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DESCRIÇÃO Abordagem dos principais pontos sobre os sistemas de tributação do lucro no Brasil, a saber: Lucro Real, Lucro Presumido e Lucro Arbitrado. PROPÓSITO Compreender a importância da tributação sobre o lucro e o seu impacto no gerenciamento econômico e financeiro das empresas, bem como conhecer os principais tributos e terminologias utilizados pela contabilidade a fim de gerenciar, de forma eficaz e eficiente, os tributos de uma empresa, minimizando, assim, os valores a serem recolhidos de tributos, e maximizando seus lucros. PREPARAÇÃO Antes de iniciar o estudo deste conteúdo, tenha em mãos um aplicativo de planilha eletrônica (Excel) e uma calculadora, pode ser a do seu smartphone/computador. OBJETIVOS MÓDULO 1 Definir os principais conceitos da tributação sobre o lucro no Brasil e suas formas de apuração MÓDULO 2 Identificar as diferentes formas de se calcular o Imposto de Renda, a fim de se criar um planejamento tributário eficaz MÓDULO 3 Reconhecer as obrigações principais e acessórias relacionadas aos tributos sobre o lucro, bem como a contabilização e os livros contábeis INTRODUÇÃO Neste conteúdo, abordaremos como as empresas usam o gerenciamento de tributos sobre o lucro para tomarem a melhor decisão sobre como escolher qual regime de apuração mais adequado para suas operações, e como as regras contábeis se aplicam à contabilidade tributária sobre o lucro. Discutiremos sobre obrigações principais e acessórias relacionadas aos tributos sobre o lucro. MÓDULO 1MÓDULO 1 Definir os principais conceitos da tributação sobre o lucro no Brasil e suas formas de apuração PRINCIPAIS CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Neste conteúdo, vamos aprofundar nos tributos sobre o lucro e em como eles podem ser gerenciados, a fim de diminuir os tributos sobre a empresa e aumentar suas margens de lucros. Isso nos leva a um ponto importante: existe diferença entre evasão fiscal e elisão fiscal. EVASÃO FISCAL Caso uma empresa não registre parte de suas vendas, não emitindo nota fiscal, a fim de não pagar imposto, temos um caso de evasão fiscal, punível como crime na legislação brasileira. ELISÃO FISCAL Porém, se uma empresa decide utilizar a legislação, a fim de diminuir sua carga tributária ao se aproveitar de provisões legais que existem para tal, temos um caso de elisão fiscal, sendo algo completamente legal e que as empresas devem fazer com o intuito de serem mais eficientes em suas operações. Neste módulo, abordaremos os principais conceitos e formas de apuração dos tributos sobre o lucro, bem como os tributos sobre a receita que são afetados pela escolha do regime de apuração, a saber: PIS e COFINS. CONCEITOS E FORMAS DE APURAÇÃO Diferentemente de outros tributos que possuem um fato gerador mais objetivo, tal como o ICMS, que é a venda de mercadorias; ISS, que é a venda de serviços, ou IPVA, que é a propriedade de veículos, o fato gerador dos tributos sobre o lucro é mais subjetivo: a obtenção de lucro no período. O lucro, assim como diversos conceitos contábeis, é algo subjetivo e pode ser manipulado dentro das regras contábeis sem se infringir os princípios. Tal prática é chamada de gerenciamento de resultado. A Receita Federal, portanto, emitiu regras para que certas despesas contábeis não fossem tão discricionárias quanto as regras contábeis permitem. Um exemplo é a depreciação, que só é permitida para fins tributários de acordo com tabelas especificadas pela Receita Federal. Para fins de simplificação, neste conteúdo, consideraremos que o tributo sobre o lucro incide sobre o lucro contábil, sem os ajustes que devem ser feitos para fins tributários. No Brasil, temos dois principais tributos sobre o lucro, o primeiro é o Imposto de Renda, que é cobrado tanto de pessoas físicas quanto de pessoas jurídicas. O Imposto de Renda de Pessoas Físicas, como incide sobre as pessoas físicas e não sobre as organizações (pessoas jurídicas), não será abordado neste conteúdo, onde iremos focar no Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ), que é alvo do processo de decisão do gerenciamento tributário das empresas. Imagem: Shutterstock.com O Imposto de Renda é de competência exclusiva da União, de acordo com o art. 153, III, da Constituição Federal. De acordo ainda com o art. 43 do Código Tributário Brasileiro, inciso I, “o fato gerador do IRPJ é aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos”, ou ainda, segundo inciso II, “proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior”. Imagem: Shutterstock.com ALÍQUOTA DO IMPOSTO DE RENDA DE PESSOAS JURÍDICAS A alíquota do Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas é de 15% para lucros de até R$20.000,00/mês, com adicional de 10% para lucros superiores a R$20.000,00 por mês. Por isso, convenciona-se dizer que a alíquota de IRPJ para empresas de médio e grande porte é de 25%. Além do Imposto de Renda, o outro principal tributo sobre o lucro é a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), instituída pela Lei 7.689/1988, que, conforme explicitado em seu art. 1º, criou a “contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas, destinada ao financiamento da seguridade social”. Além disso, de acordo com seu art. 2º: “A base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda”, o que torna a base de cálculo praticamente igual ao IRPJ. Imagem: Shutterstock.com ALÍQUOTA DE CSLL A alíquota de CSLL é de 9% para a maioria das empresas dadas, algumas exceções, como as pessoas jurídicas de seguros privados, das de capitalização e das referidas nos incisos I a X do § 1º do art. 1º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001, que pagam 15% de CSLL. As empresas que esses incisos se referem são as seguintes: Bancos de qualquer espécie Distribuidoras de valores mobiliários Corretoras de câmbio e de valores mobiliários Sociedades de crédito, financiamento e investimentos Sociedades de crédito imobiliário Administradoras de cartões de crédito Sociedades de arrendamento mercantil Cooperativas de crédito Associações de poupança e empréstimo Como se pode notar, essas empresas são todas do mercado financeiro, que pagam 15% de CSLL ao invés de 9%. Essas empresas pagavam 17% (no caso das cooperativas de crédito) e 20% (demais casos) até 2015, quando foram desoneradas e passaram a pagar 15% de CSLL, com efeitos a contar a partir do ano de 2019. Neste conteúdo, iremos usar a alíquota de 9%, que é a alíquota que empresas não-financeiras pagam. Portanto, na soma de IRPJ e CSLL, convenciona-se dizer que os impostos sobre o lucro no Brasil são de 34% sobre o valor dos lucros apurados anualmente por pessoas jurídicas. Além desses dois principais impostos sobre o lucro, também existem dois impostos que possuem formas de apuração atreladas ao IRPJ/CSLL, que são o PIS (Programa de Integração Social) e a COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social), que possuem, respectivamente, alíquotas de 1,65% e 7,6% sobre o valor da receita líquida da empresa – vendas menos custo de compra de produtos, no caso de revenda. Os regimes de incidência da Contribuição para o PIS e da COFINS foram criados em dezembro de 2002 e fevereiro de 2004, respectivamente. O dispositivo legal da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa é a Lei nº 10.637/2002, e, no caso da COFINS, a Lei nº 10.833/2003. Todas as alíquotas que mencionamos neste tópico são referentes ao Lucro Real, ou seja, quando a empresa apura o lucro e faz o recolhimento dos impostos sobre os lucros. No próximo item, falaremos sobre as formas de apuração, já que existem três formas de se apurar o IRPJ/CSLL/PIS/COFINS, que são: Real, Presumido e Arbitrado. REGIMES DE APURAÇÃO Os regimes de apuração, conforme abordado anteriormente são três: Real, Presumido ou Arbitrado. No tópico anterior, já falamos um pouco de regime Real, que entraremos emmais detalhes agora. REGIME DE LUCRO REAL Neste regime, a empresa apura o lucro de forma real, como o seu próprio nome diz, e paga os seus tributos como um cálculo direto de seu lucro. A vantagem se dá, pois, se a empresa obteve prejuízo, ela não pagará IRPJ nem CSLL, uma vez que não incorreu no fato gerador (embora tenha de pagar PIS e COFINS, conforme veremos no próximo módulo). Além disso, se ela teve prejuízo em um ano e lucro no outro, ela pode compensar até 30% de seu prejuízo no ano. EXEMPLO Se a empresa teve prejuízo de 900 mil em um ano e lucro de 1 milhão no ano seguinte, ela pagará IRPJ/CSLL apenas sobre 730 mil reais, e não sobre 1 milhão (730.000 = 1.000.000 - 0,3 x 900.000). Já no cálculo de PIS/COFINS, no Lucro Real, as alíquotas são de 1,65% (PIS) e 7,6% (COFINS), com a possibilidade de se usar o crédito das compras. Tal regime de apuração do PIS e da COFINS é conhecido como regime não cumulativo. EXEMPLO Se uma empresa revende uma mercadoria por R$300,00 que ela comprou por R$100,00 ela vai recolher PIS/COFINS sobre R$200,00 e não sobre os R$300,00 da venda. Além de empresas com históricos de prejuízos, empresas com margens de lucro pequenas ou muito voláteis também se favorecem com o Lucro Real, pois terão valores menores de tributos para pagarem. A principal desvantagem desse regime é para empresas com margens muito grandes, que se beneficiariam do regime Presumido, além de ser muito mais custoso para se calcular, pois a contabilidade deve ser muito mais precisa e detalhada, a fim de se calcular o valor do lucro de acordo com as legislações tributárias. REGIME DE LUCRO PRESUMIDO Neste regime, que pode ser utilizado por empresas com faturamento anual inferior a R$78 milhões por ano, ao contrário de se calcular o lucro contábil que corresponde à realidade da empresa, um percentual é aplicado sobre a receita da empresa para se deduzir o lucro que a empresa teve no período. Os percentuais para IRPJ são os seguintes: 1,6% Para empresas de revenda a varejo de combustíveis e gás natural (postos de combustíveis). Para empresas de revenda de mercadorias (empresas comerciais), rurais, de transporte de cargas, hospitalares, industriais, e demais empresas que não se enquadrem nos outros percentuais. 8% 16% Para serviços de transporte (exceto o de cargas). Para o setor de serviços. 32% Já para CSLL os percentuais são: 32% Para empresas do setor de serviços. 12% Para as demais. O uso desses percentuais se dá diretamente na receita, com as alíquotas de IRPJ e CSLL usuais (25% e 9%, respectivamente) sendo aplicadas sobre esses valores. Além da diferença de IRPJ e CSLL, há também a diferença do PIS/COFINS, onde existem as alíquotas de 0,65% e 3,0%, respectivamente (PIS e COFINS), aplicadas diretamente sobre a receita, sem aproveitamento de créditos. Tal regime de apuração do PIS e da COFINS é conhecido como regime cumulativo. Ou seja, se uma empresa revende uma mercadoria por R$300,00 que ela comprou por R$100,00 ela vai recolher 3,65% (3% + 0,65%) de PIS/COFINS sobre R$300,00 e não 9,25% (7,6% + 1,65%) sobre R$200,00, como no Lucro Real. REGIME DE LUCRO ARBITRADO Agora, nós iremos abordar o Lucro Arbitrado. Algumas vezes, ocorre um problema quando a empresa não consegue fazer os cálculos contábeis necessários para a apuração nem no regime de Lucro Presumido ou de Lucro Real. Nesses casos, é feito o pagamento do imposto via Lucro Arbitrado. Se a empresa conhecer a sua receita bruta, ela mesma pode arbitrar o seu lucro, porém, quando até isso é desconhecido, então a arbitração do lucro fica a cargo do poder público. Como casos de uso do Lucro Arbitrado são escassos, nós não daremos muito foco a esse tipo de apuração de tributos nesse conteúdo. SIMPLES NACIONAL Um ponto importante é que além dos regimes já falados, existe mais um, que pode ser usado apenas por empresas menores (limite de faturamento de R$ 4,8 milhões por ano), que é o Simples Nacional, que junta diversos impostos em uma fatura única. Não abordaremos o Simples nesse conteúdo, pois as alíquotas variam de acordo com atividade e níveis de receita de acordo com a legislação em vigor. No próximo módulo, falaremos sobre a comparação entre os regimes de Lucro Presumido e Real e como isso afeta o gerenciamento tributário de uma empresa. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. QUAL DAS SEGUINTES ALTERNATIVAS SE CARACTERIZA COMO CORRETA COM RELAÇÃO À APURAÇÃO DO LUCRO PRESUMIDO? A) Alíquota de 32% para se chegar à base de cálculo de empresas de transporte. B) Alíquota de 16% para se chegar à base de cálculo de postos de combustíveis. C) Alíquota de 8% para se chegar à base de cálculo de empresas comerciais. D) Alíquota de 8% para se chegar à base de cálculo de empresas de serviço. REGIMES DE APURAÇÃO Nesse vídeo, o especialista Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior falará sobre os diferentes regimes de apuração (Lucro Real, Lucro Presumido e Lucro Arbitrado) e dará exemplos de aplicação. E) Alíquota de 1,6% para se chegar à base de cálculo de empresas de transporte. 2. A ALÍQUOTA QUE É APLICADA SOBRE O LUCRO (SEJA ELE REAL OU ARBITRADO), PARA SE CHEGAR NO VALOR A SER PAGO DE CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO É DE: A) 34% B) 25% C) 15% D) 10% E) 9% GABARITO 1. Qual das seguintes alternativas se caracteriza como correta com relação à apuração do Lucro Presumido? A alternativa "C " está correta. Como regra geral, temos que postos de combustíveis têm alíquota de 1,6%; empresas comerciais e gerais têm alíquota de 8%; empresas de transportes (exceto o de cargas) têm alíquota de 16%; e o setor de serviços têm 32%. 2. A alíquota que é aplicada sobre o lucro (seja ele Real ou Arbitrado), para se chegar no valor a ser pago de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido é de: A alternativa "E " está correta. A Alíquota do IRPJ é de 25% (15% até R$20.000,00 e 10% extras acima disso) e a de CSLL é de 9%, gerando uma contribuição total sobre o lucro de 34%. MÓDULO 2MÓDULO 2 Identificar as diferentes formas de se calcular o Imposto de Renda, a fim de se criar um planejamento tributário eficaz PRIMEIRAS PALAVRAS No módulo anterior, aprendemos os pontos básicos sobre os regimes de apuração do IR/CSLL/PIS/CONFINS, a saber: Lucro Real, Lucro Presumido e Lucro Arbitrado. Neste módulo, iremos aprender sobre como a decisão sobre esses diferentes regimes influencia os lucros de uma empresa e quanto ela paga de tributo. Portanto, neste módulo, aprenderemos através de exemplos, primeiramente, sobre os casos de Lucro Real versus Presumido no cálculo de IRPJ e CSLL, e depois, iremos introduzir no cálculo os impostos de PIS/COFINS. APURAÇÃO DO IRPJ E DA CSLL Um ponto importante é que o cálculo que estamos efetuando apenas é possível para empresas com receita inferior a R$78 milhões, já que empresas com receitas superiores a esse valor devem obrigatoriamente optar pelo Lucro Real. Além disso, empresas com receitas inferiores a R$4,8 milhões também podem optar pelo Simples Nacional, que, via de regra, costuma ser sempre a opção mais favorável entre os regimes para pequenas empresas que não possuam expectativas de prejuízo. Agora, passaremos a um exemplo ilustrativo sobre a escolha de regime tributário. EXEMPLO – EMPRESA DO SETOR DE SERVIÇOS Uma empresa do setor de serviços possui expectativa de receita anual de R$ 50 milhões, e despesas dedutíveis de R$30 milhões. Qual regime tributário a administração dessa empresa deveria escolher para minimizar os seus custos tributários? Primeiramente, vamos calcular o quanto essa empresa pagaria de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no regime de apuração pelo Lucro Real. LUCRO REAL Nesse caso, ela teria lucro de R$20 milhões (R$50 milhões de receita descontando as despesas dedutíveis de R$30 milhões). A alíquota de IRPJ é de 25%, totalizando R$5 milhões de IRPJ (R$20 milhões x 25%), enquanto a alíquota de CSLL é de 9%, totalizando R$1,8 milhão(R$20 milhões x 9%). A empresa teria de pagar 6,8 milhões de reais de IRPJ e de CSLL no regime de Lucro Real. Agora, veremos com relação ao Lucro Presumido. LUCRO PRESUMIDO Como a empresa é do setor de serviços, ela tem de utilizar a alíquota de 32% para chegar à base de cálculo tanto da CSLL como do IRPJ. Essa base de cálculo é, portanto, de R$16 milhões (R$50 milhões x 32%). Aplicando a alíquota de 25% de IRPJ, temos que o valor a ser pago de Imposto de Renda é de R$4 milhões (R$16 milhões x 25%). Já de CSLL, com a alíquota de 9%, a empresa terá de pagar R$1,44 milhão de reais (R$16 milhões x 9%). A empresa teria de pagar 5,44 milhões de reais de IRPJ e de CSLL no regime de Lucro Presumido. Note que, nesse caso, o Lucro Presumido é mais vantajoso para essa empresa do que o Lucro Real. No fim, a empresa economizará R$1,36 milhão por adotar o regime tributário pelo Lucro Presumido. Esse valor é a diferença entre R$6,8 milhões e R$5,44 milhões. Adicionalmente, esse valor pode ser calculado pela diferença da base de cálculo aplicando as alíquotas diretamente: (R$ 20.000.000,00 − R$ 16.000.000,00)×25% +(R$ 20.000.000,00 − R$ 16.000.000,00)× Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal EXEMPLO – EMPRESA DO SETOR COMERCIAL Vamos agora fazer o cálculo com uma empresa do setor comercial, ou seja, que compra e revende mercadorias. Neste exemplo, uma empresa comercial tem receita de R$60 milhões e despesas dedutíveis de R$57 milhões. Novamente, trabalharemos a questão de qual regime tributário a administração dessa empresa deveria escolher para minimizar os seus custos tributários. Assim como no exemplo anterior, vamos, primeiramente, calcular o quanto essa empresa pagaria de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no regime de apuração pelo Lucro Real. LUCRO REAL Neste caso, ela teria lucro de R$3 milhões (R$60 milhões de receita descontando as despesas dedutíveis de R$57 milhões). A alíquota de IRPJ é de 25%, como já vimos anteriormente, totalizando R$750 mil de IRPJ (R$3 milhões x 25%); enquanto a alíquota de CSLL é de 9%, totalizando R$270 mil (R$3 milhões x 9%). A empresa teria de pagar 1,02 milhão de reais de IRPJ e de CSLL no regime de Lucro Real. Agora veremos com o Lucro Presumido LUCRO PRESUMIDO Temos de aplicar duas alíquotas para gerar duas bases de cálculo diferentes. Uma, com a alíquota de 8%, para o IRPJ e outra, com a alíquota de 12%, para a CSLL. Portanto, a base de cálculo para o IRPJ será de R$4,8 milhões (R$60 milhões x 8%) e a base de cálculo para a CSLL será de R$7,2 milhões (R$60 milhões x 12%). Aplicando a alíquota de 25% de IRPJ, temos que o valor a ser pago de Imposto de Renda é de R$1,2 milhão (R$4,8 milhões x 25%). Já de CSLL, com a alíquota de 9%, a empresa terá de pagar 648 mil reais (R$7,2 milhões x 9%). A empresa teria de pagar 1,848 milhão de reais de IRPJ e de CSLL no regime de Lucro Presumido. Observe que, neste caso, diferentemente do anterior, o Lucro Real é mais vantajoso para essa empresa do que o Lucro Presumido. A empresa, portanto, economizará R$828 mil por adotar o regime tributário pelo Lucro Presumido. Esse valor é a diferença entre R$1,848 milhão e R$1,02 milhão. Adicionalmente, esse valor pode ser calculado pela diferença da base de cálculo aplicando as alíquotas diretamente: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal EXEMPLO – EMPRESA ENQUADRADA NO LUCRO REAL Como último exemplo antes de adentrarmos o cálculo de PIS e COFINS, vamos calcular como um prejuízo anterior afeta o cálculo do valor a se pagar de tributos sobre o lucro de uma empresa enquadrada no Lucro Real. Essa empresa começou no ano 20X1 e teve prejuízo de R$8 milhões de reais, no ano 20X2, ela teve prejuízo de R$2 milhões e, no ano de 20X3, ela teve lucro de R$15 milhões de reais. Quanto ela pagará de IRPJ e CSLL no ano 20X3? Nesse caso, a empresa pode abater 30% do lucro desse período, tendo em vista que ela possui prejuízos acumulados. Ou seja, ela pagará IRPJ e CSLL sobre 0,7 x R$15 milhões = R$10,5 milhões. De IRPJ, o valor é de 2,625 milhões de reais (R$ 10,5 milhões x 0,25) De CSLL, o valor é de 945 mil reais (R$10,5 milhões x 0,09) (R$ 4.800.000,00 − R$ 3.000.000,00)×25% +(R$ 7.200.000,00 − R$ 3.000.000,00)×9% = Totalizando o valor de R$3,57 milhões. O resto do prejuízo de R$7 milhões continua como prejuízo a compensar em anos seguintes. Agora que já aprendemos como calcular o IRPJ e o CSLL, e como a decisão de escolha entre o regime de Lucro Presumido e o regime de Lucro Real influencia no quanto uma empresa pagará de tributos sobre o lucro, podemos passar para o cálculo considerando os tributos sobre a receita (PIS e COFINS). APURAÇÃO DO IRPJ E DA CSLL CONSIDERANDO PIS E COFINS Agora, aprenderemos como a relação entre IRPJ/CSLL e PIS/COFINS afeta o planejamento tributário de empresas. Isso acontece porque empresas enquadradas no Lucro Real calculam o PIS/COFINS pelo método cumulativo, enquanto as enquadradas no Lucro Presumido o fazem pelo método não cumulativo. Vejamos isso em um exemplo ilustrativo. Uma empresa comercial possui receita de venda de produtos de 10 milhões de reais e custo de mercadorias vendidas de 8 milhões de reais, com demais despesas dedutíveis a 1 milhão de reais, portanto, com lucro tributário de 1 milhão de reais. Essa empresa deverá optar pelo Lucro Presumido ou Real? Primeiro, calcularemos o valor de IRPJ/CSLL no regime de Lucro Presumido (8% de alíquota para chegarmos na base de cálculo de empresas comerciais no IRPJ, e 12% para a base de cálculo da CSLL): (8% x 25% + 12% x 9%) x R$10.000.000,00 = 3,08% x R$ 10.000.000,00 = R$ 308.000,00 Porém, temos também que considerar o efeito de PIS/COFINS de: 3,65% x R$10.000.000,00 = R$365.000,00. Portanto, no Lucro Presumido, a empresa paga R$308.000,00 + R$ 365.000,00 = R$673.000,00 de IRPJ/CSLL/PIS/COFINS. Já no caso do Lucro Real, a empresa paga de IRPJ/CSLL (alíquota de 34% já considera IRPJ de 25% e CSLL de 9%): R$1.000.000,00 x 34% = R$340.000,00 Para o cálculo do PIS/COFINS, temos que considerar os créditos das compras no cálculo: (R$ 10.000.000,00 - R$ 8.000.000,00) x 9,25% = R$2.000.000,00 x 9,25% = R$ 185.000,00 Portanto, a empresa pagará R$340.000,00 + R$185.000,00 = R$525.000,00 de IRPJ/CSLL/PIS/COFINS, sendo esse valor menor do que o valor de R$673.000,00 do Lucro Presumido. Nesse exemplo, notamos que, mesmo que a empresa pague menos IRPJ/CSLL no Lucro Presumido (R$308.000,00 versus R$340.000,00), ela paga muito menos PIS/COFINS no Lucro Real (R$185.000,00 versus R$365.000,00). Isso demonstra que se deve levar em conta o PIS/COFINS na hora de se fazer o gerenciamento tributário de uma empresa. Um ponto importante é que empresas de serviço, normalmente, não possuem créditos de PIS/COFINS para utilizarem, pois não compram mercadorias para revenda. Portanto, empresas de serviços vão quase sempre estar melhor ao optar pelo Lucro Presumido, a não ser que elas esperem ter prejuízos ou margens muito pequenas durante um período de tempo e, assim, pagariam menos IRPJ/CSLL ou nem pagariam (no caso de prejuízo), e utilizariam créditos futuros para abater até 30% do IRPJ/CSLL. No próximo módulo, falaremos dos livros contábeis que as empresas têm de manter para os regimes tributários, além de abordarmos as obrigações principais e assessórias que elas possuem para com o fisco. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. UMA EMPRESA DO SETOR DE SERVIÇOS OBTEVE RECEITA DE R$8.000.000,00, E É OPTANTE DO REGIME DE LUCRO PRESUMIDO. QUANTO ELA PAGARÁ DE IRPJ E CSLL? A) R$970.000,00 B) R$870.400,00 C) R$770.400,00 D) R$670.400,00 E) R$570.400,00 2. UMA EMPRESA DO SETOR DE SERVIÇOS OBTEVE RECEITA DE R$8.000.000,00, E É OPTANTE DO REGIME DE LUCRO PRESUMIDO. QUANTO ELA PAGARÁ DE PIS E COFINS? A) R$592.000,00 B) R$492.000,00 C) R$392.000,00 D) R$292.000,00 E) R$192.000,00 GABARITO 1. Uma empresa do setor de serviços obtevereceita de R$8.000.000,00, e é optante do regime de Lucro Presumido. Quanto ela pagará de IRPJ e CSLL? A alternativa "B " está correta. ESCOLHA ENTRE REGIMES DE APURAÇÃO Neste vídeo, o especialista Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior demonstrará, a partir de um exemplo, como escolher entre os regimes de apuração. No setor de serviços, tanto o IRPJ quanto a CSLL possuem alíquota de base de cálculo de 32%. Assim sendo, tendo em vista que o IRPJ e a CSLL possuem alíquotas juntas de 34%, a alíquota real de CSLL/IRPJ sobre a receita é de 32% x 34% = 10,88%. Aplicando essa alíquota sobre o valor de R$8.000.000,00, temos 10,88% x R$ 8.000.000,00 = R$870.400,00. 2. Uma empresa do setor de serviços obteve receita de R$8.000.000,00, e é optante do regime de Lucro Presumido. Quanto ela pagará de PIS e COFINS? A alternativa "D " está correta. Como a empresa está enquadrada no Lucro Presumido, ela paga o PIS/COFINS de forma cumulativa, ou seja, aplicando a alíquota de 3,65% sobre a receita. Portanto, a empresa pagará de PIS/COFINS o valor de R$8.000.000,00 x 3,65% = R$292.000,00. MÓDULO 3MÓDULO 3 Reconhecer as obrigações principais e acessórias relacionadas aos tributos sobre o lucro, bem como a contabilização e os livros contábeis PRIMEIRAS PALAVRAS Nos módulos anteriores, falamos sobre os tributos em si. Neste módulo, abordaremos as obrigações que as empresas possuem, as quais não são necessariamente o pagamento de tributos, mas o cumprimento de obrigações. No Brasil, as obrigações são divididas entre obrigatórias e acessórias. Além disso, abordaremos os livros contábeis e como eles se enquadram no conceito de obrigações acessórias. Finalmente, aprenderemos como devem ser feitos os lançamentos contábeis dos tributos. OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS O Código Tributário Brasileiro, em seu art. 113, define as obrigações tributárias da seguinte maneira: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. (BRASIL, 1966) A obrigação principal é sempre o pagamento de algum tributo, multa ou juros de mora, enquanto as obrigações acessórias são aquelas que servem para o fisco atestar que a empresa está calculando corretamente as suas obrigações principais. A legislação traz que a pessoa (física ou jurídica) que tem que realizar a obrigação principal ou acessória é chamada de sujeito passivo. Isso está regulado nos artigos 121 e 122 do Código Tributário Brasileiro, conforme reproduzido abaixo: ARTIGO 121 Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. (BRASIL, 1966) ARTIGO 122 Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto. (BRASIL, 1966) A empresa é o sujeito passivo responsável pelo pagamento do Imposto de Renda Retido na Fonte de seus funcionários, mas é o sujeito passivo contribuinte do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica que incidir sobre ela. Ela também é o sujeito passivo das obrigações acessórias que é obrigada a fazer. Conheça algumas das obrigações acessórias das empresas: Emissão de notas fiscais Confecção e envio digital dos livros fiscais Confecção e envio digital dos livros contábeis Demonstrações contábeis Envio das declarações fiscais As empresas que estão dentro do Lucro Presumido, possuem as mesmas obrigações acessórias que as empresas que estão enquadradas no Lucro Real, com duas diferenças. A primeira é que as empresas do Lucro Presumido podem escolher se recolhem os impostos (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS) baseados no regime de Caixa, ou de Competência, com a escolha devendo ser feita em janeiro de cada ano. A segunda é que as empresas enquadradas no Lucro Real devem preparar mais um livro fiscal, o Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR). Com relação a esses tributos federais, as principais obrigações fiscais mensais são: 1 DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAIS (DCTF) É uma declaração que traz os tributos federais, tais como Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), entre outros. É de periodicidade mensal. 2 ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL CONTRIBUIÇÕES (EFD CONTRIBUIÇÕES) É uma declaração que traz as contribuições federais: PIS, COFINS e Contribuição Patronal do INSS. É de periodicidade mensal. 3 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL DIGITAL (ECD) É uma declaração que substitui a Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) desde 2014. Essa declaração tem como objetivo informar ao fisco as operações que possam influenciar a base do cálculo e a quantia devida perante o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), bem como, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). É de periodicidade anual. Além dessas obrigações, ainda existem GFIP, SINTEGRA (Sistema integrado de operações com ICMS.) , EFD ICMS/IPI (Escrituração Fiscal Digital dos impostos ICMS e IPI.) , entre outras. Porém, como essas obrigações não se relacionam aos tributos que estamos aprendendo neste conteúdo (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS), não aprofundaremos nessas obrigações acessórias. GFIP É a guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social que contém as informações de vínculos empregatícios e remunerações, geradas pelo aplicativo SEFIP (Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social). Agora, passaremos a discutir os livros contábeis e como eles são utilizados como obrigações acessórias dentro do Sistema Tributário Brasileiro. LIVROS CONTÁBEIS OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS Nesse vídeo o especialista Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior falará sobre os conceitos de obrigações principais e acessórias, sujeito passivo contribuinte e sujeito passivo responsável, citando exemplos e a legislação aplicável. javascript:void(0) Os livros contábeis são enviados para o fisco anualmente através do sistema Escrituração Contábil Digital afiliado ao Sistema de Público de Escrituração Digital, conhecido como ECD/SPED. Veremos os livros contábeis que devem ser enviados anualmente através do sistema ECD/SPED: LIVRO DIÁRIO Registra todas as movimentações e fatos contábeis que ocorreram na empresa, organizados por data de ocorrência. LIVRO RAZÃO Semelhante ao Diário, no que tange a registrar todas as movimentações e fatos contábeis que ocorreram na empresa, porém organizados por contas e não pela data de ocorrência. LIVRO CAIXA Semelhante ao Razão, mas, ao invés de registrar todas as movimentações e fatos contábeis que ocorreram em todas as contas na empresa, registra apenas as movimentações que ocorreram na conta de caixa e equivalentes de caixa. LIVRO DE REGISTRO DE DUPLICATAS Registra as vendas a prazo realizadas pela empresa. Caso a empresa não tenha vendido a prazo no período, apenas declara que não fez venda a prazo. LIVRO DE REGISTRO DE ENTRADAS Traz as entradas (ou seja, compras) de mercadorias, bens e matérias-primas por uma empresa. LIVRO DE REGISTRO DE INVENTÁRIO Livro que tem como objetivo registrar as mercadorias, bens e matérias-primas de uma empresa. LIVRO DE REGISTRO PERMANENTE DE ESTOQUE É o controle permanente de quando um produto entrae sai do estoque, e é opcional para uma empresa que queira adotar o sistema de custos através do custo médio. LIVRO DE APURAÇÃO DO LUCRO REAL (LALUR) Livro que apenas as empresas enquadradas no Lucro Real devem escriturar. Nele, constam os detalhes de como a empresa chegou no lucro tributário no qual incide o Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Antigamente, esses livros eram escriturados e entregues em papel, mas, desde a criação do sistema ECD/SPED, a entrega desses livros vem sendo feita de maneira digital. Um ponto importante de se destacar é que todos esses livros contábeis são obrigações acessórias e a sua não entrega acarreta um pagamento de multa pela empresa, convertendo-se, portanto, em obrigação principal conforme art. 113 do Código Tributário Brasileiro. No entanto, pode ser que a empresa não possa fazer a entrega desses livros por motivos que vão além do seu controle. Imagine que uma empresa faz a Escrituração Contábil Digital de sua empresa, porém o escritório onde o setor contábil trabalhava e os arquivos eram guardados pega fogo e os arquivos são perdidos. Nesse caso, a empresa não pagará nenhum tipo de multa, pois está impossibilitada de cumprir com as obrigações acessórias devido a uma ocorrência que estava além de seu controle. Foto: Shutterstock.com Caso uma situação assim ocorra, a empresa deverá fazer o recolhimento dos seus impostos através do regime de Lucro Arbitrado, se ela souber o seu Lucro Bruto, conforme já discutimos no primeiro módulo. Se isso não for possível, o fisco deve arbitrar o lucro da empresa. Por esse motivo é que é tão importante manter os arquivos das obrigações acessórias salvaguardados e com backups, a fim de evitar possíveis problemas futuros que acabem ensejando na arbitração do lucro. CONTABILIZAÇÃO DOS TRIBUTOS Vamos agora abordar como é feita a contabilização dos tributos a pagar e como é feito o seu registro na contabilidade após o seu pagamento. Note que a contabilização dos tributos a pagar independe do regime que a empresa apurou os seus tributos sobre o lucro: seja Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado ou Simples Nacional, embora o cálculo de impostos sobre o lucro mude e, consequentemente, os seus valores, os lançamentos contábeis são feitos da mesma maneira e na mesma conta, alterando-se apenas os valores. Primeiramente, é feita a provisão dos tributos, para posterior pagamento. Isso se dá com um lançamento a crédito no passivo, e um a débito nas despesas. Vejamos isso em um exemplo ilustrativo. Uma empresa registra que deve pagar R$120.000,00 de IRPJ e R$60.000,00 de CSLL. Os lançamentos contábeis são os seguintes: D – Impostos sobre o lucro (despesa) = R$180.000,00 C – Impostos sobre o lucro a pagar (passivo) = R$180.000,00 Note que a empresa junta os dois impostos na rubrica de “impostos sobre o lucro”. Alternativamente, a empresa pode fazer os dois lançamentos em contas específicas: D – Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (despesa) = R$120.000,00 C – IRPJ a pagar (passivo) = R$120.000,00 D – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (despesa) = R$60.000,00 C – IRPJ a pagar (passivo) = R$60.000,00 No ato do pagamento, a conta transitória de passivo é encerrada com a contrapartida no caixa, como demonstrado a seguir: D – Impostos sobre o lucro a pagar (passivo) = R$180.000,00 C – Caixa (Ativo) = R$180.000,00 Dessa forma, os registros contábeis, tanto do tributo quanto do pagamento dele são contabilizados corretamente no Livro Caixa e no Diário e Razão, e assim as obrigações acessórias que abordamos anteriormente são satisfeitas. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. UMA EMPRESA SOFREU UMA INUNDAÇÃO DEVIDO A FORTES CHUVAS E PERDEU TODOS OS SEUS ARQUIVOS REFERENTES AOS SEUS LIVROS CONTÁBEIS, MAS ELA CONHECE A SUA RECEITA BRUTA QUE ESTAVA REGISTRADA EM OUTRO SISTEMA QUE NÃO FOI AFETADO. QUAL REGIME DE APURAÇÃO ELA DEVE USAR PARA RECOLHER IRPJ E CSLL? A) Lucro Arbitrado B) Lucro Real C) Lucro Presumido D) Lucro Cumulativo E) Lucro Não cumulativo 2. A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL DIGITAL (ECD) SUBSTITUIU QUAL TIPO DE DECLARAÇÃO QUE SE CONFIGURAVA COMO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA? A) Escrituração Fiscal Digital Contribuições B) Livro de Apuração do Lucro Real C) Livro de Registro de Duplicatas D) Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) E) Livro de Registro Permanente de Estoque GABARITO 1. Uma empresa sofreu uma inundação devido a fortes chuvas e perdeu todos os seus arquivos referentes aos seus livros contábeis, mas ela conhece a sua receita bruta que estava registrada em outro sistema que não foi afetado. Qual regime de apuração ela deve usar para recolher IRPJ e CSLL? A alternativa "A " está correta. Não existe regime de “Lucro Cumulativo” ou de Lucro Não Cumulativo”, os regimes de apuração “cumulativo” e “não cumulativo” são do PIS/COFINS. Já os regimes de Lucro Real e Lucro Presumido necessitam de livros contábeis para serem calculados. 2. A Escrituração Contábil Digital (ECD) substituiu qual tipo de declaração que se configurava como obrigação acessória? A alternativa "D " está correta. Tanto o Livro de Apuração do Lucro Real quanto o Livro de Registro de Duplicatas, como o Livro de Registro Permanente de Estoque, são livros contábeis e não declarações. A declaração de Escrituração Fiscal Digital (EFD) Contribuições ainda se encontra em vigor e as empresas devem enviar essa declaração. CONCLUSÃOCONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste conteúdo, falamos sobre os principais pontos sobre os tributos que incidem sobre os lucros de empresas no Brasil. Primeiramente, aprendemos que os dois principais tributos sobre o lucro são o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Além disso, também aprendemos que as empresas podem fazer o cálculo desses tributos, em condições normais, através de dois regimes: Lucro Presumido e Lucro Real. No Lucro Presumido, a empresa aplica uma alíquota sobre a sua receita para conhecer o seu lucro tributário sobre o qual incidirá o IRPJ e a CSLL. Além disso, ela pode escolher se utiliza a receita baseada no regime de caixa ou no regime de competência. Porém, no caso de uma empresa do Lucro Real, ela apenas pode utilizar seu lucro tributário através do regime de competência. Além desses dois tributos, também aprendemos sobre outros dois: o PIS e a COFINS, que incidem sobre a receita da empresa e podem ser recolhidos através do regime cumulativo ou do regime não cumulativo. Embora eles não sejam impostos sobre o lucro, mas sobre a receita da empresa, eles estão ligados ao IRPJ e à CSLL, pois empresas que estão enquadradas no regime de Lucro Presumido podem apenas recolher o PIS e a COFINS através do regime cumulativo, já empresas que estão enquadradas no regime de Lucro Real podem apenas recolher o PIS e a COFINS através do regime não cumulativo. Isso é importante, pois pode influenciar a decisão de se enquadrar no regime de Lucro Real ou de Lucro Presumido. Finalmente, o último módulo tratou sobre as obrigações principais, acessórias e os livros contábeis. Aprendemos que o Código Tributário Brasileiro, em seu artigo 113, define as obrigações tributárias. Ele define a obrigação principal como sendo o pagamento de algum tributo, multa ou juros de mora, enquanto as obrigações acessórias são aquelas que servem para o fisco atestar que a empresa está calculando corretamente as suas obrigações principais. Quanto aos livros contábeis, compreendemos que também são obrigações acessórias que ajudam o fisco a saber se os impostos foram contabilizados corretamente. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS AMARO, L. Direito Tributário Brasileiro. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Contabilidade para Gestores, Analistas e outros Profissionais: De Acordo com os Pronunciamentos do CPC e IFRS. 2. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2017. BRASIL. Código Tributário Nacional. Lei nº 5.172, de25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília: Diário Oficial da União, 1966. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Centro Gráfico, 1988. BRASIL. Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988. Institui contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União, 1988. BRASIL. Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002. Dispõe sobre a não-cumulatividade na cobrança da contribuição para os Programas de Integração Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), nos casos que especifica; sobre o pagamento e o parcelamento de débitos tributários federais, a compensação de créditos fiscais, a declaração de inaptidão de inscrição de pessoas jurídicas, a legislação aduaneira, e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União, 2002. BRASIL. Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Altera a Legislação Tributária Federal e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União, 2003. GELBCKE, E.; DOS SANTOS, A.; IUDÍCIBIS, S.; MARTINS, E. Manual de Contabilidade Societária: Aplicável a Todas as Sociedades de Acordo com as Normas Internacionais e do CPC. 3. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2018. MARTINS, E. Contabilidade de Custos. 11. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2018. PÊGAS, P. H. Manual de Contabilidade Tributária. 9. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2017. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos explorados neste conteúdo, recomendamos o livro Planejamento Tributário: Teoria e Prática, de Silvio Crepaldi, publicado pela Editora Saraiva, sendo importante para você aprender com mais detalhes a como realizar um bom planejamento tributário. Esse livro, com linguagem simples e direta, explicita os pontos fundamentais para um bom planejamento tributário focado em gestores, e não em advogados ou contadores. Embora neste conteúdo tenhamos abordado o planejamento tributário focando apenas em quatro tributos federais (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS), esse livro vai mais a fundo, tratando também de outros tributos. CONTEUDISTA Rodrigo de Oliveira Leite
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