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Lenin escreve O Estado e a revolução em 1917, mesmo ano da revolução russa; O livro é uma síntese do pensamento de Marx e Angels, uma compilação de suas obras, mas formulado com um teor mais sistemático a respeito do Estado, já que Marx, em vida, usou quase todo seu esforço teórico para expor o funcionamento da economia capitalista e, mesmo referenciando em diversas obras, como o manifesto e o 18 brumário, informações dispersas acerca de sua analise sobre o Estado, nunca chegou a desenvolver um estudo sistemático. Analisa os alcances e limites do Estado burguês; Por definição e por unanimidade entre teóricos, o Estado é o detentor do monopólio da força ou da violência legítima. Marx diz que “o Estado é um instrumento de dominação de uma classe sobre outra”, isso se aplica não apenas ao Estado moderno (burguês), mas a todas as formações sociais que antecedem o Estado capitalista (em todas há uma divisão de classes entre a opressora (dominante), que detém do monopólio da propriedade privada e a oprimida, que são os não proprietários). Essa ideia de classes se expande para o próprio socialismo. Marx define o socialismo como uma ditadura do proletariado, ou seja, uma elevação do proletariado à condição de classe dominante. Ele analisa o conceito de ditadura não pela forma, mas pelo conteúdo e compreende esta como o domínio de uma classe pela outra. Por exemplo, a democracia burguesa, apesar de sua forma democrática (eleições periódicas, sufrágio universal, possibilidade de manifestar interesses, entre outros direitos e liberdades), tem um conteúdo autoritário, fazendo desta, uma ditadura. Com esses direitos da democracia burguesa, pode até haver uma melhoria nas condições de vida (com a redução da jornada de trabalho, acesso a bens de consumo, aumento salarial, etc), mas isso é um movimento de reforma, que mantém intactos os pilares da sociedade de classes (propriedade privada, economia de mercado, cálculo racional do lucro, exploração de uma classe pela outra). Assim, mesmo o trabalhador conquistando esses direitos, não significa que ele deixou de ser explorado. Assim, embora Marx reconhecesse que houvessem alguns progressos dentro da ordem existente e reconhece até mesmo um dinamismo nesta ordem (já que o capitalista deve sempre dinamizar seu modos de produção para não ser ultrapassado pela concorrência), não elimina o caráter de que os antagonismos de classe são irreconciliáveis, ou seja, não pode haver aliança entre capital e trabalho. Mas há contradições nesse modo de produção capitalista, uma destas é: a produção sempre adquire caráter cada vez mais social, enquanto a apropriação da riqueza é privada, ou seja, os próprios responsáveis pela produção da riqueza (os operários) não tem acesso a ela. Isso se dá por conta da alienação- os meios de produção são alheios ao trabalhador (não o pertencem), assim, ele não tem acesso ao próprio processo do trabalho, que é sua atividade humana vital já que ele dispõe apenas de sua força de trabalho. O trabalhador também se aliena em relação ao produto do seu próprio trabalho; Fetichismo da mercadoria (mercadorias escondem seu caráter social, ou seja, ao ver a mercadoria, não se percebe a exploração do trabalho por trás da fabricação dela); Outra contradição de Marx que Lenin procura ressaltar é a da anarquia da produção capitalista: como cada um tem seu empreendimento e não há um planejamento global, cada um leva em consideração seu interesse individual. Marx aponta que, de um lado há uma racionalidade na produção capitalista (redução de custos, eliminação do desperdício, etc) mas essa racionalidade encontrada dentro dos muros de uma fábrica se contrapõe com a irracionalidade da sociedade (capitalista introduz maquinas e torna os trabalhadores supérfluos gerando um exército de trabalhadores de reserva, ausência de preocupação ambiental, etc); Para ser uma mercadoria, o objeto deve ter valor de troca, alguns só têm valor de uso e não são mercadorias. No modo de produção capitalista, o valor de uso é submetido ao valor de troca (o empresário busca produzir o que dá lucro, que são produtos básicos que todos precisam); De um lado, há uma superprodução de alimentos e, do outro, pessoas passando fome. A oferta supera a demanda, mas se a pessoa não tem dinheiro para comprar comida, a economia política não considera como uma demanda efetiva. Proposta de superar o modo de produção capitalista- com o desenvolvimento das forças produtivas, é possível produzir uma quantidade cada vez maior de riqueza em menos tempo de trabalho socialmente necessário, mas ainda continuamos trabalhando o mesmo do que quando essas forças não eram desenvolvidas mas seria possível reduzir muito as jornadas de trabalho e ainda produzir mais riqueza e garantir bens necessários para a sociedade, assim, o trabalhador poderia fazer mais coisas além de trabalhar, desenvolvendo livremente seu potencial criador. O modo de produção capitalista não tem o objetivo de suprir as necessidades básicas, e sim, o de suprir necessidades abstratas de acumulação. Se o Estado é produto do caráter irreconciliável das classes sociais e, se desaparecerão as classes, o Estado se torna supérfluo, definhando ou desaparecendo. Marx é um revolucionário e acredita que a violência é necessária para chegar ao comunismo. Reforma busca reivindicar direitos dentro da ordem existente, já a revolução busca também conquistar direitos, mas ir para além do capitalismo também, derrubar a ordem existente. Lula era reformista, tentou uma aliança entre capital e trabalho. No Brasil de hoje não há movimento de reforma, e sim, contrarreforma (retiram direitos (reforma trabalhista, da previdência)). O modo de produção capitalista cria as condições para sua própria superação. Ele associa o comunismo à abundancia, à distribuição das riquezas, por isso, para ele, a aconteceria nos países onde o capitalismo era mais avançado. Igualdade para ele consiste em “para cada um de acordo com sua necessidade e de cada um segundo sua capacidade”. Sociedade onde alguns nada produzem e tudo consomem é a burguesa, na socialista todos trabalhariam, não há classes parasitárias. Comunismo não é um estado nem um Estado, e sim, “o movimento que tende a abolir o atual estado de coisas”. As ideias dominantes de uma sociedade são as ideias da classe dominante, pois ela também detém dos meios de produção do conhecimento, não só os meios de produção da riqueza material. Por isso, muitas vezes, as classes dominadas reproduzem as ideologias da classe dominante. Por que o capital e não o capitalismo? O capital também existe nas formações sociais que antecedem o capitalismo, assim como nas pós-capitalistas - como a China que continua reproduzindo um modelo produtivista. Relações de poder e autoridade dentro de uma fábrica, disciplina, falta de controle do trabalhador sobre sua produção são coisas do capital que não comem no pós-capitalismo. Muitas vezes se supera o capitalismo, mas não o capital e o trabalhador continua submetido, sendo explorado pelo Estado. Etapas: Modo de produção capitalista – Socialismo – Comunismo Na primeira passagem há a elevação do proletário à condição de classe dominante, burguesia perde o controle dos meios de produção, que passam para o Estado, que é uma ditadura da maioria sobre a minoria. A ideia de Marx era abolir a propriedade e ir para a autogestão (governo dos produtores livremente associados). Em determinado momento, abole-se a propriedade estatal e esta passa para controle dos trabalhadores. Sendo todo mundo trabalhador e não há mais explorados, acabam as classes sociais, findando o proletariado como tal (pessoa ainda existe). Essa etapa seria o comunismo, no socialismo ainda há diferenças de classes, monopólio da violência nas mãos do Estado. Marx define o exército permanente e a policia como parasitas aderidos ao corpo da sociedade. Reprimem manifestações das classes subalternas, que não podem ter acesso às armas. Lênin diz que a guerra imperialista pode conduzir à revolução proletária mundial. Como foi o caso da Rússia,que ocorreu em meio à exploração e a disputas imperialistas, que saiu do conflito e os soldados puderam voltar para fazer a revolução, a única guerra legitima, a guerra de classes.
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