfermagem e o 
modelo da medicina em geral, sobretudo calcado no poder do médico, alicerçado 
em uma visão biológica do processo de adoecimento. 
O grande equívoco da enfermagem teria sido acreditar que a administração 
do ambiente hospitalar e o controle burocrático de formulários institucionais 
fariam das enfermeiras profissionais imprescindíveis no cuidado aos clientes(3). 
Acrescenta-se, todavia, que a grande consequência por ocupar o maior tempo 
do trabalho com atividades de cunho administrativo é o distanciamento do 
 
 
 
paciente, fato que leva o enfermeiro a uma falta de reconhecimento por parte da 
clientela e de outros profissionais. 
Embora em 1952 tenha emergido nos Estados Unidos da América a Teoria 
das Relações Interpessoais para a Enfermagem, através da observação 
sistemática das relações enfermeira-paciente, foi apenas em 1979 que a 
proposta de uma relação de pessoa-a-pessoa, como essência da enfermagem 
psiquiátrica, começou a se expandir. Essa relação é também conhecida como 
relação interpessoal, relação de ajuda ou relação terapêutica, e se sustenta na 
interação enfermeiro-paciente, com a finalidade de ajudar o indivíduo a encontrar 
suas próprias soluções. Para a autora, a doença ajuda as pessoas a 
compreender sua limitação e condição humana. Essa concepção está embasada 
na crença de que a experiência de doença ajuda o ser humano a crescer e se 
fortalecer, identificando sua limitação e potencialidade. A experiência de doença 
leva a pessoa a compreender sua própria vida, fazendo com que encontre, a 
partir dela, as forças interiores necessárias para a luta travada na recuperação 
ou adaptação a uma situação que não pode ser mudada. Mas esse adaptar-se 
não teria o sentido de conformismo, e sim de compreender e aceitar sua 
realidade e seus limites. 
Com essa abordagem, o enfermeiro, ao colocar o paciente psiquiátrico 
como centro de sua atenção profissional, deveria considerar o contexto coletivo, 
e assim, seu desempenho poderia resultar em maior objetividade, maturidade, 
segurança, flexibilidade, criatividade e reconhecimento. 
É necessário fecundar a ideia de que as teorias são importantes e devem 
dialogar entre si, sem perder de vista que, em saúde mental, a questão mais 
importante é “a pessoa que sofre”, inserida em sua complexa rede comunitária. 
Quando se tem essa compreensão, podem-se, então, usar várias 
linguagens, inventar novos vocabulários, criar novas práticas subjetivas e 
compreender o paciente, em um sentido multidimensional, como sujeito plural, 
histórico, social e dotado de linguagem. É preciso, portanto, pensar sua 
singularidade, seu desejo, sua verdade, em uma perspectiva ética de construção 
de cidadania. 
A questão que mais se evidencia no relacionamento interpessoal diz 
respeito a problemas pouco explorados, no tocante à relação enfermeira-
 
 
 
paciente e seu contexto social como espaços legítimos de exercício de 
cidadania. A cidadania não implica apenas reconhecimento de direitos, mas um 
processo de ampliação da capacidade de autonomia e liberdade, de modo que 
o transtorno mental não implique apenas limitações e incapacidades. 
A importância do referencial humanístico para a Enfermagem, em 
detrimento dos ideais biologicistas, tão valorizados nos estudos até a década de 
1980, é possibilitar o resgate da subjetividade do sujeito, isto é, a mudança de 
um olhar clínico para um olhar compreensivo, tendo como princípio o humanismo 
que envolve interação e diálogo enfermeiro-paciente. Além disso, essa 
abordagem trouxe para a arena das discussões os aspectos da relação familiar 
e noções de dinâmica de grupo. 
O ser humano não vive sozinho, mas em um contexto social em que a 
família é sua rede de suporte mais próxima. Por isso, para cuidá-lo, não se pode 
deixar de vê-lo como um todo e integrante desse contexto. Desse modo, com 
vista a um cuidado mais efetivo, já não se cuida mais somente da pessoa, mas 
também da família. 
O atendimento ao cliente com sofrimento psíquico no Brasil ainda tem o 
hospital psiquiátrico como uma das referências, embora já tenhamos muitas 
experiências embasadas no modelo da Reforma Psiquiátrica. 
A prática manicomial contraria todas as possibilidades de assistência 
centrada no humanismo ético, uma vez que os princípiosnorteadores do 
manicômio, de vigiar, controlar e punir, não se adequam a tal prática. Como se 
poderia estabelecer uma relação interpessoal enfermeiro-paciente 
fundamentada em uma ética humanística em hospitais com estruturas fechadas 
e hierarquizadas, centradas no poder hegemônico médico? A convivência com 
um cenário em constante transformação coloca o enfermeiro diante de novos e 
importantes desafios, permitindo que se faça uma análise crítica dos saberes 
que fundamentam sua prática profissional. Contudo, o campo das relações 
interpessoais não pode ficar circunscrito à relação enfermeiro-paciente. As 
múltiplas dimensões sociais, culturais, políticas e econômicas devem ser 
também contempladas. 
Ao contrário disso, o manicômio se caracteriza como um espaço que, 
historicamente, tem contribuído para o paciente adoecer de outros males, que 
 
 
 
não o transtorno mental, provocados pela cultura manicomial, que, de modo 
geral, se expressa em uma série de rebaixamentos, degradações, humilhações 
impostas ao cliente com transtorno mental. Nesse tipo de atendimento, as trocas 
sociais e a comunicação interpessoal entre profissionais e clientes são 
contaminadas por esta estrutura doentia presente na cultura manicomial. A 
imposição de papéis característicos do paradigma manicomial impede relações 
intersubjetivas, tais como: afeto, diálogo, acolhimento, conforto, entre 
enfermeiro-paciente, uma vez que o manicômio “é o lugar zero de trocas sociais”. 
Com isso, a prática assistencial no modelo hospitalocêntrico tem como objeto de 
trabalho a doença com seu quadro clínico, e não a pessoa em seu sofrimento. 
Dessa forma, o olhar da enfermagem não encontra o cliente, mas sua patologia; 
em seu corpo não se lê uma história, mas uma doença na qual a subjetividade 
desaparece atrás da objetividade dos sintomas. 
 
 
3 A ENFERMAGEM E O CAPS 
 
Fonte: www.180graus.com 
 
 
Texto adaptado de Antônio José de Almeida Filho, Ana Emília 
Cardoso Moraes e 
Maria Angélica de Almeida Peres 
 
 
 
 
A luta pela implantação da Reforma Psiquiátrica e pelo processo de 
desospitalização dos pacientes psiquiátricos está em construção no Brasil e 
busca, como saída, construir espaços de produção de encontro, solidariedade, 
afetividade, enfim, espaços de atenção psicossocial. Portanto, exige de todos os 
profissionais a necessidade de rever conceitos, métodos e formas de lidar com 
o sofrimento psíquico, o que os torna agentes de mudanças para novos hábitos 
e atitudes dentro desse novo contexto de atuação. 
Para isso, é imprescindível refletir criticamente sobre nossas concepções 
de sujeito. Urge que se pense a prática assistencial da enfermagem, não apenas 
fundada nos modelos tradicionais de assistência, mas, sobretudo, integrada ao 
movimento da Reforma Psiquiátrica, em espaços de reinvenção da saúde, como 
em alguns projetos inovadores já existentes em alguns municípios brasileiros, 
para os quais foram idealizados os Centros de Atenção Psicossocial. 
Esses Centros devem dar conta da nova modalidade de assistência, a 
“extra-hospitalar”, e assim atender as novas demandas desse sujeito, 
construídas com uma nova forma de viver, com autonomia e liberdade. 
Em estudo realizado em um CAPS no estado do Ceará, observou-se que 
o enfermeiro encontrava dificuldades em iniciar seu trabalho nos novos modelos 
de assistência naqueles espaços, pois a formação desse profissional, em grande 
parte, também era centrada no modelo tradicional de psiquiatria, sendo o início 
do trabalho permeado por medos, dúvidas, incertezas e conflitos. 
Essa nova realidade evidencia as limitações na atuação profissional; para 
superá-las, algumas estratégias poderiam ser desenvolvidas, como: participação 
em seminários, jornadas, simpósios e grupos de estudo. Tais iniciativas 
permitiriam intercâmbios de experiências com outros profissionais, favorecendo 
o trabalho interdisciplinar. Realizar assistência de enfermagem em serviço 
aberto não é tarefa fácil, exige alternativas e propostas inovadoras, e, 
principalmente, sensibilidade para que o gesto de cuidar aproxime, ao invés de 
afastar. 
As novas práticas precisam de conhecimento criativo e reflexivo que 
habilite os profissionais a fazerem invenções competentes no seu objeto de 
trabalho. A competência é entendida como a capacidade inteligente de fazer 
 
 
 
dialogar teoria e prática, ou seja, teorizar práticas e praticar teorias, sem que se 
reduza uma à outra. Isso leva à capacidade de propor estratégias, participar 
como sujeito crítico e inventivo. A teoria pode ser entendida como a arte de criar 
competências explicativas para os problemas que se enfrenta no cotidiano; é a 
habilidade de construção; é o questionamento de práticas. 
No entanto, é fundamental, entre outras coisas, que as equipes do CAPS 
se articulem com os Conselhos Municipais de Saúde e exerçam pressão ao 
poder público municipal, para que se promova a aquisição de profissionais cuja 
qualificação atenda à especificidade dos serviços de Saúde Mental. 
A proposta de trabalho no CAPS possibilita a participação ativa em 
diversas atividades desenvolvidas fora e dentro dos serviços, como: reuniões de 
equipe; supervisões institucionais; triagem; grupo de recepção; grupos de 
estudos; oficinas produtivas e terapêuticas; oficinas informativas e educativas 
sobre o cuidado com o corpo; oficinas informativas sobre sexualidade e doenças 
transmissíveis, imagem e autoestima; visita domiciliar; reuniões com as equipes 
do Programa de Saúde da Família (PSF); visitas hospitalares; passeios com 
usuários dos CAPS; palestras na comunidade; reuniões com as famílias; 
administração e orientações sobre medicações; convivência e formação de 
vínculos terapêuticos com os usuários, sendo em algumas circunstâncias o 
elemento de referência para ele. 
Diálogos, tensões, invenções, responsabilidades e mudanças começam 
a fazer parte do modo de trabalhar do enfermeiro. Diferentemente do paradigma 
manicomial, em que os papéis profissionais são mais rígidos, preestabelecidos, 
dirigidos ao controle dos pacientes e aos sintomas da doença, as ações 
terapêuticas desenvolvidas em serviços abertos são mais flexíveis, conforme 
descrito anteriormente, e possibilitam a construção de um projeto coletivo, não 
mais determinado por uma única prática profissional, mas pela articulação com 
todas, em um projeto terapêutico único. 
 
 
 
 
 
Fonte: www.upb.org.br 
O projeto desenvolvido coletivamente amplia a responsabilidade dos 
profissionais, uma vez que esses participam de todo o processo de trabalho, 
desde a sua formulação até a sua implementação e avaliação. A construção 
deste projeto implica também a participação da pessoa em sofrimento mental e 
seus familiares, que deixam de ser vistos como objetos de estudo ou de 
tratamento e começam a ser abordados como co-construtores de práticas, como 
pessoas que compartilham significados. 
O trabalho com famílias não pode ser definido de forma rígida e sem 
espaço para a criatividade e respeito às individualidades e diferença Apesar de 
existirem problemas comuns, as pessoas que os vivenciam e o ambiente em que 
eles acontecem são diferentes, por isso devem ser conduzidos também de forma 
distinta e individualizada, de preferência com base na realidade de cada um, 
considerando as crenças, valores, cultura e o conhecimento específico daquela 
família. 
É neste sentido que acreditamos que a proposta de relação interpessoal 
propõe a compreensão do outro como um todo, ou seja, como ele é nas suas 
potencialidades e limitações. Nesse sentido, é preciso distinguir o papel 
desempenhado pelos seres humanos, quer sejam profissional, cliente ou família, 
e perceber que a diferença entre eles é que um precisa de ajuda e o outro 
pretende ajudar. 
A prática do enfermeiro no CAPS parece seguir esse horizonte, não se 
baseando apenas em normas, em rotinas, mas sendo construída/desconstruídanesses cenários, a partir de comunicações intersubjetivas estabelecidas entre 
todos os atores sociais envolvidos nesse processo e entre esses e a 
comunidade. Diálogos e mudanças começam, portanto, a fazer parte do modo 
de trabalhar, tornando-se o campo efetivo da ação terapêutica do enfermeiro. 
Para trabalhar coletivamente, é necessário, em muitos momentos, dividir 
responsabilidades, desestruturar a lógica de organização do trabalho, centrada 
na divisão de funções. Os profissionais devem rever posições, desconstruir a 
forma de pensar o trabalho como fragmentos hierarquizados. As formulações e 
interrogações são necessárias para rever o conhecimento que norteia o trabalho. 
A realidade não é natural e auto evidente, mas, construída desse modo, 
ela pode ser interrogada, desconstruída e reconstruída a partir de novas bases. 
Isso requer a disposição de se trabalhar menos com as definições, com as 
verdades, e mais com as incertezas, as dúvidas, os questionamentos e as 
estratégias. O espaço de atuação do enfermeiro nas novas modalidades de 
atenção em saúde mental vai se construindo a partir de vários caminhos, de 
diferentes mapas. É uma tomada de consciência em permanente conflito, que 
somente podemos visualizar fazendo apostas aleatórias, o que, 
necessariamente, traz à cena, a nossa condição de sujeito de sentir-se 
partícipe/autor da construção de uma nova realidade. Trabalhar nessa 
perspectiva é desafio, e não resposta. 
O espaço do enfermeiro no CAPS não está dado, devendo ser 
conquistado a partir de sua inserção nos projetos terapêuticos, de sua 
participação nas discussões de equipe, dentre outras possibilidades já relatadas. 
Também é importante explorar as condições de possibilidades dessa inserção, 
de modo que as interrogações/respostas que emergem no cotidiano se tornem 
instrumentos importantes para desconstrução de práticas silenciadoras e 
construção voltada para a criação, que nos permite revisitar com qualidade a 
vida. Isto só se faz à luz do desejo, a partir do engajamento profundo dos 
profissionais que compõem a equipe do CAPS. 
Por ser uma prática em construção, o percurso do enfermeiro atuante em 
um CAPS não segue um caminho prévio; o caminho é feito no caminhar. Neste 
processo não existe um modelo a seguir, o que existe é a necessidade da 
 
 
 
construção de ações voltadas para as necessidades do cliente, nas quais podem 
emergir diálogos, conflitos e significados. 
Ao falar sobre a prática como um processo em construção, estamos 
demonstrando a recusa do modelo hospitalocêntrico que tem como ponto basilar 
a concepção cristalizada em funções, papéis e normas. No vínculo que o 
enfermeiro estabelece com o usuário no cotidiano terapêutico é que tem se 
afirmado como profissional coparticipante de um projeto coletivo. 
Torna-se essencial ressignificar os conceitos de saúde-doença, não mais 
como polos opostos. Trata-se de conceber a doença como expressão complexa 
da existência humana, e não como fratura na continuidade de sua existência. 
Assim, as formas de acesso à existência-sofrimento devem ser as mais 
diversificadas possíveis, levadas por diferentes profissionais e seus diferentes 
“olhares”. A partir desta diversidade, se poderão constituir práticas que ousem 
imaginar o ainda não imaginado e o ainda não experimentado. Enfim, 
desenvolver formas de cuidado que atendam a globalidade da pessoa em 
sofrimento psíquico. 
Não podemos deixar de ressaltar que para um funcionamento mais 
adequado, a equipe interdisciplinar não deve apenas ter profissionais com 
competências diversas, mas integrá-los a partir de valores éticos que sustentem 
a prática e não perca de vista o compromisso terapêutico. 
 
 
Fonte: www.2.bp.blogspot.com 
 
 
 
 
Para melhor exemplificar, citaremos o projeto terapêutico que deve ser 
construído de forma participativa, o que não significa a perda da identidade 
profissional, mas a relativização da competência específica no coletivo. Neste 
tipo de trabalho, a competência de cada profissional fica diluída, uma vez que as 
especificidades profissionais não são identidades a serem defendidas, mas 
instrumentos de ação que se transformam a partir do agir cotidiano, de novos 
conhecimentos. Cada ato/atitude tem significado, tem efeito e tem reflexo no 
comportamento do sujeito, objeto do nosso trabalho cotidiano. 
O enfermeiro pode criar espaços de produção de modo que o cliente 
possa encontrar respostas para as suas distintas demandas. Assim, as 
atividades no cotidiano com os clientes assumem um papel revelador, guiando 
os enfermeiros em seus passos, garantindo a desmontagem de inúmeras ideias 
preconcebidas de lidar e compreender a loucura. Escutar, conviver, criar vínculo, 
ser solidário e criativo começam a fazer parte da nova maneira de cuidar do 
doente. 
É importante pensar o cuidar a partir da atenção psicossocial. O conceito 
de atenção dá ao enfermeiro uma dimensão do tipo de cuidado que busca 
proporcionar ao cliente: um cuidado não no sentido caritativo e com a conotação 
de dever e obrigação que ainda persiste, um cuidado que não visa apenas 
suprimir os sintomas, mas, sim, que busca o desafio de criar espaços de 
acolhimento e tolerância para as pessoas em sofrimento psíquico. 
A convivência diária, o diálogo e a escuta têm sido importantes no cuidar 
proporcionado pela enfermagem. Portanto, é imprescindível reconhecer a 
distinção entre ouvir e escutar, pois ouvir é basicamente um ato fisiológico e 
escutar requer uma disposição interna de acolher e buscar alcançar algum 
registro que viabilize algum campo de troca. O desejo de fazer, ajudar, ser 
solidário e afetar e ser afetado, como um cuidar criativo, é exercício diário, 
lapidado por profissionais inquietos, que fazem de sua inconformidade sua 
melhor ferramenta para aliviar o sofrimento de pessoas com transtornos mentais. 
Essa prática é exercida por fracassos e sucessos, contradições, tentativas, erros 
e aprendizagens, desse exercício diário. 
Estamos em tempo de reinventar a prática de enfermagem e devemos 
fazê-lo em uma perspectiva criativa e imaginativa. Saberes e práticas que estão 
 
 
 
se desenhando recusam as regras, os determinismos, o que possibilita 
redimensionar o trabalho do enfermeiro, que, ao invés de exercer o controle do 
paciente, busca a relação de reciprocidade com o usuário e família, e assim 
resgatar laços afetivos e sociais. As práticas devem ter como solo ético tudo 
aquilo que se refere ao bem, ao belo, ao justo. É preciso trazer de volta a 
expressão: a arte de cuidar em enfermagem, proposta na década de 1960 por 
Wanda Horta. A arte é indispensável para a descoberta científica, uma vez que 
o sujeito, suas qualidades e estratégias terão nela papel mais reconhecido. 
São necessárias mudanças no ensino de Enfermagem em Saúde Mental, 
que deve ser ministrado incluindo-se a criatividade, a intuição, o imaginário e a 
sensibilidade na construção do conhecimento. Um conhecimento que estimule 
não apenas a aprender, mas aprender a pensar e reaprender a aprender. Enfim, 
o enfermeiro atual precisa navegar, cada vez mais, em um pensamento aberto, 
que convide à reflexão, à curiosidade, e não à certeza, procurando explorar as 
múltiplas possibilidades e a abertura de novas potencialidades. Essa abertura 
exige de todos criatividade, ousadia e paixão. Devemos aprender a ser, partilhar, 
comunicar, a ver que o outro, o cliente com transtornos mentais, é outro de nós. 
 
4 SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA 
 
Fonte: www.beira.pt 
Os problemas de saúde mental constituem uma demanda para a saúde 
pública devido à alta prevalência e impacto psicossocial. 
 
 
 
Portanto, quando nos referimos à atenção básica e a seu componente 
saúde mental, é importante ressaltar que, em todo o processo de adoecer, faz 
parte a questão subjetiva, ou seja, todo o problema de saúde é sempre de saúde 
mental. 
O sofrimento psíquico não seapresenta de forma explícita nos 
atendimentos de atenção básica, porém, é sabido que em vários quadros 
orgânicos como diabetes, hipertensão e outros relacionados com fatores 
psicológicos e sociais como a violência, tem repercussões na vida do usuário e 
de seus familiares, causando-lhes uma sobrecarga psíquica. 
Transtornos mentais comuns (expressão epidemiológica) que são 
caracterizados por sintomas como: insônia, fadiga, irritabilidade, esquecimento, 
dificuldade de concentração e queixas somáticas, são os mais encontrados na 
comunidade e causam alto custo social e econômico, pois são incapacitantes, 
sendo uma das causas relevantes quanto aos dias perdidos de trabalho, o que 
também elevam a demanda por serviços de saúde. 
Historicamente, o hospital psiquiátrico era o “lócus” da assistência àqueles 
com dificuldade de conviver na sociedade. Porém, atualmente, convive-se com 
vários cenários de assistência discernir o que pode ser proposto para cada um, 
partindo-se da unidade básica até a instituição psiquiátrica, tem sido o grande 
dilema para a organização dos serviços e para os profissionais de saúde. 
As ações de saúde mental desenvolvidas nas unidades básicas 
caracterizam-se pela integração da profilaxia e tratamento dentro do limite 
pertinente de atuação e complexidade. Através do aproveitamento máximo de 
cada componente da equipe, visava superar o uso tão frequente de fármacos, 
enquanto único recurso, e instituía a psicoterapia breve como modalidade de 
tratamento. 
Ao avaliar a experiência deste modelo no Estado de São Paulo, duas 
características marcavam a atenção primária em saúde mental: as reinternações 
evitáveis quando se ofereciam um seguimento extra hospitalar para os egressos 
e a implantação da equipe multiprofissional, composta por médico psiquiatra, 
 
 
 
psicólogo e assistente social que atuavam na unidade básica possibilitando a 
integração da saúde mental com a saúde pública. 
Quanto ao enfermeiro, este se encontrava alocado na unidade básica e já 
atuava no atendimento aos indivíduos, famílias, grupos na comunidade e, desta 
forma, seria também o profissional que desenvolveria as ações de saúde mental. 
Cabe esclarecer que havia um número pequeno de enfermeiros 
especializados em psiquiatria e disponibilizados para os ambulatórios de saúde 
mental a fim de atender a demanda que exigia um cuidado especializado. O 
modelo de atenção utilizado foi o “preventista” de Caplan que instituía ações de 
acordo com o nível de prevenção (primário, secundário e terciário). 
A partir de 1987, houve um desaquecimento nesta proposta de atenção 
em saúde mental desacelerando a implementação de serviços extra hospitalares 
e, em consequência, o investimento nas Unidades Básicas diminuiu, ocorrendo 
um sucateamento das equipes mínimas de saúde. 
 
5 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA DEPRESSÃO 
 
Fonte: www.tribunadabahia.com.br 
 
Texto adaptado de Mariluci Camargo F. S. Candido e Antônia Regina F. 
Furegato. 
 
 
 
 
O transtorno depressivo é uma patologia mental muito frequente na 
população em geral. Relata-se que 50% dos pacientes deprimidos, que buscam 
atenção primária, permanecem sem serem diagnosticados e sem receberem 
tratamento, o que repercute em carga excessiva de sofrimento, elevada 
morbidade e mortalidade, além do contínuo risco de suicídio. 
Os membros da equipe de saúde precisam tomar medidas imediatas para 
assistir o cliente identificado com depressão, pois o risco de suicídio é uma 
constante. 
Os casos mais graves impossibilitam a pessoa de realizar suas funções 
habituais, inclusive cuidar de si mesma. A falta de interesse e de motivação para 
participar de atividades profissionais e sociais, rotineiramente, transformam o 
cotidiano dos portadores de depressão e dos que os cercam. 
A baixa produtividade das pessoas afetadas e as ausências ao trabalho 
representam perdas importantes. Resultam em muitos dias de incapacidade 
para o trabalho e em 12 vezes mais recidivas do que nas doenças crônicas do 
coração, hipertensão arterial, diabetes e dores lombares. 
Se o transtorno depressivo envolve alto grau de incapacidade, leva a 
sérios danos morais, físicos, psicológicos e financeiros e causa diversos 
problemas sociais. Consequentemente, o custo pode ser muito alto, tanto para 
o paciente e sua família como para a comunidade. 
A prevalência do transtorno depressivo e a procura por locais de 
atendimento primário pelos clientes com sintomas depressivos, torna o 
reconhecimento dessa doença extremamente importante para todos os 
profissionais da saúde, incluindo enfermeiros dos mais diferentes serviços, mas, 
principalmente, para os responsáveis pelo atendimento primário em saúde. 
É urgente que a equipe de saúde desenvolva ações de identificação e 
intervenção voltadas ao portador de transtorno depressivo. 
A palavra depressão é descrita no dicionário médico como o 
deslocamento para baixo ou para dentro, abaixamento ou redução da atividade 
funcional, tristeza mórbida. É sinônimo do ato de deprimir-se, debilitar-se, 
enfraquecer, causar angústia, abater-se, sofrer e angustiar-se. 
 
 
 
 
 
Fonte: www.boaformaesaude.com.br 
 
Na literatura especializada encontram-se diferentes denominações como 
transtorno do humor, transtorno depressivo, distúrbio depressivo ou transtorno 
afetivo em referência à depressão. 
Muitas pessoas confundem depressão com tristeza. O sentimento de 
tristeza é normal e natural no ser humano. Na depressão, as pessoas têm 
sentimentos duradouros, persistentes e profundos de tristeza, muitas vezes 
inexplicáveis. 
Em sua maioria, nas classificações nosográficas dos manuais 
psiquiátricos, as depressões são intituladas transtornos do humor, que incluem 
o transtorno depressivo maior e suas variantes como a distimia e transtorno 
bipolar e suas variantes como a ciclotimia. 
É importante ainda lembrar que no diagnóstico das depressões, algumas 
vezes, o quadro mais típico pode ser mascarado por queixas proeminentes de 
dor crônica (cefaleia, dores vagas no tórax, abdômen, ombros, região lombar). 
Com frequência, a ansiedade está associada. As queixas de caráter 
hipocondríaco costumam ser muito comuns, principalmente em idosos. 
A dificuldade em conceituar a depressão deve-se à amplitude desses 
distúrbios. A origem da depressão situa-se entre os pontos de origem da 
esquizofrenia e da neurose, havendo muitos graus de sobreposição. Essas 
variam do quase normal ao quase patológico. Há momentos em que as ideias 
destrutivas são dominantes na pessoa deprimida. 
 
 
 
O indivíduo que teve ou tem transtorno depressivo luta contra a angústia 
que esse provoca, mas também luta contra o preconceito e frequentemente tenta 
esconder o que sente. Na sociedade em geral, o transtorno depressivo é visto 
como fraqueza de caráter, como loucura ou ainda como frescura, não sendo 
compreendida como uma doença. 
A enfermagem sempre esteve ligada ao sofrimento das pessoas doentes. 
As pessoas que sofrem precisam de alguém que lhes dê os cuidados 
necessários para aliviar tal sofrimento. 
O portador de doença mental sempre esteve presente no cotidiano 
profissional do enfermeiro, independentemente da sua área de atuação (hospital 
geral ou especializado, serviço público ou privado, unidade básica de saúde, 
programa de saúde da família ou clínica particular). Embora se reconheça que o 
enfermeiro da área de psiquiatria tenha mais experiência, os profissionais de 
outras áreas precisam estar preparados para identificar, cuidar e orientar o 
portador de transtorno mental. 
A atenção de enfermagem psiquiátrica se oferece em todos os lugares, 
escolas, comunidades e centros de saúde mental, serviços de assistência gerais 
e especializados e atendimentos psiquiátricos. Sendo uma parte da enfermagem 
geral, todos os enfermeiros necessitam de conhecimentos da enfermagem 
psiquiátrica. 
Na década de 70, já era reconhecido pelaenfermagem psiquiátrica que a 
saúde mental é um componente essencial da saúde, um direito humano, o que 
vem reforçar a ideia de que é um dever do enfermeiro promover a saúde mental 
das pessoas. Já se reconhecia que assistência na prática de enfermagem, 
centralizada na doença e no doente hospitalizado, deveria concentrar-se na 
pessoa com seus comportamentos específicos, os quais significam um grito, um 
alerta, para sua necessidade de ajuda. 
O desempenho do enfermeiro psiquiátrico e as relações interpessoais 
desse profissional foi estudado tomando por base os diferentes modelos de 
atenção que determinam a prática. O autor, apresenta os diferentes modelos de 
assistência nessa área, discutindo a relação de ajuda, as comunicações 
interpessoais e o cuidado em saúde mental. 
 
 
 
O enfermeiro é, ou deveria ser, o profissional de saúde que mais 
frequentemente entra em contato com o cliente no atendimento primário de 
saúde. Entretanto, observou-se que enfermeiros, em atividade na rede básica de 
saúde (atenção primária), não estão preparados para dar a devida atenção ao 
portador de transtorno mental, apesar de apresentarem médio conhecimento 
teórico sobre a doença. 
O enfermeiro é um dos profissionais da saúde que tem contato direto, 
prolongado e constante com os clientes dos serviços de saúde. Está em posição 
de identificar os sinais indicativos de depressão, fazer o levantamento das 
possíveis dificuldades desse portador, realizar os devidos encaminhamentos e 
atuar terapeuticamente sempre que estiver em interação com o portador de 
transtorno depressivo. 
O trabalho inovador que vários enfermeiros vêm realizando em serviços 
de saúde mental faz supor que o preparo para o exercício profissional do 
enfermeiro tem se dado no próprio mercado de trabalho já que, em tese, o ensino 
de enfermagem ainda não incorporou em suas práticas ações baseadas no novo 
paradigma contido na atual política de saúde mental. 
Nessa direção, afirma-se que o principal desafio para a atuação da 
enfermagem voltada para ações de saúde mental está no ensino, pois a 
formação ainda se dá, predominantemente, dentro dos hospitais psiquiátricos 
tradicionais, ou seja, nos manicômios. 
Em outras palavras, o ensino de enfermagem ainda não incorporou 
integralmente a nova filosofia da Reforma Psiquiátrica e suas consequências e 
os enfermeiros que atuam na rede não foram devidamente atualizados em seus 
conhecimentos. 
Assim, faz-se necessário o envolvimento dos diversos segmentos da 
enfermagem (ensino, assistência e pesquisa) para o desenvolvimento efetivo da 
prática terapêutica da enfermagem aos portadores de transtorno mental. 
No que tange à atenção ao portador de transtorno depressivo, algumas 
reflexões e alertas são importantes para o enfermeiro incorporar às suas ações 
profissionais. 
O planejamento e a implementação do cuidado de enfermagem devem 
basear-se nas características clínicas que cada portador de transtorno 
 
 
 
depressivo apresenta, identificadas através da observação constante no 
relacionamento enfermeiro-cliente. 
Em geral, os objetivos para todo cuidado de enfermagem à pessoa 
deprimida devem estar relacionados ao aumento da autoestima desse indivíduo 
e às ações técnicas para atender as suas necessidades. 
No relacionamento enfermeiro/pessoa deprimida, a abordagem deve ser 
tranquila, sem críticas, de forma amigável, gentil, compreensiva e séria. A 
paciência é um elemento importante no cuidado a essas pessoas, pois 
apresentam várias funções prejudicadas (pensamento, sentimentos e ações) e 
cada movimento ou palavra exige esforço e tempo excessivos. Deve-se 
demonstrar honestidade, empatia e compaixão. 
Os clientes deprimidos tendem a permanecer isolados, a verbalizar 
pouco, a pensar que não merecem ajuda e a formar vínculos de dependência, 
resistem ao envolvimento, retraindo-se ou deixando de responder às pessoas, 
em virtude de suas visões negativas. Nem sempre é fácil dar atenção e cuidados 
a uma pessoa que não responde e se isola. O profissional pode sentir-se irritado, 
magoar-se com o cliente ou temer a rejeição. Paciência e crença no potencial de 
cada pessoa para crescer e mudar são sempre necessárias. A comunicação feita 
calmamente, ainda que leve algum tempo, estimula o cliente a responder. 
Deve-se evitar assumir uma posição excessivamente agressiva ou 
compassiva com a pessoa deprimida. Comentários como você tem tantos 
motivos para viver, alegre-se – as coisas vão melhorar, ou você não deveria 
sentir-se tão deprimido transmitem pouca compreensão e respeito pelos 
sentimentos do cliente. Esses comentários podem criar mais distância e 
bloquear um possível vinculo terapêutico. 
Da mesma forma, não se deve aderir à autocomiseração do indivíduo, 
pois a identificação excessiva e subjetiva dos profissionais de saúde pode fazer 
com que tenham emoções similares às do cliente, de falta de esperança e de 
desamparo. Isso não os ajuda. 
A melhor forma de estabelecer vínculo com o deprimido é a presença 
frequente e interessada, sempre demonstrando apoio e compreensão mesmo 
que ele fale pouco. A simples presença do profissional indica que ela é vista 
como uma pessoa de valor. É preciso ajustar-se ao ritmo da pessoa deprimida, 
 
 
 
falando mais devagar e dando mais tempo para que ela responda. Deve-se 
chamá-la pelo nome e escutá-la. Estudando os relatos sobre a vida e os 
interesses dessa pessoa é possível selecionar tópicos que permitam a criação 
de comunicações que despertem seu interesse. 
Em razão da falta de energia, os portadores de depressão sempre 
precisam da assistência em todos os aspectos da vida diária. É necessário o 
acompanhamento da equipe de enfermagem ou de familiares no seu domicílio, 
encorajando, estimulando e apoiando. 
Desse modo, deve-se observar: as respostas fisiológicas (alterações do 
sono, constipação, fadiga); as respostas cognitivas (queixas somáticas, 
atividade inquieta e sem direção, indecisão, diminuição da concentração e do 
limite de atenção); as respostas emocionais – ruminação (preocupações 
constante com os mesmos pensamentos), delírios somáticos, pensamento 
empobrecido, tristeza, desânimo, raiva, agitação, ressentimento, culpa e menos 
valia, desespero e impotência; as respostas comportamentais – apatia, higiene 
pessoal deficiente, retardo psicomotor, baixa motivação, anedonia, queixas e 
exigências frequentes; falta de espontaneidade. 
No que se refere aos cuidados físicos, o modo mais efetivo de cuidar de 
uma pessoa deprimida é estabelecer um plano de atividades com horários que 
inclua banho, penteado, alimentação e atividade física. Quanto mais agudo o 
quadro de depressão, mais necessários são os cuidados físicos. 
 
Fonte: www.cdn1.semdiabetes.com.br 
 
 
 
 
Recomenda-se também a sistematização da assistência para prestação 
de cuidados de enfermagem. Usa-se uma abordagem de resolução de 
problemas que passou a ser aceita como a metodologia para o cuidado de 
enfermagem. A sistematização compõe-se das etapas: (re)avaliação, 
diagnóstico, identificação de problemas, planejamento, prescrição, 
implementação ou intervenção e evolução. É um processo contínuo, onde a 
enfermeira e a pessoa sob seus cuidados devem ter interações dirigidas à 
modificação das respostas físicas ou comportamentais, atendendo as suas 
necessidades e melhorando sua qualidade de vida. 
 
6 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO CLIENTE 
ESQUIZOFRÊNICO 
 
Fonte: www.psicologiahoy.com 
 
 
Texto adaptado de Sueli Aparecida de Castro, Antônia Regina Ferreira 
Furegato 
 
O termo esquizofrenia foi criado no início do século passado por um 
psiquiatra suíço, Eugen Bleuler que se destacou no universo psiquiátrico; 
considerava esse diagnóstico clinico como uma das doenças mentais mais 
severas. 
 
 
 
Emil Kraepelin denominou a esquizofrenia de Demência Precoce. Esses 
critérios baseavam-se em três características principais:sintomatologia, etiologia 
e evolução. O critério sintomatológico constituía-se, na descrição dos sintomas 
observados, tais como déficits da atenção e da compreensão, as alucinações, 
principalmente auditivas, o pensamento sonoro, a vivência de influência, o 
embotamento da afetividade e as mudanças do comportamento. O critério 
etiológico pressupunha a existência de um quadro endógeno. O critério evolutivo 
caracterizava-se pela evolução desfavorável e pela invalidez psíquica. Daí a 
denominação de Demência Precoce. 
A visão pessimista de Kraepelin, quase centenária, tem persistido no 
moderno sistema de diagnóstico. Por isso, não é surpresa que muitos clínicos, 
pacientes e familiares conformem-se que indivíduos esquizofrênicos sejam 
desabilitados, com pequena expectativa para desenvolver atividades produtivas 
na sociedade. 
Esta visão causa repercussão na qualidade da assistência dispensada ao 
esquizofrênico, estigmatizando-o, reduzindo seu tratamento à exclusão 
manicomial. Nesta perspectiva, os profissionais da saúde limitam seu tempo e 
habilidades à contenção e aos mínimos cuidados de higiene e sobrevivência. 
A família era vista como propiciadora do adoecimento, ratificando a 
necessidade da retirada da pessoa doente deste meio. Assim, a família não se 
constituía como parte do tratamento. A sociedade se encarregava de manter a 
doença e conter o doente dentro dos seus muros. 
A esquizofrenia pode ser definida através de exames clínicos, levando-se 
em conta o contexto social em que o processo psiquiátrico está sendo conduzido. 
É caracterizada por sintomas psicóticos (distúrbios do pensamento, alucinações 
e delírios), além de alterações do desempenho social e pessoal do paciente. É 
uma doença da personalidade que afeta a zona central do “eu”, alterando a 
estrutura vivencial, interferindo na capacidade de vida e de convivência da 
pessoa com a realidade. 
O refinamento do conhecimento sobre o curso clínico da esquizofrenia, o 
melhoramento das técnicas psicoterápicas, a introdução de novos 
medicamentos antipsicóticos e o aprimoramento da condução terapêutica vem 
alterando a visão da pessoa afetada. O conjunto dessas ações pode alterar a 
 
 
 
avaliação do curso da doença aumentando suas chances terapêuticas. Isso tudo 
pode evitar cronificações institucionais, através de estratégias reabilitadoras e 
de reinserção social. 
As estratégias de detecção e intervenção precoce nas psicoses seguem 
o modelo de outras áreas da medicina em busca da prevenção seletiva (antes 
do início da doença) e da prevenção indicada (logo no nas primeiras 
manifestações de suspeita de doença, antes de preencher critérios para 
diagnóstico. 
A mudança de perspectiva sobre a esquizofrenia (não mais como uma 
doença maligna e deteriorante) bem como os efeitos da reforma psiquiátrica 
(saindo do modelo asilar para o tratamento na comunidade - NAPS, CAPS, 
Ambulatórios de Saúde Mental, Hospital Dia, etc.) tornaram estes pacientes 
visíveis aos profissionais e à sociedade. 
 
 
Fonte: www.maisequilibrio.com.br 
 
 
Em consequência, as formas de exercer a psiquiatria, através da reclusão, 
vêm sendo repensadas e questionadas. O profissional que presta assistência ao 
esquizofrênico deve estabelecer relações com propósito determinado e 
adequado às necessidades culminando em projetos terapêuticos, estabelecidos 
pela equipe de profissionais e com participação ativa do portador e seu familiar. 
 
 
 
Essa relação se confirma na medida em que se estabelecem vínculos de empatia 
e aliança. 
A enfermeira, através do cuidado nas 24 horas deve partir do princípio de 
que o portador dessa patologia é um ser humano singular que apresenta 
alterações emocionais e comportamentais. Assim, poderá ajudá-lo a enfrentar 
as dificuldades, aceitando suas limitações. Os profissionais devem acreditar na 
remissão dos sintomas e na capacidade de inserção social dessa pessoa, apesar 
da doença. O enfermeiro e sua equipe precisam dirigir suas ações para atender 
as necessidades apresentadas pelo esquizofrênico. 
Os enfermeiros, juntamente com os demais membros da equipe, 
desempenham papel fundamental no cuidado e na luta contra o estigma da 
esquizofrenia, em todas as fases do tratamento e da recuperação das pessoas 
afetadas. 
 
7 ASSISTÊNCIA AO CLIENTE COM TRANSTORNO 
OBSESSIVO COMPULSIVO 
 
 
Fonte: www.ganhesempremais.com.br 
 
 
 
 
 
 O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) está incluído no 
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação 
Psiquiátrica Americana (DSM-IV) entre os transtornos de ansiedade. O seu início 
é gradual, uma vez em que ele esteja estabelecido, na maioria dos indivíduos irá 
ter um curso crônico de vaivém dos sintomas, tendo a sua piora quando 
relacionados ao estresse (MARTINS, 2010). 
As causas do TOC podem ser várias, porém tem dois fatores que estão 
quase sempre presentes, um componente hereditário e conflitos internos, que 
podem ser por fatores de natureza psicológica que surgem depois de algum 
estresse psicológico, conflitos psíquicos que vão agravando os sintomas. 
Manifesta sob a forma de alterações do comportamento dos pensamentos e das 
emoções. Caracterizado pela presença de obsessões e compulsões. 
As obsessões são ideias, imagens, impulsos, pensamentos que invadem 
a mente de forma repetitiva, persistente e estereotipada que causam ansiedade 
e podem ser seguidos ou não de rituais (GONZALEZ, 1999). As mesmas são 
criadas a partir de qualquer substrato da mente, tais como palavras, medos, 
preocupações, memórias, imagens e músicas. A pessoa tenta resistir a eles, 
ignorá-los ou suprimi-los com ações ou com outros pensamentos, 
reconhecendo-os, no entanto, não consegue controla-los. 
Os sintomas costumam iniciar antes dos 25 anos de idade, 
frequentemente na infância ou adolescência. Os sintomas obsessivos mais 
comuns são: medo de contaminar-se por germes, imaginar que tenha ferido ou 
ofendido outras pessoas, imaginar-se perdendo o controle, realizando violentas 
agressões ou até assassinatos, pensamentos sexuais urgentes e intrusivos, 
dúvidas morais e religiosas e pensamentos proibidos. As compulsões por sua 
vez podem ser caracterizadas por comportamentos ou atos mentais voluntários 
e repetitivos, que a pessoa é levada a executar em resposta a uma obsessão ou 
em virtude de regras que devem ser seguidas rigidamente. Os comportamentos 
ou atos mentais são destinados a prevenir ou reduzir a aflição gerada pela 
obsessão (CAMPOS et al., 2000). 
Geralmente a pessoa realiza uma compulsão para reduzir o sofrimento 
causado por uma obsessão. Os sintomas mais comuns são: Lavar- se para se 
 
 
 
descontaminar, repetir determinados gestos, verificar se as coisas estão como 
deveriam, porta trancada, gás desligado, tocar objetos, contar objetos, ordenar 
ou arrumar os objetos de uma determinada maneira (assimetria), rezar. A 
incidência é maior em classes sociais baixas, entre indivíduos com conflitos 
conjugais, divorciados ou separados e desempregados. É igual entre homens e 
mulheres, mas é maior em adolescentes masculinos. As principais 
comorbidades incluem a depressão, distúrbios de movimento e transtornos de 
ansiedade. 
No caso do TOC de início na infância e adolescência a depressão 
comórbida é quase sempre secundária. Para se ter o diagnóstico de TOC é 
necessário que o nível da sintomatologia interfira no funcionamento social, 
interpessoal, ocupacional ou acadêmico do indivíduo e que os sintomas ocupem 
mais de uma hora por dia. O tratamento deve ser individualizado, dependendo 
das características e da gravidade dos sintomas que o paciente apresenta. 
Utiliza-se a psicoterapia de orientação dinâmica ou cognitivo-comportamental 
associada com tratamento farmacológico, dentre esses estão: Clomipramina, 
paroxetina, fluoxetina, sertralina, citalopram, que são antidepressivos que 
também possuemação anti-obsessiva. A terapia cognitivo-comportamental tem 
o objetivo de ajudá-lo a aprender novos métodos para atuar no meio em que vive 
de forma a promover mudanças que são necessárias. A terapia é realizada com 
cooperação entre o terapeuta e os pacientes, com o objetivo de superar os 
problemas em conjunto (CABALLO, 2008). 
Depressão é uma desordem psiquiátrica que se caracteriza por afetar o 
estado de humor da pessoa, deixando-a com um predomínio anormal de tristeza, 
podendo então interferir significativamente na vida pessoal e profissional do 
indivíduo. Ela vem atingindo indivíduos em todas as idades, ou seja, desde 
crianças até idosos, sem escolher classe social econômica, cultura, raça 
(COUTINHO, et al., 2003). As causas são múltiplas, deve-se a questões 
constitucionais da pessoa, com fatores genéticos e neuroquímicos somados a 
fatores ambientais, sociais e psicológicos, como: estresse, estilo de vida, 
acontecimentos vitais, tais como crises e separações conjugais, separação de 
pais, morte na família, alimentação, rejeição, bullying, entre outros. Estima-se 
 
 
 
que cerca de 15 a 20% da população mundial, em algum momento da vida, 
sofreu de depressão. 
A depressão é mais comum em pessoas com idade entre 24 e 44 anos. 
Os sintomas são: humor deprimido ou irritável durante a maior parte do dia, 
perda de interesse ou do prazer por atividades, mudanças súbitas no apetite ou 
no peso, sem explicação, insônia ou necessidade de sono aumentada, agitação 
ou prostração, sensação constante de fadiga ou perda de energia, sentimentos 
frequentes de menos valia ou culpa, dificuldade de concentração e em tomar 
decisões, pensamentos frequentes sobre morte ou suicídio. O tratamento para a 
depressão inclui a psicoterapia e o tratamento farmacológico com 
antidepressivos, os mais usados são: A Fluoxetina e a Sertralina. 
8 ASSISTÊNCIA AO CLIENTE COM TRANSTORNO DE 
PÂNICO 
 
Texto adaptado de Odeilton Tadeu Soares e Chei Tung Teng 
 
O transtorno do pânico é reconhecido como entidade clínica desde os 
anos 80, com a publicação do DSM III(1). Cursa com um aumento da atividade 
do sistema nervoso autônomo. Dentre os transtornos ansiosos, o transtorno do 
pânico tem sido um dos mais estudados, com avanços no conhecimento de sua 
patofisiologia. O diagnóstico é feito com a presença de ataques de pânico 
recorrentes, com preocupação em ter novos ataques e com as consequências 
desses ataques (DSM-IV) (2). Os ataques de pânico podem ser acompanhados 
de sintomas físicos cardiológicos, gastrointestinais, otoneurológicos ou 
autonômicos. 
 
 
 
 
 
Fonte: www.medifoco.com.br 
 
É mais prevalente entre as mulheres, com início no final da adolescência 
ou no início da idade adulta, com menor prevalência entre os idosos. O 
transtorno do pânico frequentemente é acompanhado de comorbidades 
psiquiátricas, como depressão, transtorno bipolar, outros transtornos de 
ansiedade, além da dependência de álcool. Em crianças e adolescentes 
costuma apresentar um curso crônico em comorbidade com outros transtornos 
de ansiedade ou do humor. Relatos de aumento do risco de suicídio têm sido 
atribuídos a outras condições comórbidas, como depressão e transtorno bipolar. 
Várias tentativas de definir subtipos do transtorno do pânico com base em 
agrupamento de sintomas não mostraram resultados consistentes. 
 
Bases biológicas 
 
A administração de lactato de sódio precipita ataques de pânico em até 
75% dos pacientes com história de ataques de pânico, porém, doses 
equivalentes têm apenas efeitos ansiogênicos menores ou nenhum efeito em 
pessoas não afetadas. Esses ataques são bloqueados por drogas 
antidepressivas. Outras substâncias, como cafeína, isoproterenol, ioimbina, 
dióxido de carbono e colecistoquinina, também podem desencadear ataques de 
pânico em pacientes, mas não em controles normais. A amígdala teria um papel 
crucial na mediação dos estímulos provenientes do ambiente (tálamo e córtex 
 
 
 
sensitivo). A substância cinzenta periaquedutal também estaria envolvida na 
mediação da ansiedade e do pânico. As alterações encontradas em pacientes 
com transtorno do pânico são diminuição do volume da amígdala e do lobo 
temporal, diminuição do metabolismo de glicose na amígdala, hipocampo e 
tálamo. Vários estudos mostraram, ainda, redução na densidade de receptores 
benzodiazepínicos nas áreas para-hipocampal e amígdala. Pacientes com 
transtorno do pânico têm baixas concentrações de ácido gama-amino-butírico 
(GABA). Também foi demonstrada a redução nas concentrações de receptores 
serotonérgicos 5HT1a, estabelecendo uma ligação entre dois sistemas de 
neurotransmissão, que são responsáveis pelo mecanismo de ação dos 
medicamentos utilizados no tratamento do transtorno do pânico (ISRS e 
benzodiazepínicos). 
Fatores psicossociais 
 
É estabelecida a importância do aumento da sensibilidade corporal no 
transtorno do pânico. Acredita-se que a ansiedade pode causar deterioração 
física, social e psicológica. A avaliação da sensibilidade da ansiedade pode 
predizer o aparecimento do transtorno do pânico em adolescentes. 
Provavelmente o pico da ocorrência dos 15 aos 19 anos seria explicado devido 
ao período de alterações corporais resultantes da puberdade. A sensibilidade à 
ansiedade pode ser adquirida através de experiências aversivas (história 
pessoal de doenças graves) ou mesmo através de informações trazidas por 
outras pessoas, ou através de algum problema com parente próximo. O medo 
de ter medo que aparece após uma crise pode ser atribuído à dificuldade em 
lidar com os sintomas de ansiedade, como, por exemplo, a taquicardia ou, ainda, 
a tendência do paciente de ampliar as consequências de um ataque de pânico, 
como medo de morrer ou vontade de sair correndo do local onde está tendo uma 
crise. 
 
Tratamento 
 
Farmacoterapia 
 
 
 
 
Numerosos estudos com antidepressivos e benzodiazepínicos têm sido 
conduzidos. O objetivo do tratamento farmacológico é não somente prevenir a 
ocorrência de novos ataques de pânico, mas também reduzir a ansiedade 
antecipatória, a evitação fóbica e também sintomas depressivos. Inicialmente os 
estudos se concentraram no uso de antidepressivos tricíclicos, que se 
mostraram bastante eficazes no tratamento do transtorno do pânico. Estudos 
com imipramina, desipramina, clomipramina e amitriptilina demonstraram a 
eficácia dessa classe no tratamento do transtorno do pânico. Também foram 
feitos vários estudos demonstrando a eficácia dos inibidores da 
monoaminoxidase (IMAO), tanto nas fobias como para tratamento dos ataques 
de pânico. Essas drogas deixaram de ser utilizadas precocemente devido ao seu 
perfil de efeitos colaterais, sobretudo quando na ingesta de tiramina, presente 
em alguns tipos de alimentos. Efeitos colaterais por muscarínicos, alfa-
adrenérgicos, serotonérgicos e histaminérgicos, dos antidepressivos tricíclicos, 
fizeram com que as pesquisas fossem redirecionadas para o grupo dos 
inibidores seletivos de recaptação de serotonina. Em pacientes refratários aos 
tratamentos com antidepressivos de segunda geração, tanto os antidepressivos 
tricíclicos como os IMAO ainda são bastante utilizados. 
Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) são os 
medicamentos de escolha no transtorno do pânico. Os estudos suportam a 
eficácia de seis diferentes drogas (fluoxetina, paroxetina, sertralina, fluvoxamina, 
citalopram e escitalopram). A resposta terapêutica aos ISRS parece ser um efeito 
de classe, não havendo diferenças entre os medicamentos da classe. As 
diferenças entre os ISRS ocorrem no perfil de efeitos colaterais, na interação 
com outros medicamentos e na meia-vida. A maioria dos trabalhos são de curto 
prazo, embora alguns demonstrassem a eficácia por até um ano. Esses 
compostos são efetivos também para os sintomas de humor associados e 
também para outros transtornos de ansiedade.A eficácia da venlafaxina também foi testada em estudos controlados com 
placebo. Dentre os novos compostos, não há evidências para duloxetina, 
mirtazapina e nefazodona e para outras drogas como a bupropiona, que é um 
 
 
 
antidepressivo sem propriedades serotonérgicas, que foi observada baixa 
eficácia, assim como com a trazodona. 
Outro grupo de medicamentos que é muito utilizado nos transtornos de 
ansiedade são os benzodiazepínicos (BDZ). Seu uso foi difundido devido ao seu 
rápido início de ação, abortando crises rapidamente, além de boa tolerabilidade. 
Entretanto devido ao seu potencial para desenvolver tolerância e dependência, 
ou seja, doses cada vez maiores são necessárias para produzir os mesmos 
efeitos, com grande potencial e risco de abuso. Além disso, também 
desenvolvem síndrome de retirada. Os benzodiazepínicos com maiores 
evidências de eficácia no tratamento do transtorno do pânico são o alprazolam 
e o clonazepam, que são aprovados pelo FDA (Food and Drug Adminstration - 
EUA) para esta indicação, por existirem diversos estudos duplo-cegos 
controlados com placebo. Atualmente, o uso dos benzodiazepínicos como 
tratamento único do transtorno do pânico não é recomendado. 
Devido ao fato de muitos pacientes não responderem completamente aos 
ISRS, a prescrição conjunta de BDZ é muito utilizada, especialmente nas fases 
iniciais do tratamento quando a presença de sintomas de ansiedade conhecidos 
como "piora inicial" é muito frequente. Durante as primeiras três semanas de 
tratamento com os ISRS, o efeito antipânico ainda não é evidente e, durante 
esse período, o uso dos BDZ pode amenizar os sintomas dos ataques de pânico. 
Não foi confirmada a eficácia dos anticonvulsivantes no tratamento do 
transtorno do pânico. Também falharam em comprovar eficácia os estudos com 
a buspirona e com os beta-bloqueadores. 
Um dos motivos apontados para as recaídas, após tratamento adequado, 
é a descontinuação do tratamento, com estimativas de 50% nos primeiros seis 
meses. Isso pode ocorrer devido à sensação de cura pelo próprio paciente, após 
conseguir retomar as suas atividades. 
A própria síndrome de retirada pode funcionar como um estímulo 
interoceptivo para induzir as recaídas. Tanto os ISRS como o tricíclicos e 
também os medicamentos de ação dual (noradrenérgicos e serotonérgicos) 
podem apresentar a síndrome de retirada. 
 
 
 
Em pacientes que não respondem à terapia medicamentosa, a 
combinação com a terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem sido benéfica. 
Estudo feito com a paroxetina mostrou que a mesma é mais efetiva que o 
placebo em pacientes que não responderam a TCC. 
 
Tratamentos psicoterápicos 
 
A eficácia da terapia cognitivo-comportamental (TCC) está bem 
estabelecida no transtorno do pânico, tanto quando realizada individualmente 
como quando realizada em grupo. Entretanto, embora tenha eficácia 
comprovada, é pouco utilizada, talvez pela maior facilidade em utilizar os 
medicamentos, com menor utilização do tempo do profissional de saúde. Além 
disso, as técnicas cognitivas são familiares a uma pequena parcela dos técnicos 
envolvidos com a saúde mental. 
 
 
Fonte: www.ansiedadepanico.com 
 
Em 1998, a American Psychiatric Association apresentou os resultados 
de 12 estudos controlados de terapia cognitivo-comportamental para pacientes 
com pânico, nos quais constatou que a TCC apresenta um índice de melhora de 
78% comparada com a lista de espera, que obteve um índice de 26%, 
relaxamento 56% e placebo 33%. 
 
 
 
O modelo cognitivo-comportamental descreve a ansiedade como 
decorrente de controle aversivo, com respostas de fuga e esquiva, que tem por 
objetivo evitar ou adiar os estímulos aversivos, como, por exemplo, um animal 
que bate numa barra para evitar o choque. Por esse modelo podemos explicar 
as esquivas fóbicas. As cognições podem vir a ter controle do comportamento 
ansioso, em geral pela ansiedade antecipatória, na qual há inibição do 
comportamento motor, hiperatividade autonômica e aumento de atenção e 
alerta. A TCC é a mais estudada estratégia de tratamento para o transtorno do 
pânico, tendo sido comprovada a sua efetividade também em comorbidades. É 
baseada tanto no condicionamento interoceptivo quanto nas teorias cognitivas. 
É enfatizada a importância da psicoeducação para corrigir falsas crenças sobre 
os sintomas presentes em um ataque de pânico, além de reestruturação 
cognitiva, para identificar e corrigir distorções do pensamento, e exposição 
interoceptiva para sensações corpóreas como taquicardia e dispneia. 
No início da TCC se deve proceder a identificação dos problemas e 
objetivos terapêuticos. São identificadas as respostas de evitação, que são 
comportamentos aprendidos. As situações associadas ao ataque de pânico 
passam a eliciar respostas de esquiva. Por exemplo, o paciente que teve um 
ataque de pânico em um banco ou supermercado passa a evitar esses lugares 
com medo de ter um novo ataque. Esses estímulos condicionados adquirem 
propriedades aversivas e a exposição é o procedimento de extinção dessas 
respostas. 
O procedimento de exposição ao vivo é indicado aos pacientes que 
apresentam situações de esquiva fóbica. Esse procedimento consiste na 
construção de uma lista de situações eliciadoras de ansiedade fóbica, elaborada 
pelo terapeuta e pelo cliente em colaboração. O paciente, em seguida, irá fazer 
uma confrontação progressiva, sistemática e por tempo prolongado das 
situações temidas. Esta exposição pode ser feita de forma gradual ou não. A 
exposição interoceptiva consiste em provocar sintomas físicos presentes na 
ansiedade por outros meios. O objetivo é que haja dissociação das sensações 
fisiológicas com a crise de pânico, ou seja, que o paciente aprenda a discriminar 
os momentos em que os sintomas físicos são decorrentes da ansiedade ou de 
 
 
 
outros estímulos. Outros tratamentos psicoterápicos usados no transtorno do 
pânico não têm eficácia comprovada através de estudos científicos. Dentre eles 
temos treinamentos de relaxamento, técnicas para lidar com estresse e hipnose. 
 
Tratamento combinado 
 
As estratégias que combinam procedimentos farmacológicos com terapia 
cognitivo-comportamental são consideradas as mais eficazes no tratamento do 
transtorno pela maioria dos pesquisadores. As intercorrências que podem existir 
no tratamento combinado costumam interferir na aderência ao tratamento e 
precisam ser avaliadas e trabalhadas com o paciente. É comum os pacientes 
atribuírem seus progressos à medicação, diminuindo a percepção da eficácia da 
psicoterapia. Pode ocorrer, também, interferência dos efeitos colaterais dos 
medicamentos no processo terapêutico como, por exemplo, a diminuição do 
desejo sexual. A integração da equipe multidisciplinar é um cuidado importante 
no tratamento combinado, para que haja uma sintonia quando se aplica uma ou 
outra técnica ou se prescreve um ou outro medicamento. Por exemplo, a 
exposição não é eficaz quando se utiliza benzodiazepínicos, pois o paciente não 
sente ansiedade, condição necessária para esse procedimento. Quando o 
tratamento é descontinuado, os pacientes que receberam tratamento combinado 
se mantêm livres de sintomas por mais tempo, comparado com aqueles que 
receberam apenas medicamentos. A TCC incluída em algum momento do 
tratamento, provavelmente, vai possibilitar um maior bem-estar ao paciente. 
 
Formas resistentes ao tratamento 
 
Nos ensaios clínicos são descritas taxas de resposta de 40% a 70% e 
taxas de remissão de 20% a 47%. Aproximadamente 33% dos pacientes são 
resistentes ao tratamento farmacológico. O conceito de resistência ao tratamento 
nos transtornos de ansiedade é controverso. A simples redução da ansiedade 
não implica que haja resposta ao tratamento. O paciente pode esquivar-se de 
uma situação fóbica e não apresentar sintomas, nem por isso apresentou 
 
 
 
remissão. Domesmo modo a permanência de sintomas de ansiedade não 
indicam refratariedade ao tratamento. Em diversos estudos os critérios que 
definem resistência ao tratamento são vagos, imprecisos e, por vezes, não são 
mencionados. A simples não resposta a um tratamento farmacológico não pode 
ser usada para confirmar a resistência. A avaliação da resposta ou da remissão 
no transtorno do pânico deve então incluir os sintomas de ansiedade, parâmetros 
funcionais e comorbidades. 
Alguns fatores indicam a possibilidade de resistência ao tratamento, como 
a gravidade da doença, presença de comorbidades do eixo I e de transtornos de 
personalidade, além de diagnóstico incorreto, uso inadequado de 
antidepressivos e não utilização de TCC. Não há um consenso sobre o 
tratamento do transtorno do pânico resistente. Estudos concluíram que não há 
aumento da eficácia com doses superiores a 50 mg/d de sertralina. 
 
Fonte: www.anamariasaad.com.br 
 
A potencialização com uma droga com mecanismo de ação distinto pode 
ser proposta. A associação com os antipsicóticos atípicos tem sido proposta. 
Estudos com a risperidona, com o aripiprazol e com a olanzapina têm sido alvo 
de atenção, pois demonstraram efetividade nos transtornos de ansiedade 
resistentes ao tratamento farmacológico. O clonazepam também é uma 
estratégia viável, além de também mostrar eficácia na potencialização com os 
ISRS. O uso do betabloqueador pindolol foi avaliado em estudo controlado e foi 
 
 
 
efetivo na redução da gravidade dos sintomas do transtorno do pânico em 
comparação ao placebo. 
A utilização de muitos medicamentos ao mesmo tempo tem se tornado 
muito frequente, apesar dos riscos de efeitos adversos. O desenvolvimento de 
novas estratégias para lidar com a resistência nos transtornos de ansiedade é 
objeto de pesquisas e deve colaborar para a efetiva redução de prejuízos 
associados a esses transtornos. 
 
Fonte: www.panicoterapia.com.br 
 
9 ASSISTÊNCIA AO CLIENTE COM TRANSTORNO 
DELIRANTE 
 
Texto adaptado de S. Charles Schulz, MD, University of Minnesota 
Medical School 
 
Caracteriza-se por delírios não bizarros (crenças falsas) que persistem 
por, no mínimo, um mês, sem outros sintomas da esquizofrenia. 
O transtorno delirante se distingue da esquizofrenia pela presença de 
delírios sem outros sintomas de esquizofrenia. Os delírios tendem a ser não 
bizarros e a envolver situações que poderiam acontecer, tais como ser seguido, 
 
 
 
envenenado, infectado, amado a distância ou enganado pelo cônjuge ou 
amante. 
Em contraste com a esquizofrenia, o transtorno delirante é relativamente 
incomum. O seu início ocorre quase sempre na metade ou no final da vida adulta. 
O funcionamento psicossocial não é tão prejudicado, como no caso da 
esquizofrenia, e os prejuízos surgem, em geral, diretamente da crença delirante. 
 
Fonte: www.4.bp.blogspot.com 
 
Quando o transtorno delirante acontece em pacientes com mais idade, ele 
é algumas vezes chamado de parafrenia. Pode coexistir com demência leve. O 
médico deve ser cuidadoso para distinguir delírios de abusos anteriores 
relatados por paciente idoso levemente demenciado. 
 
9.1 Sinais e sintomas 
 
O transtorno delirante pode surgir no contexto de um transtorno de 
personalidade paranoide preexistente. Em tais pessoas, a desconfiança 
disseminada e a suspeita de outras pessoas e de suas motivações começam no 
início da idade adulta e se estendem por toda a vida. Os sintomas iniciais podem 
incluir sensação de estar sendo explorado, preocupação com a lealdade ou a 
fidedignidade de amigos, tendência a ler significados ameaçadores em 
 
 
 
observações ou eventos benignos, propensão persistente a ressentimentos e 
facilidade de responder às descortesias percebidas. 
Vários subtipos de distúrbio delirante são reconhecidos: 
 Erotomaníaco: Pacientes acreditam que outra pessoa está apaixonada 
por eles. Esforços para contatar o objeto do delírio por meio de 
telefonemas, cartas, espionagem ou perseguição são comuns. As 
pessoas com esse subtipo podem ter conflitos com a lei relacionados ao 
seu comportamento 
 Grandioso: Os pacientes acreditam que possuem grande talento ou 
fizeram descoberta importante 
 Ciumento: Os pacientes acreditam que seu cônjuge ou amante é infiel. 
Essa crença se baseia em conclusões incorretas, sustentadas por 
evidências dúbias. Eles podem recorrer à agressão física 
 Persecutório: Os pacientes acreditam que estão sendo vítimas de uma 
trama, que estão sendo espionados, difamados ou importunados. Eles 
podem tentar obter justiça repetidamente por meio de apelos a juízes ou 
entidades governamentais e recorrer à violência em retaliação à 
perseguição imaginada 
 Somático: O delírio se relaciona a uma função corporal; por exemplo, os 
pacientes acreditam que possuem uma deformidade física, um 
determinado odor ou um parasita 
 
9.2 Diagnóstico 
Depende muito da realização de uma avaliação clínica, obtendo 
anamnese completa e exclusão de outras afecções específicas associadas aos 
delírios. A avaliação da periculosidade, especialmente da extensão em que o 
paciente está disposto a agir com base em seu delírio, é bastante importante. 
 
 
 
 
9.3 Prognóstico 
O transtorno delirante não ocasiona geralmente prejuízo ou mudança 
graves na personalidade, mas as preocupações delirantes podem progredir 
gradualmente. A maior parte dos pacientes pode permanecer empregada. 
 
9.4 Tratamento 
O tratamento do psicótico depende da causa da psicose (por exemplo, 
esquizofrenia, transtorno bipolar, abuso de substâncias, etc.). A primeira linha de 
tratamento para muitos transtornos psicóticos é medicação antipsicótica. 
Algumas vezes hospitalização é necessária. Psicoterapia e terapia 
familiar também podem ser usados no tratamento do psicótico para controlar os 
sintomas. 
Quando outros tratamentos para a psicose são ineficientes, terapia 
eletroconvulsiva é algumas vezes aplicada para aliviar os sintomas da psicose 
decorrentes de depressão. 
 
10 ASSISTÊNCIA AO CLIENTE COM TRANSTORNO BIPOLAR 
 
Por William Coryell, MD, University of Iowa 
 
 
Caracterizam-se por episódios de mania e depressão que podem se 
alternar, embora a maioria dos pacientes tenha predominância de um ou do 
outro. A causa exata é desconhecida, mas hereditariedade, mudanças nos níveis 
cerebrais de neurotransmissores e fatores psicossociais podem estar 
envolvidos. O diagnóstico se baseia na história. O tratamento consiste em 
medicamentos estabilizadores do humor, algumas vezes, com psicoterapia. 
 
 
 
Os transtornos bipolares geralmente começam na primeira, segunda ou 
terceira década de vida. A prevalência ao longo da vida é de cerca de 4%. As 
taxas são aproximadamente iguais para homens e mulheres. 
Fonte:www.novotempo.com 
 
Os transtornos bipolares são classificados como: 
 Transtorno bipolar I: definido como a presença de pelo menos um episódio 
de mania ou misto evidente (i. e., comprometendo a função ocupacional 
e social normal) e, quase sempre, episódios depressivos 
 Transtorno bipolar II: definido pela presença de episódios depressivos 
maiores com pelo menos um episódio hipomaníaco, mas sem episódios 
maníacos evidentes 
 Transtorno bipolar SOE: transtornos com características bipolares claras, 
porém que não preenchem os critérios específicos para outros transtornos 
bipolares 
 
 
 
 
Fonte: www.psiconlinews.com 
10.1 Etiologia 
A causa exata é desconhecida. A hereditariedade tem papel significativo. 
Também há evidências de desregulação de serotonina e noradrenalina. Fatores 
psicossociais também podem estar envolvidos. Eventos de vida estressantes 
estão muitas vezes associados ao desenvolvimento inicial dos sintomas e 
exacerbações posteriores, ainda que causa e efeito não tenham sido 
estabelecidos. Algumas drogas podem desencadear exacerbações em alguns 
pacientes com transtorno bipolar; essas drogas

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