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UNIDADE 2 AVA - PSICOLOGIA EXPERIMENTAL

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PSICOLOGIA EXPERIMENTAL 
 
ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO 
 
Andréia Aparecida Padilha 
 
OLÁ! 
Você está na unidade de Análise Experimental do Comportamento. Conheça aqui os aspectos históricos e 
filosóficos que envolveram o processo de construção da psicologia cientifica, além dos grandes 
influenciadores da época e suas contribuições científicas para a psicologia. Abordaremos o método 
experimental, seus conceitos, os aspectos relacionados e sua execução. Entenderemos como a pesquisa 
animal influenciou e ainda influencia cientificamente as descobertas humanas. 
Falaremos sobre a utilização de animais nos experimentos, como esses estudos foram elaborados e seus 
intuitos. Destacaremos a criação dos ambientes controlados para pesquisa científica, além de falar sobre os 
conceitos éticos e históricos das pesquisas experimentais. Também abordaremos as respectivas ferramentas 
para pesquisa laboratorial em análise do comportamento. Aprenderemos, ainda, sobre as variáveis que 
envolvem o comportamento experimental e como identificá-las. 
Bons Estudos! 
 
1 Aspectos históricos da pesquisa com animais 
O século XIX e o século XX marcaram a psicologia como a ciência da mente humana. Derivada dos conceitos 
em fisiologia e das aproximações para o estudo, seu primeiro propulsor foi Wundt, fisiologista utilizando o 
método da introspecção. Ele media, através dos relatos das pessoas, as sensações e percepções, a fim de 
produzir sistematicamente métodos para a explicação dos conceitos filosóficos. 
Aplicado aos conceitos do pragmatismo, entendemos que a visão de mundo é consequência do que o ser 
experimenta. Nesse contexto, o que não é experienciado, não tem utilidade de explicação. Partindo 
exatamente desse pressuposto, se baseiam os estudos de John Watson (1913). Ele não nega a existência de 
comportamentos privados, mas ignora a necessidade de compreendê-los. Sabemos que o surgimento do 
Behaviorismo nasceu das críticas ao modelo metalista dos aspectos psicológicos e da necessidade de tornar 
a psicologia uma ciência que, assim como as outras, se comprovasse cientifica e metodologicamente. 
John Watson (2008) explica que: 
"A psicologia humana falhou em cumprir sua reinvindicação como uma ciência natural. Devido a uma noção 
errônea de que seus campos são de fato os fenômenos conscientes e que a introspecção é o único método 
direto de averiguar esses fatos, ela emaranhou-se em uma série de questões especulativas aos quais, 
enquanto fundamentais para seus princípios atuais, não são abertas para o tratamento experimental. Na 
busca pelas respostas a essas questões, ela se tornou mais e mais afastada do contato com os problemas os 
quais dizem respeito vitalmente ao interesse humano. " 
A partir desse momento, surgem as primeiras propostas de se trabalhar com comportamentos públicos e as 
críticas aos modelos de estudo em psicologia que trabalham com conceitos mentalistas. Termos como: 
consciência, mente, inconsciente são ditos como insuficientes para a explicação do comportamento humano, 
uma vez que não são localizados no tempo e no espaço. 
A teoria Darwiniana influenciou diversas áreas cientificas, e não foi diferente com a Psicologia, em especial 
com o Behaviorismo. Através da teoria da evolução de Darwin, concluímos que a sobrevivência na Terra 
depende da adaptação dos seres nela, o que explica, por exemplo, os animais que entram em extinção e a 
ideia de que o ser humano é uma evolução de milhões de anos no mundo animal. A conclusão de que 
diferentes espécies se apropriam dos mesmos comportamentos foi o principal motivo para que se executasse 
a experiência com animais em todas as áreas de pesquisas relacionadas aos vivos, como é o caso da medicina, 
da farmacologia, psicologia e biologia. 
No caso específico das ciências voltadas para o estudo da humanidade, o objetivo não era a investigação dos 
animais em si, mas a apropriação que estes estudos poderiam obter para a investigação humana, uma vez 
que os estudos com seres humanos vivos não eram permitidos e que o foco inicial das pesquisas se tratava 
basicamente dos comportamentos observáveis. 
Uma obra que aborda de forma mais clara a compreensão desta etapa é o trabalho de B. F. Skinner, intitulado 
“The Behavior of Organisms” (“O Comportamento dos Organismos”), publicado em 1938, perpassando pela 
teoria evolucionista de Darwin, os estudos do behaviorismo radical elaborados por John Watson, os 
experimentos de Pavlov com o condicionamento clássico, entre outros. 
Skinner não desvaloriza o Behaviorismo Radical (BR) e suas conquistas, pelo contrário, ele considera o BR 
como a filosofia para a criação do behaviorismo metodológico. Para Abib (2001), o behaviorismo radical não 
é apenas uma filosofia da análise do comportamento, mas uma filosofia da ciência. É a partir dessa nova 
proposta que adquirimos as ferramentas que hoje são utilizadas dentro da Análise do Comportamento. 
Como explica o autor, Skinner considerava tanto os eventos públicos quanto os eventos privados e a ideia de 
que não se deve separar os dois, ambos são comportamentos e devem ser estudados da mesma forma. 
Segundo o Dicionário de Bioética (1998), elaborado pelo Instituto de Piaget em 1993, a experimentação 
animal consiste na utilização de animais vivos de laboratórios em análise para investigação com fins 
estudiosos. 
Ainda, segundo Innis (1992), as pesquisas da Associação Americana de Psicologia (APA), mostram que cerca 
de 7% dos estudos em psicologia eram realizados com animais, na sua maioria roedores. Com o passar dos 
anos, o número de pesquisas animais foi diminuindo, a medida em que foram criando sistemas operacionais 
computadorizados que apresentam as mesma funções e características dos animais. Um exemplo de 
programa de computador é o Sniffy, que simula todos os comportamentos de um rato para a reprodução de 
estudos de comportamento e condicionamento operante. 
Ainda assim, em situações que não se tem um programa específico para pesquisa, os animais são as fontes 
utilizadas para pesquisa em psicologia (INNIS, 1992). 
 
1.1 Aspectos éticos do estudo experimental 
Grandes descobertas foram feitas através das pesquisas com animais, entre elas, o condicionamento clássico 
de Pavlov. Através dos estudos pavlovianos é que hoje temos a construção de que diferentes estímulos, 
quando condicionados, podem provocar os mesmos comportamentos respondentes. Todo o início da 
construção filosófica behaviorista advém do evolucionismo, do determinismo e das pesquisas animais, 
porém assim como nas outras ciências, houve um momento em que apenas isso não era o suficiente para a 
elaboração científica. 
O estudo com animais foi diminuindo a medida em que se ampliavam as elaborações e as construções 
científicas (elas não deixavam de acontecer, porém com uma frequência muito menor). Com o passar dos 
anos, outras ferramentas foram sendo criadas para uma investigação ainda mais precisa e detalhada. 
Um dos casos mais conhecidos de experimento animal no Behaviorismo é o experimento em que um 
estímulo neutro sistematicamente é condicionado ao estímulo significativo, fazendo com que ambos 
produzam o mesmo comportamento. Partindo do pressuposto de que os estímulos condicionais são 
adquiridos, Pavlov utilizou um cachorro para seu experimento e pareou o estímulo não condicional (que no 
caso era a comida) a uma resposta não condicional (a salivação do animal), adicionou ao estudo um estímulo 
neutro (recurso sonoro) e, na conclusão de seu teste, um estímulo que até então era neutro, passa também 
a ser condicionado quando pareado a um estímulo que já era condicionado anteriormente, como pode ser 
visto na figura “Cachorro de Pavlov”. 
 
 
Figura 1 - Cachorro de PavlovFonte: Arquivo pessoal, 2020. 
 
#PraCegoVer: Na imagem temos o exemplo de como foi feito o experimento de condicionamento operante, 
elaborado por Pavlov. 
Posterior a esse estudo, e bastante polêmico,foi a pesquisa elaborada por John Watson, em que a mesma 
proposta de condicionamento é realizada, porém com um comportamento mais complexo: o medo. Watson, 
na primeira experimentação em humanos, utilizou o pequeno Albert, um bebê escolhido em um orfanato 
para ser manipulado. No momento inicial do experimento foram apresentados vários estímulos ao bebê para 
identificar quais eram despertadores de medo. Notou-se, num primeiro momento, que sons fortes e 
desagradáveis incomodavam Albert. Posteriormente, apresentaram um pequeno rato branco à criança e, a 
partir do momento em que o ele quis brincar com o animal, introduziu-se um som muito forte no ambiente 
em que Albert estava e isso o incomodava. O experimento teve duração de um ano e, ao final, o pequeno 
Albert além de adquirir medo de ratos, passou a temer qualquer objeto que tivesse as mesmas características 
da ratazana, situações que remetessem a época do experimento, além de adquirir ansiedade. Apesar das 
diversas críticas feitas a Watson, principalmente vinculadas às questões éticas, o experimento do pequeno 
Albert é um dos mais conhecidos na psicologia. 
 
Brechas 
Devido a diversas brechas aos quais o behaviorismo radical não propunha explicação, surge a nova proposta 
intitulada behaviorismo metodológico, por B. F. Skinner, também conhecida como Análise do 
Comportamento. 
 
Técnica de análise 
Dentro dessa nova proposta de ciência temos a técnica de análise experimental do comportamento, cujo 
método consiste na utilização do animal em ambiente controlado para se obter informações que possam ser 
utilizadas posterirormente para aplicabilidade de pesquisas em seres humanos. Para a realização do método 
é necessário que o animal escolhido para a pesquisa possua as mesmas características humanas que serão 
foco da análise. 
 
Estudos com animais 
Os estudos com animais são de extrema importância para a elaboração de conhecimento sobre aspectos 
físicos e emocionais de diversas espécies. É o método pelo qual se elabora cientificamente intervenções 
sobre inúmeras problemáticas. 
 
Assim como nos estudos fármacos, em que os testes são feitos primeiramente em animais devido à 
possibilidade de efeitos colaterais, o mesmo ocorre na psicologia. Não seria adequado criar um ambiente 
deprimido, estressante para submeter uma pessoa a testagem. Alguns estudos, inclusive, levam anos para 
serem executados e seria inviável manter uma pessoa privada em um laboratório por um tempo extenso 
privada. Também não seria correto submetê-la a privação de água, comida, ou mesmo a expor a choques. 
Eis o motivo da testagem em animais. Apesar de outros animais também possuírem características bem 
próximas aos seres humanos, a utilização abrangente de ratos em laboratório se dá devido ao baixo custo 
benefício, a tranquilidade de manuseio e manipulação e ao fácil armazenamento, como mostra a figura “Rato 
em laboratório”. 
 
 
Figura 2 - Rato em laboratórioFonte: Yurchyks, Shutterstock, 2020. 
 
#PraCegoVer: Na imagem temos um rato sendo submetido a uma agulha, mostrando utilização de ratos em 
laboratório para análise. 
1.2 Modelos animais e o estudo do comportamento 
A Análise Experimental do Comportamento (AEC) foi o método utilizado pelo Behaviorismo para evidenciar 
de forma cientifica e sistemática as pesquisas em psicologia. Para compreendermos melhor o que significa a 
análise experimental do comportamento, é interessante que fracionemos também sua explicação. Analisar, 
para a ciência, significa estudar separadamente, de forma fracionada e reducionista; já o experimento diz da 
produção de conhecimento de forma planejada e manipulada laboratorialmente. O termo comportamento 
é o objeto final de estudo na AEC, ou seja, estamos falando da seleção e redução máxima de determinado 
comportamento e reproduzi-lo em laboratório para ser analisado cientificamente com o objetivo de se 
compreender demais comportamentos relacionados, possibilidades de intervenção e soluções quando 
aplicadas na realidade humana. Neste método de experimento podemos analisar tanto aspectos físicos como 
emocionais, psicopatológicos e cognitivos com mais eficiência devido à profundidade de possibilidade de 
manipulação. 
Para a experimentação, modelo é a representação simples de um fenômeno mais complexo. Nas pesquisas 
em patologias, as condições criadas em laboratório precisam ser idênticas as de foco de investigação. Temos 
quatro métodos de investigação animal. 
Modelo induzido 
A patologia a ser avaliada precisa ser introduzida no animal a ser investigado. Um exemplo de modelo 
induzido é a pesquisa de pressão alta realizada com animais. Elevamos a pressão do animal através de 
medicamentos e analisamos como ele resiste a hipertensão. O foco da pesquisa consiste em estudar os 
mecanismos de defesa do organismo animal, analisando esse aspecto se obtém ferramentas para intervir de 
forma parecida em humanos. 
 
Modelo espontâneo 
O foco da pesquisa surge de forma natural tanto no animal como em seres humanos e o objetivo do 
experimento é analisar as semelhanças do desenvolvimento da doença em ambos os organismos para 
elaborar métodos de intervenção. Um exemplo de modelo espontâneo é o estudo do câncer. Pegamos um 
animal que já possui a doença naturalmente e a análise em laboratório consiste na observação do 
desenvolvimento desse animal e a relação com a doença (note que neste caso, a doença não foi instalada 
em laboratório, ela já faz parte do organismo do animal). 
 
Modelo negativo 
O objetivo a ser pesquisado não se desenvolve em animais. O foco de pesquisa nesse caso é a observação da 
resistência animal à doença para estabelecer meios parecidos em humanos. Um exemplo de método 
negativo é o corrimento vaginal. Trata-se de uma doença de não é de origem animal. Neste caso investigamos 
quais as diferenças no sistema reprodutor animal que fazem com que a doença não seja predominante 
naquele organismo e, sucessivamente, a comparação com a espécie que desenvolve a doença. 
 
Modelo órfão 
são os casos em que determinadas patologias são de exclusiva origem animal e não encontradas em 
humanos. Um exemplo de doença que foi estudada pelo método órfão é o vírus HIV. Estudos comprovam 
que esse vírus já existia em algumas espécies de macacos, mas não era predominante em seres humanos. 
Neste caso, o foco em pesquisa é analisar como o organismo animal respondeu e se desenvolveu diante da 
doença, obtendo, desta forma, ferramentas para a elaboração de intervenção em humanos, como pode ser 
visto na figura “Estudo em laboratório”. 
 
Figura 3 - Estudo em laboratórioFonte: Alexander Raths, Shutterstock, 2020. 
 
#PraCegoVer: A imagem mostra como a análise em laboratório requer atenção, todos os comportamentos 
devem ser observados em um experimento. 
As ferramentas mais utilizadas para estudos comportamentais são: 
- A caixa de Skinner, que consiste na caixa onde o ratinho é colocado para treinamento. O rato é privado de 
água e alimentação e cria-se laboratorialmente o comportamento de pressionar a barra para adquirir 
alimento. O treino se inicia de forma simples e vai ganhando complexidade ao longo do desempenho do 
próprio animal; 
- O campo aberto ou Open Field, que foi elaborado por Hall (1934), é uma ferramenta utilizada para testar 
os comportamentos relacionados à ansiedade nos animais. Neste teste observamos de maneira experimental 
as respostas de esquiva (ativa e passiva), respostas condicionadas de congelamento. Ele é realizado em arena 
circular cercada e delineada para calcular os movimentos do animal; 
- O labirinto em cruz elevado, que foi validado por Handley e Mithani em 1984, é um teste executado sem 
nenhuma espécie de punição. Sua execução se destina à identificação das ansiedades desenvolvidas, de uma 
forma geral, eliciadas pela ausência de estímulo; 
- O labirinto em T elevado, que foi validado por Viana e Tomaz Graeff em 1994, tambémé um teste animal 
de ansiedade, porém mais específico. Ele trabalha exclusivamente com a esquiva inibitória e a fuga, 
dedicando o foco de estudo ao transtorno de ansiedade generalizada e o transtorno do pânico. 
 
Fique de olho 
O programa Sniffy, é um exemplo de programa virtual em substituição de animais para experimento. Através 
dele você pode modelar o condicionamento operante em um ratinho virtual e ver na prática os conceitos 
aprendidos nesta unidade. 
 
A figura “Rato box Skinner” mostra a caixa de Skinner, com o rato passando pelo experimento. 
 
 
 
Figura 4 - Rato Box SkinnerFonte: Arquivo pessoal, 2020. 
 
 
#PraCegoVer: A imagem mostra a caixa de Skinner, que é utilizada em laboratório para o treino de 
comportamento operante. 
 
2 O controle do comportamento e suas variáveis 
A análise do comportamento é embasada na filosofia behaviorista metodológica adotada por Skinner, e parte 
do pressuposto de que compreender o comportamento humano é a forma de modificá-lo. A análise do 
comportamento busca entender a relação entre o organismo e o ambiente, o qual denominamos de 
condicionamento operante (MOREIRA; MEDEIROS, 2007; SCHULTZ; SCHULTZ, 2009). 
O método de análise experimental do comportamento trata da observação de forma reduzida do 
comportamento com a finalidade de relacionar a maior quantidade possível de possibilidades e 
comportamentos, partindo do reducionismo para a experimentação inicial e, posteriormente, a expansão do 
comportamento. O reducionismo utilizado na análise do comportamento é o probabilístico (Skinner, 
1953/1965; Bacharach, 1965/1975). 
A psicologia estuda a interação entre o organismo e o ambiente, o qual chamaremos de reflexo. O organismo 
corresponde a qualquer ser vivo, e ambiente é tudo que cerca o organismo. O ambiente sempre irá variar 
em função do foco da análise. As interações são as alterações que o ambiente produz no organismo, e vice-
versa. 
 
2.1 Reflexo Inato 
Os reflexos inatos são comportamentos nos quais o organismo já nasce dotado. Trata-se de uma preparação 
mínima para o organismo se relacionar com o ambiente. São exemplos de reflexo inato: a contração da pupila 
quando uma luz é direcionada; taquicardia quando algo inesperado assusta uma pessoa; a transpiração 
quando o corpo está em um local com a temperatura elevada; o comportamento do bebê de sugar o peito 
da mãe para se alimentar, dentre outros. Note que estes comportamentos não nos foram ensinados. Nós já 
nascemos com uma disposição para executá-los. Perceba ainda que, em todos os comportamentos, mesmo 
nos inatos, existe um evento anterior que o elicia. Essa regra se aplica tanto para eventos públicos como para 
os privados. 
 
2.2 Reflexo, estímulo e resposta 
Em psicologia dizemos que reflexo é o resultado da relação entre um organismo e o ambiente. Vale lembrar 
que ambiente em psicologia experimental é tudo que se relaciona com o organismo, logo, o ambiente varia 
de acordo com o foco da investigação. Em determinada relação a ser analisada, um outro organismo pode 
assumir o papel de ambiente, por não ser o foco da investigação. 
O comportamento é um objeto de estudo muito complexo, por isso a necessidade da sua redução analítica 
para a compreensão. Para controlarmos um comportamento, torna-se necessário conhecer e reconhecer a 
maior quantidade possível de variáveis inseridas no ambiente. Quanto mais controlado o ambiente, mais 
observável será o comportamento. 
Para descriminarmos um reflexo é necessário que antes saibamos o que é estímulo e resposta. O estímulo é 
o ambiente ou uma mudança no ambiente, enquanto reposta é como o organismo se comporta a esse 
ambiente ou a mudança dele. Reflexo é a relação entre estímulo e resposta. Em termos gerais, reflexo é a 
relação entre estimulo resposta no qual o estímulo elicia a resposta. (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). 
Quando dizemos de reflexo estamos falando de uma mudança no ambiente que acarretou em uma mudança 
também no organismo. 
Na análise do comportamento usaremos a letra (S) para nomear estímulo e a letra (R) para resposta. A relação 
entre estímulo e resposta é representada pela seta (→). O princípio de qualquer comportamento é o reflexo. 
 
2.3 Intensidade do estímulo e magnitude de resposta 
Os conceitos de intensidade de estímulo e magnitude de resposta também se fazem necessários para 
compreender o comportamento. Ambas se referem à quantidade de estímulo e força de resposta. Um 
exemplo para a compreensão da intensidade de estímulo e magnitude de resposta é a relação em que quanto 
mais calor o ambiente, mais a pessoa transpira (a quantidade de transpiração depende proporcionalmente 
da quantidade de calor). A medição dessa intensidade é necessária para a dedução de um aumento ou 
diminuição do estímulo e o cálculo da relação intensidade-magnitude. São alguns dos métodos de medição 
de estímulo e resposta: som/decibéis, saliva, suor/mililitros, contração pupilar/diâmetro, choque/volts, 
calor/graus Celsius, taquicardia/quantidade de batimentos, alimento/quantidade em gramas. 
O comportamento é composto por leis, também chamadas de propriedades, trata-se das conservações, são 
lógicas estabelecidas dentro dos padrões relacionais do comportamento. São elas: 
 
Lei da intensidade-magnitude 
A intensidade do estimulo é diretamente proporcional a quantidade de resposta. Quanto maior o calor, maior 
a presença de sudorese. Note que quando um estimulo aumenta o mesmo acontece com a resposta. 
 
Lei do limiar 
Há uma intensidade mínima para o estimulo ser eliciado. Para que a sudorese aconteça, é necessário de um 
mínimo de calor no ambiente, caso contrário o organismo não responde. 
 
Lei da latência 
Tempo de espera entre a apresentação do estimulo e a eliciação da resposta. Quanto maior a intensidade do 
estimulo, menor o tempo de latência na resposta. Entre a presença de calor, existe um tempo até que se 
comece a sudorese. Esse espaço de tempo entre os dois é a latência. 
Uma outra característica dos reflexos são as eliciações sucessivas da resposta. À medida que um mesmo 
estímulo é apresentado diversas vezes na mesma intensidade o organismo pode reagir de forma diferente. 
É o caso quando a mesma intensidade de calor persiste e em determinado momento o organismo diminui 
ou aumenta a transpiração. Essa variação de intensidade no repertório de comportamento do organismo é 
a eliciação sucessiva. 
 
2.4 Variáveis e função 
Nosso foco será o comportamento operante (S: R →C). Variáveis são as propriedades dos eventos 
investigados. Antes de analisarmos as variáveis, devemos estabelecer os eventos que serão investigados. 
Estes podem ser: eventos ambientais ou eventos comportamentais. Os eventos ambientais são as mudanças 
que ocorrem no ambiente no período de observação, enquanto os eventos comportamentais são as ações 
do organismo que está sendo investigado. 
A variáveis podem ser: dependentes, independentes ou estranhas. 
Variáveis dependentes (VD): são quando elas sofrem os efeitos de outras variáveis. 
Variáveis independentes (VI): são as que afetam as variáveis dependentes. 
Variáveis estranhas: afetam a variável dependente, porém não é o foco da investigação. 
 Exemplo prático: 
Queremos investigar a eficácia da cafeína na estimulação do crescimento capilar experimentalmente. Para 
essa investigação, duas pessoas com mesmo tamanho de cabelo são submetidas ao experimento. Ambas 
usarão a mesma marca de shampoo, porém um dos recipientes estará com a cafeína acrescida em sua 
composição. Submeteremos as duas pessoas a três lavagens semanais dos cabelos na mesma temperatura 
de água, efetuando os mesmos movimentos e com o mesmo tempo de lavagem. 
Neste exemplo temos as seguintes variáveis: 
Variável dependente: crescimento do cabelo 
Variável independente: café 
Variáveis estranhas: quantidade de lavagens do cabelo, temperatura da água, qualidade do shampoo. 
 
Dentro de um experimento, as variáveisprecisam ser identificadas para se controlar o ambiente e obter 
informações da análise. 
 
2.5 Reflexos e emoções 
Para a análise do comportamento, as emoções também são comportamentos. Na psicologia experimental, 
as emoções são denominadas por comportamentos privados. Os eventos ou comportamentos privados nada 
mais são que respostas aos estímulos que não são localizados no tempo e no espaço. São exemplos de 
comportamentos privados: o medo, a alegria, raiva, tristeza, felicidade. 
Skinner (1984) propõe o estudo dos eventos privados partindo do mesmo pressuposto dos eventos públicos, 
afirmando que a avaliação de todo o comportamento parte da mesma relação de estímulo e resposta. 
Façamos a seguinte lógica: anterior a qualquer emoção existe um evento antecedente, ou seja, algo ocorreu 
no ambiente para que o organismo reagisse e manifestasse o que nomeamos por emoções. Em outras 
palavras, quando alguém está com raiva, há um evento anterior, cuja relação com o organismo despertou a 
emoção de raiva. Os eventos públicos também são resultado das interações, logo, devem ser pesquisados da 
mesma forma. 
É válido ressaltar que, assim como alguns reflexos são inatos, algumas emoções também nos acompanham 
desde o início de nosso repertório. As emoções não nascem do nada. Na maioria das vezes, as emoções são 
respostas fisiológicas do organismo. Essas alterações fisiológicas também são inatas. As sensações 
relacionadas ao medo, por exemplo, a taquicardia, sudorese são respostas fisiológicas ao qual caracterizamos 
por medo e que estão presentes desde o nascimento. Consequentemente aos aspectos da teoria darwiniana, 
o medo foi uma emoção adquirida em meio a evolução como uma ferramenta para a sobrevivência. O medo 
protege o organismo da ameaça. Ou seja, o medo é um reflexo inato eliciado através da interação do 
organismo com o ambiente. Quando dizemos que é difícil controlar a emoção, se deve ao fato de esta ser 
uma resposta reflexa. 
Comportamento reflexo: uma das habilidades dos organismos é a de aprender novos reflexos. Os organismos 
aprendem novas relações e novas respostas emocionais. Essas relações posteriores chamamos de 
comportamento reflexo. 
Generalização respondente: quando um estímulo se assemelha fisicamente ao estímulo condicionado, este 
pode passar a eliciar a mesma resposta condicionada. 
Extinção respondente: quando um estímulo condicionado deixa de ser emparelhado ao estímulo 
incondicionado, a resposta condicionada tende a entrar em extinção. 
Recuperação espontânea: se houver um novo emparelhamento, o reflexo pode voltar a ser eliciado. 
Contracondicionamento: quando se condiciona a resposta contrária a que foi eliciada pelo estímulo 
condicionado. 
Dessensibilização Sistemática: tentativa de suavizar o processo de extinção do reflexo. 
 
Carga emocional das palavras: as palavras também são estímulos, por isso, podem ser emparelhadas com 
estímulos condicionados e passar a eliciar respostas emocionais. 
Para uma maior compreensão do behaviorismo metodológico, uma sugestão de leitura é o livro “Sobre o 
behaviorismo”, de Burrhus Frederic Skinner. Traduzido por Maria Penha Vilalobos, o livro traz, de uma 
maneira bem elaborada e de fácil compreensão, os pensamentos do pai do Behaviorismo e suas concepções. 
Dentro da psicologia, em especial na análise do comportamento, existem muitos conceitos, e que na maioria 
das vezes os significados adquiridos no senso comum são diferentes dos conceitos científicos. É desafiador 
perceber que as explicações que inicialmente eram mentalistas passam a ter um significado e começam a ser 
não apenas compreendidas, mas também experimentadas e comprovadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
ABIB, J. A. D. Teoria Moral de Skinner e Desenvolvimento Humano. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2001, v. 14, 
n. 1, pp. 107-117. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/prc/v14n1/5211.pdf. Acesso: 29 mai. 2020. 
 
ABREU, G. Terapia comportamental e cognitiva comportamental: práticas clínicas. 1. ed. São Paulo: Roca, 
2004. 
FERREIRA, L. M.; HOCHMAN, B.; BARBOSA, M. V. J. Modelos experimentais em pesquisa. Acta Cirúrgica 
Brasileira, 2005, v. 20, Suppl. 2, pp. 28-34. Disponível em: 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-
86502005000800008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 14 mai. 2020. 
GALVÃO, O. F.; BARROS, R. S. Curso de introdução à Análise Experimental do Comportamento. Universidade 
federal do Pará. Centro de filosofia e ciências humanas. Departamento de psicologia experimental, 2001. 
Disponível em: 
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1875533/mod_resource/content/1/Curso%20de%20Introduc%CC
%A7a%CC%83o%20a%CC%80%20Ana%CC%81lise%20Experimental%20do%20Comportamento%20-
%20Galva%CC%83o%20e%20Barros.pdf. Acesso em: 28 mai. 2020. 
HOTTOIS, G.; PARIZEAU, M. H. Dicionário da Bioética. Lisboa: Instituto Piaget, 1998. 
INNIS, N.K. Animal Psychology in America as Revealed in APA Presidential Addresses. Journal of Experimental 
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