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Prévia do material em texto

Unidade I 
Inclusão e Libras
Libras
© by Editora Telesapiens
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro 
tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem 
prévia autorização, por escrito, da Editora Telesapiens.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Libras
Elton Castro Rodrigues dos Santos
O AUTOR
Elton Castro Rodrigues dos Santos
Olá a todos! Meu nome é Elton Castro Rodrigues dos Santos, mas 
podem me chamar apenas de Elton Castro. Sou Bacharel em Administração 
(ICE) e Licenciado em Pedagogia (UFMT), Especialista em Educação 
Inclusiva – Libras (IFMT), Mestrado (UFMT) e Doutorado (Unesp) em 
Educação. Atualmente, estou no último semestre da Licenciatura em Letras 
Libras na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Tenho experiência 
docente em há mais de 17 anos na Educação e pude ministrar aulas na 
Educação Básica, Educação Profissionalizante, Educação Superior e Pós-
Graduação. Atuei em diferentes instituições, como Secretaria Municipal 
de Educação (MT); Senai; UFMT; IFMT; Unemat; UAB; ICEC; Faspec. Sou 
apaixonado por estudar e busco sempre compartilhar o conhecimento 
da minha experiência de vida com aqueles que estão iniciando em suas 
profissões. Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu 
elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você 
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
INTRODUÇÃO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Educação Inclusiva ....................................................................................10
Igualdade nas diferenças .......................................................................................................... 13
Inclusão da pessoa surda no sistema educacional brasileiro ........................ 15
História da Educação de Surdos no Brasil e no Mundo ..............19
Pedro Ponce de Leon e a educação dos surdos..................................................... 21
Educação do surdo no Brasil ..................................................................................................23
Aspectos legais da Libras enquanto Língua .................................. 26
Inclusão de Pessoas Surdas na Escola Regular ........................... 30
Formação de professores para educação de surdos ..........................................35
Salas de recursos multifuncionais nas escolas ........................................................37
Cultura surda no Brasil ............................................................................................................... 40
7
UNIDADE
01
Libras
8
INTRODUÇÃO
Você sabia que somente em 2002 a Língua Brasileira de Sinais 
(Libras) foi oficializada legalmente no Brasil como meio de comunicação 
e expressão da pessoa como deficiência auditiva e/ou surda? Por isso, 
a discussão sobre inclusão dessa modalidade linguística no currículo 
das escolas públicas tem ganhado força e avança cada vez mais rumo 
à garantia de direitos para esse grupo na sociedade. Dessa forma, é 
necessário dialogarmos sobre os acontecimentos que antecederam o 
surgimento dessa Lei. Nesta unidade você poderá trilhar caminhos que 
perpassam o conceito de inclusão, identificar os meandros da história da 
educação dos surdos no Brasil, conhecer as legislações pertinentes da 
Libras e refletir sobre a inserção da pessoa surda na escola regular. Ao 
longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
Libras
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso propósito é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
1. Compreender o processo de inclusão do surdo no sistema educa-
cional e a luta por garantia de direitos sociais.
2. Identificar os meandros da história da educação de surdos no 
Brasil e a quebra de preconceitos sociais e educacionais no país;
3. Aplicar as legislações norteadoras das ações no entorno da Libras;
4. Refletir sobre a inserção da pessoa surda na escola regular e o 
contexto em que ela ocorre na atualidade.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho! 
Libras
10
Educação Inclusiva 
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender 
o processo de inclusão da pessoa surda no sistema 
educacional e a luta por garantia de direitos sociais. Isso será 
fundamental para entender que esse processo traduz uma 
história marcada por prevalência da exclusão e negação 
da oportunidade de acesso à educação. Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
Você conhece a Declaração dos Direitos Humanos de 1948? Esse 
documento norteia as discussões sobre inclusão ao determinar, em 
seu artigo 1º, que: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em 
dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir 
uns para com os outros em espírito de fraternidade” (UNESCO, 2019, p. 1). 
Diante disso, todas as pessoas, com deficiência ou não, têm os mesmos 
direitos e, assim, todo e qualquer tipo de preconceito não deve ser 
tolerado.
Antes de iniciarmos nossas considerações sobre a inclusão de 
pessoa com deficiência na sociedade, trataremos de um termo muito 
importante: exclusão.
Antunes (2014) esclarece que em 1990 aconteceu, na Tailândia, a 
Conferência Mundial de Educação para Todos, que fortaleceu o debate 
sobre a inclusão de pessoas com deficiência no cenário educacional. Após 
esse evento ocorreu outro: a Conferência Mundial sobre Necessidades 
Educacionais e Especiais: Acesso Acessibilidade, ocorrida em Salamanca, 
em 1994, que mudou os rumos dessa discussão e estabeleceu para 
diferentes países, como o Brasil, um norte para ações relacionadas à 
pessoa com deficiência.
Esse segundo evento deu origem à Declaração de Salamanca, 
a qual “[...] estabeleceu que os Estados assegurem que a educação de 
Libras
11
pessoas com deficiências seja parte integrante do sistema educacional” 
(DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p. 1).
Figura 1: Somar inteligências para lutar por igualdade de direitos
Fonte: Freepik
A luta por igualdade de direitos, em sua totalidade, muitas vezes 
parece um quebra-cabeça, pois perpassa inúmeras instâncias e muitos 
momentos complexos para sua efetivação, como condições econômicas, 
culturais, educacionais entre outras. Como se pode requerer direitos se 
não se sabe da existência deles? Somente a Educação poderá transformar 
o mundo. Por isso, vários encontros foram realizados a fim de garantir esse 
direito a todas as pessoas.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 fortaleceu 
as discussões em torno da problemáticaestabelecida na Declaração 
de Salamanca e determinou, já no seu art. 1º, que os seres humanos “[...] 
nascem livres e são iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão 
e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de 
fraternidade” (Unesco, 1948, p. 2). As pessoas com deficiência também são 
seres humanos e por isso seus direitos devem ser respeitados.
No art. 3º, essa declaração derruba as implicações estabelecidas 
pelas barbaridades acometidas e descritas nas histórias contra as pessoas 
Libras
12
que nasciam com deficiência, pois estabelece que “Todo ser humano tem 
direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal” (Unesco, 1948, p. 3).
A Declaração Universal dos Direitos Humanos marca a singularidade 
das pessoas e o livre arbítrio de escolher seu caminho, pois “[...] tem direito à 
liberdade de opinião e expressão; este direito incluído a liberdade de, sem 
interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações 
e ideias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras” (Unesco, 
1948, p. 4).
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi um importante 
documento para se reafirmar o direito da pessoa com deficiência 
à educação, tendo suas necessidades educacionais satisfeitas por 
metodologias que promovam a aprendizagem. O debate sobre inclusão 
educacional ocorreu em Salamanca.
De acordo com os escritos na Declaração de Salamanca (1994, p. 
1) participou do evento um conjunto de 88 governos e 25 organizações 
internacionais que debateu sobre os direitos de todas as pessoas à 
educação, e não poderiam ficar fora desse contexto: “[...] crianças, jovens 
e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema 
regular de ensino e reendossamos a Estrutura de Ação em Educação 
Especial, em que, pelo espírito de cujas provisões e recomendações 
governo e organizações sejam guiados”.
É importante perceber que a exclusão aparece implícita no 
contexto descrito, pois se discutia sobre a inclusão de pessoas com 
deficiência na escola regular, uma vez que não era permitido que essas 
pessoas a frequentassem. Antunes (2014, p. 65) enfatiza que “a exclusão 
é um fenômeno social, cuja origem pode ser encontrada nos mesmos 
princípios que nortearam a construção da sociedade moderna”. 
O processo de exclusão, ainda nas palavras da autora, “foi 
disseminado na sociedade pela predominância de valores e práticas 
que reforçam marginalização e preconceitos em relação aos ‘diferentes’, 
dentre os quais estão as pessoas com deficiência” (ANTUNES, 2014, p. 66).
Santos e Teles (2012, p. 78) explicam que, em geral, os países, 
estabelecem uma postura de negação dos direitos da pessoa com 
Libras
13
deficiência “[...] de segregação e exclusão, os indivíduos são simplesmente 
ignorados, abandonados e muitas vezes até mesmo assassinados, devido 
a sua diferença do conceito de normalidade”.
Diante da explicação, o conceito de exclusão está associado à 
privação de indivíduo e/ou grupos do acesso a diferentes estruturas 
presentes na sociedade, entre elas a escola. Isso porque as estruturas 
sociais não aceitam a pessoa com deficiência como sujeito de direito, pois 
este, na visão equivocada da sociedade, não tem condições de cuidar de 
si e precisa da ajuda de outras pessoas.
O grande desafio que se estabeleceu no evento em Salamanca não 
foi a questão de incluir o educando com deficiências, mas sim o que deveria 
ser feito a partir do momento em que o aluno estivesse na escola. “O desafio 
que confronta a escola inclusiva é no que diz respeito ao desenvolvimento 
de uma pedagogia centrada na criança e capaz de bem-sucedidamente 
educar todas as crianças, incluindo aquelas que possuam desvantagens 
severas” (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p. 4).
Por isso, compreende-se que a Declaração de Salamanca foi o 
início de uma Educação Inclusiva, pois trouxe à cena o debate sobre as 
particularidades exigidas para a efetivação do processo de inclusão.
Igualdade nas diferenças
A Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Declaração de 
Salamanca são marcos históricos na defesa de direitos da pessoa com 
deficiência, mas outros eventos foram realizados em todo o mundo para 
buscar a equidade social. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com 
Deficiência foi um desses eventos.
O objetivo da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com 
Deficiência “[...] é promover, proteger e assegurar o exercício pleno e 
equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais 
por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua 
dignidade inerente” (BRASIL. 2007, p. 16).
Consideram-se pessoas com pessoas com deficiência as que 
possuem “[...] impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, 
Libras
14
intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, 
podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em 
igualdades de condições com as demais pessoas” (BRASIL. 2007, p. 16).
A Convenção apregoa normativas que fortalecem os direitos das 
pessoas com deficiência e determina que não pode ser aceito qualquer 
tipo de discriminação. Isso ficou muito evidente no art. 2º, que descreve 
o significado da ação de discriminação por motivo de deficiência dizendo 
que esta
[...] significa qualquer diferenciação, exclusão ou restrição 
baseada em deficiência, com o propósito ou efeito de impedir 
ou impossibilitar o reconhecimento, o gozo ou o exercício, 
em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, de 
todos os direitos humanos e liberdades fundamentais nos 
âmbitos político, econômico, social, cultural, civil ou qualquer 
outro. Abrange todas as formas de discriminação, inclusive a 
recusa de adaptação razoável. (BRASIL. 2007, p. 18)
A Convenção estabelece, no art. 3º, como princípios: “dignidade, 
autonomia individual, liberdade de fazer as próprias escolhas, 
participação e inclusão na sociedade, respeito às diferenças, igualdade 
de oportunidades, acessibilidade, não discriminação de gênero” (BRASIL. 
2007, p. 18).
Para efetivação desses princípios, ficaram expressas na convenção 
recomendações para sensibilização quanto aos direitos das pessoas com 
deficiência, o que foi concretizado no artigo 9º, que trata da acessibilidade 
como forma de proporcionar independência à pessoa com deficiência e 
participação ativa na sociedade. 
A acessibilidade promove meios para efetivar a “igualdade de 
oportunidades com as demais pessoas ao meio físico, ao transporte, 
à informação e comunicação, inclusive a sistemas e tecnologias da 
informação e comunicação [...]” (BRASIL. 2007, p. 21).
Dessa forma, não é a pessoa com deficiência que deve se adaptar à 
sociedade, mas sim esta deve oferecer meios para que exista mobilidade 
e acesso às estruturas sociais, como as demais pessoas sem deficiência, 
Libras
15
pois “[...] todo ser humano tem o direito à vida e todas as medidas 
necessárias serão tomadas para assegurar o efetivo exercício desse 
direito pelas pessoas com deficiência, em igualdade de oportunidades 
com as demais pessoas” (BRASIL. 2007, p. 21). O direito de ir e vir deve ser 
respeitado em sua essência.
Nessa conferência também ficou determinado que devem existir 
intérpretes profissionais da língua de sinais para atendimento à pessoa 
surda em diferentes instituições, principalmente na escola. 
Iniciamos esta conversa mostrando um cenário geral para que a 
inclusão de pessoas com diferentes deficiências aconteça nas estruturas 
sociais. Com base nessas reflexões, vamos salientar a inclusão de pessoas 
surdas e a Língua Brasileira de Sinais (Libras), tema de nossa disciplina.
Inclusão da pessoa surda no sistema 
educacional brasileiro
Uma conquista que temos que conhecer foi a Lei nº 13.146, de 6 de 
julho de 2015, que estabelece a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com 
Deficiência ou, como é conhecida, o Estatuto da Pessoa com Deficiência. 
Essa Lei assegura, a partirdo que foi estabelecido na Convenção sobre os 
Direitos das Pessoas, “[...] condições de igualdade, o exercício dos direitos 
e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua 
inclusão social e cidadania” (BRASIL, 2015, p. 1).
Em seu art. 3º, preconiza que se deve possibilitar a comunicação 
como forma de interação com as pessoas e com o mundo. Por isso, 
estabelece que essa comunicação deve ser possibilitada por meio da 
“Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o 
sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, 
os dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral 
[...]” (BRASIL, 2015, p. 1).
No art. 28, ressalta a incumbência do poder público para a “oferta 
de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade 
escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes 
bilíngues e em escolas inclusivas”.
Libras
16
Figura 2: Chega de discriminação
Fonte: Freepik
O deficiente auditivo e/ou surdo deve lutar contra os preconceitos 
sociais e buscar seus direitos educacionais. Para isso, a política de inclusão 
não pode permanecer somente nos registros e no mundo das ideias. Ela 
deve ser efetivada em todos os setores da sociedade. Mas você sabe 
definir o que é surdez?
O Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, trouxe 
definições importantes ao conceituar, em seu artigo 4º, o que 
seria considerado deficiência auditiva e/ou surdez: “perda 
parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, variando 
de graus e níveis na forma seguinte: a) de 25 a 40 decibéis (db) 
– surdez leve; b) de 41 a 55 db – surdez moderada; c) de 56 a 
70 db – surdez acentuada; d) de 71 a 90 db – surdez severa; e) 
acima de 91 db – surdez profunda, f) anacusia (perda completa 
da audição. Pode ocorrer em um ou em ambos os ouvidos)” 
(BRASIL, 1999, p. 1).
Diante do explicitado você deve compreender que ser deficiente 
auditivo não é a mesma coisa que ser surdo. O deficiente auditivo ouve, 
Libras
17
mesmo que minimamente, e alguns usam aparelhos para aumentar os 
decibéis (dB) da audição. A pessoa surda teve perda total da audição por 
isso não escuta nada.
SAIBA MAIS:
Para entender mais sobre a Educação dos Surdos 
clique aqui.
Além desse decreto temos outras duas legislações importantes 
para a educação do surdo. São a Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro 
de 1996, e a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989. A primeira, a Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação, norteia as ações educacionais no Brasil e 
a segunda Lei complementa a LDB no que tange aos direitos individuais e 
sociais das pessoas com deficiência.
Como você pode perceber, a legislação garante a inclusão da 
pessoa com deficiência no sistema educacional, mas só se efetiva se os 
seguimentos escolares compreendem o sentindo amplo da expressão 
“Educação Inclusiva”.
A Educação Inclusiva pode ser definida como sendo uma “[...] 
prática da inclusão de todos – independentemente de seu talento, 
deficiência, origem socioeconômica ou cultural – em escolas e salas de 
aula provedoras, onde as necessidades desses alunos sejam satisfeitas” 
(STAINBACK; STAINBACK, 1999, p. 21). Não se pode aceitar a ideia de que 
a inclusão seja somente a questão de acessibilidade na escola. Todas 
as necessidades educacionais devem ser observadas e satisfeitas para 
crescimento cognitivo do educando.
A legislação brasileira garante o acesso de pessoas com deficiência 
às escolas regulares e regulamenta o processo de inclusão de maneira 
a atender às necessidades educacionais especiais de cada estudante, 
sendo deficientes auditivos, surdos ou ouvintes. Ao negar esse direito a 
escola estará infringindo as normativas legais e deve ser acionada pelo 
Ministério Público. Portanto, a educação é um Direito inalienável do 
cidadão brasileiro.
Libras
https://bit.ly/2QRmggc
18
A luta por direitos perpassa vários cenários sociais, mas ganha 
força por meio da aprovação de legislações que garantam o acesso das 
pessoas com deficiência audita ou surdez à escola. 
Agora que você conhece as principais legislações educacionais 
vamos avançar mais um pouco para entendermos cada vez mais a Libras 
no Brasil.
RESUMINDO:
Neste capítulo você teve acesso às legislações e aos 
eventos importantes para entendermos a história da 
educação da pessoa com deficiência. Adentramos também 
em nossa temática principal: a Libras. Para isso iniciamos 
os estudos sobre a educação da pessoa surda, mostrando 
que as legislações educacionais brasileiras garantem o 
acesso desta à educação, mas que ainda é uma bandeira 
de luta, já que essas legislações ainda não foram efetivadas 
em sua essência e a inclusão no Brasil continua sendo um 
sonho a ser realizado.
Libras
19
História da Educação de Surdos no 
Brasil e no Mundo
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender os 
acontecimentos que marcaram a história da Educação dos 
surdos no mundo, com foco especial no Brasil. Isto será 
fundamental para iniciar nossa viagem para aquisição de 
conhecimentos sobre a Libras. Motivado para desenvolver 
esta competência? Então vamos lá. Avante!
Você agora já sabe o que é surdez e as legislações que contribuem 
para inclusão do surdo no sistema educacional. Agora vamos entender 
como ocorreram as reflexões sobre o ensino da pessoa deficiente auditiva 
e/ou surda no país. Quais eram as maiores dificuldades? O surdo era 
visto como uma pessoa com capacidade de aprender? Quais os mitos 
envolvidos da pessoa surda?
Figura 3 – Deficiente auditivo e/ou surdo
Fonte: Freepik
Para trilharmos os caminhos da Educação do surdo no Brasil, 
precisamos retomar o passado para poder compreender que os 
Libras
20
preconceitos vivenciados em nosso país, que nasceram há muitos anos e 
foram repassados de geração para geração.
Os estudos de diferentes autores mostram que a pessoa surda, 
durante a história, passou de amaldiçoada a ligada a divindades, depois a 
cidadã de direito. Assim, iniciamos nossa trajetória com ações relacionadas 
ao surdo na antiguidade.
Na antiguidade os surdos eram considerados pessoas incapazes 
(inúteis), até mesmo de cuidarem de si. Apropriaram-se dessa ideologia e 
a apreenderam “[...] como se fosse verdade absoluta e a tenha absorvido 
exatamente como lhes foi dito, isto é, que eles eram deficientes, menos 
válidos, incapazes [...]” (PERLIN, 2002, p. 16). Percebe-se que muitos 
familiares de pessoas surdas ainda acreditam nessa ideologia.
Alguns povos, como os hebreus, acreditavam que era vontade de 
Deus que uma pessoa nascesse surda e muda, sendo considerado um 
castigo a essa pessoa por maus feitos cometidos pelos seus pais. Por isso, 
a pessoa surda era excluída do convívio familiar e social, segregada a uma 
vida de solidão e sem direito à Educação (PALAZZO; MORAES, 2017).
Palazzo e Moraes (2017), em uma retrospectiva história sobre a 
educação dos surdos, ressaltam que Sócrates (470-399 a.C.) acreditava que 
o surdo deveria utilizar gesto e mímica para se comunicar. Já Aristóteles 
(384-322 a.C.) acreditava que o fato de a pessoa não ouvir influenciava 
diretamente no aprendizado ou na falta deste, pois o pensamento estava 
diretamente ligado à palavra e sem ela não havia pensamento. 
O pensamento de Aristóteles (384-322 a.C.) se multiplicou e em 
Roma era “[...] comum lançarem as crianças surdas (especialmente as 
pobres) ao rio Tibre, para que fossem cuidadas pelas ninfas” (PALAZZO; 
MORAES, 2017, p. 12).
SAIBA MAIS:
Ninfas pertencem à Mitologia Grega e são figuras femininas, 
consideradas filhas de Zeus. Clique aqui para saber mais.
Libras
https://bit.ly/31ONoD5
21
Souza (2016, p. 60) acrescenta que os nascidos surdos eram 
atirados no penhasco com o objetivo de limpar a sociedade de sujeitos 
imperfeitos e doentes do convívio com pessoas “perfeitas”. “Eram 
maltratados, humilhados e violentados em todos os sentidos:psicológico, 
intelectual, linguístico, físico e tantos outros que de igual modo denigrem 
o ser humano”.
IMPORTANTE:
No século I, a Igreja Católica considerava os surdos como 
sendo pessoas sem alma e, com isso, negava-lhes o direito 
à religião, consequentemente ao sacramento e à salvação 
da alma.
Na antiguidade houve muitos momentos difíceis para os surdos. 
De acordo com Goldfeld (2001, p. 24), “[...] foram percebidos de formas 
variadas: com piedade e compaixão, como pessoas castigadas pelos 
deuses ou como pessoas enfeitiçadas, e por isso eram abandonadas ou 
sacrificadas”.
Pedro Ponce de Leon e a educação dos 
surdos
Na Idade Moderna até o Século XXI, houve mudanças significativas 
na educação dos surdos, pois houve investimento na saúde e na educação 
para atender a esse grupo da sociedade. Nesse período surgiu uma figura 
importante para entendermos a educação da pessoa surda: Bartolo Della 
Marca d’Ancona (1314-1357). Bartolo era advogado e escritor do século 
XIV e em seus estudos considerava a possiblidade de comunicação dos 
surdos por meio da língua de sinais, a que ele chamava de “linguagem 
gestual” (OLIVIERA et al., 2016).
Palazzo e Moraes (2017, p. 14) relatam a existência de um o médico 
que contribuiu para o avanço na garantia de direitos educacionais dos 
surdos: Girolano Cardano, que “afirmou que os surdos poderiam ser 
ensinados. Ele passou a se interessar pela surdez porque seu primogênito 
Libras
22
era surdo”. Isso, segundo as autoras, ocorreu na mesma época em que 
o espanhol Pedro Ponce de Leon iniciava seus trabalhos com surdos da 
elite.
ACESSE:
A luta da comunidade surda. Clique aqui para acessar.
Duarte (2009, p. 21) esclarece que “[...] Pedro Ponce de León (1520-
1584) foi um monge beneditino que recebeu créditos como primeiro 
professor para surdos. Ponce de León estabeleceu uma escola para 
surdos no Mosteiro de San Salvador, em Ona Burgos”. León utilizava de 
alfabetos manuais para ensinar as crianças. 
Diferentes tentativas de educar os surdos nasceram em todo o 
mundo, mas foi na França que ocorreu a experiência mais conducente 
que transformou a vida educacional das pessoas surdas. Charles Michel 
de L’Épée, conhecido como o pai dos surdos, “[...] fundou a primeira escola 
pública para surdos, que tinha como objetivo que aprendessem a ler e a 
escrever” (PALAZZO; MORAES, 2017, p. 16).
Figura 4: Língua de sinais
Fonte: Freepik
Libras
https://bit.ly/2Do1rGn
23
O trabalho desenvolvido por De L’Épée era além do ato educativo, 
pois ele recolhia “[...] surdos abandonados nas ruas de Paris, abrigava-os 
numa instituição por ele fundada e mantida e percebeu a comunicação 
desenvolvida pelos acolhidos entre si” (OLIVIERA et al., 2016, p. 8). Por 
conviver com os surdos, começou a aprender a se comunicar com eles 
e reconheceu, com isso, que existia uma língua, mas sem gramática 
definida.
Palazzo e Moraes (2017, p. 16) descrevem que De L’Épée observava 
“[...] a comunicação gestual existente entre as duas irmãs, interessou-
se em aprendê-la e buscou sistematizar o ensino desses sinais (sinais 
realizados na gramática do francês)”.
Lopes (2007, p. 44) esclarece que a proposta de educação de surdos 
criada por De L’Epée contribuiu “[...] como condição de possibilidade para 
que muitos surdos se articulassem numa comunidade surda e para que a 
modalidade linguística desse grupo pudesse ser reconhecida como uma 
forma de comunicação e um método de aprendizagem”.
Educação do surdo no Brasil
A história da comunidade surda no Brasil foi marcada por tardios 
reconhecimentos e garantias de direitos. O que mais impressiona é o fato 
de os acontecimentos serem contados por ouvintes. Isso demarca um 
cenário de abandono e de não acesso à educação, pois se as pessoas 
surdas tivessem as mesmas oportunidades, escreveriam a própria história. 
De acordo com Perlin e Miranda (2003, p.217), “[...] olhar a identidade surda 
dentro dos componentes que constituem as identidades essenciais 
com as quais se agenciam as dinâmicas de poder. É uma experiência na 
convivência do ser na diferença”.
Strobel (2008), em seus estudos sobre a história da educação dos 
surdos no Brasil, ressalta um fato importante para demarcar o tempo 
histórico dessa trajetória, dizendo que houve uma iniciativa para a 
educação da pessoa surda datada de 1857, isso porque na família imperial 
havia uma pessoa parcialmente surda, o Príncipe Luís Gastão de Orléans 
(Conde d’Eu), esposo da Princesa Izabel. A convite do Imperador D. Pedro 
Libras
24
II, chegou ao Brasil, em 1855, um professor francês surdo chamado 
Édouard Huet Merlo (1822-1882).
O professor Édouard Huet possuía conhecimentos de como se 
ministravam aulas para pessoas surdas. Essa iniciativa desencadeou uma 
importante ação: a criação de uma escola para atendimento a esse grupo 
social. “No dia 26 de setembro de 1857 foi fundada a primeira escola para 
surdos no Rio de Janeiro, o ‘Imperial Instituto dos Surdos-Mudos’ que, 
depois de algumas alterações, hoje é denominado ‘Instituto Nacional de 
Educação de Surdos’ (INES)”.
IMPORTANTE:
A contribuição de Édouard Huet para a educação do surdo 
no Brasil se fortalece quando esse professor, surdo desde 
os 12 anos, entrega a D. Pedro II uma carta comem que 
demonstra sua intenção de fundar uma escola pública 
para a comunidade surda (STROBEL, 2008). Atualmente 
o INES é a mais conceituada instituição educacional para 
atendimento da pessoa surda.
Outro marco para a garantia de direitos educacionais da pessoa 
surda foi expresso pela Carta Constitucional de 1988, sancionada em 22 de 
outubro do mesmo ano, em seu art. 6º, que todos os cidadãos brasileiros 
possuem o direito, entre outros, à educação, devendo o Estado prover 
esse direito (BRASIL, 1988).
Os Artigos 206 e 208 determinam algo crucial para a educação da 
comunidade surda: os princípios de igualdade de condições não somente 
para o acesso às instituições de ensino, mas para permanência nelas, 
com gratuidade do ensino público (BRASIL, 1988). 
A Lei nº 9.394, conhecida com LDB, estabelece diretrizes para a 
educação no Brasil. Essa Lei foi sancionada em 20 de dezembro de 1996 
e estabelece, no art. 59°, a necessidade de as instituições escolares 
desenvolverem métodos e técnicas que atendam às necessidades 
educacionais do educando (BRASIL, 1996). Essa Lei corrobora com a 
Libras
25
Constituição Federal do Brasil ao enfatizar que a Educação é um direito 
inalienável dos brasileiros, com deficiências ou não.
RESUMINDO:
Agora, só para termos certeza de que você realmente 
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos 
resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que 
a história da pessoa surda foi marcada por lutar contra os 
preconceitos sociais e buscar seus direitos educacionais. 
Aprendeu que, no passado, a pessoa surda passou de 
amaldiçoada e jogada no abismo a ligada a divindades e 
depois a cidadã de direitos. Foi Pedro Ponce de Leon que 
percebeu a possibilidade de o surdo ser capaz de aprender 
e iniciou uma escola para surdos no monastério, mas foi 
Charles Michel de L’Épée, conhecido como pai dos surdos, 
que revolucionou a educação do surdo em todo mundo, 
inclusive no Brasil. Você compreendeu que nosso país 
seguiu o mesmo modelo dos demais e tratou o surdo como 
se fosse um doente, um incapaz de aprender, e apesar 
da aprovação de várias legislações estamos distantes da 
inclusão nas escolas regulares como demanda a legislação 
brasileira. Agora você está preparado para continuarmos 
nossa viagem no mundo da Libras? Vamos lá!
Libras
26
Aspectos legais da Libras enquanto Língua 
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
a legislação que consolidou a Língua Brasileira de 
Sinais (Libras) como a língua utilizada pela pessoa 
surda para se comunicar e interagir com o mundo, bem 
como compreendê-lo. Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. Avante!
Você sabia que o art.18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 
2000, traz como garantia para o surdo ter um intérprete para promover 
a interação em diferentes momentos sociais? Essa lei foi criada para 
normatizar e estabelecer critérios para a promoção da acessibilidade para 
as pessoas com diferentes tipos de deficiências. Estabelece que fica a 
cargo do Poder Público criar e efetivar “[...] a formação de profissionais 
intérpretes de escrita em Braille, linguagem de sinais e de guias-
intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à pessoa 
portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação” 
(BRASIL, 2000, p. 1).
No Brasil, a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, foi muito aguardada 
pela comunidade surda, pois regulamentou a Libras como sendo a 
língua oficial da população surda no país. Essa legislação traz, em seu 
art. 1º: “É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a 
Língua Brasileira de Sinais (Libras) e outros recursos de expressão a ela 
associados” (BRASIL, 2002, p. 1). Agora a comunidade surda tem garantida 
sua língua oficial no Brasil para se comunicar e se expressar livremente. 
De acordo com a Lei nº 10.436/02: “[...] a Libras é um sistema 
linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria. 
Constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos oriundos 
de comunidades de pessoas surdas do Brasil” (BRASIL, 2002, p. 1).
Agora você já conseguiu entender uma propriedade muito 
importante da Libras: ela é de natureza visual-motora. Como está 
Libras
27
determinado no art. 2º, o poder público deve garantir, juntamente 
com “[...] as empresas concessionárias de serviços públicos, formas 
institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais 
(Libras) como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das 
comunidades surdas do Brasil” (BRASIL, 2002, p. 1). Isso está escrito na 
legislação do país e deveria ser cumprido.
No art. 4º fica estabelecido que os poderes federais, estaduais e 
municipais devem garantir a inclusão do ensino da Língua Brasileira de 
Sinais (Libras) “[...] nos cursos de formação de Educação Especial, de 
Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior [...], como 
parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), conforme 
legislação vigente”.
REFLITA:
Com a Constituição Federal do Brasil de 1988, a Lei nº 
9.394/96, a Lei n. 10.098/2000 e a Lei n. 10.436/02, a 
inclusão da pessoa com deficiência, principalmente surdez, 
passou a ser cumprida nas escolas públicas?
Depois de três anos de vigência da Lei nº 10.098/02, em 22 de 
dezembro de 2005 foi aprovado o Decreto nº 5.626, que regulamenta a 
Lei nº 10.436/02. Esse Decreto fez avançar muitos requisitos favoráveis 
à expansão da Libras regulamentada em 2002. Nele ficou estabelecido 
que “[...] considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, 
compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, 
manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de 
Sinais (Libras)” (BRASIL, 2005, p. 1). 
O decreto também fortalece e esclarece a prerrogativa da 
obrigatoriedade da disciplina de Libras na grade curricular dos cursos de 
licenciatura. “[...] nas diferentes áreas do conhecimento, o curso normal de 
nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de 
Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e 
profissionais da educação para o exercício do magistério” (BRASIL, 2005, p. 1).
Libras
28
ACESSE:
Para saber mais sobre as prerrogativas do Decreto nº 
5.626/05, clique aqui.
Por mais que se tenham as legislações, a inclusão do surdo ainda 
não acontece como demandam as leis brasileiras. Para entendermos a 
inclusão da pessoa surda na escola de ensino regular: criança, adolescente 
ou adulto, vamos nos reportar aos estudos de Guarinello (et al., 2006) sobre 
a inclusão do aluno surdo no ensino regular sob o olhar dos professores 
de escolas da rede pública, os quais abordam temas importantes e levam 
à compreensão de que ainda há muito a mudar no país para que essa 
inclusão aconteça. A pesquisa teve como recorte o Estado do Paraná, mas 
descreve uma realidade muito atual no Brasil.
Um dado importante apontado pela pesquisa é que os professores 
sempre têm como parâmetro de ensino-aprendizagem dos surdos a 
evolução dos alunos ouvintes, como “[...] se a entrada desse sujeito na 
linguagem escrita acontecesse da mesma forma que a do ouvinte. Como 
se os ouvintes aprendessem da mesma maneira” (GUARINELLO et al., 
2006, p. 11). Os mesmos autores acrescentam:
Para que haja inclusão do aluno surdo é necessário que as 
pessoas envolvidas no processo educacional façam um esforço, 
no sentido de se livrarem de modelos predeterminados de 
homem, de entenderem a importância de que o aluno realize 
suas próprias elaborações, que compartilhe suas dúvidas, 
suas descobertas e seu poder de decisão. (GUARINELLO et 
al., 2006, p. 13)
Não há uma receita de como ministrar aulas para alunos surdos. O 
importante é que o professor e demais técnicos que convivam com esse 
aluno, saibam Libras para que haja comunicação e interação entre estes 
e o aluno com surdez. “A inclusão de surdos no ensino regular significa 
mais do que apenas criar vagas e proporcionar recursos materiais; requer 
uma escola e uma sociedade inclusivas, que assegurem igualdade de 
oportunidades a todos os alunos [...]” (GUARINELLO et al., 2006, p. 14).
Libras
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm
29
Mendes, Figueiredo e Ribeira (2015, p. 33) corroboram com o 
estudo apresentado anteriormente e acrescentam que a inclusão “[...] não 
pode ser concebida como mera inserção, alocação, integração do aluno 
surdo no espaço escolar, mas como aquela que atente à diversidade e 
contemple conhecimentos sobre as especificidades de todos os alunos”.
Não se pode aceitar a inclusão somente quando a escola pública 
oferta possiblidade de acesso à pessoa surda, pois esse processo é 
bem mais complexo que isso, requer práticas educativas diferenciadas, 
compromisso e respeito ao diferente, “[...] que apontam para qualidade 
das relações estabelecidas no espaço escolar, o domínio e o uso da 
Língua de Sinais pelos professores e interprete é condição necessária, 
porém não suficiente para que a inclusão seja bem-sucedida” (MENDES; 
FIGUEIREDO; RIBEIRA, 2015, p. 40).
RESUMINDO:
A luta da população surda perpassou gerações e mesmo 
a Constituição Federal de 1988 determina que essas 
pessoas têm direitos como qualquer outro cidadão. Essa 
prerrogativa foi muitas vezes negada, sendo a pessoa surda 
renegada a se isolar, como em outros países, não tendo 
oportunidade de estudar e se desenvolver cognitivamente. 
A criação do INES foi uma das maiores conquistas da 
comunidade surda, mas infelizmente não podia atender 
à demanda educacional da comunidade surda de todo o 
Brasil. Uma das maiores conquistas da comunidade surda 
foi a aprovação da Lei nº 10.436/02.
Libras
30
Inclusão de Pessoas Surdas na Escola 
Regular 
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
que a luta por Educação continua na vida da pessoa surda, 
pois há muitos obstáculos a ser transpostos para que tenha 
acesso à escola de maneira que lhe proporcione adquirir 
conhecimentos e se desenvolver como cidadã. Isto será 
fundamental para prosseguirmos em nossa viagem para 
aquisição de conhecimentos sobre a Língua Brasileira de 
Sinais (Libras). E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. Avante!
Quadros e Schmiedt (2006, p. 13) nos ajudam a iniciar essa discussão 
mostrando a importância das línguas e como elas “[...] expressam a 
capacidade específica dos seres humanos para a linguagem, expressam 
as culturas, os valores e os padrões sociais de um determinado grupo 
social”.
Sem a Libras a educação da pessoa surdanão acontece, pois essa 
língua é “[...] utilizada nos espaços criados pelos próprios surdos, como 
por exemplo nas associações, nos pontos de encontros espalhados pelas 
grandes cidades, nos seus lares e nas escolas” (QUADROS, SCHMIEDT, 
2006, p. 13).
Figura 5: Escola, direito de todos
Fonte: Freepik
Libras
31
De acordo com Nunes et al. (2005, p. 538) temos que estar atentos 
para não atribuir a responsabilidade do processo de inclusão à pessoa 
com deficiência, pois assim retiramos a responsabilidade da sociedade 
e de organismos sociais (principalmente o Estado e a escola) “[...] dos 
processos de criação e reprodução dessa lógica perversa, que, no 
máximo, permite aos excluídos a possibilidade de uma adaptação junto 
aos modelos históricos, econômicos e culturais predominantes – ditos 
como ‘normais’”.
É como se a pessoa surda, no caso de nosso estudo, fosse 
culpabilizada por não ouvir/escutar e fosse delegado a ela o inteiro 
sucesso ou insucesso nos processos sociais e educativos. Pode-se ainda 
apontar que a escola buscaria, nesse sentido, alunos “normais” e deixaria 
de fora os que tivessem uma “anomalia”. Como se a normalidade existisse 
e/ou o fato de não possuir deficiência pudesse definir uma pessoa normal. 
Por isso, necessitamos de uma educação seja realmente inclusiva e que 
promova a igualdade dentro da escola. São inúmeros obstáculos a serem 
superados para a inclusão de alunos surdos, pois eles têm:
[...]além de desafios e de superação de barreiras físicas e 
adaptações curriculares, questões relacionadas à língua, 
como é o caso dos surdos. Uma pessoa surda pode ter 
grandes dificuldades para se comunicar com familiares e com 
a comunidade ouvinte em si. Isso faz com que muitas pessoas 
que têm relacionamento com um surdo procurem ter novas 
mudanças atitudinais como, por exemplo, buscar conhecer 
a Língua Brasileira de Sinais (Libras), que é a língua utilizada 
pela comunidade surda no Brasil. (GALETTO et al., 2016, p. 81)
Uma questão a ser considerada na inserção da pessoa surda na 
escola regular é o reconhecimento, após aprovação da Libras como 
língua oficial do surdo, pela Lei n˚10.436/02, é que o português passou a 
ser considerado a segunda língua do surdo. “Assim, esses avanços tanto 
no campo científico como normativo e jurídico nos mostram que o surdo 
é capaz de ter acesso a qualquer conhecimento por meio da Libras” 
(NUNES et al., 2005, p. 539).
Libras
32
Lodi (2012) acrescenta ao debate sobre a escola como espaço 
inclusivo da pessoa surda que esse espaço é privilegiado, mas o aluno 
deve ter contato com outras pessoas que sejam fluentes na Libras para 
assim proporcionar meios para o desenvolvimento delas. 
Outra questão apontada pela autora é que não há certeza quanto 
ao percentual de familiares desses alunos que também são surdos e 
aprenderam Libras, por isso o espaço escolar se torna um multiplicador de 
interlocutores dessa língua, “[...] privilegiados para a imersão de seus pares 
na língua de sinais, únicos capazes de interferirem ideologicamente, por 
meio dela, nos padrões culturais e de interpretação de mundo fundados 
nas relações com a linguagem” (LODI, 2012, p. 17).
REFLITA:
Se você viajasse para um país diferente do seu, com outra 
língua, desconhecida, e não conseguisse se comunicar, 
como se sentiria? O que tentaria fazer para sanar a 
dificuldade de comunicação?
Agora tente se colocar no lugar da pessoa surda. Ela vive em seu 
país de origem, mas não sabe a língua portuguesa. Quando aprende a 
Libras a maioria das pessoas a sua volta não sabem essa língua. Como 
você se sente? Por isso, Quadros e Schmiedt (2006, p. 13) alertam que a 
escola deve tornar possível a coexistência da língua brasileira de sinais e 
da língua portuguesa, “[...] reconhecendo-as de fato atentando-se para as 
diferentes funções que se apresentam no dia a dia da pessoa surda que 
está se formando”. Isso seria a efetivação de uma Educação bilíngue. Para 
que a inclusão aconteça na escola:
[...] faz-se necessário que toda equipe esteja envolvida e 
trabalhando em conjunto para que o desenvolvimento do 
aluno surdo seja garantido dentro da escola. Com base nessas 
observações e de acordo com o cenário educacional do país, 
têm-se bases legais que afirmam a “educação para todos” 
como parte integrante de seu desenvolvimento pessoal. 
(GALETTO et al., 2016, p. 81)
Libras
33
Infelizmente as escolas públicas não se encaixam no modelo de 
escola bilíngue, pois professores e alunos não são fluentes na Libras 
e acabam delegando ao intérprete a responsabilidade educativa da 
pessoa surda. Por isso, em algumas localidades no país, o “[...] intérprete 
de língua de sinais está presente desde o início da escolarização. Nesse 
contexto, nas séries iniciais, os intérpretes acabam assumindo a função 
de professores, utilizando a língua de sinais como língua de instrução” 
(QUADROS, SCHMIEDT, 2006, p. 18).
IMPORTANTE:
A Educação bilíngue se torna uma mudança de postura 
e de estrutura na escola, além de envolver a oferta de, 
pelo menos, duas línguas no contexto educacional. Deve-
se determinar qual língua o aluno aprenderá primeiro. 
“Pedagogicamente, a escola vai pensar em como essas 
línguas estarão acessíveis às crianças, além de desenvolver 
as demais atividades escolares” (QUADROS, SCHMIEDT, 
2006, p. 13).
As políticas educacionais no Brasil ainda não avançaram para 
proporcionar ao surdo uma escola totalmente inclusiva e deixa à mercê 
da sorte esse grupo social que precisa estar sempre reivindicando seus 
direitos.
Após a aprovação da Lei nº 10.436/02, praticamente quatro anos 
depois, houve um aumento considerável nas matrículas de pessoas com 
deficiências nas escolas regulares em todo o país. O gráfico a seguir 
aponta essa expansão.
Libras
34
Figura 6: Retrato das matrículas de pessoas com deficiência no Brasil
Fonte: Adaptado pelo editorial Telesapiens
Percebe-se um aumento significativo dessas matrículas entre 2002 
e 2006, cerca de 194% em relação aos anos anteriores à aprovação da 
Lei da Libras, mas o que esse gráfico deixa evidente é o despreparo das 
escolas para receberem alunos com deficiência. Foram 326.136 matrículas, 
mas aproximadamente a metade dessas escolas (188.705) possuem apoio 
pedagógico especializado e a outra parte (136.431) não conta com esse 
apoio. Diante desse quadro podemos dizer que há realmente a inclusão?
Para Nunes (et al., 2005, p. 542), uma “[...] escola bilíngue seria o 
espaço de socialização, de construção de uma identidade positivada, 
de acesso ao conhecimento e uma comunicação significativa para os 
que costumeiramente são ‘sem-lugar’”. Para isso devem ser ofertados 
estrutura e mecanismos de aprendizagem capazes de realizar a tarefa 
educativa. Dessa forma, entende-se que:
Não possibilitar a apropriação da língua de sinais às crianças 
surdas trará, desse modo, consequências para esses sujeitos, 
de maneira especial, aos processos reflexivos decorrentes 
do desenvolvimento da linguagem e, assim, à aprendizagem 
dos conteúdos escolares e da linguagem escrita da língua 
portuguesa, por envolver a aprendizagem de outra língua. 
(LODI, 2012, p. 18)
Libras
35
A aprendizagem da Libras possibilita uma identidade para a pessoa 
surda, por isso ultrapassa o quesito de comunicação e “[...] funciona como 
pré-requisito para outras aprendizagens como Língua Portuguesa e 
Matemática. Assim, a língua de sinais representa valorização dos surdos, 
uma vez que permite que sejam ouvidos e representados” (NUNES et al., 
2005, p. 542).
ACESSE:
Para saber mais sobre o bilinguismo clique aqui,
Campos (2012, p. 39) explica que muito ainda há de ser feito para 
destruir a imagem de que o surdo é uma pessoa incapaz, mas cabe 
aos segmentos da escola ofertar possibilidades à criança para que se 
reconheça como sujeito surdo, fortaleça sua identidade e se torne ”[...] uma 
pessoa passível de crescer e se gerenciar em diferentespapéis sociais. É 
desenhar um futuro que está bloqueado pela surdez, que determina o 
agora como se fosse para toda a vida”.
Formação de professores para educação de 
surdos
A formação de professores bilíngues para efetivação de uma 
educação inclusiva ainda está caminhando a passos lentos, pois somente 
uma disciplina de Libras, obrigatória e que conste na grade dos cursos de 
licenciatura e de formação de professores, não garante o mínimo para se 
comunicar e interagir com a pessoa surda. 
Por isso é necessário “[...] formar professores bilíngues (língua de 
sinais e português), professores surdos e intérpretes de língua de sinais 
para atuarem no ensino superior – na formação de outros profissionais –, 
de modo que se possa garantir o acesso e a permanência de surdos na 
educação” (QUADROS, 2005, pp. 44). 
Para Lobato, Amaral e Silva (2016, p. 11), a tarefa de proporcionar 
qualificação aos professores não é algo simples de acontecer, pois está 
Libras
http://www.revel.inf.br/files/artigos/revel_5_bilinguismo_e_educacao_bilingue.pdf
36
ligada à vontade política e social. “O professor questiona a falta de espaço 
e recursos materiais apropriados; a necessidade de um corpo técnico 
suficiente e uma remuneração adequada, a fim de que possa se manter 
atualizado e qualificado”.
As determinações expressas no Decreto nº 5.626/05, art. 22) 
caminham para a garantia de uma educação que leve em consideração 
as necessidades do surdo. Nesse decreto está especificado que: 
[...] as instituições federais de ensino responsáveis pela 
educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos 
ou com deficiência auditiva, por meio da organização de: I- 
escolas e classe de educação bilíngue, abertas a alunos surdos 
e ouvintes, com professores bilíngues, na educação infantil e 
nos ano iniciais do ensino fundamental; II- escolas bilíngues ou 
escolas comuns regulares de ensino, abertas a alunos surdos 
e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino 
médio ou educação profissional, com docentes das diferentes 
áreas do conhecimento, cientes da singularidade linguística 
dos alunos surdos, bem como a presença de tradutores e 
intérpretes de Libras-Língua Portuguesa. (BRASIL, 2005, p. 1)
As universidades devem ofertar cursos de formação específica em 
licenciatura em Letras-Libras e criar condições para acesso e permanência 
de surdos a esse curso, pois assim “[...] estar-se-á contribuindo para 
a conquista de espaços educacionais, sociais, culturais, linguísticos e 
políticos que legitimam a inclusão dos surdos” (QUADROS, 2005, pp. 44). 
Isaia (2006, p. 67) acrescenta a discussão que “a formação 
permanente, para se consolidar, precisa ser entendida como um processo 
organizado, sistemático e intencional, a partir do grupo de professores, 
das instituições e das políticas educativas de nível superior”.
Para Lacerda (2009, p. 50), “são necessários profissionais que 
tenham domínio da Libras, que pensem estratégias pedagógicas que 
contemplem as necessidades das crianças surdas, e em alguns casos a 
presença do intérprete se faz necessária para que alguns desses alvos 
sejam alcançados”. 
Libras
37
 De acordo com Quadros (2006, p. 151), “línguas não se aprendem 
em cursos de curta duração, mas em anos de trabalho e contato [...]”. Isso 
quer dizer que para que o professor esteja preparado para ministrar aulas 
para a criança surda, numa perspectiva bilíngue, ele deve ter a formação 
semelhante as que têm os professores de língua inglesa, espanhola, 
italiana, dentre outras. 
Segundo Ferrão e Lobato (2016, p. 35), as escolas devem 
proporcionar um ambiente linguístico que possibilite aos surdos se 
comunicarem e interagirem com os demais indivíduos, “[...] buscando 
êxito na sua educação. Para isso as escolas devem perceber que a língua 
de sinais, sendo a língua oficial da comunidade surda, é uma garantia de 
direito do surdo usar sua língua natural.
Diante do cenário apresentado, é necessário quebrar paradigmas 
referentes à formação de professores para a educação do surdo e adotar 
uma nova postura educativa para oferta de cursos pelas instituições de 
ensino. Essa “[...] nova forma de educar requer uma redefinição importante 
da profissão docente e que se assumam novas competências profissionais 
no quadro de conhecimento pedagógico, científico e cultural” (IMBERNÓN, 
2009, p. 12).
Percebe-se que ainda há muito que se fazer para que as mudanças 
aconteçam e que a pessoa surda tenha acesso não somente à escola, mas 
a professores bilíngues que não necessitem de intérprete para interagir 
com os alunos surdos e consiga promover uma educação mais igualitária.
Salas de recursos multifuncionais nas escolas
Nas escolas públicas há um recurso de apoio aos professores que 
não conseguem, pedagogicamente, fazer com que os alunos aprendam 
e para aqueles que não demostrem desenvolvimento na sala regular. São 
as salas multifuncionais.
Essas salas visam “subsidiar técnica e pedagogicamente a 
organização dos serviços de atendimento educacional especializado 
que favoreçam a inclusão de alunos com necessidades educacionais 
especiais nas classes comuns do ensino regular” (BRASIL, 2006, p. 7).
Libras
38
As salas multifuncionais foram criadas como meio de contribuir com 
professores e alunos nas escolas que ainda não possuem de salas de 
recursos, “onde sejam atendidas as necessidades educacionais especiais 
de cada aluno, transformando as atitudes que impedem o acesso às 
classes comuns do ensino regular e tornando as escolas mais acessíveis” 
(BRASIL, 2006, p. 7).
Cecchin (2015, p. 2) explica que nessas salas de recursos os 
estudantes “[...] podem ser atendidos individualmente ou em pequenos 
grupos, sendo que o número de alunos por professor no atendimento 
educacional especializado deve ser definido, levando-se em conta, 
fundamentalmente, o tipo de necessidade educacional que os alunos 
apresentam”.
Não há como se ter uma educação inclusiva sem o entendimento 
que cada pessoa é diferente e que aprende em seu tempo. Para que 
a inclusão aconteça de maneira significativa na escola, a sociedade 
também deve ser inclusiva, “[...] os sistemas e as instituições sociais 
são adaptados às necessidades de todas as pessoas e não o contrário, 
quando os indivíduos estão sujeitos a se adaptarem às exigências do 
sistema” (BRASIL, 2006, p. 9).
IMPORTANTE:
As salas de recursos multifuncionais, nas palavras de 
Cecchin (2015, p. 2), podem ser classificados como locais 
estruturados “[...] com materiais didáticos, pedagógicos, 
equipamentos e profissionais com formação para o 
atendimento às necessidades educacionais especiais, 
projetadas para oferecer suporte necessário aos alunos, 
favorecendo seu acesso ao conhecimento”.
As salas de recursos multifuncionais, “[...] se referem ao entendimento 
de que esses espaços podem ser utilizados para o atendimento das 
diversas necessidades educacionais especiais e para desenvolvimento 
das diferentes complementações ou suplementações curriculares” 
(BRASIL, 2006, p. 13).
Libras
39
A construção de uma sala de recurso funcional indica que a 
concepção da escola está mudando e está havendo reconhecimento 
de que esse sujeito tem possibilidades de desenvolver-se. O que não 
podemos aceitar é um retrocesso em que se considere “[...] o nascimento 
de uma pessoa com deficiência como um castigo de Deus, como punição 
de pecados cometidos por pais ou familiares. Essa interpretação analisava 
a deformidade dos corpos como um sinal de possessão demoníaca” 
(FERNANDES, 2013, p. 40). 
Essa quebra de paradigma só acontece com formação continuada, 
que possibilite o professor trabalhar em salas comuns do ensino regular, 
nas salas de recursos para atendimento especializado, em diferentes 
instituições.
A escola regular pode atender a alunos com diferentes deficiências, 
não só a auditiva, por isso o professor dessa sala deve desenvolver 
diferentes habilidadese competências para trabalhar com diversas 
dificuldades de aprendizagens, diferentes “[...] aspectos relacionados ao 
estágio de desenvolvimento cognitivo dos alunos, o nível de escolaridade, 
os recursos específicos para sua aprendizagem e as atividades de 
complementação e suplementação curricular” (CECCHIN, 2015, p. 3).
Não podemos rotular as pessoas por suas condições de saúde, 
social, religiosas, econômica etc., como diz Buccio e Buccio (2008, p. 29), 
pois se fizermos isso “[...] os indivíduos se afastam, em virtude de seus 
atributos, da grande maioria dos seres com os quais são comparados, 
e passam a ser considerados como uma espécie de negação da ordem 
social”.
DEFINIÇÃO:
Você sabe o que é cultura? “Cultura é um conjunto 
de comportamentos apreendidos de um grupo de 
pessoas que possuem a própria língua, valores, regras 
de comportamento e tradições; uma comunidade é 
um sistema social geral, no qual um grupo de pessoas 
vive junto, compartilha metas comuns e partilha certas 
responsabilidades. (STROBEL, 2008, p. 30-31).
Libras
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Perlin (2004, p. 77-78) contribui para esse debate quando esclarece 
que as identidades surdas “[...] são construídas dentro das representações 
possíveis da cultura surda. Moldam-se de acordo com maior ou menor 
receptividade cultural assumida pelo sujeito”. 
A mesma autora acrescenta que a cultura surda não está isenta de 
conflitos e luta política, bem como um posicionamento diferente frente as 
questões do mundo, pois “[...] o indivíduo representa a si mesmo, defende-
se da homogeneização, dos aspectos que o tornam corpo menos 
habitável, da sensação de invalidez, de inclusão entre os deficientes, de 
menos valia social” (PERLIN, 2004, p. 77-78).
A cultura surda não se restringe à língua de sinais. Ela apresenta 
diferentes manifestações culturais, como a dança, o teatro a literatura. 
Esse conjunto vai desenhando a identidade da pessoa surda. “A 
identidade é construída sempre em relação a um determinado grupo ao 
qual se pertence, diferenciando-se de outro, com o qual se estabelece 
uma relação de caráter negativo, ou seja, por oposição a ele” (SANTANA; 
BERGAMO, 2005, p. 571).
Cultura surda no Brasil
Todos os grupos sociais possuem uma cultura própria. Assim, 
temos como exemplos o povo indígena, os quilombolas e existe também 
a cultura surda. Moura (2012, p. 104) explica que essa cultura é “[...] marcada 
pelo que é transmitido visualmente: uma língua visoespacial, a obtenção 
de informações pelo que é percebido pelo olhar, uma arte que transmita 
a forma pela qual o surdo vê e introjeta o mundo ao seu redor”.
Strobel e Fernandes (1997, p. 25) explicam o motivo de a Libras ser 
gestual-visual espacial, dizendo que:
A modalidade gestual-visual espacial pela qual a LIBRAS é 
produzida e percebida pelos surdos leva, muitas vezes, as 
pessoas a pensarem que todos os sinais são o desenho no ar 
referente ao que representam. É claro que, por decorrência 
de sua natureza linguística, a realização de um sinal pode ser 
motivada pelas características do dado da realidade a que 
Libras
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se refere, mas isso não é uma regra. Portanto, necessita de 
um aprendizado sistemático, preferencialmente ensinado por 
surdos.
Para Santana e Bergamo (2005, p. 566), a língua é uma das 
características fortes de uma cultura. No caso da comunidade surda no 
Brasil, a Libras passa a ter um significado: “[...] autossuficiência e o direito 
de pertencimento a um mundo particular parecem significar a proteção 
dos traços de humanidade, daquilo que faz um homem ser considerado 
homem: a linguagem”.
Tabela 1: Cultura surda
TERMO EXPLICAÇÃO
Visualidade
Vivência surda é muito visual. A visão 
é possivelmente o principal sentido de 
contato com o mundo, de apreensão e 
significação das informações.
Linguístico
As línguas de sinais, de características 
visuoespaciais, são as línguas naturais 
para as pessoas surdas. A língua de sinais 
é tão complexa quanto qualquer outra.
Família
Ligada ao nascimento de filhos surdos 
em lares ouvintes e de filhos ouvintes em 
lares surdos, ou mesmo de filhos surdos 
em lares surdos.
Comunidade surda
Composta de surdos e ouvintes 
defensores da causa, como professores, 
familiares, intérpretes, amigos, entre 
outros.
Associações e organizações
Possibilidade de o surdo interagir com 
outras pessoas surdas, o que favorece 
a construção da sua identidade, a 
possibilidade de aprender a língua de sinais, 
as lutas sociais do segmento, por vezes, 
abraçadas nessas organizações etc.
Libras
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Literatura surda
Arte que abarca produções literárias 
em língua de sinais e produzidas por 
pessoas surdas.
Artes visuais
Englobam o teatro surdo e as artes 
plásticas.
Criações e transformações 
materiais
Soluções alternativas para as pessoas 
surdas, como campainhas luminosas, 
telefones adaptados Telecommunications 
device for the deaf (TDDs), dispositivos 
de vibração (relógios, celulares) em 
substituição ao despertador etc.
Fonte: O autor
A cultura surda remete à constituição de identidade surda, torna-
se um fortalecimento da comunidade. “Os surdos formam grupos sociais 
diferentes dos daqueles que ouvem. Diferentes, mas não diversos, 
desiguais. É de extrema importância estabelecer a diferença entre as 
noções de diversidade e de diferença” (SÁ, 2006, p. 9).
Para Sá (2006, p. 9), a cultura surda não desvincula o sujeito dos 
marcadores de raça ou de nação. Ela “[...] refere-se aos códigos próprios 
dos surdos, suas formas de organização, de solidariedade, de linguagem, 
de juízos de valor, de arte etc.”.
Libras
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RESUMINDO:
Você percebeu que não se pode estudar os sinais da Libras 
sem conhecer as determinações e a história em torno de 
sua aprovação. A luta por igualdade de direitos permeou 
toda a discussão deste capítulo, pois é importante frisar que 
foi negado à pessoa surda a oportunidade de escrever sua 
própria história, tendo em vista que a maioria dos escritos são 
realizados por ouvintes que se interessaram em saber como 
o surdo aprendia. Por isso, fez-se necessário abordarmos 
primeiramente o processo de inclusão do surdo no sistema 
educacional e a luta por garantia de direitos sociais para 
podermos identificar os meandros da história da educação 
de surdos no Brasil e a quebra de preconceitos sociais e 
educacionais no país, a fim de entendermos as legislações 
norteadoras das ações no entorno da Libras e refletir sobre 
a inserção da pessoa surda na escola regular e o contexto 
em que ela ocorre na atualidade.
Libras
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, W. G. Introdução à língua brasileira de sinais. 1. ed. Ilhéus: 
Editus, 2013. v. 1. 149 p. Disponível em: http://www.santoandre.sp.gov.br/
pesquisa/ebooks/398613.pdf. Acesso em: 02 jun. 2020. 
BRASIL. Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece 
normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das 
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá 
outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/L10098.htm. Acesso em: 2 set. 2020. 
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 abril de 2002. Estabelece as diretrizes e 
bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 01 jul. 2020.
GIROTO, C. R. M.; MARTINS, S. E. S. de O.; BERBERIAN, A. P. (org.). 
Surdez e educação inclusiva. São Paulo: Cultura Acadêmica; Marília: 
Oficina Universitária, 2012.
IFPB. O que é cultura surda? 2018. Disponível em: https://bit.
ly/3v9Sgyo. Acesso em: 2 set. 2020.
NUNES, S. da S.; SAIA, A. L.; SILVA, L. J.; MIMESSI, S. D. Surdez e 
educação: escolas inclusivas e/ou bilíngues? Revista Quadrimestral da 
Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, SP. Volume 19, 
Número 3, Setembro/Dezembro de 2015: 537-545. Disponível em: https://
bit.ly/2RYSIRR. Acesso em: 12 jul. 2020.
QUADROS, R. M. de; SCHMIEDT, M. L. P. Ideias para ensinar português 
para alunos surdos. Brasília:MEC, SEESP, 2006.
STAINBACK S.; STAINBACK W. Inclusão: um guia para educadores. 
Porto Alegre: Artmed, 1999.
Libras
	Educação Inclusiva 
	Igualdade nas diferenças
	Inclusão da pessoa surda no sistema educacional brasileiro
	História da Educação de Surdos no Brasil e no Mundo
	Pedro Ponce de Leon e a educação dos surdos
	Educação do surdo no Brasil
	Aspectos legais da Libras enquanto Língua 
	Inclusão de Pessoas Surdas na Escola Regular 
	Formação de professores para educação de surdos
	Salas de recursos multifuncionais nas escolas
	Cultura surda no Brasil

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