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Planejamento e avaliação em saúde bucal

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SAÚDE BUCAL COLETIVA II 
LARA CARVALHO MORAES 
 
PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO EM SAÚDE BUCAL 
PLANEJAMENTO: 
ASPECTOS CONCEITUAIS 
A Saúde Coletiva possui três pilares disciplinares que são a epidemiologia, as ciências sociais e o 
planejamento. Planejar implica em pensar primeiro para depois agir, é uma alternativa à 
improvisação e um compromisso com a ação e, por isso, pode ser encarada como uma etapa 
necessária para realizar melhor um trabalho. 
O planejamento pode ser considerado como uma ferramenta da administração ou gestão em 
saúde pública e como processo social em que participam sujeitos individuais e coletivos. Ele 
permite identificar problemas e meios para superá-los, explicitar compromissos compartilhados 
e estabelecer objetivos, critérios, prioridades, recursos disponíveis, entre outros, para então 
formular ações que podem ser estruturadas através de políticas, planos, programas e projetos 
a fim de transformar uma realidade em outra, visando sempre melhorias na qualidade de vida 
da população. Pode-se citar como exemplos a Política Nacional de Saúde Bucal e a Política 
Nacional de Promoção da Saúde. 
ASPECTOS METODOLÓGICOS 
Em sua origem, o planejamento em saúde na América Latina esteve associado ao enfoque 
econômico e, portanto, ao princípio da escassez - em as necessidades eram crescentes e os 
recursos não as acompanhavam no tempo e espaço, que por sua vez, levava ao princípio da 
racionalidade – na busca de um método que reduzisse a distância entre as necessidades e 
recursos de modo mais racional. As necessidades dizem respeito aos problemas que se referem 
ao estado de saúde (doenças, acidentes, carências, agravos, vulnerabilidades e riscos) e aos 
serviços de saúde (infraestrutura, organização, gestão, financiamento e prestação de serviços) 
e são elas que orientam o planejamento. 
 
 
 
 
 
O planejamento é um processo constituído por etapas: explicativo (identificar e explicar o 
problema), normativo (definir objetivos, metas, atividades e recursos necessários), estratégico 
(estabelecer o desenho e os custos da ação dentro do que deve ser e pode ser feito) e tático-
operacional (ação). 
ASPECTOS TÉCNICOS 
O plano, o programa e o projeto são produtos do trabalho decorrentes do planejamento. O 
plano diz respeito ao que fazer. O programa estabelece objetivos, atividades e recursos (o que 
fazer, como, com quem, com que meios e as formas de organização, acompanhamento e 
avaliação); pode também representar o detalhamento de componentes de um plano. Enquanto 
que o projeto é um desdobramento mais específico de um plano ou programa, até mesmo para 
relacionadas 
guiam 
NECESSIDADES RECURSOS 
PRINCÍPIO DA 
RACIONALIDADE 
Estado de saúde; 
Serviços de saúde; 
PLANEJAMENTO! 
PRINCÍPIO DA ESCASSEZ 
tornar viável algum de seus componentes cujos objetivos, atividades e recursos são mais 
reduzidos. 
Momento explicativo: Os problemas do estado de saúde são identificados recorrendo a 
sistemas de informação disponíveis (bases de dados, indicadores, inquéritos epidemiológicos, 
levantamentos, estimativas rápidas, oficinas de trabalho com técnicos e comunidade, etc.), 
sempre que possível os dados devem ser desagregados (em faixa etária, sexo, raça, classe social, 
distribuição espacial), e problematizados (por quê?) em reuniões até chegar a explicação de 
causas e determinantes. 
Momento normativo: A preocupação agora é o que fazer diante de tais problemas e, para isso, 
são traçados objetivos gerais e específicos e/ou metas em função de cada problema. Para cada 
objetivo deverão estar explicitadas as ações e subações (linhas de ações) necessárias ao seu 
alcance e, em seguida, identificados e quantificados os recursos necessários à realização dessas 
ações (orçamento para um plano, programa ou projeto). 
Momento estratégico: Momento em que são confrontadas as oportunidades, fragilidades, 
fortalezas, ameaças e construídos os custos de ações no tempo e no espaço, bem como as 
mobilizações para a superação dos obstáculos (desenho estratégico). 
Momento tático-operacional: Ocorre após a formalização e aprovação do plano, programa ou 
projeto. Quando suas ações são executadas sob uma dada gerência ou organização do trabalho, 
com prestação de contas, acompanhamento e avaliação. 
ASPECTOS PRÁTICOS 
O formalismo dos procedimentos do planejamento tem conduzido à supervalorização dos 
meios em detrimento dos fins, configurando um processo de burocratização (teoria x prática). 
No caso do SUS, há uma tendência a um comportamento ritualístico sem grandes 
compromissos com a solução dos problemas (por meio da exigência de formulação de planos, 
normas operacionais, agendas, pactos, orçamentos, etc.), o que pode estar gerando um 
descrédito do planejamento (mais “teórico”). Por exemplo, os gestores de um munícipio ao 
realizarem um planejamento considerando os problemas identificados no momento explicativo 
deparam-se com um conjunto de pactos, agendas, políticas, programas do Ministério da Saúde 
e outros órgãos que nem sempre são compatíveis com a realidade local. 
Por outro lado, esse empenho em estruturar o SUS também trouxe muitos avanços e benefícios, 
por exemplo: O Pacto pela Vida, o Pacto em Defesa do SUS e o Pacto de Gestão (2006). 
 
AVALIAÇÃO: 
INTRODUÇÃO 
As avaliações estão presentes no nosso dia a dia de forma subjetiva e intuitiva e nos permitem 
organizar as atividades, definir prioridades e tomar decisões. No campo profissional, esta precisa 
ser estruturada, formal e exige para sua realização uma base teórica, coleta prévia de 
informações e escolha de critérios para o julgamento a ser feito. 
AVALIAÇÃO EM SAÚDE: O QUE SE TRATA? 
As avaliações vêm ganhando uma centralidade nas organizações do campo das políticas, 
programas e serviços de saúde no Brasil. As decisões necessárias para atender aos preceitos de 
universalidade do acesso, qualidade da atenção prestada e viabilidade econômica do SUS são 
difíceis de tomar, pois envolvem um sistema complexo de saúde. Portanto a necessidade de 
informação sobre o modo de funcionamento, qualidade, efetividade, segurança e satisfação dos 
usuários do sistema de saúde é cada vez mais reconhecida e a avaliação parece ser uma 
alternativa adequada. 
BREVE HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO 
A avaliação não surgiu de um momento para o outro como prática sistemática de organizações 
e setores da sociedade, sendo resultado do desenvolvimento de um processo de construção e 
reconstrução ao longo do tempo e estando dividida em quatro períodos que demarcam 
diferentes estágios em que foi se tornando mais informada e sofisticada. 
A Árvore da Teoria da Avaliação foi elaborada para delimitar as raízes das práticas avaliativas e 
seu desenvolvimento. A origem do campo da avaliação se deu a partir de duas necessidades: 1) 
a prestação de contas e o controle dos programas com o objetivo de melhoria dos programas 
e da sociedade e com a responsabilização por aqueles que detêm a autoridade pelos programas; 
2) a investigação social. Com o desenvolvimento dessa árvore, surgem três galhos da avaliação, 
relacionadas com o uso, o método ou o valor atribuído. 
Avaliar consiste fundamentalmente em fazer um julgamento de valor sobre uma intervenção 
empregando um dispositivo que permita fornecer informações cientificamente válidas e 
socialmente legítimas sobre uma intervenção ou qualquer um de seus componentes. Esse 
julgamento pode ser resultado da aplicação de critérios e de normas – avaliar interno 
(avaliação normativa) ou se elaborar a partir de um procedimento científico – avaliar externo 
(pesquisa avaliativa). 
OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO 
Ajudar no planejamento e na elaboração de uma intervenção (objetivo estratégico); Fornecer 
informação para melhorar uma intervenção no seu decorrer (objetivo formativo); Determinar 
os efeitos de uma intervenção ao seu final para decidir se ela deve ser mantida, transformada 
de forma importante ou interrompida(objetivo somativo); Utilizar os processos de avaliação 
como um incentivo para transformar um situação injusta ou problemática, visando o bem-estar 
coletivo (objetivo transformador); Contribuir para o progresso dos conhecimentos, para a 
elaboração teórica (objetivo fundamental). 
Avaliação estratégica: Começa na fase de elaboração da intervenção, com propósito de 
melhorar o seu desenho e incluir um modelo de acompanhamento e avaliação desde o início. 
Avaliação formativa: Tem finalidade de produzir informações que podem ser utilizadas 
rapidamente pelos envolvidos no programa ainda durante a sua execução, permitindo 
identificar precocemente possíveis problemas e assegurando o seu desenvolvimento conforme 
o planejado. 
Avaliação somativa: Ocorre no final de um programa ou intervenção, quando se tem interesse 
em saber os efeitos ou impactos alcançados para que se possa decidir pela continuação, 
ampliação ou finalização da intervenção. 
Avaliação transformadora: Os processos avaliativos podem provocar mudanças em situações 
indesejáveis para os envolvidos ou usuários das avaliações e programas. 
Avaliação fundamental: Estudo avaliativo com o propósito de aprofundar um tema ainda pouco 
estudado, ou uma nova abordagem teórica ou metodológica. 
AVALIAÇÃO NORMATIVA X PESQUISA AVALIATIVA 
Para avaliar intervenções pode-se lançar mão de dois tipos de estudos avaliativos: 
Avaliação normativa: Fazer um julgamento sobre uma intervenção, comparando os recursos 
empregados e sua organização (estrutura), os serviços ou os bens produzidos (processo) e os 
resultados objetivos, com critérios e normas existentes. 
Características: Apoiar os gestores e profissionais na rotina dos serviços; ser normalmente 
realizada por pessoas diretamente envolvidas no programa (avaliadores internos), forte relação 
entre o respeito às normas e critérios estabelecidos e os efeitos da intervenção. 
Pesquisa avaliativa: Fazer um julgamento de uma intervenção usando métodos científicos. 
Analisar a pertinência (análise estratégica), fundamentos teóricos (análise lógica), a 
produtividade, o efeito, o rendimento, as relações existentes entre a intervenção e o contexto 
no qual se situa (análise de implantação). Estudos desse tipo exigem maior experiência do 
pesquisador e conhecimentos de natureza teórica e metodológica, necessitando de avaliadores 
externos que não faz parte da organização que abriga a intervenção a ser avaliada e é contratado 
para conduzir a avaliação do programa. 
Vantagens e desvantagens da avaliação interna x externa: Vantagem da avaliação interna a 
familiaridade e maior conhecimento do avaliador acerca da intervenção ou programa que irá 
avaliar e, por estar mais envolvido, terá maior dificuldade de ser imparcial e proceder de forma 
objetiva. O contrário ocorre com a externa, porém também há probabilidade de não ter 
informações contextuais que seriam relevantes para avaliação. 
 
 
CONCLUSÃO: 
Conclui-se que, na saúde bucal, o planejamento e a avaliação são aliados que identificam 
problemas prioritários, as medidas que podem levar a sua solução e avaliam a efetividades das 
ações, programas e políticas.

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