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TUTORIA MÓDULO NASCIMENTO PROBLEMA 09 - ADOLESCENCIA

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PROBLEMA 09: QUE MENINO DIFÍCIL!
Objetivo 1 - Descrever as fases da puberdade (Critérios de Turner/escala)
-Endócrino
MULHER: É importante estadiar o desenvolvimento mamário e de pelos pubianos separadamente, o primeiro é controlado basicamente pela secreção ovariana de estrógenos, enquanto o segundo é estimulado pela secreção de andrógenos adrenais. A pilosidade axilar geralmente surge depois do aparecimento dos pelos pubianos. (MARCONDES)
A hipófise e o ovário infantis adquirem atividade plena desde que estimulados adequadamente, indicando que na infância falta estimulação e não competência funcional desses órgãos. A idade de instalação da puberdade pode variar em função de fatores endógenos e exógenos, tais como condições ambientais e nutricionais, além de fatores emocionais, genéticos, raciais etc. 
A puberdade se caracteriza como uma fase de transição biológica em que acontece uma série de alterações estruturais e funcionais para estabelecer a capacidade reprodutiva e os caracteres sexuais secundários. Entre essas alterações estão: crescimento linear, brotamento e desenvolvimento das mamas, aumento dos pequenos e grandes lábios da genitália externa, produção de secreção vaginal transparente ou ligeiramente esbranquiçada antes da menarca, surgimento de pelos pubianos e axilares, além de crescimento do útero e do ovário. 
A instalação da puberdade envolve alterações de atividade secretora da suprarrenal (adrenarca), pelo aumento da secreção de precursores androgênicos, e do ovário, principalmente pela secreção de estrogênios e progesterona. Os principais precursores androgênicos são desidroepiandrosterona (DHEA) e desidroepiandrosterona sulfato (DHEA-S). Embora a adrenarca geralmente anteceda em alguns anos a ativação da secreção ovariana, não existe indicação de sincronização entre os dois eventos, que parecem ter controles independentes. A ativação da função ovariana depende da secreção de gonadotrofinas hipofisárias (LH e FSH) e de GnRH pelo hipotálamo. 
O período da infância até o início da puberdade é de quiescência do eixo hipotálamo-hipófise-ovário, de modo que as secreções de LH, FSH e esteroides ovarianos são muito baixas ou indetectáveis. Uma série de observações mostra que esta quiescência não representa formação estrutural incompleta ou incapacidade funcional do eixo. O que mantém este sistema inativo (“desligado”) durante a infância? E o que faz este sistema ser ativado (“ligado”) na puberdade? Estas questões não têm respostas conhecidas. 
O mecanismo que conduz ao início da puberdade continua desconhecido. Na tentativa de explicar esse mecanismo, há algumas hipóteses, geradas por observações experimentais e/ou clínicas, que não necessariamente se excluem. Uma das hipóteses admite que na infância o eixo hipotálamo-hipófise seria mais sensível à retroalimentação negativa pelos esteroides ovarianos; assim, as quantidades pequenas desses esteroides que inibiriam o eixo na infância tornar-se-iam insuficientes com a idade e então o eixo iria sendo mais ativado, aumentando a estimulação ovariana. 
Uma segunda hipótese advoga que durante a infância existiria um mecanismo neural de inibição do eixo hipotálamo-hipófise e que a supressão desse mecanismo estaria relacionada com o início da puberdade. Outra hipótese diz que o início da puberdade seria desencadeado pela ativação de vias estimuladoras de neurônios GnRH, ou pelo aumento de atividade de uma dessas vias ou de algumas delas. Segundo uma quarta hipótese, o processo de crescimento do organismo ou de alguma de suas partes emitiria uma sinalização, provavelmente um hormônio, para ativação dos neurônios GnRH.
Recentemente, um conjunto consistente de dados clínicos e experimentais tem implicado o peptídio kisspeptina, produzido em algumas regiões cerebrais, como elemento relevante no mecanismo de controle da puberdade. A deficiência de kisspeptina ou da atividade de seu receptor (GPr-54) está associada ao quadro patológico de hipogonadismo hipogonadotrófico caracterizado pela ausência de puberdade. Apesar dos avanços representados pela descoberta da kisspeptina, o entendimento do mecanismo de controle da puberdade ainda permanece incompleto. (MARGARIDA)
HOMEM: Como no sexo feminino, a avaliação do estadiamento deve ser feita separadamente; o desenvolvimento genital, bem como outras modificações virilizantes, são resultado da secreção de andrógenos testiculares; a pilificação pubiana e o crescimento do pênis também sofrem influência dos andrógenos adrenais. O desenvolvimento dos pelos axilares ocorre geralmente dois anos após o início dos pelos pubianos, seguindo-se o aparecimento dos pelos faciais e, posteriormente, os pelos do restante do corpo.
A alteração da voz, característica do sexo masculino, surge gradualmente em fase adiantada do desenvolvimento genital como consequência do crescimento da laringe induzido por andrógenos. (MARCONDES)
O FSH estimula o crescimento testicular durante a puberdade e aumenta a produção de uma proteína ligadora de androgênios (ABP) pelas células de Sertoli. Essa proteína assegura altas concentrações locais de testosterona, um fator imprescindível para a espermatogênese normal. O FSH também estimula a atividade de aromatase nas células de Sertoli, o que favorece a produção local de estradiol. 
Puberdade é o conjunto de transformações que marcam o amadurecimento sexual e o início da fertilidade. Um evento que precede a puberdade é o aumento da secreção de androstenediona e desidroepiandrosterona (DHEA) pela suprarrenal (adrenal), que recebe o nome de adrenarca e ocorre, em meninos, por volta dos 6 a 8 anos. Esse aumento na produção de androgênios suprarrenais é em parte responsável pelo aparecimento dos primeiros pelos axilares e pubianos. Durante o período da adrenarca, a concentração plasmática de testosterona ainda é baixa e sofre apenas ligeiro aumento, em grande parte pela conversão de androstenediona e DHEA de origem suprarrenal. No entanto, neste período, a testosterona circulante já é suficiente para exercer retroalimentação negativa sobre o LH, como sugere a observação de que a retirada dos testículos, nesta fase da vida, resulta em aumento do LH plasmático.
O início da puberdade é marcado pelo surgimento da secreção pulsátil de LH durante o sono, sinalizando uma reativação da pulsatilidade de GnRH, como havia ocorrido nos períodos de vida intrauterina e primeiros anos pós-natal. Os mecanismos responsáveis por este processo de despertar hipotalâmico da puberdade não estão ainda bem estabelecidos, embora a influência de alguns neurotransmissores, neuro moduladores e hormônios tenha sido postulada (como leptina, melatonina, endorfina, peptídios Y, óxido nítrico e kisspeptina). Com o passar do tempo, percebe-se um aumento do LH também no período diurno, seguido pelo aumento da testosterona. Esse aumento da secreção de LH deve-se tanto à liberação mais intensa de GnRH pelo hipotálamo, quanto à maior sensibilidade da hipófise ao estímulo hipotalâmico. A etapa seguinte é o crescimento e amadurecimento testicular, com incremento significativo na produção de testosterona e início da espermatogênese. Como resultado do aumento da testosterona, segue-se o surgimento dos caracteres sexuais secundários. (MARGARIDA)
O LH é o principal regulador da síntese de testosterona pelas células de Leydig. O FSH desempenha um importante papel no desenvolvimento do testículo imaturo, em particular pelo controle da proliferação das células de Sertoli e do crescimento dos túbulos seminíferos. Como os túbulos são responsáveis por cerca de 80% do volume do testículo, o FSH é de grande importância na determinação do tamanho dos testículos, que normalmente medem 4,1 a 5,2 cm de comprimento por 2,5 a 3,3 cm de largura no homem adulto. O FSH é importante no processo de iniciação da espermatogênese durante a puberdade, sendo necessário para a síntese da proteína de ligação dos androgênio pelas células de Sertoli e para o desenvolvimento da barreira hematotesticular.
-Anatomia (Separar por fases)
Sexo feminino - a primeira manifestaçãode puberdade no sexo feminino é, geralmente, o aparecimento do broto ou botão mamário, seguindo-se, dentro do mesmo ano, o início da pilificação pubiana. O desenvolvimento mamário unilateral é comum no início da puberdade, podendo-se aguardar até cerca de seis meses para o apare~ cimento da mama contralateral. Não é raro que a pilosidade pubiana preceda o início do desenvolvimento mamário. O desenvolvimento mamário pode ser avaliado, por meio da inspeção, segundo os estágios evolutivos descritos por Tanner, a saber: 
M1 - estágio de mamas pré-adolescentes. Há somente elevação da papila. 
M2 - estágio de broto mamário, com pequena elevação da mama e da papila e aumento do diâmetro da aréola. O tecido mamário aumentado tem localização subareolar. 
M3 - crescimento da mama e aréola, parecendo uma pequena mama adulta. Não há separação dos contornos das mamas e da aréola. Aqui, o tecido mamário extrapola os limites da aréola. 
M4 - crescimento e projeção da aréola e da papila, formando uma elevação acima do corpo da mama. 
M5 - Estágio adulto, com projeção apenas da papila, pois a aréola retoma para o contorno geral da mama.
O desenvolvimento da pilosidade pubiana segue a sequência de estágios assim indicados: 
P1 - ausência de pelos pubianos. 
P2 - crescimento esparso de pelos finos, curtos, discretamente pigmentados, lisos ou discretamente encaracolados ao longo dos grandes lábios. 
P3 - pelos tornam-se mais escuros, mais espessos e mais encaracolados, estendendo-se à região pubiana. 
P4 - pelos do tipo adulto, porém ainda em área de distribuição menor, não atingindo a superfície interna das coxas. 
P5 - pelos adultos em tipo e distribuição, atingindo a superfície interna das coxas e, eventualmente, desenvolvendo-se acima da região púbica, constituindo o estágio P6.
Sexo masculino - a primeira manifestação de puberdade no sexo masculino consiste no crescimento testicular como resultado do aumento de tamanho dos túbulos seminíferos. Segue-se, posteriormente, o aparecimento dos pelos pubianos e o crescimento do pênis. O desenvolvimento genital pode ser avaliado pela inspeção segundo os estágios de Tanner: 
G1 - pênis, testículos e escroto de aparência e tamanho infantis.
G2 - início de aumento dos testículos e escroto, cuja pele se torna mais fina e avermelhada; não há aumento do pênis. 
G3 - continua o crescimento do escroto e o pênis aumenta principalmente em comprimento.
G4 - continua o crescimento de testículos e escroto, este último com pele mais enrugada e escurecida. Há aumento do pênis em comprimento e diâmetro, tornando-se a glande evidente. 
G5 - genitais adultos em tamanho e forma. (MARCONDES)
Estirão de crescimento: O aumento acentuado da velocidade de crescimento na puberdade (estirão de crescimento puberal) encontra-se sob um controle endócrino complexo envolvendo hormônios tireóideos, hormônio de crescimento (GH) e estrogênio.
Desenvolvimento muscular e do tecido adiposo: Na puberdade, a massa muscular aumenta gradualmente desde o início da aceleração de crescimento; a velocidade máxima de ganho muscular ocorre geralmente na mesma época ou logo após o pico de crescimento estatura\. O desenvolvimento muscular é consequência do incremento no tamanho das células, sendo mais acentuado no sexo masculino. O aumento da força é posterior, em alguns meses, ao desenvolvimento da musculatura. No sexo masculino, a relação entre força muscular e desenvolvimento físico é tal que o pico de força é considerado, por muitos, como indicador de maturidade biológica. (MARCONDES)
Objetivo 2 - Explicar as mudanças de comportamento e relacionar com as mudanças fisiológicas e anatômicas
Os eventos de ordem física constituem a chamada puberdade, enquanto características do desenvolvimento psicológico-emocional foram agrupadas, por Aberastury e Knobel, na chamada síndrome da adolescência normal. As modificações físicas participam ativamente do processo adolescente e são universais, mas aquelas ligadas ao desenvolvimento são vividas de maneira diferente em cada sociedade, em cada família, sendo singulares até mesmo para cada indivíduo.
São componentes da síndrome da adolescência normal: • busca de si mesmo e da identidade; • separação progressiva dos pais; • tendência grupal; • evolução da sexualidade; • desenvolvimento do pensamento abstrato; • capacidade de fantasiar, necessidade de intelectualizar; • crises religiosas; • vivência temporal singular; • atitude social reivindicatória; • manifestações contraditórias da conduta; • flutuações de humor.
(MARCONDES)
Aberastury e Knobel (2011) nos afirmam, por exemplo, que o adolescente acaba se deparando com três lutos simbólicos: luto referente à perda do corpo infantil; ao papel e identidades infantis; e aos pais da infância. (http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-29702018000100010&lng=pt&nrm=iso )
Objetivo 3 - Apresentar o calendário vacinal do PNI para a adolescência
Objetivo 4 - Identificar o papel da ESF na puberdade
Entre as forças que podem participar da rede de apoio das famílias, crianças e adolescentes tem fundamental importância a Rede de Atenção Primária em Saúde. Em situações de conflito no ambiente familiar, escolar e, até mesmo, comunitário (outros níveis de atenção à saúde, conselhos tutelares, vara da infância e da adolescência etc.), a rede de atenção básica quase sempre é a primeira porta de entrada para a busca de uma compreensão, seja do comportamento, de um sintoma ou de uma necessidade de orientação específica (anticoncepção, uso de substância psicoativa, violência doméstica ou sexual etc.). Nem sempre é o(a) adolescente que procura a Unidade Básica de Saúde. Com muita frequência, a família é a primeira a demandar atenção. Em outras situações, são as escolas e os órgãos de proteção da criança e do adolescente, ou até mesmo agentes de saúde, que encaminham a demanda. 
O primeiro desafio para a Atenção Básica ir além da demanda referenciada é o trabalho interno com a equipe, conscientizando que o acolhimento de adolescentes e jovens é tarefa de todos os profissionais: da recepção à dispensação de medicamentos, do agente comunitário de saúde ao técnico de Enfermagem, do dentista aos demais profissionais de saúde com formação universitária. À gerência destes serviços, cabe o planejamento com a equipe e o acompanhamento das ações ofertadas, da gestão do cuidado ofertado e da articulação da linha de cuidado interna e externa na Rede de Atenção à Saúde e na rede intersetorial de assistência. Destaca-se que a assistência ao adolescente começa na assistência à criança e sua família. É no atendimento desta faixa etária que podemos detectar e problematizar questões como: o estilo parental de cuidado, o monitoramento do desenvolvimento e do cuidado tanto no período escolar como no período complementar, os serviços e órgãos de apoio de outros setores e as situações de estresse e adversidades que podem comprometer o desenvolvimento etc.
 Além do atendimento de todas as referidas demandas, o trabalho com as escolas e com a rede de assistência social é fundamental para ampliar a procura direta do adolescente pelo serviço de Atenção Básica. Parcerias em projetos de Educação e Saúde nas escolas, como proposto pelo Programa de Saúde na Escola do Ministério da Saúde (PSE/MS), qualificação das reuniões intersetoriais para acompanhamento de situações de maior vulnerabilidade e parcerias com projetos de Secretarias de Cultura, Esporte e Lazer dos municípios são fundamentais neste sentido. 
A oferta de grupos de encontro para adolescentes e familiares que cuidam de adolescentes e jovens é uma boa estratégia que deve ser estimulada pelos profissionais de saúde e entrar no rol de ações ofertadas no planejamento à atenção a adolescentes e jovens. Além disso, a leitura de vulnerabilidade e resiliência, como proposto em capítulo específico deste documento, também deve ser uma prática constante, que propiciaria a identificação das situações que merecerão maior atenção e projetos terapêuticos singulares e familiares para complementar a assistênciaprestada.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/proteger_cuidar_adolescentes_atencao_basica.pdf 
Objetivo 5 - Discutir o papel da família durante o desenvolvimento puberal
A família possui um papel primordial no amadurecimento e desenvolvimento biopsicossocial dos indivíduos, apresentando algumas funções primordiais, as quais podem ser agrupadas em três categorias que estão intimamente relacionadas: funções biológicas (sobrevivência do indivíduo), psicológicas e sociais (Osório, 1996). 
A função biológica principal da família é garantir a sobrevivência da espécie humana, fornecendo os cuidados necessários para que o bebê humano possa se desenvolver adequadamente.
Em relação às funções psicológicas, podem-se citar três grupos centrais: a) proporcionar afeto ao recém-nascido, aspecto fundamental para garantir a sobrevivência emocional do indivíduo; b) servir de suporte e continência para as ansiedades existenciais dos seres humanos durante o seu desenvolvimento, auxiliando-os na superação das “crises vitais” pelas quais todos os seres humanos passam no decorrer do seu ciclo vital (um exemplo de crise que pode ser mencionado aqui é a adolescência); c) criar um ambiente adequado que permita a aprendizagem empírica que sustenta o processo de desenvolvimento cognitivo dos seres humanos (Osório, 1996). 
Segundo Romanelli (1997) a família corresponde a um lugar privilegiado de afeto, no qual estão inseridos relacionamentos íntimos, expressão de emoções e de sentimentos. Portanto, pode-se dizer que é no interior da família que o indivíduo mantém seus primeiros relacionamentos interpessoais com pessoas significativas, estabelecendo trocas emocionais que funcionam como um suporte afetivo importante quando os indivíduos atingem a idade adulta. Estas trocas emocionais estabelecidas ao longo da vida são essenciais para o desenvolvimento dos indivíduos e para a aquisição de condições físicas e mentais centrais para cada etapa do desenvolvimento psicológico. 
No que tange à função social da família, o cerne está na transmissão da cultura de uma dada sociedade aos indivíduos (Osório, 1996), bem como na preparação dos mesmos para o exercício da cidadania (Amazonas & cols., 2003). Sendo assim, é a partir do processo socializador que o indivíduo elabora sua identidade e sua subjetividade (Romanelli, 1997), adquirindo, no interior da família, os valores, as normas, as crenças, as ideias, os modelos e os padrões de comportamento necessários para a sua atuação na sociedade (Drummond & Drummond Filho, 1998; Tallón & cols., 1999). Ressalte-se que as normas e os valores que introjetamos no interior da família permanecem conosco durante toda a vida, atuando como base para a tomada de decisões e atitudes que apresentamos no decorrer da fase adulta. Além disso, a família continua, mesmo na etapa adulta, a dar sentido às relações entre os indivíduos, funcionando como um espaço no qual as experiências vividas são elaboradas (Sarti, 2004)
Encarada como uma fase do ciclo de vida familiar, a adolescência apresenta tarefas particulares, que envolvem todos os membros da família. Pode-se dizer, então que este período se constitui como uma fase de transição do indivíduo, da infância para a idade adulta, evoluindo de um estado de intensa dependência para uma condição de autonomia pessoal (Silva & Mattos, 2004) e de uma condição de necessidade de controle externo para o autocontrole (Biasoli-Alves, 2001), sendo marcado por mudanças evolutivas rápidas e intensas nos sistemas biológicos, psicológicos e sociais (Marturano, Elias & Campos, 2004). 
Portanto, nesse período evolutivo, crucial para o desenvolvimento do indivíduo, culmina todo o seu processo maturativo biopsicossocial, ocorrendo a aquisição da imagem corporal definitiva, bem como a estruturação final da personalidade (Drummond & Drummond Filho, 1998; Osório, 1996). Estudos evidenciam que a adolescência corresponde a um fenômeno biopsicossocial (Kalina, 1999) cujo elemento psicológico do processo é constantemente determinado, modificado e influenciado pela sociedade (Kalina, 1999). 
Ela corresponde a um período de descobertas dos próprios limites, de questionamentos dos valores e das normas familiares e de intensa adesão aos valores e normas do grupo de amigos. Nessa medida, é um tempo de rupturas e aprendizados, uma etapa caracterizada pela necessidade de integração social, pela busca da autoafirmação e da independência individual e pela definição da identidade sexual (Silva & Mattos, 2004). 
Os adultos têm um papel central neste processo, pois oferecem a base inicial aos mais jovens, a bagagem de regras e normas essenciais para o social, bem como atuam como modelos introjetados, geralmente como ideais, cujas atitudes e comportamentos serão transmitidos às gerações que os sucedem (Biasoli-Alves, 2001)
Por esse motivo o diálogo nessa etapa do desenvolvimento assume um papel ainda mais importante, apesar de muitas vezes os adolescentes buscarem se fechar em seu “mundo” próprio. Devido à essa tendência à reclusão e a busca de refúgio na fantasia e no devaneio, o diálogo com os membros da família, nessa etapa da vida, é essencial, pois é justamente nesse período que eles mais necessitam da orientação e da compreensão dos pais, sendo que todo o legado que a família transmitiu aos mesmos desde a infância continua sendo relevante (Drummond & Drummond Filho, 1998). 
A falta de diálogo no ambiente familiar pode, portanto, acarretar ou, em certos casos, acentuar algumas dificuldades, principalmente em termos de relacionamento, podendo afetar até mesmo o bem-estar e a saúde psíquica dos adolescentes. Nesse contexto, Drummond & Drummond Filho (1998) salientam que, além do recurso do diálogo, quando a família busca desde cedo estabelecer relações de respeito, confiança, afeto e civilidade entre seus membros, tende a lidar com essa fase do desenvolvimento de uma maneira mais adequada e com menos dificuldades do que uma outra família na qual tais valores não foram praticados.
FAMÍLIA E ADOLESCÊNCIA: A INFLUÊNCIA DO CONTEXTO FAMILIAR NO DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DE SEUS MEMBROS - Elisângela Maria Machado Pratta e Manoel Antonio dos Santos – 2007 (https://www.scielo.br/j/pe/a/3sGdvzqtVmGB3nMgCQDVBgL/?format=pdf&lang=pt)
Com relação ao desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, o esforço familiar será no sentido de prover as condições necessárias de alimentação, vestimenta, afetividade, educação, segurança, desapego, autoestima e autonomia progressiva. O primeiro desafio familiar no cuidado de uma criança é sua constituição física e esforço para promover o desenvolvimento de sua dimensão psicológica como eu, “que retém o passado na memória, percebe o presente pela atenção e espera o futuro pela imaginação e pelo pensamento” (CHAUI, 1994, p. 117). Para isso, será necessário promover segurança, contato e cuidado físico afetivo, apresentação do mundo e da linguagem. Para tanto, a família necessita de apoio da saúde da pré-escola (creche) e muitas vezes de políticas de assistência social.
Com a escola, a família participa do processo de ampliar a consciência do sujeito como cidadão, dimensão política de si mesmo, seus direitos e deveres que se relacionam com o poder público constituído em sociedade por intermédio de suas leis, que muitas vezes poderão estar em conflito com os interesses da classe social a qual a pessoa se encontra. Para essa tarefa, tanto a família como a escola necessitam do apoio de uma sociedade democrática. 
O papel da família como parte da rede de apoio de um adolescente poderá significar mais proteção ou mais risco, dependendo do vínculo adulto provedor/cuidador com adolescente, da capacidade de comunicação entre eles, do estilo de parentalidade e da relação que as forças oriundas da comunidade e escola (grupos de amigos, relações com o desempenho escolar, segurança do bairro em que vivem, oportunidades de acesso à cultura e ao lazer etc.) intervêm no processo. Crianças e jovens que boa parte do tempo cuida de si mesmos, ou seja, vivem com pouca monitoraçãode seus adultos cuidadores/provedores, ficam mais suscetíveis às forças do ambiente externo à família. A qualidade do tempo e do cuidado complementar à escola e ao convívio familiar são significativos no processo de constituição de autonomia destes jovens e de suas escolhas. O grau de conflito entre adultos e jovens na família está relacionado em boa parte ao estilo de relação e comunicação entre eles. Diana Baumrind (1991) propõe uma classificação dos estilos de parentalidade, que se associam a diferenças no comportamento social dos adolescentes, como podemos ver no quadro a seguir:
Esses estilos de parentalidade e comunicação, assim como os comportamentos sociais associados aos adolescentes, devem ser encarados como tendências, pois da mesma maneira que o estilo não é algo tão definido e rígido, seria simplista atribuir o comportamento social do adolescente apenas à tendência de um estilo parental. É necessário sempre considerar diferenças contextuais, divergências de estilos entre os adultos provedores/cuidadores, processo anterior ao período de adolescência etc.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/proteger_cuidar_adolescentes_atencao_basica.pdf
 
Objetivo 6 - Discutir a conduta ética e legal na consulta médica com o adolescente
Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a adolescência vai dos 12 aos 18 anos, e o Código Civil determina a maioridade aos 18. A imputabilidade também só é possível aos 18
Pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência vai dos 10 aos 20 anos incompletos. Entretanto, a SBP e os Serviços de Saúde para Adolescentes atendem pacientes somente a partir dos 12 anos.
Os princípios éticos no atendimento a adolescentes nos serviços de saúde se referem especialmente à privacidade, caracterizada pela não permissão de outrem no espaço da consulta; confidencialidade, definida como acordo entre profissional da saúde e cliente de que as informações discutidas durante e após a consulta não podem ser passadas aos responsáveis sem a permissão do adolescente; sigilo, regulamentado pelo artigo 103 do Código de Ética Médica; e autonomia, contida no Capítulo II, art. 17, do ECA.
Existem, entretanto, situações em que o profissional percebe que o adolescente não tem condições de arcar sozinho com sua saúde ou se conduz de forma a causar danos a si ou a outras pessoas. Nessas, a quebra do sigilo é justificada. Entre tais situações destacamos gravidez, AIDS, percepção da ideia de suicídio ou homicídio, drogadição e recusa ao tratamento. Nas situações em que se caracterizar a necessidade da quebra do sigilo médico, o paciente deve ser informado, justificando-se os motivos para essa atitude
Como a consulta deve sempre acontecer em dois momentos, um junto com a sua família e outro só com o adolescente, às vezes a família não autoriza essa privacidade. No entanto, é um direito do adolescente, garantido pelo ECA. O art. 3o descreve que “a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata essa lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar os desenvolvimentos físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade”
Segundo os arts. 5o e 13 do ECA, em todos os casos em que se caracteriza uma situação de violência contra o adolescente deve-se notificar o Conselho Tutelar
As relações sexuais antes dos 15 anos, segundo o Código Penal Brasileiro (11), configuram-se em crime de estupro, previsto no art. 213, estando a violência presumida na razão da idade da vítima (art. 224, alínea a). Portanto, nesses casos, seria necessária notificação ao Conselho Tutelar.
O art. 60 do ECA descreve: “é proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos.” A exploração de crianças e adolescentes tem sido denunciada por meio de estudos científicos e da imprensa. O serviço de saúde acaba sendo o espaço em que esses problemas se apresentam, os adolescentes podem expor suas dificuldades e obter orientação e tratamento.
Fonte: Conduta ética no atendimento à saúde de adolescentes - Stella R. Taquette - 2010
https://cdn.publisher.gn1.link/adolescenciaesaude.com/pdf/v7n1a02.pdf

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