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UND 1 Desenvolvimento Sustentável e Direitos Individuais

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Desenvolvimento Sustentável e Direitos Individuais - Unidade 1
Apresentação
Seção 1 de 8
As questões sociais e ambientais adentram o século XXI transpassando as barreiras acadêmicas. O tema ganha forma e passa a ser debatido não somente em grandes eventos, conferências e afins, mas também compõe o discurso político e as rodas de diálogo, e dele tomam parte pessoas de diferentes graus de conhecimento. O mundo das artes – músicas, poesias, peças teatrais, novelas – “firma” um compromisso, denunciando e levando o conhecimento de forma popular. O distanciamento entre sociedade e ambiente passa a ser gradativamente erradicado e dá margem a uma nova visão, denominada socioambiental.
Antes de qualquer titulação ou posto empregatício, somos cidadãos e temos reponsabilidade com nosso meio de convívio e com as causas socioambientais. Temos o compromisso de reestruturar nossas formas de pensamento e nosso conhecimento, pois, no decorrer da História, a ideia de hierarquização da sociedade sobre o ambiente, ou dentro do próprio âmbito social, acarretou reflexos desastrosos. Mesmo em passos lentos, caminhamos rumo à construção socioambiental de maneira digna; contudo, para entender como isso ocorreu, é necessário fazer uma linha do tempo, compreendendo o histórico e o surgimento dos conceitos e seus fundamentos.
 Autores
O professor Bruno Fonseca da Silva é graduado em Geografia (Licenciatura) e Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Pernambuco, atuando desde 2013 em estudos relacionados às ciências ambientais. Suas pesquisas concentram-se no monitoramento ambiental, por meio da análise de elementos químicos, radioisótopos e compostos orgânicos para avaliação da qualidade do ar – utilizando organismos vivos (líquens) – e do solo. Tem publicações, participações em eventos científicos e ministração de cursos e palestras.
"Dedico este livro a todos que buscam compreender e se preocupam com as causas ambientais – e principalmente aos cientistas da sociedade civil, que defendem e procuram solucionar problemas sobre a temática."
Bruno Fonseca da Silva
A professora Camila Bolfarini Bento é Doutora e Mestre em Biotecnologia e Monitoramento Ambiental pela Universidade Federal de São Carlos (2020), licenciada em Biologia (2020) e Bacharel em Engenharia Agronômica pela Universidade Estadual Paulista (2012). Camila Bolfarini Bento
"Dedico este trabalho aos meus professores, por todos que acrescentaram conhecimento teórico e prático desde a minha formação de base até a pós-graduação. Agradeço por serem profissionais tão dedicados nessa árdua e nobre tarefa de formar pessoas intelectual e socialmente."
Camila Bolfarini Bento
A professora Natália de Souza Pelinson é Mestra (2013) e Doutora (2018)em Ciências pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP). Formada (2010) em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Viçosa - Minas Gerais(UFV), tem experiência com educação ambiental em projetos de extensão universitária e saneamento rural. Natália de Souza Pelinson 
"Dedico este material à Wangari Maathai (1940–2011), uma ativista ambiental e política do Quênia, que estudou biologia nos Estados Unidos e voltou ao seu país para seguir uma carreira pautada nas questões socioambientais. Em 2004, Maathai recebeu o Prêmio Nobel da Paz pela luta por direitos das mulheres e do meio ambiente."
Natália de Souza Pelinson 
Olá, meu nome é Ana Lucia. Sou Doutora em Ciências Humanas e possuo mais  de vinte  anos  de  atuação  como professora na Educação Superior. Além disso,  tenho  doze  anos  de  militância  como  dirigente  sindical  da  causa  dos  professores,  o  que  me  agrega  conhecimentos  e  experiências  para  localizar-me  como  autora  nesta  disciplina. Portanto,  atuar  e  defender  a  causa  da  educação, laica, democrática e de qualidade é mais que um princípio em minha formação e trajetória profissional, é um compromisso de ofício. 
O professor Valdir Lamim-Guedes é doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP, 2019), mestre em Ecologia de Biomas Tropicais pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP, 2011) e graduado em Ciências Biológicas pela também Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP, 2008). É especialista em Educação Ambiental (EESC-USP, 2015), Design Instrucional para EaD (UNIFEI, 2014)e Jornalismo Científico (UNICAMP, 2015). Valdir Lamim-Guedes
Presidente do Conselho de Administração: Janguiê Diniz
Diretor-presidente: Jânyo Diniz
Diretoria Executiva de Ensino: Adriano Azevedo
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos: Joaldo Diniz
Diretoria de Ensino a Distância: Enzo Moreira
DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional,
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
© Ser Educacional 2022
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro
Recife-PE – CEP 50100-160
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock, © Freepik e © Unsplash
Objetivo da unidade
· Introduzir a temática social e ambiental e realizar uma reflexão sobre os problemas atuais, para descobrir quais os motivos de o tema ser debatido atualmente;
· Explanar conceitos importantes e apresentar as respectivas definições sobre o tema socioambiental;
· Conhecer os movimentos existentes que fundamentam o debate socioambientalista mundial.
· Introdução
· Atualmente, a humanidade apresenta forte preocupação com as questões ambientais. No sentido restrito, utilizamos o termo “ambiente” para nos referirmos aos aspectos da natureza, como a água, as plantas, os “animais”; mas consideramos a “sociedade” como algo à parte, como se não houvesse um elo entre ambos. Qual motivo, porém, para inserimos aspas nos respectivos termos? 
· Porque somos educados, ou doutrinados, a restringi-los em seus significados. Quando abordamos a palavra “animais”, em certo ponto, inferiorizamos as demais espécies por sermos seres pensantes – mas, nisso, fracassamos. Nós nos consideramos inteligentes; porém, não sabemos respeitar o meio em que vivemos. Somos definidos como sociais; todavia, negligenciamos o respeito à opinião, a escolha, ao status social do outro. Nessa direção, chegamos ao limite: da abundância de recursos naturais, mas também do preconceito, iniciando uma corrida contra o tempo para equilibrar a balança, e alcançarmos a harmonia.
· Podemos afirmar que a humanidade formou subgrupos. Diferentemente de outras espécies, na nossa, um subgrupo procura sobressair-se ao outro, fazendo com que se estruture uma pirâmide social (Figura 1), o que, em determinados momentos, acarreta discriminação.
· No entanto, por qual motivo falamos de ser humano e sociedade, se a temática é ambiente? Essa pergunta poderá ser respondida com outra: afinal, somos também ambiente? Se a resposta for positiva, o que nos levaria a pensar que questões sociais não são discutidas na temática ambiental? O primeiro exercício necessário é a reflexão de que não existe diferença entre sociedade e ambiente: ser humano e o seu meio constituem algo mútuo e unitário. A compreensão é aparentemente simples, mas torna-se complexa ao tentarmos colocá-la em prática.
Figura 1. Modelo de pirâmide social brasileira, classificada pela renda.
Fonte: IBGE (2015) apud Mussi, 2017, p. 20.
Uma reflexão importante é sobre o que nos leva atualmente a abordar esse discurso socioambiental com afinco. Talvez seja a busca pela sensibilização social, não se restringindo à conscientização. Sensibilizar a população às questões socioambientais procura estimular seu engajamento e trabalho efetivo, com a finalidade de um ambiente de melhor convívio. 
Deve-se, por sinal, compreender que apalavra trabalho não está restrita às relações de emprego, mas a toda e qualquer atividade socioambiental realizada. Para melhor compreensão, pode-se afirmar que a produção do conhecimento e o desligamento histórico entre sociedade e ambiente são formas de trabalho. Dessa forma, o trabalho é o produto dos fenômenos e da relação entre sociedade e natureza, que procura atingir alguma meta ou objetivo. Essa finalidade é denominada teleologia.
SAIBA MAIS!
A concepção de trabalho foi estudada pelo cientista Sergio Lessa para elaboração da sua tese de doutorado, que resultou no livro Mundo dos homens: trabalho e ser social. O enredo da obra baseia-se na concepção de trabalho como processo de complexidade do ser social e no trabalho abstrato (força produtiva). A abordagem da obra é de cunho filosófico e sociológico, e convida-nos a conhecer e ampliar a visão sobre o tema (LESSA, 2012).
Nesse enredo filosófico, podemos pensar na relação de trabalho que temos com o nosso meio e em ambas as questões, físicas e sociais que o envolvem. Compreender esse relacionamento socioambiental exige conhecimento de diversas áreas – humanidades, sociais aplicadas, exatas e saúde. Cada qual traz uma forma de construção de conhecimento – nem sempre convergente –, e essa contradição, ou contraposição de ideias tem a capacidade de formar novos conhecimentos. É o que se denomina dialética.
Esse debate de ideias é importante para a formação de conhecimento, pois o ambiente se constitui na interdisciplinaridade. Dessa maneira, a implementação do método cartesiano como forma de compreender melhor os fenômenos que nos rodeiam acarretou alguns problemas: com o formato de fragmentação do conhecimento, precisamos, agora, unir as diversas ciências, algo de suma importância para compreendermos o ambientalismo.
CITAÇÃO - Leandro Konder tratou da dialética em sua obra O que é a dialética, publicada pela primeira vez em 1981. O livro, que faz uma abordagem estrutural histórica, filosófica e sociológica sobre o tema, traz a seguinte definição de dialética pelo autor:
O modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação
(KONDER, 2008, p. 8).
Conceitos e definições
Seção 3 de 8
Antes de iniciarmos este tópico, é importante pensarmos que o conhecimento é construtivo. 
A academia exige constantes reflexões sobre suas teorias, pois é dela a responsabilidade de formar novos conhecimentos. Como acadêmicos, devemos lembrar que o conhecimento deve ser por nós construído, e não simplesmente recebido e reproduzido. Algumas pessoas se perguntam por qual motivo existe a necessidade de constantes e diferentes formas de leituras – livros, notas, artigos, comunicações curtas –, e essas questões dúbias são erradicadas quando entendemos o verdadeiro sentido de sermos acadêmicos.
Neste tópico, serão tratados alguns conceitos e definições utilizados frequentemente na temática socioambiental. Todavia, é importante lembrar que eles são passíveis de mudanças, uma vez que a academia é dinâmica e se encontra em constantes transformações. As práxis implementadas são responsáveis pelo surgimento de novas formas de visão, já que a prática é crucial na efetivação do pensamento teórico.
Socioambiental/ambiental 
Como abordado, compreende-se como socioambientais (ou ambientais) as relações existenciais entre sociedade e natureza. É algo inseparável, que tem como produto o trabalho.
Não há, nessa relação, superioridade ou inferioridade entre as partes, mas um equilíbrio. Torna-se importante a fixação dessa “balança equilibrada”, pois durante séculos existiu uma discussão acerca de uma superioridade entre as partes: ora, a sociedade é responsável pela regência do seu meio; ora, a gerência ocorre no sentido inverso. Essa discussão de questões de meio físico e social foi fundamental para o surgimento de determinadas ciências, como a Geografia.
A ideia de que o meio físico era superior ao homem fez com que surgisse o conceito de espaço vital, de que o homem necessitava explorar os recursos para que ocorresse um equilíbrio. Essa forma de pensamento, denominada determinista, foi elaborada por Friedrich Ratzel e largamente incorporada nas ideologias de Hitler para o nazismo, sendo esse um dos primeiros relatos escritos sobre a implementação das questões sociais sobre o ambiente.
Meio ambiente 
Termo usualmente empregado nos estudos voltados às ciências ambientais. Entretanto, há cientistas que iniciaram uma espécie de desuso, pois, ao inserirmos a palavra “meio”, estaríamos abordando a metade de algo, e, devido à interligação existente, não se deve realizar essa inferência.
Por muitos anos, as questões ambientais foram abordadas nos seus aspectos físicos. Contudo, o papel social tem apresentado uma inserção gradativa e abrangente na discussão. Por termos sido acostumados (ou até mesmo doutrinados) a dividirmos o conhecimento para melhor compreensão, esse termo pode ser usualmente empregado para o estudo das questões físicas ambientais.
Áreas degradadas 
Umas das maiores problemáticas ambientais existentes atualmente é a degradação ambiental. O termo é empregado principalmente para estudos de solos e ecossistemas.
As atividades humanas, principalmente de industrialização, agricultura, pecuária, e mineração, destacam-se no desmatamento e improdutividade do solo, por meio do lançamento de rejeitos, como elementos químicos tóxicos. Ao dizermos que uma área é degradada, ocorre uma referência àquelas que se encontram altamente poluídas e requerem regeneração, a partir de tecnologias sustentáveis para melhoramento de solos, afluentes e reflorestamento.
No meio acadêmico, pesquisas voltadas à recuperação dessas áreas são constantes. O avanço nas ciências dos materiais possibilitou a aplicação de nanopartículas, hidrogéis e estruturas poliméricas que auxiliam, com sucesso, a recuperação de solos e rios.
Atualmente, empresas propõem o financiamento de pesquisas ou compra de patentes para solucionar tais problemas, o que implica na inserção de uma série de profissionais, como engenheiros, físicos, químicos, administradores, biólogos e afins.
Desertificação 
A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações das Nações Unidas (ONU). 
A utilização de recursos naturais de forma inapropriada, somada às mudanças climáticas e aspectos físicos naturais, ocasiona uma degradação de tal forma que torna impossível a regeneração dos locais explorados, fazendo surgir áreas áridas e semiáridas.
Esse debate foi iniciado devido a problemas existentes no continente africano, alvo de grandes preocupações. Por envolver aspectos de auxílio financeiro, países como os Estados Unidos entraram na “corrida”, com o intuito de adquirir lucros, contestando a existência de áreas em processo de desertificação em seu território. No entanto, atualmente existe um mapeamento e acompanhamento dos países com tendências ao processo de desertificação, que podem ser encontrados nas Américas, África e Europa.
No Brasil, as áreas susceptíveis à desertificação são encontradas na Região Nordeste. Um dos núcleos de estudos é o município de Cabrobó, Pernambuco, que se encontra em processo avançado (Figura 3). A utilização das técnicas de agricultura por inundação, associada à topografia do terreno e alta evapotranspiração devido às condições climáticas, ocasionou a formação de extensas camadas de sais no solo, tornando-o improdutivo e causando abandono das áreas. As pesquisas estão concentradas nos aspectos de impactos socioambientais, bem como na tentativa de mitigar o problema.
Figura 3. Solo salinizado no município de Cabrobó, Pernambuco, um dos núcleos de desertificação brasileiro.
Fonte: MAIA, 2015.
As problemáticas não se restringem aos aspectos físicos, pois os fatores sociais são duramente afetados. Ao tornar o solo improdutivo, ocorre um impacto direto na produção de alimentos, bem como o abandono dos locais pelos moradores. Nesse processo, há uma queda na arrecadação econômica. Sendo a região responsávelpor produzir alimentos para outros municípios, estados e afins, o processo ocasionará desabastecimento e prejudicará milhares de famílias. Fatores como esses ressaltam a preocupação das entidades governamentais sobre o tema. 
Efluentes 
Umas das temáticas mais trabalhadas pelas empresas no setor ambiental são os efluentes. A água é um bem precioso, utilizado corriqueiramente em nossas atividades do cotidiano. O processo de “chegada, recebimento” da água é denominado afluente; e a “saída”, denominada efluente.
Devido à mistura com outros compostos, orgânicos e inorgânicos, como gorduras, pesticidas, metais e afins, os efluentes tornaram-se uma temática de grande discussão, pois o destino, em sua maioria, são os rios. Ao serem lançados em aquíferos, um dos principais problemas é a carga microbiana existente no material, que ocasiona sequestro de oxigênio e impede o desenvolvimento e manutenção da vida aquática.
Os metais são outro exemplo de grandes preocupações, devido à capacidade de se acumular nos organismos. Os acúmulos podem acontecer em seres humanos, por meio da ingestão, acarretando sérios problemas de saúde.
ASSISTA
A série Aruanas, produzida pela Rede Globo, demonstra com clareza os problemas causados pelo não tratamento de efluentes. O enredo concentra-se nos impactos socioambientais causados pela mineração na região amazônica. O despejo irregular dos efluentes, com altas concentrações de metais como chumbo e mercúrio, ocasiona problemas de saúde nos moradores da região devido à ingestão por meio do consumo de peixes. Em algumas cenas, é demonstrada a morte gradativa dessas pessoas.
Atualmente, há empreendimentos com estações de tratamento e monitoramento constante, por meio de análises químicas que atendem às legislações ambientais.
Pesquisas nessa temática registram grandes avanços, principalmente pela aplicação de carvões ativados como adsorventes. Outros buscam a utilização de organismos vivos, como plantas aquáticas, para realização de tratamentos. O propósito, porém, vai além do tratamento, e busca a reutilização para fins de serviços gerais ou alguma etapa de processo produtivo. No Brasil, a importância do tema reflete-se na construção de linhas de pesquisas em cursos de mestrado e doutorado, que se propõem a estudar o problema e buscar soluções.
Bioenergia 
As preocupações do petróleo e carvão mineral como bens finitos acarretaram mudanças energéticas globais. A busca por fontes alternativas de energia tornou-se crescente, a fim de evitar um colapso energético futuro.
Não somente a falta, mas também a intenção dos países em melhorar suas condições ambientais proporcionaram o avanço de pesquisas e implementação de fontes limpas e renováveis.
A bioenergia é compreendida como aquela que acarreta menores níveis de impactos ambientais, composta por fontes sustentáveis. Matérias-primas como biomassa, sol, vento, são consideradas formas de energia limpa (Figura 4).
Figura 4. Principais fontes de energia limpa.
Fonte: CreaJR-PR, 2010.
É de suma importância saber que qualquer forma de energia trará algum nível de impacto: o que se diferencia é o grau implicado.
Petróleo e carvão mineral, além de considerados bens finitos, emitem particulados e compostos orgânicos quando em combustão, como os hidrocarbonetos polissacarídeos aromáticos, altamente prejudiciais à saúde. Estudos apontam positividade em sua substituição por outras fontes, mais sustentáveis, com tendência mundialmente crescente; porém, são necessárias uma constante atenção e acompanhamento.
A utilização de biomassa pode ocasionar uma competição entre produção de energia e alimentos. Entre as matérias-primas utilizadas, os óleos derivados da soja e do milho são os principais, mas são eles também fontes nutricionais importantes.
Pesquisas que procuram avaliar os impactos ambientais da energia solar e eólica apontaram dois sérios problemas: elevação da morte de animais, principalmente de aves, e erosão. A devastação de áreas para implementação desses modais energéticos também é outra problemática. Compreender tais problemas é importante para entendermos que, mesmo em se tratando de uma energia sustentável, há alguma forma de impacto. 
Economia verde 
Devido às preocupações com as questões ambientais, as empresas iniciaram um processo de mudança e implementaram tecnologias em seu processo de trabalho para proporcionar menos impactos ao ambiente.
Seu propósito sustenta-se em menores emissões de poluentes, bem como na criação de produtos biodegradáveis. Esse novo formato produtivo é denominado de economia verde e tem demonstrado adesão crescente por parte de empreendimentos do setor público e privado. Essa adesão não se encontra restrita à diminuição de impactos ambientais, mas também abrange mais lucratividade, com diminuição de custos.
Essa nova visão econômica encontra-se presente em grandes debates e participa da agenda da ONU. Os empreendimentos estão gradativamente reestruturando suas linhas produtivas e investindo em tecnologias sustentáveis. Já os setores públicos têm uma tendência em incentivar essa transição, principalmente para atingir as metas propostas em acordos de cooperação sobre diminuições da poluição ambiental. São mudanças que devem atingir de forma positiva a sociedade, possibilitando e garantindo seu bem-estar, sem ocorrência de danos.
Padrões de consumo 
Vivemos numa sociedade em que somos “forçados” ao constante consumo, e essa atividade é de suma importância para manutenção econômica. Por quaisquer produtos utilizados necessitar, em seu processo, de alguma matéria-prima originada do ambiente, preocupações ambientalistas foram iniciadas. 
O consumismo demasiado poderá ocasionar, em breve, a escassez de recursos naturais. Daí, o debate visando à mudança. Ao se mencionar sobre padrões de consumo, estamos nos referindo à forma como a sociedade adquire e descarta seus bens – roupas, eletrodomésticos, calçados e afins.
O desafio atual encontra-se na sensibilização social para o consumo consciente, uma atividade de alto grau de dificuldade. Em um meio em que se aprendeu que o comprar pode ser uma ferramenta de felicidade, ocasionar uma mudança nessa forma de pensar é complexo.
Contudo, não ocorre a existência de uma alternativa sem ser por meio de mudança de atitudes – e a realidade atual é a falta de recursos naturais no futuro, já que a demanda é superior se comparada à oferta. Como consequência, poderá ocorrer uma queda no bem-estar da população, assim como a falta de atendimento para questões básicas e essenciais de manutenção diária.
Mudanças climáticas 
Para compreensão desse tema, uma primeira definição precisa ser esclarecida, que é a diferença entre clima e tempo. O tempo é algo mutável – um dia poderá ser de sol, e o outro é de chuva. Já o clima é uma observação das modificações do tempo numa faixa mínima de 30 anos.
Quando falamos de mudanças climáticas, a referência é uma grande modificação no clima em escala regional ou global. Essa mudança pode apresentar sérios riscos à qualidade de vida da população. Áreas de climas frios, por exemplo, podem apresentar constante aquecimento.
As constantes emissões de poluentes são as principais causadoras da problemática, uma vez que podem provocar reações com o ozônio atmosférico e ocasionar aumento na destruição de filtragem dos raios ultravioletas. Esse processo é denominado aquecimento global.
Ocorrem grandes discussões na comunidade acadêmica sobre essa temática. Alguns estudiosos afirmam que a Terra se encontra em um processo de aquecimento natural, com tendências futuras de ocorrer um resfriamento, já que, no contexto histórico de formação do planeta, existem evidências de processos de glaciação e deglaciação.
Entretanto, a maior quantidade de pesquisas aponta que os impactos ocasionados ao ambiente, principalmente pela emissão de gases tóxicos no ar, são os principais responsáveis por esse processo atualmente.
Desenvolvimento sustentável 
Entende-se por desenvolvimento sustentável o emprego de tecnologias que ocasionem menores níveis de agressão aoambiente, como a diminuição da emissão de poluentes na atmosfera. A terminologia tecnologias limpas também é usualmente empregada nessa temática.
A substituição dos combustíveis fósseis (petróleo) por energia de biomassa é considerada uma forma de desenvolvimento sustentável. As inovações tecnológicas sustentáveis também devem ter um custo acessível, para beneficiar todas as classes sociais. A questão social também se encontra inclusa no discurso dessa temática, devido à necessidade de melhorar a qualidade de vida da população, em uma tentativa de diminuir as desigualdades.
Os limites de recursos naturais devem ser respeitados, e são necessários altos investimentos em pesquisas que busquem fontes alternativas em substituição parcial, ou total. Atividades que contribuam para a extinção de espécies devem ser imediatamente interrompidas e reelaboradas, por poderem provocar um desequilíbrio no sistema ecológico. Essas novas visões e perspectivas estão sendo gradativamente postas em práticas, principalmente por países europeus; entretanto, muito ainda precisa ser realizado.
Preservação e conservação 
Esses termos, diferentemente do pensamento comum, têm significados totalmente opostos. A preservação é designada para áreas com proteção total, em que não pode ocorrer nenhuma forma de intervenção humana. Quando se trata de conservação, poderá ocorrer a exploração de forma racional, não fomentando indícios de qualquer tipo de impacto ao ambiente. O Brasil conta com legislações que garantem e delimitam áreas preservadas e conservadas, tendo como punição de descumprimento multas e/ou prisões.
O desrespeito a essas áreas, porém, é uma problemática existente e difícil de ser erradicada. As fraudes sobre as legislações ambientais, o descompromisso de empreendimentos, tentativas de subornos e trabalho exploratório e ilegal, são situações encontradas na exploração de bens naturais: em muitos casos, as áreas protegidas têm riquezas minerais, como ouro, ferro, grafeno, estanho e afins, cobiçadas por grandes empresas devido às diversas aplicações. Uma face esquecida é a riqueza da biodiversidade na fauna e flora existente nessas áreas, em alguns casos, pouco conhecidas e estudadas.
Pesquisas constantes em áreas protegidas demonstram a descoberta de novas espécies, bem como melhor compreensão das dinâmicas ecológicas. Os estudos de base (aqueles que dão margem a outras pesquisas) apontam que há muito que ser descoberto. São fatores como esses que demonstram a importância de proteção das respectivas áreas, especialmente em um contexto em que, em muitos casos, ocorre negligência para atender anseios econômicos.
Ecologia, ecossistemas e biomas 
A procura pela compreensão dos aspectos de interrelação dos seres vivos com seu ambiente é denominado ecologia. Entre seus campos de pesquisa, busca-se o entendimento dos padrões e diversidades de espécies, modificações fisiológicas ou genéticas, ciclos biogeoquímicos e afins. 
São assuntos de extrema complexidade que envolvem, em determinados casos, anos de pesquisas para obtenção de resultados.
O bioma é compreendido pela delimitação de uma região com características (climáticas, fisiológicas, geomorfológicas, entre outros aspectos) bem definidas. No território brasileiro há seis biomas: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa.
Denomina-se ecossistema a interação dos fatores bióticos e abióticos, e se propõe estudar suas respectivas influências. Esse é um conceito bastante utilizado e estudado pelos ecologistas. Contudo, os setores de tecnologia da informação também têm-se apropriado dessa terminologia.
Recentemente, o termo ecossistemas de inovação tem ganhado espaço nos debates. Seu objetivo é uma parceria sólida entre entidades governamentais, empresas e instituições universitárias, visando à construção e implementação de parques tecnológicos. Os temas que têm foco são aqueles voltados ao campo das engenharias, informática e outros que envolvem a tecnologia da informação.
Equidade social 
A busca por uma sociedade mais justa é uma das lutas ambientais atuais. A questão de justiça não deve se restringir aos aspectos do ser humano em sua relação com o meio físico, mas abranger também a relação entre seres sociais.
O termo igualdade adentra este século para realizar reparos, consertar e evitar erros relacionados à justiça social. Contudo, outro termo tem tido sua aplicação ampliada: a equidade.
Diferentemente da igualdade, que busca realizar uma avaliação, julgamento e afins e é aplicada igualitariamente a todos, a equidade busca estudar o caso, ocasionando uma restruturação de regra, mas sem perda alguma da ética e da justiça (Figura 5).
Figura 5. Exemplificação da diferença entre igualdade e equidade social. 
Fonte: Shutterstock. Acesso em: 24/08/2020.
Segurança alimentar 
Esse tema pode ser definido como a capacidade de produção e distribuição de alimentos seguros para toda a população. As políticas voltadas a mecanismos produtivos e disponibilidade de alimentos, a serem elaboradas pelas entidades governamentais, é denominada soberania alimentar.
A temática da segurança alimentar envolve diversos temas: todos aqueles voltados à disponibilidade de terra, água e fertilizantes. O contexto também está relacionado à aquisição de alimentos saudáveis para a população. Temáticas como obesidade e doenças causadas pelo consumo alimentício inadequado também são relacionadas à segurança alimentar.
Resíduos sólidos 
Esse tema é definido como qualquer tipo de material ou bem adquirido e descartado pela sociedade. Em sua maioria, os materiais podem ser reciclados e/ou reutilizados. Contudo, o descarte inadequado apresenta um dos principais problemas ambientais atuais.
No Brasil, em 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n° 12.305/10): o Ministério do Meio Ambiente (2010) aborda políticas de gestão, responsabilidade sobre o ciclo de vida, viabilização de coleta seletiva e sistema de informações sobre o gerenciamento de resíduos.
Contudo, falhas envolvendo aspectos financeiros inviabilizam um trabalho efetivo, especialmente as diversas falhas no gerenciamento de resíduos. Nossas atitudes como cidadãos são importantes, pois a separação dos resíduos ainda é algo pouco executado na sociedade.
Racismo estrutural
Vivemos em uma sociedade diversificada. Contudo, as políticas étnicas e de respeito ao próximo, em alguns casos, não são implementadas.
No histórico de desenvolvimento humano, a ascensão de um determinado grupo social e inferiorização de outro é algo ainda encontrado neste século. Essa trajetória histórica, que põe em prática uma cultura que atinge diferentes grupos sociais de forma negativa, sem respeito à ética civil, é denominada racismo estrutural.
Histórico dos debates a respeito de ética e responsabilidade social no Brasil e no mundo
· Os debates sociais sobre as responsabilidades e valores éticos ocorrem todos os dias.
As mesas redondas e eventos científicos são constantes no mundo inteiro, sendo eles responsáveis por traçar e fomentar a compreensão do hoje e promover ações que terão efeitos significativos em curto ou longo prazo. Os meios acadêmicos e as universidades são os principais polos desses debates, destacando-se as Ciências Humanas, embora não sejam exclusivas nessas mesas. 
Uma visão de aspecto mundial 
O debate sobre a reponsabilidade social tem seu principal início marcado pela Revolução Industrial no século XVIII. A situação precária de trabalho, em maioria exploratórios, fez diversos teóricos debaterem a problemática.
Entre as teorias realizadas, uma se encontra em debate até os dias atuais: Karl Marx elabora as primeiras formulações sobre o capitalismo. A corrente de pensamento de Marx era uma dura crítica à exploração exacerbada da classe operária, e, em contrapartida, aos lucros e à concentração de renda que estavam nas mãos dos grandes donos de empreendimentos. Além disso, as teorias de Marx também contemplavam questões ambientais devido aos altos níveis de poluição que se alastravam pela Europa.
As problemáticasrelacionadas ao trabalho exploratório fizeram a classe operária procurar lutar por alguma forma de garantia de direitos. Esse fator estava atrelado, também, à constante modernização fabril, que diminuiu a dependência de mão de obra e fez com que antigos artesões se tornassem desempregados. Essas perspectivas levaram os operários a lutar e a construir sindicatos, reconhecidos pelo parlamento inglês após várias lutas, que também resultaram no surgimento de movimentos grevistas.
Outro ponto está atrelado ao engajamento dos setores públicos nas temáticas ambientais. A preocupação com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida social foi peça-chave para o surgimento de encontros que buscassem propor soluções de mitigação. Reuniões que anteriormente eram realizadas para atender às preocupações com as perspectivas econômicas passaram a ser substituídas pelas pautas ambientalistas.
O movimento hippie, ocorrido nos anos 1960, também faz parte de uma importante conjuntura dos debates sociais. Iniciado com a luta contra o uso de armas nucleares, incorporou temáticas importantes em seu discurso, como o respeito à natureza, homossexualidade, preconceito racial e consumo consciente, dando margem a outros debates pouco comentados naquele período.
O Brasil no caminho da responsabilidade social
· Após o período da Ditadura Militar e constituição do Brasil como democracia, novos debates surgiram.
A elaboração da Constituição garantiu as legislações trabalhistas anteriormente reduzidas durante a ditadura. A liberdade de expressão e de imprensa é devolvida, ampliando a ascensão sobre os problemas sociais, principalmente relacionados à pobreza, existentes devido à liberdade dos pesquisadores das ciências humanas definirem seus estudos sem a ocorrência de algum tipo de retaliação.
A reforma agrária é outro importante marco, que possibilitou a distribuição e posse de terras para os pequenos agricultores. Diferentemente do que se imagina, esse grupo de trabalhadores são os principais responsáveis pelo abastecimento alimentício nacional. As grandes lavouras, as agroindústrias, têm foco na manutenção do mercado internacional, uma vez que o Brasil é um dos principais centros do agronegócio mundial.
Movimentos mundiais
Primavera Silenciosa: um embate com a Revolução Verde
A Segunda Guerra Mundial teve fim no ano de 1945 e deixou consequências graves para humanidade. 
O mundo precisava reestruturar-se fisicamente e economicamente. Além da morte de milhares de pessoas, outro grande grupo ficou sem acesso a alimentos e suprimentos de necessidades básicas. Fatores como esses impulsionaram o problema da fome existente em diversos países do mundo, mesmo anteriormente à guerra, e fizeram com que surgisse uma visão agrícola denominada Revolução Verde. Entre os períodos de 1960 e 1970, países como Estados Unidos e México procuraram implementar tecnologias que acelerassem a produção agrícola.
Por outro lado, a utilização desenfreada de pesticidas trouxe problemas ambientais. O uso de produtos químicos como fertilizantes era algo corriqueiro. Todavia, estudos de monitoramento do meio físico e saúde humana, bem como avaliações de riscos, não eram realizados com frequência, e não existiam protocolos seguros de utilização e afins. Estudos que fossem contra e apresentassem divergências de pensamentos eram duramente criticados: um deles realizado por Rachel Carson em 1962, denominado Primavera silenciosa.
A obra, que buscava explicar os impactos da utilização inadequada de pesticidas no desenvolvimento vegetal, biodiversidade de espécies e saúde humana, foi considerada livro célebre pelo movimento ambientalista moderno. Mesmo sendo duramente criticado na época, ele demonstrou com clareza os impactos desse modelo de produção e foi crucial para o processo de mudança, que, obviamente, não foi rápido. Atualmente, o avanço científico possibilita o desenvolvimento de novas perspectivas e tecnologias no campo agrícola, com níveis mais baixos de impactos ambientais.
Conferência de Estocolmo 
O fim da Segunda Guerra também ocasionou outras preocupações ambientais. O relatório produzido pelo Clube de Roma em 1972 apontou um problema de crescimento rápido da população e que os recursos naturais não conseguiriam suprir as necessidades. 
Naquele mesmo ano, a ONU decidiu realizar a primeira reunião com chefes de Estado que procurassem tratar dos problemas ambientais, denominada Conferência Mundial do Homem e do Meio Ambiente, popularmente conhecida como Conferência de Estocolmo (Figura 6). 
Figura 6. Notícia de jornal brasileiro sobre a Conferência de Estocolmo. 
Fonte: FEITOSA, 2018.
Problemas como catástrofes naturais, mudanças climáticas, possível escassez de recursos naturais e modificações econômicas e sociais foram debatidas no encontro, que resultou na Declaração das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, também denominada Declaração de Estocolmo, que promovia ações ambientais. A importância dessa reunião é pautada por ser a primeira vez que as entidades governamentais se preocuparam, oficialmente, com os aspectos ambientais. 
A criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) 
As mudanças globais do clima despertaram grande interesse das instituições governamentais e seus respectivos gestores, o que culminou na criação do IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change, em 1988.
A intenção do Painel é voltada à junção e difusão de dados relacionados a mudanças climáticas, com a proposta de conhecimento sobre seus aspectos fundamentais, formas de solução e efeitos na sociedade (pessoas e questões econômicas).
Protocolo de Quioto 
Os relatórios de IPCC foram fundamentais para, em 1997, ser construído o Protocolo de Quioto. A entrada em vigor do Protocolo, porém, foi realizada apenas no ano de 2005.
Sua finalidade tem um significado importante para a manutenção da vida no planeta, pois o intuito foi o estabelecimento do controle na emissão de gases do efeito estufa (GEE) pelas atividades industriais na atmosfera.
Os países assinaram um compromisso para diminuição das emissões de CO2, e o protocolo também deu margem para o surgimento do termo créditos de carbono, em que uma tonelada de dióxido de carbono geraria um crédito em forma de certificado. Essas certificações poderiam ser negociadas no mercado internacional.
Eco 92 e Rio + 20 
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, popularmente conhecida como Eco 92, foi uma das principais reuniões mundiais a tratar dos temas ambientais, com um significativo envolvimento de diversos países (176) de todo o planeta.
Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a conferência procurava definir um plano de ação para o desenvolvimento sustentável, e tornou-se o início da ascensão global das discussões sobre os problemas ambientais, tendo como foco a busca por alternativas de solução (Figura 7). Assim como o relatório do IPCC, a Eco 92 foi fundamental para elaboração do Protocolo de Quioto.
Rio de Janeiro 3-14 de junho de 1992
Figura 7. Registro do encerramento da Eco 92.
Fonte: ROZARIO, 1992.
A Rio+20, por sua vez, foi realizada 20 anos depois e teve por objetivo a reafirmação dos compromissos adotados na Eco 92. A conferência também teve como foco a observação e discussão de problemas ainda existentes e buscou formas de soluções futuras. Um grande diferencial do encontro foi a intensificação dos debates voltados à implementação da economia verde.
Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável 
Esse importante evento ocorreu na cidade de Nova York, Estados Unidos, com o objetivo de direcionar o planejamento para o desenvolvimento sustentável até o ano de 2030. Foram traçados 17 objetivos, denominados ODS (Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável), como demonstra a Figura 8. No encontro, também foram discutidas as ações propostas durante a Rio +20.
Figura 8. Os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável na Agenda 2030. Fonte: ONU Brasil, 2015.
Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável 
Esse importante evento ocorreu na cidade de NovaYork, Estados Unidos, com o objetivo de direcionar o planejamento para o desenvolvimento sustentável até o ano de 2030. Foram traçados 17 objetivos, denominados ODS (Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável), como demonstra a Figura 8. No encontro, também foram discutidas as ações propostas durante a Rio +20.
Marcos históricos da educação ambiental no Brasil
O primeiro registro da institucionalização da educação ambiental no Brasil ocorreu em 1973, com a criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente(SEMA). A SEMA pode ser considerada o início do processo de conscientização da sociedade brasileira sobre a necessidade de preservação do meio ambiente para a manutenção e melhoria da qualidade de vida. 
Com a instituição da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) pela Lei Federal n. 6.938/81, foram explicitados conceitos relacionados à conscientização ambiental e à promoção da educação ambiental em diferentes níveis de ensino e setores da sociedade (art. 2°, caput, X). Assim, podemos considerar que a PNMA foi o primeiro marco da educação ambiental formal no País.
Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: [...]X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
BRASIL, 1981, n.p.
Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: [...]X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
BRASIL, 1981, n.p.
A Constituição do Brasil de 1988 reforça a consolidação da EA no País ao definir, no artigo 225, o direito de todos ao acesso de um ambiente ecologicamente equilibrado e, em seu inciso VI, a necessidade de promoção da EA, ao menos no contexto educacional ou formal:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: [...]VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.
BRASIL, 1988, n.p.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: [...]VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.
BRASIL, 1988, n.p.
Note que temos em nossa Constituição Federal, portanto, explicitamente a definição de que a promoção da educação ambiental deve ser responsabilidade do poder público. Porém, vale observar que a obrigatoriedade do Estado em estabelecer as bases da EA no contexto formal não dispensa a participação social no processo de conservação e proteção ambiental.
A Conferência, Earth Summit, ou Eco-92, possibilitou a adoção do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Já a Agenda21 reforça a perspectiva de atribuição de poder aos grupos comunitários e, com o apoio do Ministério da Educação na Rio-92, foi produzida a Carta Brasileira para Educação Ambiental, que, entre outras coisas, reconhece ser a educação ambiental um dos instrumentos para viabilizar a sustentabilidade como estratégia de sobrevivência do planeta e da manutenção da vida humana. Infelizmente, a Carta já admitia a existência da lentidão de produção de conhecimentos e a falta de comprometimento dos gestores públicos em relação à fiscalização da legislação de um modelo educacional que não resolve as reais necessidades do País.
DICA
A Agenda 21, definida pela ONU na Eco-92, reafirma, dentre outros princípios básicos, a reorientação da educação a um desenvolvimento ambientalmente sustentável e o aprofundamento da conscientização pública. Em consonância com esta, em 2015 criou-se a Agenda 2030, um plano de reafirmação das metas estabelecidas em 1992 que também dá continuidade aos esforços das agora 192 nações que fazem parte do tratado. 
Posteriormente, a Lei n. 9.795/1999 instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental no País. Em uma análise inicial, podemos perceber que a PNEA é resultado de inúmeras ideias debatidas em diversos eventos nacionais e internacionais a cerca das questões ambientais. Em especial, pode ser percebida em seu texto a adoção de conceitos apresentados pela Carta de Belgrado. Assim, a determinação da responsabilidade do poder público se dá de forma concorrente (nas esferas de poder federal, estadual e municipal), também com o intuito de incentivar a ampla participação das organizações não governamentais (ONGs) e de toda a sociedade na elaboração e execução de programas de educação ambiental.
Figura 1. Linha do tempo simplificada dos principais eventos relacionados à EA no contexto brasileiro.
Ressalta-se que, na prática, não há uma ocorrência que seja mais importante, sendo todas as ações e todos os projetos necessários para que seja possível atingir os objetivos coletivos com o desenvolvimento da consciência ambiental a partir da criticidade dos cidadãos. No próximo tópico, analisaremos alguns dos principais conceitos da educação ambiental.
Base conceitual da educação ambiental
Primeiramente, para definir as bases conceituais da educação ambiental, é necessário ressaltar que ao longo do aprimoramento dessa ferramenta percebeu-se que o público a ser considerado, na realidade, é toda a sociedade. Assim, enfatizamos que a EA é considerada formal quando aplicada em qualquer nível da educação formal (estudantes, professores e funcionários de escolas, universidades e institutos). Adicionalmente, a educação não formal engloba campanhas, projetos e outras atividades práticas que envolvem diferentes grupos populacionais(trabalhadores, gestores públicos e agricultores, por exemplo).Assim, a PNEA definiu a educação ambiental e destacou a importância do desenvolvimento de práticas educativas voltadas à sensibilização e à organização da coletividade sobre questões ambientais. No art. 1º da PNEA, a definição de educação ambiental é apresentada:
Art 1º. Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
BRASIL,1999, n.p.
Art 1º. Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
BRASIL,1999, n.p.
No art. 2º, a PNEA complementa que a educação ambiental é “um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, deforma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal” (BRASIL, 1999, n.p.). Por fim, a PNEA define como princípios básicos da EA:
Art. 4º São princípios básicos da educação ambiental:
I - o enfoque humanista, holístico,democrático e participativo;
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectivada inter, multi e transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais;
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.
BRASIL, 1999, n.p.
Art. 4º São princípios básicos da educação ambiental:
I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectivada inter, multi e transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais;
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.
BRASIL, 1999, n.p.
Assim, a Lei n. 9.795/1999 instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental(PNEA), apresentando conceitos e definições. Desta forma, podemos sintetizar que o público-alvo da EA são tanto os integrantes da educação formal quanto os da não formal. Ressalta-se que os objetivos de ensino em ambientes formais são construir conhecimento científico e desenvolver a relação dos alunos coma natureza por meio de pedagogias de aprendizagem ativa, como trabalho decampo e experiências ao ar livre (PARRA et al., 2020).
Assim, mais do que se informar sobre processos que envolvem nossa vida socioeconômica, é necessário priorizar o desenvolvimento da EA como ferramenta de participação social e crítica. No Quadro 1, há uma síntese das principais diferenças entre educação ambiental e informação ambiental.
Observe que a informação ambiental deve possuir qualidade e não ser tendenciosa em sua transmissão; mas é a EA que define como essencial o aumento da consciência pública ambiental a partir de ensinamentos contínuos de pensamento crítico, reforçando as habilidades individuais e a análise de fatos utilizando o raciocínio lógico.
Outra distinção que cabe em uma breve análise é acerca da educação de forma mais ampla e sua comparação com a EA. É consenso que a educação, além de instruir, já traz em si o conceito de propiciar o desenvolvimento da capacidade crítica e o senso de responsabilidade. Paulo Freire, em sua obra Pedagogia do Oprimido, enfatiza que a educação é um processo complexo de conscientização coletiva. Hoje, compreendemos que a educação ambiental faz parte desse processo.
De fato, podemos considerar que ambientalismo não é uma opção, mas uma responsabilidade e um aspecto fundamental para a construção de uma sociedade coesa e que respeita as leis de proteção do ambiente que ocupa (SAYLAN;BLUMSTEIN, 2011). Isso se refere às responsabilidades de proteção ambiental, mas também em compreender minimamente como os ciclos ocorrem: na extração de recursos naturais, na geração de resíduos, na produção agrária e/ou industrial, entre outros. 
Tendo em vista o desenvolvimento necessário para sociedades mais sustentáveis, os cidadãos precisam ser apoiados e ensinados a superar quaisquer lacunas ou desafios importantes para integrar esta sociedade sustentável (PARRA et al., 2020). Assim, a educação ambiental se concentra na promoção do conhecimento ambiental e no aprimoramento de atitudes e valores ecologicamente corretos, bem como na conquista da cidadania e das habilidades cognitivas de alto nível necessárias para promover um estilo de vida ecologicamente correto. 
A educação para a cidadania ambiental deve auxiliar os alunos a compreenderem a complexidade dos sistemas socioecológicos e a identificar as causas estruturais da degradação ambiental. Com isso em mente, a educação para a cidadania ambiental amplia a perspectiva do aspecto local para o global e enfatiza as interrelações e interdependências. Além disso, a aprendizagem da sustentabilidade é um conceito multinível que ocorre tanto no nível individual quanto no nível dos agregados sociais, grupos, organizações e a sociedade como um todo(PARRA et al., 2020). 
O conhecimento de como mudar democraticamente uma sociedade e os efeitos da justiça social dessas mudanças local e globalmente não foram, pelo menos no início, suficientemente enfatizados na educação para a sustentabilidade, posto que suas raízes estão na educação ambiental e possuem foco mais estreito na proteção ambiental e conservação de recursos (PARRA et al., 2020).
DICA
Você sabe o que significa uma educação ambiental crítica? Para compreender melhor o processo emancipatório da educação sobre o qual a EA vem sendo discutida e desenvolvida, sugerimos a leitura dos seguintes textos: “Educação ambiental crítica: nomes e endereçamentos da educação”, escrito por Isabel Cristina de Moura Carvalho, e “Educação ambiental crítica”, estruturado por Mauro Guimarães.
A política nacional brasileira para a educação ambiental
O termo educação ambiental (EA) é muito utilizado, apesar de muitas pessoas não saberem sua definição. Assim, algumas distorções podem ocorrer, e a prática da EA pode ser prejudicada. Nesse sentido, Silva Junior et al. (2018, n. p.)destacam que a democratização e a divulgação das formas que temos para interagir com o meio ambiente de maneira responsável ainda é muito frágil, em uma sociedade que não exerce, no cotidiano, hábitos que favorecem o fortalecimento da temática em questão.
Dessa forma, começamos esse tópico destacando que uma maior preocupação com o meio ambiente é necessária, bem como o reconhecimento do papel crucial da educação para melhorar a relação do ser humano com o meio. Para isso, é preciso que haja em todas as bases da sociedade ferramentas para traçar diretrizes para o surgimento de mais iniciativas de conscientização ambiental. A escola é um espaço em que os estudantes podem se tornar pessoas mais atentas quanto à importância da conservação e restauração do meio ambiente, fomentando a proteção também da biodiversidade, de um modo geral (SILVAJUNIOR et al., 2018).
A educação é um processo contínuo, de elevada relevância e, por isso, se fazem necessários planejamentos complexos para que possamos obter resultados satisfatórios, colaborando para as reflexões de ensino e aprendizagem que ultrapassem as salas de aula. Cada vez mais, precisamos de nos formar como cidadãos, críticos e responsáveis pela preservação dos recursos naturais.
educação ambiental não deve ser entendida como um tipo especial de educação, mas como uma série de etapas contínuas ao longo processo de aprendizagem, em que coexiste a filosofia da contribuição participativa em que todos (família, escola e comunidade) devem estar envolvidos (SILVA JUNIOR et al., 2018).Por esse motivo, a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) brasileira visou traçar diretrizes não apenas para a EA formal, que ocorre nas escolas, mas também para a EA não formal, englobando a diversidade de atores sociais e a importância de todos construirmos coletivamente uma preocupação que paute as ações e decisões regionais e nacionais.
Educação ambiental formal
Uma questão importante dentro do sistema educacional superior é propiciara especialização na área de formação e também em áreas científicas semelhante sou relacionadas. A relevância se dá, justamente, pelas conexões interdisciplinares e pela transferência teórico-conceitual decorrente de novos resultados científicos. Nesse contexto, é importante que cada país expliciteem sua política de educação ambiental a importância de toda a sociedade para a conservação ambiental e os possíveis papéis das mais diversas áreas de formação técnica nessa conservação.
Assim, os atores socioeducativos envolvidos nas atividades de EA devem assumiras ações em termos de aumento do conhecimento científico, e também possibilitara existência e qualidade de vida das próximas gerações. Desse modo, ao nível da consciência humana, é visível um peso científico-axiológico, segundo o qual são estabelecidas conexões entre diferentes níveis de realidade (COSTEL, 2015).
Para tanto, Costel (2015, n. p.) explicita que para se tornar pragmático um sistema social deve ser construído, antes de mais nada, sobre a educação espontânea. Em segundo lugar, acreditamos que uma perspectiva de política social efetiva envolve uma abordagem específica sobre a educação ambiental. Portanto, as correspondências sociais e metodológicas transpõem em plano operacional às finalidades inscritas na diligência educacional.
Nas últimas duas décadas, no entanto, inúmeras pessoas ao redor do mundo se preocuparam (e continuam se preocupando) com as questões interligadas demeio ambiente e desenvolvimento ambientalmente sustentável. Desta forma, temos nos tornado cada vez mais conscientes da necessidade de mudanças nas escolhas de hábitos e nos padrões nacionais e globais de desenvolvimento, consumo e comércio.
Portanto, poderíamos considerar um erro pensar que apenas a educação ambiental nas escolas seria suficiente para a transição para a sustentabilidade, amenos que grandes reformas educacionais pudessem ser implementadas e que projetos em consonância com outros setores da sociedade fossem executados. 
Nesse momento, destacamos que a educação ambiental está prevista na Constituição Federal, em seu artigo 225º (Inciso VI), que estabelece que é dever do Estado e de todos de “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino, e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”(BRASIL, 1988). A Política Nacional de Educação Ambiental, instituída pela Lei n.9.795, em seu artigo 3º, determina que, como parte de um processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental, incumbindo:
I - Ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; II - Às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem; III - Aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; IV - Aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação; V- Às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo nomeio ambiente; VI - À sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais.
(BRASIL, 1999)
I - Ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; II - Às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem; III - Aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; IV - Aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação; V- Às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo nomeio ambiente; VI - À sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais.
(BRASIL, 1999)
Assim, percebemos que a EA é uma questão que precisa ser incentivada e fomentada simultaneamente pelo Estado e por muitos outros setores da sociedade. Em seu artigo 4º (Inciso VII), a PNEA valoriza a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais e nacionais. Enquanto isso, em seu artigo 8º (Incisos IV e V) há um evidente incentivo à busca de alternativas curriculares e metodológicas na capacitação da área ambiental e as iniciativas e experiências locais e regionais, incluindo a produção de material educativo com o contexto social em questão (BRASIL, 1999).
Em seu artigo 9º, a PNEA também define que se entende por educação ambiental, na educação escolar, aquela que é desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando (BRASIL, 1999):
I. Educação básica:
a. Educação infantil;
b. Ensino fundamental;
c. Ensino médio.
II. Educação superior;
III. Educação especial;
IV. Educação profissional;
V. Educação de jovens e adultos.
Vale destacar que devido ao próprio dinamismo da sociedade, o despertar para a questão ambiental no processo educativo deve começar desde a infância(SOUZA et al., 2018).
Ainda que a EA seja prevista em toda a idade escolar e a PNEA tenha sido instituída em 1999, atualmente, os educadores ainda encontram dificuldades e desafios para implementar a educação ambiental no cotidiano escolar. Por isso, mantém-se a discussão sobre a maneira que a temática ambiental vem sendo trabalhada pelos professores que a desenvolvem nas escolas.
Quando pensamos na educação ambiental, devemos inserir atividades práticas em todos os níveis da educação formal e informal, de modo que trabalhemos as aplicações de EA diariamente. Isso é uma proposição fundamental, pois colabora para que haja envolvimento dos educandos em questões sobreas problemáticas do meio ambiente, e propicia um sentimento importante de pertencimento e transformação, em que cada um tem responsabilidades e pode colaborar para a construção de um mundo melhor.
De maneira geral, a escola pode ser um dos locais mais propícios para a realização de iniciativas de educação ambiental, por propiciar a inovação de costumes que não se limitam apenas aos conceitos ambientais, podendo ainda englobar questões culturais e sociais. Acredita-se que, assim, poderíamos alcançar um resultado mais efetivo e promissor diante das situações vivenciadas no contexto socioambiental, e que englobam o descarte do lixo de forma incorreta, os impactos ambientais e biodiversidade e, também, o tipo de interação ecológica que há nas relações humanas com a natureza.
No artigo 10º da PNEA, se especifica que a educação ambiental deve ser desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente, em todos os níveis e modalidades do ensino formal:
§ 1º A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino; § 2º Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica; § 3º Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, emtodos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas .
(BRASIL, 1999)
§ 1º A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino; § 2º Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica; § 3º Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas .
(BRASIL, 1999)
Nesse sentido, sabendo que a educação ambiental é um processo permanente e contínuo, não deveríamos limitá-la ao espaço escolar, pois é importante tê-la como hábito no ensino do educando (SOUZA et al.,2018). Assim, podemos entender que a EA formal continuará a ser aprimorada com a incorporação de novos significados sociais e científicos em relação ao meio ambiente e às dinâmicas que possuímos com o local que ocupamos. Justamente devido a esse dinamismo da sociedade, a questão ambiental no processo educativo deveria começar na infância, corroborando para a formação de gerações mais conscientes e preocupadas com pautas ambientais, tais como a proteção da biodiversidade e o enfrentamento das mudanças climáticas.
Ficou especificado que a dimensão ambiental precisa constar nos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas. Além disso, “os professores em atividade devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental”(BRASIL, 1999).
Souza et al. (2018, n. p.) destacam a dúvida de como a EA está sendo conduzida no ensino da educação ambiental no cotidiano da sala de aula. A abrangência das atividades dos docentes engloba a participação e gestão dos sistemas de ensino. Dessa forma, os professores podem incluir escolhas metodológicas distintas, visando fomentar pontos de análise e valorização da consciência da diversidade, respeitando as diferenças ecológicas, étnico-raciais, de classes sociais, de necessidades especiais e de gênero. As diretrizes de ensino de EA são muito diversificadas e podem servir como ferramenta, aproximando conceitos complexos das comunidades de atuação.
Em seu trabalho de análise, Silva e Almeida (2018, n. p.) notaram que os principais desafios das ações práticas de EA nas escolas estão vinculados a questões de: espaço da escola, número de estudantes e de professores com disposição para passar por processos de formação continuada na área em questão, participação e dedicação da direção da escola, melhor participação do governo estadual, dentre muitos outros problemas. Com isso, algumas barreiras poderiam surgir, limitando as práticas de EA e tornando as atividades pontuais.
Em contextos em que a prática de EA ainda não ocorre de forma contínua, uma alternativa é proceder visitas em centros especializados que possam instruir educandos e educadores e mostrar um caminho a ser percorrido. Nesse contexto, há no Brasil um tipo especial de centro de educação ambiental, relacionado com as fazendas e florestas. A Escola da Floresta é um exemplo desses centros. Nela, há variedade de possibilidades a serem explorados por pessoas de todas as idades. A Figura 2 mostra a realização de uma trilha dos sentidos com crianças de uma escola em visita. Note que atividades como essa podem ser adaptadas à realidade de muitas escolas brasileiras.
Figura 2. Realização da trilha de sentidos, para aumentar a percepção do ambiente em que ocupamos e a busca pela reconexão com a natureza.
Fonte: Escola da Floresta. Acesso em: 17/05/2021.
Uma das maiores dificuldades para que o currículo escolar possa abranger a EA de forma habitual e com a profundidade de discussão que se desejaria, pode ser uma consequência do modelo adotado pelo nosso sistema escolar. As atuais preocupações da educação se concentram em notas, desempenho, competição, esforço individual, sucesso pessoal e padrões hierárquicos de relacionamentos pessoais. O ensino de EA deve ser pensado de forma coletiva, emancipatória, crítica e transversal a muitas diferentes áreas de aprendizagem.
Apesar de tais observações fazerem parte de muitas realidades, Souza et al.(2018, n. p.) afirmam que, nos últimos anos, foi possível observar uma expansão da educação ambiental no ensino formal das escolas brasileiras. Em contraste a essas pontuações, Silva e Almeida (2018, n. p.) destacam que, de modo geral, professores de todas as modalidades de ensino, na maioria das vezes, não possuem orientação e nem material para esse trabalho de construção da EA.
Mesmo que essa temática tenha se tornado uma realidade no ensino formal em muitas localidades do Brasil, sabe-se das dificuldades e desafios que a educação ambiental ainda tem que enfrentar no cotidiano escolar e na heterogeneidade de oportunidade entre nossas cidades. Silva e Almeida (2018, n. p.) destacam que a temática ambiental dificilmente está presente nos cursos deformação dos professores, uma vez que os cursos de formação continuada, geralmente, são destinados aos professores de ensino fundamental e médio, bem como os materiais produzidos e disponibilizados.
No âmbito da aplicação da EA nas escolas, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), sancionada em 1997, já delineava a educação ambiental como tema transversal. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Biologia, por exemplo, explicitam que a EA precisa de ser trabalhada de forma interdisciplinar e em consonância com o contexto social e econômico.
Para que sejam realizados trabalhos de qualidade em EA, se faz necessário um comprometimento dos sistemas governamentais e das políticas públicas direcionadas à temática ambiental, proporcionando aos professores uma formação adequada para o desenvolvimento de projetos, com a qualificação para o trabalho em consonância à PNEA. Contudo, em alguns casos, tal política não está presente e, muitas vezes, cabe ao professor buscar uma formação continuada, de maneira independente, dispondo de seus próprios recursos (SILVA; ALMEIDA, 2018).
De forma complementar, analisou-se que rodas de educação, escuta e narrativas ficcionais são destacadas como traços e atividades fundamentais para os processos de formação de professores que estão se tornando educadores ambientais(GALIAZZI et al., 2018). Galiazzi et al. (2018, n. p.) explicam que os professores de uma comunidade de aprendizagem organizada em rodas de educação e comprometidos com os princípios do diálogo, da escuta, do compartilhamento de saberes e ações podem se tornar educadores ambientais experientes em processos educativos em que as relações de saber são processos horizontais e contínuos. Como educadores e professores ambientais, eles podem ensinar o valor de ouvir e aceitar diferentes pontos de vista.
Sendo assim, diante das adversidades e situações locais enfrentadas, as práticas pedagógicas cotidianas como a aplicação de projetos de educação ambiental, envolvendo as escolas, os educandos, suas famílias e entorno, poderão figurar como local de reflexão. Essa reflexão pode ser mais efetiva se focada na construção coletiva de alternativas e, diante das necessidades observadas em cada realidade, propiciar que intervenções socioambientais possam ser propostas. A construção fora dos ambientes escolares, por sua vez, se refere à educação ambiental não formal, que estudaremos no próximo tópico.
Um exemplo muito comum de prática de educação ambiental no Brasil são as hortas escolares. Devemos valorizar tais ações e observar que os ensinos vão além das práticas de EA formal. Em muitos contextos, a horta da escola possibilita uma interação da comunidade do entorno, fomentando a coletividade das ações realizadas.
Educação ambiental não formal
Silva Junior et al. (2018, n. p.) definem que a educação ambiental é um campo de conhecimento que se encontraem construção e gera desenvolvimentos à medida que tenhamos a prática cotidiana dos envolvidos nesse processo. O engajamento público significativo e a responsabilidade exigem um entendimento comum do que esperar e demandar das partes envolvidas nos projetos de educação ambiental.
A Conferência de Tbilisi (1977), dentre seus princípios básicos, já considerava que a educação ambiental deve ser um processo contínuo e permanente, começando pelo pré-escolar e continuando ao longo de todas as fases do ensino formal e não-formal, com aplicação interdisciplinar, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada.
Curiosamente, as perspectivas dos praticantes e dos participantes sobre os resultados da educação ambiental são pouco estudadas, particularmente por que uma compreensão das aspirações dos participantes para a educação ambiental é complexa, apesar de essencial, para garantir que ela atenda às suas necessidades e que eles continuem se engajando. É particularmente importante compreender os benefícios que os participantes de projetos não formais de educação ambiental podem obter com a participação nos projetos (WEST, 2015).
No contexto da educação ambiental não formal, há linhas de ações destinadas ao planejamento, gestão, monitoramento e avaliação de programas e políticas ambientais nas três esferas de governo, em sintonia com os setores sociais. Esse sistema fortalece o diálogo da escola com a comunidade e movimentos sociais (BADR et al., 2017).
A PNEA, em seu artigo 13º, definiu a educação ambiental não formal como sendo as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. Nesse sentido, o Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:
I - A difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente; 
II - A ampla participação da escola, da universidade e de organizações não-governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não-formal; 
III - A participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-governamentais; 
IV - A sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação; 
V - A sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação;
 VI - A sensibilização ambiental dos agricultores; 
VII - O ecoturismo.
(BRASIL, 1999)
I - A difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente; II - A ampla participação da escola, da universidade e de organizações não-governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não-formal; III - A participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-governamentais; IV - A sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação; V - A sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação; VI - A sensibilização ambiental dos agricultores; VII - O ecoturismo.
(BRASIL, 1999)
Este aspecto não formal da EA é de extrema relevância para que os diferentes atores da sociedade possam construir inúmeras práticas colaborativas em formato de projetos e programas, aprimorando as abordagens pautadas em políticas públicas, mas também com parcerias com setores não-governamentais, como empresas e ONGS.
Conceitos e Objetivos da Educação Ambiental
A educação ambiental é um campo multidisciplinar que integra diversos ramos de estudo, como química, física, ciências humanas, ciências médicas, ciências biológicas, agricultura, saúde pública e engenharia sanitária. Dessa maneira, a EA coloca em pauta a importância da proteção e conservação do meio ambiente.
O fato de a sociedade ter falhado em aceitar sua responsabilidade socioambiental resultou no ato de nos colocarmos no centro de nossas relações, afastando-nos do meio natural do qual fazemos parte e acreditando que devemos dominar nosso ambiente. Infelizmente, a situação em que nos encontramos atualmente, pautada pelo conceito de que o ser humano pode controlar o meio ambiente sem respeitar ciclos naturais, está na raiz de grande parte do que é ensinado nas escolas.
A criação de educandos ambientalmente conscientes em uma sociedade que não reconhece a gravidade dos problemas ambientais que enfrenta provavelmente não terá muito impacto sobre esses problemas (SAYLAN; BLUMSTEIN,2011). Isso porque existe uma desconexão fundamental entre o que aprendemos na escola e como nos comportamos em nosso meio social, pelo menos no que diz respeito à educação ambiental. Embora essas variações possuam difícil medição, essa desconexão é facilmente percebida e precisa ser encarada como uma necessidade a ser superada. Fazer isso exige resiliência, criatividade, sensibilidade e esforço de todas as classes sociais e econômicas.
Não é errado pensarmos a EA como uma adjetivação da educação, uma vez que tornar esta última apta à educação ambiental é uma necessidade de nosso presente, e isso se justifica devido ao fato de a EA enfatizar aspectos da educação que muitas vezes foram e são marginalizados, mal interpretados e podem causar uma diversidade de impactos em muitas esferas da sociedade.
Os componentes principais da educação ambiental são:
I) Conscientização e sensibilidade em relação aos desafios ambientais; 
II) Compreensão das dinâmicas relacionadas ao meio ambiente; 
III) Atitudes de preocupação e motivação para melhorar ou manter a qualidade ambiental;
IV) Habilidades para identificar e ajudara resolver problemas; 
V) Participação em atividades para resoluções coletivas.
Nesse contexto, a Resolução n. 422/2010 estabeleceu “diretrizes para conteúdos e procedimentos em ações, projetos, campanhas e programas de informação, comunicação e educação ambiental no âmbito da educação formal e não-formal, realizadas por instituições públicas, privadas e da sociedade civil”(CONAMA, 2012, p. 1088).
CURIOSIDADE
A educação para a cidadania ambiental é definida como o tipo de educação que cultiva aptidões, valores, atitudes e competências necessárias que um cidadão deve possuir para ser capaz de agir e participar da sociedade como agente de mudança em escala local, nacional e global (HADJICHAMBIS;REIS, 2020). Essa abordagem é importante para capacitar os cidadãos a praticarem seus direitos e deveres ambientais, bem como para identificaras causas estruturais subjacentes aos problemas ambientais, levando em consideração a justiça inter e intrageracional (ENEC, 2018a).
Um dos objetivos da EA é que a sociedade compreenda a relação de interdependência entre os ecossistemas naturais e as interações sociais humanas. Assim, podemos adquirir conhecimento à medida que desenvolvemos competências para conservar e preservar o meio ambiente. Diante disso, torna-se imprescindível que os atuais padrões de conduta individual sejam alterados e modificados para outros mais coletivos e ambientalmente adequados. Dessa forma, é possível destacar que são objetivos específicos da educação ambiental:
Conhecimento acerca das diferentes questões ambientais
Compreendera multiplicidade de interações ambientais e sociais entre os elementos que compõem tais sistemas;
Desenvolvimento da conscientização ambiental
Prover ferramentas para que os grupos sociais compreendam diferentes problemas, sensibilizando-os para que atuem na resolução dessas questões;
Ampliação das habilidades socioambientais
Desenvolver valores sociais para que haja fortalecimento da motivação relacionada à conservação do meio ambiente, bem como à recuperação de áreas já afetadas por impactos negativos devido a atividades antrópicas;

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