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SÍNDROME CÓLICA EM EQUINOS Obs.: animais de trabalho são alimentados com hipercalórico (rações concentradas) pois fazem poucas refeições. Todos os alimentos desse tipo, com alta taxa de energia tem alta capacidade de fermenta-ção (o que faz com que haja produção de gases). PARTICULARIDADES E FATORES PRE-DISPONENTES Anatômicos: · São herbívoros: quebra de celulose no ceco (pouco aprovei-tamento) · Mesentério bem desenvolvido · Ceco: saco cego bem desenvol-vido onde ocorre fermentação alimentar · Diâmetro e curvatura do cólon: curvaturas são acentuadas e possu-em diminuição do lúmen nesses locais Fisiológicos: · Movimento retrógado em flexura pélvica · Incapacidade de vômito: cárdia bem desenvolvido e centro de vômito no cérebro do cavalo é subdesenvolvido, ou seja, não gera grande estímulo para vomitar · Cárdia funcional · Ausência do centro de vômito Fatores individuais: · Idade, gênero e raça: · Encarceramentos são mais frequentes em animais jovens, enterólitos mais frequentes em animais idosos, intussuscepções são mais frequentes em potros · Existem cólicas que só ocorrem em machos: transição do testículo pelo anel inguinal · Existem algumas raças que tem maior sensibilidade a dor, como por exemplo, o puro sangue inglês, nesse caso podem demonstrar a dor mais cedo que outros cavalos · Histórico médico e comorbidades: · Parasitoses: parasitose leve já causa a alteração significativa no TGI, devido a alteração de motilidade · Afecções odontológicas: atenção especial para os dentes, deve ser feita revisão anual · Cirurgias anteriores: toda cirurgia abdominal predispõe a aderências (cicatrização entre superfícies serosas, na tentativa de cicatrizar o peritônio) Fatores ambientais: · Alimentação: · Quantidade e qualidade do alimento ingerido · Volumoso x concentrado: quantidade de fibras no intestino altera motilidade · Alteração da dieta: causa alteração na microbiota · Qualidade do volumoso: no verão capim mais verde e no inverno mais seco e fibroso (maior quantidade de lignina, que dificilmente é quebrada); mesentério muito desenvolvido · Hidratação Manejo: · Estabulação: é um fator estressan-te, diminui o trânsito gastrointes-tinal · Transporte: aumento estresse e di-minui a motilidade gastrointestinal ANAMNESE · Idade, gênero, raça e cor · Queixa principal: cronologia, evo-lução e frequência (normalmente cólica é aguda e progressiva) · Defecação e micção · Estado reprodutivo · Enfermidades anteriores · Tratamento · Animais acometidos · Sistema de criação · Manejo alimentar · Atividade e treinamento · Vacinação e vermifugação: questi-onar qual vermífugo está sendo utilizado ao longo do tempo? EXAME FÍSICO Inspeção: · Comportamento · Atitude · Aparência · Estado nutricional · Abdômen · Dor · Grau · Frequência Parâmetros vitais: · FC · Pulso – artéria facial · TPC e mucosas · Hidratação · FR · TºC Cavidade oral: · Ferimentos · Dentes · Apreensão e mastigação · Deglutição Abdômen: · Simetria · Formato · Sensibilidade · Elasticidade · Ruído auscultatório · Palpação retal EXAMES COMPLEMENTARES · Fezes · Coproparasitológico · Exame macroscópico das fezes: quantidade de muco, tamanho das fibras que estão saindo · Cultura: que tipo de bactéria está crescendo no TGI · Sondagem nasogástrica · Conteúdo · Quantidade · Cor · Odor · pH · Abdominocentese · Cor · pH · Lactato · Celularidade · US abdominal · Gastroscopia SÍNDROME CÓLICA/ABDOME AGUDO Grupo de alterações manifestadas por sinais clínicos inespecíficos de dor abdominal. Origem multifatorial: · Alterações patológicas do TGI · Alterações patológicas de outros órgãos: “falsa cólica” – ocorre em outros órgãos, como em caso de torção uterina ou cólicas renais, porém são raras SINAIS CLÍNICOS DE DOR · Cavar · Deitar-se e levantar com frequên-cia · Rolar · Olhar o flanco · Posição cão sentado · Posição de cavalete (para aumen-tar área de expansão no abdômen) · Automutilação · Sudorese · Mímica de micção · Exposição peniana (machos) · Abertura de membros posteriores (éguas) Cavalo em decúbito esternal com pedaços de cama em seu corpo, indicando que o mesmo rolou durante o dia Cavando na baia Deitar e levantar Olhar para o flanco ABORDAGEM CLÍNICA DE EMERGÊN-CIA 1. Frequência cardíaca: quanto maior FC mais dor o animal tem 2. Inspeção de mucosas e TPC 3. Auscultação abdominal 4. Sondagem nasogástrica 5. Controle da dor 6. Abdominocentese 7. Palpação transretal · Exame rápido e criterioso: diminuir os riscos eminentes · Controle da dor: melhora da condição geral · Encaminhamento: médico (clínico) ou cirúrgico Sondagem nasogástrica CLÍNICA X CIRÚRGICA Dor incontrolável: · Procedimentos que aliviam a dor: sondagem nasogástrica e tiflocen-tese (perfurar parede abdominal com agulha até adentrar o ceco) · Dor intensa: analgesia imediata · Analgésicos de escolha: · Dipirona (4 horas) · Flunixin meglumine (6 ho-ras) · Xilazina (40 min), · Detomidina (1 hora) · Butorfanol (até 6 horas) · Utilizar nessa ordem devi-do ao tempo de ação: levar em conta na avaliação que o animal está medicado Palpação de alteração de correção cirúrgica: 1. Palpação da borda caudal do baço 2. Palpação do corpo do ceco 3. Palpação da raiz do mesentério com a artéria aorta 4. Palpação da flexura pélvica do cólon ventral esquerdo Alteração intensa de líquido peritoneal: agulha é inserida para retirar líquido para análise (a não ser que o animal esteja muito desidratado, punção será improdutiva). Lactato é mais importante no momento da análise. · Proteína: 2,5 mg/dL · Leucócitos até 5000/UL · Ausência de hemácias · Glicose: semelhante à sérica · Bactérias: ausentes · Lactato: Cólicas recorrentes sem origem identificada: podem ter origem variadas. Cirurgia imediata? Sim: minimizar duração e risco; manutenção das veias; fluidoterapia; Não: realizar exames adicionais; US; bioquímico; realizar tratamento de controle da dor, fluidoterapia e caminhada O monitoramento se dá pela FC, intestino, fezes, apetite, ruína, dor e atitude do animal, deve-se reduzir os sinais clínicos. CÓLICAS CLÍNICAS · Sobrecarga/compactação gástrica · Gastrites/úlcera gástricas · Colites (diversas) · Duodeno jejunite proximal* · Sablose** – acúmulo de areia em TGI *Duodenocecostomia **Maior parte clínico CÓLICAS CIRÚRGICAS Obstrução pode ser: intraluminal, extraluminal, mural ou intraluminal parietal. Cólicas clínicas GASTRITES E ÚLCERAS GÁSTRICAS DEFINIÇÃO Alterações da mucosa que destroem elementos celulares, resultando em falhas (soluções de continuidade) e podem se estender até a lâmina própria. Podem ser: · Única ou múltiplas · Superficiais ou profundas · Extensas ou restritas · Ativas ou crônicas · Em cicatrização ou não · Em mucosa aglandular ou margo plicatus (região de transição entre mucosa aglandular e glandular) Lembrando que a secreção ácida nos cavalos é contínua! FATORES PREDISPONENTES · Estresse: exercício, confinamento, desmame, doma, transporte... · Parasitismo gástrico (Gasterophillus sp) · Anti-inflamatórios não esteroidais: normalmente todo tratador medica o animal antes de chamar o veterinário, o que nesse caso piora o quadro do animal · Pós-operatório SINAIS CLÍNICOS · Dor leve à moderada: demons-tração de agressividade · Inapetência · Anorexia · Emagrecimento · Bruxismo · Salivação · Mímica de vômito · Exposição frequente do pênis (sinal de dor) DIAGNÓSTICO · Anamnese · Sinais clínicos · Gastroscopia: jejum alimentar de 24 horas e jejum hídrico de 6 a 12 horas TRATAMENTO · Antiácidos: hidróxido de alumínio e de magnésio · Antagonistas dos receptores H2 de histamina: inibição da secreção gástrica - cimetidina (4,4 mg/Kg/IM TID) ou ranitidina (1,4 mg/Kg/IM TID) por 2 a 6 semanas para cicatrização das úlceras · Bloqueador bomba de prótons: omeprazol (1,4 mg/Kg/VO SID) por 14 a 21 dias para cicatrização das úlceras · Protetores de mucosa: salicilato de bismuto e sucralfato DUDODENO JEJUNITE PROXIMAL DEFINIÇÃO Inflamação catarral no segmento proximal do intestino delgado, principalmente duo-deno. Inflamação causa efeitos deletérios sobrea motilidade e mecanismos de transporte de água e eletrólitos = hipersecreção, redu-ção da absorção e aumento da perme-abilidade. Sinonímias: enterite proximal ou enterite anterior. Evolução: desidratação com acidose metabólica, choque hipovolêmico e séptico. SINAIS CLÍNICOS Refluxo abundante: mais que 48L nas primeiras 24 horas (2L/h), com coloração castanho-alaranjada, odor fétido e pH alcalino. O animal apresenta depressão após a descompressão gástrica, com sinais de dor intermitente quando o estômago voltar a ficar sobrecarregado. Além de: · Taquicardia · Desidratação · TPC aumentado · Dor abdominal ou prostração · Hipertermia · ID distendido à palpação O curso da doença é de 7 a 14 dias. Quanto mais curto, melhor o prognóstico. DIAGNÓSTICO · Sinais clínicos · Análise do refluxo gástrico · US TRATAMENTO · Descompressão gástrica · Fluidoterapia = ringer lactato, ringer simples, plasma · Reposição de íons · AINEs* · Metoclopramida + Ca (pró-cinéticos) Obs.: estrutura física e equipe bem-preparadas para cuidado com as complicações (laminite). *Flunixin meglumine: não tem efeito anti-endotóxico. COLITE DEFINIÇÃO Inflamação do intestino grosso (cólon) e do ceco (tiflite). Inflamação grave pode ocorrer perda do epitélio mucoso, aumento de permeabi-lidade e edema. SINAIS CLÍNICOS · Diarreia · Desidratação · Acidose metabólica · Endotoxemia · Choque endotóxico CAUSAS · Salmonella sp · Clostridium sp · Antibióticos · Excesso de AINEs São diferentes tipos de colite: aguda ou colite x. COLITE AGUDA · Salmonella sp · Suscetíveis: animais estressados, imunossuprimidos e potros · Curso agudo, toxemia com diarreia profusa, refluxo gástrico e febre · A bactéria sobrevive no ambiente (haras, hospitais) COLITE X · Clostridium perfringens · Colite hiperaguda · Diarreia profusa sanguinolenta, refluxo gástrico, febre, choque endotoxêmico, mucosas “cor de tijolo”, sinais de laminite, dor abdominal DIAGNÓSTICO · Cultura de fezes: 3-5 amostras · Sorologia pareada: ELISA · Biópsia de reto TRATAMENTO · Fluidoterapia · Plasma · Plasma hiperimune · AINEs · Antibióticos: gentamicina (6,6 mg/kg/IV SID) + ceftiofur (4-5 mg/kg/IV TID) · Diferencial para colite X: metroni-dazol (15-20 mg/kg/IV TID) SABLOSE DEFINIÇÃO Compactação por ingestão de areia, normalmente em cólon maior (dorsal direito e transverso) e cólon menor. A areia irrita a mucosa causando diarreia e a diarreia facilita a compactação. SINAIS CLÍNICOS · Diarreia · Dor abdominal em graus variados DIAGNÓSTICO · Sedimentação das fezes · US abdominal TRATAMENTO · Laparotomia · Controle da inflamação PERITONITE DEFINIÇÃO Inflamação do peritônio. Causas: · Química: urina ou bile · Mecânica: neoplasia, cirurgia, trauma vaginal e palpação · Infecciosa: ruptura de víscera abdominal, hepatite, nefrite, complicações de castração e septicemia Classificação: · Aguda ou crônica · Primária (idiopática) ou secundária · Asséptica ou séptica · Ruptura visceral (útero, intestino ou bexiga) · Cobertura · Bacteremia: Streptococcus, Rhodococcus, Actinobacillus equuli · Cirurgia FISIOPATOGENIA SINAIS CLÍNICOS · Depressão · Anorexia · Febre · Desidratação · Dor abdominal · Taquicardia · Taquipneia · Íleo paralítico ou diarreia · Distensão abdominal DIAGNÓSTICO · Abdominocentese · Análises laboratoriais · Cultura TRATAMENTO · Identificar e tratar a causa primária! · Restaurar o volume circulatório e equilíbrio hidroeletrolítico · Plasma hiperimune (bactérias G-): 4,4 ml/kg · Antibioticoterapia: gentamicina + penicilina, ceftiofur, metronidazol · Flunixin meglumine: dose anti-endotoxêmica · AINEs · Lavagem peritoneal: antes de 72h é possível retirar fibrinogênio, após isso será consolidado – pode ser necessário 100L por dia (sempre um volume muito grande) com solução fisiológica Cólicas cirúrgicas Processos obstrutivos não estrangulativos: · Estase e compactação da ingesta · Aderências, abcessos e neoplasias · Tromboembolismo verminótico · Enterolitíase · Deslocamento (cólon, vólvulo) · Intussuscepção Pode ser: intraluminal, mural, extraluminal ou intraluminal parietal. Processos estrangulativos: Têm comprometimento vascular. · Torção · Vólvulo · Intussuscepção · Encarceramento · Hérnias ENTEROLITÍASE DEFINIÇÃO · Concreções compostas por minerais: magnésio e fosfato · Produção constante no cólon maior · pH alcalino favorece a precipitação · Raças árabe, pôneis e animais estabulados de qualquer raça são os mais acometidos · Presença de enterólito causa dor: pela própria presença ou formato e pela obstrução e distensão das alças · Urólitos são mais presentes nas flexuras intestinais MECANISMO · Estase e fermentação da ingesta · Proliferação bacteriana · Enterite · Aumento da permeabilidade · Extravasamento de proteínas e leucócitos para a cavidade abdominal · Translocação bacteriana/choque séptico · Estase e fermentação da ingesta · Má absorção de nutrientes e H20 · Obstrução do diafragma e ou veia caudal · Choque obstrutivo SINAIS CLÍNICOS · Depressão · Dor moderada · Dor intensa, progressiva e incontrolável quando abdômen muito distendido · Cólicas recorrentes (desconforto) · Fezes podem ficar mais aquosas · Auscultação abdominal: som de líquido ou ausente · Líquido peritoneal: turvo (aumento de celularidade - leucócitos e eritrócitos) e pode evoluir para sanguinolento · Palpação transretal: depende da localização pode ser palpado, mas é notado a distensão do conteúdo fibroso dos seguimentos mais orais · Episódios recorrentes de desconforto · Sinais de obstrução: mucosas congestas, taquicardia/taquipneia, desidratação, motilidade intestinal alterada · Refluxo gástrico >3L – ocorre se todo o intestino estiver cheio (quadro final da evolução, caso de 4 a 5 dias) Obs.: clinicamente processos em intestino grosso tem progressão mais lenta do que em intestino delgado. DIAGNÓSTICO · Sinais clínicos · Histórico · Palpação transretal · US abdominal · Líquido peritoneal com aumento de leucócitos e linfócitos TRATAMENTO · Indicação cirúrgica COMPACTAÇÃO OU IMPACTAÇÃO DEFINIÇÃO Ocorre geralmente em intestino delgado e intestino grosso (ceco) por acúmulo de materiais fibrosos. É menos frequente, está associada ao adensamento da ingesta (material fribroso). SINAIS CLÍNICOS · Dor em graus variados · “Brincar” com água · Apatia · Distensão luminal · Compromete fluxo sanguíneo na mucosa · Gás produzido pela fermen-tação bacteriana · Ingesta (fibrosa) · Líquido (+secreção - absorção) · Intestino pouco complacente · Progressão lenta · Dor progressiva DIAGNÓSTICO · Paracentese com aumento de celularidade · Sondagem: normalmente sem refluxo · Palpação transretal: presença de massa compactada · Presuntivo quando o paciente tem melhora significativa após sondagem (sonda sempre em casos de cólica) TRATAMENTO Clínico: · Laxantes + fluidoterapia: líquido que laxante promove vem dos vasos e deve ser reposto · Estimular a motilidade (fármacos/ caminhar) · Sondagem/lavagem, fluidoterapia, protetores de mucosa, acompanhamento da evolução clínica · Complicações podem ocorrer quando há fermentação de grãos e este conteúdo evolui dentro do trato digestório Cirúrgico: · Laparotomia · Lavagem + massagem · Enterotomia pela margem anti-mesentérica TROMBOEMBOLISMO VERMINÓTICO DEFINIÇÃO · Enfarte não estrangulativo · Ocorre redução do fluxo sanguíneo sem deslocamento ou encarceramento. Migração de S. vulgaris · Forma infectante L3 · Migração nas arteríolas L4 · Deposição de fibrina na camada íntima das artérias/ arteríolas SLIDE 72
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