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Criminologia Aula 3: Escola de Chicago – Teoria ecológica Apresentação A Escola de Chicago, principalmente nas décadas de 30 e 40, foi o berço da moderna sociologia americana e uma das primeiras a desenvolver trabalhos criminológicos diferentes do positivismo, tendo como seus principais autores Park, Shaw e Burgess. Nesta aula vamos ver o surgimento de uma nova escola criminológica que não mais está preocupada em estudar o indivíduo, mas sim a cidade e as suas várias influências criminógenas. Também veremos a teoria da anomia, a qual defende ser o crime um fenômeno normal na sociedade. Objetivos Conhecer os fundamentos da escola de Chicago como crítica ao positivismo; Conhecer o conteúdo da teoria ecológica; Conhecer o conteúdo da teoria da anomia; Identificar a relação entre a mobilidade social e o fenômeno da criminalidade. A Escola de Chicago desenvolveu a Teoria Ecológica, cujo principal objeto de estudo é a cidade. A cidade é considerada uma unidade ecológica, um corpo de costumes e tradições. Não é apenas um mecanismo físico e artificial, mas um ente vivo que está envolvido nos processos vitais das pessoas que a compõem, influenciando no comportamento dos seus integrantes, inclusive como fator criminógeno. wikimedia Video A escola de Chicago tem o meio urbano como foco de sua análise . A partir disso, estudos são desenvolvidos sobre o surgimento de favelas, a proliferação do crime e da violência, o aumento populacional, tão expressivos no início do século XX. Para complementar seus estudos, assista ao breve vídeo sobre a Escola de Chicago. Fator criminógeno O fator criminógeno atua, principalmente, em dois campos: 1. na mobilidade social Metrô de NY. 2. em áreas de delinquência. Paredes das estações de Metrô de NY. Algumas das principais alternativas sugeridas pela Escola de Chicago, como meios de prevenção do crime, são o mapeamento e a modificação dos espaços urbanos. Essa modificação passa por transformações no desenho arquitetônico da cidade, como: ampliar espaços abertos; iluminar ruas; pintar as estações de metrô. Atenção A política criminal confunde-se com uma política de "limpeza", como ocorre nos processos de gentrificação, que usam dinâmica de exclusão, criando um espaço socialmente desigual. Crítica à teoria da ecologia A principal crítica que se faz à teoria da Escola de Chicago é o continuísmo de uma espécie de determinismo positivista, só que agora no âmbito da cidade. Nela, determinadas áreas são estigmatizadas e contaminam seus moradores com o "germe" da criminalidade, como ocorreu nos guetos americanos, nos bairros muçulmanos franceses e em nossas favelas. Sendo assim, o sistema penal passa a orientar suas operações para essas localidades. javascript:void(0); A lógica que fundamenta as operações do sistema penal é: "Se eu sei que o crime está lá, por que procurar em outro lugar?“. wikimedia Mobilidade Social O incessante movimento dentro das cidades (residência, emprego, ascensão e decadência social) impossibilita a criação de vínculos e identidade entre os seus moradores, diferentemente do que ocorre na zona rural. Espaço rural 1 Espaço urbano 2 O anonimato rompe determinados mecanismos tradicionais (informais) de controle do sujeito que pretende praticar um crime, além de não haver qualquer laço de identidade entre o indivíduo e sua vítima, o que facilita a prática do delito. Áreas de delinquência Agora é a hora de entendermos as áreas de delinquência. A deterioração do ambiente reflete os valores daqueles que lá residem, ao mesmo tempo em que influencia na decadência moral desses. Essas áreas estão relacionadas à degradação física e segregações econômicas, étnicas e raciais. Comentário https://estacio.webaula.com.br/cursos/gon391/aula3.html https://estacio.webaula.com.br/cursos/gon391/aula3.html Como consta no artigo A Escola de Chicago e o pensamento criminológico como fenômeno social, Robert Park sociólogo e um dos principais pensadores da Escola de Chicago, “entendia que o pobre, o viciado e o delinquente vão sempre se aproximar um do outro, em uma intimidade mútua e contagiosa. Nota-se aqui o viés conservador das ideias de Chicago.” (FURQUIM. Revista Liberdades. Ed.25. p.26, 2018.). Teoria da Anomia por Robert King Merton Segundo Merton, anomia é o sintoma do vazio produzido quando os meios socioestruturais não satisfazem as expectativas culturais da sociedade, fazendo com que a falta de oportunidades leve à prática de atos irregulares, muitas das vezes ilegais, para atingir a meta cobiçada. Há dois pontos principais da Teoria da Anomia: 1 A desmisti�cação do crime É o crime como um fato normal, que nunca será extinto, pois sempre haverá conflitos na sociedade. 2 O alerta quanto à valorização do consumo desregrado Processo pelo qual somos bombardeados por promessas de felicidade e sucesso se comprarmos o produto certo. Comentário Quanto à questão do consumo, a sociedade nos exige cada vez mais, que sejamos reconhecidos como vencedores. A aquisição de alguns bens, como o carro do ano, o tênis importado e a roupa de certa marca, representa o alcance de status. Porém, se tal exigência é cobrada indiscriminadamente de todos, ao passo que o mesmo não ocorre com a distribuição de oportunidades para se conquistar tais bens, o que leva muitos indivíduos a buscar meios alternativos para atingir essas metas. Teoria da Anomia por Émile Durkheim A Teoria da Anomia vai tratar da ausência de reconhecimento dos valores inerentes a uma norma, fazendo com que esta norma perca sua coercibilidade. Isto porque o agente não reconhece legitimidade na sua imposição, considerando o crime, assim, um fenômeno “normal” na sociedade. Sempre haverá alguém que desconhece a autoridade da norma. Isto acaba sendo funcional, pois é necessário constantemente analisar e refletir sobre os valores normatizados face às mudanças sociais. Exemplo javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); Como exemplo, temos o caso do adultério, que era definido como crime pelo Código Penal. Mas pelo avanço dos costumes, verificou-se que era uma prática corrente na sociedade moderna e que não exigia sua proibição por norma tão coercitiva como a penal, a qual findou revogada. Émile Durkheim (Fonte: Wikipédia) Segundo Durkheim, a divisão do trabalho na sociedade capitalista não respeita as aptidões de cada um, o que não produz solidariedade, fazendo com que a vontade do homem se eleve ao dever de cumprir a norma. Para ele, anormal não é o crime, mas sim seu incremento ou sua queda, pois sem ele a sociedade permaneceria imóvel e sem perspectivas. Exemplo Um exemplo se verifica nos países europeus como a Suécia e a Noruega, que possuem as maiores taxas de suicídio do planeta, sendo um indício de que a ausência de conflitos mantém uma sociedade estagnada, o que repercute, principalmente, nos jovens. Para ele, a pena é relevante, sendo uma reação necessária que atualiza os sentimentos coletivos e recorda a vigência de certos valores e normas. Atividade 1. Agora que você já conhece a Escola de Chicago, diga qual é a principal crítica que se faz à Teoria Ecológica. Notas Espaço rural1 Espaço pouco povoado, em que há maior possibilidade de se criar vínculo ou conhecer a maior parte da vizinhança. Espaço urbano2 Espaço muito povoado, impossível de se criar vínculo e conhecer todos os moradores. Referências javascript:void(0); BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica ao direito penal: introdução à sociologia do direito penal. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1999. COSTA, Álvaro Mayrink. Criminologia, Vol. I, Tomo I. Rio de Janeiro: Forense, 1982. MOLINA, Antonio García-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio. Criminologia. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004 Próxima aula A Teoria Subcultural, que analisa o comportamento dos jovens delinquentes e a Teoria do Conflito, que parte da constatação da falta de imparcialidadena criação de leis e nos julgamentos. Explore mais Pesquise na internet, sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto.��Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem. Leia o texto: texto com Gentrificação periférica das favelas do Rio de Janeiro. javascript:void(0);
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