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Nicolas Martins 2025.1 - Anatomia patológica II PATOLOGIAS DO APARELHO GENITAL FEMININO I - COLO UTERINO PATOLOGIAS DA VULVA INTRODUÇÃO As patologias vulvares podem ser divididas em distúrbios não neoplásicos e distúrbios neoplásicos da vulva ● DISTÚRBIOS EPITELIAIS NÃO NEOPLÁSICOS DA PELE MUCOSA - São patologias comuns como as dermatoses que são comuns na pele e mucosa valvar - Líquen escleroso = Mais específico apesar de não ser tão frequente e pode apresentar correlação com o carcinoma de células escamosas vulvar - Hiperplasia escamosa = Mais específico apesar de não ser tão frequente e pode apresentar correlação com carcinoma de células escamosas vulvar - Outras dermatoses É importante ressaltar que as patologias como o líquen escleroso e a hiperplasia escamosa de certa forma podem estar relacionadas com o desenvolvimento do câncer vulvar e das lesões pré-neoplásicas, desse modo essa patologias merecem certo destaque ● DISTÚRBIOS EPITELIAIS MISTOS NÃO NEOPLÁSICOS E NEOPLÁSICOS - Neoplasia intra-epitelial escamosa ( NIV I - III ) = Alterações displásicas em ocorre atipias citológicas e arquiteturais que podem envolver diversos níveis da epiderme, do epitélio escamoso, mas que acabam ficando restritos a membrana basal (intra-epitelial). Podem ser classificadas em diferentes graus de displasia indo da leve a acentuada - sendo que quanto maior a displasia maior a chance de evolução para uma neoplasia invasiva. 1. NIV I - atipias histológicas e arquiteturais comprometendo cerca de ⅓ da espessura basal do epitélio 2. NIV II - atipias histológicas e arquiteturais comprometendo ⅔ da espessura basal do epitélio 3. NIV III - atipias histológicas comprometendo mais que ⅔ da espessura basal do epitélio OBS.: A partir da NIV II essa lesões PRECISAM ser acompanhadas devido a maior chance de evoluírem para lesões mais agressivas e até invasivas - Neoplasia intra-epitelial não escamosa = Patológicas como a doença de Paget, tumores melanocíticos não invasores. Apresentam atipias histológicas e arquiteturais que respeitam a membrana basal mas que não se constituem pela proliferação epitelial escamosa - Tumores Invasivos = O principal é o CEC mas também inclui o melanoma LÍQUEN ESCLEROSO É classificada como patologia cutânea de etiologia não conhecida que pode acometer qualquer estrutura cutânea. ⇒ São lesões que possuem áreas mais claras ou pálidas esbranquiçadas e com atrofia da epiderme dando um aspecto apergaminhado com a presença de hiperqueratose ⇒ Essas áreas esbranquiçadas nos lembram de leucoplasias, placas que não se descamam com raspagem e o diagnóstico é histopatológico. O DIAGNÓSTICO do líquen escleroso também é através de HISTOPATOLÓGICO Na microscopia vamos observar a: Epiderme adelgaçada se manifestando pela ausência das cristas interpapilares, retificada com hiperceratose e presença de vacuolização, ou seja, se tornam vacúolos. A derme superficial acaba apresentando uma área de homogeneização eosinofílica, edematosa e logo abaixo vamos observar linfócitos perivasculares dispostos de forma irregular e ainda por conta da vacuolização podemos encontrar pigmentos acastanhados de melanina fagocitados por melanófagos dérmicos 1. Hiperceratose 2. Epiderme atrofiada - fica retificada 3. Células basais com citoplasma mais claro formando uma fenda em algumas áreas entre a epiderme e a derme devido a vacuolização de células basais 4. Homogeneização da derme - Aspecto hialino homogêneo - aspecto claro da macro 5. Infiltrado mononuclear em faixa 6. Melanófagos - Fagocitam pigmentos HIPERPLASIA ESCAMOSA Nessa patologia também iremos observar áreas ocupando os grandes lábios de coloração acastanhada. Essa áreas são mais sobrelevadas devido ao espessamento da epiderme ⇒ No caso da Hiperplasia escamosa alguns fatores irritativos ou alérgicos que levam a formação do prurido e irritação acabam provocando essas áreas de espessamento epidérmico. Então muitas vezes essas alterações inflamatórias acabam sendo secundárias ao uso de substâncias irritantes como sabão, creme, alergias cutâneas ou substâncias químicas. RESUMINDO: Irritação e Prurido ⇒ Espessamento da epiderme ⇒ Hiperplasia escamosa Na MICROSCOPIA vamos observar uma epiderme espessada com área de hiperqueratinização e à esquerda uma área de espessamento mas que acompanha um aumento de celularidade acompanhado de atipias citológicas e uma perda de polaridade, ou seja, do lado direito da imagem vemos uma área de hiperplasia escamosa e a esquerda uma área de hiperplasia, porém, acompanhada de atipias citológicas e arquiteturais que vão comprometer quase todo o epitélio. ⇒ Membrana basal íntegra sem comprometimento ou infiltração no tecido sub epitelial superficial. Na área de espessamento e atipias temos um NIV III ( a esquerda ) onde toda a espessura do epitélio é acometido por atipias celular. Como é uma área de displasia acentuada essas lesões pré-neoplásicas podem evoluir futuramente para um carcinoma invasivo ⇒ Presença de melanofágos pigmentasdos acastanhados responivaeis pela ocloração da lesão PATOLOGIAS VULVARES COMUNS NA CLÍNICA 1. Cistos de Bartholin = Ocorre devido a obstrução das glândulas de Bartholin, glândulas que possuem a função de lubrificação e muitas vezes devido a traumas no parto ou processos inflamatórios acabam ficando obstruídos levando ao acúmulo de secreção e dilatação cística podendo acarretar em infecções secundárias com formação dos abscessos de Bartholin - O tratamento é a drenagem e remoção cirúrgica 2. Donovanose ( calymmatobacterium granulomatis ) 3. Cancro Mole ( haemophilus Ducreyi ) 4. Linfogranuloma ( chlamydia ) 5. Neoplasias = Hidradenoma papilífero que possui origem nas glândulas sudoríparas da vulva; Lesão benigna e bem delimitada mas que pode ulcerar e sangrar. pode entrar em diagnóstico diferencial com patologias malignas, devendo ser feito a biópsia, com análise histopatológica 6. Condiloma acuminado ( HPV 6 a 11 ) DST com baixo risco de malignidade onde ocorre proliferação do tecido dérmico revestido por epiderme normal. 7. Pólipos Fibroepiteliais = Pólipos são lesões que fazem projeção acima de um superfície cutânea totalmente benignos CONDILOMA ACUMINADO São lesões verrucosas que podem ser únicas ou múltiplas que podem acometer a vulva, região inguinal, perineal e perianal de caráter firme e coloração branco rosada ⇒ Hiperplasia papilomatosa da epiderme - A hiperplasia provoca formação a formação das projeções papilares características da patologia Essas áreas de hiperplasia que dão o caráter verrucoso, hipergranulose, halos claros ao redor do núcleo de células superficiais.e toda área eosinofílica vai corresponder a hiperceratose (camadas espessas que dão o caráter endurecido da lesão) Dessa imagem ampliada vemos melhor: 1. Camada de Hiperceratose 2. Espessamento acentuado de epiderme 3. Derme acompanha o crescimento da epiderme O que vai chamar a atenção nesse tipo de lesão são os efeitos citopáticos virais. Existem algumas alterações que vão indicar a presença de infecção viral: 1. Coilocitose ( Núcleo de uma célula epitelial aumentado e hipercromático + halo perinuclear bastante acentuado que chamamos de coilocitose ) 2. Presença de células binucleadas com o halo de coilocitose 3. Alteração da queratinização Esses efeitos citopáticos são compatíveis com infecção por HPV então nós podemos fechar o diagnóstico através do uso de técnica específica como a imuno-histoquímica e/ou hibridização in situ para fecharmos o diagnóstico NIV NEOPLASIAS INTRA- EP VULVARES As NIVs costumam ser divididas em indiferenciada e diferenciadas ● NIV INDIFERENCIADA - A mais frequente acomete geralmente pacientes jovens. Apresenta atipia citológica mais acentuada e geralmente estão relacionadas a infecção por HPV ( 16,31,33 ) e possuem como fatores de risco o tabagismo e o uso de contracepcionais (forma indireta onde pela postura da mulher se torna mais livre, ou seja, muitas vezes praticam sexo sem proteção o que facilita a exposição ao HPV) ⇒ Apresentam surgimentorápido e caráter estacionário = Se mantém como uma neoplasia intraepitelial e pode levar muito tempo para se tornar uma lesão invasiva o NIC ( Neoplasia intra-epitelial cervical) ou NIVA (neoplasia intra-epitelial vaginal ). ⇒ Não se relacionam com a mutação do TP53 na maioria dos casos ⇒ Elevada recidiva - Após retirada retornam com certa frequência ⇒A associação com doenças invasivas não é tão frequente pelo seu caráter estacionário ● NIV DIFERENCIADA - Acomete pacientes mais velhas apresentando atipias citológicas menores e geralmente são unifocais. Surge lentamente e progride com certa facilidade para lesões invasivas com associação frequente com o líquen e hiperplasia escamosa ⇒ Relacionado frequentemente com mutação do TP53 ⇒ Recidiva baixa Podem se apresentar como placas esbranquiçadas, geralmente unifocais, principalmente no caso da NIV diferenciada, ou como máculas de coloração variada esbranquiçada, acastanhada, acometendo a vulva bilateralmente. Devendo essas áreas sendo biopsiadas e analisadas com bastante cuidado para que a excisão e o tto adequado seja feito. Neoplasia intraepitelial vulvar (NIV) acentuada com epitélio escamoso normal a esquerda e epitélio espesso com células apresentando núcleos aumentados, atípicos e sem uma maturação evidenciada com acometimento de espessura bastante acentuada e hiperceratose Grau de relação entre a NIV e o carcinoma invasivo. A direita área de espessamento do epitélio apresentando atipias acentuadas (NIV acentuada). A esquerda a lesão se torna mais sobrelevada e ulcerada com uma proliferação celular bem maior. Possui ninhos de células neoplásicas com queratinização central e infiltrado inflamatório mononuclear ao redor caracterizando um CEC invasivo CEC O CEC é o carcinoma mais frequente que pode apresentar como uma das suas variantes: 1. CA verrucoso = Um Carcinoma que possui morfologia de um CEC mar é bem diferenciado e vai crescer de forma papilomatosa dando a lesão um aspecto verrucoso - apresenta um bom prognóstico pois não são invasivos localmente, podem ser removidos, raramente invadem os tecidos adjacentes). Essa lesão cresce e infiltra localmente, mas normalmente não promove metástases, mas deve ser removido com margem de segurança e acompanhado posteriormente. 2. CA basocelular = Mais raro e cresce geralmente de células da camada basal do epitélio ⇒ Metástase para linfonodos regionais ⇒ O prognóstico depende do tamanho, grau de profundidade e grau de acometimento dos tecidos adjacente ou metástases a distância ⇒ Tratamento vulvectomia com linfadenectomia DOENÇA DE PAGET EXTRA MAMÁRIA Patologia que se traduz pela proliferação de células claras que infiltram a epiderme, a vulva e seus anexos mas nunca ultrapassam a membrana basal. Na maioria das vezes não vamos ter um tumor associado e observa-se uma área de neoplasia constituída por lesão bem demarcada e avermelhada de aspecto incrustado e pruriginoso. 1. Lesão avermelhada 2. Aspecto eritematoso, infiltrativo e pruriginoso 1. Epitélio escamosos infiltrado por células claras 2. Células neoplásicas ricas em mucopolissacarídeos no citoplasma 3. Não ultrapassam a membrana comprometendo o tecido subjacente Se originam de neoplasias contidas em ductos de glândulas da pele vulvar em ductos de anexos próximos a mucosa MELANOMA MALIGNO É o segundo tumor mais comum, apesar de raro acometer a vulva em pacientes em fases mais avançadas da vida entre a sexta e sétima década de vida e a mortalidade dessas lesões é relativamente alta com lesões de profundidade maior de 1 mm de espessura. PATOLOGIAS DA VAGINA INTRODUÇÃO As patologias de vagina não são frequentes. A vagina como excede de patologias primárias acabam sendo raro seu envolvimento geralmente sendo acometida por processos inflamatórios ou neoplásicos secundários a partir da vulva, do canal endocervical do colo uterino ao até mesmo do endométrio A vagina é um canal que une a genitália externa ao colo uterino. A mucosa vaginal é constituída por um epitélio escamoso estratificado não ceratinizado. PATOLOGIAS VAIN = neoplasia intra-epitelial vaginal - Neoplasias pré maligna ( VAIN / NIVA ) e carcinoma escamosos invasor = Mais frequentes devido ao revestimento - Adenocarcinoma de células claras = Tumor relacionado ao uso de dietilbestrol provocando a formação de adenose vaginal ⇒ A mucosa vaginal é epitélio escamoso e com o uso de dietilbestrol faz com que em alguns segmentos surja um epitélio colunar altamente sensíveis a fator oncogênico, inclusive a infecção pelo HPV e alguns pacientes desenvolvem displasia e eventualmente o adenoma de células claras - Rabdomiossarcoma = Tumor do trato urogenital sendo uma patologia infantil (<5 anos) sendo uma patologia mesenquimal formando uma lesão polipóide que pode se projetar para fora do orifício vaginal apresentando uma aspecto lobulado similar a um cacho de uva. Lesão maligna que deve ser diagnosticada precocemente para evitar infiltração de estruturas adjacentes, de cavidade peritoneal, que pode ser tratada quando descoberta de forma mais precoce; - Infecções inespecíficas, fúngicas, bacterianas e por trichomonas - Cistos ( raros ) - Condiloma acuminado detalhado anteriormente MELANOMA DE PAREDE VAGINAL Melanoma é uma neoplasia rara que pode acometer vagina ou vulva sendo traduzida por proliferação de células atípicas que produzem melanina ou não, existem os melanomas amelanóticos Lesão extensa de coloração castanho escura graças a melanina. Infiltrando difusamente em algumas áreas da parede vaginal MICRO = Proliferação de células atípicas com vasos entre esses ninhos celulares, mitoses frequentes CARCINOMA DE VAGINA Essas neoplasias correspondem a 1-2% dos cânceres ginecológicos. Por definição é aquele que surge na vagina sem envolvimento do colo uterino ou vulva, como já foi dito anteriormente, por se tratar de um canal entre essas duas estruturas pode ser sede de comprometimento tanto de lesão de vulva como de colo uterino. Geralmente acomete o terço superior da parede posterior da vagina ● FATORES DE RISCO - Infecção pelo HPV - Imunossupressão - Irradiação prévia - Exposição ao DES durante a vida intra-uterina - Baixo nível sócio econômico causando uma dificuldade de ter informação e acesso a serviços de saúde PATOLOGIAS DE COLO UTERINO CERVICITES As patologias não neoplásicas mais frequentes nessa topografia são as cervicites que são processos inflamatórios que acometem o colo uterino podendo ser aguda ou crônica. - Aguda = Mais comum no pós parto e infecções específicas como gonococo, herpes, clamídia com presença de infiltrado inflamatório neutrofílico com focos de supuração - Crônica = Forma mais comum em geral, refletindo a resposta à proliferação de microorganismo e alteração do pH → Possui um infiltrado inflamatório geralmente linfoplasmocitário. Presença de metaplasia escamosa, cistos de naboth e proliferação micro-glandular O epitélio escamoso da mucosa vaginal e colo uterino apresenta em sua superfície células ricas em glicogênio que se descamam e acabam servindo de substrato para a flora vaginal ( cocos, enterococos e principalmente os lactobacilos - bacilos de Doderlein ). Os bacilos de Donderlois são produtores de ácido láctico que acabam deixando o pH vaginal mais ácido. Essa situação em conjunto com a produção de peróxido de hidrogênio por algumas cepas acaba mantendo o pH e a flor em equilíbrio inibindo a proliferação de patógenos na flora vaginal Quand tem a alteração do equilibrio do pH por sangremnto, uso de medicações ou por traumas cirurgicos ou em relações sexuais isso pode induzir a inflamação levando a uma alteração do pH que por sua vez pode induzir a proliferação de alguns patógenos ⇒ Com o desequilíbrio da flora ocorre um processo inflamatório crônico se caracterizando pelas alterações básicas de todos os processo crônicos (infiltrado linfocitário e plasmocitário), metaplasia escamosa, aparecimento dos cistos de Naboth e proliferação micro-glandular Na imagem ao lado podemos observar a visão anterior de uma cerviciteuterina. ⇒ A ectocérvice é revestida por um epitélio escamoso estratificado não queratinizado ⇒ No centro se encontra o orifício externo colo. A partir deste orifício, temos o canal endocervical localizado cranialmente, o qual é revestido por um epitélio colunar produtor de muco. Na MICROSCOPIA vamos ver o epitélio escamoso não queratinizado vai apresentar uma arquitetura característica 1. Superfície do epitélio com camadas de células superficiais com halo mais claro ao redor dos núcleos que são vacúolos de glicogênio - essas células ricas em glicogênio acabam servindo de substrato para a flora vaginal quando ocorre descamação 2. Camada de células intermediárias com um citoplasma mais amplo 3. Camadas de células parabasais 4. Camada de células basais que em conjunto com as células parabasais são chamadas de células profundas que possuem um citoplasma mais escasso e núcleos maiores Ao lado é detalhado a microanatomia do epitélio que reveste o colo uterino. É importante observar que os epitélios de revestimento tanto na ectocérvice quando do canal endocervical apresentam alterações que vão variar de acordo com a idade e das alterações hormonais que pacientes femininas sofrem A figura esquerda na imagem inferior podemos observar uma visão anterior do colo uterino onde é vista a ectocérvice em rosa e o canal endocervical em roxo. Na imagem superior foi feito um corte longitudinal do colo uterino, podendo observar a ectocérvice que se une ao epitélio colunar mucossecretor do canal endocervical. O local desta união se chama junção escamocolunar ( Epitélio escamoso escamoso estratificado não queratinizado da ectocérvice com o epitélio colunar mucossecretor do orifício externo) O colo padrão normalmente se traduz pelo encontro desses epitélios a nível do orifício externo mas sabemos que o epitélio varia de acordo com a fase da vida reprodutiva e consequentemente das alterações hormonais, portanto, ao longo da vida a JEC acaba se encontrando em diferentes áreas A imagem direita demonstra um fato que acontece em pacientes na fase de vida reprodutiva onde esse encontro pode ocorrer ao nível do orifício externo fazendo com que o epitélio endocervical sofra uma eversão sendo a área roxa o local onde o epitélio colunar se exteriorizou a partir da ectocérvice ( JEC original localizada na ectocérvice ) Quando esse epitélio colunar se expõe ao pH vaginal ele costuma sofrer uma metaplasia sendo substituído pelo escamoso metaplásico para que consiga se adaptar ao ambiente do pH vaginal o qual não era tão resistente. Forma-se, desse modo, uma nova JEC entre o epitélio escamoso estratificado metaplásico e o epitélio colunar do canal endocervical O epitélio metaplásico acaba formado é chamado de zona de transformação ou de 3 mucosa A eversão é algo que se forma fisiologicamente pelo uso de anticoncepcionais, traumas de relações sexuais, truaumas vaginais e instrumentação cirurgica. Portanto a eversão quanto a formação de metaplasia escamosa são mecanismos fisiológicos por isso que ao encontrar células metaplásicas no exame de colo uterino é algo perfeitamente normal Apesar de lesões traumáticas e alterações hormonais serem as causadoras desse processo nem sempre vai acompanhar o ciclo menstrual à risca. O colo uterino de uma pct na infância não iremos ver esse cólon padrão. Geralmente essa junção dos epitélios escamosos e colunar que chamamos de junção escamocolunar, ela normalmente está dentro do canal endocervical. Essa junção é invertida. Isso também nas pacientes pós menopausa. Nas pacientes mais jovens com vida reprodutiva podemos encontrar o colo padrão, mas na maioria das vezes vamos encontrar o colo com as alterações decorrentes do ciclo hormonal. Um colo uterino que apresenta a mucosa ectocervical normal – epitélio escamoso estratificado não ceratinizado e o epitélio colunar que em algumas situações sofrem eversão Na microscopia da imagem à esquerda vemos que na maioria das vezes esses casos de metaplasia escamosa vão se relacionar a um processo inflamatório crônico. A área de eversão faz com que esse epitélio seja exposto a situações adversas levando a inflamação e a consequente metaplasia. Na imagem o epitélio escamoso estratificado está presente (metaplásico) que se continua com o epitélio colunar do canal. Observamos infiltrados basofílicos e o encontro de plasmócitos na lâmina própria é o que nos permite realizar o diagnóstico de processo inflamatório crônico Na microscopia da imagem a direita vemos um epitélio ectocervical normal com camadas basais, sendo que a últimas contém vacúolos de glicogênio nas áreas mais claras (marcação vermelha) em continuidade com o epitélio metaplásico ( marcação verde) e na seta azul observamos o epitélio escamoso inicialmente mais imaturo misturado com células colunares da superfície. Essas células escamosas acabam crescendo e se misturando com o epitélio glandular da superfície. . No caso da cervicite crônica com uma metaplasia escamosa sabemos que o epitélio metaplásico é um pouco mais espesso que o epitélio colunar podendo acabar gerando obstrução dos ductos das glândulas cervicais. Essa obstrução pode acabar causando a dilatação, acúmulo de secreção e a formação dos cistos de Naboth Os cistos de naboth nao vao apresentar NENHUMA importância clínica, apenas na sua apresentação no exame histopatológico, ou seja, são alterações BENIGNAS e com importância SOMENTE MORFOLÓGICA PÓLIPO ENDOCERVICAL Essa neoplasia é um tumor benigno é bastante frequente caracterizado por uma projeção polipóide principalmente da mucosa endocervical Nessa pólipo ao lado podemos observar um epitélio colunar com glândulas no córion formando a projeção polipóide para a superfície. Alguns processos inflamatórios acabam desencadeando a proliferação do epitélio colunar e também da lâmina própria e existe também um infiltrado inflamatório com edema, fazendo com que às vezes essa massa polipóide acabe se projetando para o canal endocervical Sua importância clínica é para o diagnóstico diferencial e às vezes histopatológico, essas lesões ao crescer podem sangrar e levar a uma dificuldade diagnóstica entre a lesão maligna e benigna, então a análise histopatológica se torna importante para essa diferenciação NIC - NEOPLASIA ESCAMOSA INTRA EPITELIAL São as mais frequentes das neoplasias de Colo Uterino sendo que a maioria está relacionada ao HPV de alto risco - 70% ( 16 18 31 33 39 45 51 52 53 56 58 59 ) e no caso dos carcinomas mais invasivos mais de 95% dos casos estão envolvidos, ou seja, na maioria dos CECs estão relacionados a infecção pelo HPV ⇒ O HPV é o principal fator de risco para o desenvolvimento das NIC e de câncer de células escamosa do colo uterino. Funcionam como um paralelo às neoplasias de vulva e vagina ⇒ Atualmente temos uma tendência a diminuição da mortalidade pelo câncer de colo uterino devido aos métodos de rastreio e diagnósticos das lesões pré neoplásicas (NIC)durante o preventivo. Sabemos que o câncer de colo uterino se desenvolve principalmente a partir das lesões neoplásicas intra-epiteliais escamosas cervicais que progridem até se tornarem um câncer invasivo após infiltrar a membrana basal ⇒ O exame preventivo de câncer de colo uterino é o exame de papanicolau. Nesse exame é possível deslocar as células e as células atípicas são identificadas. Observamos que essa transformação pode levar décadas, de 10 a 15 anos para uma neoplasia intra-epitelial se transformar em câncer. Então, uma vez diagnosticada e removida, esse câncer é tratável. Essas lesões são fáceis de ser diagnosticadas porque o colo uterino é de fácil acesso. ⇒ As NICs estão vinculadas ao HPV de alto risco que são o subtipos 16 e 18 (70%) 31,33,38,45,51,52,53,56,68,59 e outros em 70% dos casos de NIC e quase 95% de CA invasivos. Hoje é considerado como CA de colo uterino = Infecção pelo HPV ● FATORES DE RISCO Os fatores de risco incluem aqueles que facilitam a infecção pelo HPV, ou seja, múltiplos parceiros que já tiveram ou têm vida sexual mais ampla, início da vida sexualprecoce. Esses fatores de risco se relacionam com a infecção pelo HPV mas não somente essa infecção que vai levar ao desenvolvimento de CA de colo uterino existem também os fatores virais (oncogenicidade do HPV), Resposta imunológica pouco eficiente, a presença de co-carcinógenos como tabagismo e outras infecções sexualmente transmissíveis concomitantes Em resumo, veremos que o contato com o HPV acontece na maioria dos casos, logo no início da vida sexual, só que o sistema imunológica dentro de poucos meses, anos ele se incumbe de eliminar o vírus de forma eficiente, mas tem algumas situações o vírus + alterações da imunidade ou fatores oncogênicos como tabagismo, co infecção por outras DSTs podem causar uma persistência maior da infecção viral, com isso a doença pode persistir por algum tempo e evoluir para o carcinoma propriamente dito. ⇒ A maioria das infecções por HPV é transitória ( meses ou anos ) então muita das pacientes que no início da vida sexual tiveram o contato com o HPV podem, através do sistema imunológico, se curar desse processo infeccioso. A presença de infecção persistente pelo vírus acaba aumentando o risco de desenvolvimento das NIC de alto graus e das neoplasias malignas ● ETIOPATOGENIA O processo infeccioso tem início bem nas células imaturas basais do epitélio metaplásico do colo uterino ou de algumas áreas de ruptura da mucosa vaginal, da pele vulvar ou bem na região do períneo ou perineal. O HPV acaba infectando as células basais, se replicando nas células mais superficiais do epitélio, induzindo a síntese de DNA das células hospedeiras. A indução da síntese de DNA acaba ativando o ciclo mitótico das células e interferindo com a função de dois genes supressores tumorais, o P53 e o RB. Isso vai ocorrer porque o HPV, seja qual for o seu subtipo, expressa oncoproteínas E6 e E7 que acabam inativando esses genes - E6 → P53 - E7 → RB Com isso induzem a instabilidade genômica, apoptose inibida, e a proliferação celular. Na sua forma de proliferação o HPV costuma integrar ao DNA do hospedeiro nas neoplasias intra-epiteliais de alto grau. Porém, nas neoplasias de baixo graus ( NIC I ) o HPV se replica mas não se integra ao DNA do hospedeiro permanecendo como DNA livre epissomal RESUMINDO: A infecção ocorre no epitélio metaplásico que descrevemos anteriormente, pois é um epitélio mais delgado, mais imaturo causando uma lesão através de uma lesão inicial. O HPV vai infectar as células mais basais e ele vai se replicar nas células mais superficiais na forma de DNA livre nas NIC de baixo grau e nas NIC de alto grau ele vai se incorporar ao DNA do hospedeiro alterando o ciclo celular. Então, ele produz as oncoproteínas E6 e E7 que vão inativar dois genes supressores tumorais importantes que são o p53 e gene Rb, com isso eles levam a uma instabilidade genômica promovendo o crescimento neoplásico daquelas células e inibem a apoptose também alterando o ciclo celular e facilitando o desenvolvimento de uma neoplasia ● INCIDÊNCIA - Mulheres sexualmente ativas com 25 - 30 anos - Carcinoma cervical mulheres com faixa média 40 - 45 anos - O risco de progressão para CÁ é proporcional ao grau da NIC e ao tipo do HPV - NIC raramente evolui diretamente para CA - NIC I → NIC II → NIC III ( Carcinoma in situ ) → Carcinoma invasor ● MORFOLOGIA A apresentação das NICs na histologia se dá como nas neoplasias intra-epiteliais de vulva e vagina 1. NIC I → Atipias no terço inferior do epitélio 2. NIC II → Atipias na metade dos dois terços do epitélio 3. NIC III → Mais de dois terços de toda espessura ( Carcinoma in situ ) Sempre limitadas a espessura do epitélio não ultrapassando a membrana basal Para relembrar a anatomia do epitélio normal de revestimento do Colo. U: 1. Células mais superficiais com vacúolos de glicogênio e núcleos pictoticos 2. Células intermediarias 3. Células parabasais 4. Células da camada basal Epitélio com atipias citológicas mais acentuadas no nível inferior do epitélio e aumento do número de células com irregularidade de núcleos, figuras de mitose acima da camada basal. Células com binucleação ( amarelo ). Coilocitose - núcleos mais volumosos e hipercromáticos com halo claro pelo acúmulo de glicogênio nas células normais ( azul ). NIC I ou displasia leve Epitélio escamosos com atipias citológicas e arquiteturais ocorrendo a proliferação desordenada com atipias importantes ( núcleos de tamanho e formato irregular ) que ocupam metade ou mais da espessura - DISPLASIA MODERADA NIC II Vemos também as células com núcleos maiores e halos claros perinucleares (coilocitose) indicando os efeitos citopáticos virais. Figuras de mitose nas porções superiores do epitélio NIC III é caracterizado por uma displasia acentuada com perda de arquiteura histológico epitelial e células atípicas com núcleos hipercromáticos e citoplasma escasso sendo dispostas sem polaridade e com halos claros perinucleares nas células mais superficiais É fundamental se realizar a imuno-histoquímica e a hibridização in situ para definir com certeza a presença do HPV. As alterações citopáticas permitem apenas dizer que a infecção pelo HPV é compatível. A imunohistoquímica e a hibridização vão nos dizer com certeza a presença do vírus e sua cepa ● TRATAMENTO ⇒ Lesões de alto grau devem ser tratadas para que se previna a progressão para o HPV. O HPV interfere na função dos genes supressores P53,RB e LKBI então quando diagnósticas através do papanicolau essas lesões são biopsiadas com margens de segurança através da CONIZAÇÃO A conização é uma técnica cirúrgica em que um cone do colo uterino é removido é processado macroscópicamente é incluído para análise histológica. São feitos vários cortes sequenciais na peça coletada e é analisado tanto as margens circunferenciais ( cirúrgica ) coradas com Nanquim quanto as margens mais profundas ( craniais ) do colo uterino No momento que a lesão é totalmente removida evitamos a progressão para o CA invasivo. Esses pacientes serão acompanhados já que essas lesões podem recidivar e ser encontradas na vagina e vulva. Porém, a cura e o bloqueio da progressão dessas lesões são conseguidos através da remoção com a conização CÂNCER DE COLO UTERINO É um problema de saúde pública ocupando o terceiro lugar. Ainda temos um grande número de pcts numa faixa etária de incidência de colo uterino de 49 aos 50 anos que nunca fez um exame preventivo de câncer de colo uterino Os fatores de risco incluem: 1. Infecção pelo HPV ( 99% dos casos de carcinoma de colo uterino ) 2. Início precoce de atividade sexual 3. Número de parceiros sexuais 4. Características do parceiro sexual 5. Outras DST 6. Uso de ACO - mudança de postura em relação a uso de preservativos 7. Deficiência vitamínicas 8. Tabagismo - queda da imunidade 9. Imunidade - HIV, lúpus, diabetes, transplantados, quimio e radioterapia 10. Baixo nível sócio econômico 11. Multiparidade ● MACROSCOPIA No caso dessas neoplasias o tipo histológico principal vai ser o CEC. Como todo o carcinoma, ela possui uma forma de lesão ulcerada, infiltrativa e vegetante. ⇒ A lesão ulcerada acaba atingindo grande parte da ectocérvice possuindo áreas de depressão e mais avermelhadas pela hemorragia e ulceração ⇒ A lesão infiltrativa forma uma placa que ao palpar vemos percebemos que ela é mais endurecida do que a mucosa normal adjacente ⇒ A lesão vegetante cresce de forma exofítica e infiltrativa de maneira extensiva podendo até infiltrar o corpo em algumas situações ● MICROSCOPIA Epitélio normal da ectocérvice com atipias citológicas e infiltração da lâmina própria por ninhos celulares de células escamosas atípicas. Infiltrado linfocitário. Epitélio metaplásico com atipia. Células atípicas com queratinização formando pérolas córneas e infiltrado linfocitário adjacente e ninhos de células atípicas ● FATORES PROGNÓSTICOS - Estadiamento - Tipo histológico - Grau de diferenciação (tumores bem diferenciados apresentam prognóstico melhor) - Diâmetro do tumor - Volume do tumor - Comprometimento do tumor - Infiltração extensado colo - Invasão do corpo, vagina e paramétrios - Metástase linfonodal - Invasão linfovascular - Idade (alguns acham que pacientes mais jovens evoluem melhor). ADENO CARCINOMA CERVICAL É o segundo tipo mais frequente de câncer de colo uterino correspondendo entre 5 a 10% das neoplasias malignas de colo, possui relação com a infecção pelo HPV ( Subtipo 18 e raramente 16 outros ) mas tende a aparecer de forma mais tardia ( após 5 décadas ) ⇒ NÃO se relaciona com Tabagismo ⇒ Parece ter relação com o uso prolongado de ACO Macroscopicamente são lesões que tendem a permanecerem ocultas na endocérvice, cursando frequentemente com sangramento e detecção de células glandulares atípicas no exame de rotina ⇒ Estadiamento, comportamento e prognóstico similar aos do CEC cervical Microscopicamente têm a proliferação de glândulas, células da mucosa endocervical são basais com citoplasma rico em muco, e ´células perdem polaridade
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