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Clínica Cirúrgica I Doença Ulcerosa Péptica ❖ É definida como uma erosão da mucosa gástrica ou duodenal que se estendem através da muscular da mucosa. Sua incidência vem diminuindo em decorrência do combate a H. pylori e do conhecimento dos riscos dos AINES. FISIOPATOLOGIA ❖ A camada mucosa do estômago produz ácido clorídrico para digerir proteínas que chegam ao ambiente gástrico. Sobre a mucosa, há uma camada de muco que a protege do ácido. Em caso de desregulação dos fatores agressivos (AINES, acidez gástrica, H. pylori, álcool, isquemia e atraso do esvaziamento gástrico) e protetivos (secreção e muco, bicarbonato, fluxo sanguíneo, regeneração celular e produção e prostaglandinas), inicia-se uma agressão local que pode evoluir com ulceração. ❖ Ademais, pode haver surgimento de úlceras devido ao stress (úlcera de Cushing), síndrome de Zollinger Ellison (gastrinoma) e overdose de radioterapia no abdômen superior. QUADRO CLÍNICO ❖ Dor epigástrica: do tipo queimação que melhora após alimentação, de intensidade variável que irradia para o dorso e para a região retro-esternal, variando de acordo com a dieta do paciente e presença de demais fatores agravantes. É uma dor que pode acordar o paciente (efeito “clocking” – pois a noite não há alimento no estomago e o ácido agride a mucosa, provocando a dor). DIAGNÓSTICO ❖ É realizada a endoscopia digestiva alta (EDA) com observação e uma lesão regular, hiperemiada e margens limpas (o CA de estômago apresenta-se irregular e margens necróticas). Faz-se teste de Urease para detecção de H. pylori e biópsia, se necessário. Caso a ulcera se localizar no duodeno (principalmente bulbo duodenal) não é necessário realizar biópsia. CLASSIFICAÇÃO DE SAKITA A1: base recoberta por fibrina e restos necróticos, com borda bem definida e sem convergência de pregas para a lesão. A2: base limpa recoberta por fibrina, com borda bem definida. Pode ter convergência de pregas. H1: úlcera superficial com pouca fibrina em base e nítida convergência de pregas. H2: igual a descrição de H1, porém com centro da base com menos fibrina que o restante, demonstrando avanço da cicatrização. S1: cicatriz vermelha, com nítida convergência de pregas em retração tecidual, com hiperemia. S2: cicatriz branca, com retração tecidual esbranquiçada, nítida convergência de pregas e sem hiperemia. TRATAMENTO ❖ Deve-se utilizar inibidor de bomba de prótons (omeprazol) e, se houver positividade para H. pylori, deve-se iniciar esquema com Amoxacilina + Claritromicina + IBP. ❖ Ademais, deve-se reduzir o consumo de cigarros, álcool e alimentos condimentados e suspender AINES em uso. COMPLICAÇÕES ❖ Nesse caso, há intratabilidade clínica da úlcera e consequente seguimento cirúrgico. PERFURAÇÃO ❖ Quando há perfuração, o conteúdo gastroduodenal cai na cavidade abdominal, sendo necessário limpeza da cavidade e sutura da úlcera perfurada. Faz-se também a rafia da úlcera com patch de omento, ou seja, sutura-se uma outra camada acima da lesão (com omento). Pneumoperitônio: ocorre dor intensa, sinal de Jouber e abdome em tábua (rígido). HEMORRAGIA ❖ Ela depende do calibre do vaso acometido, induzindo a hematêmese, melena, anemia e choque se não tratado adequadamente. Pode-se realizar a classificação de Forrest para avaliar a capacidade de tratamento endoscópico (IA até IIB), no qual se segue com esclerose, clipagem ou, se inviável, segue-se com tratamento cirúrgico. ❖ Se houver falha do procedimento endoscópico, realiza-se cirurgia com sutura do vaso sangrante. OBSTRUÇÃO ❖ Ocorre uma obstrução pilórica que dilata e deforma o bulbo duodenal, induzindo a vômitos. Seu seguimento pode ser com procedimento endoscópico, vagotomia (corta os ramos parietais do nervo vago para reduzir a secreção de ácido clorídrico – pode ser seletiva, super-seletiva ou troncular) ou gastro-jejunostomia. Pode-se fazer também a antrectomia, pois o antro é a região mais produtora de gastrina (maior estimulante de secreção ácida).
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