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EDUCAÇÃO AMBIENTAL PROFESSORA Dra. Paula Gabriela da Costa ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3591 EXPEDIENTE C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. COSTA, Paula Gabriela. Educação Ambiental. Paula Gabriela da Costa. Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. 152 p. “Graduação - EaD”. 1. Educação Ambiental 2. Meio Ambiente 3. Sustentabilidade. EaD. I. Título. FICHA CATALOGRÁFICA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Coordenador(a) de Conteúdo Gustavo Affonso Pisano Mateus Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli, Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Editoração Matheus Silva de Souza Design Educacional Jociane Karise Benedett Revisão Textual Nágela Neves da Costa Fotos Shutterstock CDD - 22 ed. 304.2 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-288-2 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Head de Produção de Conteúdo Franklin Portela Correia Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Supervisora de Produção de Conteúdo Daniele C. Correia Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi BOAS-VINDAS Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra- balhamos com princípios éticos e profissiona- lismo, não somente para oferecer educação de qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- versão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis- sional, emocional e espiritual. Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais (Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Por ano, pro- duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe- cidos pelo MEC como uma instituição de exce- lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos e estamos entre os 10 maiores grupos educa- cionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos edu- cadores soluções inteligentes para as neces- sidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter, pelo menos, três virtudes: inovação, coragem e compromis- so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ati- vas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Reitor Wilson de Matos Silva Tudo isso para honrarmos a nossa mis- são, que é promover a educação de qua- lidade nas diferentes áreas do conheci- mento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A Dra. Paula Gabriela da Costa Doutora e mestre em Biologia das Interações Orgânicas pelo programa de Pós-Gra- duação em Biologia Comparada da Universidade Estadual de Maringá. Graduada em Ciências Biológicas, também, pela Universidade Estadual de Maringá. Tem experiên- cia na área de etnoecologia, com ênfase em etnoictiologia. É membro do Grupo de Estudos em Ensino de Ciências da UEM (GEECUEM). http://lattes.cnpq.br/0611661904970266 A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A EDUCAÇÃO AMBIENTAL Seja bem-vindo(a)! Este material foi preparado com todo carinho. Nossa intenção foi apresen- tar a você, caro(a) aluno(a), os princípios da educação ambiental bem como demonstrar, com exemplos práticos, como ela pode se fazer presente em seu cotidiano. Quando nos referimos à educação ambiental, devemos entender, primeiramente, que essa tem como objetivo a formação de cidadãos críticos, permitindo que eles compreendam que aspectos econômicos, políticos e sociais estão, diretamente, relacionados ao cuidado com o meio ambiente. Para nos auxiliar neste processo de entendimento, abordaremos desde a contextualização histórica da educação ambiental até sua aplicação, para que você, como futuro(a) profissional, possa compreender a grandiosidade desta temática. Neste sentido, o conteúdo foi dividido em cinco unidades. A Unidade 1 apresenta a contextualização da educação ambiental, mediante as relações do homem com o meio ambiente; aborda a interferência das atividades agrícolas na qualidade ambiental, as relações entre a revolução industrial e o desenvolvimento tecnológico nas mu- danças econômicas, sociais e ambientais bem como os marcos ambientais que fundamentam o conceito de desenvolvimento sustentável. A Unidade 2 tem o objetivo de apresentar o cenário no qual se fundamentou a educação ambiental. Deste modo, apresenta seu contexto histórico, no mundo e no Brasil, as leis e documentos que as regem bem como os tipos de educação ambiental. A Unidade 3 aborda a relação dos documentos da educação básica e a temática ambiental; traz a definição do conceito de interdisciplinaridade e expressa sua importância na educação ambiental; apresenta os Parâmetros Curriculares Nacionais, as Diretrizes Curriculares Nacio- nais e a Base Nacional Comum Curricular bem como exemplos de estratégias de educação ambiental nas escolas. D A D I S C I P L I N AA P R E S E N TA Ç Ã O A Unidade 4 demonstra o contexto no qual teve início a inserção da dimensão ambiental nas empresas, a necessidade de organização do sistema de gestão ambiental e a importância do desenvolvimento de estratégias de educação ambiental, nos diversos setores. Isto posto, aborda a evolução do pensamento ambiental e a importância de inserir o contexto ambiental no cotidiano das empresas. A Unidade 5 aborda a importância de se trabalhar a educação ambiental a fim de possibilitar a compreensão dos indivíduos sobre seus princípios e, com isto, estimular a reflexão sobre práticas eficazes a serem implementadas. Assim, apresenta as identidades, perspectivas e a atual situação da educação ambiental bem como a discussão sobre a ética ambiental e os desafios para o futuro. Em síntese, este material busca fazer com que você, futuro(a) profissional, incorpore a verda- deira essência da educação ambiental para que possa, por meio de suas práticas e vivências, disseminar este saber, cada vez mais, necessário, no mundo em que vivemos. ÍCONES Sabe aquele termo ou aquela palavra que você não conhece? Este ele- mento ajudará você a conceituá-lo(a) melhor da maneira mais simples. conceituando No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. quadro-resumo Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. explorando ideias Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento! pensando juntos Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes on-line e aprenderá de maneira interativa usando a tecno- logia a seu favor. conecte-se Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experiencepara ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicati- vo está disponível nas plataformas: Google Play App Store CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 04 FECHAMENTO A RELAÇÃO HOMEM VERSUS MEIO AMBIENTE 10 INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO AMBIENTAL 36 69 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO 94 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS 120 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 142 CONCLUSÃO GERAL 1 A RELAÇÃO HOMEM VERSUS MEIO AMBIENTE PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • O homem como sujeito da ação • O desenvolvimento das atividades agrícolas • Revolução Industrial e o Desenvolvimento Tecnológico • Os marcos na área ambiental. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Analisar a relação do homem com o meio ambiente • Compreender que as atividades agrícolas interfe- rem na qualidade ambiental • Entender como a revolução industrial e o desenvolvimento tecnológico promoveram mudanças econômicas, sociais e ambientais • Identificar os marcos na área ambiental que fundamentam o conceito de desenvolvimento sustentável. PROFESSORA Dra. Paula Gabriela da Costa INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), no decorrer das décadas, as atividades exercidas pelo homem influenciaram o meio natural, de modo a causar problemas, extremamente, preocupantes para sua sobrevivência. Com o crescimen- to populacional, foi preciso buscar o desenvolvimento de atividades agrícolas para suprir a demanda por alimento. Atrelado a isso, surgiram problemas relacionados ao uso de agrotóxicos, inseticidas, esgotamento de nutrientes da terra, desmatamento, erosão, entre outros que modi- ficaram o ambiente. O êxodo rural ocasionou o crescimento das cidades, muitas delas cresceram sem planejamento, por exemplo, a cidade de São Paulo, no Brasil, que canalizou seus rios e comprometeu suas florestas em prol do desenvolvimento econômico. Em decorrência disso, os moradores, hoje, sofrem com enchentes, desmoronamentos, poluição e os demais problemas que são reflexo do descaso ambiental. A revolução industrial bem como a tecnológica foram de funda- mental importância para o crescimento econômico, porém seus efeitos adversos contribuíram para o agravamento dos problemas ambientais que enfrentamos. O aquecimento global, por exemplo, é problema resultante da emissão descontrolada de gases do efeito estufa, por ati- vidades antrópicas. Com a elevação de temperatura do planeta, tem-se o derretimento das geleiras que elevam o nível do mar, provocando mudanças climáticas. Diante da crise ambiental que se estabeleceu, ao longo dos anos, surgiram discussões que resultaram no estabelecimento de estratégias para promover o desenvolvimento sustentável aliado à economia, con- siderando os aspectos sociais. Portanto, esta unidade tem como objetivo discutir a relação esta- belecida entre o homem e o meio ambiente, incentivando os leitores a buscarem a ideia de pertencimento ao meio, para, assim, exercerem ações que promovam a sustentabilidade. U N ID A D E 1 12 1 O HOMEM COMO SUJEITO DA AÇÃO Em busca de sua sobrevivência, a relação do homem com o ambiente sofreu e sofre modificações, de acordo com suas necessidades. Inicialmente, a partir da atividade nômade, buscava-se o alimento e o demais recursos nos locais de sua procedência. Com o surgimento da agricultura, foi possível ao homem se estabelecer em um determinado local e produzir seus alimentos. No passado, os recursos naturais eram utilizados para subsistência, ou seja, o homem retirava do ambiente aquilo que precisava para suprir suas necessidades básicas. Com o passar do tempo, surgiram as cidades e, portanto, novas formas da sociedade se organizar e fazer uso do ambiente. U N IC ES U M A R 13 Desse modo, cabe a educação ambiental o papel de promover a criticidade para, assim, disseminar seus valores no meio social. De acordo com Sauvé (2016), essa atua no desenvolvimento de uma democracia participativa e contribui para fortale- cer o poder cidadão. Desse modo, abrange a construção de significados bem como a dimensão política, sempre, visando às relações entre sociedade e meio ambiente. Dentre os problemas causados pelas mudanças climáticas, estão as inun- dações. Nesta reportagem da organização mundial Greenpeace, podemos entender este agravante na cidade de São Paulo, Brasil. conecte-se O acúmulo de capital e a reinvenção das necessidades colocaram o homem como um sujeito que se exclui do ambiente, com o olhar voltado ao que o meio tem a lhe oferecer. Dessa forma, passou a se apropriar dos recursos naturais e os utilizar, sem se preocupar com os prejuízos. O crescimento populacional, a produção agrícola e industrial são os grandes responsáveis pelas modificações no ambiente. Atualmente, sofremos as conse- quências do uso desenfreado dos recursos naturais, as mudanças climáticas são exemplo disso. Presenciamos catástrofes que poderiam ser evitadas, se a cultura do pertencimento se fizesse presente em nossas práticas, ou seja, é preciso traba- lhar o pensamento de que “somos parte do ambiente”, cabendo a nós a responsa- bilidade de transformar discursos em ações, ambientalmente, concretas. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3931 U N ID A D E 1 14 Um dos grandes desafios para a humanidade é a produção de alimentos, isto porque, para se produzir em grande escala, são necessários recursos tanto naturais quanto tecnológicos. No século passado, as atividades rurais eram realizadas de forma predo- minantemente braçal, eram poucas as propriedades que faziam uso de maquinários. Hoje, ocorre o inverso, as máquinas agrícolas estão, cada vez mais, modernas, permi- tindo maior produtividade e, até mesmo, o conforto dos agricultores. Desse modo, há melhor aproveitamento de cada hectare de terra, isto é, produz-se mais em menos espaço, otimizando, até mesmo, o tempo para se realizar o plantio. Nos últimos anos, o Brasil se tornou um grande produtor de alimentos, porém são muitos os desafios atrelados à produção, como o uso inadequado de agrotóxi- cos, a necessidade de sistemas de irrigação apropriados à demanda de cada região, o desmatamento, a erosão, o assoreamento, dentre outros problemas ambientais. De acordo com Pellegrino et al. (2007), os países desenvolvidos concentram a emissão dos gases do efeito estufa, principalmente, no setor industrial e no con- sumo de combustíveis fósseis, uma vez que, no Brasil, esses gases são provenientes de queimadas, do desmatamento e da expansão agrícola. 2 O DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES AGRÍCOLAS U N IC ES U M A R 15 Dentre as atividades agrícolas, é importante ressaltar, a produção de carnes. Segundo Ferreira e Viei- ra Filho (2019), os setores da carne bovina, suína e de frango tiveram crescimento significativo, entre os anos de 2009 e 2018. Com isso, o Brasil se mantém em destaque no mercado internacional, sendo um dos principais produtores e expor- tadores neste setor. A produção de alimentos envolve diversas fases, por exemplo, o plan- tio, o manejo, o transporte, o abate, entre outros processos que garantem a qualidade dos produtos a serem consumidos, ou seja, requer o investimen- to financeiro bem como o uso de recursos ambientais. Neste sentido, cabe a nós refletir sobre o consumo consciente dos alimentos. Você deve estar se perguntando: por que devemos nos preocupar com isso, se existem especialistas para este assunto? Assim, fazemos a você o seguinte questionamento: se sou parte do ambiente, por que não posso re- pensar minhas atitudes? O que é o Efeito Estufa? É um fenômeno natural que possibilita a retenção de calor do sol na terra, propiciando a vida. Porém, em proporção inadequada, os gases do efeito estufa, liberados por ativida- des econômicas e humanas, como agricultura, desmatamento, indústrias, entre outras, podem prejudicar este fenômeno, causando um superaquecimento na terra. conceituando UN ID A D E 1 16 A Revolução Industrial teve início em meados do século XVIII, na Inglaterra. Neste contexto, máquinas passaram a utilizar a energia a vapor e o ritmo de trabalho passou a ser estabelecido de acordo com a demanda. Desse modo, não era mais determinado pela luz do dia, pois possuía o suporte da iluminação a gás. Deu-se, assim, a mecanização do trabalho em que a produção passou de artesanal para fabril. De acordo com Lima e Oliveira Neto (2017), ocorreram os seguintes avanços, nas esferas materiais: a máquina substituiu o trabalho braçal; a energia passou a ser produzida perante a força animal e humana; e as formas de extrair e transformar as matérias-primas foram aprimoradas. Com o início da produção em grande escala, ocorreram mudanças econô- micas, sociais e ambientais. A visão por lucro desencadeou problemas perante as necessidades mínimas dos operários, impulsionando rebeliões em prol dos direitos para o trabalho. O meio ambiente, por sua vez, foi afetado pela retira- da desenfreada de recursos, tendo como consequências o desmatamento de grandes áreas, a poluição dos rios, a emissão de gases tóxicos, a utilização de produtos químicos de maneira inadequada, dentre outros agravantes. 3 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO U N IC ES U M A R 17 Segundo Furtado (2017), após a Primeira Revolução Industrial, na segunda me- tade do século XIX, ocor- reu a Segunda Revolução Industrial, com a utilização da eletricidade e o estabele- cimento do conceito de li- nhas de produção. Em mea- dos de 1970, em decorrência da automação dos processos de produção e utilização da tecnologia da informação, tem-se a Terceira Revolução Industrial. Para o referido autor, vivenciamos a Indús- tria 4.0, que, diferentemente das outras revoluções, tem como característica o poten- cial para superar os modelos de produção em larga escala com baixo custo. Diante destes aconteci- mentos, o modo de vida es- truturado no consumismo acabou por desencadear uma crise ecológica, assim, a preocupação para com o meio ambiente passou a ter prioridade, nas discussões para o desenvolvimento da economia. U N ID A D E 1 18 Como podemos constatar, no decorrer desta unidade, existem contradições entre o crescimento econômico e a conservação do meio ambiente. Souza e Armada (2017) afirmam que, atualmente, o consumo tem prioridade em relação aos demais aspectos que envolvem a vida humana, incluindo a preservação do meio ambiente. Em decorrência de algumas catástrofes ambientais que resultaram em morte da população, o progresso para a economia, a qualquer custo, passou a ser repen- sado. Dentre os eventos que ocorreram na época, cabe destacar: ■ Poluição atmosférica no vale do Meuse na Bélgica (1930). ■ Bombas de Hiroshima e Nagasaki (1945). ■ A “névoa matadora” conhecida como Big Smoke em Londres (1952). ■ Contaminação da água da Baía de Minamata no Japão (1956). Em 1962, Rachel Carson publicou o livro “Primavera Silenciosa”, no qual alertou sobre o perigo no uso de substâncias químicas para a saúde. Este livro pode ser considerado um marco da preocupação em relação às causas ambientais. Com a sociedade dividida entre aqueles que buscavam o progresso, chamados de desen- volvimentistas, e os que defendiam o fim do crescimento econômico em prol das causas ambientais, chamados de zeristas, surgiu, em 1970, o ecodesenvolvimento, conceito que passou a ser compreendido como desenvolvimento sustentável, sendo este um caminho no qual buscava o progresso aliado à preservação do ambiente (ROMEIRO, 2012). 4 OS MARCOS NA ÁREA AMBIENTAL U N IC ES U M A R 19 Em junho de 1972, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em Estocolmo, Suécia. Nesta, foram estabelecidos 26 princí- pios em prol do desenvolvimento, pautado na preservação e melhoria do meio ambiente bem como nos fundamentos dos direitos humanos, como podemos verificar no Quadro 1, a seguir. PRINCÍPIOS DA DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO SOBRE O AMBIENTE HUMANO - 1972 1 Promover a condenação das políticas que desestruturam a humanidade e causam problemas ambientais, como apartheid, a segregação racial, a discriminação, a opressão colonial, entre outras. 2 Preservar os recursos naturais. 3 Aprimorar a capacidade para que a terra possa produzir recursos em benefício da vida. 4 Conservar a fauna e a flora. 5 Cuidar dos recursos não renováveis para que a humanidade possa compartilhar seus benefícios. 6 Proibir a eliminação de substâncias tóxicas no meio ambiente. 7 Proteger o mar da poluição e de tudo que possa afetar sua preservação. 8 Estimular o desenvolvimento econômico e social, fundamentais para a melhoria da qualidade de vida. 9 Permitir assistência financeira e tecnológica aos problemas ambientais nos países subdesenvolvidos. 10 Estabilizar o preço para investimento no meio ambiente, nos países em desenvolvimento. Diante das temáticas abordadas nesta unidade, quais atitudes que você realiza que con- tribuem para o desenvolvimento sustentável? pensando juntos U N ID A D E 1 20 PRINCÍPIOS DA DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO SOBRE O AMBIENTE HUMANO - 1972 11 Estimular as políticas ambientais de todos os Estados para favorecer a qualidade de vida. 12 Destinar os recursos, em especial aos países em desenvolvimento, de modo que cada um tenha autonomia para aplicá-los de acordo com suas necessidades na conservação do meio ambiente, oferecendo assistência técnica e financeira para isto. 13 Planejar o desenvolvimento dos estados a fim de melhorar o meio ambiente e protegê-los em benefício de sua população. 14 Aplicar o planejamento racional como instrumento para minimizar os impactos causados ao ambiente em virtude do desenvolvimento. 15 Trabalhar a urbanização de modo planejado para não prejudicar o meio ambiente e, assim, obter benefícios sociais, econômicos e ambientais. 16 Aplicar políticas demográficas nos locais em que o crescimento demográfico prejudicar o meio ambiente, com a aprovação dos governos interessados, respeitando os direitos humanos. 17 Atribuir às instituições nacionais competentes a responsabilidade pelos recursos ambientais dos estados, tendo como objetivo a melhoria da qualidade destes. 18 Fazer uso da ciência e tecnologia para proteger o ambiente bem como solucionar seus possíveis problemas, garantindo o desenvolvimento econômico e social. 19 Incentivar uma educação que aborde questões ambientais a jovens e adultos bem como ao setor da população menos privilegiado com o objetivo de formar uma opinião sobre a necessidade de proteção ambiental, afetando a conduta de indivíduos, empresas e coletividades. Atribuir aos meios de comunicação a difusão de informações de aspectos educativos sobre a importância de preservação ambiental para o desenvolvimento do homem. 20 Incentivar a pesquisa e o desenvolvimento científico sobre os problemas ambientais, em especial nos países em desenvolvimento, a troca de informações científicas bem como disponibilizar tecnologias científicas, sem influenciar a carga econômica desses países. U N IC ES U M A R 21 PRINCÍPIOS DA DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO SOBRE O AMBIENTE HUMANO - 1972 21 Possibilitar aos Estados a autonomia para explorar seus recursos de acordo com sua política ambiental e segundo a Carta das Nações Unidas e os princípios de direito internacional, desde que não prejudiquem o meio ambiente. 22 Determinar aos Estados o desenvolvimento do direito internacional sobre a responsabilidade e indenização às vítimas de poluição e demais danos ambientais. 23 Considerar os sistemas de valores prevalecentes, em cada país, de modo a não afetar os critérios de consenso da comunidade internacional e das normas definidas em nível nacional. 24 Esclarecer que os países devem cooperar da mesma forma em relação às questões internacionais de proteção e melhoramento do meio ambiente e realizar acordos multilaterais, bilaterais ou outros meios apropriados,respeitando os interesses de todos os estados. 25 Propor aos estados que devem garantir que as organizações internacionais cumpram com êxito ações de melhoramento e conservação do meio ambiente. 26 Determinar que os estados devem chegam a um acordo para eliminar as armas nucleares e todos os meios de destruição em massa e, assim, livrar o homem e o meio ambiente de seus efeitos. Quadro 1 - Resumo dos princípios determinados na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em Estocolmo, Suécia, 1972 / Fonte: a autora. Com a evolução de políticas públicas e decisões mundiais a respeito das ques- tões ambientais, foi promovida pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em 1975, a Conferência de Belgrado, na qual resultou na “Carta de Belgrado”, com o objetivo de promover o de- senvolvimento de ações, tendo a Educação Ambiental como ferramenta para melhorar a relação da humanidade entre si e com a natureza. Nesse contexto, em 1977, realizou-se a Conferência Intergovernamen- tal sobre Educação Ambiental, na cidade de Tbilisi, Geórgia (antiga União Soviética), com a intenção de estabelecer recomendações e, dentre elas, as finalidades, os objetivos e os princípios básicos da educação ambiental. U N ID A D E 1 22 No Brasil, um importante marco na questão ambiental foi a criação da Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, na qual instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), criando o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) e o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Em 1983, estabeleceu-se a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Assim, em 1987, a Comissão de Brundtland, como ficou conhecida, publicou o relatório “Nosso Futuro Comum”, trazendo a seguinte concepção: “O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que encon- tra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades” (CMMAD, 1988, p. 46). Neste período, era grande a preocupação em relação à emissão de gases que afetam a camada de ozônio. Em 1985, então, ocorreu a Convenção de Vie- na, na Áustria, para discutir os impactos causados pela redução da camada de ozônio, servindo como ponto de partida para originar, em 1987, o Protocolo de Montreal sobre substâncias que destroem a camada de ozônio. O que é a Camada de Ozônio? O ozônio é um dos gases que forma a atmosfera, responsável por filtrar a radiação ultra- violeta prejudicial aos seres vivos. Sua destruição é causada por gases provenientes da industrialização, nos quais, ao reagir com o ozônio, formam “buracos” que permitem a passagem de raios ultravioleta nocivos à vida. conceituando Dando sequência aos acontecimentos mundiais favoráveis ao meio ambien- te, é importante enfatizar: a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida como Rio-92 ou Cúpula da Terra que ocorreu em 1992, na qual deu origem a Agenda 21; o estabelecimento do Protocolo de Quioto em 1997, no Japão, que definiu metas para reduzir a emissão de gases; a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida como Rio+10, efetuada em 2002 na cidade de Johanesburgo, África do Sul; e a Rio +20 realizada, em 2012, no Rio de Janeiro, Brasil. U N IC ES U M A R 23 Figura 1 - Agenda 2030 / Fonte: ONU ([2020] on-line)¹. Descrição da Imagem: a imagem apresenta os “17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável Global”, nela, exis- tem 18 quadrados coloridos, dispostos em duas fileiras, contendo nove quadrados, em cada uma delas. Cada um dos quadrados representa um objetivo, exceto o último, em que está o título da imagem. Iniciando da esquerda para a direita, na primeira fileira, está o quadrado que está posicionado na parte superior esquerda da imagem e, dentro dele, está escrito o primeiro objetivo “Erradicação da pobreza”; abaixo, na cor branca, existe a figura de dois adultos e uma criança ao meio. Logo em seguida, está o quadrado que representa o segundo objetivo “Fome zero e agricultura sustentável” e, abaixo, na cor branca, há a figura de uma vasilha com fumaça subindo. Ao seu lado, há o terceiro quadrado e, dentro dele, encontra-se escrito o terceiro objetivo “Saúde e bem-estar”; abaixo, na cor branca, há a figura de um coração e o gráfico de pulsação. Seguindo a fileira, logo em seguida, está o quadrado que representa o quarto objetivo, nele, está escrito “Educação de qualidade” e tem-se a figura de um livro aberto e um lápis ao lado. Depois, está o quinto quadrado e, dentro dele, está escrito o quinto objetivo “Igualdade de gênero”; abaixo, há o símbolo do gênero feminino e do gênero masculino intercalados. Ao lado, está o quadrado do sexto objetivo e, dentro dele, está escrito o quinto objetivo “Água potável e saneamento”; abaixo, há a figura de um copo com água, tendo, no fundo dele, uma seta. Em seguida, têm-se o quadrado do sétimo objetivo e, dentro dele, está escrito “Energia limpa e acessível”, com a figura de um sol abaixo. Logo, ao lado, está o quadrado do oitavo objetivo e, dentro dele, está escrito “Trabalho decente e crescimento econômico”; abaixo, há o desenho de um gráfico em barras com uma seta crescente acima dele. Ao lado, está o quadrado do nono objetivo e, dentro dele, está escrito “Indústria, inovação e infraestrutura”; logo abaixo, há a figura de três cubos empilhados. Em seguida, na fileira abaixo, iniciando da esquerda para a direita, está posicionado o quadrado do décimo objetivo e, dentro dele, está escrito “Redução das desigualdades”; logo abaixo, há uma figura de um quadrado com dois traços dentro. Depois, está o quadrado de décimo primeiro objetivo e, dentro dele, está escrito “Cidades e comunidades sustentáveis”, a figura que está abaixo representa uma sequência de prédios. Sem seguida, há o quadrado do décimo segundo objetivo e, dentro dele, está escrito “Consumo e produção responsáveis”; abaixo, há a figura de uma seta em for- mato de oito deitado. Logo, em seguida, está o quadrado do décimo terceiro objetivo e, dentro dele, está escrito “Ação contra a mudança global do clima”; abaixo, está a figura de um olho com a íris em formato de globo. Em seguida, ao lado, está o quadrado do décimo quarto objetivo e, dentro dele, está escrito “Vida na água”; abaixo, está a figura de um peixe. Logo em seguida, está o quadrado do décimo quinto objetivo e, dentro dele, lê-se: “Vida terrestre”; abaixo, há a imagem de uma árvore e três pássaros voando ao lado. Logo depois, está o quadrado do décimo sexto objetivo, onde, dentro dele, está escrito “Paz, justiça e instituições eficazes”; abaixo, há a figura de um pássaro com um ramo em seu bico. Na sequência, está o quadrado do décimo sétimo objetivo e está escrito, dentro dele, “Parcerias e meios de implementação”; abaixo, há a imagem de cinco círculos unidos formando uma flor. Em seguida, há o último quadrado desta terceira fileira, em que está o título da imagem, e, dentro dele, está escrito “Objetivos do desenvolvimento sustentável”. Em 2015, ocorreu, em Nova York, a Cúpula das Nações Unidas sobre o De- senvolvimento Sustentável, na qual contou com a participação de 193 nações e, dentre elas, o Brasil. Esta resultou na Agenda 2030, na qual estabelece 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável (Figura 1). U N ID A D E 1 24 Além destes, muitos outros eventos têm abordado temáticas relacionadas ao desen- volvimento sustentável, pois é nítida sua relevância, em nossa sociedade, que, a cada dia, depara-se com catástrofes que poderiam ser evitadas se não fosse a corrida para o desenvolvimento econômico. Para compreender a dimensão dos problemas ambientais, não é preciso recorrer aos meios de comunicação, basta você analisar sua cidade, seu bairro, sua rua ou, até mesmo, sua casa. São comuns as enchentes, os desmoronamentos, as doenças causadas pelo acúmulo de lixo em locais inapropriados, entre outros. Além de conhecero contexto que abrange as questões ambientais, é preciso que você seja um(a) agente transformador,(a) de modo a contribuir com pequenas ações, em seu dia a dia, para que, assim, o conceito de desenvolvimento sustentável seja significativo. Marcos na área ambiental 1962 Rachel Carson publica o livro “Primavera Silenciosa”. 1970 Surge o conceito de ecodesenvolvimento. 1972 Ocorre a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em Estocolmo, na Suécia. 1975 Ocorre a Conferência de Belgrado, da qual resultou a “Carta de Belgrado”. Com o estabelecimento da Agenda 2030, foram definidos os objetivos glo- bais da Organização das Nações Unidas. Veja a seguir, o vídeo, a partir do qual, você poderá compreender um resumo destes propósitos de forma criativa e dinâmica. conecte-se https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3932 U N IC ES U M A R 25 Marcos na área ambiental 1977 É realizada a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental na cidade de Tbilisi, na Geórgia. 1981 Brasil institui a Lei Federal nº 6.938 sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), criando o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) e o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). 1983 É estabelecida a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. 1985 Ocorre a Convenção de Viena, na Áustria. 1987 A Comissão de Brundtland publica o relatório “Nosso Futuro Comum”. 1987 É estabelecido o Protocolo de Montreal. 1992 Acontece a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Am- biente e o Desenvolvimento (Cnumad), conhecida como Rio-92 ou Cúpula da Terra, na qual deu origem a Agenda 21. 1997 É estabelecido o Protocolo de Quioto. 2002 Acontece a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambien- te e o Desenvolvimento (Cnumad), conhecida como Rio+10, na cidade de Johanesburgo, África do Sul. 2012 Ocorre a Rio+20 no Rio de Janeiro, Brasil. 2015 Acontece, em Nova York, a Cúpula das Nações Unidas sobre o De- senvolvimento Sustentável, na qual contou com a participação de 193 nações e, dentre elas, o Brasil, resultando na Agenda 2030. Quadro 2 - Marcos na área ambiental / Fonte: a autora. U N ID A D E 1 26 CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer dos anos, a demanda de consumo do homem se modificou. Os recursos, antes retirados do ambiente para satisfazer suas necessidades bási- cas, começaram a ser explorados de acordo com a percepção da necessidade do acúmulo de riquezas. A corrida pelo desenvolvimento econômico, a qual- quer custo, trouxe reflexos para humanidade. Com o crescimento desorde- nado das cidades, muitos, sem o mínimo de oportunidade, são obrigados a construir suas casas em áreas de risco, as quais não oferecem condições mínimas para qualidade de vida. Esse, dentre tantos outros problemas, são enfrentados, principalmente, pelos países em desenvolvimento. Com a leitura desta unidade, você verificou que as catástrofes ambientais motivaram a busca por um desenvolvimento que priorizasse a sustentabi- lidade. Assim, foram realizadas conferências das quais resultaram acordos para melhoria do meio ambiente e a favor da qualidade de vida. Dentre eslas, vale destacar: a Conferência de Estocolmo, na qual foram estabelecidos 26 princípios pautados no desenvolvimento e na preservação, considerando a melhoria do meio ambiente e os direitos humanos; o relatório “Nosso Futuro Comum”, no qual coloca que, por meio do desenvolvimento sustentável, é possível satisfazer as necessidades atuais, sem comprometer as necessidades das futuras gerações; a Agenda 21, que abrange aspectos sociais, ambientais e econômicos de planejamento para construção de sociedade sustentáveis; e, por fim, a Agenda 2030 com 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável, relacionados a temáticas que englobam aspectos ambientais e sociais. Nesse contexto, a educação ambiental é fundamental para fortalecer as discussões a fim de promover o senso crítico da população. Não basta a in- tenção de transformar a realidade, pois, para que o conhecimento seja um instrumento de empoderamento, os conceitos não podem ser, apenas, com- preendidos, mas internalizados para que se transformem em ações com o propósito de transformar a realidade. 27 na prática 1. No início de 2020, a região sudeste sofreu com o volume de chuvas. O grande pro- blema é que os municípios cresceram sem planejamento, ou seja, não respeitaram o ciclo hidrológico da natureza, no qual ocorre a evaporação e a precipitação. É preciso que o solo possa absorver o volume de água que, aos poucos, chegam aos rios, evitando, assim, as inundações. Sobre as mudanças climáticas podemos afirmar que: I - A ação do homem, no decorrer dos tempos, voltou-se, principal- mente, ao desenvolvimento econômico, assim, as questões ambien- tais passaram a ter prioridade na medida que ocorreram catástrofes. Sendo assim: II - Dentre uma das finalidades da educação ambiental, podemos incluir a discus- são de questões socioambientais com o intuito de promover a participação crítica da sociedade. Considerando estas asserções, assinale a alternativa correta: a) A asserção I é verdadeira, mas a II não se relaciona com a I, por partir de um contexto diferente. b) A asserção II é verdadeira, mas a I é falsa. c) As asserções I e II são falsas porque não estão relacionadas. d) As asserções I e II são verdadeiras, pois a II surge em decorrência da I. 28 na prática 2. Ao observar esta figura, podemos refletir sobre as ações do homem em relação aos cuidados com o ambiente. Sobre as transformações da paisagem, assinale a alternativa correta: a) No decorrer dos anos, ocorrem mudanças na paisagem, de acordo com as necessidades determinadas pelo homem, não tendo esta relação com as mu- danças climáticas. b) O efeito estufa é um fenômeno causado pelo desenvolvimento industrial no qual promove um superaquecimento da terra. Este não ocorre de forma natural, pois prejudicaria a existência da vida. c) A camada de ozônio é proveniente das ações do homem na corrida pelo de- senvolvimento econômico, sendo extremamente prejudicial aos seres vivos. d) As inundações são fenômenos naturais que ocorrem devido à alta concentração de chuva em determinado local. Mesmo o solo estando impermeabilizado, a água escoa para os rios, sem prejuízos às cidades. e) Muitas catástrofes ambientais poderiam ser evitadas, se houvesse um plane- jamento na construção das cidades, na qual respeitasse os cursos dos rios, as áreas de alagamentos, os tipos de solo, dentre outros aspectos. 29 na prática 3. Os efeitos das mudanças climáticas se fazem presentes, cada vez mais, em nosso cotidiano. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), estas refletem, diretamente, na qualidade de vida, uma vez que prejudicam desde a produção de alimentos até o aumento do nível do mar, sendo assim, é um grande desafio para a humanidade buscar meios que busquem a resolução desses problemas (ONU, [2020], on-line)². A respeito das influências do homem no ambiente, avalie as afirmações a seguir: I - A demanda por alimento é um dos fatores que mais contribui para as mudan- ças climáticas, pois a evolução da agricultura trouxe benefícios, apenas, para os aspectos econômicos do desenvolvimento. II - Embora o uso de tecnologias limpas seja favorável para minimizar os efeitos causados pela industrialização, não há evidências suficientes de que sua apli- cação contribua para influenciar as mudanças climáticas. III - O aspecto socioambiental e as mudanças climáticas são temáticas, diretamen- te, relacionadas. Sobre o efeito das mudanças climáticas, avalie as afirmativas e assinale a alternativa correta: a) Apenas, a I está correta. b) Apenas, a II está correta, c) Apenas, a III está correta. d) As afirmativas I e II estão corretas. e) As afirmativas II e III estão corretas. 4. Tendo como objetivo estimular o desenvolvimento aliado à preservação ambien- tal e à melhoria da qualidade de vida para garantir os fundamentos dos direitos humanos, a Conferênciadas Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que ocorreu em Estocolmo na Suécia em 1972, estabeleceu 26 princípios. Sobre este documento, conhecido como Declaração de Estocolmo, bem como seus reflexos no meio social, analise as afirmações: 30 na prática I - Dentre os princípios da Declaração de Estocolmo, é abordado o incentivo a uma educação que trabalhe questões ambientais a jovens e adultos bem como ao setor da população menos privilegiado. II - A educação ambiental está pautada no pressuposto de que é essencial formar indivíduos críticos e participativos perante os acontecimentos ambientais. III - Os meios de comunicação são de grande importância para promover a propa- gação de informações educativas sobre a necessidade de preservação ambiental para o bem-estar social. Assinale a alternativa correta: a) Todas as afirmações estão corretas, sendo a afirmativa II um meio para promover a afirmativa I. b) A afirmativa I não faz parte dos princípios da Declaração de Estocolmo. c) A afirmativa III não está relacionada com as afirmativas I e II. d) A afirmativa III não contribui para promover a alternativa I. e) As afirmativas I, II e III não estão relacionadas, uma vez que, apenas, a III se faz presente nos princípios da Declaração de Estocolmo. 5. Em 1983, realizou-se a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimen- to. Neste contexto, em 1987, a Comissão de Brundtland publicou o relatório “Nosso Futuro Comum”, no qual conceituou o desenvolvimento sustentável como: “[...] desen- volvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades.” (CMMAD, 1988, p. 46). Como você pôde compreender, com a leitura desta unidade, o desenvolvimento econômico influenciou no ambiente, causando impactos negativos. Partindo disso, escreva um parágrafo no qual: a) Pontue um dos problemas provenientes das mudanças climáticas. b) Discuta a causa do problema abordado. c) Reflita sobre as ações que podem ser realizadas em sua cidade, bairro ou casa e que favoreçam o meio ambiente. 31 aprimore-se AGENDA 2030, AGENDA 21, ODM E ODS (OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL): OS DESAFIOS DAS TRANSFORMAÇÕES PARA SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS Por Rubens Harry Born, engenheiro civil e advogado, especialista em políticas e gestão ambiental, mestre e doutor em saúde pública e ambiental e conselheiro do Fundo Socioambiental CASA. Dois anos após a apresentação da Agenda 2030 da ONU com seus 17 Objeti- vos de Desenvolvimento Sustentável, poderíamos eventualmente refletir se esse conjunto de propostas inova em relação à Agenda 21, plano construído de forma participativa para gerar as ações e políticas de transformações rumo às socieda- des sustentáveis. A Agenda 21 global, adotada na Rio-92, ensejou a elaboração da Agenda 21 nacional e centenas de Agendas 21 locais. Os ODMs – Objetivos e Metas de Desenvolvimento do Milênio, adotados pela ONU no início deste século, tam- bém serviram de plataforma para centenas de organizações da sociedade e órgãos governamentais realizarem iniciativas em prol da dignidade da vida humana. A Agenda 21, a Agenda 2030 e os ODM têm em comum o fato de serem propostas para políticas e ações, em curto prazo, voltadas a desenvolvimento humano em bases ambientalmente sustentáveis e no marco da promoção de direitos humanos. Essas agendas refletem as assimetrias de poder, as pers- pectivas e o contexto no qual foram elaboradas. A Agenda 21 e o processo da Rio-92, antes e depois da Conferência, despertou entusiasmo enorme e gerou enorme mobilização social, alimentada pela explicitação de que o alicerce da Agenda estava em processos participativos e transparentes de planejamento e gestão. O Princípio 10 da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ressaltou que os direitos à participação, à informação e à justiça são fundamentais para se obter a sustentabilidade. 32 aprimore-se A Agenda 2030 explicitou desafios de governança em seus objetivos de de- senvolvimento sustentável e reitera a relevância da resiliência ambiental, social e econômica como elemento importante, ainda mais em função das mudanças do clima global, para se avançar rumo às sociedades sustentáveis. Alterar padrões de produção e consumo, garantir condições de saúde, habitação, educação, enfim de bem-estar e dignidade são objetivos universais expressos outra vez nesses ob- jetivos de desenvolvimento sustentável. Importante que sua implementação con- sidere perspectivas a partir dos territórios (a partir da esfera local) e dos diversos agrupamentos humanos, notadamente os mais vulneráveis. A Agenda 2030 e seus objetivos de desenvolvimento sustentável conferem uma nova oportunidade para os agentes das transformações no marco de so- ciedades sustentáveis, necessariamente democráticas, que valendo-se de suas experiências, em curso ou lastreadas em iniciativas de Agendas 21 e ODMS, entre outros mecanismos participativos, possam contribuir, com base na ética do cuidado com a Vida, exercer direitos, deveres e suas responsabilidades com as gerações presente e futura. Fonte: Born ([2020], on-line)3 33 eu recomendo! A opção terra Autor: Leonardo Boff Editora: Record Sinopse: a destruição da biosfera e, consequentemente, a extin- ção humana são questões que preocupam não só os ambientalis- tas, mas também governantes e aqueles engajados em preservar o planeta. No livro “A opção Terra”, publicado pela editora Re- cord, Leonardo Boff propõe saídas para transformar a tragédia que se anuncia e estimular as pessoas a serem mais apaixonadas pela vida, mais respeitadoras da natureza e mais receptivas ao universo que rege nossa existência. livro Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental Nesta revista, você encontrará artigos que buscam o diálogo entre os saberes acadêmicos e a sociedade sobre as temáticas ambientais. conecte-se https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3933 anotações anotações 2 INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO AMBIENTAL PROFESSORA Dra. Paula Gabriela da Costa PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Histórico da Educação Ambiental no Brasil e no mundo • Tratado de Educação Ambiental para sociedades sustentáveis e responsabilidade global • A Legislação e a Educação Ambiental • Conceitos, definições e tipologias da Educação Ambiental. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Conhecer a história da Educação Ambiental no mundo e no Brasil • Analisar o contexto histórico que fundamentou o surgimento da Educação Ambiental • Identificar as leis que regem a Educação Am- biental e analisar os documentos que surgiram, a partir da necessidade de se estabelecer a Educação Ambiental • Compreender os tipos de Educação Ambiental. INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), ao realizar a leitura desta unidade, você poderá com- preender que a corrida para o crescimento econômico resultou em catástrofes ambientais que poderiam ser evitadas, se houvesse a preo- cupação e o respeito do homem para com o meio ambiente. Diante dos problemas ambientais, realizaram-se vários eventos, envolvendo diversos países para se discutir maneiras de permitir o crescimento econômico, sem causar prejuízos ao meio natural. Desse modo, inicialmente, a Educação Ambiental surge como uma estratégia para minimizar os impactos causados pelo homem, porém, no decorrer do tempo e no aprofundamento de seus conhecimentos, percebe-se que ela tem como finalidade estabelecer princípios e valores que contribuam para a relação harmônica entre o homem e o ambiente. Dentre as medidas para o desenvolvimento de sociedades sustentáveis, criaram-se documentos, como: Agenda 21, Declaração sobre o Desen- volvimento e Meio Ambiente, Carta da Terra e Tratado de Educação Ambiental para sociedadessustentáveis e responsabilidade global. Além desses documentos, formularam leis e programas, nos quais se esta- belecem a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795) e o Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA) (BRASIL, 2005), promovendo, neste sentido, a prática de ações para a construção de ideias, ambientalmente, corretas. Ao longo do tempo, a Educação Ambiental passou por várias etapas, resultando em diversas correntes, de acordo com as relações estabele- cidas entre o meio social e ambiental. Sendo assim, esta unidade tem como foco apresentar a você o histórico da Educação Ambiental para que compreenda o contexto no qual esta foi estabelecida. Assim, poderá perceber que as questões econômicas, políticas, sociais e ambientais são, diretamente, relacionadas e, extremamente, dependentes. U N ID A D E 2 38 1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL no Brasil e no mundo Como pudemos compreender com a leitura da Unidade 1, a corrida para o desenvolvimento do setor econômico trouxe grandes reflexos ao meio am- biente, resultando em catástrofes que poderiam ser evitadas, se a ideia de crescimento estivesse aliada à percepção de conservação e respeito para com a natureza. Diante dos problemas ambientais decorrentes do crescimento econômico, portanto, surgiu a necessidade de se discutir esses impactos para além dos aspectos políticos, assim, em 1965, ocorreu a Conferência em Edu- cação na Universidade de Keele, na Inglaterra, na qual se fez uso da expressão “Educação Ambiental”. Nessa, reuniram-se autoridades da área de educação bem como empre- sários, donos de extensas propriedades de terra, cientistas e ambientalistas, todos com a intenção de articular as questões ambientais ao sistema de ensino em prol da preservação da natureza. Em 1968, fundou-se o clube de Roma, este tinha como participantes um pequeno número de profissionais que ocu- pavam postos privilegiados. Eles tinham como objetivo discutir a limitação dos recursos naturais, porém consideravam seus interesses particulares na preocupação com a degradação ambiental. Neste mesmo ano, ocorreu a Con- ferência Intergovernamental de Especialistas sobre as Bases Científicas para U N IC ES U M A R 39 o Uso Racional e a Conservação dos Recursos da Biosfera, em Paris (conhe- cida como Conferência da Biosfera), a qual foi patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU) por meio da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Nela, abordaram as questões científicas relacionadas à conservação da biosfera e discutiram os impactos do ser humano na utilização dos recursos naturais. No ano de 1972, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Conferência de Estocolmo), organizada pelas Nações Unidas. Vale ressaltar que esse foi o primeiro grande encontro internacional com representantes de várias nações, tendo como objetivo discutir questões ambientais. Nessa Conferência, discutiram problemas que poderiam afetar, diretamente, o risco ao bem-estar do ser humano, como a poluição do ar, da água, do solo e a falta de recursos naturais. A partir da Conferência de Estocolmo, criou-se, então, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente — PNUMA. Segundo McCormick (1992), essa con- ferência, ainda, impulsionou o fortalecimento de organizações não governamentais, a maior participação da sociedade nessas questões bem como serviu de estímulo para a criação de órgãos em prol do meio ambiente, em países que não os tinham. No Brasil, um dos reflexos da Conferência de Estocolmo foi a criação, em 1973, da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), pelo, então, presi- dente da república General Emílio Garrastazu Médici. Esse foi um importante passo para o país impulsionar a discussão de temáticas ambientais. Dando continuidade ao contexto mundial, em 1975, tem-se o Encontro Internacional sobre Educação Ambiental, em Belgrado, organizado pela Orga- nização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). O evento contou com a participação de 65 países e teve como resultado a “Carta de Belgrado”, que apresentou como meta: “ Desenvolver uma população mundial que esteja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhe são associados, e que tenha conhecimento, habilidade, atitude, motivação e compromisso para trabalhar individual e coletiva- mente na busca de soluções para os problemas existentes e para prevenir novos (CARTA DE BELGRADO, 1994, p. 12). U N ID A D E 2 40 Neste contexto, em 1977, ocorreu a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental em Tbilisi, na Geórgia, onde se deu continuidade aos ideais estabelecidos em Estocolmo. Nessa, foram delimitados os objetivos, as características e estratégias da Educação Ambiental, evidenciando a impor- tância de incluir esse tema na educação escolar. Em 1981, sancionou-se, no Brasil, a Lei nº 6.938 (BRASIL, 1981) sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, tendo o intuito de melhorar e recuperar a qualidade ambiental para o desenvolvimento da vida. Assim, criou-se o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), com o objetivo de es- tabelecer normas e padrões ambientais. Mais adiante, em 1988, criou-se o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis por meio da Lei nº 7.735 (BRASIL, 1989). Neste cenário, ocorreu, em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida como Rio-92, ECO-92 ou Cúpula da Terra. Esta pode ser considerada o maior evento com a intenção de discutir questões ambientais, já que foi de grande importância para avaliar o que já havia sido realizado, desde a Conferência de Estocolmo. Nessa, lideranças mundiais e a sociedade civil se juntaram para discutir os problemas ambientais e socioeconômicos. A partir desse evento, é criada a Agenda 21 para orientar o desenvolvimen- to de sociedades sustentáveis, considerando os aspectos ambientais, sociais e econômicos. Em meio a estas discussões, surgem também os documentos: ■ Declaração sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente: formada por 27 princípios que abordam temáticas relacionadas ao desenvolvi- mento pautado na exploração de recursos, de acordo com as políticas ambientais. ■ Carta da Terra: composta por princípios que norteiam a construção de uma sociedade justa, pacífica e sustentável. ■ Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global: norteia ações em prol da consolidação da educação ambiental. U N IC ES U M A R 41 Ao realizarmos a leitura do histórico da Educação Ambiental, podemos compreen- der a importância da elaboração de documentos que foram fundamentais para fortalecer a implantação de questões ambientais. Assim, os princípios do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global (1992) são: 2 TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS e responsabilidade global U N ID A D E 2 42 “ A educação é um direito de todos; somos todos aprendizes e educa-dores. • A educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo ou lugar, em seus modos formal, não-formal e informal, promovendo a transformação e a constru- ção da sociedade. • A educação ambiental é individual e coletiva. Tem o propósito de formar cidadãos com consciência local e planetária, que respeitem a autodeterminação dos povos e a soberania das nações. • A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político. • A educação ambiental deve envolver uma perspectiva holística, enfocando a relação entre o ser humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar. • A educação ambiental deve estimular a solidariedade, a igualda- de e o respeito aos direitos humanos, valendo-se de estratégias democráticas e da interação entre as culturas. • A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e inter-relaçõesem uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social e histórico. Aspectos primordiais relacio- nados ao desenvolvimento e ao meio ambiente, tais como po- pulação, saúde, paz, direitos humanos, democracia, fome, de- gradação da flora e fauna, devem se abordados dessa maneira. • A educação ambiental deve facilitar a cooperação mútua e equi- tativa nos processos de decisão, em todos os níveis e etapas. • A educação ambiental deve recuperar, reconhecer, respeitar, re- fletir e utilizar a história indígena e culturas locais, assim como promover a diversidade cultural, linguística e ecológica. Isto im- plica uma visão da história dos povos nativos para modificar os enfoques etnocêntricos, além de estimular a educação bilíngue. • A educação ambiental deve estimular e potencializar o poder U N IC ES U M A R 43 das diversas populações, promovendo oportunidades para as mudanças democráticas de base que estimulem os setores po- pulares da sociedade. Isto implica que as comunidades devem retomar a condução de seus próprios destinos. • A educação ambiental valoriza as diferentes formas de conheci- mento. Este é diversificado, acumulado e produzido socialmen- te, não devendo ser patenteado ou monopolizado. • A educação ambiental deve ser planejada para capacitar as pes- soas a trabalharem conflitos de maneira justa e humana. • A educação ambiental deve promover a cooperação e do diá- logo entre indivíduos e instituições, com a finalidade de criar novos modo de vida, baseados em atender às necessidades bá- sicas de todos, sem distinções étnicas, físicas, de gênero, idade, religião ou classe. • A educação ambiental requer a democratização dos meios de comunicação de massa e seu comprometimento com os interesses de todos os setores da sociedade. A comunicação é um direito inalienável e os meios de comunicação de mas- sa devem ser transformados em um canal privilegiado de educação, não somente disseminando informações em ba- ses igualitárias, mas também promovendo intercâmbio de experiências, métodos e valores. • A educação ambiental deve integrar conhecimentos, aptidões, valores, atitudes e ações. Deve converter cada oportunidade em experiências educativas de sociedades sustentáveis. • A educação ambiental deve ajudar a desenvolver uma cons- ciência ética sobre todas as formas de vida com as quais com- partilhamos este planeta, respeitar seus ciclos vitais e impor limites à exploração dessas formas de vida pelos seres huma- nos (BRASIL, 1992, p. 2-3). U N ID A D E 2 44 Dentre os avanços, nas discussões sobre a importância da Educação Ambiental, os anos de 1994 e 1999 foram marcantes para o Brasil com a implementação do Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA) (BRASIL, 2005) e a Política Nacional de Educação Ambiental pela Lei nº 9.795, respectivamente. 3 A LEGISLAÇÃO E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL Fonte: Ministério do Meio Ambiente (2005, on-line)4 Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA) Um importante marco para Educação Ambiental, no Brasil, aconteceu em 1994, com a criação do Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA). Este teve como foco desenvolver ações edu- cacionais para construção de sociedades sustentáveis e, com isso, capacitar gestores e educadores, promover ações educativas e desenvolver instrumentos e metodolo- gias. Os princípios do ProNEA (BRASIL, 2005, p. 37) são os seguintes: U N IC ES U M A R 45 “ Concepção de ambiente em sua totalidade, considerando a interdepen-dência sistêmica entre o meio natural e o construído, o socioeconômico e o cultural, o físico e o espiritual, sob o enfoque da sustentabilidade. Abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, na- cionais, transfronteiriças e globais. Respeito à liberdade e à equidade de gênero. Reconhecimento da diversidade cultural, étnica, racial, genética, de espécies e de ecossistemas. Enfoque humanista, histórico, crítico, político, democrático, participa- tivo, inclusivo, dialógico, cooperativo e emancipatório. Compromisso com a cidadania ambiental. Vinculação entre as diferentes dimensões do conhecimento; entre os valores éticos e estéticos; entre a educação, o trabalho, a cultura e as práticas sociais. Democratização na produção e divulgação do conhecimento e fomen- to à interatividade na informação. Pluralismo de ideias e concepções pedagógicas. Garantia de continuidade e permanência do processo educativo. Permanente avaliação crítica e construtiva do processo educativo. Coerência entre o pensar, o falar, o sentir e o fazer. Transparência. Já os objetivos do ProNEA (BRASIL, 2005, p. 39-41) são: “ Promover processos de educação ambiental voltados para valores humanistas, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências que contribuam para a participação cidadã na construção de sociedades sustentáveis. Fomentar processos de formação continuada em educação ambien- tal, formal e não-formal, dando condições para a atuação nos diversos setores da sociedade. Contribuir com a organização de grupos – voluntários, profissionais, institucionais, associações, cooperativas, comitês, entre outros – que atuem em programas de intervenção em educação ambiental, apoiando e valorizando suas ações. Fomentar a transversalidade por meio da internalização e difusão da dimensão ambiental nos projetos, governamentais e não-governamen- tais, de desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida. U N ID A D E 2 46 Promover a incorporação da educação ambiental na formulação e exe- cução de atividades passíveis de licenciamento ambiental. Promover a educação ambiental integrada aos programas de conser- vação, recuperação e melhoria do meio ambiente, bem como àqueles voltados à prevenção de riscos e danos ambientais e tecnológicos. Promover campanhas de educação ambiental nos meios de comunica- ção de massa, de forma a torná-los colaboradores ativos e permanentes na disseminação de informações e práticas educativas sobre o meio ambiente. Estimular as empresas, entidades de classe, instituições públicas e priva- das a desenvolverem programas destinados à capacitação de trabalha- dores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o meio ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente. Difundir a legislação ambiental, por intermédio de programas, projetos e ações de educação ambiental. Criar espaços de debate das realidades locais para o desenvolvimento de mecanismos de articulação social, fortalecendo as práticas comuni- tárias sustentáveis e garantindo a participação da população nos pro- cessos decisórios sobre a gestão dos recursos ambientais. Estimular e apoiar as instituições governamentais e não-governamen- tais a pautarem suas ações com base na Agenda 21. Estimular e apoiar pesquisas, nas diversas áreas científicas, que auxi- liem o desenvolvimento de processos produtivos e soluções tecnoló- gicas apropriadas e brandas, fomentando a integração entre educação ambiental, ciência e tecnologia. Incentivar iniciativas que valorizem a relação entre cultura, memória e paisagem - sob a perspectiva da biofilia –, assim como a interação entre os saberes tradicionais e populares e os conhecimentos técni- co-científicos. Promover a inclusão digital para dinamizar o acesso a informações sobre a temática ambiental, garantindo inclusive a acessibilidade de portadores de necessidades especiais. Acompanhar os desdobramentos dos programas de educação ambien- tal, zelando pela coerência entre os princípios da educação ambiental e a implementação das ações pelas instituições públicas responsáveis. U N IC ES U M A R 47 Promover a incorporação da educação ambiental na formulação e execução de atividades passíveis de licenciamento ambiental. Promover a educação ambiental integrada aos programas de conser- vação, recuperação e melhoria do meio ambiente, bem como àqueles voltados à prevenção de riscos e danos ambientais e tecnológicos. Promover campanhas de educação ambiental nos meiosde comuni- cação de massa, de forma a torná-los colaboradores ativos e perma- nentes na disseminação de informações e práticas educativas sobre o meio ambiente. Estimular as empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas a desenvolverem programas destinados à capacitação de trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o meio ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente. Difundir a legislação ambiental, por intermédio de programas, pro- jetos e ações de educação ambiental. Criar espaços de debate das realidades locais para o desenvolvimento de mecanismos de articulação social, fortalecendo as práticas comu- nitárias sustentáveis e garantindo a participação da população nos processos decisórios sobre a gestão dos recursos ambientais. Estimular e apoiar as instituições governamentais e não-governa- mentais a pautarem suas ações com base na Agenda 21. Estimular e apoiar pesquisas, nas diversas áreas científicas, que auxi- liem o desenvolvimento de processos produtivos e soluções tecnoló- gicas apropriadas e brandas, fomentando a integração entre educação ambiental, ciência e tecnologia. Incentivar iniciativas que valorizem a relação entre cultura, me- mória e paisagem - sob a perspectiva da biofilia –, assim como a interação entre os saberes tradicionais e populares e os conheci- mentos técnico-científicos. Promover a inclusão digital para dinamizar o acesso a informações sobre a temática ambiental, garantindo inclusive a acessibilidade de portadores de necessidades especiais. Acompanhar os desdobramentos dos programas de educação ambien- tal, zelando pela coerência entre os princípios da educação ambiental e a implementação das ações pelas instituições públicas responsáveis. U N ID A D E 2 48 Política Nacional de Educação Ambiental (LEI nº 9. 795) Em 27 de Abril de 1999, foi estabelecida a Política Nacional de Educação Ambiental pela Lei n º 9.795 (BRASIL, 1999). Nesse mesmo ano, foi realizada a 1ª Conferência Nacional de Educação Ambiental (CNEA), a qual pode ser considerada um marco na Educação Ambiental no Brasil, por contar com a participação de diversos seg- mentos da sociedade, como autoridades, educadores e estudantes. Nessa, foi pro- posta a formação de grupos para representar o estado, o governo e a sociedade civil e, com isso, gerenciar discussões referentes aos aspectos da Educação Ambiental no Brasil. De acordo com o Art. 4º dessa lei (BRASIL, 1999, on-line), os princípios básicos da Educação Ambiental são: I. o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; II. a concepção do meio ambiente em sua totalidade, conside- rando a interdependência entre o meio natural, o socioeco- nômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; III. o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na pers- pectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; IV. a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; V. a garantia de continuidade e permanência do processo edu- cativo; VI. a permanente avaliação crítica do processo educativo; VII. a abordagem articulada das questões ambientais locais, re- gionais, nacionais e globais; VIII. o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversi- dade individual e cultural. Já, em seu Art. 5º (BRASIL, 1999, on-line), são descritos os objetivos funda- mentais da Educação Ambiental: I. o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolven- do aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; I U N IC ES U M A R 49 II. a garantia de democratização das informações ambientais; III. o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica so- bre a problemática ambiental e social; IV. o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; V. o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democra- cia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; VI. o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia; VII. o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da huma- nidade. U N ID A D E 2 50 Com o passar dos anos, os danos causados ao ambiente passaram a afetar, diretamente, o homem, que precisou buscar meios para continuar com suas práticas de modo seguro e estável. Podemos compreender, então, que a Edu- cação Ambiental foi estabelecida de acordo com as necessidades impostas pelo desenvolvimento, sendo de grande importância para impulsionar a sustentabilidade, na qual busca a harmonia entre o bem-estar ambiental, econômico e social. Vale a pena você ouvir a entrevista com o professor Marcos Sorrentino no programa “Ambiente É o Meio” (Jornal da USP), no qual é abordada a impor- tância da educação ambiental. Para ouvir acesse o link: https://jornal.usp.br/radio-usp/radioagencia-usp/educacao-ambiental-e-si- nonimo-de-sustentabilidade/ conecte-se https://jornal.usp.br/radio-usp/radioagencia-usp/educacao-ambiental-e-sinonimo-de-sustentabilidade/ https://jornal.usp.br/radio-usp/radioagencia-usp/educacao-ambiental-e-sinonimo-de-sustentabilidade/ https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3934 U N IC ES U M A R 51 Pudemos compreender, com a leitura do texto anterior, o contexto histórico em que se fundamenta o princípio da educação ambiental, no Brasil e no mundo. Vimos que, diante dos problemas causados ao meio ambiente, fez-se necessário formalizar o discurso de que cabe ao ser humano conservar e res- peitar o meio ambiente. Nesse sentido, realizaram-se eventos de abrangência mundial, nos quais tiveram como resultado a criação de documentos e leis que regem a Educação Ambiental. Partindo deste cenário, podemos analisar as seguintes definições de Educação Ambiental, segundo a Conferência Intergo- vernamental de Tibilisi (1977): “ A educação ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habi-lidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A educação ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhora da qualidade de vida (MMA, [2020], on-line)5. 4 CONCEITOS, DEFINIÇÕES E TIPOLOGIAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL U N ID A D E 2 52 Segundo a nº Lei 9. 795 de 1999, na qual define-se a Política Nacional de Educação Ambiental no Brasil: “ Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhe-cimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conser- vação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sa- dia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999, on-line). Ao analisarmos as definições de Educação Ambiental, percebemos que ambas têm, como tema central, a preocupação com a relação entre o homem e o meio ambiente. Assim, o modo como é formulada e praticada pelos indivíduos, nos quais possuem vivências e discursos diferentes, contribui para dar origem a várias tendências da Educação Ambiental. De acordo com Sauvé (2005), a Educação Ambiental não pode ser considerada como uma mera ferramenta para a solução de problemas ou de gestão do meio ambiente, pois parte do princípio de integrações de desenvolvimento pessoal e so- cial, relacionadas ao meio em que vivemos. Segundo a autora, existem as correntes tradicionais e as recentes que surgiram de acordo com as necessidadesestabelecidas pelo meio social. A seguir, pontuaremos (Quadro 1) cada uma para que você possa analisar e observar as que possui conhecimento e, até mesmo, já praticou. CORRENTES TRADICIONAIS CORRENTES RECENTES Naturalista O enfoque educativo pode ter como foco aprender coisas sobre a natu- reza, vivenciá-la e, assim, aprender coisas com ela bem como estar rela- cionado ao vínculo afetivo, espiritual ou artístico. Holística Compreende, além das diversas dimensões socioambientais, as múl- tiplas dimensões das pessoas que estão em contato com estas realida- des, ou seja, indivíduo e ambiente são considerados em sua totalidade. Biorregionalista A Educação Ambiental estabele- ce uma relação com o meio/local, desenvolvendo um sentimento de pertencimento e valorização deste. U N IC ES U M A R 53 CORRENTES TRADICIONAIS CORRENTES RECENTES Conservacionista/recursista Tem, como ideia principal, a conser- vação dos recursos. Os programas com foco nos três “R” de redu- ção, reutilização e reciclagem são exemplos dessa modalidade. Práxica Está relacionada ao desenvolvimento de ações que incluem a participa- ção das pessoas com a intenção de transformar uma determinada realidade. Resolutiva Tem como foco informar ou fazer com que as pessoas busquem infor- mações sobre os problemas ambien- tais a fim de buscar soluções. Crítica Busca uma postura crítica para a transformação de realidades. Sistêmica Nesta, são identificados os grupos (social, biofísico, entre outros) envolvidos em uma determinada situação para compreender suas relações e, assim, resolver um determinado problema ambiental. Feminista Aborda a necessidade de integrar os valores feministas ao governo, produção, consumo e organização social. Científica São elaboradas hipóteses que são verificadas a partir da observação e/ ou experimentação. Está relacionada a pesquisas no campo inter e trans- disciplinar. Etnográfica Busca a essência cultural da relação com o meio ambiente. Ou seja, ao ser realizado um estudo, procura-se conhecer a cultura das comunidades envolvidas. Humanista Considera o campo histórico, cul- tural, político, econômico, estético, entre outros, para conhecer o am- biente a ser estudado. Ecoeducação Parte da perspectiva educacional na qual o meio ambiente é visto como fator de integração, favorecendo uma aprendizagem responsável e com significado. Moral/ética Um exemplo seria apresentar um caso a ser analisado e considerar os aspectos sociais, científicos e morais para escolher uma solução, de acor- do com um determinado argumento. Sustentabilidade Trata-se de trabalhar a Educação Am- biental com foco na sustentabilidade. Busca-se o desenvolvimento econô- mico, considerando a conservação dos bens naturais a fim de garantir recursos para a geração futura. Quadro 1 - Correntes da Educação Ambiental / Fonte: adaptado de Sauvé (2005). U N ID A D E 2 54 Como podemos compreender, a Educação Ambiental abrange diversas áreas de conhecimento, porém seus princípios são os mesmos, já que buscam estabelecer uma relação harmônica entre o homem e o meio ambiente. Assim, segundo Jacobi (2003), suas formas de atuação têm como base as práticas interativas e dialógicas, uma vez que sua principal função se resume em buscar a solidariedade, a igual- dade e o respeito por meio das diferenças. Educação Ambiental Formal e Não Formal Conforme pudemos compreender com a leitura realizada até o momento, a Lei nº 9. 795 de 1999 foi de grande importância, pois definiu a Política Nacional de Educação Ambiental, no Brasil. De acordo com ela, a Educação Ambiental pode ser compreendida como Formal e Não Formal, conforme expresso nas sessões 2 e 3 dessa lei (BRASIL, 1999, online): Seção II - Da Educação Ambiental no Ensino Formal Art. 9o Entende-se por educação ambiental na educação escolar a desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando: I - educação básica: a) educação infantil; b) ensino fundamental e c) ensino médio; II - educação superior; III - educação especial; IV - educação profissional; V - educação de jovens e adultos. U N IC ES U M A R 55 Art. 10º. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal. § 1º A educação ambiental não deve ser implantada como dis- ciplina específica no currículo de ensino. § 2º Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica. § 3º Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas. Art. 11. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de for- mação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas. Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber for- mação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental. Art. 12. A autorização e supervisão do funcionamento de institui- ções de ensino e de seus cursos, nas redes pública e privada, obser- varão o cumprimento do disposto nos arts. 10 e 11 desta Lei. Seção III - Da Educação Ambiental Não-Formal Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. U N ID A D E 2 56 Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e muni- cipal, incentivará: I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente; II - a ampla participação da escola, da universidade e de organiza- ções não-governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não-formal; III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvol- vimento de programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-governamentais; IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação; V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação; VI - a sensibilização ambiental dos agricultores; VII - o ecoturismo. Neste sentido, a Educação Ambiental Formal é aplicada em todos os níveis e modalidades do ensino e deve ser trabalhada em meio as disciplinas do currículo. A Educação Ambiental não formal, por sua vez, faz-se presente em empresas, no turismo, nas unidades de conservação, no meio rural, nos meios de comunicação, isto é, onde seja possível realizar ações para a sensibilização da população no geral. Pensando na Educação Ambiental Formal e Não Formal, quais exemplos você pode en- contrar na comunidade em que vive? pensando juntos Para Jacobi (2003), faz-se um grande desafio formular uma Educação Ambiental crítica e inovadora tanto no nível Formal quanto Não Formal. Sendo assim, a Educação Ambiental deve voltar-se, principalmente, para a transformação social, tendo como foco as relações entre o homem, a natureza e o universo, já que os re- cursos naturais se esgotam e o principal culpado por sua degradação é o homem. U N IC ES U M A R 57 CONSIDERAÇÕES FINAIS A necessidade de estabelecer uma relação harmônica entre o desenvolvi- mento econômico e a preservação do meio ambiente fez surgir a necessidade de se discutir essas questões para além dos aspectos políticos. Desse modo, realizou-se vários eventos de abrangência mundial, como: a Conferência em Educação na Universidade de Keele, na qual se fez uso da expressão Edu- cação Ambiental;
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