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APG 12 - FALTOU AR!

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1 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Objetivos 
1- Rever a morfologia das vias aéreas superiores; 
2- Debater sobre os fatores de risco da 
broncoaspiração; 
3- Explicar a fisiopatologia da broncoaspiração, suas 
manifestações clínicas e complicações; 
4- Discutir sobre o manejo da broncoaspiração em 
crianças 
Morfologia das vias aéreas 
↠ O sistema respiratório consiste em nariz externo, 
cavidade nasal, faringe, laringe, traqueia, brônquios e 
pulmões. (SEELY, 10ª ed.) 
 
↠ Há duas formas de classificar as partes do sistema 
respiratório: estruturalmente e funcionalmente. (SEELY, 
10ª ed.) 
↠ Estruturalmente, o sistema respiratório é dividido em 
trato respiratório superior e trato respiratório inferior. 
(SEELY, 10ª ed.) 
↠ O trato respiratório superior inclui o nariz externo, a 
cavidade nasal, a faringe com suas estruturas associadas, 
e a laringe; o trato respiratório inferior inclui a traqueia, os 
brônquios e suas ramificações (bronquíolos), e os pulmões. 
(SEELY, 10ª ed.) 
Obs.: Algumas literaturas, como por exemplo Tortora, traz a laringe 
como parte do trato respiratório inferior. 
↠ Funcionalmente, o sistema respiratório é dividido em 
duas regiões. A zona condutora é exclusivamente para a 
passagem de ar e estende-se do nariz aos bronquíolos. A 
zona respiratória localiza-se dentro dos pulmões e é o 
local onde ocorrem as trocas gasosas entre o ar e o 
sangue. (SEELY, 10ª ed.) 
↠ A função da zona condutora é filtrar, aquecer e 
umedecer o ar e conduzi-lo para os pulmões. (TORTORA, 
14ª ed.) 
Funções do Sistema Respiratório: (TORTORA, 14ª ed.) 
➢ Possibilitar as trocas gasosas: ingestão de O2 para entregá-
lo às células corporais e remoção do CO2 produzido pelas 
células do corpo. 
➢ Ajudar a regular o pH do sangue. 
➢ Conter receptores para o sentido do olfato, filtrar o ar 
inspirado, produzir sons vocais (fonação) e eliminar água e 
calor. 
Anatomia do sistema respiratório 
NARIZ 
↠ O nariz consiste em nariz externo e cavidade nasal. O 
nariz externo é a estrutura visível que forma a parte 
proeminente da face. A maior parte do nariz externo é 
composta por placas de cartilagem hialina. A ponte do 
nariz consiste no osso nasal mais as extensões dos ossos 
frontal e maxilar. (SEELY, 10ª ed.) 
 
↠ A cavidade nasal estende-se desde as narinas até as 
coanas. As narinas são as aberturas externas da cavidade 
nasal, e as coanas são as aberturas para a faringe. (SEELY, 
10ª ed.) 
OBS.: A cavidade nasal é dividida nas metades direita e esquerda pelo 
septo nasal na linha mediana; essa parede é formada pela lâmina 
perpendicular do osso etmoide, pelo vômer e pela cartilagem do septo 
nasal, todos cobertos por uma membrana mucosa. (MARIEB, 7ª ed.) 
↠ O teto da cavidade nasal é formado pelos ossos 
etmoide e esfenoide; seu assoalho é composto pelo 
palato, que separa as cavidades nasal e bucal e mantém 
o alimento fora das vias aéreas. (MARIEB, 7ª ed.) 
APG 12 – “FALTOU O AR!’ 
2 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
 
As conchas e a mucosa nasal funcionam durante a inspiração filtrando, 
aquecendo e umidificando o ar. Durante a expiração, elas recuperam 
esse calor e umidade. O ar inspirado resfria as conchas e depois, 
durante a expiração, essas conchas resfriadas precipitam a umidade e 
extraem calor do ar úmido que flui ao longo delas. Esse mecanismo 
de recuperação minimiza a quantidade de umidade e calor perdidos 
pelo corpo por meio da respiração, ajudando as pessoas a sobreviver 
nos climas secos e frios. (MARIEB, 7º ed.) 
OBS.: A boca funciona como via respiratória alternativa quando as vias 
nasais estão obstruídas ou há necessidade de trocar grandes volumes 
de ar (p. ex., durante um esforço físico) (PORTH, 10ª ed.). 
FARINGE 
↠ A faringe, ou garganta, é um tubo em forma de funil 
com aproximadamente 13 cm de comprimento que 
começa nos cóanos e se estende para o nível da 
cartilagem cricóidea, a cartilagem mais inferior da laringe. 
(TORTORA, 14ª ed.) 
OBS.: A faringe é a abertura comum dos sistemas digestório e 
respiratório (SEELY, 10ª ed.). 
↠ A parede muscular da faringe consiste em músculo 
esquelético em toda a sua extensão, mas a natureza do 
revestimento mucoso varia entre as suas três partes. 
(MARIEB, 7º ed.) 
↠ A faringe é dividida em três regiões: nasofaringe, 
orofaringe e laringofaringe. (SEELY, 10ª ed.) 
 
PARTE NASAL DA FARINGE: Duas tubas auditivas da orelha média abrem-
se dentro da nasofaringe. O ar passa por elas para equalizar a pressão 
entre o ar atmosférico e a orelha média. A superfície posterior da 
nasofaringe contém a tonsila faríngea, ou adenoide, que ajuda a 
defender o corpo contra infecções. Um aumento da tonsila faríngea 
pode interferir na respiração e na passagem do ar pelas tubas auditivas. 
(SEELY, 10ª ed.) 
PARTE ORAL DA FARINGE: À medida que a parte nasal se continua com 
a parte oral da faringe, o epitélio que a reveste muda para estratificado 
pavimentoso (não queratinizado) protetor espesso. Essa adaptação 
estrutural reflete um maior atrito e trauma químico que acompanham 
a passagem do alimento deglutido pela parte oral da faringe. Dois tipos 
de tonsilas estão relacionados com a sua mucosa: o par de tonsilas 
palatinas situa do nas paredes laterais das fauces, e a tonsila lingual 
ímpar, que cobre a superfície posterior da língua. (MARIEB, 7º ed.) 
PARTE LARÍNGEA DA FARINGE: Revestida por um epitélio estratificado 
pavimentoso. (MARIEB, 7º ed.) 
LARINGE 
↠ A estrutura da laringe é uma organização intrincada 
de nove cartilagens conectadas por membranas e liga 
mentos (MARIEB, 7ª ed.). 
 
↠ As paredes da laringe são sustentadas por estruturas 
cartilaginosas firmes, que impedem seu colapso durante a 
inspiração. As funções da laringe podem ser divididas em 
dois grupos: as que estão associadas à fala e as 
relacionadas com a proteção dos pulmões contra outras 
substâncias que não sejam o ar (PORTH, 10ª ed.). 
OBS.: A nona cartilagem da laringe, a epiglote, em forma de folha, é 
composta de cartilagem elástica (cartilagem epi glótica), sendo quase 
inteiramente coberta por mucosa. (MARIEB, 7ª ed.) 
↠ A entrada na laringe de qualquer coisa que não seja 
ar inicia o reflexo da tosse, que expele a substância e 
impede que ela avance para os pulmões. (MARIEB, 7ª ed.) 
↠ Quando o mecanismo da deglutição está parcial ou 
totalmente paralisado, alimentos e líquidos podem entrar 
nas vias respiratórias, em vez de no esôfago, quando o 
3 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
paciente tenta engolir. Essas substâncias não são 
removidas facilmente. Quando são levadas aos pulmões, 
podem causar um distúrbio inflamatório grave conhecido 
como pneumonia por aspiração (PORTH, 10ª ed.). 
Como a laringe está abaixo do pescoço e precisa subir bastante 
durante a deglutição, às vezes ela não consegue alcançar a cobertura 
protetora da epiglote antes de o alimento passar pela entrada da 
faringe. Embora a posição baixa da laringe nos torne mais suscetíveis 
aos engasgos, ela é essencial para a fala humana. Sua localização 
inferior nos permite um maior movimento da língua na formação dos 
sons e uma faringe excepcionalmente longa, que age como uma 
câmara de ressonância dos sons das vogais que produzimos. (MARIEB, 
7ª ed.) 
 
Traqueia 
↠ A traqueia é um tubo flexível (membranoso) ligado à 
laringe e entra no mediastino; ela termina na parte média 
do tórax, dividindo-se em dois brônquios principais 
(brônquios primários ou de 1ª ordem) (MARIEB, 7ªed.). 
 
↠ A parede da traqueia contém de 16 a 20 anéis de 
cartilagem hialina (as cartilagens traqueiais), em forma de 
C, unidos uns aos outros por membranas intervenientes 
de tecido conjuntivo fibroelástico (MARIEB, 7ªed.). 
↠ Uma crista no interior da última cartilagem traqueal, 
chamada carina, marca o ponto onde a traqueia se 
ramifica nos dois brônquios principais. A mucosa que reveste 
a carina é altamente sensível a substâncias irritantes, sendo o localonde costuma desencadear-se o reflexo da tosse (MARIEB, 7ª ed.). 
OBS.: A parede posterior é desprovida de cartilagem, contendo uma 
membrana ligamentosa elástica e feixes de fibra muscular lisa chamada 
de músculo traqueal. O esôfago encontra-se logo atrás da parede 
posterior da traqueia, onde não há cartilagem (SEELY, 10ª ed.). 
↠ A estrutura microscópica da parede da traqueia 
consiste em várias camadas comuns a muitos órgãos 
tubulares do corpo: mucosa, submucosa e adventícia 
(MARIEB, 7ª ed.).. 
 
Árvore Bronquial 
Algumas literaturas denominam árvore traqueobronquial toda via 
respiratória, começando com a traqueia (SEELY, 10ª ed.). 
↠ A traqueia divide-se para formar os brônquios 
principais, os quais, por sua vez, dividem-se para formar 
brônquios cada vez menores, levando a muitos túbulos e 
sacos microscópicos (SEELY, 10ª ed.). 
BRÔNQUIOS NA PARTE DE CONDUÇÃO 
↠ Os brônquios principais direito e esquerdo, também 
chamados brônquios de primeira ordem, são os maiores 
tubos da árvore bronquial, um sistema tubular que se 
ramifica amplamente no interior dos pulmões. Os dois 
brônquios principais são ramos da traqueia no mediastino 
(MARIEB, 7ª ed.). 
 
↠ O brônquio principal direito é maior em diâmetro e 
mais alinhado com a traqueia do que o brônquio principal 
esquerdo. Como resultado, substâncias ingeridas que 
acidentalmente entram no trato respiratório inferior são 
Traqueia
Brônquios principais
Brônquios lobares
Brônquios segmentares
Bronquíolos
Bronquíolos terminais
4 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
mais suscetíveis a se alojarem no brônquio principal direito 
(SEELY, 10ª ed.). 
↠ À medida que se aproximam e entram nos pulmões, 
os brônquios principais se dividem nos brônquios 
secundários, ou brônquios lobares (de segunda ordem) – 
três à direita e dois à esquerda -, com cada um deles 
ventilando um lobo pulmonar (MARIEB, 7ª ed.). 
 
↠ Os brônquios lobares se ramificam nos brônquios 
segmentares (de terceira ordem), que por sua vez se 
dividem repetidamente em brônquios menores: quarta 
ordem, quinta ordem etc. Em geral, existem cerca de 23 
ordens de tubos de ar nos pulmões, sendo a menor delas 
quase pequena demais para ser vista sem um 
microscópio (MARIEB, 7ª ed.). 
↠ Os tubos menores de 1 mm de diâmetro também são 
chamados bronquíolos (“pequenos brônquios”), e os 
menores que estes, os bronquíolos terminais, têm menos 
de 0,5 mm de diâmetro (MARIEB, 7ª ed.). 
Os tecidos que compõem a parede de cada brônquio principal são os 
mesmos observados na traqueia, mas à medida que os tubos de 
condução ficam menores ocorrem as seguintes mudanças: (MARIEB, 
7ª ed.) 
➢ Os tecidos conjuntivos de sustentação mudam: as 
cartilagens traqueais são substituídas por peças 
cartilagíneas irregulares à medida que os brônquios 
principais entram nos pulmões. No nível dos bronquíolos, a 
cartilagem de sustentação não está mais presente nas suas 
paredes. Por outro lado, a elastina, que ocorre nas paredes 
de toda a árvore bronquial, não diminui. 
➢ O epitélio: torna-se delgado à medida que muda de 
pseudoestratificado para simples prismático (colunar) e 
depois para simples cúbico nos bronquíolos terminais e 
respiratórios. Nem os cílios nem as células produtoras de 
muco estão presentes nesses bronquíolos, onde terminam 
as camadas de muco para a filtragem do ar. As partículas 
de poeira que ultrapassem os bronquíolos não ficam 
aprisionadas no muco, mas são removidas por macrófagos 
nos alvéolos. 
➢ O músculo liso passa a ser importante: uma camada de 
músculo liso aparece pela primeira vez na parede posterior 
da traqueia, o músculo traqueal, e continua nos grandes 
brônquios. Essa camada forma faixas helicoidais que 
envolvem os brônquios menores e os bronquíolos, e 
regulam a quantidade de ar que entra nos alvéolos. A 
musculatura relaxa para alargar os tubos de ar durante a 
estimulação simpática, aumentando o fluxo de ar quando 
as necessidades respiratórias são grandes, e constringe 
esses tubos sob controle parassimpático quando as 
necessidades respiratórias são baixas. Fortes contrações 
dos músculos lisos nos brônquios estreitam os tubos de ar 
durante as crises de asma. A musculatura lisa é delgada 
quando chega à extremidade da árvore de bronquíolos e 
está ausente em volta dos alvéolos. 
 
VIAS RESPIRATÓRIAS DE CONDUÇÃO 
Além de funcionarem como conduto do fluxo de ar, as vias 
respiratórias de condução também ajudam a “condicionar” o ar 
inspirado. O ar que respiramos é aquecido, filtrado e umidificado, à 
medida que passa por essas estruturas. O calor é transferido ao ar 
pelo sangue que flui ao longo das paredes das vias respiratórias. A 
cobertura mucociliar remove materiais estranhos e a água liberada 
pelas mucosas é usada para umidificar o ar (PORTH, 10ª ed.). 
O muco produzido pelas células epiteliais das vias respiratórias de 
condução forma uma camada conhecida como cobertura mucociliar. 
Essa camada protege o sistema respiratório retendo poeira, bactérias 
e outras partículas estranhas que entram nas vias respiratórias. Os cílios, 
que estão em movimento constante, mobilizam a cobertura mucociliar 
com suas partículas retidas na direção da orofaringe, em um padrão 
semelhante ao de elevador. Na orofaringe, a cobertura mucociliar é 
expectorada ou deglutida (PORTH, 10ª ed.). 
A água contida nas mucosas das vias respiratórias superiores e na 
árvore traqueobrônquica mantém úmidas as vias respiratórias de 
condução. A capacidade de o ar conter umidade sem condensação 
aumenta, à medida que a temperatura sobe (PORTH, 10ª ed.). 
Histologia do sistema respiratório 
↠ A maior parte da porção condutora é revestida 
internamente por um epitélio pseudoestratificado colunar 
ciliado com muitas células caliciformes, denominado 
epitélio respiratório. (JUNQUEIRA, 13ª ed.) 
↠ O epitélio respiratório típico consiste em cinco tipos 
celulares, identificáveis ao microscópio eletrônico. Como 
se trata de um epitélio pseudoestratificado, as células têm 
alturas diferentes, mas todas se apoiam na lâmina basal 
do epitélio. (JUNQUEIRA, 13ª ed.) 
5 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
 
O tipo mais abundante é a célula colunar ciliada. Cada uma tem cerca 
de 300 cílios na sua superfície apical, e junto aos corpúsculos basais 
dos cílios há numerosas mitocôndrias, que fornecem trifosfato de 
adenosina (ATP) para os batimentos ciliares. (JUNQUEIRA, 13ª ed.) 
Em termos quantitativos, seguem-se, em segundo lugar, as células 
caliciformes, secretoras de muco. A região apical dessas células 
contém numerosas gotículas de muco composto de glicoproteínas. 
(JUNQUEIRA, 13ª ed.) 
As demais células colunares deste epitélio são conhecidas como células 
em escova (brush cells), em virtude dos numerosos microvilos 
existentes em suas superfícies apicais. Na base dessas células, 
consideradas receptores sensoriais, há terminações nervosas 
aferentes. (JUNQUEIRA, 13ª ed.) 
Existem ainda as células basais, que são pequenas e arredondadas, 
também apoiadas na lâmina basal, mas que não se estendem até a 
superfície livre do epitélio. Elas são células-tronco que se multiplicam 
continuamente por mitose e originam os demais tipos celulares do 
epitélio respiratório. (JUNQUEIRA, 13ª ed.) 
Broncoaspiração 
↠ A broncoaspiração consiste na entrada de substâncias 
estranhas nas vias aéreas inferiores. No perioperatório, 
pode haver a aspiração imprópria de conteúdo gástrico 
ou da orofaringe. Já em emergências, atendem-se casos 
de aspirações que, além das já citadas, podem incluir 
partículas sólidas, ou também chamada de aspiração de 
corpo estranho (RUBENICH et. al., 2018). 
↠ A aspiração de corpo estranho (CE) é um tipo de 
emergência médica de ameaça a com altas taxas de 
morbilidade. É difícil reconhecer em crianças pequenas e 
sem testemunhas a aspiração de um CE, o que eleva o 
índice de suspeição de aspiração (ROCHA et. a., 2019). 
Corpo estranho (CE) é qualquer objetosólido ou líquido que de forma 
acidental pode penetrar o corpo ou suas cavidades. Habitualmente é 
ingerido ou colocado pela criança nas narinas e ouvido, mas apresenta 
um risco maior quando é aspirado para via aérea inferior (ROCHA et. 
a., 2019). 
Qualquer material pode se tornar um CE no sistema respiratório, os 
mais comuns que tem sido relatado são os vegetais, caroço ou 
semente de frutas, grãos e brinquedos (ROCHA et. a., 2019). 
Epidemiologia 
↠ A broncoaspiração consiste no quinto evento adverso 
mais comum durante a anestesia geral (RUBENICH et. al., 
2018). 
↠ Cerca de 20% dos pacientes apresentam 
microaspirações enquanto estão intubados. Após ensaio 
utilizando corante na cavidade oral associado à intubação, conforme 
técnica padronizada, 1/5 dos pacientes apresentou coloração na 
traquéia em porção inferior ao balonete, demonstrando aspiração. Os 
motivos principais são o vazamento aéreo do balonete 
ou mesmo o seu enchimento incompleto, ambos 
ocasionando espaço entre a via aérea e o tubo, gerando 
passagem de secreções ou gotículas (RUBENICH et. al., 
2018). 
↠ Estando a aspiração de corpo estranho entre os 1/3 
dos acidentes que acometem as crianças (ROCHA et. a., 
2019). 
↠ As complicações da broncoaspiração contribuem para 
o aumento significante das taxas de morbidade e 
mortalidade, prolongam em média 5 a 9 dias o tempo de 
internação dos pacientes e elevam expressivamente os 
custos hospitalares (CARMO et. al., 2018). 
↠ Cerca de 70% das taxas de aspiração corresponde a 
pacientes com rebaixamento do nível de consciência, 
50% em pacientes disfágicos após Acidente Vascular 
Encefálico (AVE) e de 50% a 75% em pacientes com 
intubação laringotraqueal (CARMO et. al., 2018). 
Fatores de risco 
↠ Algumas situações ou condições clínicas 
comprometem a proteção fisiológica das vias aéreas 
inferiores, alterando principalmente o correto fechamento 
glótico e o reflexo da tosse, dentre elas: (RUBENICH et. al., 
2018). 
➢ Consciência reduzida; 
➢ Distúrbios de deglutição / déficit neurológico; 
➢ Doença do refluxo gastroesofágico; 
➢ Lesão mecânica na glote ou no esfíncter 
esofágico inferior devido à traqueostomia, 
intubação endotraqueal, broncoscopia, 
endoscopia digestiva alta ou alimentação por 
sonda nasogástrica; 
6 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
➢ Cirurgia que envolva a via aérea ou esôfago 
superior; 
➢ Ausência de jejum adequado no processo de 
anestesia geral; 
➢ Anestesia utilizando máscara laríngea; 
➢ Outros: Gestantes; obesos; íleo adinâmico. 
OBS.: Um importante fator protetor que possuímos contra a 
regurgitação é a competência do esfíncter esofágico inferior, o qual 
pode suportar uma pressão intragástrica de até 20 cm de H2O no seu 
estado normal. Na falha deste mecanismo, o vômito pode ocorrer 
favorecendo a broncoaspiração (RUBENICH et. al., 2018). 
Fisiopatologia 
↠ As vias aéreas superiores apresentam como 
mecanismo de defesa, o movimento coordenado entre 
respiração e deglutição. A coordenação entre o 
fechamento laríngeo, a deglutição e o espasmo da laringe 
ou tosse responde à estimulação da faringe ou laringe 
(NEVES et. al., 2009). 
↠ Nas vias inferiores a tosse e o clearence mucociliar 
desempenham este papel de defesa (NEVES et. al., 2009). 
↠ Os mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento 
da doença pulmonar nos processos aspirativos são: a 
aspiração direta e o refluxo gastroesofágico (RGE) com 
aspiração pulmonar (NEVES et. al., 2009). 
ASPIRAÇÃO DIRETA 
↠ Na aspiração direta, durante o ato de deglutição, o 
conteúdo da orofaringe atinge as vias aéreas inferiores, 
promovendo obstrução laríngea ou brônquica e 
sufocação ou atelectasia maciça (NEVES et. al., 2009). 
↠ A resposta inflamatória local é alterada pela aspiração 
de partículas alimentares, havendo influxo de leucócitos 
polimorfonucleares e formação de granuloma (NEVES et. 
al., 2009). 
REFLUXO GASTROESOFÁGICO 
↠ Nas situações de RGE com aspiração pulmonar, ocorre 
aspiração do conteúdo gástrico refluído, quanto mais 
baixo for o pH do material maior serão as alterações 
estruturais (NEVES et. al., 2009). 
↠ O aumento da resistência pulmonar total devido à 
acidificação esofágica por meio de reflexos vagais é outro 
mecanismo responsável pelo desenvolvimento da doença 
no RGE, nesta situação as manifestações respiratórias 
ocorrem sem que haja aspiração pulmonar do conteúdo 
gástrico (NEVES et. al., 2009). 
OBS.: A presença de ácido no esôfago terminal determina aumento da 
resistência pulmonar total, observada em pacientes com doenças 
pulmonares crônicas como asma grave (NEVES et. al., 2009). 
CLASSIFICAÇÃO 
↠ A aspiração pulmonar pode ser aguda (acidental) ou 
crônica (habitual) (NEVES et. al., 2009). 
↠ A aspiração aguda pode ocorrer desde o período 
neonatal até a adolescência. A granulação e a composição 
do material aspirado são elementos importantes em 
função das reações orgânicas que ocasionam (NEVES et. 
al., 2009). 
↠ Os casos de aspiração crônica podem ocorrer devido 
a RGE com aspiração do conteúdo gástrico e alimentos, 
em função de distúrbios da deglutição com predomínio 
de alimentos, saliva e secreções brônquicas (NEVES et. al., 
2009). 
Doenças neurológicas – coma e epilepsia – onde são aspirados saliva 
e conteúdo gástrico podem ocasionar casos de aspiração crônica 
(NEVES et. al., 2009). 
↠ A síndrome de aspiração também pode ser 
classificada de acordo com o tipo de material aspirado em: 
irritativa, infecciosa e obstrutiva (NEVES et. al., 2009). 
➢ Como síndrome irritativa encontramos as 
pneumonites químicas por ácido, 
hidrocarbonetos, mecônio e álcool (NEVES et. al., 
2009). 
➢ Na síndrome de aspiração infecciosa ocorre 
aspiração de saliva e secreções contaminadas 
(NEVES et. al., 2009). 
➢ As síndromes aspirativas obstrutivas são 
causadas por afogamento e aspiração de corpo 
estranho (NEVES et. al., 2009). 
ASPIRAÇÃO DE CORPO ESTRANHO 
Na primeira infância ela ocupa um dos primeiros lugares na patologia 
acidental (NEVES et. al., 2009). 
↠ A criança pequena tem a tendência a colocar os 
objetos na boca e por vezes acidentalmente, aspira estes 
objetos, podendo ocorrer desde um episódio do engasto 
até uma obstrução aguda e fatal das vias aéreas (NEVES 
et. al., 2009). 
↠ Após a aspiração do corpo estranho, ocorre tosse 
paroxística e apneia em grau variável, com asfixia, levando 
á morte, dependendo das características do material 
aspirado tais como: volume, capacidade de lesar os 
tecidos e tamanhos das partículas (NEVES et. al., 2009). 
7 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
↠ Se ele fica alojado em laringe ou faringe os sintomas 
aparecem em tempo variável após o acidente, muitas 
vezes demorando a se manifestar causando dissociação 
entre causa e efeito, o chamado “período de silêncio” 
(NEVES et. al., 2009). 
↠ Quando o objetivo ingerido tem calibre superior ao 
dos brônquios, pode ficar livre na traqueia, havendo o risco 
do mesmo encravar-se na sub-glote. Nessa situação os 
sinais de localização não aparecem, ocorrendo tosse, 
estridor, sibilos e retração simulando um quadro de 
laringite (NEVES et. al., 2009). 
↠ Nos casos em que o objeto tem menor calibre a 
tendência é que ele se fixe no brônquio. De acordo com 
o calibre do corpo estranho, este pode progredir até o 
brônquio de menor calibre e ai se encravar ou mobilizar-
se posteriormente (NEVES et. al., 2009). 
IMPORTANTE: A presença de corpos estranhos no esôfago pode causar 
sintomas respiratórios, pelo fato de que a laringe, traquéia e esôfago 
constituem uma unidade embriológica e funcional. Quando o corpo 
estranho ultrapassa o esfíncter esofágico superior, pode ficar retido 
por estenose esofágica ou por características do próprio corpo 
estranho, tais como tamanho e forma (NEVES et. al., 2009). 
Quanto ao estado físico dos corpos estranhos, os mais comumente 
aspirados são sólidos, como brinquedos de materiais plásticos e 
metálicos,assim como substâncias alimentícias, especialmente vegetais 
oleosos como amendoim e não oleosos como feijão e milho. Como 
material liquido são citados leite, material gástrico, mecônio e água 
doce ou salgada em casos de afogamento; como material gasoso, 
observa-se principalmente a inalação de fumaça (NEVES et. al., 2009). 
REFLUXO GASTRO-ESOFÁGICO (RGE) 
↠ O RGE é o retorno involuntário do conteúdo do 
estômago para o esôfago. Pode ser fisiológico e 
patológico (NEVES et. al., 2009). 
↠ Diversos fatores estão relacionados na fisiologia do 
refluxo, entretanto, o esfíncter esofágico inferior, principal 
componente da barreira anti-refluxo, é fundamental para 
o aparecimento do quando, tendo como função impedir 
o retorno do conteúdo do estômago para o esôfago, 
sendo constituído de musculatura lisa que envolve a 
porção distal do esôfago (NEVES et. al., 2009). 
↠ O refluxo ocorre quando a pressão no esfíncter está 
próxima de zero, nesta situação a pressão intra gástrica 
supera a do esfíncter. O mecanismo transitório de 
relaxamento do esfíncter sem relação com a deglutição 
é considerado o principal mecanismo fisiopatológico do 
RGE no lactente, o qual parece ocorrer em função da 
liberação a partir de neurônios entéricos de 
neurotransmissores, inibidores adrenérgicos e não 
colinérgicos, como o óxido nítrico, um peptidio intestinal 
vasoativo que estariam envolvidos neste relaxamento 
(NEVES et. al., 2009). 
OBS.: O refluxo é comum na alergia à proteína do leite de vaca e em 
crianças com paralisita cerebral e retardo mental (NEVES et. al., 2009). 
↠ A presença de sintomas respiratórios se deve a ação 
irritativa do material do refluxo no ouvido médio, faringe, 
seios da face e laringe. A criança pode apresentar, tosse, 
rouquidão e quadros de otite, faringite, sinusite e laringite 
de repetição. O refluxo para a parte alta do trato 
respiratório pode ocasionar, principalmente 
broncopneumonias além da Síndrome de Sandifer, na 
qual criança promove uma inclinação lateral do pescoço 
para proteger a árvore respiratória do material refluído 
(NEVES et. al., 2009). 
ATENÇÃO: O tratamento nas crianças em aleitamento materno 
exclusivo deve se ater ao aleitamento com maior oferta do seio, para 
que a criança receba menor quantidade de leite. Nas crianças que não 
estão em aleitamento materno, deve-se fracionar as mamadas e as 
formulas lácteas devem ser espessadas. As medidas posturais devem 
ser utilizadas, como elevação do tronco o maior tempo possível e 
elevação da cabeceira da cama (NEVES et. al., 2009). 
Manifestações Clínicas 
↠ Alguns episódios de aspiração não acarretam 
alterações perceptíveis durante avaliação clínica, sendo 
esta denominada aspiração silenciosa (CARMO et. al., 2018). 
↠ A percepção dos primeiros sintomas pode passar 
desapercebidos, já que cerca de 40% podem estar 
assintomáticos (ROCHA et. a., 2019). 
↠ A sintomatologia depende do tipo, do tamanho, da 
localização e do grau de obstrução causado pelo corpo 
estranho (MELO et. al., 2015). 
↠ As manifestações clínicas da aspiração de objetos 
pelas vias aéreas seguem, geralmente, três estágios de 
sintomas: o evento inicial agudo, o intervalo assintomático 
e as complicações (MELO et. al., 2015). 
↠ O evento inicial caracteriza-se pela aspiração acidental 
de um corpo estranho e a manifestação clínica clássica é 
a presença de tosse intensa, sibilância, vômito, palidez, 
cianose. Dependendo da idade do paciente, do tipo de 
corpo estranho e da sua localização nas vias aéreas, pode 
ocorrer obstrução total ou parcial das vias aéreas (MELO 
et. al., 2015). 
↠ Após os sintomas iniciais, há um intervalo assintomático 
ou oligossintomático, que varia de poucas horas a dias ou 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
mesmo semanas, até o reaparecimento dos sintomas. O 
paciente pode ser assintomático, com radiografia de tórax 
normal em 40% dos casos, portanto, uma história positiva 
nunca deve ser ignorada (MELO et. al., 2015). 
↠ Os corpos estranhos aspirados podem alojar-se na 
laringe, traqueia e brônquios. Um corpo estranho laríngeo 
pode levar a sintomas de hemoptise e dispneia com 
sibilância e cianose (MELO et. al., 2015). 
↠ Os sinais típicos da presença de corpo estranho 
traqueal são os sibilos e o golpe audível e palpável 
produzido pela impactação expiratória a nível subglótico 
(MELO et. al., 2015). 
↠ As manifestações clínicas iniciais de um corpo estranho 
na árvore brônquica são semelhantes às apresentadas 
por corpos estranhos na laringe e traqueia. O paciente 
apresenta tosse e sibilos, que geralmente são unilaterais, 
diminuição dos ruídos respiratórios localizados e dispneia 
de intensidade variável a cianose também pode estar 
associada. Um corpo estranho não obstrutivo e não 
irritante pode produzir poucos sintomas, mesmo após um 
período de tempo prolongado; enquanto um corpo 
estranho obstrutivo produz sinais e sintomas rapidamente 
(MELO et. al., 2015). 
↠ O médico pode suspeitar de obstrução de vias aéreas 
por corpo estranho quando houver aparecimento 
abrupto de sibilância (podendo ser o primeiro sinal), 
estridor (sendo este sintoma um dos principais), tosse, 
cansaço e broncoespasmo na ausência de febre ou 
sintomas que cause suspeição anteriormente (ROCHA et. 
a., 2019). 
↠ A ocorrência de aspiração pode desencadear uma 
série de sinais clínicos, incluindo a taquipneia em repouso, 
sibilos bilaterais na ausculta pulmonar e redução da 
oxigenação arterial (CARMO et. al., 2018). 
↠ Em crianças consideram-se como sinais sugestivos de 
aspiração, dificuldade no ato da alimentação, presença de 
leite na boca ou narinas nos intervalos das mamadas, 
engasgo, vômitos, regurgitações habituais, tosse noturna, 
cianose e apneia (NEVES et. al., 2009). 
Complicações 
↠ As possíveis consequências incluem pneumonite, 
pneumonia e atelectasia (RUBENICH et. al., 2018). 
 
 
PNEUMONITE 
↠ Refere-se à aspiração das substâncias que são tóxicas 
para as vias respiratórias inferiores, independentemente 
da infecção bacteriana (RUBENICH et. al., 2018). 
↠ Uma pneumonite química pode instalar-se nos casos 
em que o pH for menor do que 2,5, evoluindo com 
processo inflamatório 4h após a aspiração. A presença de 
atelectasias e broncoespasmo não é infrequente (RUBENICH et. al., 
2018). 
↠ A broncoaspiração também cursa com aumento da 
permeabilidade capilar pulmonar e diminuição da 
complacência exigindo suporte ventilatório com pressão 
positiva (RUBENICH et. al., 2018). 
↠ Estudos subsequentes mostraram que esta forma de 
aspiração geralmente segue um curso mais fulminante, 
pois a lesão pulmonar por aspiração de conteúdo gástrico 
ocorre em segundos, e que pode resultar na síndrome 
de angústia respiratória aguda (SARA). Nesses casos, a 
gasometria arterial geralmente mostra que a pressão parcial de 
oxigênio é reduzida, acompanhada por uma pressão parcial normal ou 
baixa de CO2, com alcalose respiratória (RUBENICH et. al., 2018). 
↠ Dentro de três minutos, ocorre atelectasia, hemorragia 
peribrônquica, edema pulmonar, e a degeneração das 
células epiteliais brônquicas. Em quatro horas, os espaços 
alveolares são preenchidos por leucócitos 
polimorfonucleares e fibrina. Membranas hialinas são vistas 
dentro de 48 horas. O pulmão neste momento torna-se 
edemaciado, com focos hemorrágicos e com 
consolidações alveolares (RUBENICH et. al., 2018). 
↠ O mecanismo presumido é a liberação de citocinas 
pró-inflamatórias, fator de necrose tumoral-alfa (TNF-a) e 
interleucina (IL) – 8 (RUBENICH et. al., 2018). 
↠ As seguintes características clínicas devem levantar a 
possibilidade de pneumonite química: (RUBENICH et. al., 
2018). 
➢ Início abrupto dos sintomas com dispnéia em 
destaque; 
➢ febre, que é geralmente baixa; 
➢ cianose; 
➢ crepitantes difusos na ausculta pulmonar; 
➢ hipoxemia grave e infiltrados na radiografia do 
tórax nos segmentos pulmonares envolvidos.OBS.: Os lobos envolvidos em posição ortostática são os inferiores. No 
entanto, a aspiração que ocorre quando os pacientes estão em 
posição de decúbito dorsal acomete os segmentos superiores dos 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
lobos inferiores e os segmentos posteriores dos lobos superiores 
(RUBENICH et. al., 2018). 
PNEUMONIA 
↠ Cerca de 20-30% dos pacientes que apresentarem 
episódio de broncoaspiração irão desenvolver pneumonia 
(RUBENICH et. al., 2018). 
↠A pneumonia de aspiração refere-se às consequências 
pulmonares resultantes da entrada anormal de líquidos, 
substâncias exógenas, partículas, ou secreções 
endógenas para as vias aéreas inferiores e aspiração de 
microorganismos da cavidade oral ou da nasofaringe 
(RUBENICH et. al., 2018). 
↠ A maioria dos pacientes apresenta manifestações 
comuns de pneumonia, incluindo: tosse, febre, 
expectoração purulenta e dispnéia, mas o processo se 
desenvolve ao longo de um período de vários dias ou 
semanas. Muitos pacientes apresentam emagrecimento e 
anemia como características comuns de um processo 
mais crônico (RUBENICH et. al., 2018). 
OBS.: Diferentemente da pneumonia comum, a pneumonia por 
aspiração é causada por bactérias presentes na flora do TGI, sendo, 
portanto, menos virulentas. A maioria dos casos envolvem bactérias 
anaeróbias e estreptococos aeróbio ou microaerófilos que 
normalmente residem nas fendas gengivais (RUBENICH et. al., 2018). 
A pneumonia por aspiração é uma doença grave com diagnóstico de 
difícil distinção entre as outras pneumonias, e por isso subdiagnosticada. 
A investigação engloba desde a história clínica, sinais e sintomas, 
exames laboratoriais até radiografia de tórax. O tratamento inclui 
antibióticos, o que eleva os custos financeiros hospitalares e prolonga 
o tempo de internação (CARMO et. al., 2018). 
ATELECTASIA 
↠ É a perda de volume ou ausência de ar no pulmão. A 
etiologia com desfecho mais grave é a aspiração de 
corpo estranho, que é mais comum em crianças 
(RUBENICH et. al., 2018). 
↠ Os sintomas são dor torácica, tosse e dispneia. O 
diagnóstico é confirmado no raio-x de tórax. Nesse caso, 
deverá ser realizada broncoscopia flexível com a finalidade 
de retirar o corpo estranho, com brevidade (RUBENICH 
et. al., 2018). 
IMPORTANTE: A broncoaspiração pode levar o paciente a óbito. 
Diagnóstico 
↠ A radiografia de tórax é na maioria das vezes o 
primeiro exame de imagem a ser realizado. Em casos de 
objetos radiopacos, estes podem ser visualizados em 
cerca de 75% dos casos, porém uma radiografia normal 
não afasta a hipótese de aspiração de CE. (ROCHA et. al., 
2019). 
↠ A Fibrobroncoscopia (FB) independente de exames 
radiológicos normais deve ser realizada na suspeita de 
aspiração de CE realizada via endoscópica com o 
broncoscópio de tubo aberto rígido ou flexível sob 
visualização direta para diagnóstico e sendo também 
utilizado como terapêutica na retirada de CE e auxiliando 
na redução da mortalidade e do tempo de internação 
hospitalar (ROCHA et. al., 2019). 
 
OBS.: A traqueotomia está indicada naqueles pacientes que aspiraram 
CE demasiadamente largo, que não podem passar na região sub-glote 
(NEVES et. al., 2009). 
Manejo 
OVASCE NA CRIANÇA 
↠ Quando suspeitar ou critérios de inclusão: Episódio 
testemunhado (ou referido) de engasgo com tosse e/ou 
sinais de sufocação (PROTOCOLO SAMU, 2016). 
Conduta 
↠ Avaliar a gravidade: 
➢ Obstrução leve: paciente capaz de responder se 
está engasgado. Consegue tossir, emitir alguns 
sons e respirar; 
➢ Obstrução grave: paciente apresenta início 
súbito de grave dificuldade respiratória; não 
consegue tossir ou emitir qualquer som (tosse 
silenciosa); pode apresentar o sinal de angústia 
(sinal universal de asfixia). 
10 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
 
↠ Considerar abordagem específica: 
OBSTRUÇÃO LEVE EM CRIANÇA RESPONSIVA 
➢ Não realizar manobras de desobstrução; 
➢ Acalmar o paciente; 
➢ Incentivar tosse vigorosa; 
➢ Observar atenta e constantemente; 
➢ Se evoluir para obstrução grave: ver item 
Obstrução grave. 
OBSTRUÇÃO GRAVE EM CRIANÇA RESPONSIVA 
➢ Executar a manobra de Heimlich, conforme 
descrito a seguir: 
 
 
 
 
OBSTRUÇÃO GRAVE EM CRIANÇA IRRESPONSIVA 
➢ Se a criança tornar-se irresponsiva, o profissional deve 
interromper a manobra de Heimlich e iniciar manobras de 
ressuscitação cardiopulmonar; 
➢ Posicionar o paciente em decúbito dorsal em uma 
superfície rígida; 
➢ Iniciar manobras aplicando inicialmente 30 compressões 
torácicas com o objetivo de expelir o corpo estranho; 
➢ Abrir vias aéreas e, antes de ventilar, inspecionar a cavidade 
oral e remover o corpo estranho, se visível e facilmente 
alcançável (com os dedos ou pinça); 
➢ Caso nada seja encontrado, realizar uma insuflação com 
dispositivo bolsa-valva-máscara; se o ar não passar ou o 
tórax não expandir, reposicionar a cabeça e insuflar 
novamente; 
➢ Se ainda assim o ar não passar ou o tórax não expandir, 
realizar 30 compressões torácicas (um profissional) ou 15 
compressões (dois profissionais) e inspecionar cavidade 
oral; 
➢ Caso não haja sucesso, pode-se tentar a visualização direta 
por laringoscopia e a remoção do objeto com a utilização 
da pinça de Magill, se disponível; 
➢ Na ausência de sucesso, repetir ciclos de compressões e 
ventilações; 
➢ Se necessário, realizar cricotireoidostomia por punção e 
ventilação transtraqueal; 
➢ Considerar o transporte imediato, mantendo as manobras 
básicas de reanimação; 
➢ Se o objeto for expelido e ocorrer a passagem do ar (tórax 
expandir), realizar a avaliação primária e oferecer oxigênio; 
➢ Na ausência de responsividade e de movimentos 
respiratórios, palpar pulso. 
OVASCE NO BEBÊ 
↠ Quando suspeitar ou critérios de inclusão: Episódio 
testemunhado (ou referido) de engasgo com tosse e/ou 
sinais de sufocação em paciente < 1 ano de idade 
(PROTOCOLO SAMU, 2016). 
Conduta 
↠ Avaliar a gravidade: 
➢ Obstrução leve: paciente consegue tossir, emitir 
alguns sons e respirar; 
➢ Obstrução grave: paciente apresenta início 
súbito de grave dificuldade respiratória; não 
consegue tossir ou emitir qualquer som (choro 
ou tosse silenciosos). 
↠ Considerar abordagem específica: 
OBSTRUÇÃO LEVE EM BEBÊ RESPONSIVO 
➢ Não realizar manobras de desobstrução; 
➢ Acalmar o paciente; 
➢ Permitir tosse vigorosa; 
11 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
➢ Observar atenta e constantemente; 
➢ Se evoluir para obstrução grave: ver abaixo: 
OBSTRUÇÃO GRAVE EM BEBÊ RESPONSIVO 
↠ Executar as manobras de desobstrução, conforme 
descrito a seguir: 
 
OBSTRUÇÃO GRAVE EM BEBÊ IRRESPONSIVO 
➢ Se o bebê tornar-se irresponsivo, o profissional deve parar 
de aplicar golpes no dorso e, imediatamente, iniciar 
manobras de ressuscitação cardiopulmonar; 
➢ Posicionar o paciente em decúbito dorsal em uma 
superfície rígida; 
➢ Iniciar as manobras aplicando inicialmente 30 compressões 
torácicas sobre o esterno, logo abaixo da linha intermamilar, 
com o objetivo de expelir o corpo estranho; 
➢ Abrir vias aéreas e, antes de ventilar, inspecionar a cavidade 
oral e remover o corpo estranho, se visível e facilmente 
alcançável (com os dedos ou pinça); 
➢ Caso nada seja encontrado, realizar uma insuflação com 
dispositivo bomba-válvula-máscara; se o ar não passar ou 
o tórax não expandir, reposicionar a cabeça e insuflar 
novamente; 
➢ Se ainda assim o ar não passar ou o tórax não expandir, 
realizar 30 compressões torácicas (um profissional) ou 15 
compressões (dois profissionais) e inspecionar cavidade 
oral; 
➢ Caso não haja sucesso, pode-se tentar a visualização direta 
por laringocospia e a remoção do objeto com a utilização 
da pinça de Magill, se disponível; 
➢ Na ausência de sucesso, repetir ciclos de compressões e 
ventilações; 
➢ Se necessário, realizar cricotireoidostomia por punção e 
ventilação transtraqueal; 
➢ Considerar o transporte imediato, mantendo as manobras 
básicasde reanimação; 
➢ Se o objeto for expelido e ocorrer a passagem do ar (tórax 
expandir), realizar a avaliação primária e oferecer oxigênio; 
➢ Na ausência de responsividade e de movimentos 
respiratórios, palpar pulso. 
OBS.: Atentar para ocorrência de parada cardiorrespiratória 
 
Prevenção 
↠ A prevenção dos acidentes com aspiração de corpo 
estranho continua sendo a medida mais eficaz para evitar 
os altos índices de atendimentos hospitalares por esta 
causa (ROCHA et. al., 2019). 
↠ Com vista à minimização dos fatores agravantes 
inerentes aos pacientes com risco de aspiração, algumas 
intervenções foram recomendadas pela Nursing 
Intervention Classification (NIC)11, tais como: (CARMO et. al., 
2018). 
➢ posicionar o paciente verticalmente com ângulo 
igual ou superior a 30º, podendo atingir até 90º 
se houver possibilidade; 
➢ monitorar o nível de consciência e estado 
pulmonar; 
➢ avaliar o reflexo de tosse; 
➢ a habilidade de deglutição; 
➢ o controle do vômito; 
➢ manter cabeça elevada 30 a 40 minutos após a 
alimentação, 
➢ inspecionar alimentos ou medicamentos retidos 
em cavidade oral; 
➢ prestar cuidados bucais; 
➢ verificar sondas gástricas/ enterais/ gastrostomia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Referências 
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e 
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018 
MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia 
humana, 7ª ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 
2014. 
TORTORA, G. J; DERRICKSON, D. Princípios de anatomia 
e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 
REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e 
Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. 
RUBENICH et. al. Broncoaspiração no perioperatório e na 
emergência: diagnóstico e manejo, 2018. 
ROCHA et. al. Aspiração de corpo estranho em pediatria: 
uma emergência – relato de caso. Revista Eletrônica 
Acervo Saúde, 2019. 
CARMO et. al. Gerenciamento do risco de 
broncoaspiração em pacientes com disfagia orofríngea. 
Revista CEFAC, 2018. 
NEVES et. al. Processos aspirativos pulmonares em 
crianças, 2009. 
MARQUES et. al. Broncoscopia rígida: a terapia do corpo 
estranho de vias aéreas. Brazilian Jouranl of 
Otorhinolaryngology, 
MELO et. al. Aspiração de corpo estranho em crianças: 
aspectos clínicos e radiológicos. Residência Pediátrica, 2015. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo SAMU 192 – Suporte 
Avançado de Vida, 2016.

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