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1 BBPM V - Aline Bactérias potencialmente patogênicas ao trato reprodutor masculino e feminino – parte I IMUNIDADE DO TRATO REPRODUTOR o As mucosas do trato reprodutor possuem uma rede imunológica diferenciada e especializada, que se difere no trato urogenital masculino e feminino no intuito de evitar infecções. o O trato reprodutor feminino apresenta maior quantidade de tecido mucoso, tendo rede imune mais complexa, papel na proteção da mãe contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), além de possibilitar e ajudar o desenvolvimento do feto e da placenta durante a gestação e evitando infecções fetais. o A rede imune do trato reprodutor sofre influência de eventos fisiológicos como a fertilização (associada a espermatozoides imunogênicos), alterações hormonais e gestação, em que várias estruturas são organizadas e utilizadas nessa proteção. EPITELIO DO TRATO REPRODUTOR FEMININO o TECIDO LINFOIDE ASSOCIADO A MUCOSAS (MALT), que é a primeira barreira física de células epiteliais (produzem citocinas e quimiocinas que atraem ou ativam células inatas e adaptativas → citocinas pro inflamatórias) sobrepostas contra patógenos, de modo que os PAMPs (fragmentos de microrganismos – padrões moleculares associados aos patogenos) são reconhecidos por TLRs presentes no MALT. o Assim, as células iniciam a produção de citocinas e quimiocinas, essas que ativam a resposta imunológicas e atraem células inatas e adaptativas, como os leucócitos, que auxiliam na fagocitose, na produção de citocinas pró- inflamatórias e na eliminação do microrganismo. o Na endocérvix há um tecido de transição – epitélio colunar o A maior parte da rede ume está na vagina e endocérvix – epitélio estratificado TOLL LIKE o TLR 4, que reconhece o lipopolissacarídeo (LPS) presente na membrana de bactérias Gram negativas o TLR 5 reconhece produtos bacterianos como a flagelina presente no flagelo bacteriano o TLR 3, que é interno, reconhece dupla fita de RNA de vírus e ativa a resposta imunológica. IMUNIDADE INATA DO TRATO REP FEMININO o A secreção de peptídeos antimicrobianos serve para eliminar microrganismos potencialmente patogênicos que tentam entrar no trato reprodutor feminino. o Essa liberação sofre influência hormonal, alterando conforme o ciclo menstrual. o Ocorre maior produção de peptídeos duranto o trabalho de parto o As defensinas, que têm mais ação contra microrganismos sofrem picos na fase de proliferação celular (pouco antes da ovulação e aumento de estrogênio) e reduzem na fase de secreção (aumento de progesterona). IMUNOGLOBULINA DO TRF - IGA o Células B plasmáticas – camada epitelial basolateral – secretam ativamente IGA em resposta a estimulação → transporte de IgA através da camada epitelial é afetada pelo estrógeno e progesterona – transcitose 2 BBPM V - Aline de IgA nestes momentos coincide períodos potenciais de maior vulnerabilidade de infecções o O endocérvix também tem um alto nível de produção de Ig – prevenir patógenos que entram no trato reprodutivo superior o A secreção de IgA é cíclica, em que seu aumento ocorre com o pico de estrogênio, coincidindo com a fase da ovulação. o Assim, o anticoncepcional a base de progesterona mantem o pico de progesterona e reduz IgA, deixando mais susceptível a infecções. o O endocérvix também tem um alto nível de produção de imunoglobulinas, já que se o microrganismo chegar nas estruturas do trato superior, também se tem IgA para proteção. CÉLULAS DENDRITICAS E MACROFAGOS o CD → importantes para o inicio da resposta imune adaptativa e manutenção da homeostase tecidual o Tem-se muitas células dendríticas para responder a um microrganismo identificado, sendo carregado a um linfonodo mais próximo e apresentado ao linfócito. o As células dendríticas ficam espalhadas ao tecido estratificado prontas para irem para o linfonodo mais próximo para apresentar o antígeno e desencadear a resposta imunológica. Também auxiliam na hemostasia do tecido, não reconhecendo o espermatozoide como imunogênico. o Macrófagos → são encontrados ao longo do trato urogenital fazendo: o regulação da resposta imune – liberação de IL-10- importante durante a implantação do embrião). o Fagocitose (M1) e auxiliar no remodelamento do tecido (M2), eliminando o microrganismo e recompondo o tecido, prevenindo novas infecções. CÉLULAS NK NO TRATO FEMININO → Sua função é a citotoxicidade celular dependente de anticorpos → Elas liberam IFN-gama → Além de combater os patógenos, as NK estão associadas as várias patologias (abortos e pré-eclâmpsia estão associados a ativação de NK) → NK são importantes no início da gestação: ficam ao redor dos trofoblastos, protegendo os tecidos fetais da resposta imune materna e, assim, protegendo o feto de doenças infecciosas (NK garante que o feto não seja reconhecido como corpo estranho) → Quando ocorre a implantação do feto, ocorre uma mudança na expressão do MHC de membrana dessas células: são expressadas moléculas de classe I do HLA-G (expressas por trofoblastos) e isso vai inibir a citotoxicidade das NK → Isso faz com que a mãe não rejeite o feto e auxilia no desenvolvimento placentário e na vascularização CÉLULAS T E IMUNIDADE ADAPTATIVA → São encontrados linfócitos Th CD4 e Th CD8 → Devido a falta de estruturas linfoides (onde eles se reuniriam), as células T estão dispersas em toda a lâmina própria do sistema reprodutor → áreas mais vulneráveis as infecções. Ficam em maior quantidade na endocérvix TRATO REPRODUTOR MASCULINO Possui toda a rede linfoide que já foi falada (MALT + peptídeos + Ig + CD + macrófagos + NK+ células T) mas em menor quantidade, já que a presença de tecido mucoso no feminino é muito maior. MANUTENÇÃO DA TOLERÂNCIA EM RELAÇÃO AO FETO → A resposta imunologia deve ser muito regulada → O feto é semi-alogênico (possui antígenos paterno e materno) → O paterno pode ser considerado como antígeno externo → Os linfócitos gerados pela mãe até reconhecem como estranho, mas ao invés de reagir de maneira inflamatória, tornam-se tolerantes → A tolerância continua até o fim da gestação 3 BBPM V - Aline Durante a pré-implantação: → Blastocisto em desenvolvimento e o trofoblasto são protegidos do sistema imune pela zona pelúcida Após isso, começa a desenvolver-se a tolerância → A tolerância envolve sinais fornecidos pelo feto e pelo tecido materno (principalmente placenta) → O endométrio vai receber sinais que provocará um microambiente tolerogênico • A não expressão do EPF (fator de gestação precoce) está associado a abortos espontâneos. EPF é um potente fator imunorregulatorio (molécula expressa pela mae que suprime a função efetora de células T e a indução de tolerância) • O HLA G atua inibindo a atividade citolitica da NK → A resposta imune se inclina mais para TH2 ao invés de TH1 • Devido a uma multiplicidade de sinais muito leucócitos que residem na placenta e no endométrio são imunorreguladores – inclui DCs e macrófagos → IL6 e IL-10 ao invés de TNF e IFNgama com atividade pro inflamatória • A resposta imune também se inclina mais para a resposta do tipo TH2 em vez de resposta imunopatogênica TH1 STREPTOCOCCUS • Homem e mulher – neisseria • Mulher – streptococos agalactie → Cocos gram positivos agrupados em cadeia → Catalase negativos → São nutricionalmente exigentes (ágar-sangue, caldo nutriente com glicose) → São anaeróbicos facultativos → Fazem parte da microbiota normal (vias aéreas superiores, boca, trato intestinal e reprodutor) → Grupo bem heterogêneo, classificado de acordo com seu carboidrato de membrana (A-H e K-V) Fatores de virulência - Streptococcus tipo B – principalmente em ambiente hospitalar a) Tropismo para SNC – atravessam a BHE b) Fatores que diminuemativação do sistema complemento = favorece invasão de células epiteliais c) Receptores de superfície = auxiliam na invasão de células epiteliais d) Apresentam pili e) Formam biofilme (agregados bacterianos que facilitam evasão da resposta imune) f) Fatores de aderência e que ajudam na colonização do epitélio vaginal STREPTOCOCCUS AGALACTIAE → Pode colonizar normalmente o trato respiratório superior, trato intestinal e vagina → O problema é quando ocorre a gestação e o microambiente se torna tolerante, gerando uma diminuição do reconhecimento dos antígenos, permitindo que ela se prolifere e cause infecções no recém-nascido (RN) → É um dos principais causadores da sepse puerperal e infecções neonatal ou perinatais (bacteremia, pneumonia e meningite no RN) → A maior parte dessas bactérias são beta-hemolíticos. Elas podem destruir o TC pois liberam enzima (hialuronidase) que degradam ácido hialurônico → Pode ocorrer uma colonização assintomática na gestante e infecções graves em RN. Isso contribui para a imaturidade imunológica da criança e deficiências imunológicas em idosos e adultos • Ele pode ascender no trato vaginal com o aumento da população. Pode invadir a placenta e cavidade amniótica mesmo sem lesão. Abortos espontâneos podem ser atribuídos a ele. PATOGÊNESE 4 BBPM V - Aline → Colonização reto-vaginal materna → rompimento de membranas placentárias → facilitação da colonização fetal (adere epitélio vaginal, placenta, células epiteliais da boca e faringe, epitélio e endotélio alveolar) Há evidencias da sua entrada pela cavidade amniótica através da placenta íntegra → causa infecções fulminantes no feto → A aspiração do líquido amniótico contaminado pode levar a bactéria até os alvéolos pulmonares no RN → causa pneumonia e pode acessar a corrente sanguínea • Colonização em gestantes • Ascende a placenta e causa infecção uterina • Pneumonia e lesão pulmonar no RN • Bacteremia e sepse neonatal • Meningite no SNC TESTE DA CATALASE - É uma enzima com função de clivar peroxido de hidrogênio – presente no interior dos grânulos dos neutrófilos. É um teste importante porque não posso só confiar na morfologia pelo microscópio. • Stafilococos calatase + • Streptococos catalase - TESTE DO FATOR CAMP • Diagnóstico do S. agalactiae e listeria monocytogenes → APENAS PARA ESSES 2 TESTE DO FATOR CAMP: baseado na detecção do fator CAMP (um dos fatores de virulência) produzida pelo S. agalactiae. Esse fator potencializa a ação hemolítica na beta-lisina presente no S. aureus. Devido a isso, ao fazer a cultura com ágar-sangue, colocamos uma linha grande de S. aureus (C) e uma menor, que não encoste e perpendicular do que se está procurando (A e B). Aquela que formar um seta em direção ao S. aureus é o S. agalactiae (A) já que um fator presente no S. agalactiae aumentou a hemólise do S. aureus, enquanto o outro não fez nada (B) Quando isso acontece, chamase CAMP positivo. NEISSERIA → Diplococos gram negativos achatados nas laterais → Oxidase positiva e catalase positivas (exceto N. elongata) ➔ causam gonorreia, doença inflamatória pélvica (DIP) e conjuntivite neonatal com período de incubação de 2 a 8 dias. → O gênero Neisseria contêm 2 importantes patógenos humanos: N. meningitidis (causa meningite e meningococemia) e N. gonorrhoeae (presença de diplococos gram negativos no interior de polimorfonucleares ou fora deles) 5 BBPM V - Aline • ela é extremamente sintomática no homem gerando descarga purulenta antes de urinar – resposta imunológica e bactéria libera toxinas que atraem leucócitos e geram a descarga purulenta. Lâmina com intenso infiltrado inflamatório NEISSERIA GONORRHOEAE → Causa gonorreia. Seu nome em grego significa “sêmen grosso”, devido ao ↑ infiltrado leucocitário durante a infecção → Também causa conjuntivite neonatal/oftalmia neonatal quando as mães não fazem pré-natal e a bactéria entra em contato com os olhos do bebe durante o parto natural → Período de incubação muito rápido: 2 a 8 dias PATOGÊNESE → Contato sexual causa infecção no trato genital (é uma IST) – transmissão venérea → Aderência da bactéria no epitélio da mucosa→ endocitose (entra nas camadas mais internas - subepitelial) → é capturada por fagócitos, escapando da lise, se multiplica e rompe a célula→ fatores de virulência desencadeiam inflamação e migração leucocitária → descamação do epitélio → microabcessos e exsudato • Para a entrada no epitélio a bactéria modifica a função das proteínas de junção celular abrindo espaço entre as células OU • Entra no interior das células epiteliais realizando transcitose FATORES DE VIRULÊNCIA a) Adesinas: bactéria fica mais tempo ancorada na membrana b) Captação de plasmídeos (DNA do meio extracelular): pode adquirir a resistência de outras bactérias a partir disso c) Porinas: induz a formação de poros na célula → auxilia na passagem de nutrientes/produtos metabólicos e na penetração, já que impede a formação do fagolisossomo d) LOS: proteína na parte externa que é considerada uma endotoxina que vai causar danos celulares, indução de TNF, proteases, fosfolipases, etc., destruindo o epitélio e) Secreção de IgA1 protease: enzima que quebra o anticorpo IgA CARACTERÍSTICAS DA INFECÇÃO → Pode colonizar trato urogenital, nasofaringe (sexo oral) e reto → Raramente invade corrente sanguínea → Facilita transmissão do HIV: uma vez que provoca lesões (há coceira no trycomonas e isso pode facilitar a entrada do vírus), o ato de romper essa primeira camada de proteção e quebrar as IgA acaba por deixar o epitélio mais frágil/susceptível à entrada do HIV. Além disso, devido processo inflamatório local, muitas células são atraídas, inclusive linfócitos (um dos alvos da infecção do HIV). → NO HOMEM ocorre uretrite: processo inflamatório agudo e piogênico (↑leucócitos na secreção) gerando uma descarga purulenta MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS NOS HOMENS → Descarga purulenta matinal com ↑↑ bactérias e leucócitos → Pode se espalhar para próstata, vesícula seminal e epidídimo → Pode evoluir ainda mais para estenose (estreitamento dos ductos seminais) e infertilidade (é raro porque com os sintomas o tratamento é iniciado rapidamente sem deixar evoluir de forma crônica) → NA MULHER ocorre cervicite, mas não é muito sintomática → problema, pois pode evoluir doença inflamatória pélvica (DIP) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS NAS MULHERES 6 BBPM V - Aline → Normalmente é assintomático – porém a transmissão nessa fase ainda pode ocorrer mesmo de forma assintomática. → Quando começam, sintomas são na endocérvix o Corrimento vagina e disúria – não é comum ter descarga purulenta • Nas mulheres pode ser mais complexo porque não causa sintomas evidentes e depois de muitos anos de infecção a mulher pode desenvolver a cervicite e DIP → quadro pode ser agravado – de modo crônico. → Pode ascender e, após anos, causar infertilidade, salpingite (inflamação das tubas uterinas), DIP → No RN ocorre oftalmia neonatal - (pinga-se uma gota de nitrato de prata como profilaxia ao nascer). Isso era comum em gestantes sem acompanhamento pre natal que tinham gonorreia assintomática; no parto normal ocorre a infecção. ESPECIFICIDADES DO DIAGNOSTICO → IMPORTANTE Coleta da amostra → cultivo → coloração de gram → Sintomas + presença de diplococos gram negativos no interior ou fora de polimorfonucleares (PMN) = diagnóstico presuntivo em HOMENS, mas em mulheres pode ser falso positivo, pois existem tais bactérias da microbiota feminina→ é preciso fazer cultura + oxidase positivo • Cultura de agar chocolate + 10% CO2 e o meio Thayer Martins e oxidase positivo → Deve-se tratar não somente o paciente mas também o parceiro • Geralmente as mulheres descobremquando estão gravidas no pre natal • Deve-se colocar a amostra do homem pela manha e ficar sem urinar por 2 horas para impedir que a urina limpe a secreção e impeça o diagnostico acurado RESISTÊNCIA DAS CEPAS AOS ANTIMICROBIANOS → Quais fatores influenciam essa resistência? • Uso indevido de agentes microbianos • Tratamento com dosagem sub inibitória – incapaz de ter papel bactericida e sim bacteriostático • Curso incompleto de terapia → seleção de cepas mutantes • Dosagem inadequada • Droga errada • Uso correto/uso continuo → longo período com o tratamento de escolha → pressão seletiva → seleção de cepas mutantes RESISTÊNCIA ADQUIRIDA • Por meio de plasmídeo, desenvolvem resistência a o Penicilina por pegar plasmídeo do Haemophilus o Tetraciclina por pegar o plasmídeo do Streptococcus • Por meio de modificação do cromossomo, desenvolvem o Resistência a penicilina e a cefalosporina por contato da N. gonorrhoeae com Neisseria normais do trato reprodutor RESISTÊNCIA SELETIVA • Por pressão seletiva, desenvolvem resistência a o Azitromicina • Por mutação em múltiplos genes, desenvolvem o Resistência a penicilina, ciprofloxacina TREPONEMA → Estão na microbiota oral de indivíduos sadios → Podem estar associados a biofilmes e periodontites → Morfologia alongada e helicoidal 7 BBPM V - Aline • Possuem coloração especifica com impregnação de prata TREPONEMA PALLIDUM SUBESPÉCIE PALLIDUM • Subespécie porque já ocorrem mutações e há diferentes subtipos dentro da mesma espécie → Agente etiológico da sífilis venérea → É um parasita intracelular obrigatório (muito pequeno) → Apresenta baixa variabilidade, com alguns polimorfos conhecidos → Enfermidade infecciosa sistêmica de evolução crônica → Alterna períodos de atividade e aparente inatividade (na verdade esses são os períodos em quem, devido ao tropismo, ela está se deslocando para outro tecido), e as características clínicas, imunológicas e histopatológicas diferentes (de acordo com o tecido). Lembrar que latência é para vírus EPIDEMIOLOGIA → É uma IST e é sistêmica. O homem é seu único hospedeiro → Apresenta 3 fases (primária, secundária e terciária) → População de risco: menor nível socioeconômico, usuário de drogas, comportamento sexual de risco → Casos de sífilis estão subindo muito no Brasil FATORES DE VIRULÊNCIA → Patogênese não é bem conhecida (dificuldade de cultivar em laboratório), mas ↑ capacidade de fugir da resposta imune → Penetração ocorre via mucosa/pele lesionada → Incubação de aproximadamente 3 semanas FASES DA INFECÇÃO Infecção → Treponema interage com as células epiteliais da mucosa → produção de mucopolissacaridase (é um fator de virulência associado ao Treponema) que quebra as zonas de aderência entre as células epiteliais → células perdem a união → Treponema invade tecidos mais internos SÍFILIS PRIMÁRIA – infecciosa: ocorre após período de incubação de 10 a 90 dias. Manifesta-se por lesões na região genital. Dentro da lesão há exsudato esbranquiçado com quantidade gigantesca de bactérias e polimorfonucleares. A lesão é chamada de cancro duro. • O exsudato é altamente infectante – coletar material com luva • A cura é espontânea, já que o microrganismo (devido o tropismo) vai para outros locais do corpo e, assim, a lesão regride. Causa a manifestação da sífilis primaria, se multiplica e depois disso começa a invadir outros tecidos. Com isso os sintomas somem e a pessoa não busca avaliar. Enquanto isso ocorre a 8 BBPM V - Aline disseminação chegando na fase secundaria (sistêmica) SÍFILIS SECUNDÁRIA – MANIFESTAÇÃO SISTÊMICA: aparece de 6 a 8 semanas após as lesões primárias terem desaparecido. • Devido tropismo para o tecido subcutâneo, aparecem lesões disseminadas no corpo. • A cura também é espontânea. Mesma coisa da primaria. Após sumir ela entra na fase latente/inatividade SÍFILIS LATENTE: vai depender do estado imunológico do portador. • Pode evoluir para cura espontânea ou para sífilis latente persistente. • Ocorre até 10 anos após a lesão inicial • Nesse caso, para a mulher, pode ocorrer transmissão congênita, provocando alterações no filho como hepatoesplenomegalia, meningites. • Pode ocorrer neurosifilis • Grande parte dos infectados evoluem para sífilis terciária. Pode acontecer de 1 a 10 anos a partir da primária. • Caracterizada pela migração do Treponema para vários locais (fígado, ossos, cérebro). Ao acometer SNC, chama-se neurossífilis. CURSO DA SIFILIS NÃO TRATADA • Diagnostico – triagem de sífilis em gestante e na população geral. • Se é não tratada, ele possui o antígeno treponemico • O teste treponemico dá positivo até a pessoa tratar. Enquanto o não treponêmico pode diminuir o antígeno (conforme as fases – primaria, secundaria, terciaria) • LAMINA – visualização principalmente na primaria – EXSUDATO EXTREMAMENTE INFECTANTE. Porem ainda pode ser visto em lesões secundarias - exame direto • Ex testes: VDRL e FTA-ABS ➔ VDRL – não treponemico - realizado com antígeno de cardiolipina – e o treponema tem cardiolipina. É barato e rápido por isso é utilizado em triagem ➔ FTA-ABS – treponemico – utiliza o antígeno treponemico para o diagnostico Teste não treponêmicos: VDRL – triagem sorológica da sífilis e no acompanhamento e avaliação da eficácia do tratamento – rápida resposta confirmada pela queda de títulos Testes treponêmicos: FTA-Abs (anticorpo – mesmo a pessoa tratada ele pode dar positivo por causa do contato), Elisa, teste rápido Se der positivo o teste não treponemico (inespecífico) eu tenho que realizar o teste treponemico (teste de diagnostico – maior sensibilidade e especificidade) SOROLOGIA MANIFESTAÇÕES CLINICAS DA SÍFILIS CONGÊNITA • Manifestações de fase tardia – semelhante a sífilis terciaria (alterações osseas, surdez neurológica, defict de aprendizado e comprometimento nervoso) • 29% dos óbitos perinatais • 11 dos óbitos neonatais • 26% de natimortos 9 BBPM V - Aline PARTE 2 CHLAMYDIA TRACHOMATIS → É uma IST que causa infecção cervical → Apresenta afinidade por células do epitélio colunar → Alta frequência na população feminina (oligo ou assintomática) → É parasita intracelular obrigatório → É muito pequeno (parece uma areia na lâmina)- pode não corar muito bem → Cocos minúsculos gram negativos → Mais de 15 sorotipos associados a diversas patologias. Vamos focar na IST provocada pelos tipos L1, L2 e L3 (linfogranuloma venereo) • RN → 50% apresentam a conjuntivite de inclusão (adquirida durante a passagem no canal vaginal durante o parto). TRACOMA ENDÊMICO • tipo de conjuntivite porem com características especificas • CONJUNTIVITE GRANULOMATOSA – as cicatrizes produzem deformidades que evoluem para a retração da pálpebra entropio) e dos cílios (triquiase) • Não são todas as clamídias que tem essa manifestação clinica • Transmissão – contato com o sistema reprodutor e a mucosa ocular – coça, leva a mao contaminada 10 BBPM V - Aline OFTALMIA • Oftalmia neonatal é que esta associada a gonorreia, aqui é so oftalmia • É diferente da conjuntivite normal • Conjuntivite de inclusão – 5 a 19 dias após o parto; secreção mucopurulenta SÍNDROME DE REITER • Reação inflamatória em qualquer local do corpo com pre disposição genética (HLA B27) – articulações, olhos, ossos e genitais • Deformidades em articulações e lesões genitais pois a transmissão é via venérea • Pouco comum LINFOGRANULOMA VENÉREO • Importante – sinal patognomico exclusivo → É dividido em 3 fases 1. PRIMÁRIA: pápula pequena ou ulcera herpetiforme, poucos sintomas, cura espontânea (pelo tropismo da bactéria) sem formação de cicatriz 2. SECUNDÁRIA: bactériavai para os linfonodos mais próximos, causando inchaço (tanto pela multiplicação da bactéria quanto pelo sistema imune) chamado de linfadenopatia. → Um sinal patognomônico para essa doença é a formação do Sinal de Groove, um sulco entre os dois gânglios linfáticos inchados e não dolorosos a palpação. A pele é eritematosa – tecido que fica em cima – devido a migração dos leucócitos devido à inflamação. No interior desses gânglios, forma-se uma massa inflamatória, que pode extravasar. Pode haver sintomas sistêmicos de febre, cefaleia e mialgia. 3. TERCIÁRIA: hipertrofia granulomatosa crônica com ulceração nos gânglios e genital externos. A obstrução linfática pode produzir edema localizado. CICLO DE VIDA Duas fases distintas A) CORPO RETICULADO (CR): forma ativa da bactéria, não tem parede celular e é intracelular. Essa forma vai se multiplicar dentro da célula B) CORPO ELEMENTAR (CE): bactéria inativa, com parede celular e é extracelular (célula se rompe, liberando-as. 11 BBPM V - Aline CARACTERÍSTICAS DA INFECÇÃO → Período de incubação de 6 a 14 dias → 60 a 70% dos casos são portadores assintomáticos: o problema disso é que podem disseminar a IST para outros → Nos assintomáticos, podem haver ascensão, resultando em Doença Inflamatória Pélvica (DIP) com sequelas (infertilidade, gestação ectópica, dor pélvica) em até 30% dos casos → As manifestações da infecção de acordo com o grupo atingido: • Puérperas o Endometrite puerperal • RN o Durante o parto: conjuntivite de inclusão, pneumonia o Transmissão vertical: prematuridade, baixo peso, natimortos, abortos • Mulheres férteis o Síndrome uretral aguda: disuria, polaciúria (ir ao banheiro demais) e piuria (leucócitos na urina, mas urocultura dá negativo) ▪ Urina do paciente com ITU = branca = nata = excesso de leucócitos/pus ▪ com urocultura negativa, visto que a bactéria apresenta dificuldades para crescimento em meio de cultura. o Salpingite: maior risco de esterilidade e gestação ectópica ▪ acometer essas mulheres justamente pela ascensão da bactéria ao trato reprodutor alto/superior. ▪ Atinge as TROMPAS ▪ maior risco de esterilidade e gestação ectópica em mulheres portadoras de infecção prévia pela Chlamydia. o Cervicite: presença de muco amarelo e esverdeado. Ectopia cervical com edema e eritema acentuado; achado de 10 ou mais leucócitos no esfregaço da endocérvix ▪ Atipias relacionadas a reparação do processo infeccioso e ausência de vaginite Prevenção de complicações obstétricas → Exames laboratoriais de rotina durante gestação → Citologia esfoliativa: baixa sensibilidade, alta especificidade EXAME COPOCITOPATOLOGICO DA CLAMIDIA No papa Nicolau de uma ectocérvix normal, visualiza-se células escamosas intermediárias, algumas com coloração mais avermelhada, outras mais azulada. Células com um único núcleo, presença de alguns polimorfonucleares. • Observar a fresco excesso de polimorfonucleares e se há células superficiais ou intermediarias • Se superficiais ausentes= excesso de descamação – avaliar relação sexual previa ao exame Prevenção de complicações obstétricas • Exame laboratorial de rotina durante a gestação – coleta cuidadosa – endocérvix, uretra, urina • Quadro laboratorial – sorologia, cultura em células Mc COY, anticorpos monoclonais, detecção antigênica, biologia molecular • Citologia esfoliativa – baixa sensibilidade/alta especificidade, laparoscopia 12 BBPM V - Aline HAEMOPHYLUS DUCREYI Bacilos gram negativos, podendo as vezes apresentar a morfologia de coco bacilos devido ao tamanho tão pequeno. Sua transmissão é exclusivamente por contato sexual sem proteção e seu período de incubação é em torno de 3 – 10 dias. Trata-se do agente causador da infecção conhecida como cancro mole. PATOGÊNESE Após contato inicial a bactéria adere-se às células do epitélio e gera a formação de pápulas pequenas que progridem para a formação de úlceras – acometimento maior de tecido que pode até gerar sangramentos. Podem ser lesões únicas ou múltiplas (dolorosas, bordas irregulares, fundo necrótico com exsudato amarelo e fétido). Pode ocorrer o desenvolvimento de linfonodomegalia inguinal (somente o inguinal). Quando este linfonodo se encontra inchado, é chamado vulgarmente de bulbão, e dentro ocorre liquefação, podendo até formar uma fistulização por um orifício único. Isso pode ocorrer em 50% dos casos após 2 semanas. Uma característica da linfonodomegalia inguinal é o aumento do linfonodo de tal forma que chega a dificultar os movimentos das pernas para andar. É acompanhado de febre, dor de cabeça, fraqueza e mal estar generalizado. Uma das diferenças em relação a úlcera que aparece na sífilis é que as lesões causas na doença de cancro mole são muito dolorosas, bordas irregulares com fundo necrótico. Apresenta um exsudato amarelo e fétido. Na úlcera de cancro mole percebe-se exsudato inflamatório com conteúdo esbranquiçado e borda irregular. Na úlcera por sífilis há borda regular. O cancro mole é doloroso e o cancro duro/sifilítico indolor. Sintomas iniciais da infecção → febre, dor de cabeça, fraqueza e mal estar generalizado • Incubação → papula → pústula →ilceração → adenite satélite DIAGNÓSTICO É feito por coloração de gram. Entretanto, a cultura é muito difícil. São necessários meios de cultura enriquecido para o crescimento do H. ducreyi e compostos com pigmentos de ferro para que a bactéria incorpore e consiga se multiplicar. O diagnóstico baseia-se mais em sintomas e na probabilidade de ser exposto à infecção. MYCOPLASMA GENITALIUM / MYCOPLASMA HOMINIS E UREAPLASMA UREALYTICUM Mycoplasma e Ureaplasma não possuem distinção de parede celular no gram, pois são muito pequenos e altamente pleomórficos. Não possuem característica de invasão. Simplesmente colonizam a superfície das células por ligação a receptores específicos e produzem produtos tóxicos. 13 BBPM V - Aline No entanto, pode causar infecções graves. Como é o caso do MYCOPLASMA PNEUMONIAE, causador da pneumonia atípica (pneumonia do viajante) → transmissão por gotículas (2-3 semanas de incubação) → infecção no trato respiratório inferior → quadro autolimitado Já no trato genital, o Mycoplasma genitalium, M.hominis e o Ureaplasma ureolyticus estão associados ao desenvolvimento de uretrites não-gonocócica – inflamação da uretra não relacionada a Neisseria gonorrhoeae, DIP – não tão comum devido a não tão grande capacidade invasiva dessas bactérias, febre pós- parto, infertilidade, esterilidade, aborto espontâneo e a síndrome uretral aguda. GRAM +: azul GRAM -: rosa KLEBSIELLA GRANULOMATIS Causadora do granuloma venéreo. O gênero Klebsiella é uma enterobactéria, bacilos gram negativos. Anteriormente a bactéria era denominada danovania granulomatis e Calymmatobacterium granulomatis. Doença muito cobrada nas provas de residência com o nome antigo – donovanose. É caracterizada por formação granulomatosa no órgão genital. Apresenta um curso crônico, demorando muito para aparecer, em torno de 30 dias a 6 meses. O diagnóstico laboratorial é realizado através da pesquisa direta dos corpúsculos de Donovan, obtido através de esfregaço de biopsia da ulceração por punch e pela biopsia realizada na ulceração DIAGNÓSTICO Devido a formação de uma massa de tecido, realiza-se uma biópsia do mesmo. No interior de mononucleares – monócitos, encontraremos pequenos bacilos, o que é chamado de corpúsculos de Donovan. A lâmina a seguir é uma coloração com HE da biópsia. GARDNERELLA VAGINALLIS É a principal bactéria envolvida no processo de vaginoses bacterianas, acomete muitas mulheres – casais homoafetivos. É um bacilo pleomórfico e gram-variável. Como não tem sinal de inflamação,é utilizado o termo vaginose ao invés de vaginite. Antigamente e por apresentar gram-variável era classificada no gênero do Haemophylus, como nome de Haemophylus vaginallis. No entanto, viu-se que ela era diferente que as bactérias deste gênero e criou-se então a Gardnerella. 14 BBPM V - Aline É a causa mais comum de ardor e corrimento vaginal anormal. Na microbiota vaginal normal há predomínio de lactobacillus e estes mantem a homeostasia da região adequado, como o pH. Pode acontecer destes lactbacillus serem substituídos por outras bactérias que normalmente estão presentes em menor concentração na vagina. Isso é chamado de ‘’mistério ecológico’’, como é que esses lactobacillus são substituídos pela Gardnerella? Mesmo sendo um mistério, é também atribuído a múltiplos parceiros sexuais sem proteção fazendo com que a bactéria se instale e altere a microbiota vaginal. A Gardnerella pode aturar sinergicamente com outras bactérias, produzindo um corrimento fétido. FATORES DE RISCO • Múltiplos parceiros sexuais sem proteção • relação sexual com um novo parceiro sem proteção, • tabagismo – por conta das modificações que este causa na corrente sanguínea • excesso de duchas vaginais • uso de DIU – que acaba modificando o microambiente uterino. Durante a gestação a vaginose por Gardnerella vaginalis está associada a partos prematuros, ruptura prematura da placenta e infecções uterinas no pós-parto. PRESENÇA DE CLUE CELLS: BACTÉRIAS ADERIDAS ÀS CÉLULAS Por ser uma bactéria muito pequena acaba ficando aderida às células epiteliais normais. Na imagem acima, temos uma célula mais rósea normal, e uma mais à esquerda com um aglomerado bacteriano em cima da célula, o que chamado de clue cells e é indicativo de vaginose por gardnerella vaginalis. BACILOS DE DODERLEIN Bacilos gram positivos. Os lactobacillus tem a característica de serem grandes de cumpridos. Os bacilos de Doderlein são os lactobacillus acidophilus a qual possuem uma função crucial na microbiota da região vaginal, mantendo o pH mais ácido. O pH mais ácido auxilia no combate de bactérias potencialmente patogênicas, visto que cada bactéria se encontra acostumada com um pH. Neste sentido, a diminuição do pH vaginal facilita a degradação de bactérias que poderiam inseridas no ambiente de microbiota vaginal. O pH é mantido ácido por meio da conversão de glicogênio a ácido lático, portanto, a presença do l. acidophilus é algo muito benéfico por manter este equilíbrio do ambiente vaginal. 15 BBPM V - Aline
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