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Nome Completo| Disciplina (PX) Esôfago Karenn Cruz - Medicina UNIT | Página Varizes Esofágicas São veias dilatadas por pressão elevada no sistema venoso portal. Em vez de retornar diretamente para o coração, o sangue venoso do trato gastrointestinal é distribuído para o fígado através da veia porta antes de atingir a veia cava inferior. Esse padrão circulatório é responsável pelo efeito de primeira passagem, no qual os fármacos e outros materiais absorvidos no intestino são processados pelo fígado antes de entrar na circulação sistêmica. As doenças que impedem o fluxo sanguíneo portal causam hipertensão portal, o que pode levar ao desenvolvimento de varizes esofágicas, uma causa importante de hemorragia maciça, frequentemente fatal. Patogenia Um dos poucos locais onde as circulações venosa esplâncnica e sistêmica podem se comunicar é o esôfago. A hipertensão portal induz o desenvolvimento de canais colaterais que possibilitam que o sangue portal desvie para a veia cava. No entanto, essas veias colaterais dilatam os plexos venosos subepitelial e submucoso no interior da parte distal do esôfago. Esses vasos, chamados varizes, Morfologia As varizes aparecem como veias dilatadas tortuosas dentro da submucosa na parte distal do esôfago e proximal do estômago. A mucosa sobrejacente pode estar íntegra ou ulcerada e necrótica, particularmente se houver uma ruptura Varizes esofágicas. (A) Angiograma mostrando várias varizes esofágicas tortuosas. (B) Embora a angiografia seja impressionante, a endoscopia é mais comumente usada para identificar varizes. (C) Varizes colapsadas estão presentes nesse espécime post-mortem que corresponde ao angiograma em (A). As áreas polipoides são os locais de hemorragia varicosa que foram ligados com bandas. (D) Varizes dilatadas sob a mucosa escamosa intacta. Varizes dos plexos submucosos do esôfago. Veias dilatadas e tortuosas abaixo do epitélio. Corte transversal do vaso sanguíneo, cheio de hemácias ainda não coaguladas · Acúmulo de hemácias no corte histológico · Pontos de hemossiderina (degradação de hemácias) · O ferro foi fagocitado por macrófagos e aparece como pontos acastanhados na célula OBS: Acomete principalmente esôfago distal, mas também pode acometer o proximal · Principal causa: cirrose · Outra causa: Esquistossomose As varizes podem sangrar · Podem evoluir para choque hipovolêmico e óbito · PP > 12mmHg Clínica: vômitos com sangue ou sangue oculto nas fezes Diagnóstico por EDA · Causas intra hepáticas: cirrose e esquistossomose · Causas infra hepáticas: trombos que obstruem a veia porta Esôfago de Barrett O esôfago de Barrett é uma complicação da DRGE crônica que se caracteriza por metaplasia intestinal (epitélio colunar com células caliciformes) dentro da mucosa escamosa esofágica. A maior preocupação em relação ao esôfago de Barrett é o potencial aumento do risco de desenvolvimento de adenocarcinoma de esôfago. Morfologia: O esôfago de Barrett é reconhecido endoscopicamente como línguas ou placas de mucosa vermelha aveludada que se estendem para cima a partir da junção gastroesofágica. Essa mucosa metaplásica alterna-se com a mucosa lisa residual, pálida, escamosa (esofágica) proximalmente e faz interface com a mucosa colunar castanha clara (gástrica) distalmente. O epitélio metaplásico, de aspecto viloso, é representado por metaplasia intestinal incompleta, cujo fenótipo é misto (intestinal e gástrico): são encontradas células caliciformes positivas para MUC2 (marcador de mucina intestinal), células mucossecretoras positivas para MUC5AC (marcador de mucina gástrica) e células que secretam mucina ácida. Esôfago de Barrett. (A) Imagens de banda estreita do esôfago de Barrett durante a endoscopia. Observe as ilhas acastanhadas da metaplasia ectópica na mucosa escamosa azulada. (B) Imagem macroscópica do esôfago de Barrett (compare com a Fig. C). Apenas algumas áreas de mucosa escamosa pálida permanecem dentro da mucosa predominantemente metaplásica e avermelhada da parte distal do esôfago. (C) Aspecto histológico da junção gastroesofágica no esôfago de Barrett. Observe a transição entre a mucosa escamosa esofágica (inferior à direita) e a mucosa metaplástica contendo células caliciformes (superior) Aspecto endoscópico da região distal do esôfago mostrando extensa área de cor salmão, típica de epitélio colunar que se projeta por mais de 3 cm proximalmente à junção esofagogástrica, em substituição ao epitélio escamoso normal. A característica definidora da metaplasia intestinal e do esôfago de Barret é a presença de células caliciformes, que apresentam vacúolos mucosos distintos que se coram em azul-pálido no HE, e que, com o restante do citoplasma, dão a forma de um cálice de vinho (Fig.C). A displasia é classificada como de baixo ou alto grau, com base em critérios morfológicos. O carcinoma intramucoso é caracterizado pela invasão de células epiteliais neoplásicas da lâmina própria. O EB é classificado nos tipos: (1) segmento longo, quando excede 3 cm acima da JEG; (2) segmento curto, quando é menor que 3 cm. Lesões muito pequenas na JEG são denominadas segmento ultracurto. Esquerda epitélio colunar metaplásico (com células caliciformes) Direita epitélio estratificado pavimentoso O corante ocean blue ajuda a evidenciar epitélio secretor (área de metaplasia) O epitélio normal a direito não se cora A. Esôfago de Barrett. Mucosa escamosa do esôfago substituída em parte por epitélio metaplásico intestinal, contendo numerosas células caliciformes; na base da lesão há glândulas mucossecretoras de padrão gástrico e epitélio escamoso, à direita na figura. B. Detalhe, evidenciando as características da metaplasia intestinal: células caliciformes coradas em azul (azul de alciano) e células mucossecretoras de padrão gástrico (mucinas neutras) coradas de cor magenta (PAS-positivas). Esôfago de Barrett com displasia. Túbulos glandulares com alterações arquiteturais e atipias citológicas. Diagnóstico: EDA + biópsia As alterações manométricas do esfíncter esofagiano inferior estão presentes em mais de 90% dos casos pHmetria de 24h = refluxo ácido patológico A motilidade ineficaz do corpo esofágico é frequente nos pacientes com EB Câncer de Esôfago Adenocarcinoma O adenocarcinoma de esôfago geralmente surge em um plano associado ao esôfago de Barrett e DRGE de longa duração. O risco de desenvolvimento de um adenocarcinoma é mais alto em pacientes com displasia documentada e nos tabagistas, obesos, que tenham sido submetidos à radioterapia prévia. OBS: sorotipos de H. pylori estão associados a diminuição do risco, pois causam atrofia gástrica e redução da secreção ácida e refluxo Morfologia O adenocarcinoma de esôfago geralmente ocorre no terço distal do esôfago e pode invadir a cárdia gástrica adjacente (Fig.A). Embora lesões iniciais possam se apresentar como placas planas ou elevadas na mucosa íntegra, os tumores podem formar grandes massas exofíticas, difusamente infiltrativas ou que ulceram e invadem profundamente. Ao exame microscópico, o esôfago de Barrett frequentemente está adjacente ao tumor. Os tumores tipicamente produzem mucina e formam glândulas OBS: localização distal sugere adenocarcinoma, por conta da DRGE. Adenocarcinoma do esôfago. (A) O adenocarcinoma geralmente ocorre distalmente e, como neste caso, frequentemente envolve a cárdia gástrica. (B) Adenocarcinoma esofágico em crescimento como glândulas agrupadas intimamente. A. Adenocarcinoma em esôfago de Barrett invadindo o fundo gástrico. B. Aspecto histológico do tumor mostrado em A, que é constituído por glândulas atípicas revestidas por células mucossecretoras. Carcinoma de Células Escamosas O carcinoma de células escamosas de esôfago geralmente ocorre em adultos com mais de 45 anos de idade e afeta os homens quatro vezes mais frequentemente do que as mulheres. Os fatores de risco incluem o consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo, pobreza, lesão esofágica cáustica, acalasia, síndrome de Plummer-Vinson, consumo frequente de bebidas muito quentes e radioterapiamediastinal prévia. Patogenia A maioria dos carcinomas de células escamosas do esôfago está, pelo menos parcialmente, relacionada com o consumo de álcool e tabaco, bebidas quentes, dieta pobre cujos efeitos contribuem sinergicamente aumentando o risco. A infecção pelo HPV também foi implicada no desenvolvimento de carcinoma de células escamosas esofágico em regiões de alto risco, mas não nas de baixo risco. A patogenia molecular do carcinoma de células escamosas de esôfago permanece incompletamente definida. Morfologia Em contraste à localização distal da maioria dos adenocarcinomas, metade dos carcinomas de células escamosas ocorre no terço médio do esôfago. O carcinoma de células escamosas inicia-se como uma lesão in situ sob a forma de displasia escamosa. As lesões iniciais aparecem como espessamentos semelhantes a placas pequenas, branco-acinzentadas. Durante meses a anos, elas crescem como massas tumorais que podem ser polipoides e projetar-se para o interior do lúmen, obstruindo-o. Outros tumores podem ser tanto lesões ulceradas como difusamente infiltrativas que se espalham por dentro da parede do esôfago, onde causam espessamento, rigidez e estreitamento luminal. Esses cânceres podem invadir estruturas adjacentes, incluindo a árvore respiratória, causando pneumonia; a aorta, provocando uma exsanguinação catastrófica; ou o mediastino e o pericárdio. Carcinoma de células escamosas do esôfago. (A) O carcinoma de células escamosas é encontrado com mais frequência na parte média do esôfago, onde comumente provoca constrições. (B) Carcinoma de células escamosas composto por ninhos de células malignas que recapitulam parcialmente a organização estratificada do epitélio escamoso. reação desmoplásica = formação de tecido conjuntivo Disposição das células dismórfica Formação de ninhos de células malignas Não glandular Tende a infiltrar no tecido esofágico A. Displasia do epitélio escamoso do esôfago apresentando evidente alteração da diferenciação escamosa (comparar com a Figura 22.2). B. Carcinoma de células escamosas infiltrante e ulcerado no terço inferior do esôfago. C. Aspecto histológico do tumor mostrado em B, que é formado por massas de células escamosas com ceratinização No carcinoma avançado, o tumor tem os seguintes aspectos: (1) ulcerado, formado por lesão de bordas elevadas, irregulares e endurecidas, com escavação central anfractuosa. Pode causar hemorragia e, raramente, perfuração (Figura 20.13 B); (2) anular, com crescimento predominantemente infiltrativo e em anel, ao longo da circunferência do órgão, provocando disfagia progressiva; (3) vegetante, que cresce para a luz do órgão, em geral como massa sólida, lobulada e, às vezes, de aspecto nodular; (4) infiltrante difuso, com tendência de crescimento predominantemente infiltrativo na parede do órgão, menos localizado do que o tipo anular. Nos casos avançados, o crescimento infiltrativo confere aspecto de tubo rígido a grandes segmentos do esôfago e provoca deformidades no órgão. A maioria dos carcinomas de células escamosas é moderadamente a bem diferenciado. Independentemente da histopatologia, os tumores sintomáticos geralmente já invadiram a parede do esôfago no momento do diagnóstico. A rica rede linfática submucosa promove disseminação circunferencial e longitudinal, e nódulos tumorais intramurais podem estar presentes a vários centímetros de distância da massa principal. Os locais de metástases linfonodais variam de acordo com a localização do tumor: cânceres no terço superior do esôfago disseminam-se para linfonodos cervicais; aqueles no terço médio disseminam-se para linfonodos mediastinais, paratraqueais e traqueobrônquicos; e no terço inferior disseminam-se para os linfonodos gástricos e celíacos.
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