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ANATOMOFISIOLOGIA DO CORPO HUMANO Débora Nunes Martins Bueno Imprimir CONHECENDO A DISCIPLINA Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao estudo da anatomo�siologia do corpo humano. Esta disciplina é de extrema importância para todos os estudantes que estão em busca de uma carreira na área da saúde. Neste livro trataremos da anatomia e �siologia dos sistemas que compreendem o corpo humano. A anatomia humana nos possibilita conhecer as várias estruturas que compõem o nosso corpo; a �siologia proporciona o entendimento do funcionamento do corpo humano. Por esse motivo, aqui serão abordadas, de forma conjunta, essas duas disciplinas que são a base do conhecimento para qualquer situação que você irá se deparar no decorrer da sua vida pro�ssional. Neste livro, você terá a oportunidade de conhecer todos os conceitos dos sistemas que compõem o corpo humano. Vamos estudar em detalhes as partes anatômicas dos sistemas respiratório, digestório, circulatório, renal, endócrino e reprodutor. Além de compreender Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta ç õ e s profundamente o funcionamento de cada um desses sistemas, tudo isto servirá de suporte para você entender como nosso corpo funciona em movimento. O presente livro contém 4 Unidades, cada uma com 3 Seções. Na Unidade 1, vamos falar sobre a histologia, anatomia e �siologia dos sistemas respiratórios e digestório. Já na Unidade 2, o assunto abordado será a histologia, anatomia e �siologia do sistema circulatório. Na Unidade 3, vamos conversar sobre histologia, anatomia e �siologia do sistema renal. E, por �m, na Unidade 4, o tema será a histologia, anatomia e �siologia dos sistemas endócrino e reprodutor. Este livro servirá como uma orientação para o seu estudo, proporcionando a você uma grande quantidade de informações sobre os principais sistemas do corpo humano, contribuindo para o pro�ssional que você será no futuro. Vamos começar? Boa sorte e bons estudos! 0 V e r a n o ta ç õ e s NÃO PODE FALTAR ANATOMOFISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO Débora Nunes Martins Bueno Imprimir CONVITE AO ESTUDO Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta ç õ e s Nesta primeira Unidade, iniciaremos nosso estudo pelos sistemas respiratório e digestório. Estudaremos em detalhes as partes anatômicas desses dois sistemas, além de compreender seu funcionamento, o que servirá de suporte para você entender como nosso corpo funciona em movimento. Assim, para exempli�car melhor um dos temas abordados nesta Unidade, re�etiremos sobre a situação de temor mundial que estamos vivendo atualmente despertada pela COVID-19, uma doença que pode causar, dentre outros sintomas, a di�culdade respiratória. Seria possível você entender onde ocorre o bloqueio que causa a falta de ar? Nesta Unidade você conhecerá as estruturas envolvidas no processo da respiração e suas funções. E você sabia que a prática de atividade física pode melhorar a capacidade pulmonar? Um grupo de pesquisadores demostrou que a atividade física diminui a prevalência de hospitalização associada à COVID-19 (SOUZA et al., 2020). Ficou curioso em estudar mais sobre o assunto? Para você aprender sobre como o sistema respiratório funciona, estudaremos todas suas estruturas; como ocorre a mecânica da ventilação pulmonar; de que modo acontecem as trocas gasosas; como os gases são transportados pelo corpo; qual o mecanismo de controle da respiração; qual a relação dos volumes e das capacidades pulmonares; e, ainda, quais as principais doenças que afetam o sistema respiratório. A escolha de cada tópico abordado para o estudo do sistema respiratório trará a você o entendimento de como o corpo humano funciona e quais estruturas estão envolvidas no seu perfeito funcionamento, esteja o indivíduo em repouso ou praticando atividade física. Além disso, para o estudo do sistema digestório – que também será abordado nesta Unidade – precisamos mencionar todas as estruturas que o compõem; entender como ocorrem a deglutição e a motilidade do trato gastrointestinal; como acontece a digestão e a absorção intestinal; e, então, quais as principais doenças relacionadas ao sistema digestório. 0 V e r a n o ta ç õ e s De fato, as doenças que afetam esses sistemas desperta-nos a curiosidade de aprender sobre o funcionamento do corpo humano e quais são suas limitações. PRATICAR PARA APRENDER Nesta Seção daremos início ao estudo do sistema respiratório. Como etapa inicial, compreenderemos a divisão funcional do sistema respiratório, conhecendo as estruturas da parte condutora e da parte respiratória. Além disso, você será convidado a entender, de forma prática, como esse sistema pode se alterar durante diferentes tipos de exercício físico. Você talvez já tenha escutado que os pulmões são a fonte de fornecimento de oxigênio (O ) para nosso corpo e que são eles que removem o dióxido de carbono (CO ) do corpo. E o que acontece durante o exercício físico? À medida que nos movimentamos no decorrer da atividade física, recrutamos mais músculos para executar o movimento. Nosso organismo, então, vai utilizar cada vez mais oxigênio e gerar mais dióxido de carbono para ser eliminado. Por essa razão, ao longo do exercício físico, aumentamos nossa respiração para suprir a demanda do nosso corpo. Sendo assim, o estudo do sistema respiratório se torna ainda mais interessante quando pensamos nas diversas maneiras que podemos alterar os padrões respiratórios, seja em repouso ou nas diversas fases do exercício físico. Imagine que você é professor de Educação Física em uma academia de ginástica e vai ministrar uma aula dinâmica de circuito para uma turma de oito alunos. Então, você começa a separar os materiais e a montar os circuitos e decide que é melhor separar os alunos em dois grupos. Cada grupo vai realizar os exercícios passando por alguns obstáculos. Durante a aula, um dos alunos se desequilibra, cai sobre um dos objetos que faz parte do circuito e grita de dor, colocando as mãos sobre a caixa torácica. 2 2 0 V e r a n o ta ç õ e s Você corre para entender o que aconteceu e tenta acalmar o aluno para poder avaliar a situação e ele começa a se queixar de falta de ar e muita dor no tórax e abdome. Em seguida, você tenta apalpar a região e percebe um afundamento das costelas do lado esquerdo. Nesse momento, você tenta entender o que pode estar acontecendo dentro do corpo do seu aluno. O que será que o afundamento das costelas pode ter causado? E por que o aluno não consegue realizar a respiração completa? O que você pode fazer para ajudar seu aluno. CONCEITO-CHAVE O sistema respiratório apresenta duas divisões que se completam: parte superior e inferior, de acordo com suas estruturas, e parte condutora e respiratória, devido à sua funcionalidade. As principais funções desse sistema são aquecer, umedecer e �ltrar o ar, emitir som e, principalmente, realizar a troca gasosa. A parte condutora do sistema respiratório inclui nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos (Figura 1.1), e a parte respiratória se consiste nos alvéolos (Figura 1.2). A seguir, vamos conhecer cada uma dessas estruturas e como elas desempenham um papel importante no sistema. NARIZ: o local de entrada de ar no sistema respiratório é pelo nariz, que é dividido em parte externa e interna. A primeira é coberta com pele e sustentada pelos ossos nasais e cartilagens �exíveis, das quais uma delas forma o septo do nariz, que separa a cavidade do nariz em duas câmaras, direita e esquerda. A cavidade nasal compõe a parte interna do nariz. A parte anterior desta cavidade é composta pelas narinas, por onde o ar entra. Essa região é revestida por um epitélio estrati�cado pavimentoso, onde estão localizados os pêlos nasais, chamados vibrissas, que �ltram partículas de poeira e evitam que sejam inaladas. 0 V e ra n o ta ç õ e s FARINGE: a faringe é um órgão que tem uma extensão de aproximadamente 13 cm. Ela pertence a dois sistemas, o respiratório e o digestório. De fato, podemos observar que a faringe conecta a cavidade nasal e oral à laringe e esôfago. A parede externa da faringe é sustentada por um músculo estriado esquelético e é revestida por uma mucosa. A faringe se divide em três partes, e em cada uma delas podemos encontrar estruturas com funções distintas. A parte nasal da faringe é o local por onde passa somente o ar – podemos observar a úvula palatina ao �nal do palato mole, estrutura importante para impedir que alimentos invadam a cavidade nasal. Já a parte oral da faringe é um local em que alimentos e líquidos deglutidos – e o ar – passam. Podemos observar um par de tonsilas palatinas e tonsilas linguais, que são órgãos pertencentes ao sistema linfático. E, por �m, a parte laríngea da faringe, que conduz o ar para a laringe e os alimentos e líquidos para o esôfago. LARINGE: a laringe conecta a parte laríngea da faringe com a traqueia. Possui como função principal impedir que alimentos ou líquidos entrem na traqueia e permitir que o ar chegue até os pulmões. É composta por nove cartilagens. A maior delas se chama cartilagem tireóidea e possui uma proeminência conhecida como “pomo de Adão” que pode ser palpada no pescoço e é muito mais visível nos homens do que nas mulheres. A cartilagem epiglote, que desempenha um papel protetor das vias aéreas, possui a �exibilidade de, durante a deglutição, fechar a laringe para que alimentos e líquidos possam entrar no esôfago e, durante a respiração, se abrir para a passagem do ar. Além disso, é na laringe que se encontram as cordas vocais, que vibram com a passagem do ar, produzindo sons. TRAQUEIA: a traqueia mede, em média, 12 cm. Ela liga a laringe ao brônquio principal. É composta de cartilagem hialina em formato de C, que possibilita manter a via aérea sempre aberta. De forma intrigante, a traqueia é revestida por epitélio pseudoestrati�cado colunar ciliado que 0 V e r a n o ta ç õ e s contém numerosas células que secretam muco. Estes cílios se movimentam carregando as partículas estranhas e muco excessivo para fora da traqueia, levando estas partículas até a faringe, onde podem ser deglutidas. E então, a traqueia se bifurca para formar os brônquios principais direito e esquerdo que irão penetrar nos pulmões, e essa cartilagem da bifurcação recebe o nome de carina. BRÔNQUIOS: os brônquios principais ou primários direito e esquerdo são provenientes da bifurcação da traqueia, penetram nos pulmões e, então, se rami�cam em tubos menores denominados brônquios lobares ou secundários por se dividirem para cada lobo do pulmão. Eles se rami�cam em brônquios segmentares ou terciários, que, por �m, se rami�cam várias vezes até formar os bronquíolos. BRONQUÍOLOS: os bronquíolos continuam a se rami�car até formar os bronquíolos terminais, que dão origem aos bronquíolos respiratórios e que vão se fragmentar em diversos ductos alveolares. Figura 1.1 | Anatomia do Sistema Respiratório 0 V e r a n o ta ç õ e s Fonte: Larosa (2016, p. 201). EXEMPLIFICANDO A asma é uma enfermidade que pode ser infecciosa ou alérgica, e está diretamente ligada aos bronquíolos. As paredes dos brônquios principais são iguais aos da traqueia, o que os mantém abertos mesmo quando se estende pelo pulmão. Além disso, observa-se músculo liso presente nos brônquios. À medida que os brônquios se rami�cam e se tornam cada vez menores, as cartilagens que os envolvem deixam de existir, restando somente o músculo liso os envolvendo, assim se formam os bronquíolos. Dessa forma, quando uma pessoa entra em crise asmática, o que acontece é que os músculos que envolvem os bronquíolos entram em contração, e a falta da cartilagem 0 V e r a n o ta ç õ e s para impedir o seu fechamento causa o estreitamento da passagem de ar, apresentando como principal sintoma a di�culdade de respirar. ALVÉOLOS: os ductos alveolares se abrem formando os alvéolos pulmonares, que se agrupam em os sacos alveolares (Figura 1.2). Os alvéolos são revestidos por um epitélio pavimentoso simples e não possuem músculo liso. Neles ocorrem as trocas gasosas. Por esse motivo, nas paredes dos alvéolos encontra-se uma complexa rede de vasos capilares. Nesse sentido, as paredes dos alvéolos são constituídas por células alveolares (Figura 1.5) denominadas pneumócito tipo I e pneumócito tipo II. Os pneumócitos tipo I são mais �nos e, devido à essa característica, favorece a difusão dos gases. Já os pneumócitos tipo II são mais espessos e secretam uma substância conhecida como surfactante, extremamente importante para manter os alvéolos abertos. Além disso, nas paredes dos alvéolos encontram-se os macrófagos, célula de defesa que remove as partículas de poeira presentes nos alvéolos. Figura 1.2 | Alvéolos e capilares pulmonares Fonte: Van De Graa� (2003, p. 613). 0 V e r a n o ta ç õ e s https://conteudo.colaboraread.com.br/202102/INTERATIVAS_2_0/ANATOMOFISIOLOGIA_DO_CORPO_HUMANO/LIVRO_DIGITAL/assets/img/figura_1.2.jpg PULMÕES: os pulmões são divididos em direito e esquerdo (Figura 1.1), estão localizados na cavidade torácica, onde �cam dispostos desde o diafragma até um pouco acima das clavículas e são circundados anterior e posteriormente pelas costelas. Além disso, os pulmões �cam separados um do outro pelo coração e o mediastino. A parte do pulmão situada superiormente é chamada de ápice, e a parte inferior é a base. O pulmão esquerdo é um pouco menor do que o direito, isso se dá pelo fato de o coração invadir uma parte, formando a impressão cardíaca. Nesse sentido, o pulmão esquerdo se divide apenas em dois lobos (superior e inferior) separados pela �ssura oblíqua. No entanto, o pulmão direito se divide em três lobos (superior, médio e inferior) e possui duas �ssuras (horizontal e oblíqua) (ver Figura 1.3). Cada lobo do pulmão é dividido em lóbulos que contêm os alvéolos pulmonares. Estas divisões lobulares do pulmão formam os segmentos broncopulmonares. Cada segmento tem seu próprio suprimento sanguíneo. Assim, se houver alteração em um dos segmentos, este pode ser removido cirurgicamente sem o comprometimento dos demais. PLEURA: os pulmões e a cavidade torácica são envolvidos por uma membrana serosa chamada pleura. A pleura possui duas porções: a pleura visceral, que adere na superfície externa dos pulmões, e a pleura parietal, que reveste as paredes da cavidade torácica (Figura 1.3). Entre as duas porções da pleura existe uma cavidade pleural que é preenchida pelo líquido pleural. O líquido pleural é secretado pela pleura e tem a função de reduzir o atrito das duas porções durante os movimentos causado pela respiração. Figura 1.3 | Pulmões e Pleuras 0 V e r a n o ta ç õ e s Fonte: Van De Graa� (2003, p. 617). MECÂNICA DA VENTILAÇÃO: a ventilação pulmonar ou respiração envolve o movimento do tórax para que o ar entre e saia dos pulmões – aproximadamente 500 ml de ar entra e sai dos pulmões em cada respiração. A �exibilidade da cavidade torácica é muito importante para o movimento da respiração. As paredes laterais da caixa torácica são �exíveis pelo fato de a maioria das costelas estarem ligadas ao osso esterno pelas cartilagens costais elásticas, e devido ao músculo diafragma que �ca localizado no assoalho dessa cavidade. A respiração acontece devido à diferença de pressão entre a atmosfera e os pulmões. Ela é composta por duas fases, inspiração e expiração (Figura 1.4). A inspiração ocorre quando a pressão do ar no interior dos pulmões é menor do que a pressão atmosférica. Já a expiração acontece quando a pressão do ar no interior dos pulmões é maior do que a pressão atmosférica. Durante uma inspiração de repouso, o tamanho da cavidade torácica aumenta devido à contração do músculo diafragma, causando o seu achatamento, além da contração dos músculos intercostaisexternos e a porção intercondral dos músculos intercostais internos que puxam as costelas para cima. Porém, quando se faz uma inspiração forçada ou 0 V e r a n o ta ç õ e s https://conteudo.colaboraread.com.br/202102/INTERATIVAS_2_0/ANATOMOFISIOLOGIA_DO_CORPO_HUMANO/LIVRO_DIGITAL/assets/img/figura_1.3.jpg profunda, ocorre o recrutamento dos músculos escalenos e esternocleidomastoideo, que puxam as costelas para cima e, assim, produz uma grande expansão da cavidade torácica. Contudo, a expiração de repouso é um processo passivo, pois os músculos ativados durante a inspiração relaxam e a caixa torácica volta à sua posição de descanso, reduzindo o volume da cavidade torácica e aumentando a pressão dentro dos pulmões. Dessa forma, a pressão aumentada dentro dos pulmões força a saída do ar até que as pressões entrem novamente em equilíbrio. Durante uma expiração forçada, ocorre a ativação da porção interóssea dos músculos intercostais internos, o que deprime a caixa torácica e a ativa os músculos abdominais que forçam os órgãos abdominais, empurrando o diafragma para cima e contribuindo para diminuição do volume da cavidade torácica. Figura 1.4 | Inspiração e Expiração Fonte: Van De Graa� (2003, p. 619). TROCAS GASOSAS: as trocas gasosas, também conhecidas como hematose, é o processo que acontece entre os alvéolos e os capilares sanguíneos por meio da difusão de gases que participam da respiração. 0 V e r a n o ta ç õ e s https://conteudo.colaboraread.com.br/202102/INTERATIVAS_2_0/ANATOMOFISIOLOGIA_DO_CORPO_HUMANO/LIVRO_DIGITAL/assets/img/figura_1.4.jpg O ar atmosférico é uma mistura de gases, na qual podemos encontrar nitrogênio (N ), oxigênio (O ), dióxido de carbono (CO ) e moléculas de água (H O) em pequena quantidade. Essas moléculas de gases realizam um movimento que é denominado difusão. A difusão dos gases acontece devido ao deslocamento dos gases pelo contato entre as moléculas, gerando pressão. Assim, os gases se difundem do local de maior pressão para o local de menor pressão. Os gases respiratórios de grande importância são o O e o CO . A difusão deles ocorre na membrana respiratória ou pulmonar. Essa membrana, apesar de ser muito �na, permite a separação entre o ar alveolar e o capilar sanguíneo. No pequeno espaço que os separa, há o epitélio alveolar, membrana basal do epitélio alveolar, espaço intersticial, membrana basal do endotélio capilar e endotélio capilar. Para que ocorram as trocas gasosas de forma efetiva, são necessárias três condições: a ventilação alveolar, a difusão dos gases através da membrana respiratória e a perfusão alveolar. Nesse caso, quando a pressão do ar atmosférico é maior do que a pressão dentro dos pulmões, o que faz com que o ar entre nos pulmões e a pressão do oxigênio se eleve nos alvéolos, o O se difunde dos alvéolos para o sangue dos capilares alveolares, e então, o O é transportado pelo sangue, sendo distribuído para todos os tecidos do corpo. Então, após a utilização do O pelos tecidos, estes devolvem para os capilares sanguíneos o CO , que é transportado pelo plasma sanguíneo de volta aos alvéolos pulmonares e assim deixa os pulmões liberados na atmosfera. Figura 1.5 | Trocas gasosas 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 0 V e r a n o ta ç õ e s Fonte: Tortora e Derrickson (2012, p. 467). REFLITA O tabagismo é uma doença que causa dependência do consumo de nicotina e possui uma relação direta com várias outras doenças, como câncer, doenças do sistema respiratório e cardiovascular. Estima-se que pessoas que fumam adoecem com uma frequência duas vezes maior que as pessoas que não fumam. Você conhece quais os prejuízos experimentados por um fumante durante a atividade física? TRANSPORTE DE GASES: para que os gases respiratórios possam alcançar os tecidos do nosso corpo e ocorrer as trocas gasosas é necessário que eles sejam transportados ao longo dos vasos sanguíneos, e, para isso, precisamos entender como este processo ocorre. A solubilidade de um gás determina sua penetração no líquido, ou seja, quanto maior a pressão parcial do gás, maior sua penetração no líquido. Além disso, a temperatura do líquido também in�ui na solubilidade, pois quanto maior a agitação das moléculas, menor sua solubilidade. Nesse 0 V e r a n o ta ç õ e s https://conteudo.colaboraread.com.br/202102/INTERATIVAS_2_0/ANATOMOFISIOLOGIA_DO_CORPO_HUMANO/LIVRO_DIGITAL/assets/img/figura_1.5.jpg contexto, o CO apresenta sua solubilidade de 0,57 e o O de 0,024. Sendo assim, o CO é cerca de 20 vezes mais solúvel em água do que o O . Devido à pouca solubilidade em líquido, o O utiliza uma proteína para que possa ser transportado no sangue. Ela é denominada hemoglobina e possui uma a�nidade com O , por isso aumenta a capacidade do sangue em carregar o O até os tecidos, diminuindo, assim, a quantidade de O que é dissolvida no plasma (Figura 1.6). Portanto, logo que inspiramos, o O passa pelas vias condutoras e chega até os alvéolos pulmonares, onde ocorre a difusão do gás para o capilar sanguíneo, onde se liga à hemoglobina, que o transporta até os capilares. Então, o O se solta da hemoglobina e se difunde para as células, nutrindo todos os tecidos do nosso corpo. O O que penetra nas células dos tecidos é transformado, a partir do metabolismo celular, em CO e água, os quais CO são transportados para os pulmões. Este transporte ocorre de três maneiras consecutivas: cerca de 70% do CO é transportado como íons bicarbonato (HCO ) dissolvidos no plasma; 23% ligando-se à hemoglobina, formando carbamino hemoglobina; e 7% do gás é dissolvido no plasma e hemácias (ver Figura 1.6). Nesse sentido, o gás carbônico é transportado pelas veias até os capilares pulmonares, daí difundido para os alvéolos pulmonares e conduzido até a atmosfera. Figura 1.6 | Transporte de Gases 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 - 0 V e r a n o ta ç õ e s Fonte: Tortora e Derrickson (2012, p. 473). ASSIMILE Como vimos nesta Seção, para que ocorra o transporte de O pelos capilares sanguíneos, o nosso corpo produz hemoglobina. Uma das funções dessa proteína é manter a pressão do O nos tecidos. A cada 100 ml de sangue que passa pelos tecidos, 5 ml de O é liberado da hemoglobina e entra nas células. Mas esse valor de liberação de O pode ser aumentado pelos tecidos musculares durante o exercício 2 2 2 2 0 V e r a n o ta ç õ e s físico intenso, ocorrendo um aumento de aproximadamente 15 a 18 ml para cada 100 ml de sangue que passa pelo tecido. Nesse sentido, a quantidade de O transportado para os tecidos musculares é elevada de 15 a 20 vezes durante o exercício em relação à condição de repouso. EXEMPLIFICANDO A asma é uma enfermidade que pode ser infecciosa ou alérgica, e está diretamente ligada aos bronquíolos. As paredes dos brônquios principais são iguais aos da traqueia, isto o mantem aberto, mesmo quando se estende pelo pulmão. Além disso, observa-se músculo liso presente nos brônquios, à medida que os brônquios vão se rami�cando e se tornando cada vez menores, as cartilagens que os envolvem deixam de existir, restando somente músculo liso os envolvendo, assim se formam os bronquíolos. Desta forma, quando uma pessoa entra em crise asmática, o que acontece é que os músculos que envolvem os bronquíolos entram em contração, e a falta da cartilagem para impedir o seu fechamento, causa o estreitamento da passagem de ar, apresentando como principal sintoma a di�culdade de respirar. Agora que já conhecemos as estruturas e a função do sistema respiratório iniciamos nosso entendimento de como esse sistema funciona, podemos nos aprofundar em solucionar algumas situações práticas. Além disso, aproveite para rever todos os conteúdos que foram abordados na Seção para �xá-los em sua memória de longo termo. FAÇA VALER A PENA 2 Questão 1 0 V e r a n o ta ç õ e s A faringe é conhecida pela maioria das pessoas como “garganta”. Ela é uma estruturaque faz parte de dois sistemas: o respiratório e o digestório, permitindo tanto a passagem de ar em direção aos pulmões quanto a passagem de alimentos e líquidos em direção ao esôfago. Quais são as partes da faringe? a. A faringe apresenta quatro partes: parte nasal, oral, laríngea e esofágica. b. A faringe apresenta três partes: parte nasal, oral e laríngea. c. A faringe apresenta duas partes: parte nasal e laríngea. d. A faringe apresenta três partes: parte nasal, oral e laringofágica. e. A faringe apresenta duas partes: parte oral e laringofágica. Questão 2 O corpo humano é uma máquina de funcionamento constante, possui um conjunto de sistemas que trazem harmonia para um bom funcionamento diário. A respiração é o item funcional principal do sistema respiratório, ela é constituída de duas fases: inspiração e expiração. O que ocorre na inspiração forçada? a. Durante uma inspiração forçada o tamanho da cavidade torácica aumenta devido a contração somente do músculo diafragma. b. Durante uma inspiração forçada o tamanho da cavidade torácica diminui devido a contração dos músculos diafragma, intercostais, escalenos e esternocleidomastoideo. c. Durante uma inspiração forçada o tamanho da cavidade torácica aumenta devido a contração dos músculos abdominais. d. Durante uma inspiração forçada o tamanho da cavidade torácica aumenta devido a contração dos músculos diafragma, intercostais, escalenos e esternocleidomastoideo. e. Durante uma inspiração forçada o tamanho da cavidade torácica diminui devido a contração do músculo diafragma. Questão 3 0 V e r a n o ta ç õ e s REFERÊNCIAS CURI, R.; PROCOPIO, J. Fisiologia Básica. 2. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3yRI6UT. Acesso em: 21 jan. 2021. LAROSA, P. R. R. Anatomia Humana: Texto e Atlas. São Paulo: Grupo GEN, 2016. MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. Anatomia Orientada para Clínica. 8. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2018. SPENCE, A. P. Anatomia Humana Básica. 2. ed. São Paulo: Manole, 1991. SOUZA, F. R. et al. Physical Activity Decreases the Prevalence of COVID- 19-associated Hospitalization: Brazil EXTRA Study. MedRxiv , 2020. Disponível em: https://bit.ly/3khVoWL. Acesso em: 3 abr. 2021. TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo Humano Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. Dentro dos pulmões estão localizados milhões de alvéolos, e são neles que ocorrem as trocas gasosas. O oxigênio inspirado se difunde dos alvéolos para os capilares sanguíneos e o dióxido de carbono (gás carbônico) se difunde dos capilares sanguíneos para os alvéolos. De que modo ocorre o transporte do gás carbônico pelos vasos sanguíneos? a. O gás carbônico é transportado como bicarbonato dissolvido no plasma, ligando-se à hemoglobina e dissolvido no plasma. b. O gás carbônico é transportado em grande parte ligando-se à hemoglobina e uma parte se dissolve no plasma. c. O gás carbônico se dissolve totalmente no plasma para ser transportado. d. O gás carbônico ao se ligar ao bicarbonato se dissolve e não precisa ser transportado para fora dos pulmões. e. O gás carbônico se liga à hemoglobina para se dissolver e ser transportado pela corrente sanguínea. 0 V e r a n o ta ç õ e s https://br.freepik.com/vectorpouch https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2020.10.14.20212704v1.article-info VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia Humana. 6. ed. São Paulo: Manole, 2003. 0 V e r a n o ta ç õ e s FOCO NO MERCADO DE TRABALHO ANATOMOFISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO Débora Nunes Martins Bueno Imprimir SEM MEDO DE ERRAR Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta ç õ e s Conforme a situação �ctícia apresentada nesta Seção 1.1, na qual falamos sobre uma aula de circuito em que um dos alunos sofre uma queda e apresenta algumas queixas, como falta de ar, muita dor no tórax e abdome e um afundamento das costelas do lado esquerdo. Nesta Seção nós entendemos como é a divisão funcional do sistema respiratório, conhecendo as estruturas da parte condutora e da parte respiratória. Sendo assim, quando olhamos para a situação-problema imposta, podemos destacar alguns pontos importantes: Afundamento das costelas; Dor aguda; Falta de ar. De modo geral, quando nos deparamos com uma situação de queda, existe o risco de fratura. Quando há fratura das costelas, o afundamento pode ser visível ou somente sentido pela palpação do local, mas a con�rmação somente é possível quando é feito o exame de raio-X. Se for o caso, seguimos para outro sintoma, a falta de ar. As costelas são compostas de 12 pares e envolvem os pulmões para protegê-lo, em alguns casos, quando as costelas se rompem, pode ocorrer a perfuração do pulmão, resultando em uma situação denominada pneumotórax. O pneumotórax ocorre quando, por alguma razão, há entrada de ar na cavidade pleural, que é o espaço existente entre a pleura parietal e visceral. Imediatamente o pulmão do lado afetado colapsa totalmente ou parcialmente, di�cultando a entrada do ar no pulmão, por isso a pessoa sente falta de ar. Geralmente o pulmão se mantém aberto pela pressão existente na cavidade pleural. Mas, quando ocorre perfuração da pleura o ar entra nesta cavidade e causa o fechamento do pulmão. Assim, com todo esse conhecimento, quando o aluno caiu e relatou a falta de ar, você já saberia quais as medidas necessárias para prestar o socorro e encaminhar o seu aluno em segurança para o hospital mais 0 V e r a n o ta ç õ e s próximo. AVANÇANDO NA PRÁTICA CONSEQUÊNCIAS DO ENVELHECIMENTO NO SISTEMA RESPIRATÓRIO Dona Edna tem 85 anos. Após muitos anos sem realizar atividade física regular, resolveu voltar a praticar por recomendação médica. Para isso, ela decidiu iniciar com uma caminhada em uma praça próxima de sua residência, sem a supervisão de um pro�ssional. Sendo assim, quais as limitações que esta senhora poderá sentir em relação ao sistema respiratório? RESOLUÇÃO Dona Edna poderá encontrar algumas limitações que ocorrem no sistema respiratório com o aumento da idade. O avanço da idade faz com que se desenvolva uma rigidez da caixa torácica e a perda da elasticidade dos pulmões, resultando na diminuição da capacidade ventilatória. Além disso, ocorre uma redução da quantidade de oxigênio transportado pelos vasos sanguíneos, diminuição da atividade dos macrófagos e diminuição do funcionamento dos cílios que revestem o trato respiratório. Todas essas perdas tornam o idoso mais suscetível a infecções do sistema respiratório. Assim, Dona Edna pode encontrar algumas di�culdades iniciais, como di�culdade de respirar, cansaço excessivo e tontura. Por esse motivo, há necessidade de um pro�ssional quali�cado para prescrever o exercício ideal e acompanhar Dona Edna durante a atividade física. 0 V e r a n o ta ç õ e s NÃO PODE FALTAR ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONALIDADES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO Débora Nunes Martins Bueno Imprimir PRATICAR PARA APRENDER Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta ç õ e s Daremos continuidade ao estudo do sistema respiratório nesta Seção, na qual estudaremos, de forma mais aprofundada, algumas funções vitais e as principais doenças relacionadas ao sistema. Você já ouviu falar em hipóxia? A hipoxemia ocorre quando as taxas de oxigênio no sangue apresentam-se baixas, o que pode desencadear diversas lesões em vários tecidos do nosso corpo e afetá-los permanentemente ou até mesmo levar o indivíduo à morte. Para evitar isso, o sistema respiratório precisa funcionar de forma e�caz, sem comprometimento de suas estruturas anatômicas e mantendo sua capacidade funcional normal. Nesta Seção, vamos discutir sobre a relação entre ventilação pulmonar e �uxo sanguíneo pulmonar necessária para que os níveis adequados de oxigênio cheguem até os tecidos vitais à nossa sobrevivência. Além disso,vamos conhecer o centro de controle neural da respiração e quais os volumes e capacidades pulmonares ideais para um bom funcionamento do nosso corpo. Por �m, depois de adquirir certo conhecimento sobre o sistema, discutiremos a respeito das doenças mais relevantes descritas na literatura. Por que precisamos saber sobre as doenças? De fato, como pro�ssionais da área da saúde, precisamos saber lidar com as diversas alterações que nosso corpo pode apresentar durante o dia a dia. Sendo assim, quando falamos das diversas maneiras que nosso corpo se comporta para nos manter vivos, podemos visualizar qualquer situação que não seja o padrão normal. Leandro e Luciano gostam de esportes com bastante emoção, como fazer trilhas, escalar e explorar novos ambientes e testar os limites do corpo. Certo dia, estavam assistindo a um documentário sobre o Monte Everest, que �ca localizado na Cordilheira do Himalaia e cujo pico alcança 8.849 m acima do nível do mar. 0 V e r a n o ta ç õ e s Leandro propôs a Luciano testar um novo ambiente, uma escalada em uma montanha bem alta e resolveram se aventurar em uma viagem ao Monte Everest. Estavam muito animados em tentar chegar o mais próximo possível ao topo do Monte. Eles se juntaram a um grupo de 20 alpinistas para uma expedição ao Monte, que os orientaram a chegar ao local e passar por um processo de adaptação antes de iniciarem a escalada. Assim, ao chegarem ao acampamento a 5.400 m de altitude, começaram a sentir um pouco de di�culdade de respirar e começaram a �car preocupados, pois toda a preparação física deles foi feita em um ambiente que está ao nível do mar. Será que eles vão encontrar di�culdade física para completar a aventura? Quais as implicações da altitude elevada para o corpo humano? Para sermos reconhecidos no que fazemos, precisamos nos esforçar para ter sucesso no resultado. Porém, para que isso aconteça, devemos nos empenhar dia a dia. Já dizia o autor Robert Collier: “sucesso é o acúmulo de pequenos esforços, repetidos dia e noite”. Esta frase diz muito do que precisamos para vencer na vida. Dediquemo-nos aos estudos e teremos conhecimento para lidar com as diversidades encontradas no mercado de trabalho. CONCEITO-CHAVE RELAÇÃO VENTILAÇÃO-PERFUSÃO A função que caracteriza o sistema respiratório é a realização das trocas gasosas do organismo, sendo uma função considerada vital para o funcionamento do corpo humano. Dessa maneira, através da respiração, o ar rico em oxigênio (O ) entra pelas vias aéreas e chega aos pulmões, sendo difundido dos alvéolos para os capilares pulmonares e então distribuído por todos os tecidos do corpo. Nesse sentido, percebemos que o sistema respiratório possui uma relação direta com o sistema cardiovascular, em que um sistema é responsável pela entrada e saída dos gases e o outro sistema �ca encarregado de distribuir o O e 2 2 0 V e r a n o ta ç õ e s recolher o dióxido de carbono (CO ), mantendo, assim, o funcionamento adequado no nosso organismo. Esse processo é conhecido como relação ventilação-perfusão (V/Q). Para podermos entender como a relação entre a ventilação e a perfusão funciona (Figura 1.7), precisamos nos aprofundar no conhecimento sobre o que é ventilação e perfusão e como atuam nas trocas gasosas. A ventilação alveolar ou pulmonar é o processo em que o oxigênio contido no ar atmosférico entra pelas vias condutoras e alcança as vias respiratórias, momento em que ocorre a difusão do O pela membrana respiratória, alcançando os capilares alveolares. No mesmo local, contudo, produz-se o mecanismo inverso: o CO , por difusão, passa dos capilares alveolares através da membrana respiratória até os alvéolos e é conduzido para fora do corpo. Toda essa sequência corresponde a uma das condições necessárias para que aconteçam as trocas gasosas. Uma outra condição necessária para as trocas gasosas é a perfusão pulmonar, ou seja, o �uxo sanguíneo dos pulmões. Cerca de 40% do peso do pulmão se deve ao sangue contido nos vasos sanguíneos pulmonares. De fato, os pulmões reservam cerca de 10% do volume sanguíneo total circulante, o que corresponde a aproximadamente 500 ml. O �uxo sanguíneo que se dá no circuito coração-pulmão-coração é denominado circulação pulmonar. Ela apresenta uma �uência alta, porém de baixa pressão e baixa resistência, e começa quando o sangue rico em CO sai do ventrículo direito do coração pelas artérias pulmonares, que sofrem rami�cações até se tornarem capilares alveolares, local da difusão do CO , que é expelido pela expiração. Então, após a inspiração, o O se difunde para os capilares pulmonares, e o sangue oxigenado é levado de volta para o coração pelas veias pulmonares, chegando ao átrio direito, onde é entregue para a circulação sistêmica, responsável em distribuir o O pelo corpo. 2 2 2 2 2 2 2 0 V e r a n o ta ç õ e s O pulmão, como vimos na Unidade 1 Seção 1, assemelha-se a um triângulo, possuindo, em sua parte inferior, a base, e o ápice em sua parte superior. Sendo assim, ocorre uma distribuição irregular do �uxo sanguíneo nos pulmões devido à ação da gravidade e pelo fato de a pressão pulmonar arterial ser mais baixa do que a pressão arterial sistêmica. Dessa maneira, quando estamos em pé, o �uxo sanguíneo é maior na base e menor no ápice do pulmão, porém, quando estamos na posição deitada ou decúbito o �uxo sanguíneo é distribuído quase da mesma maneira por todo o pulmão. Além disso, no ápice dos pulmões, os capilares podem colabar por causa do �uxo sanguíneo muito diminuído. Assim, para que possamos analisar se de fato o nosso organismo está realizando as trocas gasosas de forma adequada, deve existir um equilíbrio ente a ventilação e a perfusão pulmonar. Essa relação ventilação-perfusão mede a e�cácia do sistema respiratório, através da quantidade de ar e sangue que chega ao pulmão expressa por um quociente respiratório ideal de 0,8. Qualquer situação que leve ao desequilíbrio da relação ventilação-perfusão pode gerar uma insu�ciência de O no sangue. Figura 1.7 | Ventilação Pulmonar e Perfusão Pulmonar 2 0 V e r a n o ta ç õ e s Fonte: Silverthorn (2010, p. 570). REFLITA Por meio da respiração, conseguimos expressar emoções, como rir e suspirar. A gargalhada nada mais é do que uma inspiração rápida seguida de muitas expirações pequenas de intervalos curtos, com vibração das cordas vocais e emissão de som. Você conhece mais algum movimento respiratório re�exo? CONTROLE DA RESPIRAÇÃO A nossa respiração acontece, na maior parte do tempo, de maneira involuntária, mas existem alguns momentos em que podemos alterar a respiração de modo voluntário, como acontece durante alguns exercícios físicos ou em terapias que utilizam a percepção da respiração. 0 V e r a n o ta ç õ e s A respiração é indispensável para a sobrevivência do nosso corpo. Por esse motivo, conheceremos como a respiração involuntária ocorre e quais são os mecanismos que a mantém durante o dia e a noite. A respiração é um padrão rítmico controlado pelo centro respiratório de neurônios localizados no tronco encefálico, mais especi�camente no bulbo e na ponte. Essas células enviam impulsos nervosos aos músculos respiratórios, controlando seu ritmo de acordo com a demanda do indivíduo. O ritmo respiratório pode ser alterado por diversas situações diárias, de acordo com as quais o sistema respiratório modi�ca seu padrão para manter a oxigenação necessária para nutrir os tecidos do corpo e retirar o excesso de CO produzido pelo metabolismo celular. A regularidade da respiração involuntária normal é controlada pelo bulbo, considerada a área da ritmicidade. Em seu interior encontram-se as áreas inspiratória e expiratória. Assim, durante o ciclo respiratório, ocorre a ativação de neurônios da área inspiratória, gerando impulsos nervosos que se propagam por nervos que conduzem a informação que vai provocar a contração dos músculos inspiratórios – osnervos frênicos inervam o músculo diafragma e os nervos intercostais inervam os músculos intercostais externos. Esse evento dura, aproximadamente, dois segundos. Depois, ocorre a inativação da área inspiratória: os impulsos nervosos são interrompidos e os músculos deixam de ser excitados pelos nervos, o que culmina no relaxamento muscular e o retorno passivo da cavidade torácica e pulmões. Esse evento passivo tem duração de três segundos. Após ser concluído, inicia-se novamente o ciclo. No entanto, durante a respiração forçada, a área inspiratória recruta mais músculos para garantir uma expansão completa da cavidade torácica e pulmões. Nesse caso, são ativados também os músculos esternocleidomastoideo e escalenos. Além disso, a área inspiratória ativa os neurônios da área expiratória, que emite impulsos nervosos para a contração dos músculos abdominais e intercostais internos responsáveis pela expiração forçada. 2 0 V e r a n o ta ç õ e s Já na ponte, observam-se neurônios distribuídos em duas áreas que in�uenciam o funcionamento da área da ritmicidade, onde a área apnêustica é responsável por ativar a área inspiratória, e a área pneumotáxica realiza a inibição da área inspiratória. De fato, podemos alterar de maneira voluntária nossa respiração, pois o cérebro tem conexões diretas com o centro respiratório. Sendo assim, por um curto período podemos prender a respiração, porém, logo sentimos a necessidade de voltar a respirar, isso acontece porque existe uma rede de receptores que detectam a quantidade de O em nosso corpo, e quando prendemos a respiração, nossas células consomem todo o O e liberam o CO e hidrogênio (H ). Quando a concentração de CO atinge determinado patamar, há um estimulo involuntário da área inspiratória para recompor a inspiração imediatamente. Os quimiorreceptores são receptores sensoriais que respondem a estímulos químicos do sangue, detectando os níveis dos gases respiratórios e participando do monitoramento da respiração. Os quimiorreceptores centrais �cam localizados no bulbo e reagem quando há alteração no nível de CO e H no líquido cerebrospinal. Quando o nível de CO plasmático aumenta, uma grande quantidade do gás se difunde pela barreira hematoencefálica e invade o líquido cerebrospinal. O CO se converte em H e bicarbonato, ativando a área inspiratória, que por sua vez responde aumentando a ventilação, processo conhecido como hiperventilação. E os quimiorreceptores periféricos (Figura 1.8) estão localizados no arco aórtico e nas artérias carótidas comuns e são sensíveis à alteração do nível de O , CO e H no sangue. Nesse caso, o aumento de CO e H , e a queda de O no sangue, desencadeiam a ativação da área inspiratória e, consequentemente, a hiperventilação, com o objetivo de retomar os níveis adequados desses gases no sangue. Figura 1.8 | Quimiorreceptores periféricos 2 2 2 + 2 2 + 2 2 + 2 2 + 2 + 2 0 V e r a n o ta ç õ e s Fonte: Van de Graa� (2003, p. 623). ASSIMILE 0 V e r a n o ta ç õ e s Você já ouviu falar em intoxicação por monóxido de carbono? O monóxido de carbono (CO) é um gás expelido do escapamento de carros e da fumaça de cigarro e aquecedores a gás. Frequentemente escutamos que o CO é prejudicial à saúde, mas você já parou para pensar o porquê? O que acontece é que o CO se liga à hemoglobina (assim como o O ). Porém, o CO tem uma ligação muito mais forte com ela, o que reduz a quantidade de O transportado no sangue e causa a intoxicação por monóxido de carbono e pode levar a pessoa à morte. VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES O volume pulmonar se consiste na quantidade de ar obtido durante uma respiração normal, ou seja, sem esforço. Em média, uma pessoa em repouso respira 12 vezes por minuto, e cada respiração movimenta 500 ml de ar na inspiração e expiração, o que equivale a 6 litros por minuto. Desse modo, vamos conhecer quais são os volumes em uma respiração de repouso e durante uma respiração forçada. O espirômetro é um aparelho que mensura a quantidade de ar proveniente da respiração. Com esse dispositivo podemos classi�car alguns tipos de volumes pulmonares e avaliar a capacidade pulmonar da pessoa. O volume de uma respiração é denominado volume corrente (Vc). Estima-se que somente 350 ml (70%) do volume corrente participe das trocas gasosas – os outros 150 ml (30%) �cam retidos no espaço morto anatômico composto pelas estruturas das vias condutoras do ar. O volume de reserva inspiratório (VRI) é o volume produto de uma inspiração forçada. Em mulheres, esse volume é de 1.900 ml, e, nos homens, chega a 3.100 ml. Quando realizamos uma expiração forçada, conseguimos mensurar o volume de reserva expiratório (VRE), sendo de 700 ml nas mulheres e 1.200 ml nos homens. Entretanto, mesmo após uma expiração forçada, é 2 2 0 V e r a n o ta ç õ e s detectado um volume de ar que �ca retido nos pulmões e nas vias aéreas, denominado volume residual (VR), apresentando, aproximadamente, 1.100 ml nas mulheres e 1.200 ml nos homens. A capacidade pulmonar corresponde ao volume de ar total do sistema respiratório calculado a partir das combinações dos volumes descritas na Figura 1.9. Sendo assim, a capacidade inspiratória (CI) é calculada quando somamos o volume corrente com o volume de reserva inspiratório: CI = Vc + VRI CI = 500 ml + 1.900 ml → CI = 2.400 ml (MULHERES) CI = 500 ml + 3.100 ml → CI = 3.600 ml (HOMENS) A capacidade residual funcional (CRF) é a soma do volume residual com o volume de reserva expiratório: CRF = VR + VRE CRF = 1.100 ml + 700 ml → CRF = 1.800 ml (MULHERES) CRF = 1.200 ml + 1.200 ml → CRF = 2.400 ml (HOMENS) A capacidade vital (CV) é a soma do volume de reserva inspiratório com o volume corrente e o volume de reserva expiratório: CV = VRI + Vc + VRE CV = 1.900 ml + 500 ml + 700 ml → CV = 3.100 ml (MULHERES) CV = 3.100 ml + 500 ml + 1.200 ml → CV = 4.800 ml (HOMENS) E, por �m, a capacidade pulmonar total (CPT) é a soma da capacidade vital com o volume residual: CPT = CV + VR CPT = 3.100 ml + 1.100 ml → CPT = 4.200 ml (MULHERES) CPT = 4.800 ml + 1.200 ml → CPT = 6.000 ml (HOMENS) 0 V e r a n o ta ç õ e s Os valores dos volumes e capacidades pulmonares podem sofrer alterações de acordo com cada pessoa, por isso temos que considerar a idade, o gênero e a estatura de cada um, mas, de modo geral, pessoas mais velhas apresentam esses parâmetros mais baixos do que adultos jovens. Como pudemos observar, os valores se alteram em mulheres e homens, apresentando valores mais baixos em mulheres. Por �m, esses valores são menores em pessoas que apresentam baixa estatura. Porém, a partir disso podemos obter informações sobre as condições respiratórias de uma pessoa. Figura 1.9 | Grá�co mostrando os volumes e capacidades pulmonares Fonte: Tortora (2012, p. 470). DOENÇAS RELACIONADAS AO SISTEMA RESPIRATÓRIO Vimos, até agora, como o sistema respiratório apresenta estruturas desenvolvidas para conduzir o ar de maneira e�ciente até os pulmões. Além disso, também destacamos que ele é coberto por um epitélio com função diversi�cada – esta camada recobre a parte interna das estruturas para aquecer e umedecer o ar, possui cílios para retirar microrganismos indesejáveis, protegendo e lubri�cando todo o sistema para que o ar chegue aos pulmões sem causar nenhum dano às estruturas respiratórias que realizam as trocas gasosas. Sendo assim, 0 V e r a n o ta ç õ e s após conhecer todo o sistema respiratório em perfeito funcionamento, vamos conhecer algumas das principais doenças que lhe causam irregularidades e/ou lesões. Resfriado O resfriado é uma doença provocada por vírus. O mais comum deles é o rinovírus, cujo desenvolvimento ocorre em sete dias. Possui como primeiros sintomas uma coceira no nariz e, em alguns casos, irritação na garganta. À medida que a doença se desenvolve, outros sintomas aparecem, como espirros e secreções nasais, que tendem a se acumulare causar congestão nasal. No entanto, observa-se que a febre não é muito comum, apesar da febre baixa às vezes manifesta. Gripe A gripe também é causada por um vírus, a in�uenza. Este vírus causa os mesmos sintomas iniciais que o resfriado, mas a febre é característica, além de dores no corpo e cansaço. Por volta do segundo e quarto dias, os sintomas do corpo tendem a diminuir, porém, alguns dos sintomas respiratórios podem se manter por mais tempo, como é o caso do surgimento de tosse seca. O tratamento da gripe pode variar, pois, por se tratar de um vírus, as medicações usadas são apenas para aliviar os sintomas, logo são utilizados antitérmicos e analgésicos. Entretanto, há alguns anos foi desenvolvida uma vacina que é usada como prevenção da doença, demonstrando uma e�cácia de 70 a 90%. Por isso, todos os anos é feita uma campanha de vacinação para crianças e idosos. Há necessidade anual de receber uma nova dose da vacina porque o vírus pode sofrer mutações que o tornam imunes à vacina antiga, sendo necessário alterar a composição dela para se adequar ao tipo de vírus mais provável de se disseminar. Asma 0 V e r a n o ta ç õ e s A asma é uma in�amação crônica das vias aéreas que estreita a passagem do ar e di�culta a respiração. Essa doença leva a uma severa obstrução das vias aéreas, que ocorre devido a três fatores principais: (1) espasmos do músculo liso nas paredes dos brônquios e bronquíolos; (2) edema da mucosa que reveste as vias aéreas; e (3) secreção de muco aumentada. A asma apresenta fator genético, ou seja, passa dos progenitores aos �lhos. Pode ser leve ou severa a ponto de desencadear uma crise potencialmente fatal. A crise asmática pode ser provocada por alérgenos (poeira e mofo), distúrbios emocionais, exercício, dentre outros. Os sintomas apresentados durante uma crise são: di�culdade para respirar, dor no peito, tosse, chiado, respiração ofegante, aperto no peito, taquicardia, fadiga, pele úmida e ansiedade. De modo geral, a asma pode ser controlada com tratamentos que incluem inaladores que podem ser usados para prevenir as crises ou até mesmo usados para abrir as vias aéreas durante uma crise. Bronquite A bronquite é uma in�amação dos brônquios que causa excesso de secreção de muco e falta de ar. Na Seção 1.1, estudamos sobre os brônquios e vimos que eles são responsáveis por conduzir o ar até os alvéolos pulmonares, e que são revestidos por minúsculos cílios que transportam o muco presente para as vias aéreas superiores, mantendo livre a passagem do ar. No caso da bronquite, a in�amação causa a liberação de um muco espesso e um grande estreitamento dos brônquios, di�cultando a atividade realizada pelos cílios, que deixam de eliminar o muco e passam a acumular secreção nos brônquios, mantendo-os in�amados e contraídos, provocando uma severa tosse na tentativa de eliminar o muco. A bronquite pode ser aguda ou crônica. Na bronquite aguda, a crise pode durar de 7 a 15 dias, apresentando tosse seca ou com muco, enquanto que, na bronquite crônica, as crises são constantes, sendo 0 V e r a n o ta ç õ e s mais intensas pela manhã e se manifestam por até três meses durante pelo menos dois anos consecutivos, os sintomas mais comuns são tosse com muco, falta de ar, chiado, cianose e hipertensão pulmonar. Ainda não existe um tratamento especí�co, mas utiliza-se tratamento preventivo com uso de vaporizadores e analgésicos, além de um tratamento medicamentoso para as crises mais graves. Dentre essas medicações, podemos citar os broncodilatadores, antibióticos, mucolíticos e anti-in�amatórios – essas drogas só devem ser utilizadas sob prescrição. Tuberculose A tuberculose é uma doença bacteriana infecciosa, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, que afeta principalmente os pulmões e as pleuras, mas pode ser encontrada em outras partes do corpo. A bactéria, quando se instala nos pulmões, se multiplica e causa um processo in�amatório, estimulando a migração dos neutró�los e macrófagos para a área afetada, na tentativa de neutralizar essas bactérias e impedir sua disseminação. A maioria das pessoas infectadas com a bactéria da tuberculose não apresenta sintomas, porém, pode espalhar a doença através da tosse ou espirro. No entanto, quando há sintomas, estes geralmente são tosse, fadiga, perda de peso, letargia, anorexia, sudorese noturna, febre, falta de ar, dor torácica e escarro com sangue. Para as pessoas assintomáticas, não há necessidade de tratamento em muito dos casos, já as pessoas com manifestação dos sintomas iniciam um tratamento longo com vários antibióticos. Pneumonia A pneumonia é uma infecção que afeta os alvéolos em um ou ambos os pulmões. É considerada a causa infecciosa mais comum de morte em bebês e crianças devido à imunidade ainda ser baixa nessa população. Outro grupo de risco são os idosos, por motivo da diminuição de células de defesa, o que torna a imunidade comprometida. 0 V e r a n o ta ç õ e s A infecção que leva à pneumonia é causada pela instalação de vírus, bactéria pneumocócica (Streptococcus pneumoniae) ou mesmo fungos. Quando esses microrganismos penetram nos pulmões, liberam toxinas que estimulam a in�amação e respostas imunes que geram lesões nos alvéolos e nas mucosas dos brônquios. Esse processo in�amatório e o edema levam os alvéolos a se encherem de líquido, prejudicando a ventilação e as trocas gasosas. Os sintomas observados incluem tosse com catarro ou pus, febre, calafrios e di�culdade respiratória. O tratamento utilizado é medicamentoso, sendo os antibióticos os mais usados. EXEMPLIFICANDO Durante a prática de atividade física, há um recrutamento de vários grupamentos musculares. Essa contração muscular em massa consome uma grande quantidade de O , além de produzir em grande quantidade o CO . Isso leva o sistema respiratório a trabalhar mais para manter normal o nível destes gases no sangue. Logo no início de uma atividade física intensa, ocorre um súbito aumento da ventilação, devido à ativação dos proprioceptores e vai se ajustando ao longo do exercício, e a frequência respiratória também aumenta. Já na atividade física moderada, ocorre um aumento na profundidade da ventilação, mas não na frequência respiratória. E, ao �m da atividade física, há um súbito decréscimo da ventilação, por causa da diminuição dos estímulos proprioceptivos pela diminuição ou falta de movimento. Então, ocorre uma diminuição gradativa da ventilação, pois a temperatura começa a cair e os quimiorreceptores detectam os níveis dos gases no sangue. Como a demanda desses gases para o corpo não é mais alta, emitem uma sinalização para diminuir a ventilação até atingir o nível de repouso. 2 2 0 V e r a n o ta ç õ e s Chegamos ao �m do estudo do sistema respiratório. Nesta Seção, abordamos de maneira completa a forma como se comporta o sistema respiratório em funcionamento, e ainda conhecemos as principais doenças que podem afetar o sistema. Desta maneira, a partir de todos esses temas detalhados ao longo das duas Seções, pudemos nos aperfeiçoar no entendimento de um sistema tão complexo e ainda perceber como ele é essencial para nos manter vivos. FAÇA VALER A PENA Questão 1 A respiração acontece com maior frequência de maneira involuntária, mas em algumas situações podemos alterar a respiração voluntariamente. O centro respiratório que controla a ritmicidade da respiração está localizado na____________ e ____________. Estas duas estruturas fazem parte do encéfalo e são responsáveis por enviar impulsos nervosos até os ____________. Assinale a alternativa que completa as lacunas corretamente. a. Inspiração / expiração / pulmões. b. Medula / ponte / pulmões. c. Ponte / bulbo / músculos. d. Traqueia / cérebro / músculos. e. Faringe / bulbo / brônquios. Questão 2 A função que caracteriza o sistema respiratório é a realização das trocas gasosas do organismo, sendo uma função considerada vitalpara o funcionamento do corpo humano. Dessa maneira, quando ocorre a respiração, o sistema respiratório se relaciona diretamente com o cardiovascular, processo conhecido como relação ventilação-perfusão. Nesse sentido, julgue as a�rmativas a seguir em (V) Verdadeiras ou (F) Falsas. 0 V e r a n o ta ç õ e s ( ) A ventilação alveolar é o processo em que o oxigênio contido no ar atmosférico entra pelas vias condutoras e alcança as vias respiratórias. ( ) Nos pulmões, o �uxo sanguíneo é menor na base e maior no ápice, devido à elevada pressão pulmonar arterial, vinda do ventrículo direito. ( ) A relação ventilação-perfusão mede a e�cácia do sistema respiratório, através da quantidade de ventilação e de sangue que chega ao pulmão. ( ) A circulação que ocorre entre o coração-pulmão-coração é denominada circulação pulmonar. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. a. V – V – V – V. b. V – F – V – F. c. F – F – F – V. d. V – F – V – V. e. F– F – V – V. Questão 3 Neste contexto, o espirômetro é um aparelho que mensura a quantidade de ar proveniente da respiração. Através desse dispositivo, podemos classi�car alguns tipos de volumes pulmonares e avaliar a capacidade pulmonar da pessoa, que corresponde ao volume de ar total calculado a partir das combinações dos volumes. Qual é o cálculo para obter o volume da capacidade pulmonar total? Os volumes pulmonares podem ser classi�cados como volumes estáticos e volumes dinâmicos. Os volumes pulmonares estáticos são os resultantes da complementação de manobras respiratórias, consistindo em compartimentos pulmonares. Os volumes pulmonares dinâmicos são os decorrentes de manobras respiratórias forçadas, expressam variáveis e parâmetros de �uxo aéreo. — (BARRETO, 2002) “ a. É a soma do volume de reserva inspiratório mais o volume corrente e o volume de reserva 0 V e r a n o ta ç õ e s REFERÊNCIAS BARRETO, S. S. M. Volumes Pulmonares. Jornal Brasileiro de Pneumologia, Brasília, v. 28, suplemento 3, 2002, p. 83-94. Disponível em: https://bit.ly/3pDIuSR. Acesso em: 4 abr. 2021. CURI, R.; PROCOPIO, J. Fisiologia Básica. 2. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2017. RHOADES, R. A.; TANNER, G. A. Fisiologia Médica. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. Anatomia Orientada para Clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2019. SILVERTHORN, D. U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo Humano Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia Humana. 6. ed. São Paulo: Manole, 2003. expiratório. b. É a soma da capacidade vital com o volume residual. c. É a soma do volume residual com o volume de reserva expiratório. d. É a soma do volume corrente com o volume de reserva inspiratório. e. É a soma do volume residual, mais o volume corrente e o volume de reserva expiratório. 0 V e r a n o ta ç õ e s http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2010/07/volumes-pulmonares.pdf FOCO NO MERCADO DE TRABALHO ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONALIDADES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO Débora Nunes Martins Bueno Imprimir SEM MEDO DE ERRAR Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta ç õ e s Vamos entender como as altitudes elevadas podem gerar respostas adaptativas em nosso corpo. Nesta Seção 1.2, nós vimos uma história hipotética de dois aventureiros, Leandro e Luciano, que se prepararam �sicamente em um ambiente ao nível do mar para escalar o Monte Everest, que �ca a aproximadamente 8.849 m do nível do mar, uma grande altitude que pode trazer di�culdades para eles concluírem o objetivo de tentar chegar o mais próximo possível do cume. Nas duas primeiras Seções desta Unidade, nós conversamos sobre a mecânica respiratória e o controle da respiração. Também falamos sobre a importante relação entre ventilação e perfusão pulmonar para que ocorram as trocas gasosas, mantendo assim os volumes pulmonares adequados para um bom funcionamento do sistema respiratório. Neste caso, listaremos alguns dos sintomas que as altitudes elevadas podem causar: Di�culdade de respirar; Dores de cabeça; Tonturas; Menor resistência muscular nos braços e nas pernas; Confusão mental. Conforme a altitude aumenta, a pressão atmosférica diminui, o que resulta em hipóxia, que nada mais é que a redução de O no sangue e em tecidos do nosso corpo, causando alterações �siológicas severas. Portanto, a queda da disponibilidade de O no corpo humano, afeta a manutenção das funções cerebrais e físicas, pois, para o funcionamento ideal destas funções, é necessário cerca de 21% de O circulante. Por esse motivo, o índice de morte em praticantes de alpinismo que tentam chegar ao cume do Monte Everest é alta. Ao chegar a 7.000 metros acima do mar, os sintomas da falta de oxigênio se acentuam drasticamente, 2 2 2 0 V e r a n o ta ç õ e s deixando muitos dos praticantes desorientados e, em alguns casos, inconscientes. Além disso, a temperatura extremamente baixa di�culta ainda mais a recuperação deles, levando à morte em poucas horas. Logo, Leandro e Luciano precisariam passar pelo menos 15 dias de aclimatação, período em que o corpo iniciaria um processo de tolerância à baixa concentração de O no ar, melhorando o desempenho pulmonar e físico – mesmo assim, a adaptação não seria completa. Pessoas que vivem em lugares de altitude elevada apresentam redução da resposta à hipoxia desenvolvida por anos de exposição ao meio. Por esse motivo, ao deixarem o Monte Everest e retornarem ao nível do mar, as adaptações produzidas sumiriam em aproximadamente 20 dias. Assim, todas as vezes que Leandro e Luciano retornarem a grandes altitudes, haverá necessidade de aclimatação novamente. No processo de aclimatação do corpo, ocorre um aumento gradativo da ventilação, reduzindo a pressão do CO e aumentando a pressão O arterial. Observa-se também mudanças como o aumento da concentração de hemoglobina, ocasionando em um maior aproveitamento no transporte do O por todo o corpo. Então, talvez nesta primeira experiência de Leandro e Luciano como alpinistas não tenha sido como eles esperavam, mas aprenderam que o corpo nem sempre responde da maneira como gostaríamos, porque nosso organismo responde a in�uências como o ambiente e a temperatura. AVANÇANDO NA PRÁTICA EFEITOS DO MERGULHO PARA O SISTEMA RESPIRATÓRIO O sur�sta Augusto se mostra um amante do mar. Passou a adolescência treinando para campeonatos. Porém, os treinamentos de Augusto não eram somente se equilibrar sob a prancha; envolviam também muita prática de controle da apneia para se manter debaixo d’água, pois as quedas são constantes e muitas vezes o movimento das ondas podem manter o sur�sta por um tempo submerso. Foi assim que Augusto, aos 2 2 2 2 0 V e r a n o ta ç õ e s 25 anos de idade, começou a praticar o mergulho livre, que consiste na imersão em água sem o uso de equipamentos para a reposição de ar, utilizando apenas o ar retido nos pulmões. No entanto, quanto mais ele explorava o mar, mais se encantava com a beleza encontrada e sentia um desejo de aprofundar cada vez mais naquelas águas. Você consegue imaginar quais os perigos que Augusto pode encontrar ao explorar as profundezas do oceano? Como o corpo de Augusto se comportaria ao passar tanto tempo debaixo d’água? E, ainda, mesmo com o uso do cilindro de ar comprimido (SCUBA) qual o perigo de um mergulho muito profundo? RESOLUÇÃO Antes de mergulharmos, sempre realizamos uma inspiração profunda e seguramos o ar, na tentativa de estocarmos uma quantidade de O antes da imersão, mas isso não muda o fato de o nosso corpo não suportar mais de 4 minutos sem que ocorra a respiração – há relatos de danos cerebrais após um período prologado de apneia ou até mesmo a morte. Isso aconteceporque a taxa de O diminui e a de CO aumenta, ativando os quimiorreceptores que estimulam a área inspiratória e quando não ocorre a respiração o corpo entra em colapso. Por isso, Augusto sendo praticante de surfe a muitos anos, já entende quais as limitações do seu corpo em mergulho livre. Mas já que Augusto deseja explorar cada vez mais as profundezas do oceano, ele precisa entender que durante a prática do mergulho autônomo (com o uso do equipamento SCUBA), ocorre um aumento da pressão na descida, na qual a pressão atmosférica se eleva a 1 atm a cada 10 m de profundidade. Por isso, durante a descida à medida que vamos nos afastando da superfície a diferença de pressão pode ocasionar compressão dos gases nos pulmões, ouvidos e seios da face e durante o retorno à superfície pode ocorrer uma 2 2 2 0 V e r a n o ta ç õ e s hiperinsu�ação dos gases. Por esse motivo, esses dois processos precisam de atenção e técnica para serem executados cuidadosamente e minimizar os danos ao corpo. Para prevenir qualquer male, quando Augusto começa a subir para a superfície, ele vai sentir que a pressão diminui, isso porque o oxigênio que estava comprimido e diluído no sangue aumenta e é liberado nos pulmões, outro gás que participa da respiração é o nitrogênio, e sua descompressão pode causar sintomas de embriaguez e desmaio. Logo, durante a subida é importante que Augusto mantenha um ritmo lento e realize paradas para que os gases sejam descomprimidos de modo gradativo, evitando embolia gasosa. Ele também precisa expirar todo o ar para ajudar a prevenir a hiperinsu�ação e possível lesão tecidual. 0 V e r a n o ta ç õ e s NÃO PODE FALTAR ANATOMOFISIOLOGIA E FUNCIONALIDADES DO SISTEMA DIGESTÓRIO Débora Nunes Martins Bueno Imprimir PRATICAR PARA APRENDER Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta ç õ e s Nesta Seção de encerramento da unidade falaremos do sistema digestório. Logo, compreenderemos a divisão anatômica e funcional desse sistema, conhecendo a formação de cada órgão e suas doenças mais relevantes. Você já reparou na quantidade de medicamentos que existem para desconfortos digestivos nas farmácias? Já conheceu alguém que foi parar no hospital por sentir tanta dor na região abdominal e descobriu que eram apenas gases? O sistema digestório ganha nossa atenção quando sentimos fome, azia, constipação e indigestão. Mas o que pode causar todos esses sintomas? Como o que comemos in�uencia todo o nosso corpo? Ao longo desta Seção, discutiremos conceitos importantes para a compreensão das indagações elaboradas acima. Deste modo, aprofundar-nos-emos em temas que vão desde a introdução do alimento à boca até a excreção das substâncias inconsumíveis. Imagine que você estava se preparando para ir a uma festa de um amigo do seu �lho, e, como sabe, a maioria das festas infantis tem bastante doce e alguns salgadinhos. Tudo o que você consegue pensar é que não há como as coisas darem errado. Mas, agora vamos olhar para o outro lado da festa, para o modo como foi feita toda a preparação para receber os convidados. Michele é a mãe do aniversariante e resolveu que desta vez iria organizar o aniversário de 4 anos de Benjamin em casa. Para isso, encomendou doces e bolo de chocolate, e preparou cachorro-quente para todos. Mas, ao comprar as salsichas, não se atentou para a data de validade, e fez o cachorro-quente com salsichas vencidas. A festa aparentemente foi um sucesso: crianças felizes, muitos doces e, para �nalizar, o famoso “Parabéns pra você”. No outro dia, Benjamin acordou reclamando que não estava se sentindo bem, relatou que estava com muito enjoo e começou a vomitar muito, o que evoluiu para um grande desconforto abdominal e diarreia. Porém, o que Michele não sabia é que não era só o 0 V e r a n o ta ç õ e s Benjamin que estava se sentindo mal: você, seu �lho e todos da festa estavam com os mesmos sintomas. Você consegue entender o que pode ter acontecido? O que aconteceu com o alimento dentro do sistema digestivo? Como o corpo detecta que o alimento está contaminado? CONCEITO-CHAVE O sistema digestório apresenta dois grupos de órgãos que se completam. O primeiro é um longo tubo composto pelo trato gastrintestinal, e o segundo é denominado órgãos digestórios acessórios. A principal função do sistema é transformar o alimento em partes menores que podem ser utilizadas pelas células do nosso corpo e separar o que não for usado para ser excretado. A função digestória pode ser dividia nos seguintes processos: ingestão, mastigação, deglutição, digestão, absorção, peristaltismo e defecação. A seguir, conheceremos cada uma dessas fases, quais as estruturas envolvidas e, ainda, quais doenças estão associadas a disfunções deste sistema. Cavidade oral A cavidade oral é também conhecida como boca. Tem sua extensão dos lábios até a parte oral da faringe. É envolvida pelas bochechas. Em seu interior encontram-se os dentes, que salientam dos processos alveolares dos ossos maxilares e mandíbula. No teto, observa-se anteriormente o palato duro e, posteriormente, o palato mole e a língua que forma o assoalho desta cavidade (Figura 1.10). O ser humano possui lábio superior e inferior que revestem a borda da boca. Por apresentarem uma mucosa transparente, os capilares sanguíneos são percebidos, alterando a cor dos lábios. Os lábios e a bochecha auxiliam no processo de mastigação, mantendo o alimento dentro da boca e o movimentando entre os dentes. Logo atrás dos dentes superiores está o teto da boca, formado por uma parte dura, pois é a junção de dois ossos: ossos das maxilas e ossos palatinos. Por essa 0 V e r a n o ta ç õ e s razão, esta região é denominada palato duro. O teto da boca se estende até a parte posterior, formada por músculo, por isso apresenta uma consistência mole, sendo denominado palato mole. O palato mole apresenta uma ponta em sua extremidade chamada de úvula palatina (Figura 1.10), que, juntos, possuem uma função importante durante a deglutição, impossibilitando que alimentos e líquidos entrem na cavidade nasal e possam seguir para a faringe. No contorno da úvula palatina, em uma região de abertura para a parte oral da faringe, encontram-se as tonsilas palatinas, que são órgãos que participam do sistema linfático, responsável pela manutenção da nossa imunidade. A língua, órgão acessório do sistema digestório, é composta por músculo estriado esquelético coberto por uma mucosa onde encontram-se distribuídas as papilas gustativas que nos permite sentir os sabores. É a língua que movimenta o alimento para ser macerado pelos dentes e empurra o bolo formado para a parte oral da faringe. Os dentes pertencem aos órgãos acessórios, �cam inseridos através dos processos alveolares dos ossos maxilares superiormente e na mandíbula inferiormente. As gengivas são tecidos epiteliais que recobrem os processos alveolares, dando sustentação aos dentes. Eles desenvolvem um papel importante na transformação do alimento a ser digerido. Aqueles localizados na frente são os incisivos e servem para cortar o alimento; ao lado deles encontram-se os caninos, que perfuram o alimento, e, por �m, mais atrás estão os pré-molares e molares, que maceram o alimento. Até os 2 anos de idade, a criança tem aproximadamente 20 dentes denominados decíduos (dente de leite). Entre os 6 ou 7 anos de idade, eles são substituídos pelos dentes permanentes. Na fase adulta, somam-se cerca de 32 dentes. Figura 1.10 | Cavidade oral, Faringe e Esôfago 0 V e r a n o ta ç õ e s Fonte: Van de Graa� (2003, p. 641). Glândulas salivares As glândulas salivares (Figura 1.11), órgãos digestivos acessórios, produzem e secretam um líquido lubri�cante e com enzimas digestivas denominado saliva, encontrada na boca e na faringe. A saliva apresenta é composta de 99% de água e 1% de proteínas e íons. A água que compõe a salivaauxilia a dissolver os alimentos, facilitando sua deglutição. Além disso, há secreção da enzima digestiva amilase salivar, iniciando na boca a degradação dos carboidratos. Também ocorre a secreção da enzima lisozima, cuja função é proteger a mucosa da boca, minimizando possíveis infecções na boca ou na faringe. São secretados até 2 litros de saliva por dia pelas glândulas salivares. A secreção salivar é controlada pelo sistema nervoso autônomo e a taxa de secreção pode variar, sendo menor durante o sono e maior quando há estímulo – este estímulo pode ser por introduzir o alimento a boca, pelo 0 V e r a n o ta ç õ e s cheiro do alimento ou quando sentimos fome. Existe também uma produção aumentada de secreção salivar durante a fala, para lubri�cação de toda a cavidade oral. Os três pares de glândulas salivares estão localizadas fora da boca, mas possuem ductos que levam a saliva até a cavidade oral – um par de glândulas maiores e dois pares de glândulas menores. As glândulas parótidas são os maiores pares e estão localizados à frente e abaixo das orelhas, e posterior ao músculo masseter; elas possuem um ducto parotídeo (Figura 1.11) que atravessa o músculo masseter, perfura o músculo bucinador e se abre no nível do segundo molar superior, produzindo principalmente a saliva digestiva, contendo enzimas que participam da digestão. As glândulas submandibulares são menores e �cam localizadas na face interna da mandíbula, próximo ao ângulo da mandíbula; possuem o ducto submandibular (Figura 1.11) que atravessa o assoalho da boca e se abrindo próximo ao frênulo da língua, sendo responsáveis pela salivação lubri�cante evitando o ressecamento da mucosa da boca. Porém, quando há estímulo, elas secretam saliva digestiva. Por �m, as glândulas sublinguais, que, assim como as glândulas submandibulares, também são menores e possuem a mesma função, mas estão localizadas logo abaixo da língua e possuem vários ductos sublinguais (Figura 1.11) que se abrem no assoalho da boca. Figura 1.11 | Glândulas Salivares 0 V e r a n o ta ç õ e s Fonte: Van de Graa� (2003, p. 646). HISTOLOGIA DO TRATO GASTRINTESTINAL A parede do trato gastrintestinal possui quatro camadas de tecido, que inicia no esôfago e se estende até o ânus, sendo, de dentro para fora, constituída pela túnica mucosa, submucosa, muscular e serosa (Figura 1.12). A parte que reveste internamente o trato gastrintestinal é a túnica mucosa, que possui três camadas, uma de epitélio, que �ca em contato direto com o conteúdo interno do trato, outra camada de tecido conjuntivo frouxo para �xar o epitélio, e uma camada de músculo liso, que forma pequenas pregas na mucosa intensi�cando a absorção e facilitando a digestão. A túnica submucosa é a camada que liga as túnicas mucosa e muscular. Na túnica submucosa encontra-se neurônios que são controlados pelo sistema nervoso autônomo (alguns pesquisadores chamaram estes 0 V e r a n o ta ç õ e s neurônios de sistema nervoso entérico). Além disso, na túnica observam- se vários vasos linfáticos e sanguíneos. A túnica muscular se consiste em sua maior parte de músculo liso, produzindo o peristaltismo, movimentos involuntários que auxiliam na quebra e mistura do bolo alimentar, e movem o quimo alimentar ao longo dos intestinos até o ânus. Somente na boca, faringe e parte superior do esôfago encontra-se atividade voluntária realizada pelos músculos estriados esqueléticos. Por �m, a túnica serosa ou adventícia, a mais externa da parede do trato gastrintestinal, é formada de tecido conjuntivo e está presente somente no esôfago, na sua porção que passa abaixo do diafragma. Ela secreta um líquido que lubri�ca o trato, permitindo que ele deslize sobre os órgãos adjacentes. Por esse motivo, esta túnica é conhecida como peritônio visceral. Figura 1.12 | Túnicas da parede do trato gastrintestinal Fonte: Berne e Levy (2009, p. 492). Faringe e esôfago 0 V e r a n o ta ç õ e s A faringe é uma estrutura que participa do sistema respiratório (detalhada na Seção 1.1) e do sistema digestório. Logo, quando o alimento é deglutido, sai da cavidade oral e entra na parte oral da faringe. Pelos movimentos das contrações musculares, o alimento desce pela parte laríngea da faringe e é direcionado para o esôfago (ver Figura 1.10). O esôfago liga a faringe ao estômago. Sua localização inicial é atrás da traqueia, passando pelo mediastino e perfura o diafragma para chegar até o estômago. Apresenta em sua extremidade superior o esfíncter esofágico superior, constituído por músculos estriado esquelético e em sua extremidade inferior o esfíncter esofágico inferior, formado por músculo liso. ASSIMILE Você sabia que as tonsilas palatinas eram chamadas de amígdalas? As tonsilas palatinas estão inseridas na parte oral da faringe e ajudam no combate de possíveis infecções por microrganismos que podem penetrar em nosso corpo pelo nariz ou boca. Estômago O estômago está localizado logo abaixo do diafragma (ver Figura 1.15). Sua função é realizar a digestão tanto mecânica quanto química do bolo alimentar. Ele apresenta quatro regiões: cárdia, fundo, corpo e piloro. A região cárdia contorna a abertura do estômago com o esôfago, e a região pilórica �ca entre o estômago e o duodeno (intestino delgado). Nessas duas regiões encontram-se esfíncteres, o esfíncter esofágico inferior, que evita o re�uxo para o esôfago, e o esfíncter pilórico, que controla a passagem do quimo para o duodeno. O estômago apresenta em sua forma duas curvaturas: uma curvatura gástrica maior e uma curvatura gástrica menor. O fato é que o estômago funciona como reservatório do alimento, dando tempo ao intestino de 0 V e r a n o ta ç õ e s absorver os nutrientes necessários. Assim, quando nosso estômago está vazio, observa-se grandes dobras que são denominadas pregas gástricas que �cam achatadas quando ocorre o esticamento do estômago. Na região do corpo e fundo do estômago encontram-se, em sua mucosa, as glândulas gástricas. Nelas há vários tipos celulares que formam o suco gástrico e o secretam no estômago, quais sejam: as células mucosas do colo, células principais, células parietais e células entereoendócrinas. A células mucosas do colo realizam a secreção de muco para proteger a parede do estômago da acidez do suco gástrico. As células principais secretam pepsinogênio, uma enzima gástrica que �ca inativada quando o estômago está vazio. As células parietais produzem o ácido clorídrico, que é responsável em esterilizar o bolo alimentar e transforma o pepsinogênio em pepsina (forma digestiva ativa). Por �m, as células entereoendócrinas são produtoras do hormônio gastrina, que estimula a motilidade do estômago e a secreção de ácido clorídrico. A parede do estômago é reforçada por músculo liso, o que torna possível contrações peristálticas mais fortes, amassando e misturando o bolo alimentar ao suco gástrico, produzindo assim o quimo (líquido espesso), ocorrendo o esvaziamento gástrico, levando o quimo para o duodeno. Pâncreas e fígado O pâncreas e o fígado são órgãos acessórios do sistema digestivo que estão intimamente ligados com a digestão que ocorre no duodeno. O pâncreas está localizado atrás do estômago (ver Figura 1.15) e possui função exócrina e endócrina. Nesta Seção, vamos falar somente da sua função exócrina, que produz e secreta o suco pancreático no duodeno através do ducto pancreático (Figura 1.13). O suco pancreático é secretado pelas células dos ácinos, e é constituído de água, sais, enzimas e bicarbonato de sódio. O bicarbonato de sódio neutraliza o pH ácido proveniente do suco gástrico, protegendo, assim, a mucosa do duodeno. Das enzimas contidas no suco pancreático, podemos encontrar a amilase 0 V e r a n o ta ç õ e s pancreática que degrada os carboidratos, a tripsina e a quimiotripsina, que, somente após se tornar ativa no duodeno, degrada as proteínas, e a lipase pancreática, que degrada os triglicerídeos.
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