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EO - Linguagens e Códigos_VOLUME1

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Prévia do material em texto

1
Caro aluno 
O Hexag Medicina é, desde 2010, referência na preparação pré-vestibular de candidatos às 
melhores universidades do Brasil.
Ao elaborar o seu Sistema de Ensino, o Hexag Medicina considerou como principal diferen-
cial em relação aos concorrentes sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas 
e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado.
Você está recebendo o livro Estudo Orientado. Com o objetivo de verificar se você aprendeu 
os conteúdos estudados, este material apresenta nove categorias de exercícios:
• Aprendizagem: exercícios introdutórios de múltipla escolha para iniciar o processo de fixa-
ção da matéria dada em aula 
• Fixação: exercícios de múltipla escolha que apresentam um grau de dificuldade médio, 
buscando a consolidação do aprendizado 
• Complementar: exercícios de múltipla escolha com alto grau de dificuldade 
• Dissertativo: exercícios dissertativos seguindo a forma da segunda fase dos principais ves-
tibulares do Brasil 
• Enem: exercícios que abordam a aplicação de conhecimentos em situações do cotidiano, 
preparando o aluno para esse tipo de exame 
• Objetivas (Unesp, Fuvest, Unicamp e Unifesp): exercícios de múltipla escolha das faculda-
des públicas de São Paulo 
• Dissertativas (Unesp, Fuvest, Unicamp e Unifesp): exercícios dissertativos da segunda fase 
das faculdades públicas de São Paulo 
• Uerj (exame de qualificação): exercícios de múltipla escolha, buscando a consolidação do 
aprendizado para o vestibular da Uerj 
Visando um melhor planejamento dos seus estudos, ao final de cada aula, o gabarito vem 
acompanhado por códigos hierárquicos que mostrarão a que tema do livro teórico corres-
ponde cada questão. Esse formato irá auxiliá-lo a diagnosticar quais assuntos você encontra 
mais dificuldade. Essa é uma inovação do material didático 2020. Sempre moderno e com-
pleto é um grande aliado para o seu sucesso nos vestibulares.
Bons estudos!
Herlan Fellini
2
SUMÁRIO
ENTRE LETRAS
GRAMÁTICA
Aulas 1 e 2: Formação de palavras 4
Aulas 3 e 4: Artigos, substantivos e adjetivos 24
Aulas 5 e 6: Verbos: noções preliminares e modos indicativo e subjuntivo 47
Aulas 7 e 8: Verbos: modo imperativo e vozes verbais 71
Aulas 1 e 2: A arte literária e o estudo dos gêneros 92
Aulas 3 e 4: Trovadorismo: a literatura da Idade Média 106
Aulas 5 e 6: Humanismo e Classicismo 115
Aulas 7 e 8: Classicismo: Camões épico e lírico 126
LITERATURA
3
GRAMÁTICA
4
E.O. AprEndizAgEm
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
A PIPOCA
Rubem Alves
A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a 
cozinhar. Mas o fato é que sou mais competente com as palavras 
que com as panelas. Por isso tenho mais escrito sobre comidas 
que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o nome de 
“culinária literária”. Já escrevi sobre as mais variadas entidades 
do mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nóbis, picadinho de carne 
com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos. 
Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico 
a uma meditação sobre o filme A festa de Babette, que é uma 
celebração da comida como ritual de feitiçaria. Sabedor das mi-
nhas limitações e competências, nunca escrevi como chef. Escrevi 
como filósofo, poeta, psicanalista e teólogo – porque a culinária 
estimula todas essas funções do pensamento.
As comidas, para mim, são entidades oníricas. Provocam a minha 
capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria 
um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamen-
te isso que aconteceu. A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e 
duros, me pareceu uma simples molecagem, brincadeira delicio-
sa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias 
atrás, conversando com uma paciente, ela mencionou a pipoca. 
E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas ideias 
começaram a estourar como pipoca. Percebi, então, a relação 
metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamen-
to nasce como uma pipoca que estoura, de forma inesperada 
e imprevisível. A pipoca se revelou a mim, então, como um ex-
traordinário objeto poético. Poético porque, ao pensar nelas, as 
pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como 
aqueles das pipocas dentro de uma panela.
Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido 
religioso? Pois tem. Para os cristãos, religiosos são o pão e o 
vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de 
vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não é vida...). 
Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem exis-
tir juntas. Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe 
Stella, sábia poderosa do candomblé baiano: que a pipoca é a 
comida sagrada do candomblé...
A pipoca é um milho mirrado,subdesenvolvido. Fosse eu agricultor 
ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos aparecessem 
aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar de-
las. Pois o fato é que, sob o ponto de vista do tamanho, os milhos da 
pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei como 
isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a ideia de 
debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, espe-
rando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos. 
Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O 
que aconteceu, ninguém jamais poderia ter imaginado. Repenti-
namente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com 
uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia 
com eles: os grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores 
brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das 
pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária, 
em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, espe-
cialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!
E o que é que isso tem a ver com o candomblé? É que a trans-
formação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande 
transformação porque devem passar os homens para que eles 
venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que 
deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. 
O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios 
para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos 
transformar em outra coisa − voltar a ser crianças!
Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de 
pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, 
para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transfor-
mações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não pas-
sa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de 
uma mesmice e dureza assombrosas. Só que elas não percebem. 
Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de 
repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa si-
tuação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder 
um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar 
pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depres-
são – sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso 
aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E 
com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá den-
tro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: 
vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, 
ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a 
transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina 
aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do 
fogo, a grande transformação acontece: pum! − e ela aparece 
como uma outra coisa, completamente diferente, que ela mesma 
nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do 
casulo como borboleta voante.
Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está repre-
sentado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o 
estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito 
para ser de outro. “Morree transforma-te!” − dizia Goethe.
Formação de palavra
CompetênCias: 1 e 8 Habilidades: 1, 2, 3, 4, 26 e 27
AULAS 
1 e 2
5
Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os 
piruás com os paulistas descobri que eles ignoram o que seja. 
Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é 
palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio 
para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho 
de pipoca que se recusa a estourar. Meu amigo William, extra-
ordinário professor-pesquisador da Unicamp, especializou-se em 
milhos, e desvendou cientificamente o assombro do estouro da 
pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica para os 
piruás. Mas, no mundo da poesia as explicações científicas não 
valem. Por exemplo: em Minas “piruá” é o nome que se dá às 
mulheres que não conseguiram casar. Minha prima, passada dos 
quarenta, lamentava: “Fiquei piruá!” Mas acho que o poder me-
tafórico dos piruás é muito maior. Piruás são aquelas pessoas 
que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas 
acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o 
jeito delas serem. Ignoram o dito de Jesus: “Quem preservar a 
sua vida perdê-la-á.” A sua presunção e o seu medo são a dura 
casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão 
ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca 
macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro 
alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não 
servem para nada. Seu destino é o lixo. Quanto às pipocas que 
estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem 
que a vida é uma grande brincadeira...
Disponível em http://www.ReleituRAs.com/RubemAlves_pipocA.Asp. 
AcessADo em 31 De mAi. 2016.
Obs.: O texto foi adaptado às regras do Novo Acordo Ortográfico.
1. (EfOMM) NO QUE TANgE AO PROCESSO dE fORMAçÃO dE PAlAvRAS, 
O TERMO dESTACAdO QUE SE ENQUAdRA COMO fORMAçÃO-REgRESSIvA 
APARECE NA OPçÃO 
a) As comidas, para mim, são entidades oníricas. Pro-
vocam a minha capacidade de sonhar.
b) Um bom pensamento nasce como uma pipoca que 
estoura, de forma inesperada e imprevisível.
c) É que a transformação do milho duro em pipoca 
macia é símbolo da grande transformação (...)
d) O estouro das pipocas se transformou, então, de 
uma simples operação culinária (...)
e) O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-den-
tes, impróprios para comer (...)
2. (CEfET)
A INTERNET E A MORTE dA IMAgINAçÃO
JAcques GRumAn 
“nuncA entenDi essA obsessão poR soRRisos em fotoGRAfiAs. 
Deve seR um conluio com os DentistAs.” 
(noRA tAusz RónAi)
Reza uma antiga lenda que dois reinos estavam em guerra. Os 
perdedores acabaram condenados ao confinamento do outro 
lado dos espelhos, um primitivo mundo virtual em que eram 
obrigados a reproduzir tudo o que os vencedores faziam. A luta 
dos derrotados passava a ser como escapar daquela prisão. O 
genial Lee Falk inspirou-se nesta narrativa para criar, na década 
de 1940, O mundo do espelho, para mim uma das mais aterro-
rizantes histórias do Mandrake. Espelhos foram, aliás, protagonis-
tas de algumas sequências cinematográficas assustadoras. Bóris 
Karloff, um clássico do gênero, aproveitou muito bem o medo que, 
desde crianças carregamos, de que nossos reflexos nos espelhos 
ganhem autonomia. Ui! Já imaginaram se isso virasse realidade? 
Teríamos de conviver com nossos opostos, um estranhamento no 
mínimo desconfortável. Os quadrinhos exploraram o assunto tam-
bém na série do Mundo bizarro, do Super-Homem. Era um nonsen-
se pouco habitual no universo previsível dos super-heróis.
Estava pensando nos estranhamentos do mundo moderno quan-
do me deparei com uma pequena nota de jornal. Encenava-se a 
ópera Carmen, de Bizet, no Theatro Municipal do Rio. Suponho 
que a plateia, que pagou caro, estava mergulhada na história e na 
interpretação da orquestra e dos solistas. Não é que um cidadão 
saca seu iPad e passa um tempão checando os e-mails, dedinhos 
nervosos para cima e para baixo, com a tela iluminando a penum-
bra indispensável para a fruição plena do espetáculo? Como esse 
tipo de desrespeito está entrando na “normalidade”, apenas uma 
pessoa esboçou reação. Uma espécie de angústia semelhante à 
incontinência urinária se espalha como praga nas relações pes-
soais e no uso dos espaços público e privado. Tudo passou a ser 
urgente. Todos os torpedos, e-mails e chamadas no celular viraram 
prioridade, casos de vida ou morte. Interrompem-se conversas para 
olhar telinhas e telonas, desrespeitando interlocutores. Como este 
tipo de patologia tende a se diversificar, já há gente que conversa 
e olha o computador ao mesmo tempo, como aqueles lagartos 
esquisitos cujos olhos se movimentam sem aparente coordenação. 
Outros participam de reuniões sem desligar sua tralha eletrônica 
(na verdade, não estão nas reuniões). Especialistas em informática 
previram que, num futuro não muito distante, chips serão implan-
tados no corpo. Estão atrasados. Corpos já pertencem a máquinas. 
A vida é controlada a distância e por outros.
Outro estranhamento vem da inundação de imagens, aflição que 
chamo de galeria dos sem imaginação. Enxurradas de fotos inva-
dem o espaço virtual, a enorme maioria delas sem o menor signifi-
cado e perfeitamente descartáveis. O Instagram recebe 60 milhões 
de fotos por dia, ou seja, quase 700 fotos por segundo! Fico pen-
sando no sorriso irônico ou, quem sabe, no horror em estado bruto, 
que Cartier-Bresson1 esboçaria se esbarrasse nisso. Ele, que procu-
rava a poesia nos pequenos gestos, no cotidiano que se desdobrava 
em surpresas, nos reflexos impensados, jamais empilharia a coleção 
de sorrisinhos forçados que caracteriza a obsessão pelos clics.
Essa história dos sorrisos foi muito bem notada pela Nora Ró-
nai, que citei logo no início. Vivemos a era das aparências. Com 
a multiplicação das imagens, vem a obrigação de “estar bem”. 
Afinal de contas, quem vai querer se exibir no Facebook ou nas 
trocas de mensagens com uma ponta de melancolia ou, pelo me-
nos, um suspiro de realidade? O mundinho virtual exige estado 
de êxtase permanente. Uma persona que não passa de ilusão. 
Criatividade não quer dizer tristeza, claro, mas certamente pre-
cisa incorporá-la como tijolo construtor da nossa personalida-
de. O resto é fofoca. Eric Nepomuceno, tradutor e escritor, fez o 
seguinte comentário sobre seu amigo Gabriel Garcia Márquez, 
que acabara de morrer: “Tudo o que ele escreveu é revelador da 
infinita capacidade de poesia contida na vida humana. O eixo, 
porém, foi sempre o mesmo, ao redor do qual giramos todos: 
a solidão e a esperança perene de encontrar antídotos contra 
essa condenação”. Nada que essas maquininhas onipresentes 
possam registrar, elas que jamais entenderiam a fina ironia de 
Fernando Pessoa no Poema em linha reta, que começa assim: 
“Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus 
conhecidos têm sido campeões em tudo”. Mais adiante: “Arre, 
estou farto de semideuses. Onde é que há gente nesse mundo?”.
6
A praga narcísica desembarcou nas camas. Leio que nova 
moda é fazer selfies2 depois do sexo. O casal transa, mas isso 
não basta. É urgente compartilhar! Tira-se uma foto da apa-
rência de ambos, coloca-se no Instagram e ... pronto. O mun-
do inteiro será testemunha de um momento íntimo, talvez 
o mais íntimo de todos. Meu estranhamento vai ao paroxis-
mo. É a esse mundo que pertenço? Antigamente, era cos-
tume dizer que o que não aparecia na televisão não existia. 
Atualizando a frase: pelo visto, o que não está na rede não existe. 
É a universalização do movimento apenas muscular, sem sentido, 
leviano, rapidamente perecível.
Durante o exílio, o poeta argentino Juan Gelman passou um bom 
tempo sem conseguir escrever. A inspiração não vinha. Disse ele: 
“A poesia é uma senhora que nos visita ou não. Convocá-la é uma 
impertinência inútil. Durante uns bons quatro anos, o choque do 
exílio fez com que essa senhora não me visitasse”. Quando, fi-
nalmente, a senhora chega, tudo muda,como narra o poeta: “A 
visita é como uma obsessão. Uma espécie de ruído junto ao ouvi-
do. Escrevo para entender o que está acontecendo”. Não consigo 
imaginar uma serenidade como essa no mundo virtual. Tudo nasce 
e morre antes de ser completamente absorvido. Cada novidade 
passa a ser vital, filas se formam nas madrugadas nas portas de 
lojas que começam a vender modelos mais avançados de produtos 
eletrônicos. Não dá pra esperar um dia, muito menos uma hora. 
O silêncio e a introspecção são guerrilheiros no habitat plugado. 
Estou me alistando neste exército de Brancaleone.3
1 Henri Cartier-Bresson: (França 1908- 2004), fotógrafo do século 
XX, considerado por muitos como o pai do fotojornalismo.
2 fazer selfies: selfie é uma palavra em inglês, um neologismo com 
origem no termo self-portrait, que significa autorretrato, e é uma 
foto tirada e compartilhada na internet. Normalmente uma selfie é 
tirada pela própria pessoa que aparece na foto, com um celular que 
possui uma câmera incorporada, com um smartphone, por exemplo.
3 O Incrível Exército de Brancaleone (em italiano: L’armata 
Brancaleone): é um filme italiano de 1966, do gênero comédia. 
Foi dirigido por Mario Monicelli. O Exército de Brancaleone é 
considerado um clássico italiano, que retrata os costumes da 
cavalaria medieval através da comédia satírica. É um filme ins-
pirado em Dom Quixote, do espanhol Miguel de Cervantes.
(Disponível em: <http://www.cARtAmAioR.com.bR/?/opiniAo/A-
moRte-DA-imAGinAcAo/30783>. Acesso em: 16 AGo. 2014.) 
O EMPREgO dO dIMINUTIvO NOS TERMOS EM dESTAQUE NÃO TEM vAlOR 
IRôNICO EM: 
a) “O mundinho virtual exige estado de êxtase per-
manente.”
b) “Os quadrinhos exploraram o assunto também 
na série do Mundo bizarro, do Super-Homem.”
c) “Nada que essas maquininhas onipresentes pos-
sam registrar, elas que jamais entenderiam a fina iro-
nia de Fernando Pessoa no Poema em linha reta ...”
d) “Ele, que procurava a poesia nos pequenos gestos, no 
cotidiano que se desdobrava em surpresas, nos reflexos 
impensados, jamais empilharia a coleção de sorrisi-
nhos forçados que caracteriza a obsessão pelos clics.”
e) “Não é que um cidadão saca seu iPad e passa um 
tempão checando os e-mails, dedinhos nervosos para 
cima e para baixo, com a tela iluminando a penumbra 
indispensável para a fruição plena do espetáculo?”
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
A sociedade vive diversas contradições, muitas delas fomentadas 
por modismos que só espelham a superficialidade e o imediatismo 
de valores contemporâneos, entre eles o excessivo culto ao corpo.
Informações que circulam pelas redes sociais, muitas delas sem 
nenhum respaldo científico, induzem à crença de que o uso de 
determinadas substâncias ajuda na construção de corpos “per-
feitos” ou “desintoxica” o organismo, mas sem apontar os pos-
síveis riscos à saúde.
Não há dados precisos sobre quantas pessoas usam rotinei-
ramente essas substâncias, mas o fato é que em vários paí-
ses cresce o número de pacientes atendidos por toxicidade 
delas decorrente.
Não é incomum o uso de mais de uma dessas substâncias, tais 
como anabolizantes injetáveis, oxandrolona e hormônio de cres-
cimento. De forma isolada ou combinada, elas podem aumentar 
a massa muscular, mas criam um considerável risco de morte sú-
bita por infarto, arritmia cardíaca ou hemorragia cerebral, além 
de problemas como insuficiência renal, tumores do fígado e dis-
túrbios de coagulação.
A lista de substâncias e fórmulas “promissoras”, definidas pelo 
imaginário criativo do prescritor ou do fabricante, é longa. Seu 
uso é estimulado não apenas pelo culto ao corpo, mas também 
pelo mercado que movimenta mais de US$ 70 bilhões ao ano e 
que não é profundamente regulamentado pelas agências fiscali-
zadoras de vários países.
O culto ao corpo não é condenável, desde que seja em função da 
busca por uma melhor qualidade de vida. A autoestima que dele 
pode advir é desejável e pode ser estimulada, desde que não 
comprometa a saúde através de falsas premissas.
A melhor maneira de coibir as práticas insensatas e perniciosas 
é trazê-las para o terreno da ciência. A comprovação científica, 
apoiada em divulgação honesta de benefícios e riscos, é funda-
mental para que cada indivíduo possa tomar as decisões sobre o 
que quer fazer com seu próprio corpo.
(RAul cultAit e RAymunDo pARAná. “culto Ao coRpo, 
DespRezo à sAúDe”. www.folhA.uol.com.bR. ADAptADo.)
3. (ANHEMBI MORUMBI MEd – UNESP) SÃO fORMAdOS PElO 
PROCESSO dE dERIvAçÃO SUfIXAl OS TERMOS:
a) desintoxica (2º parágrafo); regulamentado (5º pa-
rágrafo); perniciosas (7º parágrafo).
b) respaldo (2º parágrafo); incomum (4º parágrafo); 
comprovação (7º parágrafo).
c) arritmia (4º parágrafo); condenável (6º parágrafo); 
coibir (7º parágrafo).
d) contradições (1º parágrafo); profundamente (5º 
parágrafo); autoestima (6º parágrafo).
e) modismos (1º parágrafo); superficialidade (1º pará-
grafo); cerebral (4º parágrafo).
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
O que havia de tão revolucionário na Revolução Francesa? So-
berania popular, liberdade civil, igualdade perante a lei – as pa-
lavras hoje são ditas com tanta facilidade que somos incapazes 
7
de imaginar seu caráter explosivo em 1789. Para os franceses do 
Antigo Regime, os homens eram desiguais, e a desigualdade era 
uma boa coisa, adequada à ordem hierárquica que fora posta 
na natureza pela própria obra de Deus. A liberdade significava 
privilégio – isto é, literalmente, 1“lei privada”, uma prerrogativa 
especial para fazer algo negado a outras pessoas. O rei, como 
fonte de toda a lei, distribuía privilégios, pois havia sido ungido 
como o agente de Deus na terra.
Durante todo o século XVIII, os filósofos do Iluminismo questio-
naram esses pressupostos, e os panfletistas profissionais conse-
guiram empanar a aura sagrada da coroa. Contudo, a desmon-
tagem do quadro mental do Antigo Regime demandou violência 
iconoclasta, destruidora do mundo, revolucionária.
Seria ótimo se pudéssemos associar a Revolução exclusivamente à 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, mas ela nasceu 
na violência e imprimiu seus princípios em um mundo violento. Os 
conquistadores da Bastilha não se limitaram a destruir um símbolo 
do despotismo real. Entre eles, 150 foram mortos ou feridos no as-
salto à prisão e, quando os sobreviventes apanharam o diretor, cor-
taram sua cabeça e desfilaram-na por Paris na ponta de uma lança.
Como podemos captar esses momentos de loucura, quando tudo 
parecia possível e o mundo se afigurava como uma tábula rasa, 
apagada por uma onda de comoção popular e pronta para ser 
redesenhada? Parece incrível que um povo inteiro fosse capaz de 
se levantar e transformar as condições da vida cotidiana. Duzen-
tos anos de experiências com admiráveis mundos novos torna-
ram-nos céticos quanto ao planejamento social. Retrospectiva-
mente, a Revolução pode parecer um prelúdio ao totalitarismo.
Pode ser. Mas um excesso de visão histórica retrospectiva pode 
distorcer o panorama de 1789. Os revolucionários franceses não 
eram nossos contemporâneos. E eram um conjunto de pesso-
as não excepcionais em circunstâncias excepcionais. Quando as 
coisas se desintegraram, eles reagiram a uma necessidade impe-
riosa de dar-lhes sentido, ordenando a sociedade segundo novos 
princípios. Esses princípios ainda permanecem como uma denún-
cia da tirania e da injustiça. Afinal, em que estava empenhada a 
Revolução Francesa? Liberdade, igualdade, fraternidade.
ADAptADo De: DARnton, RobeRt. o beiJo De lAmouRette. in: 
____. o beiJo De lAmouRette: míDiA, cultuRA e Revolução. 
são pAulo: ciA. DAs letRAs, 2010. p. 30-39.
4. (UfRgS) AO REfERIR-SE à IdEIA dE “lEI PRIvAdA” COMO UMA EXPlI-
CAçÃO lITERAl dE PRIvIlégIO (REf. 1), O AUTOR ESTá fAzENdO REfERêNCIA 
à ORIgEM lATINA dESSA PAlAvRA, RElACIONAdA A AlgUMAS dAS fORMAS 
QUE TOMAvA, NAQUElA líNgUA, A PAlAvRA EQUIvAlENTE A lEI – POR 
EXEMPlO, lEgIS.
CONSIdERE AS SEgUINTES PAlAvRAS dO PORTUgUêS.
1. lEgAl
2. lEgIÃO
3. lEgíTIMO
4. lEgívEl
QUAIS TêM TAMBéM RElAçÃO SEMâNTICA COMA PAlAvRA lEI, REvElAN-
dO, POR SUA fORMA, A ORIgEM lATINA? 
a) Apenas 1 e 3.
b) Apenas 1, 3 e 4.
c) Apenas 2 e 3.
d) Apenas 2 e 4.
e) 1, 2, 3 e 4.
lEIA O EXCERTO dO ROMANCE vIdAS SECAS, dE gRACIlIANO RAMOS, 
PARA RESPONdER à QUESTÃO.
Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele 
estado, com a família morrendo de fome, comendo raízes. Caíra 
no fim do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da 
casa deserta. Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à ca-
marinha escura, pareciam ratos – e a lembrança dos sofrimentos 
passados esmorecera.
Pisou com firmeza no chão gretado, puxou a faca de ponta, 
esgaravatou as unhas sujas. Tirou do aió um pedaço de fumo, 
picou-o, fez um cigarro com palha de milho, acendeu-o ao binga, 
pôs-se a fumar regalado.
– Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.
Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza 
iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não 
era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas 
dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba 
e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava 
de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos 
brancos e julgava-se cabra.
Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém 
tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando:
– Você é um bicho, Fabiano.
Era. Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passa-
ra uns dias mastigando raiz de imbu e sementes de mucunã. Viera 
a trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fi-
zera-se desentendido e oferecera os seus préstimos, resmungando, 
coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar. E o 
patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro.
Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera 
como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raízes, 
estava plantado. Olhou as quipás, os mandacarus e os xiquexi-
ques. Era mais forte que tudo isso, era como as catingueiras e 
as baraúnas. Ele, sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorra Baleia 
estavam agarrados à terra.
Chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado. O corpo 
do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os braços 
moviam-se desengonçados. Parecia um macaco.
(viDAs secAs, 2010.)
5. (fASM MEd – UNESP) AS PAlAvRAS “IMPRUdENTE” (5º PARá-
gRAfO) E “dESENTENdIdO” (10º PARágRAfO) SÃO fORMAdAS POR PRE-
fIXOS dE NEgAçÃO. TAMBéM SE ENCONTRAM PREfIXOS dE NEgAçÃO EM:
a) amorfo e didático.
b) ilegal e discordância.
c) incorrigível e dilema.
d) emigrar e instante.
e) diálogo e interpor.
6. (CEfET) NO MUNdO dOS ANIMAIS
As relações entre os humanos e as demais espécies viventes têm 
merecido a atenção de escritores, artistas e intelectuais. Essas 
relações, que não primam pela ética, são o objeto de estudo da 
professora e escritora mineira Maria Esther Maciel.
Quando os estudos sobre “animais e literatura” passaram a ser 
feitos de modo sistemático no Brasil?
8
Maria Esther Maciel: Só recentemente; antes, havia trabalhos es-
parsos. Além disso, a abordagem se circunscrevia à visão do animal 
como símbolo, metáfora ou alegoria do humano, mais restrita à 
análise textual. Hoje, percebe-se uma ampliação desse enfoque, 
que deixa os limites do texto literário para ganhar um viés transdis-
ciplinar, em diálogo com a filosofia, biologia, antropologia, psico-
logia. Aliás, esse entrelaçamento de saberes em torno da questão 
animal cresceu em várias partes do mundo, propiciando a difusão 
de um novo campo de investigação crítica denominado “estudos 
animais”. A literatura tem conquistado espaço importante nesse 
campo, graças sobretudo a escritores/pensadores como John M. 
Coetzee, John Berger e Jacques Derrida, que souberam aliar, de 
modo criativo, literatura, ética e política no trato da questão animal.
Como a senhora explica esse interesse crescente pelo tema?
Há um conjunto de fatores. Impossível não considerar as preocu-
pações de ordem ecológica, que movem a sociedade contempo-
rânea. Há também uma tomada de consciência mais explícita por 
parte de escritores, artistas e intelectuais dos problemas éticos 
que envolvem nossa relação com os animais e com o próprio 
conceito de humano. Além disso, a noção de espécie e a divisão 
hierárquica dos viventes têm provocado discussões ético-políti-
cas relevantes, que acabam por contaminar as artes e a literatura. 
A isso se soma a tentativa, por parte dos humanos, de recuperar 
sua própria animalidade, que por muito tempo foi reprimida em 
nome da razão e do antropocentrismo.
Por que é importante para a humanidade refletir sobre a 
animalidade?
Ao refletir sobre a animalidade, a humanidade pode repensar o 
próprio conceito de humano e reconfigurar a noção de vida. Por 
muito tempo, nosso lado animal foi recalcado em nome da razão 
e de outros atributos tidos como próprios do homem. Quem ler 
os tratados de filosofia e teologia escritos ao longo dos séculos 
verá que a definição de humano e humanidade se forjou à custa 
da negação da animalidade humana e da exclusão/marginali-
zação dos demais seres que compartilham conosco o que cha-
mamos de vida. Acho que os humanos precisam se reconhecer 
animais para se tornarem verdadeiramente humanos.
É possível identificar modos diferentes de “explorar” a figura do 
animal na produção literária?
Na literatura brasileira, podemos falar de três momentos incisi-
vos. No primeiro, está Machado de Assis, que escreveu no auge 
do racionalismo cientificista do século 19, quando os princípios 
cartesianos já tinham legitimado no Ocidente a cisão entre hu-
manos e não humanos, e os animais eram vistos como máqui-
nas. No século 20, a partir dos anos 30, autores como Gracilia-
no Ramos, João Alphonsus, Guimarães Rosa e Clarice Lispector 
marcam um novo momento, ao lidar, cada um a seu modo, com 
as relações entre homens e animais sob um enfoque libertário, 
manifestando cumplicidade com esses outros viventes e a recusa 
da violência contra humanos e não humanos. Já os escritores 
do final do século 20 e início do 21 lidam com a questão dos 
animais sob o peso de uma realidade marcada por catástrofes 
ambientais, extinção de espécies, experiências biotecnológicas, 
expansão das granjas e fazendas industriais etc.
Como a senhora vê o futuro dos animais?
Pelo jeito como as coisas andam, preocupo-me com a possibilida-
de de os animais livres desaparecerem da face da Terra. Ficariam 
apenas os bichos criados em reservas e cativeiros, os expostos 
em zoológicos, os “produzidos” em granjas e fazendas indus-
triais para viver uma vida infernal e morrer logo depois, além 
dos animais domésticos, adestrados e humanizados ao extremo.
Há quem diga que até mesmo estes estão fadados a desapare-
cer, dando lugar a animais-robôs, que já existem no Japão.
A humanidade tem destruído florestas, dizimado povos indíge-
nas, exterminado espécies animais. Apesar da preocupação de 
ativistas com o destino do planeta, falta empenho político dos 
governos para frear essa destruição generalizada.
Minha utopia é que a humanidade possa um dia fazer mea-culpa 
em relação aos crimes já cometidos contra os índios, os animais, 
a natureza. Mas, pelo que vejo, essa questão continuará a ser um 
grande desafio ético e político para a nossa civilização.
Seus estudos sobre animalidade a influenciaram em seu modo 
de vida?
Não consigo desvincular o trabalho do meu modo de vida. Se che-
guei ao tema dos animais, foi por causa do meu apreço por eles. 
Há anos não como carne, por causa da memória do tempo em que 
passava temporadas na fazenda do meu pai, no interior de Minas 
Gerais. Vivia perto de vacas, porcos, aves, cavalos, cachorros. Toda 
vez que via carne de vaca na mesa, me lembrava do olhar bovino. 
Já a visão da carne de porco me trazia a imagem dos porquinhos 
espertos e afetuosos com que eu brincava. Foi assim também com 
as aves, os coelhos e outros bichos. Como fui sempre muito tocada 
pelo olhar animal, decidi não comê-los mais. Aindamantive peixes 
e frutos do mar, mas deixei de comer várias espécies ao saber de 
seus hábitos. Recuso também ovos de granja, em repúdio à situa-
ção absurda das aves nos espaços de confinamento das fazendas 
industriais. Meu projeto de vida, certamente influenciado por meus 
estudos, é parar de consumir também carne de peixe. Chegarei lá.
(mAciel, mARiA estheR. no munDo Dos AnimAis. entRevistA A 
RobeRto b. De cARvAlho. ciênciA hoJe, 21 nov. 2012. Disponível 
em <http://cienciAhoJe.uol.com.bR>. Acesso em: 05 nov. 2013.) 
ENTRE OS vOCáBUlOS EXTRAídOS dO TEXTO, AQUElE NO QUAl A SílABA 
“RE” fUNCIONA COMO UM PREfIXO QUE TRAdUz IdEIA dE REPETIçÃO é 
a) “recusa”.
b) “refletir”.
c) “recuperar”.
d) “relevantes”.
e) “reconfigurar”.
lEIA O TEXTO dE HélIO SCHwARTSMAN PARA RESPONdER à QUESTÃO.
INTELIGÊNCIA ANIMAL
O homem é o único animal que [ ]. O espaço entre os colchetes 
já foi preenchido por hipóteses para todos os gostos. “Usa ferra-
mentas”, “desenvolve e transmite cultura”, “imagina o futuro”, 
“compreende o que se passa em outras mentes”, “usa sintaxe” 
são algumas das mais recentes. Todas elas acabaram sendo des-
cartadas por evidências empíricas, à medida que os cientistas, 
particularmente os etólogos1, foram sofisticando os experimentos 
pelos quais acessam e avaliam a inteligência animal. Talvez já seja 
hora de aposentar a fórmula “o homem é o único animal que...”.
Essa é a tese que o primatologista Frans de Waal defende com 
ardor em Are We Smart Enough to Know How Smart Animals 
Are? (Somos espertos o suficiente para saber quão espertos são 
9
os animais?). Como em outros livros do autor, ele nos inunda 
com histórias incríveis de façanhas intelectuais de bichos. Conta 
que polvos usam casacas de coco como ferramenta, que elefan-
tes são capazes de distinguir idiomas humanos, que macacos ja-
poneses aprenderam a lavar batatas doces com água e passaram 
a técnica às gerações seguintes. A isso se somam as evidências 
de que chimpanzés fazem política e até pagam propinas a alia-
dos, sem mencionar os corvos, que estão se revelando verdadei-
ros Einsteins do reino animal.
(www.folhA.uol.com.bR. ADAptADo.)
1 ETÓlOgO: ESTUdIOSO dO COMPORTAMENTO SOCIAl E INdIvIdUAl dOS 
ANIMAIS EM SEU HáBITAT NATURAl.
7. (fMJ MEd – UNESP) QUANTO à CARACTERIzAçÃO dO PROCESSO dE 
fORMAçÃO dE PAlAvRAS, ESTá CORRETO O QUE SE AfIRMA EM:
a) o vocábulo “experimentos” (1º parágrafo) foi for-
mado por derivação sufixal, com o sufixo indicador de 
agente “-mento(s)” acrescido à base.
b) o vocábulo “capazes” (2º parágrafo) foi formado 
por derivação sufixal, com o sufixo indicador de agen-
te “-es” acrescido à base.
c) o vocábulo “incríveis” (2º parágrafo) foi formado 
por derivação prefixal, com o prefixo de negação “in-
” acrescido à base.
d) o vocábulo “intelectuais” (2º parágrafo) foi forma-
do por derivação prefixal, com o prefixo de negação 
“in-” acrescido à base.
e) o vocábulo “descartadas” (1º parágrafo) foi forma-
do por derivação prefixal, com o prefixo de negação 
“des-” acrescido à base.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO 
Reforma na corrupção
Como previsto, já arrefece o mais recente debate sobre corrup-
ção. Ainda se discute, sem muito entusiasmo, a absolvição de 
uma deputada que foi filmada recebendo um 3dinheirinho sus-
peito, mas isso aconteceu antes de ela ser deputada, de maneira 
que não vale. Além da forte tendência de os parlamentares não 
punirem os seus pares, havia o risco do precedente. Não somente 
o voto é indecentemente secreto nesses casos, como o preceden-
te poderia expor os pescoços de vários outros deputados. O que 
o deputado faz enquanto não é deputado não tem importância, 
mesmo que ele seja tesoureiro dos ladrões de Ali Babá.
Aliás, me antecipando um pouco ao que pretendo propor, me veio 
logo uma ideia prática para acertar de vez esse negócio de deputa-
do cometendo crimes durante o exercício do mandato. Às vezes – e 
lembro que errar é humano – o sujeito comete esses 2crimezinhos 
distraído. Esquece, em perfeita boa-fé, que exerce um mandato 
parlamentar e aí perpetra a falcatrua. Fica muito chato para ele, 
se ele for flagrado, e seus atos podem sempre vir à tona, expostos 
pela imprensa impatriótica. Não é justo submeter o deputado a 
essa tensão permanente, afinal de contas, ele é gente como nós.
Minha ideia, como, modéstia à parte, costumam ser as grandes 
ideias, é muito simples: os deputados usariam uniforme. Não 
daria muito trabalho contratar (com dispensa de licitação, dada 
a urgência do projeto), um estúdio de alta-costura francês ou 
italiano, ou ambos, para desenhar esse uniforme. Imagino que 
seriam mais de um: o de trabalho, usado só excepcionalmente, o 
de gala, o de visitar eleitores e assim por diante. Enquanto esti-
ver de uniforme, o deputado é responsabilizado pelos seus atos 
ilícitos ou indecorosos. Mas, se estiver à paisana, não se encontra 
no exercício do mandato e, portanto, pode fazer o que quiser. (...)
Mas isso é um mero detalhe, uma providência que melhor seria 
avaliada no conjunto de uma reforma séria, que levasse em con-
ta nossas características culturais e nossas tradições. (...)
O que cola mesmo aqui são os ensinamentos de líderes como o 
ex-presidente (gozado, o “ex” enganchou aqui no teclado, quase 
não sai), que, em várias ocasiões, torceu o nariz para denúncias 
de corrupção e disse que aqui era assim mesmo, sempre tinha 
sido feito assim e não ia mudar a troco de nada. E assumia pos-
turas coerentes com esse ponto de vista. (...)
Contudo, quando se descobre mais um caso de corrupção, a vida 
republicana fica bagunçada, as coisas não andam, perde-se tra-
balho em investigações, gasta-se tempo prendendo e soltando 
gente e a imprensa, que só serve para atrapalhar, fica cobrando 
explicações, embora já saibamos que explicações serão: primeiro 
desmentidos e em seguida promessas de pronta e cabal investiga-
ção, com a consequente punição dos culpados. Não acontece nada 
e perdura essa situação monótona, que às vezes paralisa o País.
A realidade se exibe diante de nós e não a vemos. Em lugar de 
querer suprimir nossas práticas seculares, que hoje tanto prospe-
ram, por que não aproveitá-las em nosso favor? (...) O brasileiro 
preocupado com o assunto já pode sonhar com uma corrupção 
moderna, dinâmica e geradora de empregos e renda. E não pen-
sem que esqueci as famosas classes menos favorecidas, como se 
dizia antigamente. O mínimo que antevejo é o programa Fraude 
Fácil, em que qualquer um poderá habilitar-se ao exercício da 
boa corrupção, em seu campo de ação favorito. Acho que dá cer-
to, é só testar. E ficar de olho, para não deixar que algum corrupto 
corrupto passe a mão no fundo todo, assim também não vale.
João ubAlDo RibeiRo, o estADo De são pAulo. Disponível em: 
http://www.estADAo.com.bR/noticiAs/impResso,RefoRmA-nA-
coRRupcAo,768238,0.htm. Acesso em: 04-9-2011. 
8. (UPf) O AUTOR fAlA EM “CRIMEzINHOS” (REf. 2), REPETINdO UMA ESTRA-
TégIA Já USAdA, QUANdO SE REfERE A “dINHEIRINHO” (REf. 3). NO CONTEXTO 
EM QUE APARECEM, AS dUAS OCORRêNCIAS dE dIMINUTIvO: 
a) Representam uma minimização do destaque que a mí-
dia tem dado aos episódios de corrupção.
b) Indicam a versão daquele que é flagrado em situações 
comprometedoras, tentando livrar-se do peso da infração.
c) Marcam a ironia em relação aos corruptos, que exploram 
a boa-fé do eleitor com vistas à sua promoção pessoal.
d) Deixam implícita a informação de que não se deve 
confiar nos dados apresentados pelos envolvidos em 
escândalos financeiros.
e) Denotam a avaliação do autor acerca da importân-
cia dos crimes perpetrados contra os cofres públicos.
9. (IfSP) NO PORTUgUêS, ENCONTRAMOS vARIEdAdES HISTÓRICAS, TAIS 
COMO A REPRESENTAdA NA CANTIgA TROvAdORESCA dE JOÃO gARCIA dE 
gUIlHAdE, IlUSTRAdA A SEgUIR.
Non chegou, madre, o meu amigo,
e oje est o prazo saido!
Ai, madre, moiro d’amor!
10
Non chegou, madre, o meu amado,
e oje est o prazo passado!
Ai, madre, moiro d’amor!
E oje est o prazo saido!
Por que mentiu o desmentido?
Ai, madre, moiro d’amor!
Eoje, est o prazo passado!
Por que mentiu o perjurado?
Ai, madre, moiro d’amor! 
CONSIdERANdO A TERCEIRA ESTROfE, ASSINAlE A AlTERNATIvA QUE APRE-
SENTA UMA PAlAvRA fORMAdA POR PARASSíNTESE. 
a) desmentido
b) prazo
c) saido
d) d’amor
e) moiro
10. (UfSM - AdAPTAdA) lEIA O fRAgMENTO A SEgUIR.
[...] a capoeira, a guardiã do jogo, da 1brincadeira, do faz de con-
ta que 2luta, mas joga com o outro, que simula um 3golpe e tira 
o outro para dançar e que tem uma vinculação étnica e racial 
com o percurso e o lugar da negritude em nosso país, acabou, 
em algumas escolas, ensinada sob o 4controle da 5esportivização, 
com regras e pontuações.
(oRientAções cuRRiculARes pARA o ensino méDio. secRetARiA De eDucAção 
básicA. bRAsíliA: ministéRio DA eDucAção, v. 1, 2008, p. 231.) 
O SUBSTANTIvO QUE, fORMAdO COM O AUXílIO dE UM SUfIXO, CONOTA NO 
fRAgMENTO UM PROCESSO dESvANTAJOSO à PRáTICA dA CAPOEIRA NA ESCOlA é 
a) brincadeira (ref. 1).
b) luta (ref. 2).
c) golpe (ref. 3).
d) controle (ref. 4).
e) esportivização (ref. 5).
E.O. FixAçãO
1. (SÃO CAMIlO MEd – UNESP) lEIA A TIRA dO CARTUNISTA 
ANgElI PARA RESPONdER à QUESTÃO.
(www.folhA.uol.com.bR)
O PREfIXO “dES-”, dA fORMA vERBAl “dESCONfIA”, NO PRIMEIRO QUA-
dRINHO, TEM vAlOR SEMâNTICO dE NEgAçÃO, ASSIM COMO NO TERMO 
dESTACAdO EM:
a) Sem os cuidados adequados, a garota ia, aos pou-
cos, desfalecendo em seu leito.
b) Os torcedores desaprovaram a escalação dos jo-
gadores para a última partida.
c) Apenas com o trem de pouso traseiro, o avião des-
lizou o nariz pela pista.
d) Minha avó me ensinou, desde cedo, a não desper-
diçar comida.
e) Desfruta a vida enquanto podes, que o tempo é 
implacável, e a morte é certa.
2. (EfOMM) fElICIdAdE ClANdESTINA
(clARice lispectoR)
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente cres-
pos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós to-
das ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os 
dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía 
o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: 
um pai dono de livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em 
vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em 
mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de 
paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes 
mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima pala-
vras como “data natalícia” e “saudade”.
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vin-
gança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia 
nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, es-
guias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma fe-
rocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as 
humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe 
emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre 
mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que 
possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo 
com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de 
minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia 
seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da 
alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as on-
das me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não 
morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me man-
dou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia 
emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia se-
guinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a 
esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a 
andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas 
ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do 
livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde 
a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei 
pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
11
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do 
dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá esta-
va eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. 
Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu 
poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais 
tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia 
se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era 
tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu cor-
po grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para 
eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando-me mesmo, às ve-
zes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando 
danadamente que eu sofra.
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia 
sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de 
tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a 
outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olhei-
ras se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo 
humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia 
estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à 
porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma 
confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. 
A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar 
entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a 
filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu 
daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. 
Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos 
espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha des-
conhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das 
ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse fir-
me e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. 
E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser.” 
Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu 
quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode 
ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim rece-
bi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, 
não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que 
segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra 
o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco 
importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, 
só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li al-
gumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela 
casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que 
não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns 
instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa 
clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser 
clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como de-
morei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era 
uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto 
no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma 
menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
COM BASE NO TEXTO ACIMA, RESPONdA à QUESTÃO A SEgUIR. 
ASSINAlE A OPçÃO EM QUE O PROCESSO dE fORMAçÃO dA PAlAvRA SU-
BlINHAdA é dIfERENTE dOS dEMAIS. 
a) Mas possuía o que qualquer criança devoradora 
de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
b) Até que veio para ela o magno dia de começar a 
exercer sobre mim uma tortura chinesa.
c) Mas que talento tinha para a crueldade.
d) Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo.
e) Como casualmente, informou-me que possuía As 
reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
3. (ESC. NAvAl) lAIvOS dE MEMÓRIA
“... e quando tiverem chegado,vitoriosamente,
ao fim dessa primeira etapa,
mais ainda se convencerão de que
abraçaram uma carreira difícil,
árdua, cheia de sacrifícios,
mas útil, nobre e, sobretudo bela.”
(nossA voGA, escolA nAvAl, ilhA De villeGAGnon, 1964.)
Há quase 50 anos, experimentei um misto de angústia, triste-
za e ansiedade que meu jovem coração de adolescente soube 
suportar com bravura.
Naquela ocasião, despedia-me dos amigos de infância e da 
família e deixava para trás bucólica cidadezinha da região 
serrana fluminense. A motivação que me levava a abandonar 
gentes e coisas tão caras era, naquele momento, suficiente-
mente forte para respaldar a decisão tomada de dar novos 
rumos à minha vida. Meu mundo de então se tornara peque-
no demais para as minhas aspirações. Meus desejos e sonhos 
projetavam horizontes que iam muito além das montanhas 
que circundam minha terra natal.
Como resistir à sedução e ao fascínio que a vida no mar des-
perta nos corações dos jovens?
Havia, portanto, uma convicção: aquelas despedidas, ainda que 
dolorosas – e despedidas são sempre dolorosas – não seriam cer-
tamente em vão. Não tinha dúvidas de que os sonhos que acalen-
tavam meu coração pouco a pouco iriam se converter em realidade.
Em março de 1962, desembarcávamos do Aviso Rio das Contas 
na ponte de atracação do Colégio Naval, como integrantes de 
mais uma Turma desse tradicional estabelecimento de ensino 
da Marinha do Brasil.
Ainda que a ansiedade persistisse oprimindo o peito dos novos 
e orgulhosos Alunos do Colégio Naval, não posso negar que a 
tristeza, que antes havia ocupado espaço em nossos corações, 
era naquele momento substituída pelo contentamento peculiar 
dos vitoriosos. E o sentimento de perda, experimentado por 
ocasião das despedidas, provara-se equivocado: às nossas ca-
ras famílias de origem agregava-se uma nova, a Família Naval, 
composta pelos recém-chegados companheiros; e às respecti-
vas cidades de nascimento, como a minha bucólica Bom Jardim, 
juntava-se, naquele instante, a bela e graciosa enseada Batista 
das Neves em Angra dos Reis, como mais tarde se agregaria à 
histórica Villegagnon em meio à sublime baía de Guanabara.
Ao todo foram seis anos de companheirismo e feliz convivência, 
tanto no Colégio como na Escola Naval. Seis anos de aprendi-
zagem científica, humanística e, sobretudo, militar-naval. Seis 
12
anos entremeados de aulas, festivais de provas, práticas es-
portivas, remo, vela, cabo de guerra, navegação, marinharia, 
ordem-unida, atividades extraclasses, recreativas, culturais e 
sociais, que deixaram marcas indeléveis.
Estes e tantos outros símbolos, objetos e acontecimentos pas-
sados desfilam hoje, deliciosa e inexoravelmente distantes, em 
meio a saudosos devaneios.
Ainda como alunos do Colégio Naval, os contatos preliminares 
com a vida de bordo e as primeiras idas para o mar – a razão 
de ser da carreira naval.
Como Aspirantes, derrotas mais longas e as primeiras desco-
bertas: Santos, Salvador, Recife e Fortaleza!
Fechando o ciclo das Viagens de Instrução, o tão sonhado em-
barque no Navio-Escola. Viagem maravilhosa! Nós, da Turma 
Míguens, Guardas-Marinha de 1967, tivemos a oportunidade 
ímpar e rara de participar de um cruzeiro ao redor do mundo 
em 1968: a Quinta Circum-navegação da Marinha Brasileira.
Após o regresso, as platinas de Segundo-Tenente, o primeiro em-
barque efetivo e o verdadeiro início da vida profissional – no meu 
caso, a bordo do cruzador Tamandaré, o inesquecível C-12. Era 
a inevitável separação da Turma do CN-62/63 e da EM-64/67.
Novamente um misto de satisfação e ansiedade tomou conta do 
coração, agora do jovem Tenente, ao se apresentar para servir a 
bordo de um navio de nossa Esquadra. Após proveitosos, mas 
descontraídos estágios de instrução como Aspirante e Guarda-
-Marinha, quando as responsabilidades eram restritas a compro-
missos curriculares, as platinas de Oficial começariam, finalmente, 
a pesar forte em nossos ombros. Sobre essa transição do status 
de Guarda-Marinha para Tenente, o notável escritor-marinheiro 
Gastão Penalva escrevera com muita propriedade: “... é a fase 
inesquecível de nosso ofício. Coincide exatamente com a ado-
lescência, primavera da vida. Tudo são flores e ilusões... Depois 
começam a despontar as responsabilidades, as agruras de novos 
cargos, o acúmulo de deveres novos”.
E esses novos cargos e deveres novos, que foram se multiplican-
do a bordo de velhos e saudosos navios, deixariam agradáveis e 
duradouras lembranças em nossa memória. Com o passar dos 
tempos, inúmeros Conveses e Praça d’ Armas, hoje saudosas, fo-
ram se incorporando ao acervo profissional-afetivo de cada um 
dos integrantes daquela Turma de Guardas-Marinha de 1967.
Ah! Como é gratificante, ainda que melancólico, repassar tan-
tas lembranças, tantos termos expressivos, tanta gíria maruja, 
tantas tradições, fainas e eventos tão intensamente vividos a 
bordo de inesquecíveis e saudosos navios...
E as viagens foram se multiplicando ao longo de bem aprovei-
tados anos de embarque, de centenas de dias de mar e de mi-
lhares de milhas navegadas em alto mar, singrando as extensas 
massas líquidas que formam os grandes oceanos, ou ao longo 
das águas costeiras que banham os recortados litorais, com 
passagens, visitas e arribadas em um sem-número de ensea-
das, baías, barras, angras, estreitos, furos e canais espalhados 
pelos quatro cantos do mundo, percorridos nem sempre com 
mares bonançosos e ventos tranquilos e favoráveis.
Inúmeros foram também os portos e cidades visitadas, não só 
no Brasil como no exterior, o que sempre nos proporciona ines-
timáveis e valiosos conhecimentos, principalmente graças ao 
contato com povos diferentes e até mesmo de culturas exóticas 
e hábitos às vezes totalmente diversos dos nossos, como os ri-
beirinhos amazonenses ou os criadores de serpentes da antiga 
Taprobana, ex-Ceilão e hoje Sri Lanka.
Como foi fascinante e delicioso navegar por todos esses can-
tos. Cada novo mar percorrido, cada nova enseada, estreito ou 
porto visitado tinha sempre um gosto especial de descoberta... 
Sim, pois, como dizia Câmara Cascudo, “o mar não guarda os 
vestígios das quilhas que o atravessam. Cada marinheiro tem a 
ilusão cordial do descobrimento”.
(césAR, cmG williAm cARmo. lAivos De memóRiA. in: 
RevistA De villeGAGnon, Ano iv, nº 4, 2009. p. 42-50.) 
EM QUE OPçÃO ENCONTRA-SE UMA PAlAvRA CUJO PROCESSO dE fOR-
MAçÃO é O MESMO dO TERMO dESTACAdO EM “[...] O TÃO SONHAdO 
EMBARQUE [...].” (11º PARágRAfO) 
a) “[...] circundam minha terra [...].” (2º parágrafo)
b) “[...] não seriam certamente em vão.” (4º parágrafo)
c) “E o sentimento de perda [...].” (6º parágrafo)
d) “Seis anos entremeados de aulas, [...].” (7º parágrafo)
e) “[...] o notável escritor-marinheiro [...].” (13º parágrafo)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO 
Quem nunca fotoxopou?
Fala-se hoje em Facebook, Google e iPhone com a mesma 
combinação de fascínio e terror que um dia já se falou de 
Motorola e Nokia. Tudo se move rápido demais no mundo di-
gital, e são poucas as empresas que conseguem permanecer 
competitivas ao longo dos anos. Apesar de o Vale do Silício 
ter aquele ar hollywoodiano de terra de oportunidades, con-
tam-se nos dedos empresas longevas como uma Adobe, uma 
Dell, uma Amazon.
Por ter grande mobilidade, a concentração de poder e influência 
no mundo digital surge tão rápido quanto desaparece, a ponto 
de ser cada vez mais difícil encontrar quem fique na liderança por 
uma mísera década. Na virada do século não havia Friendster, 
Myspace nem Orkut, o grande buscador era o Yahoo!, seguido 
pelo Lycos. E a internet móvel estava a cargo de empresas inova-
doras como Palm e Kyocera.
O usuário de produtos digitais é cada vez mais volúvel e pragmático. 
Novos produtos e serviços podem até seduzi-lo com propaganda, 
design e preço. Mas a relação dificilmente será mantida se a marca 
não se renovar com a velocidade esperada, pouco importa sua fatia 
de mercado. Kodak e Sony que o digam. Mesmo que ainda sejam 
gigantescas, já não têmo apelo de outrora.
A melhor lição de empresas bem-sucedidas em relacionamen-
tos de longo prazo é a do bom e velho Photoshop, vendendo 
saúde em seus 22 anos de idade e 12 plásticas (oops, ver-
sões). Como o Google, ele é sinônimo de categoria e verbo. 
Mas também é adjetivo, substantivo, pejorativo e indicativo 
de retoques fotográficos, mencionado com familiaridade até 
por quem não faça ideia de como ele funciona. Ao contrário 
do AutoCAD, que é oito anos mais velho, mas desconhecido 
fora de seu nicho, o Photoshop é unanimidade.
folhA De s. pAulo, 26/03/2012. 
4. (INSPER) QUANTO àS vARIAçõES EXPlORAdAS A PARTIR dO TERMO 
“PHOTOSHOP”, é CORRETO AfIRMAR QUE 
13
a) o neologismo do título foi formado pelo mesmo 
processo que o termo “design”, presente no texto.
b) como adjetivo, o valor depreciativo do termo “fo-
toxopado” decorre exclusivamente do sufixo “-ado” 
agregado ao radical.
c) as palavras formadas a partir do estrangeirismo 
“photoshop” constituem jargões restritos à área de 
informática.
d) a grafia abrasileirada de “fotoxopou”, diferente-
mente de “hollywoodiano”, no 1.º parágrafo, é uma 
prova de que o software se popularizou no mundo.
e) apesar de não ter sido mencionado no texto, também 
seria possível transformar “Photoshop” em advérbio de 
modo: “fotoxopalmente”.
5. (UFRGS - Adaptado) Hoje os conhecimentos se estruturam de 
modo fragmentado, separado, compartimentado nas disciplinas. Essa 
situação impede uma visão global, uma visão fundamental e uma 
visão complexa. 1”Complexidade” vem da palavra latina complexus, 
que significa a compreensão dos elementos no seu conjunto.
As disciplinas costumam excluir tudo o que se encontra fora do 
seu campo de especialização. A literatura, no entanto, é uma 
área que se situa na inclusão de todas as dimensões humanas. 
Nada do humano lhe é estranho, estrangeiro.
A literatura e o teatro são desenvolvidos como meios de expres-
são, meios de conhecimento, meios de compreensão da 2com-
plexidade humana. Assim, podemos ver o primeiro modo de 
inclusão da literatura: a inclusão da 3complexidade humana. E 
vamos ver ainda outras inclusões: a inclusão da personalidade 
humana, a inclusão da subjetividade humana, e, também, muito 
importante, a inclusão; do estrangeiro, do marginalizado, do in-
feliz, de todos que ignoramos e desprezamos na vida cotidiana.
A inclusão da 4complexidade humana é necessária porque rece-
bemos uma visão mutilada do humano. Essa visão, a de homo 
sapiens, é uma 5definição do homem pela razão; de homo faber, 
do homem como trabalhador; de homo economicus, movido por 
lucros econômicos. Em resumo, trata-se de uma visão prosaica, 
mutilada, que esquece o principal: a relação do sapiens/demens, 
da razão com a demência, com a loucura.
Na literatura, encontra-se a inclusão dos problemas humanos 
mais terríveis, coisas 6insuportáveis que nela se tornam suportá-
veis. Harold Bloom escreve: ”Todas as grandes obras revelam a 
universalidade humana através de destinos singulares, de situa-
ções singulares, de épocas singulares”. É essa a razão por que as 
7obras-primas atravessam séculos, sociedades e nações.
Agora chegamos à parte mais humana da inclusão: a inclusão 
do outro para a compreensão humana. A compreensão nos tor-
na mais generosos com relação ao outro, e o criminoso não é 
unicamente mais visto como criminoso, como o Raskolnikov de 
Dostoievsky, como o Padrinho de Copolla.
A literatura, o teatro e o cinema são os melhores meios de com-
preensão e de inclusão do outro. Mas a compreensão se torna 
provisória, esquecemo-nos depois da leitura, da peça e do filme. 
Então essa compreensão é que deveria ser introduzida e desen-
volvida em nossa vida pessoal e social, porque serviria para me-
lhorar as relações humanas, para melhorar a vida social.
(moRin, eDGAR. A inclusão: veRDADe DA liteRAtuRA. 
in: RõsinG, tâniA et Al. eDGAR moRin: ReliGAnDo 
fRonteiRAs. pAsso funDo: upf, 2004. p. 13-18) 
NA COlUNA ACIMA, ESTÃO PAlAvRAS RETIRAdAS dO TEXTO; NA COlUNA 
ABAIXO, dESCRIçõES RElACIONAdAS à fORMAçÃO dE PAlAvRAS.
ASSOCIE CORRETAMENTE OS ElEMENTOS dAS COlUNAS A SEgUIR.
( ) COMPlEXIdAdE (REfS. 1, 2, 3 E 4)
( ) dEfINIçÃO (REf. 5)
( ) INSUPORTávEIS (REf. 6) SUfIXO fORMAdOR dE AdJETIvOS A PARTIR 
dE vERBOS.
( ) OBRAS-PRIMAS (REf. 7) 
1. CONSTITUídA POR COMPOSIçÃO ATRAvéS dE JUSTAPOSIçÃO.
2. CONSTITUídA POR PREfIXO COM SENTIdO dE NEgAçÃO E SUfIXO fOR-
MAdOR dE AdJETIvOS A PARTIR dE vERBOS
3. CONSTITUídA POR SUfIXO fORMAdOR dE SUBSTANTIvO A PARTIR dE 
AdJETIvO.
4. CONSTITUídA POR SUfIXO fORMAdOR dE SUBSTANTIvO A PARTIR dE vERBO.
5. CONSTITUídA POR AglUTINAçÃO, TENdO EM vISTA A MUdANçA SIláBICA 
dE UM dOS ElEMENTOS dO vOCáBUlO.
A SEQUêNCIA CORRETA dE PREENCHIMENTO dOS PARêNTESES, dE CIMA 
PARA BAIXO, é 
a) 4 – 3 – 2 – 1.
b) 3 – 4 – 2 – 5.
c) 4 – 3 – 1 – 5.
d) 3 – 4 – 2 – 1.
e) 3 – 2 – 1 – 5.
6. (Imed) Dia da Proclamação da República 
Há exatos 125 anos, em 15 de novembro de 1889, foi proclama-
da a república do Brasil.
Na época, o país era governado por D. Pedro II e passava por 
grandes problemas, em razão da abolição da escravidão, em 
1888.
Como os negros não trabalhavam mais nas lavouras, os 1imi-
grantes começaram a ocupar seus lugares, plantando e colhen-
do, mas cobravam pelos trabalhos realizados, o que gerou insa-
tisfação nos proprietários de terras.
As perdas também foram grandes para os coronéis, pois haviam 
gasto uma enorme quantidade de dinheiro investindo nos escra-
vos, e o governo, após a abolição, não pagou nenhuma indeni-
zação a eles.
A guerra do Paraguai (1864 a 1870) também ajudou na luta 
contra o regime monárquico no Brasil. Soldados brasileiros se 
aliaram aos exércitos do Uruguai e da Argentina, recebendo 
orientações para implantarem a república no Brasil.
Os movimentos republicanos também já aconteciam no país, a 
2imprensa trazia politização à população civil, para lutarem pela 
libertação do país dos domínios de Portugal. Com isso, vários 
partidos teriam sido criados, desde 1870. 
A Igreja também teve sua participação para que a república do 
Brasil fosse proclamada. Dois bispos foram nomeados para 12aca-
tarem as ordens de D. Pedro II, tornando-se seus subordinados, 
mas não aceitaram tais imposições. Com isso, foram punidos com 
pena de prisão, levando a igreja a ir contra o governo.
14
Com as tensões aquecendo o mandato de D. Pedro II, o impera-
dor dirigiu-se com sua família para a cidade de Petrópolis, tam-
bém no estado do Rio de Janeiro.
Porém seu afastamento não foi nada favorável, fazendo com que 
fosse posto em prática um golpe militar, onde o Marechal Deodo-
ro da Fonseca conspirava a derrubada de D. Pedro II.
Boatos de que os responsáveis pelo plano seriam presos fizeram 
com que a armada acontecesse, recebendo o apoio de mais de 
seiscentos soldados. 
No dia 15 de novembro de 1889, ao passar pela Praça da Acla-
mação, o Marechal, com espada em punho, declarou que, a partir 
daquela data, o país seria uma república.
Dom Pedro II recebeu a notícia de que seu governo havia sido 
derrubado e um decreto o expulsava do país, juntamente com 
sua família. Dias depois, voltaram a Portugal.
Para governar o Brasil República, os responsáveis pela conspira-
ção montaram um governo provisório, mas o Marechal Deodoro 
da Fonseca permaneceu como presidente do país. Rui Barbosa, 
Benjamin Constant, Campos Sales e outros foram escolhidos 
para formar os ministérios.
(JussARA De bARRos. Disponível em: http://www.
bRAsilescolA.com. Acesso em: 16/01/2017) 
AvAlIE AS SEgUINTES AfIRMAçõES A RESPEITO dA PAlAvRA IMIgRANTES (REf. 1):
I. é fORMAdA APENAS POR PREfIXAçÃO, ASSIM COMO A PAlAvRA IM-
PRENSA (REf. 2).
II. O PREfIXO – ANTE(S) EXPRIME ORIgEM.
III. MIgRAçÃO, MIgRAR E EMIgRAR SÃO SUAS COgNATAS.
QUAIS ESTÃO CORRETAS? 
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO 
O sorriso dos canalhas
Eles permanecem aí, sorrindo – em reuniões regadas a bom uís-
que, sorrindo – diante de câmeras de televisão,sorrindo – de ter-
no e gravata, sorrindo. Parecem felizes, diriam uns, estão de bem 
com a vida, pensariam outros, têm belas lembranças, concluiriam 
então. Sem dúvida! Cada vez que um deles se olha no espelho, 
preparando-se para aparecer em público, uma súbita alegria o 
invade. É um homem impune, e sempre que lembra disso ele 
sorri. Sorri por todos os sorrisos que roubou.
Sim, eles permanecem aí e celebram nossa indiferença e nos-
sa curta memória. Mas ainda é cedo demais para esquecer, e 
o sorriso deles nos avisa disso. Enquanto vamos levando nossa 
vidinha1 de todos os dias, preocupados com o preço da gasolina 
e a violência das grandes cidades, eles andam pelas ruas, vão ao 
cinema, frequentam restaurantes, assombram suas vítimas. Que 
imensa ilusão pensarmos que estamos em segurança enquanto 
eles sorriem. Se ainda não podemos fazer alguma coisa, temos 
ao menos a obrigação de não esquecer. 
(o espAço DA DoR, 1996. ADAptADo.)
7. (UNICId MEd – UNESP) A PAlAvRA “vIdINHA” (REf. 1), UTIlI-
zAdA NO dIMINUTIvO,
a) contrapõe-se a uma vida menos ordinária, perme-
ada por cinema e restaurantes.
b) reitera a ideia festiva contida em “celebram” e “sorriso”. 
c) caracteriza uma vida com altos e baixos, festas e 
trabalho, sorrisos e preocupações.
d) faz uma denúncia sobre os delitos da vida cotidiana 
nas cidades.
e) ameniza o tom ostensivo da vida fácil dos que sor-
riem com “bom uísque”, “cinema” e “restaurantes”.
8. (ESPCEX) AO SE AlISTAR, NÃO IMAgINAvA QUE O COMBATE PUdESSE 
SE REAlIzAR EM TÃO CURTO PRAzO, EMBORA O RIBOMBAR dOS CANHõES Já 
SE fIzESSE OUvIR AO lONgE. 
QUANTO AO PROCESSO dE fORMAçÃO dAS PAlAvRAS SUBlINHAdAS, é COR-
RETO AfIRMAR QUE SEJAM, RESPECTIvAMENTE, CASOS dE 
a) prefixação, sufixação, prefixação, aglutinação e 
onomatopeia. 
b) parassíntese, derivação regressiva, sufixação, agluti-
nação e onomatopeia. 
c) parassíntese, prefixação, prefixação, sufixação e de-
rivação imprópria. 
d) derivação regressiva, derivação imprópria, sufixação, 
justaposição e onomatopeia. 
e) parassíntese, aglutinação, derivação regressiva, jus-
taposição e onomatopeia.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO 
Darwin passou quatro meses no Brasil, em 1832, durante a sua cé-
lebre viagem a bordo do Beagle. Voltou impressionado com o que 
viu: “Delícia é um termo 17insuficiente para 19exprimir as emoções 
sentidas por um naturalista a sós com a natureza em uma flores-
ta brasileira”, escreveu. O Brasil, porém, aparece de forma menos 
21idílica em seus escritos: “Espero nunca mais voltar a um país es-
cravagista. O estado da enorme população escrava deve preocupar 
todos os que chegam ao Brasil. Os senhores de escravos querem ver 
o negro romo outra espécie, mas temos todos a mesma origem.”
Em vez do gorjeio do sabiá, o que Darwin guardou nos ouvidos foi 
um som terrível que o acompanhou por toda a vida: “Até hoje, se eu 
ouço um grito, lembro-me, com 22dolorosa e clara memória, de quan-
do passei numa casa em Pernambuco e ouvi urros terríveis. Logo 
entendi que era algum pobre escravo que estava sendo torturado,”
Segundo o biólogo Adrian Desmond, “a viagem do Beagie, para 
Darwin, foi menos importante pelos espécimes coletados do que 
pela experiência de testemunhar os horrores da 23escravidão no 
Brasil. De certa forma, ele escolheu focar na 20descendência co-
mum do homem justamente para mostrar que todas as raças eram 
iguais e, desse modo, enfim, objetar àqueles que 18insistiam em 
dizer que os negros pertenciam a uma espécie diferente e inferior 
à dos brancos”. Desmond acaba de lançar um estudo que mostra 
a paixão abolicionista do cientista, revelada por seus diários e car-
tas pessoais. “A extensão de seu interesse no combate à ciência 
de cunho racista é surpreendente, e pudemos detectar um ímpeto 
moral por trás de seu trabalho sobre a evolução humana – urna 
crença na ‘irmandade racial’ que tinha origem em seu ódio ao 24es-
cravismo e que o levou a pensar numa descendência comum.”
ADAptADo De: hAAG, c. o elo peRDiDo tRopicAl. pesquisA 
fApesp, n. 159, p. 80 - 85, mAio 2009. 
15
9. (UfRgS) ASSINAlE COM v (vERdAdEIRO) OU f (fAlSO) AS AfIRMA-
çõES A SEgUIR SOBRE ElEMENTOS dE fORMAçÃO dE PAlAvRAS dO TEXTO.
( ) AS PAlAvRAS INSUfICIENTE (REf. 17) E INSISTIAM (REf. 18) APRESEN-
TAM O MESMO PREfIXO EM SUA fORMAçÃO.
( ) A COMPARAçÃO dA PAlAvRA EXPRIMIR (REf. 19) COM IMPRIMIR E 
dA PAlAvRA dESCENdêNCIA (REf. 20) COM ASCENdêNCIA PERMITE QUE SE 
POSTUlE UM RAdICAl COMUM PARA CAdA UM dOS PARES.
( ) AS PAlAvRAS IdílICA (REf. 21) E dOlOROSA (REf. 22) APRESENTAM 
SUfIXOS QUE fORMAM AdJETIvOS A PARTIR dE SUBSTANTIvOS.
( ) O EMPREgO dE dIfERENTES SUfIXOS PARA O MESMO RAdICAl EM 
ESCRAvIdÃO (REf. 23) E ESCRAvISMO (REf. 24) SERvE, NO TEXTO, PARA 
EXPRESSAR, RESPECTIvAMENTE, A IdEIA dE “SITUAçÃO RESUlTANTE dE UMA 
AçÃO” E dE “MOvIMENTO SOCIOIdEOlÓgICO”.
A SEQUêNCIA CORRETA dE PREENCHIMENTO dOS PARêNTESES, dE CIMA 
PARA BAIXO, é 
a) F – V – V – V.
b) V – F – V – F.
c) V – V – F – F.
d) F – V – F – V.
e) F – F – V – V.
10. (ESC. NAvAl) vElHO MARINHEIRO
HOMENAgEM AOS MARINHEIROS 
de sempre... e para sempre.
Sou marinheiro porque um dia, muito jovem, estendi meu braço 
diante da bandeira e jurei lhe dar minha vida.
Naquele dia de sol a pino, com meu novo uniforme branco, sen-
ti-me homem de verdade, como se estivesse dando adeus aos 
tempos de garoto. Ao meu lado, as vozes de outros jovens so-
avam em uníssono com a minha, vibrantes, e terminamos com 
emoção, de peitos estufados e orgulhosos. Ao final, minha mãe 
veio em minha direção, apressada em me dar um beijo. 20Acari-
ciou-me o rosto e disse que eu estava lindo de uniforme. O dia 
acabou com a família em festa; eu lembro-me bem, fiquei de 
uniforme até de tarde...
Sou marinheiro, porque aprendi, naquela Escola, o significado 
nobre de companheirismo. Juntos no sofrimento e na alegria, 
um safando o outro, leais e amigos. Aprendi o que é civismo, 
respeito e disciplina, no princípio, exigidos a cada dia; depois, 
como parte do meu ser e, assim, para sempre. A cada passo 
havia um novo esforço esperando e, depois dele, um pequeno 
sucesso. Minha vida, agora que olho para trás, foi toda de pe-
quenos sucessos. A soma deles foi a minha carreira.
19No meu primeiro navio, logo cedo, percebi que era nova-
mente aluno. Todos sabiam das coisas mais do que eu havia 
aprendido. Só que agora me davam tarefas, incumbências, e 
esperavam que eu as cumprisse bem. Pouco a pouco, passei a 
ser parte da equipe, a ser chamado para ajudar, a ser necessá-
rio. Um dia vi-me ensinando aos novatos e dei-me conta de que 
me tornara marinheiro, de fato e de direito, um profissional! O 
navio passou a ser minha segunda casa, onde eu permanecia 
mais tempo, às vezes, do que na primeira. Conhecia todos, al-
guns mais até do que meus parentes. Sabia de suas manhas, 
cacoetes, preocupações e de seus sonhos. Sem dar conta, meu 
mundo acabava no costado do navio.
A soma de tudo que fazemos e vivemos, pelo navio, é uma das 
coisas mais belas, que só há entre nós, em mais nenhum outro 
lugar. Por isso sou marinheiro, porque sei o que é espírito de navio.
Bons tempos aqueles das viagens, dávamos um duro danado no 
mar, em serviço, postos de combate, adestramento de guerra, dia 
e noite. O interessante é que em toda nossa vida, quando busca-
mos as boas recordações, elas vêm desse tempo, das viagens e 
dos navios. 16Até as durezas por que passamos são saborosas ao 
lembrar, talvez porque as vencemos e fomos adiante. 
É aquela história dos pequenos sucessos. A volta ao porto era 
um acontecimento gostoso, sempre figurando a mulher. Primei-
ro a mãe, depois a namorada, a noiva, a esposa. Muita coisa a 
contar, a dizer, surpresas de carinho. A comida preferida, o abraço 
apertado, o beijo quente... e o filho que, na ausência, foi ensina-
do a dizer papai. 
No início, eu voltava com muitos retratos, principalmente quando 
vinha do estrangeiro, depois, com o tempo, eram poucos, até que 
deixei de levar a máquina. Engraçado, vocês já perceberam que 
marinheiro velho dificilmentebaixa a terra com máquina fotográ-
fica? Foi assim comigo.
Hoje os navios são outros, os marinheiros são outros – sinto-os 
mais preparados do que eu era – mas a vida no mar, as viagens, 
os portos, a volta, estou certo de que são iguais. Sou marinheiro, 
por isso sei como é. 
Fico agora em casa, querendo saber das coisas da Marinha. E a 
cada pedaço que ouço de um amigo, que leio, que vejo, me dá 
um orgulho que às vezes chega a entalar na garganta. Há pouco 
tempo, voltei a entrar em um navio. Que coisa linda! Sofisticado, 
limpíssimo, nas mãos de uma tripulação que só pode ser muito 
competente para mantê-lo pronto. Do que me mostraram eu não 
sabia muito. Basta dizer que o último navio em que servi já deu 
baixa. 17Quando saí de bordo, parei no portaló, voltei-me para a 
bandeira, inclinei a cabeça... e, minha garganta entalou outra vez.
Isso é corporativismo; não aquele enxovalhado, que significa o 
bem de cada um, protegido à custa do desmerecimento da insti-
tuição; mas o puro, que significa o bem da instituição, protegido 
pelo merecimento de cada um. 
Sou marinheiro e, portanto, sou corporativista. 
Muitas vezes a lembrança me retorna aos dias da ativa e morro 
de saudades. 18Que bom se pudesse voltar ao começo, vestir 
aquele uniforme novinho – até um pouco grande, ainda re-
cordo – Jurar Bandeira, ser beijado pela minha falecida mãe... 
Sei que, quando minha hora chegar, no último instante, verei, 
em velocidade desconhecida, o navio com meus amigos, minha 
mulher, meus filhos, singrando para sempre, indo aonde o mar 
encontra o céu... e, se São Pedro estiver no portaló, direi: 
– Sou marinheiro, estou embarcando.
(AutoR DesconheciDo. in: línGuA poRtuGuesA: leituRA e pRoDução De 
texto. Rio De JAneiRo: mARinhA Do bRAsil, escolA nAvAl, 2011. p. 6-8) 
Glossário
Portaló: abertura no casco de um navio, ou passagem junto à 
balaustrada, por onde as pessoas transitam para fora ou para 
dentro, e por onde se pode movimentar carga leve. 
EM QUE OPçÃO O AUTOR, AO REPORTAR-SE AO PASSAdO, EMPREgA UM TER-
MO CUJO SUfIXO TEM vAlOR INTENSIfICAdOR? 
16
a) “Até as durezas por que passamos são saborosas 
ao lembrar [...].” (ref. 16) 
b) “Quando saí de bordo, parei no portaló, voltei-me 
para a bandeira [...].” (ref. 17) 
c) “Que bom se pudesse voltar ao começo, vestir 
aquele uniforme novinho [...].” (ref. 18) 
d) “No meu primeiro navio, logo cedo, percebi que 
era novamente aluno.” (ref. 19) 
e) “Acariciou-me o rosto e disse que eu estava lindo 
de uniforme.” (ref. 20)
E.O. COmplEmEntAr
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO 
O Assinalado
Tu és o louco da imortal loucura,
O louco da loucura mais suprema.
A Terra é sempre a tua negra algema,
Prende-te nela a extrema Desventura.
Mas essa mesma algema de amargura,
Mas essa mesma Desventura extrema
Faz que tu’alma suplicando gema
E rebente em estrelas de ternura.
Tu és o Poeta, o grande Assinalado
Que povoas o mundo despovoado,
De belezas eternas, pouco a pouco...
Na Natureza prodigiosa e rica
Toda a audácia dos nervos justifica
Os teus espasmos imortais de louco!
(cRuz e souzA. últimos sonetos, 2002.)
1. (UNIfAE MEd – UNESP) Há dERIvAçÃO PREfIXAl E SUfIXAl NA 
PAlAvRA dESTACAdA EM:
a) “O louco da loucura mais suprema.”
b) “Mas essa mesma algema de amargura,”
c) “Mas essa mesma Desventura extrema”
d) “Na Natureza prodigiosa e rica”
e) “Tu és o louco da imortal loucura,”
2. EXAMINE A TIRA CAlvIN E HAROldO PARA RESPONdER à QUESTÃO
OS PREfIXOS IN- E HIPER-, EM INCOERENTE E HIPERATIvO, POSSUEM OS 
MESMOS SIgNIfICAdOS dOS PREfIXOS EMPREgAdOS, RESPECTIvAMENTE, EM
a) amoral e hipocalórico.
b) ingressar e pluricelular.
c) antiaéreo e supercílio.
d) desprotegido e ultraconfiante.
e) inflamável e transalpino.
3. (UFRGS) Quando a economia 2política clássica nasceu, no 
Reino Unido e na França, ao final do século XVIII e início do sé-
culo XIX, a questão da distribuição da renda já se encontrava 
no centro de todas as análises. Estava claro que transformações 
radicais entraram em curso, propelidas pelo crescimento 4demo-
gráfico sustentado – inédito até então – e pelo início do êxodo 
rural e da Revolução Industrial. Quais seriam as consequências 
sociais dessas mudanças?
Para Thomas Malthus, que 5publicou em 1798 seu Ensaio sobre o 
princípio da população, não restava dúvida: a superpopulação era 
uma ameaça. Preocupava-se especialmente com a situação dos 
francesesvésperas da Revolução de 1789, quando havia miséria 
generalizada no campo. Na época, a França era de longe o país 
mais populoso da Europa: por volta de 1700, já contava com mais 
de 20 milhões de habitantes, enquanto o Reino Unido tinha pouco 
mais de 8 milhões de pessoas. A 8população francesa se expan-
diu em ritmo crescente ao longo do século XVIII, aproximando-se 
dos 30 milhões. Tudo leva a crer que esse dinamismo demográfico, 
desconhecido nos séculos anteriores, contribuiu para a estagna-
ção dos salários no campo e para o aumento dos rendimentos 
associados à 11propriedade da terra, sendo, portanto, um dos fa-
tores que levaram Revolução Francesa. Para evitar que torvelinho 
similar vitimasse o Reino Unido, Malthus argumentou que toda 
assistência aos 15pobres deveria ser suspensa de imediato e a taxa 
de natalidade deveria ser severamente controlada.
Já David Ricardo, que publicou em 1817 os seus Princípios de eco-
nomia política e tributação, preocupava-se com a evolução do pre-
ço da terra. Se o crescimento da população e, consequentemente, 
da produção agrícola se prolongasse, a terra tenderia a se tornar 
escassa. De acordo com a lei da oferta e da procura, o preço do 
bem escasso – a terra – deveria subir de modo contínuo. No limite, 
os donos da terra receberiam uma parte cada vez mais significativa 
da renda nacional, e o restante da população, uma parte cada vez 
mais reduzida, destruindo o equilíbrio social. De fato, o valor da ter-
ra permaneceu alto por algum tempo, mas, ao longo de século XIX, 
caiu em relaçãooutras formas de riqueza, à medida que diminuía o 
peso da agricultura na renda das nações. Escrevendo nos anos de 
1810, Ricardo não poderia antever a importância que o progresso 
tecnológico e o crescimento industrial teriam ao longo das décadas 
seguintes para a evolução da distribuição da renda.
(piKetty, t. o cApitAl no século xxi. tRAD. De m. b. De 
bolle. Rio De JAneiRo: intRínsecA, 2014. p. 11-13.) 
ASSINAlE A AlTERNATIvA EM QUE AS TRêS PAlAvRAS POSSUEM UM RAdICAl 
QUE ESTá RElACIONAdO COM A NOçÃO dE “POvO”. 
a) política (ref. 2) – publicou (ref. 5) – população (ref. 8)
b) política (ref. 2) – população (ref. 8) – pobres (ref. 15)
c) demográfico (ref. 4) – publicou (ref. 5) – população (ref. 8)
d) demográfico (ref. 4) – publicou (ref. 5) – propriedade 
– (ref. 11)
e) demográfico (ref. 4) – propriedade (ref. 11) – pobres 
(ref. 15)
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4. (UFRGS) No século XV, viu-se a Europa invadida por uma raça 
de homens que, vindos ninguém sabe de onde, se espalharam 
em bandos por todo o seu território. Gente inquieta e andari-
lha, deles afirmou Paul de Saint-Victor que era mais fácil predizer 
o das nuvens ou dos gafanhotos do que seguir as pegadas da 
sua invasão. Uns risonhos despreocupados: passavam a vida es-
quecidos do passado e descuidados do futuro. Cada novo dia 
era uma nova aventura em busca do escasso alimento para os 
manter naquela jornada. Trajo? No mais completo sujos e puídos 
cobriam-lhes os corpos queimados do sol. Nômades, aventurei-
ros, despreocupados – eram os boêmios.
Assim nasceu a semântica da palavra boêmio. O nome gentílico 
de Boêmia passou a aplicar-se ao indivíduo despreocupado, de 
existência irregular, relaxado no vestuário, vivendo ao deus-dará, 
à toa, na vagabundagem alegre. Daí também o substantivo bo-
êmia. Na definição de Antenor Nascentes: vida despreocupada e 
alegre, vadiação, estúrdia, vagabundagem. Aplicou-se depois o 
termo, especializadamente, à vida desordenada e sem preocu-
pações de artistas e escritores mais dados aos prazeres da noite 
que aos trabalhos do dia. Eis um exemplo clássico do que se 
chama

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