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Clínica Cirúrgica I Doença Diverticular do Cólon ❖ A diverticulose intestinal consiste em uma doença que induz o aparecimento de divertículos no cólon, isto é, várias protusões e herniações da mucosa do intestino grosso, em forma as saculações (geralmente por enfraquecimento das fibras musculares nos locais de penetração de vasos sanguíneos). Esse contexto não está associado a complicações como inflamação e sangramento (quando ocorrer, caracteriza uma diverticulite). Pode haver o divertículo de Meckel (no intestino delgado – comum em crianças) e divertículo de Zenker (faringoesofágico). ❖ A prevalência de diverticulose depende da idade afetando menos de 10% da população com menos de 40 anos, mais de 30% da população acima dos 45 anos e de 50 a 80% dos adultos com idade superior a 80 anos. ❖ Divertículo verdadeiro é aquele que atinge todas as camadas do intestino, enquanto o falso (pseudo) acomete apenas algumas camadas (sendo esse o caso da diverticulose). ANATOMIA DO INTESTINO GROSSO ❖ O intestino grosso é composto pelo ceco, juntamente com o apêndice cecal, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmoide, reto e canal anal. Ele também apresenta os apêndices omentais, que são bolsas preenchidas por gordura que se prendem externamente às paredes do intestino grosso, as tênias cólicas, que são três bandas longitudinais de músculo liso localizadas sob o peritônio, cujas contrações facilitam a ação peristáltica do intestino grosso, empurrando a matéria fecal e formando as haustrações, que são saculações que ocorrem ao longo do intestino grosso, originando seu aspecto ‘sacular’ característico. Tríade de Saint: é comum a ocorrência de diverticulose, hernia hiatal e colelitíase. DIVERTICULITE AGUDA ❖ A diverticulite aguda corresponde ao processo inflamatório associado ao divertículo, ou seja, é uma complicação da doença diverticular. A diverticulite ainda pode ser classificada em simples, quando há apenas inflamação, ou complicada, quando está associada a perfuração, obstrução intestinal, abscessos ou fístulas. FISIOPATOLOGIA ❖ Esses divertículos do lado esquerdo do cólon, sobretudo no sigmoide, costumam apresentar uma base mais estreita, sendo mais susceptíveis a obstrução por fecalitos. Com a persistência do processo obstrutivo, há um comprometimento do fluxo arterial e venoso, favorecendo um processo inflamatório e consequentemente, microperfurações no corpo diverticular. QUADRO CLÍNICO ❖ De um modo geral, o sintoma mais comum é a dor em fossa ilíaca esquerda, devido ao maior envolvimento do cólon sigmoide. Náuseas, vômitos e alteração do ritmo intestinal são sintomas inespecíficos que também podem estar presentes. Nos casos de diverticulite complicada, a dor abdominal costuma ser mais difusa, com sinais de irritação peritoneal. A presença de sangramento nas fezes não costuma ter relação com a diverticulite, estando mais associado a doença diverticular do cólon direito. ❖ Pode haver sangramentos dos divertículos e consequente sinais indicativos, como hematoquezia e enterorragia. Deve-se seguir com endoscopia para excluir causas de HDA, seguindo com colonoscopia para determinar causas de HDB (RCU, diverticulite, hemorroidas, CA, pólipos, más-formações vasculares). O tratamento da HDB, após identificação do foco hemorrágico e além da hidratação EV e controle de Hb e Ht, consiste em (quando não cessar espontaneamente) correção cirúrgica com clipes, uso de adrenalina (vasoconstritor) ou hemicolectomia com anastomose íleo-cólica (em última instância) sem colostomia. DIAGNÓSTICO ❖ É feito por uma associação entre anamnese, exame físico e exames complementares. A colonoscopia, embora seja um bom exame para o diagnóstico da doença diverticular, está contraindicada na suspeita do quadro agudo da diverticulite, devido ao risco de perfuração, sendo indicada apenas na ausência de inflamação e complicações. Nesses casos, a tomografia computadorizada do abdome com contraste deve ser realizada devido à alta sensibilidade e especificidade, além de permitir afastar outros diagnósticos diferenciais, como a apendicite aguda e o câncer colorretal. Quando não disponível, pode-se optar pelo enema opaco (RX de abdome contrastado com sulfato de bário no intestino) para realizar o diagnóstico de diverticulose. TRATAMENTO ❖ Deve-se realizar a classificação de Hinchey por meio da realização da TC de abdome. Sendo importante para a definição do tratamento. ❖ Grau 1: presença de abcesso mesentérico ou pericólico pequeno e confinado. Trata-se com ATB EV e observação. ❖ Grau 2: presença de abcesso pélvico bloqueado. Trata-se com suporte clínico e ATB EV. ❖ Grau 3: presença de peritonite purulenta generalizada. Trata-se com laparotomia ou cirurgia de Hartmann, além de ATB EV. ❖ Grau 4: presença de peritonite fecal generalizada. Trata-se com ATB EV e cirurgia de Hartmann (ou laparotomia). ❖ O tratamento da diverticulite não complicada geralmente é conservador e consiste em antibioticoterapia por 7 a 10 dias (metronidazol e levofloxacino associados ou meropenem em monoterapia), visando cobrir germes gram-negativos e anaeróbios. ❖ Os pacientes refratários ao tratamento clínico ou com complicações associadas devem ser submetidos a um tratamento mais invasivo. Geralmente, a porção acometida pelo processo inflamatório é ressecada e a reconstrução do trânsito intestinal pode ser feita através de anastomose primária ou pela técnica de Hartmann (colostomia proximal com fechamento do coto distal). ❖ O uso de messalazina, geralmente usada em RCU, também pode melhorar sintomas de diverticulose.
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