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ATUAÇÃO DOS CORTICOIDES EM BEBÊS PREMATUROS ♥ 1972 – Verificou-se que o uso do corticoide em gestantes de fetos prematuros em trabalho de parto diminuiu a incidência de Síndrome Desconforto Respiratório (SDR) e Mortalidade Neonatal; ♥ Trabalhos subsequentes demonstraram ainda a redução de quadros de Hemorragia Intraventricular e Enterocolite Necrotizante em neonatos. ♥ O corticoide estimula a síntese e a liberação do surfactante no alvéolo pulmonar. Sua utilização no período antenatal está associada à redução não apenas na incidência da síndrome de angústia respiratória, como também de outras complicações, como hemorragia intraventricular, leucomalácia periventricular, retinopatia da prematuridade, enterocolite necrotizante, persistência do canal arterial e, principalmente, da mortalidade neonatal. ♥ Os corticoides possuem um ritmo circadiano que varia amplamente durante o período de 24 horas. Atingem valores mais elevados nas primeiras horas da manhã e diminuem no final do dia. Assim o aprazamento ideal para esse tipo de fármaco é o que utiliza como critério o ciclo circadiano com o objetivo de preservar a função da glândula e consequentemente a produção de corticoide endógenos. ♥ Corticoide ou corticosteroide é o nome dado a um grupo de hormônios esteróides produzidos pelas glândulas suprarrenais, ou a derivados sintéticos destes. Os corticosteroides possuem diversas ações importantes no corpo humano. Dessa forma possuindo um papel de relevo no balanço eletrolítico, e na regulação do metabolismo. ♥ Em um ensaio clínico realizado de 1969 a 1972, Sir Graham Collingwood Liggins e Ross Howie mostraram que, se os médicos administrarem corticoides para mulheres grávidas antes delas terem um parto prematuro, os bebês têm menos casos de síndrome do desconforto respiratório do que bebês nascidos prematuramente de forma semelhante sem o tratamento com corticoides. ♥ Todos os fetos entre 24 e 34 semanas de gestação com risco de parto prematuro devem ser considerados candidatos ao tratamento pré-natal com corticosteroides. ♥ É importante lembrar que, apesar de serem consideradas 40 semanas para uma gestação, cada gravidez tem sua duração. A mulher pode entrar em trabalho de parto entre as 38 e 42 semanas. ♥ Um ciclo de tratamento com injeções de corticoide dado a mulheres com probabilidade de parto prematuro ajuda o desenvolvimento dos pulmões do bebê. INDICAÇÕES ♥ Deve ser administrado a gestantes entre 24 e 33 6/7 semanas, sempre que houver risco de parto prétermo, incluindo gestações múltiplas e ruptura prematura de membranas (RPMO). Pode ser considerada a administração às gestantes com idade gestacional a partir de 23 semanas, que estão em risco de parto pretermo em 7 dias, baseada em decisão familiar, independente da presença de RPMO e do número de fetos. Benefícios do corticoide ♥ O uso do corticoide antenatal para a maturação pulmonar diminui a mortalidade neonatal, a síndrome do desconforto respiratório do recém-nascido (SDR- RN) e a hemorragia perintraventricular. Portanto, é uma recomendação formal para gestantes em trabalho de parto prematuro. ♥ O uso sistêmico dos corticoides não só diminui a inflamação como também aumenta a produção de surfactante, acelera a diferenciação celular pulmonar, diminui a permeabilidade vascular e aumenta a reabsorção de liquido pulmonar. Essas ações acabam por aumentar a complacência pulmonar e o volume corrente e melhorar a função ventilatória. ♥ Benefícios para o bebê prematuro Os corticoides podem reduzir o risco de: o Doença pulmonar após o nascimento, chamada Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR). o Sangramento no cérebro, chamado hemorragia intraventricular (HIV). o Outros problemas que podem causar danos a bebês que nascem prematuros, como a morte de tecido intestinal, chamada enterocolite necrosante (ECN) Efeitos colaterais do corticoide ♥ Cada vez mais foram se estabelecendo os efeitos adversos do tratamento com os corticoides: hiperglicemia, hipertensão arterial sistêmica, cardiomiopatia hipertrófica, sangramentos digestivos, perfuração gastrointestinal, supressão do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal, falha no crescimento ponderoestatural, desaceleração do crescimento do perímetro cefálico, atrasos no neurodesenvolvimento e alterações na estrutura pulmonar. Cedo demais ♥ A partir de 2002, o uso dos corticoides foi formalmente desencorajado pela Academia Americana de Pediatria e pela Sociedade Canadense de Pediatria. Assim como o uso indiscriminado do corticoide, na década de 1990, que aumentou os casos de paralisia cerebral, o desuso súbito, na década de 2000, refletiu no aumento dos casos de DBP, sobretudo nos recém- nascidos prematuros de muito baixo peso. ♥ Para o bebê: ○ Não afeta o crescimento físico e o desenvolvimento do bebê. ○ O bebê pode não ser tão ativo 2 a 5 dias após essas injeções. ♥ Para a mãe ○ Leve risco de infecção se a bolsa de água ao redor do bebê estiver quebrada. ○ Dor no local da injeção. ○ Visão embaçada. ○ Cãibras musculares ou fraqueza. ○ Dificuldade para dormir, nervosismo, humor incomum. Surfactante ♥ Sem o surfactante, que é uma mistura de fosfolipídios, proteínas e íons, os alvéolos poderiam colapsar durante a expiração. ♥ O surfactante forma um filme monomolecular sobre as paredes interiores dos sacos alveolares e reduz a tensão da superfície alveolar, o que diminui a pressão necessária para manter o alvéolo inflado, facilitando sua expansão e mantendo sua estabilidade. ♥ A produção de surfactante tem início entre a 20ª e a 22ª semana, mas não alcança níveis adequados até o final do período fetal. ♥ O tempo de produção do surfactante em quantidades suficientes depende de um aumento nos níveis de cortisol do feto, o que acontece entre 32 e 34 semanas de gestação. Ao redor das 34 a 36 semanas há material de superfície ativo suficiente secretado no lúmen alveolar e excretado no fluido amniótico. ♥ Quanto temos um alvéolo muito pequeno a tensão superficial pode ser tão grande que faz com que ele colasse (feche). Isso dificulta a respiração pois a força necessária para fazer o ar circular nesse alvéolo colapsado precisa ser muito grande. ♥ O surfactante é uma substância que é capaz de reduzir essa tensão superficial. Exemplos de surfactantes de água são os sabões e os detergentes. Quando misturados na água diminuem a tensão superficial e ajudam a água a penetrar em pequenos espaços, auxiliando a limpeza. ♥ Quem secreta o surfactante é uma célula chamada pneumócito tipo II. A produção se inicia por volta da 20ª semana de gestação, mas é em pequena quantidade e tem baixa qualidade. Por volta da 34ª semana de gestação estima-se que ocorra o pico da produção de surfactante e que a qualidade seja ideal para garantir a vida extra-uterina. ♥ Caso ocorra um parto prematuro eventualmente o bebê poderá ter dificuldade de respirar em função de ter pouco surfactante. Nestes casos o médico poderá administrar surfactante exógeno. Nos casos aonde podemos antecipar que o nascimento irá ocorrer em uma idade gestacional precoce é possível administrar para mãe doses de corticóides. Os corticóides administrados ainda durante a gestação aceleram a maturidade pulmonar, fazendo com que o pulmão do bebê aumente a produção de surfactante. MATURAÇÃO PULMONAR ♥ 5 – 17 semanas: Período Pseudoglandular – Ausência de função respiratória; ♥ 17 – 25 semanas: Período Canalicular – Sacos terminais formados; ♥ 25 semanas – Nascimento: alvéolos revestidos por pneumócitos tipo 1; ♥ 30 semanas - Infância: alvéolos maduros. MECANISMO DE AÇÃO https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-proteina.htm https://www.fetalmed.net/injecoes-de-corticoide-para-amadurecer-o-pulmao-do-bebe/ ♥ Aceleração do desenvolvimento dos pneumócitos tipos 1 e 2; ♥ Mudança bioquímica e estrutural com melhora da mecânica pulmonar; Indução dos pneumócitos tipo 2 com produção de surfactante; ♥ Melhora absorção do fluido pulmonar após o nascimento; ♥ A ação do corticóide sobre o surfactante é reversível, mas o benefícioestrutural pulmonar se mantém; Pode estimular maturação de outros tecidos. Definições: ♥ O pneumócito do tipo I é também conhecido como célula alveolar pavimentosa e apresenta um núcleo achatado. Possui como função principal formar uma barreira que impede a passagem de fluido extracelular para o interior dos alvéolos, mas garante a ocorrência das trocas gasosas. ♥ Os pneumócitos do tipo II são responsáveis pela secreção do surfactante pulmonar, o qual apresenta como função reduzir a tensão superficial dos alvéolos, reduzindo a força para a inspiração e garantindo maior facilidade na respiração. É também chamado de célula septal, apresenta núcleo esférico e localiza-se entre os pneumócitos do tipo I. ♥ Período pseudoglandular (5 a 17 semanas): durante a primeira parte deste período, os pulmões em desenvolvimento se assemelham histologicamente a uma glândula exócrina. Durante 16 semanas, todos os principais elementos do pulmão se formam, exceto aqueles envolvidos com a troca gasosa. ♥ Período canicular (16 a 25 semanas): durante este período, os lúmens dos brônquios e bronquíolos terminais aumentam e o tecido pulmonar torna-se altamente vascularizado. Depois cada bronquíolo originará outros. A respiração é possível ao final dessa fase. ♥ Período do saco terminal (24 semanas ao nascimento): Durante este período, muitos mais sacos terminais se desenvolvem e seu epitélio torna-se muito fino (alvéolos primordiais). Os capilares começam a formar protuberâncias nesses sacos. As células epiteliais secretoras arredondadas e espalhadas por entre as células epiteliais pavimentosas são pneumócitos tipo II, que secretam o surfactante pulmonar, uma mistura complexa de fosfolipídios e proteínas. ♥ Período alveolar (final do período fetal até 8 anos): no início desse período, cada bronquíolo respiratório termina em um conjunto de sacos terminais de paredes finas que são separadas umas das outras por tecido conjuntivo frouxo. Esses sacos terminais representam futuros ductos alveolares. Aproximadamente 95% dos alvéolos maduros se desenvolvem no período pós-natal. Antes do nascimento, os alvéolos primitivos parecem com pequenas saliências nas paredes dos bronquíolos respiratórios e sacos alveolares. Após o nascimento, os alvéolos primitivos aumentam conforme os pulmões expandem; no entanto, o aumento do tamanho dos pulmões resulta muito mais de um aumento contínuo no número de bronquíolos respiratórios e alvéolos primitivos do que simplesmente o aumento em tamanho dos alvéolos. O desenvolvimento alveolar geralmente é concluído até os 3 anos de idade, mas novos alvéolos podem ser adicionados até aproximadamente 8 anos de idade. ♥ FONTES: Revendo o uso dos corticosteroides em displasia broncopulmonar- artigo SciELO. Fernanda Aparecida de Oliveira Peixoto; Paulo Sérgio Sucasas Costa. SanarMed - Introdução a neonatologia. Brasil Escola - Alvéolos pulmonares. Maternidade-escola Assis Chateaubriand - Corticoterapia e prematuridade. FetalMED - Injeções de Corticoide para Amadurecer o Pulmão do Bebê Maternidade escola da UFRJ - Aceleração da maturidade fetal FetalMed - O que é o surfactante pulmonar? ♥Benefícios para o bebê prematuroOs corticoides po FetalMED - Injeções de Corticoide para Amadurecer
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