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Vida Universitária (Resumo) A chegada ao mundo universitário Começar um curso universitário é, com certeza, o sonho de milhares de jovens e de muita gente que não vê na sua idade mais avançada algum impedimento para realizar projetos e experimentar novas aprendizagens. E você está aqui, certamente, porque você quis e batalhou por isso. Seu desejo de se preparar para o mercado de trabalho, sua vontade de continuar aprendendo, sua esperança por dias melhores, seu sonho do diploma de ensino superior, seu compromisso em contribuir com a sociedade – tudo isso trouxe você até aqui. Você avaliou a situação, pensou nas alternativas, se organizou e tomou uma decisão: eu vou. É claro que ao tomar essa decisão você pode ter experimentado sentimentos e pensamentos diversos, como a segurança da decisão que estava tomando ou, por outro lado, alguma ponta de incerteza sobre a opção pelo curso escolhido. Mas o que importa muito neste momento é o sentimento de esperança, a confiança em você mesmo e a disposição de aceitar o maravilhoso desafio de aprender! Aprender a aprender! Vamos refletir sobre uma ideia muito difundida ultimamente no meio educacional: mais do que aprender algo, é preciso aprender a aprender! Pode parecer meio estranha essa ideia de aprender a aprender, afinal todo mundo aprende algo de alguma forma. Mas quanto do que você estudou realmente foi aprendido? Quanto do que você aprendeu faz sentido hoje em dia ou você utiliza de alguma forma? E qual a garantia de que todo conteúdo que você estudar no seu curso continuará atual daqui 10 ou 20 anos? Calma! A gente não quer dar um nó na sua cabeça nem sugerir que vamos esquecer todo conteúdo a ser estudado ou que ele não terá valor daqui a algum tempo. O curso que você escolheu tem um projeto pedagógico arrojado, um currículo atualizado, em sintonia com o mercado de trabalho e também com os critérios de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Educação (MEC). Além disso, você contará com metodologias inovadoras, conteúdo didaticamente elaborado e professores qualificados. Mas você precisa perceber algumas coisas: Não basta ter muita informação e assimilá-la para garantir o aprendizado. Não existe algo que o professor ou um tutor vá lhe oferecer e, como em um passe de mágica, fará você dominar tudo que é preciso aprender. As constantes mudanças no mundo do trabalho e as inovações tecnológicas tornam muitos conhecimentos provisórios, ou seja, há conhecimentos que, mais cedo ou mais tarde, precisarão ser atualizados. Há muita coisa que você aprenderá a fazer na faculdade, mas, certamente, ao longo da sua vida profissional haverá necessidade de novos aprendizados. Tudo que você aprender sobre algo pode ajudá-lo a descobrir como você aprende, ou seja, pensar sobre o seu jeito de estudar e sua forma de aprender é um caminho importante para aprender mais e melhor. Se você acha que todas essas observações fazem sentido, então precisa reconhecer que chegar à faculdade significa muito mais do que aprender os conteúdos que vai estudar e as práticas das quais você vai participar. Estar no ensino superior é uma excelente oportunidade para aprender a aprender! Isso mesmo! Você veio para aprender a aprender. Veio pela oportunidade de ser estimulado a aprender.Claro que o conteúdo, o conhecimento acadêmico, as práticas e o estágio têm valor. Também o diploma tem seu valor!Mas não é apenas o diploma ou o conhecimento específico que garantirá seu futuro profissional! Por isso, precisamos pensar um pouco sobre essa experiência na universidade, sobre essa nova aventura do conhecimento que começa agora. E vamos fazer isso olhando um pouco a história do saber acadêmico afim de descobrir como o conhecimento tem sido produzido e por que temos de aprender a aprender! Uma breve história do saber universitário A proposta aqui não é trazer a você informações sobre a história da universidade. Queremos tratar da história do universitário. Sim, dessa gente que já há quase mil anos tem ido para a universidade! E é possível garantir que os motivos mudaram bastante, apesar de existirem algumas semelhanças bem interessantes quando olhamos atentamente os alunos de hoje e os de tempos passados. Estudantes em instituições chamadas de “universais” são uma invenção europeia entre os séculos XI e XII.Quando as cidades começaram a crescer, a Igreja, que detinha o conhecimento, criou uma ideia que“pegou”muito bem: conhecimentos normais, aqueles do dia a dia, você poderia aprender em qualquer lugar, mas os conhecimentos especiais definidos pelas autoridades eclesiásticas,só se você tivesse aula com os melhores. Que conhecimentos “especiais” eram esses, que mistérios essa gente aprendia? Depende. Para alguns, era muita teologia;para outros, muita filosofia, para darmos apenas alguns exemplos.O certo é que o universitário desfrutava de um elevado status. Saía da sua cidade jovem e voltava com um título acadêmico, cheio de pompa e circunstância. Era contratado por quem tinha poder financeiro, tanto que ficou muito associado aos novos burgueses no fim da Idade Média, que queriam a proximidade desses alunos. Nos séculos XVIII e XIX Acontece outra mudança na vida do universitário. Se antes ele se formava como intelectual,agora passou a ter uma formação profissional. Se antes as cadeiras – ou cátedras – tinham a função de formar uma nova elite, a chegada da Era do Capital transforma o intelectual em profissional. Não há, claro, uma perda definitiva de status, mas agora o conhecimento fica mais plural, mais hierarquizado. No século XIX A definição do estatuto científico, da especialização, vai pouco a pouco matando a ideia dos grandes saberes integrados e gerando a chegada dos grandes profissionais em Química, em Física, em Psicologia, em Engenharia, entre outros. Cada um na sua, cada qual na sua formação e reivindicando a importância da sua formação e de sua forma de dizer e analisar a realidade. Temos, então, o surgimento de várias profissões que dependem da formação universitária. As vão sendo regulamentadas e valorizadas na sociedade de formas diferentes. De certo modo, tudo vai ganhando seu campo de pesquisa e teorização, e o mais importante: as profissões vão sendo hierarquizadas. Olhando para o estudante universitário de hoje,percebemos que ele tem certa autonomia ou liberdade em escolher que curso fazer ou para qual profissão se preparar. Além disso, ao longo da vida, ele pode rever suas decisões e fazer uma transição de carreira ou até mesmo não atuar na profissão mais diretamente relacionada com o curso que escolheu. Aprendemos o tempo todo e de diversas formas! Somos desafiados o tempo todo a compreender, relacionar, associar, construir, elaborar, ou seja, participar ativamente da nossa formação. A educação deve fortalecê-lo e dar possibilidades de olhar para o mundo, de estar disposto de forma constante a se desenvolver, a melhorar. E essa experiência de educação deixou de ser uma fase: Aprender e continuar aprendendo precisa fazer parte da sua vida. A educação não é episódica. Nesse sentido, se já era um equívoco pensar que educação é igual à aula, é também inadequado imaginar que a aula é somente um professor falando. O Ensino Superior no Brasil Para compreender a educação superior e a forma de organização e funcionamento das Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil, podemos recorrer à legislação pertinente. Há Leis, Decretos, Resoluções, Portarias e outros documentos legais ou norteadores que estabelecem políticas, programas, normas, diretrizes e uma série de orientações para a educação superior e as IES. (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – Lei Nº9.394, de 20 de dezembro de 1996. O capítulo IV da LDB trata especificamente da Educação Superior e compreende os artigos 43 a 57.) Públicas As IES públicas são mantidas pelo Poder Público, sejaele federal, estadual ou municipal. Por serem financiadas e mantidas pelo Estado, essas IES não cobram a matrícula nem as mensalidades de seus cursos de graduação. Privadas As IES privadas são mantidas e geridas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado e podem ser com fins lucrativos ou sem fins lucrativos. As IES privadas com fins lucrativos também são chamadas de instituições particulares (faculdade particular, universidade particular etc.). As IES privadas podem, ainda, ser confessionais, quando se orientam por uma confissão de fé e ideologia específica, e filantrópicas, quando não possuem fins lucrativos e são reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social. Comunitárias As IES comunitárias, também denominadas Instituições Comunitárias de Educação Superior (ICES), não têm finalidade de lucro e devem ter representantes da comunidade na sua mantenedora e administração,além de atender a outros requisitos exigidos por legislação específica. (Lei Nº 12.881, de 12 de novembro de 2013.) Organização acadêmica das IES Vamos agora conhecer as denominações das IES a partir de sua organização acadêmica. No Brasil, temos três tipos de instituições que oferecem cursos superiores: Faculdades São instituições de ensino superior dedicadas a um nº menor de cursos e de áreas de conhecimento; Cursos tendem a ser mais especializadas em determinadas áreas; Podem fazer parte de uma universidade; São desobrigadas de exigências, como a oferta de cursos de pós-graduação, um número maior de docentes com titulação de mestre e doutor, infraestrutura e campi maiores (como no caso das universidades) e investimento em pesquisas, entre outras obrigações. faculdades não têm autonomia para criar cursos de graduação sem autorização do MEC. Centros universitários São instituições mais amplas que as faculdades, porém com abrangência e obrigações menores do que as universidades; Número maior de cursos; Diversas áreas de conhecimento; Autonomia para oferecer cursos de graduação em sua sede, sem necessitar de autorização prévia do MEC; Pode oferecer cursos de mestrado e doutorado (Sem exigência de determinado nº. desses cursos) Universidades São as instituições com mais autonomia para abrir cursos novos, ampliar a sua atuação presencial no Estado em que têm sua sede; Possuem infraestrutura mais complexa e completa; Atuam nas diversas áreas de conhecimento, abrangendo variados cursos; São instituições que podem ser compostas por diferentes faculdades, além de diversos campi (plural do latim campus.); As universidades são obrigadas a oferecer um número mínimo de cursos de mestrado e doutorado; Devem investir em pesquisa, precisam ter um percentual maior tanto de docentes de tempo integral quanto de professores mestres e doutores. Tipos de Graus e Cursos Graduação Bacharelados Cursos de graduação mais tradicionais; Perfil generalista; Formação científica ou humanística; Cursos que, geralmente, permitem o exercício de determinada atividade profissional; Algumas profissões inclusive regulamentadas por conselhos. Também conferem competência para o exercício de atividades acadêmicas ou culturais. Diploma com o grau de bacharel. Licenciaturas Cursos de formação de professores; Visam formar profissionais da Educação para o exercício da docência na Educação Básica e modalidades educacionais, como EJA, além de desempenho de outras atividades, como a de gestores educacionais; Diploma com o grau de licenciado. Tecnólogos São graduações de duração menor do que os bacharelados e licenciaturas; Buscam atender a demandas técnicas do mercado de trabalho; Esses cursos foram criados no final dos anos1990 com o objetivo de acelerar a formação de técnicos no Brasil; Diploma com o grau de tecnólogo. Obs.: Os cursos de graduação podem ser ofertados presencialmente ou na modalidade a distância (EaD). Tanto os cursos presenciais quanto os cursos a distância são avaliados pelo MEC a fim de que sua qualidade seja garantida. Os diplomas de cursos presenciais e a distância têm o mesmo valor, por isso mesmo, não se especifica num diploma se o curso é presencial ou a distância. Cursos de Pós Graduação Lato Sensu Os cursos de pós-graduação Lato sensu (Sentido amplo) são uma forma de se especializar em determinado conhecimento ou área após a graduação, que é mais generalista. Por isso mesmo são cursos denominados de Especialização. Há também alguns cursos que recebem a denominação de MBA, sigla oriunda do inglês Master of Business Administration, sendo que no Brasil corresponde a uma pós-graduação Lato Sensu com foco no mundo do trabalho na área da gestão e de negócios. Os cursos de pós-graduação Lato sensu permitem que o aluno se especialize em determinadas competências e conhecimentos para o exercício de atividades profissionais, acadêmicas ou culturais. Por exemplo, a condição mínima para ministrar aulas num curso superior é ter um certificado de especialização ou título de especialista. Os cursos de pós-graduação Lato sensu não conferem diplomas, mas certificados. Esses cursos somente podem ser oferecidos por Instituições de Ensino Superior ou outras instituições especialmente credenciadas para essa oferta. Stricto sensu Os cursos do tipo Stricto sensu são voltados à formação acadêmica e à pesquisa científico- acadêmica. O mestrado e o doutorado são cursos de pós-graduação Stricto sensu, que conferem,respectivamente, o título de mestre e de doutor, com emissão de diploma. Para cursar o mestrado é necessário já ter cursado a graduação. Em geral, após cursar as disciplinas do mestrado e desenvolver um projeto de pesquisa ou de dissertação, o aluno apresenta a defesa de sua dissertação a uma banca examinadora a fim de obter a aprovação e o título de mestre. O mestrado pode ser acadêmico ou profissional. O doutorado é cursado, geralmente, após obtenção do título de mestre. Após cursar as disciplinas,desenvolver as atividades requeridas e a pesquisa, e passar por uma banca de qualificação, o aluno apresenta a defesa de sua tese de doutoramento a uma banca examinadora a fim de obter o diploma e o título de doutor. Profissional O mestrado profissional está mais voltado à preparação em alto nível para o mercado de trabalho e a qualificação profissional. Já o mestrado acadêmico está voltado para a pesquisa e a carreira acadêmicas. No entanto, tanto um quanto outro permitem o exercício do magistério no ensino superior. Doutor A rigor, o título de doutor é concedido a quem obtiver o diploma referente ao doutoramento. No Brasil, não há o título de PhD (abreviação para Philosophy Doctor e que poderia ser traduzido literalmente como “Doutor em Filosofia”). Nos Estados Unidos, por exemplo, o PhD corresponde a um doutorado acadêmico, já que há doutorados com foco profissional. A Organização Acadêmica O Projeto Pedagógico do Curso (PPC) O Projeto Pedagógico de Curso (PPC) é o documento que registra aspectos importantes de seu curso, como: Concepção do curso Incluindo contextualização e objetivos do curso, além do perfil do egresso (atitudes, habilidades e competências que são esperadas do futuro profissional.). Estrutura do curso Incluindo sua matriz curricular, informações sobre seu corpo docente e técnico-administrativo, infraestrutura etc. Procedimentos de avaliação Incluindo os critérios e formas de avaliação do ensino e da aprendizagem. Instrumentos normativos Incluindo regimentos, regulamentos e outros instrumentos normativos de apoio. Todos esses elementos que fazem parte da concepção, estrutura e funcionamento de um curso devem atender às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) estabelecidas pelo MEC para cada curso. São as DCNs que estabelecem, por exemplo, a carga horária mínima do curso,o seu tempo de integralização, os componentes curriculares obrigatórios, a obrigatoriedade e duração do estágio, a obrigatoriedade ou não do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) etc. A comunidade acadêmica A educação superior, em suas modalidades e configurações, é feita por gente, por sujeitos que constroem o conhecimento e contribuem para a transformação de uma nação. Nesse cenário, destacamos dois atores principais: professores e alunos.
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