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livro A DOUTRINA DE JESUS CRESCER NA FÉ E NO CONHECER (1) (1)

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A DOUTRINA  
DE JESUS 
         CRESCER NA FÉ E   
        NO CONHECER
institutoparamitas.org. 
      br/livros-digitais
 Valdeci Fidelis
Formado Bacharel em Teologia em 2016, Valdeci Fidelis,
agora é mestrando pelo Programa de Pós Graduação
em Teologia da Universidade Teológica Nacional de São
Lourenço (FTN-MG).
Meus agradeimentos ao Instituto Paramitas com sua sua
plataforma digital me deu condições de realizar este
trabalho, com digitação, miolo e capa, esta obra para
grandeza do Evangelho de Jesus Cristo. As citações biblicas
aqui, são da tradução de João Ferreira de Ameida, revista e
atualizadas, salvo onde houver outras citações, bem como
por se tratar de disertação de um "Trabalho de Conclusão de
Curso" de Mestrado em Teologia Livre.
Acesse o site link abaixo:
 
 
 . www.instituto paramitas.org.br/livros-digitais
 IPLD 163484AKNGF4DX?/PAGE 75
 Trabalho de Valdeci Fidelis - livro
Inicia-se aqui uma linha de investigação que tem por tema como
objetivo pesquisar por meio de uma breve avaliação da Bíblia na
evangelização com bases nos textos e teologia escriturísticas para
entender o cumprimento do apóstolo Paulo e saber se ele deu entender
na Bíblia a evangelização de um futuro na ordenação de mulheres ao
santo ministério pastoral. Considera três textos de suma importância
para o assunto que são: Gálatas 3.26-29, I Coríntios 11-14 e I Timóteo
2.8-15. Aprendemos ao comentar a teologia paulina que fala de duas
eras: a contemporânea, que se iniciou da queda de Adão e a nova era que
foi inaugurada por Jesus com sua morte e ressurreição. O povo da nova
era de Jesus Cristo é a Igreja, igreja não é prédio é grupo daqueles que
creem nele. O que a Sociologia chama de grupos sociais em uma cultura
de ciências dos homens, a Bíblia chama de Eclésia ou igreja. Saber que a
Igreja vive através da evangelização embasada na Bíblia em duas eras ao
mesmo tempo e deve conciliar estas vivências bíblicas, de um novo
interesse em uma nova abordagem dos Dons Ministeriais,
especificamente da evangelização do ministério pastoral feminino, igreja
na Escritura Sagrada significa “os chamados para fora” Diz a Escritura
que Cristo voltará para buscar aqueles que pertencerão a esse reino.
Viver na nova era de Cristo significa que através da Bíblia a
evangelização e alcançar os princípios desta nova vida, que é a de Deus
vivo. Viver na era antiga significa enxergar, dentro de cada sociedade e
cultura, o que é bom e o que é mal. Esta percepção leva a Igreja a
concordar com os costumes das localidades e temporais, porém
fundamentado no propósito de modificá-los, os chamados para fora, as
Escrituras dizem que Jesus voltará, para buscar aqueles que pertencerão
a este reino que a igreja sempre de acordo com a evangelização e os
princípios de superioridade da nova era em Cristo. Três tradições do
período de Paulo são apresentadas: o matrimônio de um com muitos, ou
a poligamia, a sujeição ou escravidão, e a submissão da mulher na
sociedade e na Igreja. Para cada um desses problemas, Paulo consegue
habituar-se, porque são tradições sociais da era em que vivia. Paulo faz
isto baseado no princípio de não colocar “pedras de tropeço” na Igreja a
fim do evangelho ser pregado sem exceção e ao mesmo tempo mais
pessoas através da evangelização em massa sejam salvas. Ao mesmo
momento, sua orientação acenderá uma brecha nos meios filosóficos e
ideológicos que amparam estes costumes. Por conclusão, os princípios
elevados da teologia paulina na evangelização levam ao acordo de que a
transformação da cultura da sociedade cria uma nova atitude da Igreja
no sentido de vivenciar seus princípios elevados. Com a transformação
cultural, abre-se a probabilidade da mulher ter sua ordenação ao
ministério feminino e ser pastora. Permanecem de pé as aberturas
paulinas de que não devemos botar “pedras de tropeço culturais” e que
as pessoas cheguem a Cristo e que nele “não há homem, nem mulher”.
1 INTRODUÇÃO
 O argumento bíblico para evangelização e a importância dos textos
paulinos na ordenação de mulheres ao ministério pastoral feminino é
indefinidamente uma atitude muito criticada no movimento evangélico
brasileiro. Na Assembleia da Convenção Batista Brasileiro, por
exemplo, permanece uma intransigente discussão hoje a respeito do
argumento. Em 2012, em sua assembleia anual, a Ordem dos Pastores
Batistas do Brasil decidiu que pastoras poderiam filiar-se à Ordem, e, em
cada Secção Estadual os pastores filiados eram quem decidiriam sobre a
aceitação ou não de ordenação de mulheres pastoras, onde muitas foram
ordenadas “pastora” e nas suas regionais são chamadas de missionárias
(CINTRA, 2015). As mesmas contendas acontecem nas igrejas
históricas, pentecostais e neopentecostais. A diferença entre tradicionais
(os que não aceitam pastoras) e igualdades (os que aceitam) está muito
exaltada, tanto na área bíblica como no ético-social. Teólogos têm se
despontado sobre o assunto e, como é de costume, divididos (neste
Trabalho, Culver, Foh, Lopes e Grudem são contrários; Liefeld e
Mickelsen são favoráveis).
Para os que crêem na criação divina e a verdade da Bíblia, a derradeira
palavra precisa vir dela. A análise das Sagradas Escrituras, nos escritos
que aborda neste argumento, e a consequente teologia decorrida
precisam levar os cristãos a uma posição sobre a probabilidade ou não
deste tipo de ministério pastoral. Este Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC) objeto da presunção de que toda a Bíblia é inspiração de Deus,
que as Escrituras precisam explanar a Escritura, continuamente com o
uso da causa e que o apóstolo Paulo é o escritor das treze cartas que
levam seu nome no Novo Testamento.
 Na Sagrada Escritura, o apóstolo Paulo é o autor bíblico que mais
aparece sobre o argumento. Pelo volume de sua grafia e pelo fundo
teológico que confirmem de sua pena, Paulo é o escritor bíblico mais
mencionado, tanto ao benefício da Bíblia na evangelização pastoral é
que mais menciona a mulher não ao ministério feminino. Por esta razão,
este (Tratado) expõe como finalidade estudar o adágio paulino
aproximar-se do assunto. Num primeiro momento, se cogitará as
explanações e análises de extraordinários textos paulinos a propósito de
o assunto e, num segundo momento, uma proposta de teologia paulina
na abordagem da possibilidade da evangelização como ministério
pastoral feminino.
2 A IMPORTÂNCIA DOS TEXTOS PAULINOS NA
ORDENAÇÃO DE MULHERES AO MINISTÉRIO PASTORAL
Tudo leva crer que Paulo é o formulador teológico do Novo Testamento.
Numa aparição habitual, ele escreveu treze cartas. Por meio destes
escritos, é provável perceber muito do pensamento cristão, pois
descobrimos neles o alicerce da fé. No entanto, Paulo a escreveu igreja e
não tratados de teologia.
Ele puramente escreveu Eclésia – (igreja) e as pessoas aplicaram como
instituição religiosa hierarquizada, tão facilmente para aproximar-se de
dificuldades que eles estavam abarbando. Ele levanta sua teologia a
partir de dificuldades, estágios e dá respostas a estes problemas em seu
período e sua época, mas ainda ordena, além do ensinamento, princípios
teológicos que ajudarão para toda ocasião e época.
Em afinidade ao assunto “Bíblia e a ordenação de mulheres ao
ministério pastoral feminino”, o apóstolo Paulo estabelece princípios
gerais e universais que aplanam homem e mulher na nova camada de
salvação criada por Jesus e vivenciada na igreja; nesta nova autorização,
os dons são dados pelo Espírito Santo a todos os crentes, livre do
gênero. Em originados assuntos, ele teve que afeiçoarem-se estes
princípios às classes culturais de sua época. Três destes argumentos são:
a monogamia/poligamia, a escravidão e a liderança pastoral feminina na
igreja. Nesta definição, Paulo de tal maneira reafirmou a prática cultural
de sua época quanto deu margem para uma transformação de postura em
benefício de alteração de cultura, rumo aos princípios gerais e universais
expostos em outros textos.
Existem três textos proeminentes sobre a matéria que convémanalisar:
Gálatas 3.26-29, I Coríntios 11-14 e I Timóteo 2.8-15. Diferentes textos
paulinos serão citados, porém estes três formam o alicerce para chegar-
se uma definição do assunto.
2.1 GÁLATAS 3.26-29 
 Paulo escreveu carta aos gálatas com a finalidade de instruir
que a salvação é somente pela fé em Jesus Cristo. Oradores judaizantes
ficavam doutrinando que, além da fé em Jesus, era indispensável
também a submissão da lei de Moisés. A alegação de Paulo do seu
evangelho é enérgica. No capítulo 3, ele expõe que a promessa foi dada
a Abraão, pois ele creu em Deus (v. 6) e os que são da fé em Jesus, esses
são filhos de Abraão (v. 7). Isto só tornou-se admissível porque Cristo
nos resgatou da maldição da lei ao morrer no madeiro, segundo
determinação da lei (v. 13,14). Pela fé, os gentios recebem a Cristo e a
promessa do Espírito. Quem deu a lei foi Deus para servir como um aio,
protetor, até que a advento de Jesus pudesse levar os homens a acreditar
nele. Neste contexto, ele desenvolve o texto de 3.26-29.
 Nos v 26,27, ele diz: “pois todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo
Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo, vos revestistes
de Cristo” (Versão Revisada, Imprensa Bíblica Brasileira, em todo o
trabalho). Através da fé, todos são filhos de Deus. A palavra “todos” não
deixa dúvida de que qualquer pessoa, livre de qualquer condição
humana, pode ser salva e deleitar-se deste privilégio. O batismo o
simboliza o sinal da nova situação e sugere que juntos se vestiram de
Cristo, ou seja, são novas criaturas afeiçoar-se segundo seu Senhor. A fé
em Cristo produziu um novo modo de ser e viver, embora permaneçam
habitando na velha era. A doutrina da salvação pela fé não ficava
reservada ao campo doutrinário, metafísico, mas acontecia a fazer parte
da vida prática, do dia a dia, pois “se alguém está em Cristo, nova
criatura é” (2 Coríntios 5.17)
 No v 28, há a declaração de Paulo dizendo que: “não há judeu nem
grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque
todos vós sois um em Cristo Jesus”. Paulo põe alguns pares divididos
por raça, meio social e natureza. O primeiro par indica a isolamento
racial que existiu em toda a história do povo de Israel de se considerar o
“povo eleito” e, desta forma, distinguir de todos os outros povos. Na fé
em Cristo, não há mais raça (nacionalidade) escolhida. O principal par é
formado pelas normas da sociedade: escravos e livres. Esta separação
social nada constitui na fé. Para o seu tempo, esta era um conceito
revolucionário já que a prática da escravidão estava arraigada em todo o
mundo antigo. “O terceiro par deriva da natureza: “macho” e fêmeo”,
palavras que se assinalam por definir a sexualidade de cada indivíduo
humano. Homens e mulheres ocupam o mesmo patamar na presença de
Cristo
Não há mudança humana e exterioriza na existência destas pessoas: o
homem continua sendo homem, novamente a mulher, o escravo continua
sendo escravo. Tudo permanece sendo absolutamente igual na
sociedade. Isto faz objeto da teologia paradoxal de Paulo do “já” e do
“ainda não” em analogia à salvação operada por Cristo que se nascia
numa era atual e na era futura simultaneamente. Porém, no que envolve
a fé em Cristo, e isto envolve a Igreja, estas distinções humanas se
rompem e estas pessoas são completamente niveladas em Cristo. Todas
elas tornam-se um em Cristo. Ou seja, não somente são niveladas como
igualmente são unidas a ponto de serem um só povo na pessoa de Cristo.
A unidade da humanidade é conseguida e vivenciada em Cristo.
 Ainda em relação ao v. 28, Lopes (2015, p. 5-7) não vê neste
texto a eliminação da submissão feminina e de coincidência de funções
no ministério pastoral. O assunto tem quatro oposições ao emprego deste
texto para o ministério pastoral feminino. A primeira oposição diz
importância ao objetivo do texto que é tratar da maneira perante de Deus
porque cremos em Cristo e não dos cargos que homens e mulheres
cumprem na Igreja. A segunda é que Paulo aprofunda a submissão
feminina, não na queda, mas na competente criação. A terceira oposição
diz respeito à palavra “um” no texto que constitui unidade de todos em
Cristo e não identidade de funções. A quarta oposição é que Cristo não
aboliu, na presente era, os efeitos do pecado e as punições quando
pecaram. A primeira e a terceira oposições são textuais. De fato, o texto
fala da nossa posição em Cristo que a gente foi recebedora mediante
nossa fé nele. O assunto é se esta nova posição não traz insinuações de
caráter prático para a afinidade homem-mulher. Se, em Cristo, não existe
homem nem mulher, significará que, em Cristo, a mulher permanece
submissa ao homem? 
Será que, em Cristo, o escravo segue subordinado ao livre? Ou o
grego ao judeu? Paulo está difundindo uma abertura nova decorrente da
atitude que os crentes têm em Cristo, a qual signifique esta nova posição
aboliu com as diferenças e os igualou. A aplicação disto nas diversas
sociedades se dará segundo as culturas de cada uma delas, mas o
princípio está oferecido e afetará a questão do ministério pastoral
feminino nas culturas onde isto couber. Não podem o viver numa
condição de eras passadas quando a instituição terrena da igreja romana
que ordena Padre e não a mulher no seu sacerdócio será que queremos
representar em alguns ministérios o mesmo feito eklesio de não
formação pastoral feminino. Em relação à unidade, segue-se o mesmo
pensamento, pois não pode existir unidade com sujeição entre as pe 
ssoas envolvidas. A segunda e a quarta oposições não são textuais. O
conceito de que a submissão da mulher ao homem principiou no Éden
ou na queda é muito controvertida na teologia e não existe pensamento
único acerca desta questão entre os teólogos que creem na concepção
das Escrituras. Se, de fato, Cristo não revogou, na atual era, os
resultados do pecado, também é certo que ele iniciou uma nova era cujas
intenções podem, dentro das possibilidades culturais, ser havidos nesta
era presente. Se a cultura aceita à Igreja vivenciar na prática o “nem
homem nem mulher em Cristo” nesta era, por que não se conviveria?
 No v. 29, se as pessoas são de Cristo, imediatamente é a semente
prometida por Deus a Abraão e sucessores de todas as bênçãos deste
juramento. Não existe distinção nestas regalias entre uns e outros, entre
homens e mulheres.
 O escrito de Gálatas 3.26-29, por ser doutrinário e apresentar
princípios referentes à salvação em Jesus Cristo é um escrito que deve
conduzir outros escritos que recomendem aparentes contradições com
este ou provem fatos locais e culturais, pois:
 Esta é uma passagem crucial que
tende a citar como a que governa a
interpretação de todos os demais
textos relevantes, ou ao contrário, a
ser minimizada quanto às suas
implicações. [...] Gálatas 3:28 deve
ser visto como um contraste com o
status inferior geralmente dado às
mulheres nos dias de Paulo. É uma
afirmação dramática que não deve
ser desprezada, nem diluída com o
objetivo de manter uma posição
restritiva. Gálatas 3.28 aplicam-se a
relacionamentos sociais dentro da
igreja, e não meramente ao âmbito
espiritual da soteriologia. Ao
mesmo tempo, não significa que
todas as distinções estão
eliminadas. Nem uma declaração
positiva como Gálatas 3.28, nem
uma restritiva, como I Timóteo 2.12,
devem ser consideradas à parte da
revelação 
bíblica total sobre o assunto
(LIEFELD, 1996, p. 166,168).
Mickelsen (1996, p. 250), acompanhando nesta própria linha
de pensamento, escreve que
 erudito do Novo Testamento, F. F.
Bruce declarou em seu comentário
de Gálatas 3.28: “Paulo estabelece
aqui o princípio básico: se as
restrições sobre esta questão se
encontrarem noutras passagens
das cartas paulinas.
2.2 I CORÍNTIOS 11-14
 
 
 Os capítulos 11-14 de I Coríntios abordam de questões referentes ao
culto cristão. Visto que existiam problemas em relação a uns aspectos,
Paulo escreve no significado de guiar a igreja. Em 11.2-16, ele trata da
ação do costume do véu para asmulheres usarem no culto público. Em
11.17-34, da celebração da Santa Ceia do Senhor. No capítulo 12, Paulo
fala dos dons espirituais. I Coríntios 13 é um extenso capítulo sobre o
amor. Em 14.1-25, ele debate sobre o dom de línguas e profecias durante
o culto. E, por fim, em 14.26-40 sobre a ordem e decoro no culto cristão.
Existem dois textos que falam mais sobre a atitude da mulher na igreja:
11.2-16 e 14.26-40.
O contexto cultural que obriga entender este texto é o seguinte: as
mulheres não tomavam parte nos cultos das sinagogas, ao porque elas
tinham ampla atividade nos cultos pagãos, mas sempre associadas a ritos
de prostituição cultual. No culto cristão, a mulher fazia parte ativa, tanto
quanto o homem porque as congregações eram mistas. Em público, a
mulher carecia usar um véu, em consideração a seu marido e à cultura da
época. Existe um cuidado social de Paulo para com a figura da mulher,
mas
o trecho relativo a 1 Co 11.2-11
levanta algumas situações
complexas concernentes à situação
de Paulo envolvendo a disputa por
autoridade. O velamento das
mulheres, contudo, não foi somente
uma questão de falta de decoro ou
oriunda dos fatos de alguns
membros da comunidade
de Coríntios se sentirem
constrangida pela atuação das
mulheres, mas o próprio ato de
profetizar era visto como uma
experiência direta com o divino, o
que concedia autoridade a quem o
fizesse (SILVA, 2013, p. 16).
 
 O texto de 11.2-16, Paulo dar início falando que os louva bem como
eles nutrem as tradições conforme ele as deu. Combina recomendar que,
naquele período, eles não exibiam ainda o Novo Testamento, que
permanecia em desenvolvimento.
 Os Evangelhos Canônicos tiveram origem na tradição 
oral sobre Jesus. Mateus, Lucas e possivelmente 
Marcos podem igualmente ter utilizado uma coletânea 
especial das suas palavras. Os Evangelhos Apócrifos 
ampliaram bastante as versões canônica.
 O ensino das tradições compreendia os costumes éticos e sociais
incididas do próprio Evangelho. No v. 3, ele diz: “quero, porém, que
saibais que Cristo é a cabeça de todo homem, o homem a cabeça da
mulher e Deus a cabeça de Cristo”. A palavra “kephale,” cabeça é
interpretada em dois sentidos: a de “autoridade, liderança” ou como
“fonte”. Liefeld (1996, p. 161), aborda destes dois sentidos possíveis diz
que
 
os tradicionalistas tendem a presumir que cabeça sempre
quer dizer “governo” ou “autoridade”, e interpretam
Efésios 5.22-23, a respeito de esposas e maridos e 1
Coríntios 11.2-16, a respeito da cobertura da cabeça.
Outros eruditos têm demonstrado que cabeça é termo
empregado para significar “fonte”. Embora os eruditos
estejam tratando das mesmas as evidências, a diferença na
seleção e avaliação delas levam-nos a soluções fortemente
conflitantes. Um estudo que selecionou certo número de
usos da palavra “cabeça”, em sentido figurado, num total
de 2.000 ocorrências, de início pareceu apoiar os
significados de “governo” e “chefia”, mas a metodologia
usada tem sido fortemente criticada. [...] No contexto mais
amplo de Efésios kephalf significa tanto “governo” (1.22)
como “fonte” (1.15-16)
Ainda que o significado de “cabeça” seja a de domínio deve-se notar que
ela é funcional, pois Deus sendo o cabeça de Cristo não indica
superioridade ontológica. Ainda sobre o significado do termo “cabeça”,
Mickelsen (1996, p. 235) afirma o dicionário mais abrangente da
língua grega daquele período de que dispomos hoje, em
inglês, é o compilado por Liddell, Scott, Jones e McKenzie,
cobre a língua grega clássica e o coiné (Koiné), de 1.000
a.C. até cerca de 600 d.C. – portanto, um período de quase
mil e seiscentos anos, incluindo a Septuaginta (tradução
grega do Antigo Testamento). O dicionário relaciona ce rca
de vinte e cinco possíveis significados figurados
para kephale (“cabeça”) os quais eram usados na literatura
grega antiga. Entre estes significados estão: “topo”,
“beirada”, “ápice”, “origem”, “fonte”, “boca”, “ponto
inicial”, “coroa”, “término”, “consumação”, “soma” e
“total”. Essa lista não inclui nosso emprego comum em
inglês com o sentido de “que tem autoridade sobre”,
“líder”, “diretor”, “graduação superior” e outros sentidos
semelhantes. (grifo do autor). que 
 Nos v. 4-6, Paulo aconselha que todo homem que orar ou profetizar,
que o faça com a cabeça descoberta, caso adverso envergonharia a si
próprio. Este é uma maneira cultural da época. Acerca das mulheres,
Paulo diz que toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta
desonra a si própria, pois
 os dias de Paulo, mulher
sem véu, com cabelos soltos ou
curtos, era considerada infame. O
uso do véu perpassava várias
culturas, entre elas a judaica e a
greco-romana, que dominavam o
ambiente à época. Por isto, as
honradas deviam ter o cabelo
longo, preso e bem penteado. O
cabelo solto era visto como um
estímulo erótico, por isso, usá-lo
solto em público era um ultraje ao
pudor, pois era considerada uma
parte privada do corpo, que só o
esposo podia olhar [...] é provável
que as mulheres-profetas
achassem que podiam
desempenhar seu papel na liturgia
com a cabeça descoberta, pois a
casa, lugar onde também se
celebrava o culto cristão, não era
um lugar público (FOULKES
apud MATOS, 2004, p. 91-
92).
Analisar que as mulheres faziam uso o livre-arbítrio de orar e profetizar
no culto cristão (v. 5), todavia que deveriam fazê-los segundo os
costumes sociais de sua época. No v. 7, Paulo diz: “pois o homem, na
verdade, não deve cobrir a cabeça, pois é a imagem e glória de Deus,
mas a mulher é a glória do homem”. É um comprometimento do ser
humano não baralhar os papéis culturais de homem/mulher. Não
necessita ter nem conflito nem mudança. Paulo ver neste modo de
cultura de cobrir ou não a cabeça uma forma boa e verdadeira de
expressar um fato bíblico da criação: Deus criou o homem e deste fez a
mulher. É esta verdade que ele enfatiza-nos v. 8-10. Paulo acha
adequada a atitude cultural na qual a mulher evidencia “submissão”
tanto a seu marido como aos homens em geral ao aceitar o princípio de
divisão masculino/feminino incluso na sociedade patriarcal na qual
viviam. No entanto, esta “submissão” não evita que a mulher ore e
profetize no culto público, que são sinais de autoridade.
 Nos v. 2-10, Paulo está discorrendo da necessidade de se seguir as
tradições culturais para que não exista vergonha no culto cristão.
Entretanto, nos v. 11 e 12, ele dá uma virada no texto: “todavia, no
Senhor, nem a mulher é livre do homem, nem o homem livre da mulher,
pois assim como a mulher veio do homem, assim também o homem
nasce da mulher, mas tudo vem de Deus”. Paulo estava comentando da
cultura, mas agora ele começa proferindo: “todavia, no Senhor”, o que
indica que ele fala da nova ordem criada em Cristo liberta das amarras
culturais de cada povo. Nesta nova ordem, homens e mulheres são
iguais: um não vive sem o outro; homem e mulher se concluem e por
isso devem viver juntos em unidade. 
 Na criação, a mulher é gerada de uma costela e tirada para fora do
homem, mas no nascimento, é o homem que é tirado para fora da
mulher. Isto restaura o equilíbrio e a unidade. Então ele diz: “mas tudo
vem de Deus”. Tanto o homem como a mulher foram criados com
sexualidades diferentes por Deus e este convívio de interdependência e
igualdade é o desejo e a proposta dele para a Igreja.Nos v. 13-16, Paulo
contorna ao dia-a-dia e diz que há tradições na sociedade dos coríntios
acerca do que é decoroso e honesto na inclusão homem/mulher e que a
igreja cristã precisa se submeter a fim de não molestar a sua boa
presença na comunidade. A abertura que Paulo segue está bem
especificada em I Coríntios 10.32-33: “não vos torneis causa de tropeço
nem a judeus, nem a gregos, nem a igreja de Deus; assim como também
eu em tudo procuro agradar a todos, não buscando o meu próprio
proveito, mas o de muitos, para que sejam salvos” Tem algumas
conclusões acerca do texto do “véu das mulheres” (I Coríntios 11.2-16).
A primeira é que há uma forma de envolvimento homem/mulherdefinida pela sociedade em que toda igreja cristã se encontra. Esta forma
de envolvimento define os papéis culturais de masc ulino e feminino
dentro da sociedade. O alvo da sociedade e, convergentemente, de
Paulo, é que estes papéis não sejam misturados, mas permaneçam
distintos. Onde estes papéis são deliberadamente confrontados não pode
ter oração, profecia ou mesmo culto público que comunique a
mensagem do evangelho para a sociedade. Daí a ordem paulina de
cobertura da cabeça com o véu para a mulher no culto e da não cobertura
para o homem. A segunda conclusão é que, paradoxalmente, no Senhor,
sem os costumes específicos das sociedades, o relacionamento
homem/mulher é de igualdade e complementariedade. As mulheres
podem orar e profetizar do mesmo 
orar e profetizar do mesmo feitio que os homens e têm parte ativa nos
cultos tanto quanto os homens. Eles são iguais na criação e na redenção.
Esta é a nova sociedade que está sendo formada por Deus.
 No capítulo 12, Paulo fala dos dons espirituais. Dentre os vários
exemplos que o apóstolo dá, é destacado o v. 11: “mas um só e o mesmo
Espírito opera todas estas coisas distribuindo particularmente a cada um
como quer”. Ou seja, na repartição dos dons, o Espírito é quem decide
que dom dará a cada um. A determinação é dele e não humana. Não tem,
no texto, qualquer menção de que ele restrinja dons pelo ao sexo da
pessoa. Apóstolo Paulo refere o dom de profecia (v. 10) e já tinha dito
que mulheres profetizavam (11.5). No v. 25, ele diz que a separação dos
dons é “para que não tenha separação no corpo, mas que os membros
tenham igual cuidado uns dos outros”. A igreja era composta de homens
e mulheres. O que ele quer falar é com “igual cuidado uns dos outros”?
Não imaginava ele em uma igreja de iguais ao invés de uma igreja
hierarquizada aonde a mulher chegasse sempre ocupa um lugar
subalterno? O v. 27 diz: “ora, vós sois o corpo de Cristo, e
individualmente seus membros”. Na Bíblia o Evangelho e a visão
paulina, a igualdade entre homens e mulheres na igreja é superior a
qualquer hierarquização apresentada pelos costumes sociais.
 No capítulo 13 No capítulo 14.1-25, como em todas as igrejas
dos santos, as mulheres estejam caladas nas igrejas;
porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas
como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma
coisa, perguntem em casa a seus próprios maridos; porque
é indecoroso para a mulher o falar na igreja.
Existem três ordens dadas nos versículos, todas apontadas às mulheres:
“silenciai”, “subordinem-se” (voz reflexiva) e “perguntai”. Numa
primeira leitura, Paulo ordena que, nos cultos públicos, a mulher
permaneça em silêncio e não fale nada. O aprendizado delas, quando
tivesse dúvidas, seria em casa perguntando a seus maridos. Como
interpretar este texto, se nos textos anteriores de I Coríntios 11-14, ele
deu direito de liberdade às mulheres de orar e profetizar em público e de
participar ativamente no culto? Segundo Mickelsen (1996; 242-243).
há pelo menos duas possibilidades.
É possível que Paulo esteja
dizendo às esposas que parem de
interromper o culto ao fazer
perguntas a seus maridos,
querendo saber o significado de
tudo. Antes, deveriam perguntar-
lhes em casa. Talvez Paulo
estivesse fazendo menção a
ensinos falsos dos judaizantes, que
desejavam que as mulheres
ficassem em silêncio na igreja,
como tinham de ficar na sinagoga.
[...] Usualmente, quando Paulo fala
“da lei”, refere-se ao Antigo
Testamento. Todavia, não existe
uma passagem no Antigo
Testamento que digam que as
mulheres devem estar
subordinadas ou que não podem
falar em público.
 Então a que lei se refere esta
passagem? Pode se referir a uma
das numerosas leis locais, que
proibia às mulheres falar em
reuniões públicas. Ou pode referir-
se à interpretação rabínica do
Antigo Testamento. Se esta
passagem for uma citação dos
judaizantes, é provável que se
refira a uma interpretação rabínica.
Há outras possibilidades, ainda,
mas ninguém pode dogmatizar com
autoridade, sobre o sentido exato
desses versículos, porque não
conhecemos a situação
sociocultural exata. Paulo o sabia,
os coríntios o sabiam. Nós não o
sabemos. [...] Visto que esses dois
versículos parecem contradizer o
que Paulo dissera anteriormente
nesta carta, bem como o próprio
costume de Paulo, concernente a
Priscila e suas outras
“colaboradoras” (“meus
cooperadores em Cristo Jesus”),
não ousamos usá-los com o
objetivo de anular tudo o mais que
Paulo escreveu e praticou.
Outra estudiosa, Foh (1996, p. 101-102) assim se exprime
sobre este texto
o verbo usado junto com “silêncio”
nesta passagem tem a conotação
de ausência de fala. Então seria
absoluto o silêncio exigido das
mulheres? Se isso for verdade, as
mulheres não poderiam cantar
participar de jograis, de leituras
responsivas, orar em voz alta, nem
mesmo pronunciar a oração
dominical. Se assim for, tudo
quanto foi dito antes, que envolve
falar em línguas, profetizar e
compartilhar verbalmente na igreja,
não diz respeito à mulher e deveria
ter um carimbo: “só para homens”.
A expressão “vós todos” de 14.5
deveria excluir as mulheres. [...]
Além disso, Paulo emprega o termo
“conservem-se as mulheres
caladas” em 1 Coríntios 14, mas
não sugere um silêncio absoluto,
pois o contexto define que tipo de
silêncio o apóstolo tem em vista.
“Mas, não havendo intérprete, fique
calado na igreja, falando consigo 
 calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus” (1
Co 14.28), e, “se, porém, vier revelação a outrem que esteja
assentado, cale-se o primeiro” (1 Co 14:30). Em nenhum
dos casos, presume-se que o silêncio deva ser absoluto; a
pessoa que tiver o dom de falar em línguas pode
certamente participar de cânticos, de orações e assim por
diante, ainda que esse crente não possa falar em línguas
sem que haja intérprete. [...] O apelo de Paulo à lei em geral
é sentido como um golpe tremendo para manter as
mulheres sob controle. Mas há outra maneira de ver a
questão. A lei pode ser vista como um limite. A mulher não
precisa submeter-se naquilo que a lei não exige; a mulher
só deve submeter-se segundo as exigências da lei. O
Antigo Testamento permitia que a mulher profetizasse;
portanto, 1 Co 14.34 não proíbe às mulheres o dom de
profetizar. O que a lei exige é a submissão, e não o silêncio.
O mandamento no v. 34 pode ser traduzido assim: “mas
devem submeter-se”. “Esteja subordinada” ou “fique
sujeita” são formas passivas que ressoam uma nota de
servilismo. Mas o verbo grego é reflexivo. Trata-se de um
ato que a própria pessoa executa por si mesma, ou de si
mesma. A mulher, sendo ontologicamente igual ao homem,
de vontade própria submete-se em reconhecimento de sua
posição de mulher. O v. 35 também
 Visto acima, estudiosos discordam sobre a explicação do texto, mas
também não confirmam que o silêncio da mulher é absoluto, como
parece ser a explanação e interpretação do texto à primeira vista. Culver,
que advoga a ideia conservadora de que a mulher deve permanecer em
silêncio na igreja, interpreta este texto assim: “parece que a ideia é no
que concerne ao ato de ensino público na igreja, as mulheres deveriam
estar em silêncio” (1996, p. 38) (grifo do autor). Outra observação é que
o “silêncio” da mulher sempre é acompanhado de explicações possíveis
sobre o que acontecia na época em que o texto foi escrito, quer seja
intérprete conservador, quer seja igualitário.
 Outro problema na interpretação destes textos é se o culto e sua liturgia
no primeiro século eram exatamente iguais aos cultos atuais com uma
liderança e liturgias formais. Ridderbos (2014, p. 534), um teólogo
perito em Paulo, afirma acerca dos cultos públicos
agora, no que ser refere a estas
reuniões da Igreja, de forma alguma
é o caso que em Paulo tenhamos
recebido informações detalhadas
ou prescrições. Nas epístolas que
foram preservadas e chegaram até
nós, ele fala dessas reuniões
incidentalmente, na maioria das
vezes, com relação a certos abusos
e pressupondo muitas coisas que,
com frequência, não ficam claras
para nós e sobre as quais
gostaríamosde saber mais. 
Assim, desde o início, é difícil,
tomando por base as epístolas
paulinas, determinar se e até que
ponto estas reuniões estavam sob
a orientação específica de pessoas
designadas para este propósito.
Esta questão está, obviamente,
ligada de maneira muito próxima
àquela da presença de pessoas
com cargos na Igreja de um modo
geral. Tomando-se como ponto de
partida uma passagem como 1
Coríntios 11.17ss, há muito pouco
que deixe evidente uma ordem fixa;
antes parece haver uma escassez
de liderança. O mesmo aplica-se a
1 Coríntios 14, onde Paulo vê-se
obrigado a colocar claramente para
a Igreja que Deus não é, afinal de
contas, Deus de confusão (v. 33).
Por outro lado, tudo isso
certamente não é prova de que nas
reuniões da igreja não havia,
geralmente, uma liderança [...] Com
tudo isso, 
Com tudo isso, podemos
considerar que muito mais coisas
foram pressupostas do que aquilo
que é expressado com todas as
letras. No entanto, fica evidente
pela maneira como, também a esse
respeito, Paulo dirige-se
continuamente à Igreja e não a uns
poucos que ocupam posições de
liderança ou cargos, o quanto os
encontros da Igreja não são uma
reunião hierárquicos, ou oferecidos
por umas poucas pessoas
“santas”, mas têm um caráter
plenamente congregacional.
Nas contendas atuais sobre os textos paulinos, há uma tendência de
conduzir a hierarquia e liturgia dos cultos atuais para interpretar os
cultos do I século. Aqueles eram cultos bastante informais, realizados
nas casas de pessoas da comunidade como acontecem ainda hoje, e
contando com a participação ativa de muitos como se infere de I
Coríntios 14.26. Os cultos tinham a presença e participação ativa de
mulheres (I Co 11.5).
 
2.3 I TIMÓTEO 2.8-15
 
 Outro texto que houve controvérsia sobre o assunto é I Timóteo 2.8-15.
A primeira carta de Paulo a Timóteo deixa claro como objetivo orientar
o jovem pastor na sua empreitada de aparelhar a igreja. Essa é uma das
razões que preocupa muito a Paulo era em relação aos falsos ensinos que
estimulavam em Éfeso nesta época: “como te roguei, quando partia para
a Macedônia, que ficasse em Éfeso, para advertires a alguns, que não
ensinem outra doutrina” (1.3). Éfeso era uma cidade com suas
características voltada ao templo à deusa Diana (Ártemis) e onde Paulo
conheceu e viveu grande perigo de vida quando pregou o evangelho
(Atos 19.23-41). A adoração desta deusa envolvia a prostituição cultual
 É provável que neste ambiente de heresias e promiscuidade que temos
de perceber o que diz o texto de I Timóteo 2.8-15. No v. 8, Paulo
evidencia sua vontade de que os homens em todo lugar levantem mãos
santas, sem ira e sem contenda. O que diferencia o homem cristão não é
a dominação, mas o pleno viver de uma santidade prática que busca
Deus e seu anseio e não disputas humanas carregadas de ira. “A
ansiedade de Paulo para com os homens e as mulheres não se focaliza
nas aparências externas, mas na qualidade do coração que causa os
sinais externos” (FOH, 1996, p. 96).
Os versos 9-15, o apóstolo confessa às mulheres. No v. 9, ele começa
com a expressão “do mesmo modo”. Isto denota que o objetivo do
ensino que foi oferecido ao homem, agora é oferecido à mulher: uma
existência de santidade prática. Nos v. 9 e 10, ele faz um contraste entre
o exterior e o interior da mulher
quero, do mesmo modo, que as
mulheres se ataviem com traje
decoroso, com modéstia e
sobriedade, não com tranças ou
com ouro, ou pérolas ou vestidos
custosos, mas (como convém a
mulheres que fazem profissão de
servir a Deus) com boas obras.
 Os cabelos trançados, ouro, pérolas e roupas caras faziam parte tanto
das mulheres da alta sociedade como também das prostitutas, inclusive
as cultuais. Mickelsen (1996, p. 246) fala deste contexto
a maior parte das mulheres gregas
casadas usava uma catastola, um
roupão que descia até os pés,
preso por um cinto. Um
traje muito modesto. A respeito de
quem Paulo estava escrevendo?
Aqui devemos levar em
consideração o contexto histórico e
cultural, bem como o contexto
literário. Em Éfeso, com seu templo
enorme erguido à deusa Artemis,
havia centenas de sacerdotisas
sagradas que provavelmente
também serviam como prostitutas
cultuais. Também havia centenas
de hetaerae, mulheres gregas mais
educadas, acompanhantes
regulares e com frequência
parceira sexuais extramaritais de
homens gregos das classes
superiores. É possível que algumas
dessas mulheres se tenham
convertido e estivessem usando
suas roupas caras, indecorosas na
igreja.
Visto que as hetaerae com
frequência eram professoras
respeitáveis de homens na Grécia
(muitas delas são mencionadas na
literatura grega), com toda
probabilidade estavam tornando-se
professoras depois de ingressar na
igreja. Aparentemente, a falta de
castidade e modéstia era um
problema real entre algumas
mulheres da igreja de Éfeso, pois
Paulo menciona duas vezes nesta
seção (I Tm 2.9,15) ser necessária a
castidade (no grego, sophrosyne).
A solicitação de Paulo é as mulheres cristãs sejam contrarias delas. Em
primeiro lugar, não apreciando tanto valor ao que é externo embora faça
declarações que as suas roupas tenham que ser bem arrumadas e
caracterizadas pelo decoro social e autocontrole. Este procedimento com
relação ao vestuário é conveniente para mulheres piedosas (tementes a
Deus). Mas, acima de tudo, o que deve ter a característica como
socialmente é a prática do tipo de boas obras. A preocupação delas deve
ser fazer o bem às pessoas.
 O contexto demonstra que poderia incidir que as mulheres admitissem a
direção e o ensino da igreja cristã. Paulo se está preocupado com o
preceito de sua época, que é patriarcal, Paulo prossegue sua orientação
no v. 11: “a mulher aprenda em silêncio com toda a submissão”. Aqui há
um aspecto positivo e um problema de tradução. O aspecto positivo é
que a mulher cristã pode “aprender”. O que era negado em outras
religiões da época, onde as mulheres eram usadas como objetos ou
completamente desconhecidas, no cristianismo dar valor a mulher como
pessoa que pode aprender e crescer intelectualmente. Aprender não é só
para os homens, é para todos. O problema de tradução encontra-se na
palavra explanada como “silêncio”. No texto grego, “esukia” pode
denotar “silêncio”, mas o melhor sentido é “tranquilidade, calma”: “a
palavra expressa a tranquilidade em geral” (RIENECKER; ROGERS,
1985, p. 460). A mulher deveria aprender, não em silêncio, mas com
tranquilidade, ou seja, com toda a submissão. Não cabia a ela, pelo seu
comportamento, usar a igreja para fazer a mudança de sua sociedade
patriarcal. Até porque Paulo sabia que este comportamento traria enorme
prejuízo para a igreja na sua tarefa de evangelizar o mundo de então.
Prosseguindo em sua orientação, Paulo vai fazer duas advertências às
mulheres no v. 12: “pois não permito que a mulher ensine, nem tenha
domínio sobre o homem, mas que esteja em silêncio”. A primeira
exceção é que ele não permitia que a mulher ensinasse. A segunda
exceção é que a mulher não poderia dominar homem. O verbo habitual
da língua grega para exercer autoridade é “exousiazo”. Aqui Paulo não
usa esta palavra, mas usa o verbo “authenteo”. Este verbo é usado
somente aqui em todo o Novo Testamento. É traduzido como “exercer
autoridade, dominar, ser um autocrata, ser dominador” (RIENECKER;
ROGERS, 1985, p. 460). 
“Essencialmente, authentein significa ‘atirar-se’ e em geral tem um
sentido negativo [...] outro conceito primitivo era ‘originar’ algo ou ‘ser
responsável’ por alguma coisa” (MICKELSEN, 1996, P. 247). Por que
Paulo usa uma palavra tão diferente ao invés de usar a palavra
corriqueira para o exercício da autoridade? O restante da frase, ao invés
de “mas que esteja em silêncio” poderia ser “mas ser (viver) em
tranquilidade”, pois se trata da mesma palavra “esukia” do versículo
anterior. As duas restrições: não ensinar e não comandar homens são
típicas de sua sociedade.
 Para dar fundamento escriturística para estas duas exceções atribuídas à
mulher, o apóstolo refere o exemplode Adão e Eva. Os v. 13-14 dizem
assim: “porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi
enganado, mas a mulher, sendo engada, caiu em transgressão”. As
razões para a mulher não ensinar e nem dominar sobre homens vem de
dois exemplos históricos: 1º) Adão foi formado primeiro e depois Eva,
que veio dele; 2º) Adão não foi enganado, mas Eva foi e bem enganada,
tornando-se transgressora das ordens de Deus. Com estes exemplos são
bastam para esclarecer que, em sua cultura, a mulher se submetia ao
homem.
 Paulo poderia ter concluído sua alegação no v. 14 e seu objetivo teria
sido abrangido. No entanto, ele escreve o v. 15 com um sentido
visivelmente misterioso: “salvar-se-á, todavia, dando à luz filhos, se
permanecer com sobriedade na fé, no amor e na santificação”.
Obviamente, esta salvação do v. 15 não é um ensino geral porque se
assim fosse, mulheres que não gerassem filhos não poderiam ser salvas
e, além disso, a salvação seria pelas obras
 O contraponto significa que a mulher origina filhos, em meio a os
quais homens. Eles vêm delas. O segundo argumento é que Eva foi
enganada; a resposta no v. 15 é que o engano se rescinde quando a
mulher, na salvação de Jesus Cristo, conservar-se na fé, no amor e na
santificação (todas estas são qualidades necessárias na salvação) e isto
com sobriedade (grego: sofrosyne) que “significa basicamente o
autodomínio nos anseios físicos é aquele autocontrole interior habitual,
com seu domínio constante sobre todas as paixões e desejos”
(RIENECKER; ROGERS, 1985, p. 460). Uma mulher que vive a
salvação com fé, amor e santificação, controlando seus desejos e paixões
é o exato contrário de uma Eva enganada. O ensino aqui é que a nova
vida em Cristo, a salvação do v. 15, concede à mulher um lugar
reabilitado que havia perdido na queda e pela qual sofre a consequência
de subordinar-se na sociedade. A salvação de Jesus devolve-lhe a mesma
igualdade com o homem e, neste âmbito (a Igreja), não existe mais a
superioridade masculina e nem a subordinação da mulher, pois “em
Cristo Jesus, não há homem nem mulher”.
 Paulo poderia ter concluído sua alegação no v. 14 e seu objetivo teria
sido abrangido. No entanto, ele escreve o v. 15 com um sentido
visivelmente misterioso: “salvar-se-á, todavia, dando à luz filhos, se
permanecer com sobriedade na fé, no amor e na santificação”.
Obviamente, esta salvação do v. 15 não é um ensino geral porque se
assim fosse, mulheres que não gerassem filhos não poderiam ser salvas
e, além disso, a salvação seria pelas obras. A salvação do v. 15 está
descrita deste modo para se redarguir aos v. 13 e 14. Em I Coríntios
11.2-10, quando também falou da submissão social da mulher ao
homem, Paulo “compensou” esta situação da mulher registrando os v. 11
e 12, onde narrava que “no Senhor, nem a mulher é independente do
homem, nem o homem independente da mulher; pois assim como a
mulher veio do homem, assim também o homem” “nasce da mulher,
mas tudo vem de Deus “. Outro exemplo do apóstolo perpetrando esta
“compensação” estar em I Coríntios 7.1-6, como ele fala das afinidades
sexuais no matrimônio. No v. 1, ele recomenda “bom seria que o homem
não tocasse em mulher”, olhando do ponto de vista do homem. Porque
se aguardava que ele falasse da dominação masculina mesmo nas
relações sexuais, ele descreve o v. 4: “a mulher não tem autoridade sobre
o seu próprio corpo, mas sim o marido; e também da mesma sorte, o
marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a
mulher”. Paulo faz o mesmo tipo de “equilíbrio” aqui. O v. 15 é um 
 3 UMA SUGESTÃO TEOLÓGICA PAULINA PARA
ORDENAÇÃO DE MULHERES AO MINISTÉRIO PASTORAL
3.1 A TEOLOGIA PAULINA DAS DUAS ERAS
 A teologia paulina analisa o acontecimento “Cristo”, sobretudo sua
morte e ressurreição, como o centro da ação de Deus na história (I
Coríntios 15.3,4; 2.2; Romanos 6.4-10; Gálatas 2.20; 4.4-6). Assim
como rabino judeu, Paulo percebia que a período atual era controlada
pela maldade, mas que surgiria uma época futura que ofereceria início
com o Dia do Senhor e na qual Deus instalaria o seu Reino em definitivo
na Terra, vencendo toda a maldade. “Saulo, o judeu, participava da
esperança judia da vinda do Messias, de uma forma ou de outra, para
aniquilar seus inimigos, redimir Israel e colocar o Reino de Deus”
(LADD, 1985, p. 343). Quando Paulo converte-se a Jesus no caminho de
Damasco (Atos 9.1-19) o seu pensamento acerca das eras atuais e
vindouras mudaram, em especial, porque ele passa a crer em Jesus como
o Messias. Logo, a era messiânica já havia iniciado. Segundo Ladd
(1985, p. 343-352), para Paulo, a atual era/século (grego: aion) era
assinalada pelo domínio do pecado e estava em rebelião contra Deus,
sendo dominado pelo seu deus, Satanás (II Coríntios 4.4). Com a vinda
de Jesus, o Messias, seu Reino já estava na Terra e foi trazido ao seu
povo, mesmo que o mundo não o pudesse perceber (Colossenses 1.13). 
O reinado de Jesus não começaria na parousia (vinda) e se ampliaria
ao telos (fim), mas principiou na sua ressurreição e iria até o telos. Desta
forma, a partir de Jesus Cristo, a era (aion) futura entrou na história
humana. Embora a era vindoura ainda continue por vir, sua eficácia e
suas bênçãos envolveram a atual era das trevas. Os que creem em Jesus
passam a conviver em duas eras respectivamente. Necessitam existir
neste mundo, dentro de suas culturas com suas responsabilidades e, ao
mesmo momento, é a comunidade do Senhor que goza da nova
existência em Cristo: “pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura
é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (II Coríntios
5.17). Uma nova vida está aberta aos homens: a existência “em Cristo”.
Ele agora sabia que Jesus é o
Messias, o Filho de Deus, que
inaugurou uma nova era, que
requeria de Paulo uma nova atitude
diante dos homens. Ele não os via
mais como judeus e gregos,
escravos e livres. Tais distinções,
embora reais, não mais
interessavam. Todos eles são
homens amados por Deus, por
quem Cristo morreu a quem ele tem
que levar as boas novas da
novidade da vida em Cristo (1985,
p. 351).
Qual então é centro da
teologia paulina?
A teologia de Paulo é a exposição dos novos fatos
redentores; a característica comum, em todas as suas
ideias teológicas é o seu relacionamento com o ato
histórico de Deus da salvação em Cristo. O significado de
Cristo é a inauguração de uma nova era de salvação. Na
morte e ressurreição de Cristo, as promessas da salvação
messiânica do Velho É nesta nova era, ou o Reino de Deus, que
Jesus originou a Igreja como a comunidade do Reino. A Igreja está
inserida nas comunidades da velha era e com elas teremos de conviver.
Mas a Igreja, em si, é uma comunidade totalmente irregular porque ela é
escatológica. Ela diz respeito ao futuro; na verdade, é a comunidade dos
remidos que morarão no céu: “mas a nossa pátria está nos céus, onde
também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses
3.20). É neste conflito que a Igreja vive: ela tornou-se a comunidade da
nova era que Cristo começou, mas, ao próprio tempo, ela tem que
conviver na velha era com suas culturas, tradições e condutas decorridas
tanto da imagem de Deus que ele colocou na humanidade (Atos 17.25-
29) quanto da queda (Romanos 1.28-32). Muita igreja e ministério
também existem certos preconceituosos a respeito da teologia por parte
de muitas pessoas nas igrejas, principalmente entre o povo que é
evangélico, de que "estudar demais torna as pessoas críticas ou céticas"
existem muitos casos de colegas que abandonaram o estudo por não
conseguirem aceitar as diferentes visões nas quais excluem as mulheres
como pastor pode variar conforme a vertente de alguma igreja.
somente ao homem é permitido este direito. Paulo ver o caminho para o
pastorado não no singular, mas como plural, mas pode variar conforme a
vertente de alguma igreja.
Testamento se cumpriram, mas
dentro da era antiga. O novo veio
dentro do alicerce do antigo; mas o
novo também está destinado a
transformar o antigo.Portanto, a
mensagem de Paulo é tanto de uma
escatologia realizada como
futurística (1985, p. 352).
3.2 A EXISTÊNCIA DA IGREJA NAS DUAS
ERAS
 A Igreja, esta comunidade que vive uma tensão confusa, terá duas
empreitadas em sua peregrinação nesta terra. A primeira é viver o início
da nova era que Cristo veio com as importâncias da ética do Reino de
Deus. Um dos princípios é que o fundamental benefício da ética e
predominante que Jesus ensinou e que Paulo salienta é o amor (I
Coríntios 13; Romanos 12.9-10; 13.10; Gálatas 5.6; Efésios 5.2;
Filipenses 2.2; Colossenses 3.14; I Tessalonicenses 3.12; I Timóteo 1.5;
Tito 2.2; Filemom 5). O amor conduz as outras virtudes, mas este amor é
fielmente considerado, como em I Coríntios 13.4-7. Há ainda outros
princípios pertencentes à nova era: Gálatas 3.28 que em Cristo, não há
homem, nem há mulher; nem escravo nem livre; nem judeu, nem grego.
Diz Paulo em I Tessalonicenses 5.21-22: “mas ponde tudo à prova.
Retende o que é bom; abstende-vos de toda espécie de mal” e em
Filipenses 4.8: “quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo
que é honesto, tudo que é justo, tudo que é puro, tudo que é amável, tudo
que é de boa fama, se há alguma virtude, se há algum louvor, nisso
pensai”. Estes dois textos, entre outros, servem para confirmar que Paulo
entendia que há coisas boas e más nas culturas e incumbia aos cristãos
usar as Escrituras e a razão para assinalar e, tanto abonar como
abandonar, pois “não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos
pela renovação da vossa mente” (Romanos 12.2).
Certo problema difícil para a Igreja na realização destas duas tarefas é
que o evangelho habitualmente chega após a cultura. As sociedades
estão arrumadas com seus valores próprios, apartadas de Deus e de seu
anseio. O evangelho cria mudanças naquelas pessoas que creem (Efésios
2.11-13; Filipenses 1.5,6; I Tessalonicenses 1.5,6), como em muitos
aspectos, a noção de certo e errado, bem e mal, está ligada àquilo que
são os costumes de cada sociedade. Argumentos como alimento, roupa,
formas de tratamento, distinção social, papéis do homem e da mulher,
relacionamento doméstico, entre outros, são parte da concepção cultural
de cada povo e o enigma em preencher as duas tarefas da Igreja
(conviver com os princípios bíblicos principais e separar, na cultura, o
que é bem e mal) pode ser analisado em três argumentos culturais sobre
os quais Paulo fala: submissão da mulher ao homem na igreja e na
sociedade, a monogamia/poligamia e a escravidão. Todos estes assuntos
faziam parte da vida das sociedades greco-romanas e judaicas da época
do apóstolo Paulo.
Em cada época específica. O homem forma a cultura e é formado por
ela. Também, muito do que seja bem ou mal para um cristão continuará
atrelado ao que a sociedade lhe educou. Em contato com os princípios
da nova era em Cristo, conflitos surgirão e a Igreja carece da direção
inspirada dos autores da Bíblia. Nem continuamente, em toda a
civilização, a Igreja conseguirá viver de modo global as aberturas
básicas da fé, entretanto terá de se amoldar-se até que a circunstância
deixe acostuma.
Acerca do assunto da monogamia/poligamia, Rega (2009, p. 66-70)
expõe o que ele chama de “situações críticas fronteiriças” (2009, p. 66).
São situações cujo comportamento da sociedade destoa da ética do
evangelho e, temporariamente, se aceita aquele processo, mas adotando
ações que visem uma futura transformação. Ele refere como casos assim,
da época de Paulo, a poligamia e a escravidão. Acerca da poligamia,
Rega afirma que os princípios bíblicos instruem as famílias a ficarem
atreladas pelo amor (Colossenses 3:12-14). A palavra de Deus também
protege as famílias por instruir outro princípio orientador: que o
casamento deve ser inalterável (Gn 2:24). Por exemplo, os padrões
normalmente preferem empregados que seguem os princípios bíblicos da
honestidade e da diligencia (Provérbios 10:4, 26; Hebreus 13:18). Na
Palavra de Deus, devemos ser educados a ficar contentes quando as
necessidades básicas em nossas vidas são satisfatórias, Paulo nunca quis
ser dependente dos outros, ele dava valor a amizade com Deus, das
coisas materiais. 
Paulo, por exemplo, teve que lidar
com situações complexas para a
cultura da época. Ao tratar da
questão do incesto (I Coríntios 5.1-
5), sua resposta foi radical:
expulsão do incestuoso da
comunhão da igreja. 
Na Palavra de Deus, devemos ser educados a ficar contentes quando as
necessidades básicas em nossas vidas são satisfatórias, Paulo nunca quis
ser dependente dos outros, ele dava valor a amizade com Deus, das
coisas materiais. 
Paulo, por exemplo, teve que lidar
com situações complexas para a
cultura da época. Ao tratar da
questão do incesto (I Coríntios 5.1-
5), sua resposta foi radical:
expulsão do incestuoso da
comunhão da igreja. Em outra
ocasião, no entanto, Paulo teve de
encontrar uma alternativa diferente.
Foi o caso dos homens que,
embora casados, tinham outra
mulher. Essa situação era tolerável
na cultura da época, mas esses
homens estavam se convertendo e
se integrando às igrejas. [...] 
 igrejas. [...] No primeiro caso, Paulo procurou estabelecer
uma liderança que servisse de modelo para as gerações
futuras. A situação dos que se convertiam não podia ser
imediata e radicalmente alterada – ainda que de natureza
complexa à luz da compreensão matrimonial e familiar
bíblica – sob pena de gerar sérias dificuldades à
sobrevivência familiar. A abordagem de Paulo para esta
situação está descrita nos critérios para a escolha dos
presbíteros e diáconos da igreja. Paulo enfatiza que o líder
deveria ser marido de uma só mulher (v. 1 Tm 3.2,12; Tt
1.6). [...] Por que Paulo teria mencionado este critério ao
descrever o perfil para os líderes das igrejas? Será que a
igreja abrigava entre os membros pessoas que praticavam
a poligamia ou que viviam a forma disfarçada de
concubinato? Embora não haja registros de situações
como essas, D. A. Carson lembra que a poligamia era
praticada especialmente pela aristocracia, e em algumas
províncias. [...] Outra possibilidade dentro deste raciocínio
é que a proposta de Paulo visava formar uma liderança que
seguisse o padrão bíblico de vida, inclusive nas relações
matrimoniais, ou seja, a liderança abandonaria práticas
culturais
 *Outra possibilidade dentro deste raciocínio é que a
proposta de Paulo visava formar uma liderança que
seguisse o padrão bíblico de vida, inclusive nas relações
matrimoniais, ou seja, a liderança abandonaria práticas
culturais que conflitassem com padrões bíblicos. Isso quer
dizer que os convertidos em estado matrimonial aceito
social e legalmente (poligamia ou concubinato, p. ex.)
poderiam mantê-lo (1 Co 7.17-24), mas não lhes seria
permitido ocupar função de liderança. Com isso podemos
deduzir que Paulo possuía um ideal ético a ser perseguido:
monogamia como padrão para o matrimônio. No entanto,
havia uma situação real vivida (ou pelo menos hipotética):
a poligamia (real ou disfarçada em concubinato), que se
desejava eliminar, objetivando atingir, mais tarde, o ideal
ético. Paulo levanta uma liderança modelo para ser seguida
pelas gerações futuras. Ou seja, tolerou-se provisoriamente
uma situação enquanto as bases para conquistar o ideal
ético bíblico eram lançadas. (2009, p. 66-70) (grifos do
autor).
 
O texto de Rega admite que Paulo fosse bem ao tolerar a possibilidade
da poligamia para os novos cristãos por causa à cultura deles, cogitando
para que, no futuro, a monogamia fosse o ideal matrimonial de
todos.Vários autores, quando discorrem da submissão da mulher ao
homem, procuram nos textos da criação (Gênesis 1 e 2) a motivo para
que seja deste modo para sempre. Nestes textos, existe a ordem de Deus
para a monogamia (Gn 2.24). Este continuamente foi o ideal de Deus
para o matrimônio. Os homens estabeleceram sociedades onde a
poligamia imperava (basta ler o livro de Gênesis). No entanto, apesar de
ter dado seu ideal no Éden, Deus tolerou este “desrespeito” ao seu
padrão,respeitou as culturas e, ainda por cima, usou para sua revelação
homens polígamos, como foi o caso de Abraão, Jacó, Davi e Salomão,
entre outros. É de se destacar que o povo eleito de Israel foi formado de
um homem chamado Jacó que tinha duas esposas e duas concubinas e,
com elas, formou as 12 tribos da nação através da qual Deus se revelaria
ao mundo (Gênesis 35.23-26). Na época de Paulo, havia a poligamia
como algo natural em algumas sociedades. Paulo trabalhou para mudar
esta situação em favor da monogamia (I Coríntios 7.2; Efésios 5.22,24; I
Timóteo 3.2), mas sabia que estava “lançando as bases para conquistar o
ideal ético bíblico para evangelização”.
 Diferente ponto cultural que gerava conflito com o ensino da Bíblia e a
evangelização era a escravidão. Ao passo que a poligamia era exceção
no mundo greco-romano e judaico, a escravidão era endêmica, pois “a
escravidão era universal e própria da textura da sociedade. Tem-se
considerado que, no tempo de Paulo, existiam tantos escravos, quanto
homem livre em Roma e a proporção de escravos para homens livres, na
Itália, eram de três para um” (LADD, 1985, p. 490). 
 Qual o princípio da Bíblia pressuposto nos textos da criação? A de que
todo ser humano é livre porque cada um foi criado à imagem de Deus
(Gênesis 1.27). Além disso, a ordem divina é que homem e mulher
deveriam dominar a natureza e os demais seres: “enchei a terra e
sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre
todos os animais que se arrastam sobre a terra” (Gênesis 1.28). Em nem
um lugar é dito que eles precisariam dominar outros seres humanos. As
sociedades constituídas pelos homens lançaram culturas favoráveis à
escravidão. Portanto, a escravidão tornou-se uma maneira cultural do
mundo antigo e o era na época de Paulo.
Em I Coríntios 7.21-24, Paulo assim se manifesta com respeito ao
assunto.
Foste chamado sendo escravo?
Não te dê cuidado; mas se ainda
podes tornar-te livre, aproveita a
oportunidade. Pois aquele que foi
chamado no Senhor, mesmo sendo
escravo, é um liberto do Senhor; e
assim também o que foi chamado
sendo livre escravo é de Cristo. Por
preço fostes comprados; não vos
façais escravos de homens. Irmãos,
cada um fique diante de Deus no
estado em que foi chamado.
O chamado ao qual Paulo se refere é a conversão a Jesus Cristo. O que a
pessoa era na sociedade, devia permanecer a ser. Embora de sabendo
que a liberdade é um valor superior provindo do próprio Deus, Paulo
nunca falou contra a escravidão e nunca estimulou os escravos cristãos a
se revoltarem. Pelo contrário, lembrando o escravo fugitivo Onésimo se
converteu através de sua pregação, Paulo o mandou de volta para o seu
senhor (Filemom v. 12). A ordem é: se você se converteu sendo escravo,
continue escravo e não se preocupe com isto (v. 21). No entanto, como a
livre-arbítrio é uma forma elevado e melhor de vida, ele diz que, se o
escravo tem uma chance, legal e cultural, de tornar-se livre, deve valer-
se dela (v. 21). Para Paulo, um cristão virar um escravo de homens, era
inadmissível, pois já tinha sido comprado por preço (v. 23): careceria
continuar livre. No v. 22, Paulo faz a compensação ao escravo cristão
que se mantém como tal: “pois aquele que foi chamado no Senhor,
mesmo sendo escravo, é um liberto do Senhor; e assim também o que foi
chamado sendo livre escravo é de Cristo”. No Senhor, o escravo não é
mais escravo, é um homem livre. A sociedade ainda o prende, mas em
Cristo tudo é conforme os mais altos princípios de Deus. Mesmo não
rompendo, naquele momento, com a escravidão, Paulo lança uma base
queria fermentar a Igreja e a sociedade em relação a este fenômeno.
Outra ocasião em que Paulo fala também detidamente sobre o assunto é
em sua carta a Filemom. Paulo estava em uma prisão em Roma (v. 9,13).
Paulo evangelizou e converteu um escravo fugitivo chamado Onésimo
(v. 10). Paulo soube que o senhor de Onésimo era Filemom, outro
discípulo que ele havia ganhado para Cristo (v. 19). E
Onésimo (v. 10). Paulo soube que o senhor de Onésimo era Filemom,
outro discípulo que ele havia ganhado para Cristo (v. 19). Escreve uma
carta a Filemom para dizer que envia Onésimo de volta, agora como um
escravo útil (v. 11). São valiosas as palavras que Paulo usa acerca da
forma como Filemom deve receber seu escravo Onésimo
porque bem pode ser que ele se
tenha separado de ti por algum
tempo, para que o recobrasses
para sempre, não já como escravo,
antes, mais do que escravo, como
irmão amado, particularmente de
mim, e quanto mais de ti, tanto na
carne como também no Senhor (v.
15,16).
É sensato que Paulo não quis falar contra a escravidão, mas o que Paulo
estava cometendo quando manda dizer a um senhor de escravos como
deveria tratar um escravo fugitivo “não já como escravo, antes, mais do
que escravo, como irmão amado” senão destruir toda a base ideológica
cultural da escravidão? 
No entanto, ao apelar neste sentido a Filemom, o argumento de Paulo é
que Onésimo é agora um “irmão amado”, ou esteja todos eles estão “em
Cristo”. “A salvação de Jesus trouxe um nivelamento de todas as
pessoas como irmãos (a nova era de Cristo), embora eles continuassem a
ser senhor e escravo na sociedade (a velha era), pois”
a fé cristã é para ser vivida dentro
dos contextos das estruturas
sociais existentes, pois elas
pertencem à forma deste mundo,
que passará (I Cor. 7.31) [...] Não há
nenhuma palavra para libertar o
escravo. No entanto, dentro do
relacionamento da Igreja, tais
distinções sociais foram
ultrapassadas (I Cor. 12.13; Gál.
3.28), embora não pudessem ser
evitadas na sociedade (LADD, 1985,
p. 491).
 Para quem lê literalmente o Novo Testamento, Paulo é do benefício da
escravidão isso é ele é a favor quer que os escravos permaneçam nesta
classe: “foste chamado sendo escravo? Não te dê cuidado” (I Coríntios
7.21); “porque bem pode ser que ele se tenha separado de ti por algum
tempo, para que o recobrasses para sempre” (Filemom 15); “vós, servos,
obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na
sinceridade de vosso coração, como a Cristo” (Efésios 6.5); “vós, servos,
obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne” (Colossenses
3.23). Orienta que é um risco de se ler literalmente as Escrituras sem
penetrar nos conceitos que ela propaga. Aquele que compreende que
Jesus Cristo veio para consagrar o seu Reino (que é uma nova era aonde
vive a justiça, o amor, a paz, a misericórdia, a solidariedade, o respeito, a
liberdade), e que este se aplica às culturas humanas, entenderá que
determinados mandamentos bíblicos estão acoplados a suas épocas e
sociedades e carecem ser interpretados de acordo com os princípios
maiores do Reino. Ridderbos assim se manifesta sobre o tratamento que
Paulo dá à escravidão
por certo, fica aparente aqui que
Paulo não pensava na abolição da
escravatura como instituição por
motivos cristãos. [...]
 Ridderbos assim se manifesta sobre o tratamento que Paulo dá à
escravidão
por certo, fica aparente aqui que
Paulo não pensava na abolição da
escravatura como instituição por
motivos cristãos. [...] Pode-se
observar pelo simples fato de Paulo
dirigir-se sucessivamente aos
escravos e senhores como
membros iguais da igreja e
descrever o relacionamento entre
eles como sendo de
responsabilidade mútua, o quanto
esta postura significou uma
revolução. De maneira alguma ela
podia ser conciliada com a posição
do escravo no mundo daquela
época e nem dentro do judaísmo.
[...] Não se pode negar que, ao
mesmo tempo, foi introduzida uma
enorme tensão na escravidão como
sistema social, mas ainda assim,
isso deve ser visto, tanto quantos
podem entender, mais como uma
consequência do que como um
objetivo deliberado das
admoestações de Paulo
(RIDDERBOS, 2014, p. 348).
A tese da sujeição da mulher nos escritos de Paulo adota a mesma linha
do que foi dito acerca da poligamia e da escravidão. Ele acompanha a
ideia principal de que os cristãos (a Igreja) vivem em duas eras ao
próprio tempo: a nova era inaugurada por Cristo, o seu Reino, e a antiga
era dominada pelos resultadosda queda no Éden. Em Romanos 5.12-21,
ele denomina esta posição entre os que estão “em Cristo” e os que estão
“em Adão”. Adão aqui não é apresentado bem como o homem da
criação no Éden, mas aquele de quem o pecado entrou no mundo e
ocorreu esta condição a todos os homens (v. 12). Estar em Adão é ser
pecador e estar debaixo dos efeitos da queda. Estar em Cristo é ser
constituído justo por ele (v. 19) e reinar em vida por meio dele (v. 17).
Em primeiro lugar, Paulo coloca o princípio de igualdade das mulheres
em semelhança aos homens, decorrente da nova era da salvação. Textos
como Gálatas 3.28 e I Coríntios 13, são típicos neste sentido. Da própria
forma como Jesus constituiu uma hierarquia de valores botando o amor
e o respeito ao próximo em primeiro lugar (Mateus 22.35-40; 7.12),
Paulo exibir os valores do Reino de Deus com grande importância para a
vivência da Igreja. Ela já vive na salvação de Deus e julga a cultura de
acordo com estes padrões. Por conta de também viver na presente era, a
Igreja tanto se adaptará à sociedade onde se encontra como também
promoverá mudanças dentro dela.
 O rompimento de todas as diferenças sociais em Cristo tem uma
intensidade de impacto nesta mesma sociedade. Como já foi dito, os
papéis sociais de Gálatas 3.28 permanecem os mesmos, mas sucedeu
uma modificação interna, tantas vezes nas pessoas que participam desta
fé, quanto no grupo que elas passam a agregar dentro da sociedade, que
é a Igreja cristã. A fé em Jesus vai dizer que judeus e gentios são iguais
neste Reino que pertence ao Senhor. Vai falar que, em Cristo, todos são
livres, mesmo que temporalmente, alguns continuem escravos. Vai falar
que, ainda continuem com a sexualidade que a natureza lhes deu, são
hoje iguais e não há mais superioridade de uns em relação a outras. Com
o aumento da Igreja cristã e sua influência, chegou o momento em que
as próprias sociedades humanas se apegariam aos princípios advindos
desta doutrina e declararia uma afirmação universal dos direitos
humanos, aboliriam a escravatura, instituíram o voto universal e a
democracia, aplainariam a mulher ao homem com todos os direitos
inerentes, e muito mais. Não é à toa que todas estas conquistas se deram
em países de tradição cristã. O princípio de Paulo diz importância à
Igreja, mas sem dúvida seria um progresso também para as sociedades
por ela com a sua influência. Esta visão de Paulo mudaria as sociedades.
A ampla tragédia para o cristianismo é que sua Igreja, na prática,
receberia as implicações destes princípios de Paulo depois da sociedade,
como foi o caso da escravidão e agora, da igualdade de homens e
mulheres.
Em segundo lugar, Paulo respeita as culturas onde os cristãos estão
inseridos. A cultura da época paulina é patriarcal. O marido/pai tinha
todo o poder dentro da família, pois “as relações familiares eram de
dominação pelo chefe da casa e de sujeição por parte da esposa, dos
filhos e escravos e isso constituía a célula fundamental da construção do
Estado, uma estrutura que se refletia nas classes e no status social”
(MATOS, 2004, p. 79). Quando fala em I Coríntios 14 e em I Timóteo 2,
acerca das reuniões da igreja, qual não seria a acanhamento, dentro de
uma sociedade deste tipo, que as mulheres não trariam para a igreja e
seus maridos se começassem a exercer autoridade sobre os homens e
tomassem a liderança em todas as reuniões. A igreja seria depressa mal
vista por toda a sociedade e isto poderia provocar em perseguição contra
ela por parte da sociedade e do Estado. A abertura que Paulo tem em
mente é o não dificuldade, por conta de desrespeitos à cultura do lugar,
da salvação de todos conforme I Coríntios 10.32-33,
não vos torneis causa de tropeço nem a
judeus, nem a gregos, nem a igreja de
Deus; assim como também eu em tudo
procuro agradar a todos, não buscando o
meu próprio proveito, mas o de muitos,
para que sejam salvos.
Ao dizer não tornar causa de tropeço diz não afrontar os costumes que a
sociedade da época pratica. Como o hábito da submissão da mulher era
generalizado em todo o Império Romano, essa era uma regra que
precisaria ser seguida. Por esta razão, Paulo não aceitava que a mulher
ensinasse na igreja ou exercesse autoridade sobre os homens e dizia que
ficassem caladas na igreja. Por este pretexto ainda, ele diz que os bispos
precisam ser maridos de uma só mulher e “que governe bem a sua
própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito” (I
Timóteo 3.2,4). Na compreensão paulina, a Igreja ainda está nesta velha
era, e participa da situação humana decorrente da queda.
 No entanto, todas as ocasiões que Paulo subordina a mulher ao homem
por questão cultural, ele equilibra instruindo os princípios da nova era
em Cristo. No texto de I Coríntios 11, acerca do véu das mulheres, ele
coloca os v. 11,12. Ele principia o v. 11 dizendo: “no Senhor”, a sugerir
que antes ficava articulando da questão cultural local, mas atualmente
fala da nova era. Sua argumentação é que homens e mulheres não são
autônomos e os dois vêm de Deus. Em I Coríntios 14.34,35, as mulheres
devem ficar caladas na igreja não podendo ensinar, mas podem
profetizar e orar (11.5; 14.29-31). Em I Timóteo 2.9-15, onde a mulher
não pode ensinar e nem exercer autoridade sobre homem, ele insere o v.
15 que diz respeito à “salvação” da mulher, ou seja, acerca da nova era
em Cristo e que a faz ser protagonista no Reino de Deus. Até mesmo no
texto acerca da família (Efésios 5.22-33), onde Paulo advoga
abertamente o comando masculino, há
compensações às mulheres. Se elas devem submissão aos maridos (v.
22), eles devem amá-las como Cristo amou a Igreja, ou seja, a ponto de
se auto sacrificar em favor dela. Os maridos devem ter igual cuidado por
elas como os seus próprios corpos (v. 28,29) por qual motivo? “Porque
somos membros do seu corpo” (v. 30). Paulo apresenta estas
compensações em relação à mulher e diz que a inclusão marido/mulher
deve ser diferente daquele que é o costume habitual praticado pela sua
sociedade somente porque fazemos parte do Corpo de Cristo, a Igreja.
Significa no âmbito da nova era do Senhor que as condutas culturais vão
sendo mudados.
 Outra advertência é que Paulo, sempre que não houvesse “pedra de
tropeço”, caçava, na prática da vida, combinar homens e mulheres. Em
Romanos 16.1, bem como saúda muitos irmãos que estão em Roma, ele
fala de várias mulheres que trabalharam tanto quanto os homens no
Reino de Deus e algumas em posição de liderança. Temos Febe (v. 1,2)
que é diaconisa (grego: diáconos) e patrona, líder (grego: prostatis, v. 2),
Febe é também a única em Romanos 16 a
quem a palavra prostatis é
empregada. Prostatis é a forma feminina
de um substantivo que significa “líder,
pessoa que preside que fica à frente,
patrono”. Este substantivo provém da raiz
verbal proistemi, que significa “governar e
cuidar” como vemos em quatro passagens
(I Timóteo 3.4,5,12; 5.17) (MICKELSEN,
1996, p. 231-232).
 
 Achamos o casal Priscila e Áquila (v. 3) que ele qualifica de “meus
cooperadores” (importante é o acontecimento de Paulo citar a mulher
antes do marido, incomum a época). Maria (v. 6) “muito trabalhou por
vós”. No v. 12: “saudai a Trifena e a Trifosa, que trabalham no Senhor.
Saudai a amada Pérside, que muito trabalhou no Senhor”. No v. 7, ele
diz: “saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e meus companheiros
de prisão, os quais são bem prestigiados entre os apóstolos, e que
estavam em Cristo antes de mim”. Andrônico e Júnias são chamados de
“apóstolos”. Há uma grande discussão se “Júnia” é um nome feminino
ou masculino (ver para nome feminino: MICKELSEN, 1996, p. 232-
233; SILVA, 2013, p. 139; autores que aparecem incerteza: BRUCE,
1979, p. 219; LOPES, 2015, p. 4). Segundo Silva, “vale ressaltar que 9
mulheres são mencionadas ao lado de 17 homens na lista de saudação de
Romanos 16.1-16 volume numérica espantoso para o contexto das
relações patriarcais” (2013, p. 139). Richardson (apud MICKELSEN,
1996, p. 233) afirma: “o que esta relação evidencia é que numsimples
ambiente (Rm 16), numa lista coesa de saudações, as mulheres ganham
mais honrarias do que os homens, a despeito do número destes ser
superior e a elas se conferem papéis mais importantes!”. Em Filipenses
4.2,3, Paulo cita Evódia e Síntique e diz que “trabalharam comigo no
evangelho”
Em I Timóteo 3.8-13 ao falar acerca dos diáconos, Paulo diz no v. 11:
“da mesma sorte as mulheres sejam sérias, não maldizentes, temperantes
e fiéis em tudo”. As mulheres eram diaconisas na Igreja Primitiva,
posição de destaque e liderança, mesmo num mundo patriarcal.
3.3 A ESPERANÇA DA ORDENAÇÃO DA MULHER COMO
PASTORA FEMININA
 Quando se trata especificamente da mulher
assumir o pastoreio de uma igreja nos tempos atuais, a que
conclusões chegamos dos escritos de Paulo? Será possível
retirar princípios que, aplicados ao tempo e à cultura atual,
permitam o exercício do ministério pastoral feminino?
Teólogos divergem acerca desta possibilidade no ensino de
Paulo.
 Lopes, comentando os textos de Coríntios e
Timóteo, manifesta-se contrário, argumentando que:
O princípio por detrás desta ordem (mulheres usarem o
véu), conforme vimos acima, é o de: Assim como se
trata designadamente que a mulher possa assumir o
pastoreio da igreja nos períodos atuais, a que conclusões
encontrarem nos escritos de Paulo? Será provável
afastar-se princípios que, aproveitados ao tempo e à
cultura atual, acolham o exercício do ministério pastoral
feminino? Teólogos discordam acerca desta
possibilidade no ensino de Paulo.
Lopes, comentando os textos de Coríntios
e Timóteo, manifesta-se se apresentarem
no culto em plena submissão à liderança
masculina cristã. O uso do véu é a forma
contextualizada pelo qual esse princípio se
expressava. Hoje em dia, nas culturas
ocidentais, o uso do véu não é uma
expressão apropriada deste princípio.
O princípio permanente que está
subjacente em 1 Coríntios 11.2-16, 14.34-
35 e 1 Tm 2.11,12 é o de que se
mantenham as distinções e os papéis
intrínsecos ao homem e à mulher na igreja
e na família. Assim, a mulher não deve
inverter os papéis, e ocupar posição de
autoridade sobre os homens, quer seja
para governá-los ou para ensiná-los.
(2015, p. 20-21) (grifos do autor).
 Grudem
também se manifesta contrário a essa
possibilidade
essas (ensino e exercício de autoridade)
eram as funções dos presbíteros da igreja e
especialmente dos que conhecemos como
pastor na igreja atual. São especificamente
estas funções singulares de um presbítero
que Paulo proíbe que as mulheres exerçam
na igreja (1999, p. 787).
Foi também se prepara contrariamente: “com respeito aos cargos da
igreja, as mulheres não podem ser presbíteras (nem pastoras-mestras,
nem evangelistas, nem minist
Foi também se prepara contrariamente: “com respeito aos cargos da
igreja, as mulheres não podem ser presbíteras (nem pastoras-mestras,
nem evangelistas, nem ministras, como às vezes são designadas), porque
esses cargos envolvem o ensino e o governo” (1996, p. 122).
 Por outro lado, Mickelsen mostra-se favorável, pois
homens e mulheres cristãos não devem
enredar-se e prender-se sob um jugo
escravizador. Homens e mulheres devem
pregar. Mulheres e homens devem fazer
discípulos. Devem ministrar com os dons
do Espírito. Cristo libertou homens e
mulheres para que sirvam, amem,
fortaleçam e apoiem as pessoas e delas
cuidem. [...] O ensino de Gênesis, a vida e
os ensinos de Jesus, o escopo e dos
escritos e da prática de Paulo – tudo isso
aponta para a completa dignidade das
mulheres que têm sido chamadas e
dotadas de talentos pelo próprio Deus, a
fim de que sirvam à igreja e ao mundo
(1996, p. 250) (grifo do autor).
Liefeld aponta para princípios, tirados dos textos de Paulo, que deixam,
hoje em dia, acolher a liderança da mulher na igreja
Paulo tinha um princípio básico que
requeria a subordinação temporária dos
demais princípios. Em Gálatas, Paulo
estabeleceu o princípio de que o crente
está “morto” para a lei. A salvação não é
obtida mediante fazerem-se as obras da lei
do Antigo Testamento. Paulo permanece
em sua autoridade de apóstolo. Como
vimos, ele também instituiu um princípio
relativo ao homem e à mulher em Cristo.
Mas em I Coríntios, Paulo diz que ele, o
apóstolo da liberdade da lei, está disposto
a tornar-se “como sob a lei” a fim de
ganhar os que estão sob a lei. 
 O fato de assumir esta notável posição como que para remover as
barreiras do evangelho, sem mudar sua posição sobre a salvação, à
parte das obras da lei, deveria alertar-nos para a realidade de que ele
também pode acomodar as normas sociais dos judeus e outras,
concernentes às atividades públicas das mulheres, sem mudar sua
posição, que é a da igualdade entre homens e mulheres. Se algumas
pessoas do período de Paulo pensavam ser vergonhoso que a mulher
falasse em público, ou aparecesse em público sem um véu facial, ou
usasse o cabelo solto caindo sobre os ombros, quais são as implicações
do fato de que, em nossos dias, e em nossa sociedade, é vergonhoso
restringir as mulheres, tirando-lhes a igualdade com os homens, e a
total oportunidade de expressão? (1996, p. 172-173).
Ladd, discutindo a aplicação da ética social de Paulo, conclui
a situação cultural e a estrutura da Igreja
são bem diferentes do cristianismo do
primeiro século, e o crente moderno não
pode aplicar os ensinamentos da Escritura
num relacionamento de igual para igual,
mas deve buscar a verdade básica que
subjaz às formulações particulares em o
Novo Testamento (1985, p. 489).
 
Tempos passaram-se e as culturas e sociedades se se alteraram. O
Ocidente sofreu grandes alterações nestes 21 séculos que o separam do
Novo Testamento. Nas três questões éticas discutidas, o Ocidente firmou
a monogamia, eliminou a escravidão e deu todos direitos às mulheres ao
ponto de quaisquer delas virarem chefes de Estado. Com estes
progressos sociais foram conquistados justamente pela tradição cristã de
suas sociedades. Estes progressos não aconteceram nos países de
tradição hinduísta, budista, muçulmana, e de outras religiões. Se
quaisquer países destas tradições adotaram estes avanços foi por conta
da influência do
Ocidente. É neste novo contexto que se deve entender os ensinos de
Paulo e de toda a Bíblia acerca do ministério pastoral feminino.
Precisamos entender que nos dias de Paulo
o fato de uma mulher falar em público e
ensinar na igreja constituía um problema
moral que trazia vergonha à igreja e ao
Senhor, impedindo as pessoas de virem a
Cristo. Mas isto não constitui um
problema na maior parte das sociedades de
hoje, pelo menos no mundo ocidental. Na
verdade, a situação sofreu uma reversão:
proibir uma mulher de ter a mesma
dignidade e oportunidade na Igreja de que
ela desfruta na sociedade constitui uma
pedra de tropeço para muitas pessoas.
Portanto, ao tentar honestamente fazer a
mesma aplicação (o silêncio das mulheres)
em vez de seguir o mesmo princípio
(evitar a vergonha e a desonra sobre o
marido), cometemos hoje o mesmo erro
que Paulo procurou evitar, isto é, ofender
as sensibilidades morais das pessoas e
impedi-las de aceitar o Evangelho
(LIEFELD, 1996, p. 170-171).
As restrições bíblicas que barrava a mulher de ser pastora no período do
Novo Testamento aboliram com a alteração das tradições das
sociedades. As exceções das cartas paulinas eram prendidas a mulher
não cursar escolas como eram de tradição aos homens, que somente a
eles eram permitidos, ou seja, a mulher não tinha informação igual ao
homem, na cultura e na sociedade daquela época.
 Ainda sendo flexível aos costumes culturais Paulo não quisesse ser
pedras de tropeços Paulo, aos costumes culturais de sua época para não
“por tropeço” à pregação do evangelho, compreendia que, em Cristo, o
novo tempo de Deus havia começado a nova era e então perdera a velha
era de Adão. Seus ensinos e sua prática de vida igualaram homens e
mulheres no Reino de Deus. Atualmente, quando as práticas culturais
foram mudadas e

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