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NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 1 - Inflamação da mucosa gástrica documentada histologicamente - Não é o eritema da mucosa observado durante a endoscopia e não é sinônimo de dispepsia - Os fatores etiológicos que resultam em gastrite são amplos e heterogêneos - A aguda é classificada: Com base na evolução temporal (aguda X crônica) Nas características histológicas (superficial ou atrófica ou gastropatia) Na distribuição anatômica No mecanismo patogênico proposto (ex: gastrite por H.pylori) - A gastrite por H.pylori e a gastrite autoimune (anemia perniciosa) são os dois principais representantes - A relação entre gastrite e dispepsia é precária, pois a maioria das gastrites é assintomática e a maioria dos pacientes com dispepsia sem úlcera não tem gastrite - O enantema (eritema) da mucosa gástrica à endoscopia não deve inferir o diagnóstico de gastrite, pois não guarda relação com os achados histopatológicos, além de ser um dado subjetivo, de constatação variável entre diferentes endoscopistas - Não existe manifestação clínica típica de gastrite GASTRITE POR HELICOBACTER PYLORI: - O H.pylori é um bacilo gram-negativo que se adere à mucosa gástrica, sobrevivendo neste local graças à secreção de urease (enzima que converte a ureia em amônia, alcalinizando o meio ambiente) - O germe não é invasivo, mas possui fatores de virulência que estimulam a resposta inflamatória tecidual GASTRITE AGUDA POR H.PYLORI: - Após aquisição da bactéria, o paciente desenvolve uma pangastrite aguda superficial, que pode ser totalmente assintomática ou se apresentar com dispepsia (dor epigástrica, náuseas e vômitos) - O histopatológico revela uma gastrite neutrofílica - Esse quadro evolui com resolução espontânea dentro de alguns dias ou semanas, porém, na maioria das vezes, a bactéria não desaparece. A partir disso, 3 evoluções são possíveis: 1. Gastrite crônica leve representa o fenótipo mais comum, cursando de forma assintomática e sem repercussões clínicas no futuro 2. Gastrite antral crônica 15% dos casos, se associa a HIPERcloridria e à úlcera péptica (principalmente duodenal). O H.pylori danifica de forma seletiva as células D do antro, secretoras de somatostatina, o que suprime o feedback negativo deste hormônio sobre as células G, secretoras de gastrina. Assim, ocorre hipergastrinemia, que estimula a secreção ácida do corpo e fundo gástrico (que se encontram livres nessa forma de gastrite) 3. Pangastrite crônica grave (atrófica) é a forma menos frequente, há destruição e atrofia das glândulas oxínticas do corpo e do NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 2 fundo gástrico, gerando HIPOcloridria. Esse fenótipo se associa às úlceras gástricas, à metaplasia intestinal (lesão precursora do adenocarcinoma) e à hiperestimulação do tecido linfoide associado à mucosa, aumentando o risco de linfoma B de baixo grau (linfoma MALT do estômago) - Em todas elas o histopatológico revela uma gastrite linfocítica - Até 10% dos portadores crônicos do H.pylori complicam doença ulcerosa péptica QUANDO PESQUISAR INFECÇÃO PELO H.PYLORI? 1. DUP 2. Linfoma MALT 3. Dispepsia não ulcerosa 4. Síndrome dispéptica sem indicação de EDA 5. História de CA gástrico em parente de 1º grau 6. Lesões pré-neoplásicas (gastrite atrófica, metaplasia intestinal) 7. Após tratamento do adenocarcinoma gástrico 8. Usuários crônicos de AINES ou AAS 9. Diagnóstico de PTI 10. Screening na população gral assintomática em países com elevada incidência de CA gástrico (Japão, China e Coreia), sendo no Ocidente a conduta não preconizada - A decisão de pesquisar a infecção só deve ser tomada se houver benefício com um eventual tratamento - Os métodos de escolha para documentar doença ativa são: Pesquisa de antígeno fecal Teste respiratório da ureia Sorologia possui menor sensibilidade que os métodos anteriores, não confirma doença ativa já que pode refletir apenas uma cicatriz sorológica - Os IBP devem ser suspensos 7-14 dias antes dos exames, já que podem produzir um resultado falso- negativo - O diagnóstico também pode ser dado por meio de EDA (teste rápido da urease ou histopatológico de um fragmento de biópsia) - NÃO se indica EDA apenas para diagnóstico de H.pylori GASTRITE ATRÓFICA AUTOIMUNE: - Envolve a mucosa do corpo e fundos gástricos, poupando o antro - É frequente a associação com outras doenças autoimunes, como a tireoidite de Hashimoto e a doença de Graves - Autoanticorpos podem estar presentes: Anticélula parietal o + frequente Antifator intrínseco o + específico - A falta do fator intrínseco leva à anemia megaloblástica por carência de B12 - É um importante fator de risco para o adenocarcinoma gástrico GASTROPATIA EROSIVA/HEMORRÁGICA: - Existem 3 condições principais que normalmente se associam a este tipo de lesão gástrica GASTROPATIA PELOS AINE: - Pode ser aguda ou crônica - Pode cursar ou não com sintomas dispépticos e sangramento digestivo alto (hematêmese, melena) - O uso de AINEs está associado à petéquias, erosões e úlceras na mucosa gástrica, sem que haja inflamação típica. As erosões são superficiais, e raramente causam sangramento importante - Em alguns caso estas são responsáveis por sangramento crônico (sangue oculto nas fezes) que resulta em anemia ferropriva - As petéquias são devidas ao sangramento focal que infiltra a mucosa e têm pouco significado clínico - Eventualmente as erosões evoluem para úlceras, com sangramento importante - A fisiopatologia da gastropatia por AINE é bem conhecida: estes fármacos inibem a formação de prostaglandinas pelas células da mucosa gástrica, prejudicando seriamente a proteção contra o ácido gástrico e a própria regeneração epitelial NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 3 TRATAMENTO: - Suspender o AINE incriminado e iniciar terapia com IBP - Caso precise retomar a terapia anti-inflamatória, fazer profilaxia com IBP - A presença de H.pylori contribui para piorar a lesão gástrica por AINE, então a erradicação da bactéria está indicada se o paciente tiver que manter os AINE LESÃO AGUDA DA MUCOSA GÁSTRICA (LAMG): - Ocorre no curso de uma doença grave, frequentemente em pacientes de CTI, já nas primeiras 72h de internação - O mecanismo de injúria não é totalmente conhecido, mas há participação fundamental de isquemia mucosa - As lesões erosivo/hemorrágicas são responsáveis por episódios de hemorragia digestiva alta em cerca de 6% desses pacientes, acarretando aumento da morbimortalidade - Principais fatores de risco: Coagulopatia (plaquetas < 50.000/ml e/ou INR >1,5) Ventilação mecânica > 48h Trauma cranioencefálico Grandes queimaduras Sepse Corticoterapia Uso de vasopressores História de doença péptica complicada por hemorragia digestiva prévia - A nutrição enteral é FATOR DE PROTEÇÃO, se instituída precocemente - Todo paciente que apresenta fatores de risco para LAMG deve receber profilaxia com IBP, que podem ser feitos VO ou IV, se houver sangramento o IBP passa a ser feito em infusão venosa contínua, associando-se pela VO o sucralfato em suspensão (substância viscosa que protege a superfície gástrica – dose 1g de 4/4h) - Uma EDA deve ser feita nas primeiras 24h, após estabilização do paciente - O objetivo é identificar lesões passíveis de hemostasia endoscópica. Na presença de hemorragia difusa, a terapia endoscópica é largamente ineficaz GASTROPATIA ALCOÓLICA: - Comumente encontrada em pacientes alcoólatras hemorragias subepiteliais puntiformes, com aspecto endoscópico de sangue sob envoltório plástico, associadas ao edema de mucosa - Sangramentos graves indicam a procura de outras condições,como úlcera péptica, hipertensão porta - É comum o tratamento empírico com IBP, associado ou não ao sucralfato GASTROPATIA POR REFLUXO BILIAR (ANTIGA GASTRITE ALCALINA): - É uma complicação da cirurgia de antrectomia FORMAS RARAS DE GASTRITE: GASTRITE FLEGMONOSA: - Processo infeccioso purulento raro que envolve a parede do estômago e está relacionada principalmente aos estafilococos e estreptococos - Deve ser considerada quando um paciente desenvolve dor aguda na região superior do abdome, associada à febre e sinais de peritonite, com líquido ascético purulento e amilase normal - Hemorragia digestiva alta também pode surgir na evolução da doença - Portadores típicos etilistas desnutridos e/ou com infecções graves disseminadas - A laparotomia é tanto diagnóstica quanto terapêutica - O curso clínico é fulminante, não respondendo bem ao tratamento clínico, e deixando a cirurgia como único recurso DOENÇA DE MENETRIER (GASTROPATIA HIPERTRÓFICA GIGANTE): - Doença de etiologia desconhecida - Caracterizada por um intenso e tortuoso aumento das pregas da mucosa gástrica, fazendo-a semelhante às circunvoluções cerebrais NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 4 - As alterações podem ser tanto localizadas quanto envolver todo o estômago - Acomete + homens com cerca de 50 anos, podendo ser encontrada uma cerca predisposição familiar - Histologicamente se caracteriza por um espessamento da mucosa, com proliferação das células produtoras de muco e perda das células principais e parietais. O suco gástrico geralmente é rico em muco e pobre em HCl (hipocloridria) - Técnicamente não é uma forma de gastrite - A dor epigástrica é a queixa + comum, mas pode haver sangramentos resultantes de erosões superficiais, perda de peso, diarreia e anemia ferropriva crônica - Alguns pacientes apresentam úlcera gástrica associada - As junções entre as células epiteliais da mucosa gástrica podem estar comprometidas, resultando em perda de proteínas e síndrome de hipoproteinemia (com anasarca) conhecida como “gastropatia perdedora de proteínas” - O diagnóstico é feito por endoscopia e biópsia - NÃO há tratamento específico - Há relatos de resolução do quadro após erradicação de H.pylori GASTRITE GRANULOMATOSA: - Os granulomas da mucosa gástrica podem ocorrer de forma idiopática ou associados a doenças generalizadas, como a sarcoidose, a doença de Crohn (50 a 60% dos casos) e as infecções, particularmente por micobactérias (tuberculose e histoplasmose - Os pacientes são muitas vezes submetidos à cirurgia, devido à dificuldade de diferenciação desta entidade com as doenças neoplásicas GASTRITE EOSINOFÍLICA: - Tanto a mucosa gastrointestinal quanto a camada muscular subjacente podem ser invadidas por eosinófilos, numa síndrome idiopática que envolve eosinofilia periférica - A motilidade antral está prejudicada, podendo determinar retenção gástrica, e os pacientes podem se apresentar com náuseas, vômitos e dor abdominal - Raramente, o envolvimento eosinofílico da serosa determina ascite - Normalmente, este tipo faz parte de uma entidade mais ampla chamada de “gastroenterite eosinofílica”, cujo tratamento se baseia na corticoterapia e na reconstrução cirúrgica de um piloro persistentemente obstruído GASTRITE LINFOCÍTICA: - É uma condição de causa desconhecida, caracterizada por intensa infiltração linfocítica da mucosa gástrica - A EDA revela uma mucosa espessada, com pequenos nódulos com depressão central, numa aparência que faz com que esta forma de gastrite seja conhecida como “gastrite varioliforme” - Os pacientes geralmente são assintomáticos, mas podem se apresentar com dispepsia e perda de peso - Pode haver associação com doença celíaca “ESTÔMAGO EM MELANCIA”: - Conhecida como ectasia vascular antral - Caracterizada pela presença de dobras eritematosas e riscos angiomatosos lineares, que convergem para o piloro num padrão que lembra uma melancia - É + encontrado em mulheres idosas (>70 anos) com anemia ferropriva por sangramento crônico - Há + incidência também em pacientes cirróticos NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 5 DISPEPSIA NÃO ULCEROSA (FUNCIONAL): - Dispepsia ou síndrome dispéptica é um conjunto de sintomas que acomete 20-40% da população e pode ser classificada em orgânica (associada à úlcera péptica ou qualquer outra patologia gastroduodenal, excetuando-se a gastrite) ou funcional - A dispepsia funcional pode vir associada à DRGE, à síndrome do cólon irritável e/ou à dor torácica não cardíaca - Sintomas da dispepsia: Epigastralgia (tipo úlcera) Desconforto epigástrico Náuseas Vômitos Saciedade precoce Plenitude pós-prandial Distensão abdominal Eructações - Esses sintomas podem ser agrupados em 3 padrões clínicos de dispepsia: 1. Dispepsia tipo úlcera predomina a dor epigástrica, frequentemente aliviada por antiácidos, bloqueadores H2 ou alimento, eventualmente despertando o paciente à noite. Tem caráter periódico (períodos dolorosos de semanas a meses, intercalados com remissões de, no mínimo, 2 semanas) 2. Dispepsia tipo dismotilidade predomina o desconforto abdominal, além de saciedade precoce, náusea, peso epigástrico pós- prandial, vômito, sensação de gases no abdome sem distensão abdominal 3. Dispepsia tipo inespecífica sintomas vagos e inespecíficos que não se enquadram nos 2 outros tipos - Para o diagnóstico da dispepsia não ulcerosa, ou dispepsia funcional, são necessários pelo menos 12 semanas de sintomas, não necessariamente consecutivas - Alterações motoras no estômago são encontradas em 20-60% dos pacientes com dispepsia funcional. As mais encontradas são: Hipomotilidade antral Relaxamento fúndico inadequado Diminuição do número de complexos motores migratórios Hipermotilidade intestinal pós-prandial - O achado + consistente é a hipersensibilidade visceral, revelada pela distensão de um balão no interior do estômago - Fatores psicossociais provavelmente possuem importante influência nesta alteração, regulando a integração neuronal ao longo do eixo cérebro-tubo digestivo - 60% dos pacientes apresentam gastrite crônica pelo H.pylori TRATAMENTO: - A 1ª conduta no tto da dispepsia funcional é tranquilizar o paciente quanto ao caráter benigno de seu quadro, sem desmerecer seus sintomas - Quanto a dieta deve-se respeitar as intolerâncias específicas de cada paciente - A saciedade precoce pode ser aliviada com o fracionamento das refeições e a plenitude pós- prandial, evitando-se alimentos gordurosos e condimentos - A psicoterapia tem bons resultados quando os fatores emocionais parecem predominar - O tto farmacológico em geral é pouco eficaz quando comparado ao placebo - Se o H.pylori estiver presente, recomenda-se instituir o tto de erradicação da bactéria - Para os pacientes com dispepsia tipo úlcera, os bloqueadores H2 e os IBP se mostraram 20% superiores ao placebo, devendo ser prescritos por 1-2 meses - A domperidona 10mg 12/12h tem sido o procinético + recomendado na dispepsia tipo dismotilidade, por apresentar vantagens de menor toxicidade em relação à metoclopramida e à cisaprida
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