Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA INTRODUÇÃO Síndrome: conjunto de fatores / sinais / sintomas Cólica: dor abdominal – gerada no abdômen, sem interessar de onde vem (origem intestinal, estomacal, uterina, renal) Síndrome Cólica Conjunto de sinais que geram a dor abdominal – saber como investigar para descobrir a origem dessa dor • Maior incidência nos equinos • Quanto antes descobrir a causa, melhor o prognóstico Diagnóstico da Cólica • Atendimento clínico inicial • Terapia clínica X Procedimento cirúrgico • Encaminhamento para centros hospitalares Quanto antes o animal for atendido, maior a chance de o caso ser resolvido Prognóstico • Clínico / cirúrgico A melhoria da taxa de sobrevivência pós-cirúrgica nas últimas décadas pode ser devido aos avanços dos aspectos de gerenciamento de equinos com síndrome cólica o Quanto maior o acompanhamento, maior é a taxa de sobrevivência Fatores Predisponentes Abordagem clínica e diagnóstica na Síndrome Cólica Equina 2 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA • Manejo alimentar o Muita ou pouca alimentação o Mudança na rotina alimentar e na dieta • Capacidade gástrica (12-15L) o Volume do estômago pequeno para o tamanho do animal • Incapacidade de vomitar o Não possui centro nervoso do vômito o Não possui cárdia gastroesofágica maleável (comunicação do esôfago com estômago) o A incapacidade de eliminar pela boca o conteúdo que está prejudicando a partir do estômago é uma das grandes causas do desenvolvimento de cólica • Extensão e volume intestinal (35 metros / 212L) o Volume maior do que a capacidade gástrica • Alterações de diâmetro em segmentos intestinais o Áreas largas e outras estreitas • Pontos de encarceramento o Em algumas regiões do intestino possui flexuras e regiões onde pode encarcerar uma alça • Deslocamentos o Flexura pélvica é uma estrutura intestinal solta o Em casos de ingesta mal digerida ou excesso de gases pode levar ao deslocamento de alças → sinal de cólica Muitas vezes o sinal que o animal tem é o mesmo, porém a origem da dor é muito específica VELOCIDADE x SEGMENTOS GASTROINTESTINAIS Cavalo passa quase 3 dias para eliminar o alimento ingerido 3 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA MOTILIDADE INTESTINAL Movimento que o intestino realiza Padrões de motilidade o Acontece no estômago o Acontece nas alças intestinais o O alimento não pode voltar e nem estagnar o O objetivo é chegar ao reto e ser eliminado (fezes) DOENÇAS COMUNS X CÓLICA Pontos importantes • Interpretar redução ou até ausência de dor como sinal absoluto de melhora do paciente • Administrar analgésicos potentes e até diuréticos sem o diagnóstico etiopatogênico (não sabe a origem) • Remover a sonda nasogástrica achando que o estômago está vazio • Não realizar a tiflocentese (eliminação de gás) • Realizar manipulações transretais ao invés de utilizar exames diagnósticos auxiliares • Ignorar a necessidade de tratamento cirúrgico empurra movimenta 4 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA EVOLUÇÃO Dilatação gástrica Necrose de porção cecal CID: coagulação intravascular disseminada ABORDAGEM DIAGNÓSTICA Histórico / Anamnese • Dados gerais: habitat, alimentação, rotina diária, uso do animal, medicações rotineiras, vacinação, vermifugação, dentição, vícios (ex: aerofagia), status reprodutivo, segurado (animal tem seguro) • Dados recentes: duração do desconforto, mudanças alimentares, fezes e urina, medicações recentes, viagens, pasto ou encachoeirado, intensidade e duração do exercício, outros cavalos doentes • Dados individuais relacionados à afecção: graus / mudança da dor, traumas, distensão abdominal, última defecação e urina, sinais clínicos evidentes, parado ou caminhando, resposta às medicações, episódio de cólica recente, cirurgia abdominal prévia 5 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA EXAME CLÍNICO / FÍSICO Escala de graduação de dor A ausência de dor intensa não indica que o cavalo não tenha uma doença grave • Sinais clínicos o Animal vai cavar, rolar, deitar o Olhar para o flanco o Garanhões expõe o pênis o Dor abdominal faz com que o cavalo não consiga urinar 6 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA Movimento de flemig ┘ • Avaliação da dor o Graduar se é severa, contínua, intermitente (dor que vai e volta) o Sedação? • Atitude (prostrado, alerta, dor) o Verificar fleming (abertura dos lábios, indicando dor) o Avaliar se o animal deita, rola, senta como cão, se automutila • Condição física (distensão abdominal) e posicionamento do animal • Temperatura retal (37,2 - 38,3ºC) e de extremidades o Quanto menor a temperatura das extremidades, maior a chance de estar entrando em choque • Frequência cardíaca (28 - 44 bpm) o A FC mostrou um importante indicador prognóstico para a sobrevida e para complicações após a cirurgia de cólica o Nível de dor, resposta simpática, volume vascular e status cardiovascular 7 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA o Choque hipovolêmico, SIRS (síndrome da resposta inflamatória sistêmica), diminuição do retorno venoso • Pulso / preenchimento da veia jugular o Fraco (PA baixa secundária a choque hipovolêmico/SIRS) o Irregular (arritmia causada por desequilíbrio eletrolítico, baixo Ca e baixo Mg) o Taquicardia (contribuição para ileus) o Recomendado fazer eletrocardiograma (ECG) • Frequência respiratória (8-12 mpm) / taxa respiratória o Taquipneia (movimentação dos músculos peitorais e diafragma) o Restrição da expansão pulmonar o Pressão contra o diafragma e veia cava o Endotoxemia com alterações pulmonares secundárias • Níveis de hidratação (TPC) Mucosa perlácea decorrente de hemorragia 8 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA • Auscultação abdominal o Quadrantes abdominais o Sons audíveis ▪ Borborigmo (borbulhamento de fluido (gás + conteúdo líquido) - frequência de 2 a 4x/min ▪ Fluido, gás ou gotejamento (estática e/ou distensão intestinal; cólica espasmódica, ileus, diarreia) o Sons propulsivos • Percussão abdominal o Associada à auscultação abdominal o Localização do gás o Identificação da margem do baço (martelo e plexímetro) o Balotamento (?) – feto, compactação grave o Dor visceral x dor parietal (peritonite) Embora ter um diagnóstico definitivo simplifique a decisão de encaminhamento e cirurgia, a determinação do diagnóstico pode ser difícil quando sinais clínicos conflitantes estão presentes. SONDAGEM NASOGÁSTRICA (SNG) • Sempre x Imediatamente (avaliar FC) • Gás x conteúdo líquido a semissólido • Diâmetro da sonda o 1.25cm ~ 450 kg (diâmetro interno) o 1.8cm ~ 450 kg (diâmetro externo) 9 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA • Refluxo espontâneo x lavagem gástrica (mensurar) • Movimentação da sonda durante a lavagem e administração de medicações • pH o gástrico = 3 - 6 o intestinal = 6 - 8 (tamponamento ácido) • Testes diagnósticos o Salmonella spp o Clostridium spp • Obstrução pilórica = 40-80L em 24h • Ligamento duodenocólico (deslocamento do cólon maior) TIPOS DE REFLUXO 1 2 3 4 1. Menos comprometedor (gastrite, alimentação não fermentada) 2. Liquido amarelado (ração que fermentou no estomago = sobrecarga gástrica) 3. Liquido hemorrágico (ulcera, traumatismo, lesão na mucosa do estomago) 4. Liquido mais negro = lesão isquêmica muito grande10 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA PALPAÇÃO ABDOMINAL VIA RETAL • Decisão cirúrgica o Apenas em último caso quando nenhuma outra alternativa der certo o Deve ser realizada pelo cirurgião • Persistência da dor (nenhum protocolo terapêutico está resolvendo) • 30 - 40% do abdômen caudal é palpável • Exame físico + SNG + abdominocentese (coleta do liquido peritoneal) + avaliação abdominal • Cuidados necessários e avaliação do conteúdo fecal o Evitar o rompimento do reto o Avaliar se tem conteúdo da ampola retal (seco, envolto por muco, etc) • Por mais que seja negativo, não exclui um possível quadro cirúrgico Transição (esquerda para direita → ordem 1,2,4,3) • Quadrante 1 – polo caudal do baço, espaço entre baço e rim • Quadrante 2 – duodeno (dorsal e base do ceco); tênias ventral e medial do ceco (direção laterocaudal) • Quadrante 4 – flexura pélvica (cólon ventral esquerdo e cólon dorsal esquerdo) e cólon maior, cólon dorsal esquerdo (ausência de haustra / tênias palpáveis); cólon ventral esquerdo (2 tênias livres craniocaudal, e haustra) Sequência: cólon ventral esquerdo – chega na flexura pélvica – cólon dorsal esquerdo • Quadrante 3 – vesícula urinária, ovários, útero, cérvix, anel inguinal interno (ducto deferente) 11 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA Superior Esquerdo Superior / Inferior direito • Porção do duodeno – localizado dorsal à base do ceco • Ceco Inferior esquerdo 12 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA • Outras estruturas palpáveis o Vesícula urinaria / bexiga o Ovários o Útero o Cérvix o Anel inguinal interno (ducto deferente) Em garanhões pode passar uma alça e confundir com cólica (hernia inguino escrotal) ANORMALIDADES NA PALPAÇÃO Intestino Delgado Não é normal palpar na região pélvica (distensão) Ceco Está em posição errada, localizado no centro do abdômen (possível deslocamento de alça) • Ausente • Eliminar conteúdo gasoso (tifulocentese – punciona a região abaulada) Punção na região abaulada 13 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA Cólon Maior Deslocamento Flexura pélvica foi para trás do baço – está no quadrante superior esquerdo • Deveria estar no quadrante inferior esquerdo Cólon menor • Fecaloma e enterólito (quadrantes abdominais ventrais) • Ausência de síbalas fecais evidentes (não está espumando) • Compactações: ampola retal direcionada ventralmente e para o lado esquerdo da linha mediana Enterólito Fecaloma Anormalidades Diversas • Abcessos intestinais • Aderências omentais e intestinais (anel inguinal, cólon menor, parede abdominal, pelve) • Massas neoplásicas (linfoma, lipoma mesentérico pedunculado, leiomiossarcomas, adenocarcinomas e carcinoma espinocelular) • Divertículo • Deposição de fibrina, excesso de liquido e enfisema 14 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA ABDOMINOCENTESE Procedimento clínico fundamental na decisão de tratamento. Introduz / punciona o abdômen do animal e obtém o liquido peritoneal Procedimento Introduz um cateter / sonda na linha media ventral ou à direita (pra não puncionar o baço que está localizado na esquerda), na região mais baixa do abdômen. • Evitar vasos subcutâneos pra não contaminar • Agulha (risco de perfurar alça intestinal) x cânula (redonda na ponta, então não corre risco de perfuração) • Guiado por US- para evitar de puncionar alça intestinal Aspecto do Liquido Peritoneal Tem que ser translúcido (amarelo – palha) – em animal saudável Amarelo - palha • Liquido esverdeado: rompimento de uma alça intestinal / estomago – tem fibra distribuída pelo abdômen (eutanásia) • Liquido esverdeado sem rompimento: sem querer puncionou uma alça intestinal (enterocentese) • Liquido avermelhado: infecção (ex: peritonite) Material importante para análises laboratoriais 15 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA Análises Laboratoriais • Concentração proteica (0.8 – 1.2g / dL) • Hematócrito • Hemáceas (espectrofotometria da hemoglobina) • Leucócitos (white blood cells – WBC): 5.000 – 10.000 cells/uL • Citologia • Contagem diferencial (alterações degenerativas, bactérias, fibras) • Neutrófilos x Células mononucleares (proporção de 2:1 – 2 neutrófilos pra uma célula mononuclear) • Dosagem de lactato, pH, densidade, eletrólitos, concentração de glicose, fibrinogênio Se tiver sangue no liquido peritoneal, pode ter vaso rompido dentro da cavidade abdominal, ou puncionou o baço Ex: coletou o liquido peritoneal, fez dosagem de lactato e ele atingiu um valor acima do normal = isquemia intensa • Creatina fosfoquinase (CPK) • Fosfatase alcalina (FAL) • Creatinina • Plasma D-dímero EXAMES LABORATORIAS • Leucocitose x Leucopenia (tipo de quadro abdominal agudo) o Leucopenia: sequestro leucocitário para alguma região • Analise de gases / gasometria (equilíbrio ácido-base) o Venosa x Arterial (componente respiratório) • Lactato (acidose láctica) – avaliações seriadas e indicador prognóstico o Concentrações >7mmol/L teve forte associação com não sobrevivência em vários estudos • Eletrólitos ↓Ca ↓K ↓Mg – correção precoce 16 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA • Hiponetremia e hipocloremia – colite e ruptura da bexiga • Azotemia – indicador prognóstico • Enzimas hepáticas o Aumento da GGT em quase 50% dos cavalos com deslocamento a direito do cólon maior, devido compressão do ducto biliar o Valores da GGT na distinção de enterite proximal e lesão estrangulativa do intestino delgado EXAMES DE IMAGEM • Seguro e não invasivo • Cavalos inadequados à palpação retal • Distúrbios agudos e crônicos • Transcutânea e transretal (mais utilizado na reprodução) Em situações de emergência, a ultrassonografia pode ser usada por veterinários sem experiencia, para detectar anormalidades intra-abdominais Endoscopia – Gastroscopia • 110cm (potros 30 – 40 dias) • 200cm (potros acima de 6 meses) • 280 – 300cm (adultos) Disfunção da motilidade gástrica e / ou obstrução do fluxo de saída • Lesões de mucosas observadas: o Ulcerações o Compactação gástrica o Carcinoma de células escamosas o Obstruções do fluxo gástrico o Anormalidades duodenais 17 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA Laparoscopia • Cólicas decorrentes • Decisão cirúrgica ou eutanásia (?) • Aderências, irritação na serosa, massas abdominais, condições esplênicas (baço) • Estação (posição quadrupedal) x Decúbito dorsal (não anestesia o animal, só sedação) • 75% de sensibilidade diagnóstica • Procedimentos mais realizados: o Ablação do espaço nefroesplênico o Fechamento do forâmen epiplóico o Herniorrafia inguinal o Hernioplastia incisional e diafragmática o Anormalidades de reto e adesiólise • Desvantagem o Equipamento caro 18 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA
Compartilhar