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1 Caro aluno O Hexag Medicina é, desde 2010, referência na preparação pré-vestibular de candidatos às melhores universidades do Brasil. Ao elaborar o seu Sistema de Ensino, o Hexag Medicina considerou como principal diferen- cial em relação aos concorrentes sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. Você está recebendo o livro Estudo Orientado. Com o objetivo de verificar se você aprendeu os conteúdos estudados, este material apresenta nove categorias de exercícios: • Aprendizagem: exercícios introdutórios de múltipla escolha para iniciar o processo de fixa- ção da matéria dada em aula • Fixação: exercícios de múltipla escolha que apresentam um grau de dificuldade médio, buscando a consolidação do aprendizado • Complementar: exercícios de múltipla escolha com alto grau de dificuldade • Dissertativo: exercícios dissertativos seguindo a forma da segunda fase dos principais ves- tibulares do Brasil • Enem: exercícios que abordam a aplicação de conhecimentos em situações do cotidiano, preparando o aluno para esse tipo de exame • Objetivas (Unesp, Fuvest, Unicamp e Unifesp): exercícios de múltipla escolha das faculda- des públicas de São Paulo • Dissertativas (Unesp, Fuvest, Unicamp e Unifesp): exercícios dissertativos da segunda fase das faculdades públicas de São Paulo • Uerj (exame de qualificação): exercícios de múltipla escolha, buscando a consolidação do aprendizado para o vestibular da Uerj Visando um melhor planejamento dos seus estudos, ao final de cada aula, o gabarito vem acompanhado por códigos hierárquicos que mostrarão a que tema do livro teórico corres- ponde cada questão. Esse formato irá auxiliá-lo a diagnosticar quais assuntos você encontra mais dificuldade. Essa é uma inovação do material didático 2020. Sempre moderno e com- pleto é um grande aliado para o seu sucesso nos vestibulares. Bons estudos! Herlan Fellini 2 SUMÁRIO ENTRE LETRAS GRAMÁTICA Aulas 1 e 2: Formação de palavras 4 Aulas 3 e 4: Artigos, substantivos e adjetivos 24 Aulas 5 e 6: Verbos: noções preliminares e modos indicativo e subjuntivo 47 Aulas 7 e 8: Verbos: modo imperativo e vozes verbais 71 Aulas 1 e 2: A arte literária e o estudo dos gêneros 92 Aulas 3 e 4: Trovadorismo: a literatura da Idade Média 106 Aulas 5 e 6: Humanismo e Classicismo 115 Aulas 7 e 8: Classicismo: Camões épico e lírico 126 LITERATURA 3 GRAMÁTICA 4 E.O. AprEndizAgEm TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO A PIPOCA Rubem Alves A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou mais competente com as palavras que com as panelas. Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o nome de “culinária literária”. Já escrevi sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nóbis, picadinho de carne com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos. Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico a uma meditação sobre o filme A festa de Babette, que é uma celebração da comida como ritual de feitiçaria. Sabedor das mi- nhas limitações e competências, nunca escrevi como chef. Escrevi como filósofo, poeta, psicanalista e teólogo – porque a culinária estimula todas essas funções do pensamento. As comidas, para mim, são entidades oníricas. Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamen- te isso que aconteceu. A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brincadeira delicio- sa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversando com uma paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas ideias começaram a estourar como pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamen- to nasce como uma pipoca que estoura, de forma inesperada e imprevisível. A pipoca se revelou a mim, então, como um ex- traordinário objeto poético. Poético porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma panela. Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido religioso? Pois tem. Para os cristãos, religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não é vida...). Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem exis- tir juntas. Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do candomblé baiano: que a pipoca é a comida sagrada do candomblé... A pipoca é um milho mirrado,subdesenvolvido. Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar de- las. Pois o fato é que, sob o ponto de vista do tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a ideia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, espe- rando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos. Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais poderia ter imaginado. Repenti- namente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, espe- cialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas! E o que é que isso tem a ver com o candomblé? É que a trans- formação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa − voltar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transfor- mações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não pas- sa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosas. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa si- tuação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depres- são – sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação. Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá den- tro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: pum! − e ela aparece como uma outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante. Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está repre- sentado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro. “Morree transforma-te!” − dizia Goethe. Formação de palavra CompetênCias: 1 e 8 Habilidades: 1, 2, 3, 4, 26 e 27 AULAS 1 e 2 5 Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas descobri que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. Meu amigo William, extra- ordinário professor-pesquisador da Unicamp, especializou-se em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia as explicações científicas não valem. Por exemplo: em Minas “piruá” é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar. Minha prima, passada dos quarenta, lamentava: “Fiquei piruá!” Mas acho que o poder me- tafórico dos piruás é muito maior. Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. Ignoram o dito de Jesus: “Quem preservar a sua vida perdê-la-á.” A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo. Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira... Disponível em http://www.ReleituRAs.com/RubemAlves_pipocA.Asp. AcessADo em 31 De mAi. 2016. Obs.: O texto foi adaptado às regras do Novo Acordo Ortográfico. 1. (EfOMM) NO QUE TANgE AO PROCESSO dE fORMAçÃO dE PAlAvRAS, O TERMO dESTACAdO QUE SE ENQUAdRA COMO fORMAçÃO-REgRESSIvA APARECE NA OPçÃO a) As comidas, para mim, são entidades oníricas. Pro- vocam a minha capacidade de sonhar. b) Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de forma inesperada e imprevisível. c) É que a transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação (...) d) O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária (...) e) O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-den- tes, impróprios para comer (...) 2. (CEfET) A INTERNET E A MORTE dA IMAgINAçÃO JAcques GRumAn “nuncA entenDi essA obsessão poR soRRisos em fotoGRAfiAs. Deve seR um conluio com os DentistAs.” (noRA tAusz RónAi) Reza uma antiga lenda que dois reinos estavam em guerra. Os perdedores acabaram condenados ao confinamento do outro lado dos espelhos, um primitivo mundo virtual em que eram obrigados a reproduzir tudo o que os vencedores faziam. A luta dos derrotados passava a ser como escapar daquela prisão. O genial Lee Falk inspirou-se nesta narrativa para criar, na década de 1940, O mundo do espelho, para mim uma das mais aterro- rizantes histórias do Mandrake. Espelhos foram, aliás, protagonis- tas de algumas sequências cinematográficas assustadoras. Bóris Karloff, um clássico do gênero, aproveitou muito bem o medo que, desde crianças carregamos, de que nossos reflexos nos espelhos ganhem autonomia. Ui! Já imaginaram se isso virasse realidade? Teríamos de conviver com nossos opostos, um estranhamento no mínimo desconfortável. Os quadrinhos exploraram o assunto tam- bém na série do Mundo bizarro, do Super-Homem. Era um nonsen- se pouco habitual no universo previsível dos super-heróis. Estava pensando nos estranhamentos do mundo moderno quan- do me deparei com uma pequena nota de jornal. Encenava-se a ópera Carmen, de Bizet, no Theatro Municipal do Rio. Suponho que a plateia, que pagou caro, estava mergulhada na história e na interpretação da orquestra e dos solistas. Não é que um cidadão saca seu iPad e passa um tempão checando os e-mails, dedinhos nervosos para cima e para baixo, com a tela iluminando a penum- bra indispensável para a fruição plena do espetáculo? Como esse tipo de desrespeito está entrando na “normalidade”, apenas uma pessoa esboçou reação. Uma espécie de angústia semelhante à incontinência urinária se espalha como praga nas relações pes- soais e no uso dos espaços público e privado. Tudo passou a ser urgente. Todos os torpedos, e-mails e chamadas no celular viraram prioridade, casos de vida ou morte. Interrompem-se conversas para olhar telinhas e telonas, desrespeitando interlocutores. Como este tipo de patologia tende a se diversificar, já há gente que conversa e olha o computador ao mesmo tempo, como aqueles lagartos esquisitos cujos olhos se movimentam sem aparente coordenação. Outros participam de reuniões sem desligar sua tralha eletrônica (na verdade, não estão nas reuniões). Especialistas em informática previram que, num futuro não muito distante, chips serão implan- tados no corpo. Estão atrasados. Corpos já pertencem a máquinas. A vida é controlada a distância e por outros. Outro estranhamento vem da inundação de imagens, aflição que chamo de galeria dos sem imaginação. Enxurradas de fotos inva- dem o espaço virtual, a enorme maioria delas sem o menor signifi- cado e perfeitamente descartáveis. O Instagram recebe 60 milhões de fotos por dia, ou seja, quase 700 fotos por segundo! Fico pen- sando no sorriso irônico ou, quem sabe, no horror em estado bruto, que Cartier-Bresson1 esboçaria se esbarrasse nisso. Ele, que procu- rava a poesia nos pequenos gestos, no cotidiano que se desdobrava em surpresas, nos reflexos impensados, jamais empilharia a coleção de sorrisinhos forçados que caracteriza a obsessão pelos clics. Essa história dos sorrisos foi muito bem notada pela Nora Ró- nai, que citei logo no início. Vivemos a era das aparências. Com a multiplicação das imagens, vem a obrigação de “estar bem”. Afinal de contas, quem vai querer se exibir no Facebook ou nas trocas de mensagens com uma ponta de melancolia ou, pelo me- nos, um suspiro de realidade? O mundinho virtual exige estado de êxtase permanente. Uma persona que não passa de ilusão. Criatividade não quer dizer tristeza, claro, mas certamente pre- cisa incorporá-la como tijolo construtor da nossa personalida- de. O resto é fofoca. Eric Nepomuceno, tradutor e escritor, fez o seguinte comentário sobre seu amigo Gabriel Garcia Márquez, que acabara de morrer: “Tudo o que ele escreveu é revelador da infinita capacidade de poesia contida na vida humana. O eixo, porém, foi sempre o mesmo, ao redor do qual giramos todos: a solidão e a esperança perene de encontrar antídotos contra essa condenação”. Nada que essas maquininhas onipresentes possam registrar, elas que jamais entenderiam a fina ironia de Fernando Pessoa no Poema em linha reta, que começa assim: “Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”. Mais adiante: “Arre, estou farto de semideuses. Onde é que há gente nesse mundo?”. 6 A praga narcísica desembarcou nas camas. Leio que nova moda é fazer selfies2 depois do sexo. O casal transa, mas isso não basta. É urgente compartilhar! Tira-se uma foto da apa- rência de ambos, coloca-se no Instagram e ... pronto. O mun- do inteiro será testemunha de um momento íntimo, talvez o mais íntimo de todos. Meu estranhamento vai ao paroxis- mo. É a esse mundo que pertenço? Antigamente, era cos- tume dizer que o que não aparecia na televisão não existia. Atualizando a frase: pelo visto, o que não está na rede não existe. É a universalização do movimento apenas muscular, sem sentido, leviano, rapidamente perecível. Durante o exílio, o poeta argentino Juan Gelman passou um bom tempo sem conseguir escrever. A inspiração não vinha. Disse ele: “A poesia é uma senhora que nos visita ou não. Convocá-la é uma impertinência inútil. Durante uns bons quatro anos, o choque do exílio fez com que essa senhora não me visitasse”. Quando, fi- nalmente, a senhora chega, tudo muda,como narra o poeta: “A visita é como uma obsessão. Uma espécie de ruído junto ao ouvi- do. Escrevo para entender o que está acontecendo”. Não consigo imaginar uma serenidade como essa no mundo virtual. Tudo nasce e morre antes de ser completamente absorvido. Cada novidade passa a ser vital, filas se formam nas madrugadas nas portas de lojas que começam a vender modelos mais avançados de produtos eletrônicos. Não dá pra esperar um dia, muito menos uma hora. O silêncio e a introspecção são guerrilheiros no habitat plugado. Estou me alistando neste exército de Brancaleone.3 1 Henri Cartier-Bresson: (França 1908- 2004), fotógrafo do século XX, considerado por muitos como o pai do fotojornalismo. 2 fazer selfies: selfie é uma palavra em inglês, um neologismo com origem no termo self-portrait, que significa autorretrato, e é uma foto tirada e compartilhada na internet. Normalmente uma selfie é tirada pela própria pessoa que aparece na foto, com um celular que possui uma câmera incorporada, com um smartphone, por exemplo. 3 O Incrível Exército de Brancaleone (em italiano: L’armata Brancaleone): é um filme italiano de 1966, do gênero comédia. Foi dirigido por Mario Monicelli. O Exército de Brancaleone é considerado um clássico italiano, que retrata os costumes da cavalaria medieval através da comédia satírica. É um filme ins- pirado em Dom Quixote, do espanhol Miguel de Cervantes. (Disponível em: <http://www.cARtAmAioR.com.bR/?/opiniAo/A- moRte-DA-imAGinAcAo/30783>. Acesso em: 16 AGo. 2014.) O EMPREgO dO dIMINUTIvO NOS TERMOS EM dESTAQUE NÃO TEM vAlOR IRôNICO EM: a) “O mundinho virtual exige estado de êxtase per- manente.” b) “Os quadrinhos exploraram o assunto também na série do Mundo bizarro, do Super-Homem.” c) “Nada que essas maquininhas onipresentes pos- sam registrar, elas que jamais entenderiam a fina iro- nia de Fernando Pessoa no Poema em linha reta ...” d) “Ele, que procurava a poesia nos pequenos gestos, no cotidiano que se desdobrava em surpresas, nos reflexos impensados, jamais empilharia a coleção de sorrisi- nhos forçados que caracteriza a obsessão pelos clics.” e) “Não é que um cidadão saca seu iPad e passa um tempão checando os e-mails, dedinhos nervosos para cima e para baixo, com a tela iluminando a penumbra indispensável para a fruição plena do espetáculo?” TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO A sociedade vive diversas contradições, muitas delas fomentadas por modismos que só espelham a superficialidade e o imediatismo de valores contemporâneos, entre eles o excessivo culto ao corpo. Informações que circulam pelas redes sociais, muitas delas sem nenhum respaldo científico, induzem à crença de que o uso de determinadas substâncias ajuda na construção de corpos “per- feitos” ou “desintoxica” o organismo, mas sem apontar os pos- síveis riscos à saúde. Não há dados precisos sobre quantas pessoas usam rotinei- ramente essas substâncias, mas o fato é que em vários paí- ses cresce o número de pacientes atendidos por toxicidade delas decorrente. Não é incomum o uso de mais de uma dessas substâncias, tais como anabolizantes injetáveis, oxandrolona e hormônio de cres- cimento. De forma isolada ou combinada, elas podem aumentar a massa muscular, mas criam um considerável risco de morte sú- bita por infarto, arritmia cardíaca ou hemorragia cerebral, além de problemas como insuficiência renal, tumores do fígado e dis- túrbios de coagulação. A lista de substâncias e fórmulas “promissoras”, definidas pelo imaginário criativo do prescritor ou do fabricante, é longa. Seu uso é estimulado não apenas pelo culto ao corpo, mas também pelo mercado que movimenta mais de US$ 70 bilhões ao ano e que não é profundamente regulamentado pelas agências fiscali- zadoras de vários países. O culto ao corpo não é condenável, desde que seja em função da busca por uma melhor qualidade de vida. A autoestima que dele pode advir é desejável e pode ser estimulada, desde que não comprometa a saúde através de falsas premissas. A melhor maneira de coibir as práticas insensatas e perniciosas é trazê-las para o terreno da ciência. A comprovação científica, apoiada em divulgação honesta de benefícios e riscos, é funda- mental para que cada indivíduo possa tomar as decisões sobre o que quer fazer com seu próprio corpo. (RAul cultAit e RAymunDo pARAná. “culto Ao coRpo, DespRezo à sAúDe”. www.folhA.uol.com.bR. ADAptADo.) 3. (ANHEMBI MORUMBI MEd – UNESP) SÃO fORMAdOS PElO PROCESSO dE dERIvAçÃO SUfIXAl OS TERMOS: a) desintoxica (2º parágrafo); regulamentado (5º pa- rágrafo); perniciosas (7º parágrafo). b) respaldo (2º parágrafo); incomum (4º parágrafo); comprovação (7º parágrafo). c) arritmia (4º parágrafo); condenável (6º parágrafo); coibir (7º parágrafo). d) contradições (1º parágrafo); profundamente (5º parágrafo); autoestima (6º parágrafo). e) modismos (1º parágrafo); superficialidade (1º pará- grafo); cerebral (4º parágrafo). TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO O que havia de tão revolucionário na Revolução Francesa? So- berania popular, liberdade civil, igualdade perante a lei – as pa- lavras hoje são ditas com tanta facilidade que somos incapazes 7 de imaginar seu caráter explosivo em 1789. Para os franceses do Antigo Regime, os homens eram desiguais, e a desigualdade era uma boa coisa, adequada à ordem hierárquica que fora posta na natureza pela própria obra de Deus. A liberdade significava privilégio – isto é, literalmente, 1“lei privada”, uma prerrogativa especial para fazer algo negado a outras pessoas. O rei, como fonte de toda a lei, distribuía privilégios, pois havia sido ungido como o agente de Deus na terra. Durante todo o século XVIII, os filósofos do Iluminismo questio- naram esses pressupostos, e os panfletistas profissionais conse- guiram empanar a aura sagrada da coroa. Contudo, a desmon- tagem do quadro mental do Antigo Regime demandou violência iconoclasta, destruidora do mundo, revolucionária. Seria ótimo se pudéssemos associar a Revolução exclusivamente à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, mas ela nasceu na violência e imprimiu seus princípios em um mundo violento. Os conquistadores da Bastilha não se limitaram a destruir um símbolo do despotismo real. Entre eles, 150 foram mortos ou feridos no as- salto à prisão e, quando os sobreviventes apanharam o diretor, cor- taram sua cabeça e desfilaram-na por Paris na ponta de uma lança. Como podemos captar esses momentos de loucura, quando tudo parecia possível e o mundo se afigurava como uma tábula rasa, apagada por uma onda de comoção popular e pronta para ser redesenhada? Parece incrível que um povo inteiro fosse capaz de se levantar e transformar as condições da vida cotidiana. Duzen- tos anos de experiências com admiráveis mundos novos torna- ram-nos céticos quanto ao planejamento social. Retrospectiva- mente, a Revolução pode parecer um prelúdio ao totalitarismo. Pode ser. Mas um excesso de visão histórica retrospectiva pode distorcer o panorama de 1789. Os revolucionários franceses não eram nossos contemporâneos. E eram um conjunto de pesso- as não excepcionais em circunstâncias excepcionais. Quando as coisas se desintegraram, eles reagiram a uma necessidade impe- riosa de dar-lhes sentido, ordenando a sociedade segundo novos princípios. Esses princípios ainda permanecem como uma denún- cia da tirania e da injustiça. Afinal, em que estava empenhada a Revolução Francesa? Liberdade, igualdade, fraternidade. ADAptADo De: DARnton, RobeRt. o beiJo De lAmouRette. in: ____. o beiJo De lAmouRette: míDiA, cultuRA e Revolução. são pAulo: ciA. DAs letRAs, 2010. p. 30-39. 4. (UfRgS) AO REfERIR-SE à IdEIA dE “lEI PRIvAdA” COMO UMA EXPlI- CAçÃO lITERAl dE PRIvIlégIO (REf. 1), O AUTOR ESTá fAzENdO REfERêNCIA à ORIgEM lATINA dESSA PAlAvRA, RElACIONAdA A AlgUMAS dAS fORMAS QUE TOMAvA, NAQUElA líNgUA, A PAlAvRA EQUIvAlENTE A lEI – POR EXEMPlO, lEgIS. CONSIdERE AS SEgUINTES PAlAvRAS dO PORTUgUêS. 1. lEgAl 2. lEgIÃO 3. lEgíTIMO 4. lEgívEl QUAIS TêM TAMBéM RElAçÃO SEMâNTICA COMA PAlAvRA lEI, REvElAN- dO, POR SUA fORMA, A ORIgEM lATINA? a) Apenas 1 e 3. b) Apenas 1, 3 e 4. c) Apenas 2 e 3. d) Apenas 2 e 4. e) 1, 2, 3 e 4. lEIA O EXCERTO dO ROMANCE vIdAS SECAS, dE gRACIlIANO RAMOS, PARA RESPONdER à QUESTÃO. Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome, comendo raízes. Caíra no fim do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta. Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à ca- marinha escura, pareciam ratos – e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera. Pisou com firmeza no chão gretado, puxou a faca de ponta, esgaravatou as unhas sujas. Tirou do aió um pedaço de fumo, picou-o, fez um cigarro com palha de milho, acendeu-o ao binga, pôs-se a fumar regalado. – Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta. Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra. Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando: – Você é um bicho, Fabiano. Era. Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passa- ra uns dias mastigando raiz de imbu e sementes de mucunã. Viera a trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fi- zera-se desentendido e oferecera os seus préstimos, resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar. E o patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro. Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado. Olhou as quipás, os mandacarus e os xiquexi- ques. Era mais forte que tudo isso, era como as catingueiras e as baraúnas. Ele, sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorra Baleia estavam agarrados à terra. Chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado. O corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco. (viDAs secAs, 2010.) 5. (fASM MEd – UNESP) AS PAlAvRAS “IMPRUdENTE” (5º PARá- gRAfO) E “dESENTENdIdO” (10º PARágRAfO) SÃO fORMAdAS POR PRE- fIXOS dE NEgAçÃO. TAMBéM SE ENCONTRAM PREfIXOS dE NEgAçÃO EM: a) amorfo e didático. b) ilegal e discordância. c) incorrigível e dilema. d) emigrar e instante. e) diálogo e interpor. 6. (CEfET) NO MUNdO dOS ANIMAIS As relações entre os humanos e as demais espécies viventes têm merecido a atenção de escritores, artistas e intelectuais. Essas relações, que não primam pela ética, são o objeto de estudo da professora e escritora mineira Maria Esther Maciel. Quando os estudos sobre “animais e literatura” passaram a ser feitos de modo sistemático no Brasil? 8 Maria Esther Maciel: Só recentemente; antes, havia trabalhos es- parsos. Além disso, a abordagem se circunscrevia à visão do animal como símbolo, metáfora ou alegoria do humano, mais restrita à análise textual. Hoje, percebe-se uma ampliação desse enfoque, que deixa os limites do texto literário para ganhar um viés transdis- ciplinar, em diálogo com a filosofia, biologia, antropologia, psico- logia. Aliás, esse entrelaçamento de saberes em torno da questão animal cresceu em várias partes do mundo, propiciando a difusão de um novo campo de investigação crítica denominado “estudos animais”. A literatura tem conquistado espaço importante nesse campo, graças sobretudo a escritores/pensadores como John M. Coetzee, John Berger e Jacques Derrida, que souberam aliar, de modo criativo, literatura, ética e política no trato da questão animal. Como a senhora explica esse interesse crescente pelo tema? Há um conjunto de fatores. Impossível não considerar as preocu- pações de ordem ecológica, que movem a sociedade contempo- rânea. Há também uma tomada de consciência mais explícita por parte de escritores, artistas e intelectuais dos problemas éticos que envolvem nossa relação com os animais e com o próprio conceito de humano. Além disso, a noção de espécie e a divisão hierárquica dos viventes têm provocado discussões ético-políti- cas relevantes, que acabam por contaminar as artes e a literatura. A isso se soma a tentativa, por parte dos humanos, de recuperar sua própria animalidade, que por muito tempo foi reprimida em nome da razão e do antropocentrismo. Por que é importante para a humanidade refletir sobre a animalidade? Ao refletir sobre a animalidade, a humanidade pode repensar o próprio conceito de humano e reconfigurar a noção de vida. Por muito tempo, nosso lado animal foi recalcado em nome da razão e de outros atributos tidos como próprios do homem. Quem ler os tratados de filosofia e teologia escritos ao longo dos séculos verá que a definição de humano e humanidade se forjou à custa da negação da animalidade humana e da exclusão/marginali- zação dos demais seres que compartilham conosco o que cha- mamos de vida. Acho que os humanos precisam se reconhecer animais para se tornarem verdadeiramente humanos. É possível identificar modos diferentes de “explorar” a figura do animal na produção literária? Na literatura brasileira, podemos falar de três momentos incisi- vos. No primeiro, está Machado de Assis, que escreveu no auge do racionalismo cientificista do século 19, quando os princípios cartesianos já tinham legitimado no Ocidente a cisão entre hu- manos e não humanos, e os animais eram vistos como máqui- nas. No século 20, a partir dos anos 30, autores como Gracilia- no Ramos, João Alphonsus, Guimarães Rosa e Clarice Lispector marcam um novo momento, ao lidar, cada um a seu modo, com as relações entre homens e animais sob um enfoque libertário, manifestando cumplicidade com esses outros viventes e a recusa da violência contra humanos e não humanos. Já os escritores do final do século 20 e início do 21 lidam com a questão dos animais sob o peso de uma realidade marcada por catástrofes ambientais, extinção de espécies, experiências biotecnológicas, expansão das granjas e fazendas industriais etc. Como a senhora vê o futuro dos animais? Pelo jeito como as coisas andam, preocupo-me com a possibilida- de de os animais livres desaparecerem da face da Terra. Ficariam apenas os bichos criados em reservas e cativeiros, os expostos em zoológicos, os “produzidos” em granjas e fazendas indus- triais para viver uma vida infernal e morrer logo depois, além dos animais domésticos, adestrados e humanizados ao extremo. Há quem diga que até mesmo estes estão fadados a desapare- cer, dando lugar a animais-robôs, que já existem no Japão. A humanidade tem destruído florestas, dizimado povos indíge- nas, exterminado espécies animais. Apesar da preocupação de ativistas com o destino do planeta, falta empenho político dos governos para frear essa destruição generalizada. Minha utopia é que a humanidade possa um dia fazer mea-culpa em relação aos crimes já cometidos contra os índios, os animais, a natureza. Mas, pelo que vejo, essa questão continuará a ser um grande desafio ético e político para a nossa civilização. Seus estudos sobre animalidade a influenciaram em seu modo de vida? Não consigo desvincular o trabalho do meu modo de vida. Se che- guei ao tema dos animais, foi por causa do meu apreço por eles. Há anos não como carne, por causa da memória do tempo em que passava temporadas na fazenda do meu pai, no interior de Minas Gerais. Vivia perto de vacas, porcos, aves, cavalos, cachorros. Toda vez que via carne de vaca na mesa, me lembrava do olhar bovino. Já a visão da carne de porco me trazia a imagem dos porquinhos espertos e afetuosos com que eu brincava. Foi assim também com as aves, os coelhos e outros bichos. Como fui sempre muito tocada pelo olhar animal, decidi não comê-los mais. Aindamantive peixes e frutos do mar, mas deixei de comer várias espécies ao saber de seus hábitos. Recuso também ovos de granja, em repúdio à situa- ção absurda das aves nos espaços de confinamento das fazendas industriais. Meu projeto de vida, certamente influenciado por meus estudos, é parar de consumir também carne de peixe. Chegarei lá. (mAciel, mARiA estheR. no munDo Dos AnimAis. entRevistA A RobeRto b. De cARvAlho. ciênciA hoJe, 21 nov. 2012. Disponível em <http://cienciAhoJe.uol.com.bR>. Acesso em: 05 nov. 2013.) ENTRE OS vOCáBUlOS EXTRAídOS dO TEXTO, AQUElE NO QUAl A SílABA “RE” fUNCIONA COMO UM PREfIXO QUE TRAdUz IdEIA dE REPETIçÃO é a) “recusa”. b) “refletir”. c) “recuperar”. d) “relevantes”. e) “reconfigurar”. lEIA O TEXTO dE HélIO SCHwARTSMAN PARA RESPONdER à QUESTÃO. INTELIGÊNCIA ANIMAL O homem é o único animal que [ ]. O espaço entre os colchetes já foi preenchido por hipóteses para todos os gostos. “Usa ferra- mentas”, “desenvolve e transmite cultura”, “imagina o futuro”, “compreende o que se passa em outras mentes”, “usa sintaxe” são algumas das mais recentes. Todas elas acabaram sendo des- cartadas por evidências empíricas, à medida que os cientistas, particularmente os etólogos1, foram sofisticando os experimentos pelos quais acessam e avaliam a inteligência animal. Talvez já seja hora de aposentar a fórmula “o homem é o único animal que...”. Essa é a tese que o primatologista Frans de Waal defende com ardor em Are We Smart Enough to Know How Smart Animals Are? (Somos espertos o suficiente para saber quão espertos são 9 os animais?). Como em outros livros do autor, ele nos inunda com histórias incríveis de façanhas intelectuais de bichos. Conta que polvos usam casacas de coco como ferramenta, que elefan- tes são capazes de distinguir idiomas humanos, que macacos ja- poneses aprenderam a lavar batatas doces com água e passaram a técnica às gerações seguintes. A isso se somam as evidências de que chimpanzés fazem política e até pagam propinas a alia- dos, sem mencionar os corvos, que estão se revelando verdadei- ros Einsteins do reino animal. (www.folhA.uol.com.bR. ADAptADo.) 1 ETÓlOgO: ESTUdIOSO dO COMPORTAMENTO SOCIAl E INdIvIdUAl dOS ANIMAIS EM SEU HáBITAT NATURAl. 7. (fMJ MEd – UNESP) QUANTO à CARACTERIzAçÃO dO PROCESSO dE fORMAçÃO dE PAlAvRAS, ESTá CORRETO O QUE SE AfIRMA EM: a) o vocábulo “experimentos” (1º parágrafo) foi for- mado por derivação sufixal, com o sufixo indicador de agente “-mento(s)” acrescido à base. b) o vocábulo “capazes” (2º parágrafo) foi formado por derivação sufixal, com o sufixo indicador de agen- te “-es” acrescido à base. c) o vocábulo “incríveis” (2º parágrafo) foi formado por derivação prefixal, com o prefixo de negação “in- ” acrescido à base. d) o vocábulo “intelectuais” (2º parágrafo) foi forma- do por derivação prefixal, com o prefixo de negação “in-” acrescido à base. e) o vocábulo “descartadas” (1º parágrafo) foi forma- do por derivação prefixal, com o prefixo de negação “des-” acrescido à base. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO Reforma na corrupção Como previsto, já arrefece o mais recente debate sobre corrup- ção. Ainda se discute, sem muito entusiasmo, a absolvição de uma deputada que foi filmada recebendo um 3dinheirinho sus- peito, mas isso aconteceu antes de ela ser deputada, de maneira que não vale. Além da forte tendência de os parlamentares não punirem os seus pares, havia o risco do precedente. Não somente o voto é indecentemente secreto nesses casos, como o preceden- te poderia expor os pescoços de vários outros deputados. O que o deputado faz enquanto não é deputado não tem importância, mesmo que ele seja tesoureiro dos ladrões de Ali Babá. Aliás, me antecipando um pouco ao que pretendo propor, me veio logo uma ideia prática para acertar de vez esse negócio de deputa- do cometendo crimes durante o exercício do mandato. Às vezes – e lembro que errar é humano – o sujeito comete esses 2crimezinhos distraído. Esquece, em perfeita boa-fé, que exerce um mandato parlamentar e aí perpetra a falcatrua. Fica muito chato para ele, se ele for flagrado, e seus atos podem sempre vir à tona, expostos pela imprensa impatriótica. Não é justo submeter o deputado a essa tensão permanente, afinal de contas, ele é gente como nós. Minha ideia, como, modéstia à parte, costumam ser as grandes ideias, é muito simples: os deputados usariam uniforme. Não daria muito trabalho contratar (com dispensa de licitação, dada a urgência do projeto), um estúdio de alta-costura francês ou italiano, ou ambos, para desenhar esse uniforme. Imagino que seriam mais de um: o de trabalho, usado só excepcionalmente, o de gala, o de visitar eleitores e assim por diante. Enquanto esti- ver de uniforme, o deputado é responsabilizado pelos seus atos ilícitos ou indecorosos. Mas, se estiver à paisana, não se encontra no exercício do mandato e, portanto, pode fazer o que quiser. (...) Mas isso é um mero detalhe, uma providência que melhor seria avaliada no conjunto de uma reforma séria, que levasse em con- ta nossas características culturais e nossas tradições. (...) O que cola mesmo aqui são os ensinamentos de líderes como o ex-presidente (gozado, o “ex” enganchou aqui no teclado, quase não sai), que, em várias ocasiões, torceu o nariz para denúncias de corrupção e disse que aqui era assim mesmo, sempre tinha sido feito assim e não ia mudar a troco de nada. E assumia pos- turas coerentes com esse ponto de vista. (...) Contudo, quando se descobre mais um caso de corrupção, a vida republicana fica bagunçada, as coisas não andam, perde-se tra- balho em investigações, gasta-se tempo prendendo e soltando gente e a imprensa, que só serve para atrapalhar, fica cobrando explicações, embora já saibamos que explicações serão: primeiro desmentidos e em seguida promessas de pronta e cabal investiga- ção, com a consequente punição dos culpados. Não acontece nada e perdura essa situação monótona, que às vezes paralisa o País. A realidade se exibe diante de nós e não a vemos. Em lugar de querer suprimir nossas práticas seculares, que hoje tanto prospe- ram, por que não aproveitá-las em nosso favor? (...) O brasileiro preocupado com o assunto já pode sonhar com uma corrupção moderna, dinâmica e geradora de empregos e renda. E não pen- sem que esqueci as famosas classes menos favorecidas, como se dizia antigamente. O mínimo que antevejo é o programa Fraude Fácil, em que qualquer um poderá habilitar-se ao exercício da boa corrupção, em seu campo de ação favorito. Acho que dá cer- to, é só testar. E ficar de olho, para não deixar que algum corrupto corrupto passe a mão no fundo todo, assim também não vale. João ubAlDo RibeiRo, o estADo De são pAulo. Disponível em: http://www.estADAo.com.bR/noticiAs/impResso,RefoRmA-nA- coRRupcAo,768238,0.htm. Acesso em: 04-9-2011. 8. (UPf) O AUTOR fAlA EM “CRIMEzINHOS” (REf. 2), REPETINdO UMA ESTRA- TégIA Já USAdA, QUANdO SE REfERE A “dINHEIRINHO” (REf. 3). NO CONTEXTO EM QUE APARECEM, AS dUAS OCORRêNCIAS dE dIMINUTIvO: a) Representam uma minimização do destaque que a mí- dia tem dado aos episódios de corrupção. b) Indicam a versão daquele que é flagrado em situações comprometedoras, tentando livrar-se do peso da infração. c) Marcam a ironia em relação aos corruptos, que exploram a boa-fé do eleitor com vistas à sua promoção pessoal. d) Deixam implícita a informação de que não se deve confiar nos dados apresentados pelos envolvidos em escândalos financeiros. e) Denotam a avaliação do autor acerca da importân- cia dos crimes perpetrados contra os cofres públicos. 9. (IfSP) NO PORTUgUêS, ENCONTRAMOS vARIEdAdES HISTÓRICAS, TAIS COMO A REPRESENTAdA NA CANTIgA TROvAdORESCA dE JOÃO gARCIA dE gUIlHAdE, IlUSTRAdA A SEgUIR. Non chegou, madre, o meu amigo, e oje est o prazo saido! Ai, madre, moiro d’amor! 10 Non chegou, madre, o meu amado, e oje est o prazo passado! Ai, madre, moiro d’amor! E oje est o prazo saido! Por que mentiu o desmentido? Ai, madre, moiro d’amor! Eoje, est o prazo passado! Por que mentiu o perjurado? Ai, madre, moiro d’amor! CONSIdERANdO A TERCEIRA ESTROfE, ASSINAlE A AlTERNATIvA QUE APRE- SENTA UMA PAlAvRA fORMAdA POR PARASSíNTESE. a) desmentido b) prazo c) saido d) d’amor e) moiro 10. (UfSM - AdAPTAdA) lEIA O fRAgMENTO A SEgUIR. [...] a capoeira, a guardiã do jogo, da 1brincadeira, do faz de con- ta que 2luta, mas joga com o outro, que simula um 3golpe e tira o outro para dançar e que tem uma vinculação étnica e racial com o percurso e o lugar da negritude em nosso país, acabou, em algumas escolas, ensinada sob o 4controle da 5esportivização, com regras e pontuações. (oRientAções cuRRiculARes pARA o ensino méDio. secRetARiA De eDucAção básicA. bRAsíliA: ministéRio DA eDucAção, v. 1, 2008, p. 231.) O SUBSTANTIvO QUE, fORMAdO COM O AUXílIO dE UM SUfIXO, CONOTA NO fRAgMENTO UM PROCESSO dESvANTAJOSO à PRáTICA dA CAPOEIRA NA ESCOlA é a) brincadeira (ref. 1). b) luta (ref. 2). c) golpe (ref. 3). d) controle (ref. 4). e) esportivização (ref. 5). E.O. FixAçãO 1. (SÃO CAMIlO MEd – UNESP) lEIA A TIRA dO CARTUNISTA ANgElI PARA RESPONdER à QUESTÃO. (www.folhA.uol.com.bR) O PREfIXO “dES-”, dA fORMA vERBAl “dESCONfIA”, NO PRIMEIRO QUA- dRINHO, TEM vAlOR SEMâNTICO dE NEgAçÃO, ASSIM COMO NO TERMO dESTACAdO EM: a) Sem os cuidados adequados, a garota ia, aos pou- cos, desfalecendo em seu leito. b) Os torcedores desaprovaram a escalação dos jo- gadores para a última partida. c) Apenas com o trem de pouso traseiro, o avião des- lizou o nariz pela pista. d) Minha avó me ensinou, desde cedo, a não desper- diçar comida. e) Desfruta a vida enquanto podes, que o tempo é implacável, e a morte é certa. 2. (EfOMM) fElICIdAdE ClANdESTINA (clARice lispectoR) Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente cres- pos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós to- das ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima pala- vras como “data natalícia” e “saudade”. Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vin- gança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, es- guias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma fe- rocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia. Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as on- das me levavam e me traziam. No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me man- dou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia se- guinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. 11 Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá esta- va eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo. E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu cor- po grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando-me mesmo, às ve- zes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olhei- ras se cavando sob os meus olhos espantados. Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha des- conhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse fir- me e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser.” Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer. Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim rece- bi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo. Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li al- gumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como de- morei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante. COM BASE NO TEXTO ACIMA, RESPONdA à QUESTÃO A SEgUIR. ASSINAlE A OPçÃO EM QUE O PROCESSO dE fORMAçÃO dA PAlAvRA SU- BlINHAdA é dIfERENTE dOS dEMAIS. a) Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. b) Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. c) Mas que talento tinha para a crueldade. d) Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. e) Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. 3. (ESC. NAvAl) lAIvOS dE MEMÓRIA “... e quando tiverem chegado,vitoriosamente, ao fim dessa primeira etapa, mais ainda se convencerão de que abraçaram uma carreira difícil, árdua, cheia de sacrifícios, mas útil, nobre e, sobretudo bela.” (nossA voGA, escolA nAvAl, ilhA De villeGAGnon, 1964.) Há quase 50 anos, experimentei um misto de angústia, triste- za e ansiedade que meu jovem coração de adolescente soube suportar com bravura. Naquela ocasião, despedia-me dos amigos de infância e da família e deixava para trás bucólica cidadezinha da região serrana fluminense. A motivação que me levava a abandonar gentes e coisas tão caras era, naquele momento, suficiente- mente forte para respaldar a decisão tomada de dar novos rumos à minha vida. Meu mundo de então se tornara peque- no demais para as minhas aspirações. Meus desejos e sonhos projetavam horizontes que iam muito além das montanhas que circundam minha terra natal. Como resistir à sedução e ao fascínio que a vida no mar des- perta nos corações dos jovens? Havia, portanto, uma convicção: aquelas despedidas, ainda que dolorosas – e despedidas são sempre dolorosas – não seriam cer- tamente em vão. Não tinha dúvidas de que os sonhos que acalen- tavam meu coração pouco a pouco iriam se converter em realidade. Em março de 1962, desembarcávamos do Aviso Rio das Contas na ponte de atracação do Colégio Naval, como integrantes de mais uma Turma desse tradicional estabelecimento de ensino da Marinha do Brasil. Ainda que a ansiedade persistisse oprimindo o peito dos novos e orgulhosos Alunos do Colégio Naval, não posso negar que a tristeza, que antes havia ocupado espaço em nossos corações, era naquele momento substituída pelo contentamento peculiar dos vitoriosos. E o sentimento de perda, experimentado por ocasião das despedidas, provara-se equivocado: às nossas ca- ras famílias de origem agregava-se uma nova, a Família Naval, composta pelos recém-chegados companheiros; e às respecti- vas cidades de nascimento, como a minha bucólica Bom Jardim, juntava-se, naquele instante, a bela e graciosa enseada Batista das Neves em Angra dos Reis, como mais tarde se agregaria à histórica Villegagnon em meio à sublime baía de Guanabara. Ao todo foram seis anos de companheirismo e feliz convivência, tanto no Colégio como na Escola Naval. Seis anos de aprendi- zagem científica, humanística e, sobretudo, militar-naval. Seis 12 anos entremeados de aulas, festivais de provas, práticas es- portivas, remo, vela, cabo de guerra, navegação, marinharia, ordem-unida, atividades extraclasses, recreativas, culturais e sociais, que deixaram marcas indeléveis. Estes e tantos outros símbolos, objetos e acontecimentos pas- sados desfilam hoje, deliciosa e inexoravelmente distantes, em meio a saudosos devaneios. Ainda como alunos do Colégio Naval, os contatos preliminares com a vida de bordo e as primeiras idas para o mar – a razão de ser da carreira naval. Como Aspirantes, derrotas mais longas e as primeiras desco- bertas: Santos, Salvador, Recife e Fortaleza! Fechando o ciclo das Viagens de Instrução, o tão sonhado em- barque no Navio-Escola. Viagem maravilhosa! Nós, da Turma Míguens, Guardas-Marinha de 1967, tivemos a oportunidade ímpar e rara de participar de um cruzeiro ao redor do mundo em 1968: a Quinta Circum-navegação da Marinha Brasileira. Após o regresso, as platinas de Segundo-Tenente, o primeiro em- barque efetivo e o verdadeiro início da vida profissional – no meu caso, a bordo do cruzador Tamandaré, o inesquecível C-12. Era a inevitável separação da Turma do CN-62/63 e da EM-64/67. Novamente um misto de satisfação e ansiedade tomou conta do coração, agora do jovem Tenente, ao se apresentar para servir a bordo de um navio de nossa Esquadra. Após proveitosos, mas descontraídos estágios de instrução como Aspirante e Guarda- -Marinha, quando as responsabilidades eram restritas a compro- missos curriculares, as platinas de Oficial começariam, finalmente, a pesar forte em nossos ombros. Sobre essa transição do status de Guarda-Marinha para Tenente, o notável escritor-marinheiro Gastão Penalva escrevera com muita propriedade: “... é a fase inesquecível de nosso ofício. Coincide exatamente com a ado- lescência, primavera da vida. Tudo são flores e ilusões... Depois começam a despontar as responsabilidades, as agruras de novos cargos, o acúmulo de deveres novos”. E esses novos cargos e deveres novos, que foram se multiplican- do a bordo de velhos e saudosos navios, deixariam agradáveis e duradouras lembranças em nossa memória. Com o passar dos tempos, inúmeros Conveses e Praça d’ Armas, hoje saudosas, fo- ram se incorporando ao acervo profissional-afetivo de cada um dos integrantes daquela Turma de Guardas-Marinha de 1967. Ah! Como é gratificante, ainda que melancólico, repassar tan- tas lembranças, tantos termos expressivos, tanta gíria maruja, tantas tradições, fainas e eventos tão intensamente vividos a bordo de inesquecíveis e saudosos navios... E as viagens foram se multiplicando ao longo de bem aprovei- tados anos de embarque, de centenas de dias de mar e de mi- lhares de milhas navegadas em alto mar, singrando as extensas massas líquidas que formam os grandes oceanos, ou ao longo das águas costeiras que banham os recortados litorais, com passagens, visitas e arribadas em um sem-número de ensea- das, baías, barras, angras, estreitos, furos e canais espalhados pelos quatro cantos do mundo, percorridos nem sempre com mares bonançosos e ventos tranquilos e favoráveis. Inúmeros foram também os portos e cidades visitadas, não só no Brasil como no exterior, o que sempre nos proporciona ines- timáveis e valiosos conhecimentos, principalmente graças ao contato com povos diferentes e até mesmo de culturas exóticas e hábitos às vezes totalmente diversos dos nossos, como os ri- beirinhos amazonenses ou os criadores de serpentes da antiga Taprobana, ex-Ceilão e hoje Sri Lanka. Como foi fascinante e delicioso navegar por todos esses can- tos. Cada novo mar percorrido, cada nova enseada, estreito ou porto visitado tinha sempre um gosto especial de descoberta... Sim, pois, como dizia Câmara Cascudo, “o mar não guarda os vestígios das quilhas que o atravessam. Cada marinheiro tem a ilusão cordial do descobrimento”. (césAR, cmG williAm cARmo. lAivos De memóRiA. in: RevistA De villeGAGnon, Ano iv, nº 4, 2009. p. 42-50.) EM QUE OPçÃO ENCONTRA-SE UMA PAlAvRA CUJO PROCESSO dE fOR- MAçÃO é O MESMO dO TERMO dESTACAdO EM “[...] O TÃO SONHAdO EMBARQUE [...].” (11º PARágRAfO) a) “[...] circundam minha terra [...].” (2º parágrafo) b) “[...] não seriam certamente em vão.” (4º parágrafo) c) “E o sentimento de perda [...].” (6º parágrafo) d) “Seis anos entremeados de aulas, [...].” (7º parágrafo) e) “[...] o notável escritor-marinheiro [...].” (13º parágrafo) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO Quem nunca fotoxopou? Fala-se hoje em Facebook, Google e iPhone com a mesma combinação de fascínio e terror que um dia já se falou de Motorola e Nokia. Tudo se move rápido demais no mundo di- gital, e são poucas as empresas que conseguem permanecer competitivas ao longo dos anos. Apesar de o Vale do Silício ter aquele ar hollywoodiano de terra de oportunidades, con- tam-se nos dedos empresas longevas como uma Adobe, uma Dell, uma Amazon. Por ter grande mobilidade, a concentração de poder e influência no mundo digital surge tão rápido quanto desaparece, a ponto de ser cada vez mais difícil encontrar quem fique na liderança por uma mísera década. Na virada do século não havia Friendster, Myspace nem Orkut, o grande buscador era o Yahoo!, seguido pelo Lycos. E a internet móvel estava a cargo de empresas inova- doras como Palm e Kyocera. O usuário de produtos digitais é cada vez mais volúvel e pragmático. Novos produtos e serviços podem até seduzi-lo com propaganda, design e preço. Mas a relação dificilmente será mantida se a marca não se renovar com a velocidade esperada, pouco importa sua fatia de mercado. Kodak e Sony que o digam. Mesmo que ainda sejam gigantescas, já não têmo apelo de outrora. A melhor lição de empresas bem-sucedidas em relacionamen- tos de longo prazo é a do bom e velho Photoshop, vendendo saúde em seus 22 anos de idade e 12 plásticas (oops, ver- sões). Como o Google, ele é sinônimo de categoria e verbo. Mas também é adjetivo, substantivo, pejorativo e indicativo de retoques fotográficos, mencionado com familiaridade até por quem não faça ideia de como ele funciona. Ao contrário do AutoCAD, que é oito anos mais velho, mas desconhecido fora de seu nicho, o Photoshop é unanimidade. folhA De s. pAulo, 26/03/2012. 4. (INSPER) QUANTO àS vARIAçõES EXPlORAdAS A PARTIR dO TERMO “PHOTOSHOP”, é CORRETO AfIRMAR QUE 13 a) o neologismo do título foi formado pelo mesmo processo que o termo “design”, presente no texto. b) como adjetivo, o valor depreciativo do termo “fo- toxopado” decorre exclusivamente do sufixo “-ado” agregado ao radical. c) as palavras formadas a partir do estrangeirismo “photoshop” constituem jargões restritos à área de informática. d) a grafia abrasileirada de “fotoxopou”, diferente- mente de “hollywoodiano”, no 1.º parágrafo, é uma prova de que o software se popularizou no mundo. e) apesar de não ter sido mencionado no texto, também seria possível transformar “Photoshop” em advérbio de modo: “fotoxopalmente”. 5. (UFRGS - Adaptado) Hoje os conhecimentos se estruturam de modo fragmentado, separado, compartimentado nas disciplinas. Essa situação impede uma visão global, uma visão fundamental e uma visão complexa. 1”Complexidade” vem da palavra latina complexus, que significa a compreensão dos elementos no seu conjunto. As disciplinas costumam excluir tudo o que se encontra fora do seu campo de especialização. A literatura, no entanto, é uma área que se situa na inclusão de todas as dimensões humanas. Nada do humano lhe é estranho, estrangeiro. A literatura e o teatro são desenvolvidos como meios de expres- são, meios de conhecimento, meios de compreensão da 2com- plexidade humana. Assim, podemos ver o primeiro modo de inclusão da literatura: a inclusão da 3complexidade humana. E vamos ver ainda outras inclusões: a inclusão da personalidade humana, a inclusão da subjetividade humana, e, também, muito importante, a inclusão; do estrangeiro, do marginalizado, do in- feliz, de todos que ignoramos e desprezamos na vida cotidiana. A inclusão da 4complexidade humana é necessária porque rece- bemos uma visão mutilada do humano. Essa visão, a de homo sapiens, é uma 5definição do homem pela razão; de homo faber, do homem como trabalhador; de homo economicus, movido por lucros econômicos. Em resumo, trata-se de uma visão prosaica, mutilada, que esquece o principal: a relação do sapiens/demens, da razão com a demência, com a loucura. Na literatura, encontra-se a inclusão dos problemas humanos mais terríveis, coisas 6insuportáveis que nela se tornam suportá- veis. Harold Bloom escreve: ”Todas as grandes obras revelam a universalidade humana através de destinos singulares, de situa- ções singulares, de épocas singulares”. É essa a razão por que as 7obras-primas atravessam séculos, sociedades e nações. Agora chegamos à parte mais humana da inclusão: a inclusão do outro para a compreensão humana. A compreensão nos tor- na mais generosos com relação ao outro, e o criminoso não é unicamente mais visto como criminoso, como o Raskolnikov de Dostoievsky, como o Padrinho de Copolla. A literatura, o teatro e o cinema são os melhores meios de com- preensão e de inclusão do outro. Mas a compreensão se torna provisória, esquecemo-nos depois da leitura, da peça e do filme. Então essa compreensão é que deveria ser introduzida e desen- volvida em nossa vida pessoal e social, porque serviria para me- lhorar as relações humanas, para melhorar a vida social. (moRin, eDGAR. A inclusão: veRDADe DA liteRAtuRA. in: RõsinG, tâniA et Al. eDGAR moRin: ReliGAnDo fRonteiRAs. pAsso funDo: upf, 2004. p. 13-18) NA COlUNA ACIMA, ESTÃO PAlAvRAS RETIRAdAS dO TEXTO; NA COlUNA ABAIXO, dESCRIçõES RElACIONAdAS à fORMAçÃO dE PAlAvRAS. ASSOCIE CORRETAMENTE OS ElEMENTOS dAS COlUNAS A SEgUIR. ( ) COMPlEXIdAdE (REfS. 1, 2, 3 E 4) ( ) dEfINIçÃO (REf. 5) ( ) INSUPORTávEIS (REf. 6) SUfIXO fORMAdOR dE AdJETIvOS A PARTIR dE vERBOS. ( ) OBRAS-PRIMAS (REf. 7) 1. CONSTITUídA POR COMPOSIçÃO ATRAvéS dE JUSTAPOSIçÃO. 2. CONSTITUídA POR PREfIXO COM SENTIdO dE NEgAçÃO E SUfIXO fOR- MAdOR dE AdJETIvOS A PARTIR dE vERBOS 3. CONSTITUídA POR SUfIXO fORMAdOR dE SUBSTANTIvO A PARTIR dE AdJETIvO. 4. CONSTITUídA POR SUfIXO fORMAdOR dE SUBSTANTIvO A PARTIR dE vERBO. 5. CONSTITUídA POR AglUTINAçÃO, TENdO EM vISTA A MUdANçA SIláBICA dE UM dOS ElEMENTOS dO vOCáBUlO. A SEQUêNCIA CORRETA dE PREENCHIMENTO dOS PARêNTESES, dE CIMA PARA BAIXO, é a) 4 – 3 – 2 – 1. b) 3 – 4 – 2 – 5. c) 4 – 3 – 1 – 5. d) 3 – 4 – 2 – 1. e) 3 – 2 – 1 – 5. 6. (Imed) Dia da Proclamação da República Há exatos 125 anos, em 15 de novembro de 1889, foi proclama- da a república do Brasil. Na época, o país era governado por D. Pedro II e passava por grandes problemas, em razão da abolição da escravidão, em 1888. Como os negros não trabalhavam mais nas lavouras, os 1imi- grantes começaram a ocupar seus lugares, plantando e colhen- do, mas cobravam pelos trabalhos realizados, o que gerou insa- tisfação nos proprietários de terras. As perdas também foram grandes para os coronéis, pois haviam gasto uma enorme quantidade de dinheiro investindo nos escra- vos, e o governo, após a abolição, não pagou nenhuma indeni- zação a eles. A guerra do Paraguai (1864 a 1870) também ajudou na luta contra o regime monárquico no Brasil. Soldados brasileiros se aliaram aos exércitos do Uruguai e da Argentina, recebendo orientações para implantarem a república no Brasil. Os movimentos republicanos também já aconteciam no país, a 2imprensa trazia politização à população civil, para lutarem pela libertação do país dos domínios de Portugal. Com isso, vários partidos teriam sido criados, desde 1870. A Igreja também teve sua participação para que a república do Brasil fosse proclamada. Dois bispos foram nomeados para 12aca- tarem as ordens de D. Pedro II, tornando-se seus subordinados, mas não aceitaram tais imposições. Com isso, foram punidos com pena de prisão, levando a igreja a ir contra o governo. 14 Com as tensões aquecendo o mandato de D. Pedro II, o impera- dor dirigiu-se com sua família para a cidade de Petrópolis, tam- bém no estado do Rio de Janeiro. Porém seu afastamento não foi nada favorável, fazendo com que fosse posto em prática um golpe militar, onde o Marechal Deodo- ro da Fonseca conspirava a derrubada de D. Pedro II. Boatos de que os responsáveis pelo plano seriam presos fizeram com que a armada acontecesse, recebendo o apoio de mais de seiscentos soldados. No dia 15 de novembro de 1889, ao passar pela Praça da Acla- mação, o Marechal, com espada em punho, declarou que, a partir daquela data, o país seria uma república. Dom Pedro II recebeu a notícia de que seu governo havia sido derrubado e um decreto o expulsava do país, juntamente com sua família. Dias depois, voltaram a Portugal. Para governar o Brasil República, os responsáveis pela conspira- ção montaram um governo provisório, mas o Marechal Deodoro da Fonseca permaneceu como presidente do país. Rui Barbosa, Benjamin Constant, Campos Sales e outros foram escolhidos para formar os ministérios. (JussARA De bARRos. Disponível em: http://www. bRAsilescolA.com. Acesso em: 16/01/2017) AvAlIE AS SEgUINTES AfIRMAçõES A RESPEITO dA PAlAvRA IMIgRANTES (REf. 1): I. é fORMAdA APENAS POR PREfIXAçÃO, ASSIM COMO A PAlAvRA IM- PRENSA (REf. 2). II. O PREfIXO – ANTE(S) EXPRIME ORIgEM. III. MIgRAçÃO, MIgRAR E EMIgRAR SÃO SUAS COgNATAS. QUAIS ESTÃO CORRETAS? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) Apenas II e III. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO O sorriso dos canalhas Eles permanecem aí, sorrindo – em reuniões regadas a bom uís- que, sorrindo – diante de câmeras de televisão,sorrindo – de ter- no e gravata, sorrindo. Parecem felizes, diriam uns, estão de bem com a vida, pensariam outros, têm belas lembranças, concluiriam então. Sem dúvida! Cada vez que um deles se olha no espelho, preparando-se para aparecer em público, uma súbita alegria o invade. É um homem impune, e sempre que lembra disso ele sorri. Sorri por todos os sorrisos que roubou. Sim, eles permanecem aí e celebram nossa indiferença e nos- sa curta memória. Mas ainda é cedo demais para esquecer, e o sorriso deles nos avisa disso. Enquanto vamos levando nossa vidinha1 de todos os dias, preocupados com o preço da gasolina e a violência das grandes cidades, eles andam pelas ruas, vão ao cinema, frequentam restaurantes, assombram suas vítimas. Que imensa ilusão pensarmos que estamos em segurança enquanto eles sorriem. Se ainda não podemos fazer alguma coisa, temos ao menos a obrigação de não esquecer. (o espAço DA DoR, 1996. ADAptADo.) 7. (UNICId MEd – UNESP) A PAlAvRA “vIdINHA” (REf. 1), UTIlI- zAdA NO dIMINUTIvO, a) contrapõe-se a uma vida menos ordinária, perme- ada por cinema e restaurantes. b) reitera a ideia festiva contida em “celebram” e “sorriso”. c) caracteriza uma vida com altos e baixos, festas e trabalho, sorrisos e preocupações. d) faz uma denúncia sobre os delitos da vida cotidiana nas cidades. e) ameniza o tom ostensivo da vida fácil dos que sor- riem com “bom uísque”, “cinema” e “restaurantes”. 8. (ESPCEX) AO SE AlISTAR, NÃO IMAgINAvA QUE O COMBATE PUdESSE SE REAlIzAR EM TÃO CURTO PRAzO, EMBORA O RIBOMBAR dOS CANHõES Já SE fIzESSE OUvIR AO lONgE. QUANTO AO PROCESSO dE fORMAçÃO dAS PAlAvRAS SUBlINHAdAS, é COR- RETO AfIRMAR QUE SEJAM, RESPECTIvAMENTE, CASOS dE a) prefixação, sufixação, prefixação, aglutinação e onomatopeia. b) parassíntese, derivação regressiva, sufixação, agluti- nação e onomatopeia. c) parassíntese, prefixação, prefixação, sufixação e de- rivação imprópria. d) derivação regressiva, derivação imprópria, sufixação, justaposição e onomatopeia. e) parassíntese, aglutinação, derivação regressiva, jus- taposição e onomatopeia. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO Darwin passou quatro meses no Brasil, em 1832, durante a sua cé- lebre viagem a bordo do Beagle. Voltou impressionado com o que viu: “Delícia é um termo 17insuficiente para 19exprimir as emoções sentidas por um naturalista a sós com a natureza em uma flores- ta brasileira”, escreveu. O Brasil, porém, aparece de forma menos 21idílica em seus escritos: “Espero nunca mais voltar a um país es- cravagista. O estado da enorme população escrava deve preocupar todos os que chegam ao Brasil. Os senhores de escravos querem ver o negro romo outra espécie, mas temos todos a mesma origem.” Em vez do gorjeio do sabiá, o que Darwin guardou nos ouvidos foi um som terrível que o acompanhou por toda a vida: “Até hoje, se eu ouço um grito, lembro-me, com 22dolorosa e clara memória, de quan- do passei numa casa em Pernambuco e ouvi urros terríveis. Logo entendi que era algum pobre escravo que estava sendo torturado,” Segundo o biólogo Adrian Desmond, “a viagem do Beagie, para Darwin, foi menos importante pelos espécimes coletados do que pela experiência de testemunhar os horrores da 23escravidão no Brasil. De certa forma, ele escolheu focar na 20descendência co- mum do homem justamente para mostrar que todas as raças eram iguais e, desse modo, enfim, objetar àqueles que 18insistiam em dizer que os negros pertenciam a uma espécie diferente e inferior à dos brancos”. Desmond acaba de lançar um estudo que mostra a paixão abolicionista do cientista, revelada por seus diários e car- tas pessoais. “A extensão de seu interesse no combate à ciência de cunho racista é surpreendente, e pudemos detectar um ímpeto moral por trás de seu trabalho sobre a evolução humana – urna crença na ‘irmandade racial’ que tinha origem em seu ódio ao 24es- cravismo e que o levou a pensar numa descendência comum.” ADAptADo De: hAAG, c. o elo peRDiDo tRopicAl. pesquisA fApesp, n. 159, p. 80 - 85, mAio 2009. 15 9. (UfRgS) ASSINAlE COM v (vERdAdEIRO) OU f (fAlSO) AS AfIRMA- çõES A SEgUIR SOBRE ElEMENTOS dE fORMAçÃO dE PAlAvRAS dO TEXTO. ( ) AS PAlAvRAS INSUfICIENTE (REf. 17) E INSISTIAM (REf. 18) APRESEN- TAM O MESMO PREfIXO EM SUA fORMAçÃO. ( ) A COMPARAçÃO dA PAlAvRA EXPRIMIR (REf. 19) COM IMPRIMIR E dA PAlAvRA dESCENdêNCIA (REf. 20) COM ASCENdêNCIA PERMITE QUE SE POSTUlE UM RAdICAl COMUM PARA CAdA UM dOS PARES. ( ) AS PAlAvRAS IdílICA (REf. 21) E dOlOROSA (REf. 22) APRESENTAM SUfIXOS QUE fORMAM AdJETIvOS A PARTIR dE SUBSTANTIvOS. ( ) O EMPREgO dE dIfERENTES SUfIXOS PARA O MESMO RAdICAl EM ESCRAvIdÃO (REf. 23) E ESCRAvISMO (REf. 24) SERvE, NO TEXTO, PARA EXPRESSAR, RESPECTIvAMENTE, A IdEIA dE “SITUAçÃO RESUlTANTE dE UMA AçÃO” E dE “MOvIMENTO SOCIOIdEOlÓgICO”. A SEQUêNCIA CORRETA dE PREENCHIMENTO dOS PARêNTESES, dE CIMA PARA BAIXO, é a) F – V – V – V. b) V – F – V – F. c) V – V – F – F. d) F – V – F – V. e) F – F – V – V. 10. (ESC. NAvAl) vElHO MARINHEIRO HOMENAgEM AOS MARINHEIROS de sempre... e para sempre. Sou marinheiro porque um dia, muito jovem, estendi meu braço diante da bandeira e jurei lhe dar minha vida. Naquele dia de sol a pino, com meu novo uniforme branco, sen- ti-me homem de verdade, como se estivesse dando adeus aos tempos de garoto. Ao meu lado, as vozes de outros jovens so- avam em uníssono com a minha, vibrantes, e terminamos com emoção, de peitos estufados e orgulhosos. Ao final, minha mãe veio em minha direção, apressada em me dar um beijo. 20Acari- ciou-me o rosto e disse que eu estava lindo de uniforme. O dia acabou com a família em festa; eu lembro-me bem, fiquei de uniforme até de tarde... Sou marinheiro, porque aprendi, naquela Escola, o significado nobre de companheirismo. Juntos no sofrimento e na alegria, um safando o outro, leais e amigos. Aprendi o que é civismo, respeito e disciplina, no princípio, exigidos a cada dia; depois, como parte do meu ser e, assim, para sempre. A cada passo havia um novo esforço esperando e, depois dele, um pequeno sucesso. Minha vida, agora que olho para trás, foi toda de pe- quenos sucessos. A soma deles foi a minha carreira. 19No meu primeiro navio, logo cedo, percebi que era nova- mente aluno. Todos sabiam das coisas mais do que eu havia aprendido. Só que agora me davam tarefas, incumbências, e esperavam que eu as cumprisse bem. Pouco a pouco, passei a ser parte da equipe, a ser chamado para ajudar, a ser necessá- rio. Um dia vi-me ensinando aos novatos e dei-me conta de que me tornara marinheiro, de fato e de direito, um profissional! O navio passou a ser minha segunda casa, onde eu permanecia mais tempo, às vezes, do que na primeira. Conhecia todos, al- guns mais até do que meus parentes. Sabia de suas manhas, cacoetes, preocupações e de seus sonhos. Sem dar conta, meu mundo acabava no costado do navio. A soma de tudo que fazemos e vivemos, pelo navio, é uma das coisas mais belas, que só há entre nós, em mais nenhum outro lugar. Por isso sou marinheiro, porque sei o que é espírito de navio. Bons tempos aqueles das viagens, dávamos um duro danado no mar, em serviço, postos de combate, adestramento de guerra, dia e noite. O interessante é que em toda nossa vida, quando busca- mos as boas recordações, elas vêm desse tempo, das viagens e dos navios. 16Até as durezas por que passamos são saborosas ao lembrar, talvez porque as vencemos e fomos adiante. É aquela história dos pequenos sucessos. A volta ao porto era um acontecimento gostoso, sempre figurando a mulher. Primei- ro a mãe, depois a namorada, a noiva, a esposa. Muita coisa a contar, a dizer, surpresas de carinho. A comida preferida, o abraço apertado, o beijo quente... e o filho que, na ausência, foi ensina- do a dizer papai. No início, eu voltava com muitos retratos, principalmente quando vinha do estrangeiro, depois, com o tempo, eram poucos, até que deixei de levar a máquina. Engraçado, vocês já perceberam que marinheiro velho dificilmentebaixa a terra com máquina fotográ- fica? Foi assim comigo. Hoje os navios são outros, os marinheiros são outros – sinto-os mais preparados do que eu era – mas a vida no mar, as viagens, os portos, a volta, estou certo de que são iguais. Sou marinheiro, por isso sei como é. Fico agora em casa, querendo saber das coisas da Marinha. E a cada pedaço que ouço de um amigo, que leio, que vejo, me dá um orgulho que às vezes chega a entalar na garganta. Há pouco tempo, voltei a entrar em um navio. Que coisa linda! Sofisticado, limpíssimo, nas mãos de uma tripulação que só pode ser muito competente para mantê-lo pronto. Do que me mostraram eu não sabia muito. Basta dizer que o último navio em que servi já deu baixa. 17Quando saí de bordo, parei no portaló, voltei-me para a bandeira, inclinei a cabeça... e, minha garganta entalou outra vez. Isso é corporativismo; não aquele enxovalhado, que significa o bem de cada um, protegido à custa do desmerecimento da insti- tuição; mas o puro, que significa o bem da instituição, protegido pelo merecimento de cada um. Sou marinheiro e, portanto, sou corporativista. Muitas vezes a lembrança me retorna aos dias da ativa e morro de saudades. 18Que bom se pudesse voltar ao começo, vestir aquele uniforme novinho – até um pouco grande, ainda re- cordo – Jurar Bandeira, ser beijado pela minha falecida mãe... Sei que, quando minha hora chegar, no último instante, verei, em velocidade desconhecida, o navio com meus amigos, minha mulher, meus filhos, singrando para sempre, indo aonde o mar encontra o céu... e, se São Pedro estiver no portaló, direi: – Sou marinheiro, estou embarcando. (AutoR DesconheciDo. in: línGuA poRtuGuesA: leituRA e pRoDução De texto. Rio De JAneiRo: mARinhA Do bRAsil, escolA nAvAl, 2011. p. 6-8) Glossário Portaló: abertura no casco de um navio, ou passagem junto à balaustrada, por onde as pessoas transitam para fora ou para dentro, e por onde se pode movimentar carga leve. EM QUE OPçÃO O AUTOR, AO REPORTAR-SE AO PASSAdO, EMPREgA UM TER- MO CUJO SUfIXO TEM vAlOR INTENSIfICAdOR? 16 a) “Até as durezas por que passamos são saborosas ao lembrar [...].” (ref. 16) b) “Quando saí de bordo, parei no portaló, voltei-me para a bandeira [...].” (ref. 17) c) “Que bom se pudesse voltar ao começo, vestir aquele uniforme novinho [...].” (ref. 18) d) “No meu primeiro navio, logo cedo, percebi que era novamente aluno.” (ref. 19) e) “Acariciou-me o rosto e disse que eu estava lindo de uniforme.” (ref. 20) E.O. COmplEmEntAr TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO O Assinalado Tu és o louco da imortal loucura, O louco da loucura mais suprema. A Terra é sempre a tua negra algema, Prende-te nela a extrema Desventura. Mas essa mesma algema de amargura, Mas essa mesma Desventura extrema Faz que tu’alma suplicando gema E rebente em estrelas de ternura. Tu és o Poeta, o grande Assinalado Que povoas o mundo despovoado, De belezas eternas, pouco a pouco... Na Natureza prodigiosa e rica Toda a audácia dos nervos justifica Os teus espasmos imortais de louco! (cRuz e souzA. últimos sonetos, 2002.) 1. (UNIfAE MEd – UNESP) Há dERIvAçÃO PREfIXAl E SUfIXAl NA PAlAvRA dESTACAdA EM: a) “O louco da loucura mais suprema.” b) “Mas essa mesma algema de amargura,” c) “Mas essa mesma Desventura extrema” d) “Na Natureza prodigiosa e rica” e) “Tu és o louco da imortal loucura,” 2. EXAMINE A TIRA CAlvIN E HAROldO PARA RESPONdER à QUESTÃO OS PREfIXOS IN- E HIPER-, EM INCOERENTE E HIPERATIvO, POSSUEM OS MESMOS SIgNIfICAdOS dOS PREfIXOS EMPREgAdOS, RESPECTIvAMENTE, EM a) amoral e hipocalórico. b) ingressar e pluricelular. c) antiaéreo e supercílio. d) desprotegido e ultraconfiante. e) inflamável e transalpino. 3. (UFRGS) Quando a economia 2política clássica nasceu, no Reino Unido e na França, ao final do século XVIII e início do sé- culo XIX, a questão da distribuição da renda já se encontrava no centro de todas as análises. Estava claro que transformações radicais entraram em curso, propelidas pelo crescimento 4demo- gráfico sustentado – inédito até então – e pelo início do êxodo rural e da Revolução Industrial. Quais seriam as consequências sociais dessas mudanças? Para Thomas Malthus, que 5publicou em 1798 seu Ensaio sobre o princípio da população, não restava dúvida: a superpopulação era uma ameaça. Preocupava-se especialmente com a situação dos francesesvésperas da Revolução de 1789, quando havia miséria generalizada no campo. Na época, a França era de longe o país mais populoso da Europa: por volta de 1700, já contava com mais de 20 milhões de habitantes, enquanto o Reino Unido tinha pouco mais de 8 milhões de pessoas. A 8população francesa se expan- diu em ritmo crescente ao longo do século XVIII, aproximando-se dos 30 milhões. Tudo leva a crer que esse dinamismo demográfico, desconhecido nos séculos anteriores, contribuiu para a estagna- ção dos salários no campo e para o aumento dos rendimentos associados à 11propriedade da terra, sendo, portanto, um dos fa- tores que levaram Revolução Francesa. Para evitar que torvelinho similar vitimasse o Reino Unido, Malthus argumentou que toda assistência aos 15pobres deveria ser suspensa de imediato e a taxa de natalidade deveria ser severamente controlada. Já David Ricardo, que publicou em 1817 os seus Princípios de eco- nomia política e tributação, preocupava-se com a evolução do pre- ço da terra. Se o crescimento da população e, consequentemente, da produção agrícola se prolongasse, a terra tenderia a se tornar escassa. De acordo com a lei da oferta e da procura, o preço do bem escasso – a terra – deveria subir de modo contínuo. No limite, os donos da terra receberiam uma parte cada vez mais significativa da renda nacional, e o restante da população, uma parte cada vez mais reduzida, destruindo o equilíbrio social. De fato, o valor da ter- ra permaneceu alto por algum tempo, mas, ao longo de século XIX, caiu em relaçãooutras formas de riqueza, à medida que diminuía o peso da agricultura na renda das nações. Escrevendo nos anos de 1810, Ricardo não poderia antever a importância que o progresso tecnológico e o crescimento industrial teriam ao longo das décadas seguintes para a evolução da distribuição da renda. (piKetty, t. o cApitAl no século xxi. tRAD. De m. b. De bolle. Rio De JAneiRo: intRínsecA, 2014. p. 11-13.) ASSINAlE A AlTERNATIvA EM QUE AS TRêS PAlAvRAS POSSUEM UM RAdICAl QUE ESTá RElACIONAdO COM A NOçÃO dE “POvO”. a) política (ref. 2) – publicou (ref. 5) – população (ref. 8) b) política (ref. 2) – população (ref. 8) – pobres (ref. 15) c) demográfico (ref. 4) – publicou (ref. 5) – população (ref. 8) d) demográfico (ref. 4) – publicou (ref. 5) – propriedade – (ref. 11) e) demográfico (ref. 4) – propriedade (ref. 11) – pobres (ref. 15) 17 4. (UFRGS) No século XV, viu-se a Europa invadida por uma raça de homens que, vindos ninguém sabe de onde, se espalharam em bandos por todo o seu território. Gente inquieta e andari- lha, deles afirmou Paul de Saint-Victor que era mais fácil predizer o das nuvens ou dos gafanhotos do que seguir as pegadas da sua invasão. Uns risonhos despreocupados: passavam a vida es- quecidos do passado e descuidados do futuro. Cada novo dia era uma nova aventura em busca do escasso alimento para os manter naquela jornada. Trajo? No mais completo sujos e puídos cobriam-lhes os corpos queimados do sol. Nômades, aventurei- ros, despreocupados – eram os boêmios. Assim nasceu a semântica da palavra boêmio. O nome gentílico de Boêmia passou a aplicar-se ao indivíduo despreocupado, de existência irregular, relaxado no vestuário, vivendo ao deus-dará, à toa, na vagabundagem alegre. Daí também o substantivo bo- êmia. Na definição de Antenor Nascentes: vida despreocupada e alegre, vadiação, estúrdia, vagabundagem. Aplicou-se depois o termo, especializadamente, à vida desordenada e sem preocu- pações de artistas e escritores mais dados aos prazeres da noite que aos trabalhos do dia. Eis um exemplo clássico do que se chama
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