Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Estudo Dirigido de Materiais Cerâmicos 1. O que é uma porcelana feldspática? A cerâmica feldspática é essencialmente uma mistura de feldspato de potássio ou feldspato de sódio e quartzo. Esses componentes são aquecidos em altas temperaturas, e a fusão incongruente do feldspato leva à formação de um vidro líquido e de cristais de leucita. A massa fundida é resfriada bruscamente para manutenção do estado vítreo, que é constituído basicamente por uma rede de sílica. Após o resfriamento, a massa é moída e obtêm-se um pó. A cerâmica feldspática contém duas fases: uma vítrea, responsável pela translucidez do material, e uma cristalina, que confere resistência. 2. O que difere uma porcelana feldspática de louças para as porcelanas odontológicas? A cerâmica feldspática é um vidro amorfo que se diferencia das demais cerâmicas odontológicas pela ausência de formação de cristais no momento da fusão do material. Ela apresenta o caulino em sua composição, conferindo uma característica modelável e de fácil manipulação. 3. Qual a resistência flexural dessas porcelanas? A resistência desses materiais à compressão é alta (350 - 450 MPa), porém sua resistência à tração é muito baixa (20 a 60 MPa), o que é típico de materiais friáveis. 4. Qual foi o componente que primeiramente foi formado na porcelana feldspática de forma natural, através de melhorias na forma de cocção da porcelana? Leucita. 5. O que essa adição proporcionou para as restaurações com porcelana? Esse cristal foi responsável por reforçar as cerâmicas modernas e assim foi possível obter restaurações metalocerâmicas bem sucedidas. Ao aquecer certo tipo de rocha feldspática e resfriá-la rapidamente, formava-se um vidro que quando reaquecido tinha um alto coeficiente de expansão térmica, por causa da formação de um novo cristal, conhecido como leucita. 6. Qual a vantagem obtida por adicionar leucita na matriz vítrea? Ao desenvolver esse cristal, descobriu-se a primeira partícula para reforçar as cerâmicas modernas e, mais importante, conseguiram, por meio da incorporação de cristais de leucita nas cerâmicas feldspáticas, uma nova cerâmica, que possui coeficiente de expansão térmica similar ao do metal. E assim as primeiras restaurações metalocerâmicas bem-sucedidas foram feitas. A leucita incorporada na matriz vítrea concede um coeficiente de expansão térmica semelhante ao metal tornando as restaurações metalocerâmicas bem sucedidas. 7. Quais marcas comerciais foram pioneiras em utilizar leucita como reforço? Qual a resistência dessas cerâmicas? Quais as suas principais falhas? Dicor (Corning Glass Works). Aumentaram a resistência da cerâmica em aproximadamente 120 Mpa. Eram muito frágeis e de desempenho inferior aos materiais disponíveis na época (Empress 1 - Ivoclar vivadent e Vita Mark I - Vita Zahnfabrik). Imagina-se que o baixo desempenho relativo da Dicor se dava pelo uso de técnicas não adesivas, além da dificuldade de requerer o processamento através do método de centrifugação. 8. Qual outro tipo de cristal foi incorporado dentro da matriz vítrea que aumentou consideravelmente a resistência das cerâmicas comercializadas pelo nome Empress II? Dissilicato de Lítio. 9. Qual técnica de confecção de coroas era indicado para uso desse sistema? Combinação de técnicas da cera perdida e injeção por calor e pressão. 10. Qual cerâmica era utilizada sobre o coping de dissilicato de lítio para fazer a técnica estratificada? A infraestrutura de dissilicato de lítio é coberta com porcelana de cobertura à base de fluorapatita (IPS Eris, Ivoclar Vivadent, Liechtenstein) que resulta em uma restauração semitranslúcida, com transmissão de luz otimizada. 11. Por que não indicava fazer a técnica monolítica? Porque a estética da restauração seria comprometida uma vez que a cerâmica com dissilicato de lítio é altamente opaca. 12. Como resolveram o problema? Qual sistema deu origem? Quais as diferenças entre eles? O problema foi solucionado com uma diferença no processo de queima, o que aperfeiçoou suas propriedades físicas e sua translucidez, permitindo seu uso também como cerâmica estética de cobertura. O sistema IPS E-Max Press (Ivoclar Vivadent, Liechtenstein). Esse sistema utiliza as tecnologias de injeção e CAD/CAM. 13. Após a quebra de patente, qual foi a evolução desse sistema? Após a quebra de patente da Ivoclar, outras marcas comerciais tentaram realizar melhorias na cerâmica de silicato de lítio reforçando-a com altas concentrações de alumina, magnésio ou zircônia infiltradas por vidro. 14. Qual a vantagem e desvantagem do sistema monolítico para o estratificado? Uma das grandes vantagens da estratificação por camadas é conseguir usar diferentes características de material cerâmico em cada região anatômica, podendo copiar as características de uma borda incisal translúcida e as diferentes matizes presentes na coroa dental. Isso não ocorre no sistema monolítico. Entretanto, o processo de queima de sinterização do sistema estratificado pode acarretar prejuízos na resistência final da restauração (pela incorporação de bolhas). Logo: as restaurações estratificadas têm bom resultado estético, porém podem apresentar lascamento da cerâmica de recobrimento. Essa limitação é superada pelo uso de um único material para as restaurações monolíticas, mas o resultado estético pode ser limitado. De um modo geral, a literatura demonstra um bom comportamento clínico para as restaurações cerâmicas multicamadas e monolíticas, quando a técnica de confecção e o sistema cerâmico são bem indicados. 15. Como resolveram o problema de translucidez no sistema E-max? O sistema IPS e.max utiliza as tecnologias de injeção e CAD/CAM. Dois tipos de pastilhas estão disponíveis para a tecnologia de injeção: IPS e.max Press, uma cerâmica reforçada por dissilicato de lítio e IPS e.max ZirPress, uma cerâmica vítrea reforçada por dissilicato de lítio para aplicação sobre copings de zircônia. Para a cobertura foi desenvolvida a cerâmica de estratificação IPS e.max Ceram, um novo tipo de cerâmica, que possui uma fase cristalina composta por cristais de nano e microfluorapatita. Essa pode ser aplicada sobre todos os componentes IPS e.max. 16. O que são cerâmicas policristalinas? Materiais com estrutura unicamente cristalina (sem fase amorfa). 17. Quais são as três formas de apresentação cristalina da Zircônia? O Óxido de Zircônio pode ser encontrado de três formas: (1) Cúbica, acima de 2300°C; (2) Tetragonal, de 1100°C a 2300°C; e (3) Monoclínica, da temperatura ambiente a 1100°C/ 18. Qual forma ela se encontra na temperatura ambiente? Monoclínica. 19. Por que nessa forma não pode ser usada como material restaurador? O óxido de zircônio na forma monoclínica é mais frágil, além de possuir uma elevada variação volumétrica causando alto estresse interno. 20. Qual processo tornou possível sua utilização em restaurações odontológicas? A adição de certos óxidos estabilizantes é imprescindível para manter as fases polimórficas de temperaturas elevadas, em temperatura ambiente. Dentre estes aditivos, a ítria (Y2 O3 ) se destaca como o estabilizante mais utilizado para a estabilização de fase tetragonal do ZrO2, o qual é conhecido como fase tenaz e dura, à temperatura ambiente, o que possibilita o uso deste material como cerâmica avançada. 21. Quais são as gerações de material cerâmico de Zircônia e o que foi alterado em cada uma delas? Temos as zircônias de primeira, segunda e terceira geração. As 3Y-TZPs formam as zircônias de primeira e segunda geração, constituída de dióxido de zircônio adicionado de ítrio, alumínio e háfnio, a 3Y-TZP é parcialmente estabilizada, isto é, os cristais que a formam são majoritariamente tetragonais, mas, frente a um estímulo, podem mudar para a fase monoclínica. Os grãos monoclínicos são mais volumosos e comprimem a ponta da trinca, que é impedida de se propagar dentro do material. O óxido de ítrio estabiliza o material na fase tetragonal, conferindo-lhe alta resistência. Já os materiais denominados “zircônias de terceirageração” têm cerca da metade da resistência das 3Y-TZPs. Dessa forma, as 4Y-TZP e 5-TZP (terceira geração) são menos resistentes do que a 3Y-TZP (primeira e segunda gerações). Com menor quantidade de fase tetragonal e aumento significativo de fase cúbica, mesmo que ainda sejam consideradas parcialmente estáveis (PSZ), a transformação fase nas zircônias translúcidas não parece conter a propagação da trinca como nas 3Y-TZPs. A degradação em baixa temperatura também não altera as propriedades dessas zircônias. As mudanças de composição da 3Y-TZP, por sua vez, foram motivadas pelo aumento da translucidez. O aspecto branco e opaco da zircônia de primeira geração foi substituído pela translucidez das zircônias novas, que continuam sendo menos translúcidas do que as vitrocerâmicas (ex. dissilicato de lítio). Assim, tanto a translucidez como a resistência dos materiais de terceira geração são intermediárias, entre os da 3Y-TZP e os das vitrocerâmicas. 22. Quais os ganhos e quais as perdas de cada fase? Na primeira geração tem propriedades mecânicas aprimoradas, alta resistência e tenacidade, e alta opacidade, sendo indicada para infraestrutura de restaurações recobertas por porcelana. Sua elevada resistência se dá não só à composição dos cristais justapostos, mas também ao mecanismo conhecido como tenacificação por transformação que permite agir sobre uma trinca e dificultando sua propagação pelo material. A segunda geração possui uma redução no número e tamanho dos óxidos de alumínio, o que permite maior passagem de luz, e maior translucidez, consequentemente. Porém, ainda não oferecia estética satisfatória para uso em dentes anteriores, possuindo translucidez inferior quando comparada a cerâmicas vítreas, como o dissilicato de lítio. A terceira geração possui maior quantidade de óxidos estabilizadores, aumentando a quantidade de grãos de fase cúbica na sua microestrutura. Esses cristais apresentam maior volume quando comparados aos tetragonais, permitindo que a dispersão de luz seja menos intensa nos limites dos grãos, e por conseguinte resultando em um aumento considerável da translucidez do material. Apesar disso, o aumento na porcentagem na fase cúbica na microestrutura do material promove menor tolerância da zircônia a danos sofridos, assim como diminui ou inviabiliza o mecanismo de “tenacificação por transformação”. Isso se deve sobretudo à incapacidade dos cristais na fase cúbica de sofrer transformações frente a tensões, ou seja, é inábil a sofrer o mecanismo de tenacificação por transformação. Sob essa perspectiva, há uma redução muito significativa no que tange seu desempenho mecânico, quando comparada às primeiras gerações. 23. Quais técnicas de confecção são possíveis usar em cada geração? Primeira geração: infraestrutura de restaurações recobertas por porcelana. Segunda geração: restaurações monolíticas em dentes posteriores. Terceira geração: restaurações monolíticas de até três elementos envolvendo região de molar. 24. Qual a relação entre resistência e translucidez? Os estudos in vitro mostram resultados de resistência e carga para falha igual ou superior as cerâmicas vítreas reforçadas por dissilicato/silicato de lítio (cerâmica vítrea de maior resistência entre as disponíveis no mercado). A resistência dos materiais é afetada com o aumento de ítria na estabilização dos cristais de zircônia, o que permite maior translucidez do material, que foi o fator positivo encontrado nessas mudanças nas novas gerações. 25. Qual cerâmica apresenta a maior translucidez e melhor estética? Por que precisou ser substituída? Feldspáticas, é uma cerâmica com características ópticas translúcidas e portanto com uma estética bastante desejável, porém são cerâmicas pouco resistentes (80 a 100 MPa). Na época foi revolucionário, porém hoje em dia não é mais muito utilizado porque não é tão resistente se comparada a outras cerâmicas vítreas. 26. Qual a cerâmica mais resistente e por que precisou de substituição? Zircônias. Essa substituição tem sido motivada pelo aumento de translucidez. O aspecto branco e opaco da zircônia de primeira geração foi substituído pela translucidez das zircônias novas, que continuam sendo menos translúcidas do que as vitrocerâmicas. 27. Em preparos adesivos, onde precisamos da ação do cimento tanto com a estrutura dentária como com o material restaurador, qual cerâmica pode ser indicada com mais segurança para manter a restauração em posição a longo prazo? Justifique. Cerâmica Feldspática, pois possuem partículas vítreas que sofrem ação do ácido fluorídrico, promovendo mais adesão por micro retenção. 28. O que são cerâmicas híbridas? São cerâmicas acrescidas de algum polímero. Atualmente, estão disponíveis materiais híbridos com carga dispersa, que possuem matriz resinosa reforçada com partículas de cerâmica (ou nanocerâmica) como: Lava Ultimate (2M ESPE), GC Cerasmart e Shofu Block HC; e a cerâmica infiltrada por polímero (PIC), como a Vita Enamic. 29. Qual é sua resistência flexural? As cerâmicas infiltradas por polímeros possuem menor capacidade de permitir o crescimento de trincas em sua estrutura, quando comparadas às vitrocerâmicas (dissilicato de lítio). A capacidade de usinabilidade, ao passarem por um processo de fresagem em sistema CAD-CAM, também é superior às cerâmicas feldspáticas. Após serem fresadas, as cerâmicas híbridas mostram bordas mais precisas e melhor adaptação marginal interna e externa. Quanto à distribuição de tensões na linha de cimentação das coroas, as coroas feitas em cerâmicas híbridas (PIC) são menos suscetíveis às fraturas. Isso sugere que esse material pode apresentar melhor comportamento mecânico para ser a primeira indicação para coroas posteriores. 30. Qual o comportamento com relação ao desgaste do antagonista e do material em si? Neste ponto, as cerâmicas híbridas promovem menor abrasão. A cerâmica infiltrada por polímero oferece uma taxa de desgaste que pode ser 3x menor do que uma cerâmica feldspática. Podem ser utilizadas de forma confiável mesmo quando o antagonista é um dente hígido. 31. Qual o comportamento diante das alterações de cor em comparação com as porcelanas com pinturas extrínsecas e aquelas com caracterização interna durante a estratificação? A resina nanocerâmica (Lava Ultimate) mostrou maior alteração que a PIC e GC após imersão em vinho tinto. Autores concluíram que apesar da PIC ter valores de descoloração superiores aos níveis de perceptibilidade, a resina nanocerâmica possui níveis ainda piores, estando acima do clinicamente aceitável.
Compartilhar