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Roteiro e Storyboard - Unidade 1

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Introdução 
Nesta unidade, estudaremos as técnicas de narrativa baseadas na Jornada do Herói e na narrativa clássica e os três atos que formam a estrutura básica de contar histórias. Nessa perspectiva, analisaremos também alguns clássicos da história do cinema mundial imprescindíveis para a compreensão e o desenvolvimento de um raciocínio lógico para o processo de produção de um roteiro. O panorama geral desta unidade pretende com isso iniciar o aluno na estrutura da narrativa cinematográfica. 
Apresentação da Disciplina
A reprodutibilidade técnica do filme tem seu fundamento imediato na técnica de sua produção. Esta, não apenas permite, da forma mais imediata, a difusão da obra cinematográfica, como a torna obrigatória. A difusão se torna obrigatória, porque a reprodução de um filme é tão cara que um consumidor, que poderia, por exemplo, pagar um quadro, não pode mais pagar um filme. O filme é uma criação da coletividade (BENJAMIN, 1994, p. 1 72).
Em 1927, três décadas após a invenção do cinema, já se calculava que, para um filme de longa-metragem ter lucro, teria que ter um público de 9 milhões de pessoas. O nascimento do cinema se dá no contexto pós Revolução Industrial e, portanto, já era visto como um produto poderoso de entretenimento das massas. Sua força lúdica arrebatou todas as artes e se tornou o maior produto artístico de entretenimento mundial. 
O produto final do processo cinematográfico, independente de seu formato final, ou seja, curta-metragem, longa-metragem, novela, programa de TV, comercial, animações ou vídeos para internet e redes sociais, demanda um processo técnico de menor ou maior complexidade, de acordo com as escolhas técnicas e artísticas determinadas pelos fatores artísticos e mercadológicos. Assim sendo, desde o primeiro passo na concepção de uma obra audiovisual, deve-se considerar que o desenvolvimento tecnológico em mais de cem anos de prática e de teoria, elevou a arte cinematográfica a uma posição tecnológica e mercadológica que movimenta bilhões de dólares anualmente nas indústrias de tecnologia, entretenimento, publicidade e licenciamento de produtos. 
Todo início de processo criativo nasce de uma ideia e, assim também, ocorre no processo de construção de roteiro. No entanto, para chegar ao fim do processo de criação cinematográfico é necessário compreender as estruturas que apoiam a construção de todos os elementos que o compõem. Antes do roteiro, deve-se cumprir outras etapas criativas e textuais que irão aos poucos moldando a história e sua estrutura, são elas a Premissa, o Storyline, a Sinopse e, finalmente, o Roteiro. As metodologias e técnicas aplicadas a esses fazeres artísticos procuram garantir que toda a teia dramática, ou seja, tudo o que sustenta a história, por exemplo, os personagens, terão viabilidade, solidez e credibilidade ao final dessa jornada. Sendo assim, devemos nos aprofundar e conhecer as premissas básica para que o projeto tenha uma jornada harmoniosa e um produto audiovisual potente no final. Assim, vamos viajar pelos processos de pré-produção que compreendem a jornada criativa audiovisual, desde a escolha dos temas, sua adaptação à narrativa cinematográfica, à roteirização, à decupagem, à criação de storyboard, que é a técnica utilizada para desenhar as cenas de um filme, até o processo de decupagem técnica. Por decupagem técnica, entendemos o detalhamento de cenas de um roteiro para filmagem. Para isso, usaremos como base a jornada do herói inserida na técnica da narrativa clássica, como exemplo analisaremos clássicos do cinema hollywoodiano, como Star Wars (George Lucas, 1977) e Matrix (Irmãos Wachowsk, 1999). 
Primeiramente, construiremos um panorama geral desse processo para, em seguida, aprofundarmo-nos em cada etapa específica. 
Atividade
Antes de se chegar à fase do roteiro, deve-se cumprir outras etapas criativas e textuais que irão aos poucos moldando a história e sua estrutura. Assinale a alternativa que contém a ordem correta das etapas:
a) Premissa - Storyline - Roteiro - Sinopse. 
b) Sinopse - Premissa - Storyline - Roteiro. 
c) Storyline -Premissa - Sinopse - Roteiro. 
d) Premissa - Sinopse - Storyline - Roteiro. 
e) Premissa - Storyline - Sinopse - Roteiro.
Feedback: A alternativa correta é a letra E, A ordem correta dos textos, para se estruturar um roteiro, deve ser seguida obrigatoriamente dessa forma. Só assim pode-se entender perfeitamente o processo de construção da história e do roteiro.
Conceito de Narrativa
O cinema é uma reeducação pelo absurdo. Principalmente quando o cineasta sabe organizar o material de modo a produzir uma ficção mágica capaz de deflagrar a experiência reveladora. Para tal ele deve seguir a inteligência do próprio cinema, desta máquina de sonhos, que nos demonstra a relatividade de tudo e a equivalência das várias formas possíveis (XAVIER, 1984, p. 93).
Interessante notar que, se voltarmos às origens, as primeiras imagens em movimento do cinema tinham somente a intenção de registrar um fato cotidiano, por exemplo, a imagem do trem dos irmãos Lumiére (A Chegada de um Trem na Estação - 1895), que foi filmada com a câmera bem próxima aos trilhos, dava a impressão ao espectador da época de que o bólido vinha em sua direção, a imagem provocava pânico e estranheza em suas primeiras projecções.
A partir daí a imagem em movimento começa a ser usada para registros diversos do cotidiano, dentre esses registros estava o espaço cênico teatral. Partindo desse ponto de raciocínio, uma peça filmada num único plano aberto e fixo, pode estabelecer e começar a imaginar o ponto de partida do cinema, a narrativa. Essa combinação composta por roteiro, espaço cênico, atores e cenário ganhava, então, um novo e um poderoso complemento, a câmera.
Para o dramaturgo, poeta e romancista Luigi Pirandello (1867-1936), "a câmara representa com sua sombra diante do público, e ele próprio deve resignar-se a representar diante da câmara" (PIRANDELLO, 1927, p. 174). Nessa citação de 1927, a respeito do apparatus cinematográfico, o autor transfere à câmera o poder absoluto da narrativa, levando-se em conta, é claro, que na época o cinema tomava cada vez mais o espaço do teatro e transformava as técnicas de representação vigentes.
O poder atribuído à câmera após sua invenção inspirou inúmeros estudos e teorias como consequência de seu impacto na vida cotidiana ocidental ou como, na reflexão de Walter Benjamin (1936, p. 174), fazer desse "gigantesco aparelho o objeto das inervações humanas". Portanto, a constante busca por uma linguagem que expressasse a visão do artista por meio da imagem em movimento, ou seja, a tradução de uma linguagem que buscasse sua identidade, na totalidade do fazer artístico da vanguarda de cada época, retoma constantemente a origem da criação do instrumento tecnológico que se molda às novas realidades.
As primeiras narrativas usadas na história do cinema se baseavam em obras literárias, sendo o livro "Alice no País das Maravilhas" (Lewis Carrol, 1865) considerado a primeira história literária conhecida a ser filmada. Considerada a obra cinematográfica mais longa produzida até 1903, ano de seu lançamento, o filme tem duração de 1O minutos e alcançou um sucesso estrondoso na época.
Com várias refilmagens durante a história (cerca de 16), teve em sua trajetória uma diversidade de técnicas, como preto e branco, desenho animado, vídeo, filme e as mais avançadas técnicas de composição em 3D.
Ao mesmo tempo foi uma produção de alto custo na época pela utilização de cenários e de fantasias. Totalmente filmada com luz natural (os primeiros refletores datam de 1905), é formada por uma sequência de 16 cenas muito fiéis às ilustrações de John Tenniel, ilustrador dos originais do século XIX. Em 1951, Walt Disney produz a adaptação mais popular do texto e a primeira versão em animação, produzido num momento em que a tecnologia dos filmes coloridos e seu mercado já se encontravam mais sedimentados.
Nos primeiros dez anos de existência,o cinema ainda era uma sequência de imagens estáticas, baseadas na atuação teatral, e a narrativa clássica só passa a existir a partir da utilização da montagem paralela, em que duas ações distintas acontecem simultaneamente. A evolução se dá como um todo, desde a concepção dos temas, dos gêneros e dos roteiros até das técnicas de realização que conhecemos hoje.
Os primeiros processos da técnica de captação a cores surgiram um pouco depois do nascimento do cinema, por volta da década de 1O, mas só se consolidaram a partir do desenvolvimento dos filmes de animação dos estúdios de Walt Disney. Chaplin, por exemplo, temia a cor tanto quanto o som, já que sua fórmula de fazer filmes se encaixava tão bem no cinema mudo e em preto e branco. Sua estratégia, como grande empresário da indústria cinematográfica, seria a de adiar ao máximo o desenvolvimento dessa tecnologia. Assim, a cor e o som no cinema, em seu princípio, ficaram relacionados ao desenho animado e aos filmes de fantasia. Como seu grande defensor e divulgador, Disney teria que superar todas as barreiras com sua genialidade e sua eficaz equipe de artistas.
A consolidação da cor e do som, como elemento de filmes de fantasia e animação, dar-se-ia no início dos anos 30, quando Disney consegue implacar uma série de sucessos, dentre eles Flowers and Trees (Walt Disney, 1932) e The Three Little Pigs (Walt Disney, 1933), os dois receberam premiação no Oscar e esse último faturou por volta de 250.000 dólares, bilheteria considerável naquela época. Assim, depois de inúmeros testes e de tentativas com a cor, consolidava-se o sistema Technicolor de três cores - vermelho, verde e azul - que limitava a leitura de subtons e determinava que a concepção dos cenários e dos figurinos acompanhasse a capacidade de captação do material sensível, caso contrário, aquelas cores pareceriam mais falsas do que já se mostravam. O novo sistema, no entanto, encontrava outras dificuldades dentro da indústria. O primeiro era o monopólio criado por seus detentores, que onerava substancialmente os custos de produção, ou seja, o estúdio era obrigado a utilizar a câmera fornecida pela empresa e havia sempre a presença de um consultor para solucionar questões técnicas e estéticas. A isso se somava o fato de que não haviam ainda tantos mercados consumidores para a projeção em cores, já que o custo das cópias era muito alto.
Historicamente, a introdução da cor e do som nos filmes foi um choque para o cinema de Charles Chaplin e outros autores, que tinham o método baseado em preto e branco e mudo, sua maior fórmula de sucesso. É claro que a arte da dramatização já conhecia profundamente os diálogos pela milenar bagagem do teatro desde a Grécia antiga, dessa forma, seria inevitável que o som entrasse na narrativa na forma de diálogos e estilos de narração, criando, assim, uma nova fase no cinema. A fase dos filmes sonoros se inicia em 1923 e tem no filme "O Cantor de Jazz" (1927, Alan Crosland) seu primeiro grande representante. O filme libertou o cinema definitivamente das tradições do cinema mudo, colorido, com breves diálogos e músicas de sucesso.
Atividade
O cinema enquanto nova tecnologia e instrumento de entretenimento provocou mudanças profundas na sociedade no início do século XX. Em seu princípio, era mudo e preto e branco, mas com o desenvolvimento tecnológico se desenvolveu para o filme falado e a cores. Marque a alternativa que indica a relação incorreta entre o filme e sua técnica de cores.:
a) "O Cantor de Jazz" (1927, Alan Crosland) - Colorido.
b) The Three Little Pigs (Walt Disney, 1933) - Preto e Branco.
c) "Alice no País das Maravilhas" (Walt Disney, 1951 - Colorido.
d) Flowers and Trees (Walt Disney, 1932) - Colorido.
e) O Garoto (Charles Chaplin, 1921) - Preto e Branco.
Feedback: A alternativa correta é a letra B, pois esse desenho animado é o primeiro filme colorido de Walt Disney e também um dos primeiros da história dos desenhos animados. As demais alternativas estão incorretas, pois não apresentam as correlações corretas entre os filmes e as respectivas técnica de colorização.
Aplicação Prática de Narrativa
A Figura abaixo representa as 12 etapas da Jornada do Herói de Joseph Campbell. Essa estrutura é extremamente utilizada em vários roteiros de filmes de sucesso na indústria mundial de cinema.
Figura 1.1 –A jornada do Herói Fonte: Elaborada pelos autores.
MUNDO ESPECIAL
A narrativa clássica de um roteiro para cinema pressupõe uma divisão em três partes:
	Introdução;
	Desenvolvimento;
	Conclusão.
Essa forma, aparentemente simples de estrutura depende, é claro, de todos os elementos que compõem o roteiro, ou seja, da escolha do argumento, da construção de personagens, ambientações, enfim, do que o sustenta como estrutura. No entanto, formas de narrar baseadas em literatura, peças teatrais, mitologia, psicologia, filosofia, vêm sendo introduzidas e desenvolvidas desde sua criação. A Jornada do Herói de Joseph Campbell é, talvez, o exemplo mais usual de uma fórmula que funciona em vários tipos de roteiro. Composta também por três partes ou atos, como ele denomina, encaixam-se perfeitamente nessa estrutura. O que ocorre nesse caso é que Campbell constrói um caminho infalível para o sucesso de uma história, são nuances e curvas dramáticas baseadas em teorias do psiquiatra e psicoterapeuta Carl Gustav Jung (1875-1961) e em histórias mitológicas.
 A jornada é composta de doze estágios e se baseia na obra "O Herói de Mil Faces" de Campbell (1990). Utilizada em inúmeros roteiros de cinema, tem na saga Star Wars de George Lucas seu ponto alto na história da indústria cinematográfica. Ele é essencialmente um guia para a construção do herói de uma história e serviu como base para westerns e filmes de aventura de muito sucesso.
O ecossistema do herói é denominado Mundo Comum (Introdução). É o lugar em que vive até o início do desenvolvimento da história, uma zona de conforto, em que ele ainda não tem consciência do que está por vir. Esse é o momento de apresentar seu cotidiano, sua verdadeira natureza, suas capacidades e sua visão de mundo. Nesse ambiente, o herói é descrito como um cidadão comum e humanizado, o que faz com que mais à frente o espectador se identifique com seu sofrimento.
Na parte central da estrutura (Desenvolvimento), o herói entrará no Mundo Especial, um universo de novidades num mundo muito diferente do Comum e que o estimula a sair de sua casca, exibir seus poderes, sua perspicácia e sua inteligência. Ao final (Conclusão), retorna ao Mundo Comum, fortalecido e trazendo os louros e conquistas de sua jornada.
As 12 etapas Jornada do Herói de Joseph Campbell
Mundo Comum
É o lugar em que o herói vive antes do início de sua jornada. É sua zona de conforto em que acontece seu cotidiano. Nesse momento, conhecemos sua verdadeira natureza, perfil, personalidade e perspectivas sobre a vida. É a fase de identificação do espectador com o herói humanizado.
Chamado para Aventura
A aventura do Herói começa quando recebe um chamado à ação, como uma ameaça direta à sua segurança, à sua família, ao seu modo de vida ou à paz da comunidade na qual vive. Seu início pode se dar por qualquer fato inusitado, seja um ato violento, um telefonema ou um encontro, mas seja qual for o conflito tem a intenção de abalar o equilíbrio do Mundo Comum e apresentar um desafio ou missão que deve ser empreendida.
Recusa do Chamado
O herói fica relutante em aceitar o desafio, terá medo porque sabe que não pode falhar e desenvolverá muitas dúvidas sobre estar ou não à altura do desafio. No primeiro momento, recusará o chamado, o que causará sofrimento. O problema parece gigantesco e muito além de suas possibilidades, e o conforto de seu lar se torna muito mais atraente do que a perigosa jornada que está por vir. Essa fase revela seu lado humano do herói, sendo importante pela identificação com o espectador.
Encontrando o Mentor
Esse é um momento crucial da história. A grande dúvida sobre aceitar ou não o desafio leva o herói à busca de orientação.Nesse momento, encontrará um mentor que pode fortalecer a sua fé e coragem. O mentor terá grande influência sobre o herói e sua função passa pela busca de foco no processo. Nessa fase, o treinamento prático, emocional e uso da inteligência estratégica sobre o conflito enfrentado são cruciais.
Cruzando o Limiar
Após a imersão com o mentor, o herói está pronto para agir e iniciará sua missão. O primeiro passo pode ser espontâneo ou não, mas nesse ponto o herói atravessa a fronteira para um novo mundo, que o autor denomina especial. A partir desse ponto não há mais volta, não existem elementos na história que o façam pensar em recuar, é um soldado pronto à luta, seja ela de origem física, emocional ou intelectual.
Testes, Aliados, Inimigos
Fora de sua zona de conforto, o herói é confrontado por uma série cada vez mais difícil de desafios e testes. Surgem obstáculos com o objetivo de frustrar seu progresso, assim, o herói deve superar cada desafio em direção ao seu objetivo final e precisa conquistar aliados que serão seus principais parceiros na jornada. Nessa fase, serão revelados e testados seus poderes e suas habilidades e a cada obstáculo superado sua identificação com o espectador aumentará.
Aproximação da Caverna
A caverna pode ser representada por elementos diversos, pode ser física, geográfica ou também um desafio interno do personagem. A aproximação significa um rito de preparação para ingressar no desconhecido. É como uma pausa para respirar, refletir e afirmar a coragem adquirida com a experiência das fases anteriores, já que a próxima fase demandará toda a sua energia e habilidade.
Provação
A Provação, como o próprio nome sugere é o teste final, um processo que pode ser físico ou psicológico. Nessa fase, o herói pode enfrentar um inimigo interno (um grande medo, por exemplo) ou um inimigo real e a batalha, inevitavelmente, ocorrerá. O herói coloca à prova todas as suas habilidades e seus conhecimentos adquiridos até momento, ao enfrentar um risco real de morte. O conflito - vida/amor/bem X morte/ódio/mau - atinge seu ápice, tudo é colocado à prova nesse momento, a ação é intensa, repleta de sofrimento e dor e, dependendo do roteiro, pode passar por momentos de quase morte, mas num golpe final e fatal o herói sempre triunfará.
Recompensa
Ao vencer o inimigo e sobreviver aos desafios mais difíceis, o Herói ganha força, nova energia e conhecimento, uma nova vida. Por tudo isso, o herói receberá uma recompensa, que pode ser simbolizada de várias maneiras, por exemplo, um objeto ou simplesmente alcançar novos níveis de poder dentro da trama, assim como ser reconhecido como um mestre ou sábio por todo o conhecimento adquirido na jornada. Existe também a possibilidade de ser condecorado ou receber algum tipo de prêmio, de herança ou de tesouro, mas ele deve também se preparar para o que será seu retorno ao mundo comum.
O Caminho de Volta
O caminho de volta seria, tecnicamente, o contrário do chamado para a aventura, já que estabelece um contraste entre os dois momentos - insegurança/inexperiência/fragilidade X segurança/experiência/força. A volta ao Mundo Comum é, ao mesmo tempo, a hora de relembrar esse momento e de compreender que, apesar do herói no passado ter negado sua missão, teve a oportunidade de correr o risco em direção ao seu destino e volta para casa com seus trunfos e medalhas, mas terá uma última prova, um novo e enorme desafio.
Ressurreição
Essa fase representa a batalha final. Nesse momento, existe o risco real de ser derrotado, pois o herói compromete muito mais do que a própria vida, mas o equilíbrio do Mundo Comum. Essa luta será ainda mais difícil e sangrenta, já que o herói está muito mais forte e seu inimigo tomado pelo ódio e usando de força extrema é a última chance de ambos. É o momento do filme em que se luta junto ao personagem, o ápice do envolvimento e da mimese, a representação do desejo do espectador no desejo do Herói.
Retorno com o Elixir
Essa fase representa o retorno definitivo do herói, após a vitória e também a conclusão a respeito dos personagens subjacentes que compõem a história. Agora, o herói inicia uma nova vida como uma nova pessoa a ser seguida por seu conhecimento, sua experiência e sua liderança, trazendo novo equilíbrio e esperança de futuro para os que habitam seu mundo. Como consequência, existem dois importantes pontos de conclusão nessa fase representados pela frustração dos que não acreditavam nele, a punição dos inimigos e a recompensa dos aliados.
Para compreendermos melhor a aplicação dessa técnica, vamos tomar como base ilustrativa um clássico do cinema, "Star Wars, A New Hope" (1977, George Lucas). No Quadro a seguir, relacionamos a etapa da Jornada do Herói com o momento correspondente do filme.
Quadro 1.1 - Star Wars e a Jornada do Herói Fonte: Elaborado pelos autores.
Assim como em Star Wars, uma infinidade de roteiros e de filmes aplicam essa técnica e, dentro de cada etapa, podem haver outras nuances e subfases. No entanto, ao seguir essa estrutura básica, tem-se uma certa garantia de qualidade da narrativa. É claro que o roteiro depende sempre de um conjunto de elementos que o compõem e garantem seu sucesso, ou seja, os personagens são importantes, assim como a definição do Mundo Comum e do Mundo Especial, a construção dos aliados e dos inimigos, os conflitos e o gênero da história. A Jornada do Herói pode acontecer também com qualquer gênero, seja comédia, romance, aventura ou drama e as os elementos de filme de ação, como lutas e armas, podem ser transferidos para guerras psicológicas.
Atividade
A técnica de redação, baseada na Jornada do Herói de Joseph Campbell, é amplamente utilizada na construção de histórias e de roteiros de cinema. Ela é calcada numa linha lógica de 12 etapas que constrói um encadeamento de ações. Assinale a alternativa que mostra a sequência correta dessas etapas:
a) Mundo Comum - Chamado para Aventura - Recusa do Chamado - Encontrando o Mentor - Cruzando o Limiar - Testes, Aliados, Inimigos - Aproximação da caverna - Provação - Recompensa - Caminho de Volta - Ressurreição - Retorno com o Elixir.
Feedback: A alternativa correta é a letra A , A Jornada do Herói pressupõe a sequência dessa alternativa como lógica para a construção de uma história, método utilizado em inúmeros roteiros de sucesso de público e DE bilheteria na história do cinema.
b) Mundo Comum - Testes, Aliados, Inimigos - Chamado para Aventura - Encontrando o Mentor-Cruzando o Limiar - Recusa do Chamado - Aproximação da caverna - Provação - Recompensa - Caminho de Volta - Retorno com o Elixir - Ressurreição.
c) Mundo Comum - Chamado para Aventura - Recusa do Chamado - Encontrando o Mentor - Cruzando o Limiar - Provação - Testes, Aliados, Inimigos - Aproximação da caverna - Recompensa - Ressurreição - Retorno com o Elixir - Caminho de Volta.
d) Chamado para Aventura - Mundo Comum - Recusa do Chamado - Encontrando o Mentor - Cruzando o Limiar - Testes, Aliados, Inimigos - Provação - Recompensa - Aproximação da caverna - Caminho de Volta - Ressurreição - Retorno com o Elixir.
e) Encontrando o Mentor - Recusa do Chamado - Mundo Comum - Chamado para Aventura - Cruzando o Limiar - Testes, Aliados, Inimigos - Aproximação da caverna - Provação - Recompensa - Caminho de Volta - Ressurreição - Retorno com o Elixir.
Argumento, Sinopse, Storyline
As relações entre cinema e literatura são tão fortes que alguns estudiosos chegam a afirmar a sua existência antes mesmo do surgimento do cinema. Para isso evocam uma teoria limite, segundo a qual há uma essência do cinema, de um "pré-cinema" embutido em alguns textos literários "anteriores à forma de expressão cinematográfica, e que teriam com especificidade o fato de os escritores ordenarem o relato em função da incidência do olhar do narrador, da sua ocularização da cena a narrar (BRITO, 2007, p. 25).
Como qualquer parte do processo de produção cinematográfica, a tarefa de escrever um roteiro não é uma missão fácil para um iniciante, pois apesar de todas as técnicas disponíveis, adaptaruma biografia para um roteiro de sucesso já é uma tarefa trabalhosa, imagine escrever um roteiro original. Isso se dá por uma questão elementar, a maneira como cada indivíduo imagina uma cena descrita em literatura é diferente.
O diretor Quentin Tarantino é conhecido no meio cinematográfico por ser um arquivo vivo do cinema mundial, pois descreve as cenas que vão rodar citando cenas de filmes que têm guardado em seu "HD craniano". Trabalhando com referências de narrativa e de estilo, o diretor consegue expor melhor para sua equipe a sua visão onírica, ou seja, o que imaginou em seus pensamentos que só ele saberá descrever. Nesse sentido, escrever é um fazer artístico e, por assim ser, tem elementos de criatividade que podem nascer do zero ou serem inspirados por outras obras.
Ao escolher um tema ou ideia é crucial, é preciso criar um mundo coerente e entender as regras do universo da história que se quer contar, além dos pontos essenciais que terão a função de conquistar a atenção do espectador.
Por isso, é importante entender o tipo de história escolhida e à qual gênero pertence, seja comédia, drama, terror, aventura ou romance. Não deixando de mostrar novos pontos de vista para assuntos diversos. Nesse sentido, é essencial entender também se o gênero escolhido é consistente, pois são raras as misturas de gênero que funcionam.
A ideia em si pode vir de qualquer fonte, sendo que alguns autores usam referências bibliográficas de fatos cotidianos ou de pesquisas verídicas, por exemplo, os filmes: "Tropa de Elite", "Meu Nome não é Johnny", "Ônibus 174", e "Cidade de Deus".
Assim como há autores mais interessados em biografias, tais como: "Chatô", "Marighella", "Bruna Surfistinha" e "Olga". Nesse sentido, o Brasil desenvolveu nos últimos anos uma poderosa indústria de filmes de comédia, por exemplo: "Vai que Cola", "Fala Sério Mãe" e "O Candidato Ideal". Como também séries que se tornaram importantes no mercado, tais como: "3%", "O Mecanismo" e "A Motoqueira".
No universo de diversos temas, haverá sempre os que se encaixam em segmentos específicos. As novelas, por exemplo, são segmentadas conforme seus horários de exibição e pesquisas específicas de mercado, um exemplo é a novela "Os 1O Mandamentos" da TV Record.
As séries para streaming podem ser mais ousadas ou eleger ficção científica como abordagem principal. Enfim, um universo extenso se apresenta nesse sentido, a escolha sempre partirá de decisões autorais e mercadológicas.
O roteiro sempre começará pelo ponto de partida mais simples, aquilo que será o cerne da história ou a premissa. Somente, então, segue sua trajetória com a construção do storyline, argumento e sinopse. Vamos a eles:
Premissa (ou Logline)
A Premissa é a ideia central do roteiro, que é descrita em no máximo três linhas e contém o cerne da ideia do filme. Sua função é apresentar de forma concisa todos os elementos importantes da sua história, como o personagem principal e o conflito. Geralmente é usada nos pitchings, concorrências feitas pelos grandes players de mercado para apresentação de projetos, funciona para que o projeto tenha impacto imediato e chame a atenção de um agente, de um produtor ou de um cineasta que queira vender a história para um estúdio ou produtora.
Uma boa forma de entender a função de uma premissa é trabalhar variações sobre um mesmo tema. Tomemos como referência o filme "Tropa de Elite".
Nesse sentido, qual seria a melhor premissa para o filme? Vamos a alguns exemplos de premissas no Quadro a seguir.
1. Um capitão do BOPE recebe a missão de eliminar o risco de um atentado ao papa que irá visitar uma favela em sua viagem ao Rio de Janeiro. Na missão, o capitão conhece aquele que poderá ser seu sucessor.
2. O capitão da força especial da Polícia Militar do Rio de Janeiro treina dois recrutas novatos para que possam sucedê-lo.
3. O dia-a-dia do grupo de policiais e de um capitão do BOPE que quer deixar a corporação e tenta encontrar um substituto para seu posto.
4. Pouco antes de se aposentar, um capitão da polícia do Rio de Janeiro deve encontrar um sucessor confiável que possa liderar uma missão perigosa.
 
Quadro 1.2: Premissas sobre o filme "Tropa de Elite". Fonte: Elaborado pelos autores.
Dessa forma, fazer a síntese da ideia ajuda muito a entender se ela é consistente, efetiva e se tem condição de se desenvolver. É importante não ter medo de jogar uma ideia fora visto que ideias, às vezes, enganam-nos e, por questões pessoais, emocionais, familiares ou simplesmente obsessivas, fazem-nos ficar girando em sua órbita durante anos.
O exemplo de "Tropa de Elite", nesse caso, é interessante, já que o filme foi inspirado pelo livro "Elite da Tropa" (2011 - André Batista, Rodrigo Pimentel, Luiz Eduardo Soares), baseado em fatos reais, que seria base de pesquisa para um documentário. Quando iniciou a pesquisa e o desenvolvimento da ideia, o diretor José Padilha viu que, na verdade, a estória tinha potencial dramático para um longa-metragem. E assim o fez, dispensou a ideia de filmar um documentário e realizou a produção do filme.
Storyline
O Storyline é o principal pilar do roteiro, ao contrário da premissa deve trazer a linha dramática da história em até uma lauda. Se o Storyline flui de forma fácil e transparente na forma resumida, pode significar que se tem uma boa história. Deve conter os personagens principais, os principais conflitos e a estrutura que sustenta o roteiro com os três atos, que são:
	Introdução;
	Desenvolvimento;
	Conclusão.
No exemplo a seguir, usamos o filme "Tropa de Elite", que já apresentamos na premissa, para fins de comparação e de noção de desenvolvimento. Os três atos da narrativa clássica estão indicados a seguir.
Introdução:
Em 1997, antes da visita do papa ao Rio de Janeiro, o Capitão Nascimento, do BOPE (Batalhão de Operações Especiais da Polícia) é designado para eliminar os riscos dos traficantes em uma favela perigosa próxima, onde o papa pretende ficar alojado.
Desenvolvimento:
O capitão Nascimento está tentando encontrar um substituto pois sua vida pessoal e condição emocional não permitem mais que ele continue na ativa. Ele precisa encontrar um substituto o mais rápido possível e, surpreendentemente, numa mesma turma de treinamento, entram dois novos recrutas que o enchem de esperança, Neto e Matias. Os três passam por vários desafios juntos, seja no treinamento ou combatendo traficantes de drogas. Nascimento acredita que Neto poderia ser seu substituto, mas suas atitudes impulsivas colocam em risco sua escolha.
Conclusão:
Neto é assassinado e o inteligente Matias parece ser a única escolha, mas ele precisa provar que tem sangue frio e condição de desempenhar a função. O filme termina com o que será o teste final de Matias.
Quadro 1.3: Storyline do filme Tropa de Elite. Font e: Adaptado de ARAUJO, L. A. F. (2019).
Podemos perceber claramente nessa divisão os principais elementos que compõem a história, vamos a eles:
	Introdução:
Quando: 1997; Onde: Rio de Janeiro;
Quem: Capitão Nascimento do BOPE;
O que: Recebe uma missão.
	Desenvolvimento:
Principal Conflito: precisa encontrar e treinar um substituto, pois tem vários problemas pessoais por causa de sua profissão;
Os Aliados: Neto e Matias;
O Inimigo: políticos, policiais corruptos e traficantes.
	Conclusão:
O Escolhido: Matias.
Nesse sentido, fica bem clara a divisão das três fases do roteiro, pois o filme "Tropa de Elite" tem uma narrativa muito bem construída e um tema comum a todos os brasileiros. Abordando de forma talentosa o problema crônico da violência e da corrupção no país, o filme conseguiu virar também uma bandeira de protesto contra essas mazelas.
Sinopse (ou Argumento)
A sinopse são ideias de nossa lavra, a defesa de nossas personagens, a expressão escrita da alma da história, convém que seja um texto claro e fluido, que goze de uma boa redução. Mas seu estilo deve ser literalmente neutro, com a única intenção de descobrir o relato e sua capacidade de se converter em roteiro (COMPARATO, 2018, p. 98).
A Sinopseé um documento fundamental em qualquer projeto audiovisual e deve ter no mínimo três laudas e, no máximo, dez. Existem divergências entre os autores a respeito desse número, mas o ideal é seguir o que indica o padrão de projetos da ANCINE (Agência Nacional de Cinema), que organiza e faz a gestão dos principais editais do audiovisual no país.
Esse documento é uma evolução do Storyline, explica as relações de causa e de efeito que estarão no roteiro, os personagens e suas características principais, pormenores das ligações entre os personagens, a descrição mais precisa de cenários e de locações, as ideias de efeitos especiais e de pós­ produção. Assim, é possível aos envolvidos no projeto, compreender melhor a dimensão desse roteiro, no que diz respeito a todos os itens financeiros que compõem o orçamento de uma obra audiovisual.
Com esse documento, podemos saber, por exemplo, se o personagem principal terá um papel difícil de interpretar e, portanto, se precisará de um ator/atriz que seja uma estrela consagrada da TV. Nesse caso, esse profissional com certeza terá um cachê mais alto do que um ator mediano ou iniciante.
Com a Sinopse, é possível dimensionar também a logística e a quantidade de locações do filme, o que é essencial, pois no cinema os custos são medidos por diárias de transporte, de equipamento, de hospedagens, de alimentação, de passagens e de combustível, além de equipamentos e iluminação.
A Sinopse é, de fato, um documento mais detalhado e deve mostrar o fluxo da narrativa, ou seja, como ela será contada na tela, portanto, demanda mais da habilidade do autor de narrar uma história.
Uma boa dica, muito útil para construir uma Sinopse, é pensar não apenas em "ações", mas em "blocos" de ação. Há uma maneira simples de se fazer isso, tecnicamente inspirada na técnica de Design Thinking, trabalhando com post­ its, conforme a Figura 1.2. Assim, é possível visualizar a mini blocos de ação e compor aos poucos os atos do roteiro. Dessa maneira, pode-se trocar os blocos de ordem dentro de um ato e encontrar as melhores soluções narrativas.
Figura 1.2: Técnica de Design Thinking. Fonte: Elaborada pelos autores.
Construindo essa ideia graficamente, fica mais fácil imaginar a linha narrativa de toda a história como uma linha horizontal. Ao longo dessa linha estão os blocos de ação e, um após o outro, vão construindo uma cadeia de causa e efeito.
Se você criou uma lista de cenas, deve ser possível agrupar linhas de cenas em blocos e determinar um peso para cada uma. Isso é importante, pois não se constrói um roteiro e um filme com picos de ação o tempo inteiro. Assim, como vimos na jornada do herói, os momentos de reflexão e de preparação para o que está por vir são cruciais para a construção da história.
Nesse ponto de ampliação do Storyline para Sinopse, devemos nos concentrar na parte mais complexa que é estruturar a história. Vejamos passo a passo como podemos trabalhar para potencializar essa fase:
ATO I - Introdução
Nessa introdução, não precisamos saber exatamente como será o final da história, mas é necessário saber para onde vai, que tipo de final tentamos alcançar - se trágico, cômico, romântico, emocionante, horripilante, melodramático. Se, para a construção, seguirmos esse caminho, significa que podemos trabalhar numa estrutura mais envolvente e cativante.
O início da história deve atrair a atenção do público de imediato. Isso não significa uma sequência de ações, mas começar a história objetivamente, apresentar os personagens em ações que identificam seus perfis é uma boa técnica. Essa introdução deve ser feita de forma natural, procurando sempre respeitar a estrutura e o encadeamento da história. Nesse ponto, a narrativa não deve travar o fluxo se prendendo a detalhes explicativos demais. Menos é mais, por exemplo, se existe algo importante para revelar que seja ligado ao passado, é melhor colocar em destaque logo no início.
Não se deve apresentar todos os personagens no início, eles devem entrar na história naturalmente, quando tiverem uma função real e determinada para cada um deles. Enfim, a história deve ser planejada antes de se começar a escrever. Certifique-se de saber o que é o começo, meio e fim.
ATO II	- Desenvolvimento
O desenvolvimento é a parte mais longa da história, geralmente, é maior do que a introdução e a conclusão, quando somados. Um trabalho que exige muito planejamento e esforço. Assim que decidirmos por onde começar e onde vamos chegar, devemos nos dedicar a encontrar a maneira mais apropriada para encontrar a complexa conexão na teia da narrativa.
Por exemplo, se é uma história policial, devemos montar uma sequência coerente das pistas disponíveis, se é uma história de amor, talvez seja repleta de dificuldades por quais passam um casal.
E como não se perder nesse universo complexo? É preciso estar no controle, manipular personagens, eventos, ações e consequências. O desenvolvimento deve conter os contrastes e conflitos da história, os momentos de extrema ação e os momentos de calma e preparação.
Essas nuances formam o encadeamento e o equilíbrio da história, os altos e baixos da história têm a função de prender a atenção do espectador pelo que está por vir, por isso não vale a pena ser óbvio, visto que uma ação inesperada pode ser um grande passo se colocado no momento correto na sequência.
Por exemplo, uma boa prática para construção do desenvolvimento é duvidar o tempo inteiro da primeira ideia e, constantemente, perguntar-se:
	E se ele não fizesse isso e fizesse tal coisa? E se ele fosse para a escola e não para a livraria?
Enfim, poderíamos citar dezenas de exemplos, mas o importante é questionar, sempre anotando tudo e, depois de muito trabalho, selecionar as ideias que mais se encaixam na história.
ATO III - Conclusão
Para a conclusão, devemos nos perguntar: o que desejamos provocar no espectador ao final de sua história? Ele consegue concluir de forma concisa toda a história do filme?
Nem todos os filmes precisam de gran finales. Dependendo do gênero da história e do desenrolar dos acontecimentos, às vezes, menos pode ser mais. Ao mesmo tempo, quanto mais imprevisíveis eles forem, melhor será para a estrutura narrativa do filme. Satisfazer o espectador no final é o objetivo, mas é muito importante encontrar o ponto de equilíbrio na conclusão da história. 
A verdade é que o público adora bons finais de filmes e eles serão sempre lembrados.
Atividade
A narrativa clássica e a "Jornada do herói", de Joseph Campbell, relacionam-se pelo fato de que ambas dividem a construção de uma história em 3 partes. Assinale a alternativa que relaciona corretamente as etapas da jornada com a narrativa clássica.
A
B 
C 
D 
E 
Feedback: A alternativa correta é a letra D, pois a sequência lógica da “Jornada do herói” se dá em contagem crescente de ATOS, ou seja: I, II, III; e a narrativa clássica se divide em Introdução, Desenvolvimento e Conclusão, sempre nessa ordem.
.-. . .
-------·
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'O''G'a'r'o'to
Ano: 1921.
Comentário: O filme "O Garoto" é um ícone do cinema da década de 20 em que Chaplin desenvolve a narrativa clássica de forma poética.
TRAILER
FILME
 
A Chegada de um Trem na Estação
Ano: 1895.
Comentário: Para conhecer mais sobre o início da história da técnica cinematográfica, assista ao filme dos irmão Lumiere, "A chegada de um Trem na Estação (1895), considerado o primeiro filme a ser exibido para platéias na história do cinema. Para conhecer mais sobre o filme, acesse o trailer.
FILME
Tropa de Elite
Ano: 2007.
Comentário: O filme de José Padilha é um ícone do cinema brasileiro por levantar questões sociais e de corrupção no sistema de segurança do Rio de Janeiro. É um filme importante na narrativa e na criação cinematográfica por ser fruto de uma obra literária, o livro "Elite da Tropa" (2011, Luiz Eduardo Soares). Para conhecer mais sobre o filme, acesse o trailer.
FILME
 
Dumbo
Ano: 2019.
Comentário: Dirigidopor Tim Burton, o filme é uma recriação do clássico desenho animado de 1941 de Walt Disney e reconstrói de forma original a narrativa de seu antecessor. Para conhecer mais sobre o filme, acesse o trailer.
LIVRO
Da Criação ao Roteiro
Doe Comparato
Editora: Summus.
ISBN: 978-85-323-0886-3
Comentário: Doe Comparato é autor de dezenas de obras de dramaturgia e considerado o maior especialista em roteiros no Brasil, por isso o autor é constantemente utilizado em todos os estudos sobre narrativa, roteiro e teledramaturgia no Brasil.
LIVRO
 
Manual do roteiro: os fundamentos do texto cinematográfico
Syd Field
Editora: Objetiva.
ISBN: 85-7302-044-X
Comentário: Syd Field é a maior referência em técnica e autoria de roteiro nos Estados Unidos, aclamado pela indústria cinematográfica e pela crítica, por isso o autor é constantemente utilizado em todos os estudos sobre narrativa e roteiro nas maiores escolas de cinema dos Estados Unidos.
LIVRO
O Herói de Mil Faces
Joseph Campbell Editora: Pensamento. ISBN: 9788531502941
Comentário: Campbell apresenta heróis mitológicos, religiosos e literários, que representam as várias fases de uma mesma história.

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