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Cássia Mendes Ataide - UFMS Bactérias potencialmente patogênicas aos Tratos Reprodutores Feminino e Masculino IMUNIDADE DAS MUCOSAS Diferenças entre a imunidade de mucosa no trato urogenital feminino e masculino → evitar infecções Trato reprodutor feminino (TRF): apresenta maior quantidade de tecido mucoso, portanto a rede imune é mais complexa, além do seu papel na proteção da mãe (ISTs) e do desenvolvimento do feto durante a gestação Além desta proteção, a rede imune no TRF sofre influência de eventos fisiológicos, como a fertilização (associada a espermatozoides imunogênicos), extensas alterações hormonais e gestação → várias estruturas organizadas na proteção O EPITÉLIO DO TRP Reparar na diferença de disposição das células → a presença de células imunológicas também se dará de forma diferente Região da vagina (quantidade maior de células) → rede de tecido linfoide mais vasta → MALT (tecido linfoide associado a mucosa) Barreira física protetora contra patógenos Células epiteliais (TLRs identificam PAMPs) → produzir citocinas e quimiocinas → atraem ou ativam células inatas e adaptativas → citocinas pró-inflamatórias Ativação da resposta imunológica - TLR4 - reconhece LPS - TLR5 - reconhece flagelina - TLR3 - reconhece a fita dupla de RNA viral → Imunidade inata no TRF Células produzem peptídeos antimicrobianos como defensina, antileucoproteinase, lactoferrina e lisozima A secreção de peptídeos antimicrobianos sofre influência hormonal durante o ciclo menstrual - São liberados nos momentos de maior vulnerabilidade (pouco antes da ovulação e no final do ciclo menstrual) Ocorre maior produção desses peptídeos durante o trabalho de parto (através da liberação de citocinas) → Imunoglobulinas no TRF Células B plasmáticas (camada epitelial basolateral) → secretam ativamente IgA em resposta à estimulação → transporte de IgA através da camada epitelial - Esse transporte é afetado pelo estrogênio e progesterona → a transcitose por IgA nestes momentos coincide com períodos potenciais de maior vulnerabilidade à infecção O endocérvix possui alto nível de produção de imunoglobulinas → prevenção de patógenos que entram no trato reprodutivo superior Cássia Mendes Ataide - UFMS → Células dendríticas e macrófagos no TRF DC: importante para o início da resposta imune adaptativa e manutenção da homeostase Macrófagos: encontrados ao longo do trato urogenital - Fagocitose + remodelamento - Regulação da resposta imune → liberação de IL-10 → Células NK no TRF NK (70%): funções de citotoxicidade celular dependente de anticorpos e produção de IFN-gama Associada a várias patologias, incluindo abortos e pré- eclâmpsia Além do controle de agentes infecciosos, as NK são frequentes nos estágios iniciais da gestação, ao redor do trofoblasto → proteger os tecidos fetais da resposta imune materna e proteger o feto de doenças infecciosas As células NK são rigorosamente reguladas durante a gestação - Após a implantação e formação dos trofoblastos, ocorre uma mudança na expressão de MHC da célula - Expressão de MHC de classe I HLA-G (expressa por trofoblastos) → inibe citotoxicidade das células NK (ajudando na implantação do feto), auxilia no desenvolvimento placentário e na vascularização → Células T e imunidade adaptativa no TRF São encontrados ambos linfócitos Th CD4+ e TH CD8+ Devido a falta de estruturas linfoides bem organizadas (linfócitos poderiam se agrupar), as células T estão dispersas em toda lâmina própria do sistema reprodutor → áreas mais vulneráveis às infecções TRATO UROGENITAL MASCULINO Em comparação com o TRF, as células estão em menor quantidade devido a menor quantidade de mucosas MALT: barreira física protetora contra patógenos e células epiteliais, com reconhecimento via TLRs Produção de peptídeos antimicrobianos: defensinas, antileucoproteinases, lactoferrinas e lisozimas Células B plasmáticas que secre tam ativamente IgA Células dendríticas, macrófagos e células NK (função mais relacionada com a citotoxicidade) Linfócitos Th CD4+ e Th CD8+ → resposta a infecções MANUTENÇÃO DA TOLERÂNCIA EM RELAÇÃO AO FETO A resposta imunológica deve ser firmemente regulada → tecido imunologicamente diferenciado - Está preparado para combater infecções e também, após a implantação dos tecidos embrionários, sofre alterações Feto é considerado semi-alogênico (possui antígenos paterno e materno) - Antígeno paterno poderia ser reconhecido e destruído no TRF Linfócitos gerados pela mãe são capazes de reconhecer o feto como estranho, mas ao invés de reagir de maneira inflamatória, eles tornam-se tolerantes Durante a fase de pré-implantação, o blastocisto em desenvolvimento e o trofoblasto são protegidos do sistema imunológico materno pela zona pelúcida O mecanismo de tolerância envolve sinais fornecidos por ambos (feto e tecido materno), principalmente pela placenta (endométrio recebe vários sinais → provoca um microambiente tolerogênico) Cássia Mendes Ataide - UFMS - Toda a rede presente na mucosa passa a ser tolerante aos tecidos embrionários A resposta imune também se inclina mais para a resposta do tipo Th2 ao invés da resposta imunopatogênica Th1 (grande ativação de macrófagos e NK) BACTÉRIAS Streptococcus Cocos Gram+ em cadeias, catalase-negativos São nutricionalmente exigentes (ágar-sangue e caldo nutriente com glicose) Anaeróbios facultativos Ocorrem em pares ou cadeias Microbiota normal: vias aéreas superiores, boca e trato intestinal, reprodutor Grupo heterogêneo (A-H e K-V / parede celular) → 20 grupos sorológicos Carboidrato C (variações na composição) FATORES DE VIRULÊNCIA - Streptococcus grupo B Tropismo para SNC → receptores na membrana desses Streptococcus Fatores que diminuem a resposta do sistema complemento, facilitando a invasão de células epiteliais - Não há formação de MAC Receptores de superfície que facilitam a invasão de cels endoteliais, principalmente da vagina e endocérvix → fator importante para a S. agalactiae Pili → formação de biofilme – agregados bacterianos que facilitam a evasão da resposta imunológica, principalmente da inata (resistem à fagocitose e ativação de macrófagos, ajudam na penetração da barreira hematoencefálica) Demais fatores: aderência, adesão, colonização do epitélio vaginal Cássia Mendes Ataide - UFMS Na mulher, a S. agalactiae pode fazer parte da microbiota do trato respiratório superior, trato intestinal baixo e vagina, de modo que 5 a 40% das gestantes podem estar colonizadas. Isso é um problema, porque como ocorre o processo de tolerância descrito anteriormente, durante a gestação, ocorre ao mesmo tempo uma diminuição do reconhecimento de antígenos, facilitando a proliferação das bactérias e, assim, provocando infecções graves no recém-nascido. São reconhecidas como causadoras da Sepse puerperal e Infecções neonatais ou perinatais (bacteremia, pneumonia e meningite no RN). A maior parte são Beta- hemolíticos. Podem causar uma colonização assintomática em mulheres e causar infecções graves em recém-nascidos PATOGÊNESE Microambiente de tolerância leva à colonização reto- vaginal materna, ocasionando o rompimento de membranas placentárias e facilitando a colonização fetal (adere epitélio vaginal, placenta, células epiteliais da boca e faringe, epitélio e endotélio alveolar) Há evidências que o S. agalactiae pode entrar na cavidade amniótica mesmo através da placenta íntegra, levando a infecções fulminantes do feto A aspiração do líquido amniótico contaminado pode levar a bactéria aos alvéolos pulmonares, estimular sua endocitose e ter acesso a corrente sanguínea DIAGNÓSTICO DO S. AGALACTIAE → Teste do Fator CAMP Baseado na detecção do fator CAMP, produzido por essa bactéria,a qual potencializa a ação hemolítica da beta-lisina presente no S. aureus. Dessa forma, quando as duas bactérias são semeadas sob a forma de estrias perpendiculares em placas de ágar sangue, surge uma área reforçada de beta-hemólise → se não formar a área reforçada, trata-se de outro Streptococcus Obs: S. pyogenes (grupo A) é CAMP negativo. Neisserias: diplococos Gram-, mais achatados nas laterais, oxidase positivos e catalase positivos (exceto N. elongata) O gênero Neisseria contém dois importantes patógenos humanos: - Neisseria meningitidis: causa principalmente meningite e miningococemia. - Neisseria gonorrhoeae A Neisseria gonorrhoeae (gonococo) causa gonorreia, conjuntivite neonatal (oftalmia neonatal) e doença inflamatória pélvica (DIP) → período de incubação de 2 a 8 dias FATORES DE VIRULÊNCIA 1. Adesinas: faz com que as bactérias fiquem ancoradas mais tempo no epitélio, facilitando sua penetração nos tecidos epiteliais mais internos 2. Capacidade de captar plasmídeos no meio extracelular. Portanto, pode adquirir traços genéticos de resistência a antibióticos de Cássia Mendes Ataide - UFMS eventuais bactérias resistentes presentes naquele meio 3. Porinas: induz formação de vários poros nas células hospedeiras, facilitando a passagem de nutrientes e produtos metabólicos, facilitando sua própria penetração e impedindo a formação do fagolisossomos pelo macrófago 4. LOS: endotoxina presente na parte externa que provocará danos celulares, induzindo a produção de TNF, proteases e fosfolipase que ocasionará danos ao epitélio 5. IgA protease: quebra esse tipo de anticorpo que está bastante presente na mucosa PATOGÊNESE Contato sexual causa a infecção no trato urogenital. Começa pela aderência ao epitélio, progredindo para um contato mais íntimo que permitirá a sua endocitose. Quando ela chega às camadas mais internas do epitélio, poderá ser fagocitada. Porém, como possui fatores de virulência que permite sua evasão da fagocitose, ela será capaz de desencadear uma resposta inflamatória muito grande e intensa migração leucocitária (LOS, porinas, adesinas etc.). Isso causará uma descamação do epitélio e formação de microabcessos e exsudato No homem, acontece um processo inflamatório agudo e piogênico chamado uretrite → descarga purulenta, principalmente matinal Na mulher, ocorre uma cervicite que, no início, pode ser assintomática, progredindo para uma DIP. Por fim, em recém-nascidos pode causar uma oftalmia neonatal CARACTERÍSTICAS DA INFECÇÃO Colonização do trato urogenital, nasofaringe e reto → raramente invade a corrente sanguínea - Nasofaringe: manchas avermelhadas no palato e na parte mais interna da garganta → no reto, as lesões são parecidas Facilita a transmissão do HIV - lesões no epitélio (1ª camada de proteção) e quebra de IgA - O processo inflamatório local atrai infiltrado leucocitário e acaba atraindo linfócitos (alvo do vírus) Manifestações clínicas nas mulheres Normalmente assintomático → quando sintomático, ocorre infecção na endocérvix (presença de mucosa) Corrimento vaginal e disúria Após anos de infecção, pode-se observar casos de infertilidade, salpingite e DIP Manifestações clínicas em homens Descarga purulenta, com grande número de bactérias e leucócitos Pode se espalhar para próstata, vesícula seminal e epidídimo se não for tratada → estenose (estreitamento dos ductos) e infertilidade Manifestações clínicas em RN de parto normal de mãos com gonorreia: oftalmia neonatal → 1 gota de nitrato de prata a 1% DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: → Coleta de amostra (homens – exsudato que está saindo; mulheres – coletar swab) que é colocada em meio de cultura e realização de coloração Gram - Em homens que têm sintomas característicos (descarga purulenta) e presença de diplococos Gram- no interior de PMN (polimorfonucleares) o diagnóstico é já presuntivo - Em mulheres pode ser falso negativo. Portanto, para mulheres, deve-se realizar meio de cultura em ágar chocolate + atmosfera de CO2 e, posteriormente, realizar outros testes laboratoriais Quando se diagnostica um indivíduo que tem relação conjugal, é necessário realizar o tratamento concomitante do companheiro(a), pois este pode apresentar a bactéria e ainda ser assintomático, perpetuando a transmissão entre eles RESISTÊNCIA ANTIBIÓTICA Algumas cepas são resistentes à antimicrobianos. Essa resistência se deve, principalmente, ao uso indevido de agentes antimicrobianos, como: - Tratamento com dosagem sub-inibitória (não letal para todas as bactérias) - Curso incompleto da terapia - Droga errada - Uso contínuo/prolongado Todos esses fatores ocasionam uma pressão seletiva, selecionando cepas mutantes resistentes Cássia Mendes Ataide - UFMS Membros da microbiota oral de indivíduos sadios e podem estar associados a biofilme e periodontites Morfologia alongada e helicoidal TREPONEMA PALLIDUM SUBSP. PALLIDUM Parasita intracelular, agente etiológico da sífilis venérea Apresenta baixa variabilidade genética, com alguns polimorfismos conhecidos Enfermidade infecciosa sistêmica e de evolução crônica Alterna períodos de atividade e aparente, com características clínicas, imunológicas e histopatológicas EPIDEMIOLOGIA A sífilis é uma DST sistêmica, tem o homem como seu único hospedeiro e apresenta 3 fases: primária, secundária e terciária A população sob maior risco são homens e mulheres de menor nível socioeconômico, usuários de drogas e pessoas com comportamento sexual de risco IMUNOPATOGÊNESE E FATORES DE VIRULÊNCIA Grande capacidade de evasão da resposta imune e patogênese pouco conhecida decido a dificuldade de seu cultivo A penetração ocorre via mucosa ou pele lesionada Período de incubação: aproximadamente 3 semanas FASES DA INFECÇÃO PELO TREPONEMA PALIDUM → Sífilis recente – até um ano - Sífilis primária - Sífilis secundária - Sífilis recente → Sífilis tardia – mais de um ano - Sífilis latente tardia - Sífilis terciária Treponema se interage com as células epiteliais da mucosa, favorece a liberação de mucopolissacaridase e, assim, facilita a penetração para os tecidos mais internos → período de incubação de 10-90 dias Manifestação da sífilis primária → lesões na região genital - Cancro duro com exsudato (central) altamente infectante Como a bactéria migra para outros tecidos, a lesão desaparece → sífilis secundária se instala geralmente de 6-8 semanas após a lesão primária desaparecer - Manchas distribuídas no tronco, palma da mão, dorso → regridem Sífilis latente depende do estado do portador ✓ Cura espontânea ✓ Sífilis latente persistente: ação do sistema imunológico no controle da proliferação bacteriana; transmissão congênita (meningites, hepatoesplenomegalia, etc); neurossífilis ✓ Sífilis terciária (1-10 anos após a lesão inicial) → migração do treponema para vários órgãos: fígado (hepatomegalia), coração, ossos, cérebro Neurossífilis: convulsão, alteração do estado de humor, etc FATOR DE VIRULÊNCIA Mucopolissacaridase: interação das células epiteliais induz liberação de mucopolissacaridase, a qual quebra as zonas de aderência entre as células epiteliais Cássia Mendes Ataide - UFMS DIAGNÓSTICO Microscopia → Microscopia direta em campo escuro → Imunofluorescência direta (fases sintomáticas) Sorologia → Testes não-treponêmicos VDRL (triagem) Tituláveis - seguimento → Testes treponêmicos FTA-Abs TPHA Teste rápido (permanecem positivos) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA SÍFILIS CONGÊNITA Manifestações de fase tardia, semelhante à sífilis terciária: alterações ósseas, surdez neurológica, déficit no aprendizado, comprometimento nervoso 20% de óbitos perinatais, 11% de óbitos neonatais, 26% natimortos Trata-se de um parasita intracelular obrigatório →cocos minúsculos; Gram- Considerada uma IST que causa infecção cervical em torno de 15%. Essa bactéria possui receptores com afinidade para se aderir e penetrar nas células do epitélio colunar (camada mais interna) Possui alta frequência na população feminina, podendo ser oligossintomática ou assintomática. Em recém- nascidos, 50% apresentam conjuntivite de inclusão adquirida durante a passagem no canal vaginal durante o parto O gênero da clamídia apresenta mais de 15 sorotipos, associados a diferentes patologias. Tracoma endêmico: conjuntivite granulomatosa A proliferação bacteriana forma cicatrizes as quais produzem deformidades que evoluem para a retração da pálpebra (entrópio) e dos cílios (triquíase) Oftalmia: conjuntivite de inclusão (5 a 19 dias após o parto) Ocorre pela passagem do RN pelo canal vaginal durante o parto → secreção mucopurulenta Síndrome de Reiter: reação inflamatória em qualquer local do corpo, relacionada não somente com a infecção pela Clamidia trachomatis, mas também com pré-disposição genética (expressão HLA B27 → maiores chances de desenvolver a síndrome após a infecção). Acomete principalmente, articulações, olhos ossos e genitais. Cássia Mendes Ataide - UFMS Linfogranuloma venéreo – dividido em 3 fases: → Fase primária: pápula pequena (3-30 dias) ou úlcera herpetiforme; poucos sintomas, com cura espontânea sem formação de cicatrizes (tropismo para outras regiões) → Fase secundária: ocorre o tropismo da bactéria para os linfonodos mais próximos do trato reprodutor, onde se instala para se reproduzir. Isso leva ao inchaço dos linfonodos (principalmente os inguinais e femorais), não somente pela proliferação bacteriana, mas também por conta da resposta imunológica (expansão clonal de linfócitos, maturação rápida de leucócitos). Os gânglios linfáticos inchados não são dolorosos, são recobertos por pele eritematosa e ficam separados por um sulco que caracteriza o sinal patognomônico da doença (sinal de Groove - separa os gânglios). - No interior dos gânglios, forma-se uma massa inflamatória que pode evoluir para abcessos e até fístulas - Febre, cefaleia e mialgia → Fase terciária: ocorre hipertrofia granulomatosa crônica que pode gerar a fistularização dos gânglios inchados, causando rompimento e ulceração, tanto ao redor dos gânglios, quanto no órgão genital. Pode ocorrer também uma obstrução linfática, o que causará um edema localizado CICLO DE VIDA A. Corpo reticulado (CR): ativa, sem parede celular e é intracelular B. Forma intermediária C. Corpo elementar (CE): inativa, com parede celular e é extracelular FISIOPATOLOGIA DA INFECÇÃO Forma infectante (corpúsculo elementar) adere a parede do epitélio, pelo reconhecimento do receptor específico no epitélio colunar e ocorre a fagocitose para o interior dessa célula, formando um fagossomo A bactéria consegue se evadir da ação do lisossomo, por meio da diferenciação em corpúsculo reticular → começa rapidamente a se reproduzir no interior da célula hospedeira por divisão binária, com consumo de ATP e aminoácidos essenciais O corpúsculo reticular se condensa e se diferencia novamente no corpúsculo elementar → quando a célula hospedeira se romper, essa forma bacteriana, que possui parede celular, estará protegida para reiniciar o ciclo de infecção CARACTERÍSTICAS DA INFECÇÃO Período de incubação entre 6 e 14 dias 60 a 70% dos casos são assintomáticos com infecção no trato reprodutor inferior (TRI) → são os principais propagadores da bactéria Portadores assintomáticos com infecção no TRI podem ter ascensão da infecção, resultando em Doença Inflamatória Pélvica → sequelas em até 30% dos casos, dor pélvica crônica e gestação ectópica - Sequelas: infertilidade, salpingite As manifestações clínicas da infecção por Chlamydia trachomatis vai depender do público-alvo: ✓ Puérperas → endometrite puerperal ✓ Recém-nascido → conjuntivite de inclusão (50%), pneumonia (18%) - Transmissão vertical: prematuridade, baixo peso, natimortos, abortos ✓ Mulheres férteis → síndrome uretral aguda: disúria, polaciúria (micção frequente anormal), piúria (presença de leucócitos, portanto com a urocultura negativa); salpingite; maior risco de esterilidade e de gestação ectópica; cervicite - presença de muco amarelo/esverdeado; ectopia cervical com edema e eritema acentuado; achado de 10/+ leucócitos no esfregaço da endocérvix; atipias relacionadas à reparação do processo infeccioso; ausência de vaginite (possui tropismo pelo epitélio colunar - mais interno) Exame preventivo (Papa Nicolau): - Ectocérvice normal: céls escamosas superficiais e intermediárias, basofílica ou eosinofílicas; presença de alguns polimorfonucleares Cássia Mendes Ataide - UFMS ESTRATÉGIAS PARA PREVENÇÃO DAS COMPLICAÇÕES OBSTÉTRICAS Exame laboratorial de rotina durante a gestação → coleta cuidadosa do endocérvix, uretra e urina Quadro laboratorial - Sorologia - Cultura em células Mc COY (grandes centros) - Anticorpos monoclonais - Detecção antigênica - Biologia molecular Citologia esfoliativa: baixa sensibilidade, alta especificidade Laparoscopia (suspeita de DIP ou salpingite por clamídia) - Bacilos gram-negativos pequenos - Transmissão sexual exclusiva - Período de incubação (3 a 10 dias) - Infecção conhecida por cancro mole PATOGÊNESE DA DOENÇA Ocorre a aderência da bactéria ao epitélio, gerando formação de pápulas, as quais progridem para uma úlcera → essas lesões podem ser únicas ou múltiplas: dolorosas, bordas irregulares com fundo necrótico e exsudato amarelo e fétido Além disso, pode ocorrer linfonodomegalia inguinal (bulbão), dentro do qual começa ocorrer liquefação e fistulização por orifício único (50% dos casos). Após 2 semanas ocorre aumento expressivo do bulbão, podendo dificultar os movimentos das pernas ao andar Sintomas iniciais da infecção: febre, dor de cabeça, fraqueza e mal-estar generalizado Incubação → pápula → pústula → ulceração → adenite satélite DIAGNÓSTICO Coloração de Gram Cultura: difícil cultivo, meios de cultura enriquecidos e compostos por pigmentos de ferro Cancro mole Cancro duro/sifilítico Exsudato Exsudato BORDA IRREGULAR BORDA REGULAR Mycoplasma pneumoniae, Mycoplasma genitalium, Mycoplasma hominis e Ureoplasma urealyticus Não possuem distinção de parede celular no Gram, são muito pequenos e altamente pleomórficos Não são invasivos, colonizam a superfície de células por ligação a receptores específicos e produzem produtos tóxicos M. pneumoniae: pneumonia atípica (viajante) - transmissão por gotículas, 2-3 semanas de incubação e infecção no TRI → geralmente o quadro é autolimitado Infecção no trato genital: Mycoplasma genitalium, M. hominis e Ureoplasma ureolyticus Uretrites não-gonocócica, DIP (pouco comum), febre pós-parto, síndrome uretral aguda, infertilidade, esterilidade, aborto espontâneo Bacilo Gram-, anteriormente denominada Donovania graulomatis e Calymmatobacterium granulomatis Doença granulomatosa de evolução crônica Não confundir com linfogranuloma venéreo - clamídia Período de incubação: 30 dias a 6 meses Pouco frequente, mas ocorre em climas tropicais e subtropicais Conhecida como donovanose → granuloma venéreo ou inguinal Formação de úlceras no início DIAGNÓSTICO Biópsia: presença de corpos intracitoplasmáticos em mononucleares (corpúsculos de Donovan) Pequeno bacilo pleomórfico e Gram variável Síndrome clínica denominada vaginose bacteriana - Principal bactéria envolvida no processo de vaginoses - Como não há sinal de inflamação, o termo vaginose é preferido em vez de vaginite Previamente classificada como Haemophylus vaginalis Cássia Mendes Ataide - UFMS Causa mais comum de ardor e corrimento vaginal anormal Normalmente, as bactérias Lactobacillussão substituídas por outros tipos de bactérias que normalmente estão presentes em menor concentração na vagina → “mistério ecológico” - Lactobacillus estão na microbiota normal e mantêm a hemostasia da região vaginal (pH) Atua sinergicamente com outras bactérias → corrimento fétido Fatores de risco: múltiplos parceiros sexuais, relação com um novo parceiro sem proteção, tabagismo, ducha vaginal e uso de DIU Durante a gestação, está associada a parto prematuro, ruptura prematura de placenta e infecções uterinas no pós-parto Presença de “clue cells” → bactérias aderidas às células Bacilos Gram+ Lactobacillus acidophilus → manter o pH vaginal ácido, por meio da conversão de glicogênio em ácido lático - pH mais baixo auxilia no combate a possíveis bactérias potencialmente patogênicas
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