Buscar

Carl Rogers Via e Obra

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Crítica Construtiva: Gustavo é o gerente do setor financeiro de uma empresa de matérias para 
movelaria e Natalia é a gerente de unidade e após uma semana de avaliação da loja chama Gustavo para 
dar um feedback sobre o que ela pode observar.
Natalia ressalta que Gustavo é um excelente gerente, sempre pontual, assertivo em suas tarefas, 
possui um ótimo relacionamento com sua equipe, se mostra bastante empático e justo. O que ocorre é que
Gustavo sempre acaba por revisar os processos de sua equipe, o que acaba sobrecarregando suas 
atividades, pois o mesmo sempre deseja revisar um relatório, um fechamento que s ão realizados por 
pessoas competentes no setor. O que acaba gerando um certo incomodo na sua equipe pois apesar de 
terem um relacionamento muito bom, eles acabam não sentindo que Gustavo confia nas atividades por 
eles realizadas.
Gustavo entendeu a questão levantada e que não havia percebido que o fato de sempre revisar os 
processos estava gerando uma insatisfação em sua equipe. Relatou que acaba por fazer iss o pois se sente 
responsável e se algo der errado a responsabilidade seria dele por não ter percebido. Após a conversa ele 
prometeu que vai tentar não fazer sempre essa revisão, pois sabe que possuem uma equipe responsável e 
dará mais autonomia nas decisões finais.
Critica Destrutiva: Ana é vendedora em uma loja de carros e Carlos, seu gerente, depois de uma 
reunião geral a chamou para dar um feedback do mês. Carlos apresentou a planilha de vendas de Ana e 
ressaltou que ela caiu muito de desempenho que está a baixo dos outros vendedores e que os números 
dela são vergonhosos
Crítica Construtiva: Gustavo é o gerente do setor financeiro de uma empresa de matérias para 
movelaria e Natalia é a gerente de unidade e após uma semana de avaliação da loja chama Gustavo para 
dar um feedback sobre o que ela pode observar.
Natalia ressalta que Gustavo é um excelente gerente, sempre pontual, assertivo em suas tarefas, 
possui um ótimo relacionamento com sua equipe, se mostra bastante empático e justo. O que ocorre é que
Gustavo sempre acaba por revisar os processos de sua equipe, o que acaba sobrecarregando suas 
atividades, pois o mesmo sempre deseja revisar um relatório, um fechamento que s ão realizados por 
pessoas competentes no setor. O que acaba gerando um certo incomodo na sua equipe pois apesar de 
terem um relacionamento muito bom, eles acabam não sentindo que Gustavo confia nas atividades por 
eles realizadas.
Gustavo entendeu a questão levantada e que não havia percebido que o fato de sempre revisar os 
processos estava gerando uma insatisfação em sua equipe. Relatou que acaba por fazer iss o pois se sente 
responsável e se algo der errado a responsabilidade seria dele por não ter percebido. Após a conversa ele 
prometeu que vai tentar não fazer sempre essa revisão, pois sabe que possuem uma equipe responsável e 
dará mais autonomia nas decisões finais.
Critica Destrutiva: Ana é vendedora em uma loja de carros e Carlos, seu gerente, depois de uma 
reunião geral a chamou para dar um feedback do mês. Carlos apresentou a planilha de vendas de Ana e 
ressaltou que ela caiu muito de desempenho que está a baixo dos outros vendedores e que os números 
dela são vergonhosos
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	4
DESENVOLVIMENTO	5
A VIDA DE CARL RANSOM ROGERS	5
1.	A OBRA DE CARL RANSOM ROGERS	6
1.1 Trajetória Profissional de Rogers	6
1.2	A difusão do pensamento de Carl Rogers nas ciências humanas	8
1.3	As Principais Obras de Rogers	9
2.	ABORDAGEM CENTRADA NO CLIENTE	11
2.1 Terapia Centrada no Cliente	17
2.2 Terapeuta Centrado no Cliente	19
3.	CARL ROGERS E A PSICOLOGIA COMTEMPORÂNEA	25
4.	O LEGADO E IMPACTO DE ROGERS HOJE	28
5.	ROGERS E SUA PERSPECTIVA ORIGINAL	38
5.1 Implicações no domínio da Educação	39
5.2 Consideração Positiva Incondicional	40
5.3 Empatia	40
5.4 Congruência e Incongruência	41
6.	CONSIDERAÇÕES FINAIS	43
7. REFERÊNCIAS	45
		‘																																																
INTRODUÇÃO
Carl Ranson Rogers (Oak Park, Illinois, 8 de janeiro de 1902 – La Jolla, Califórnia, 4 de fevereiro de 1987) foi um psicólogo estadunidense atuante na terceira força da psicologia e desenvolvedor da Abordagem Centrada na Pessoa. Sua dedicação à construção de um método científico na psicologia foi reconhecida por prêmio da Associação Americana de Psicologia, da qual também foi eleito presidente, em 1958, tendo sido um pioneiro no estudo sistemático da clínica psicológica. Foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 18 de janeiro de 1987.
Não contente com as posições reducionistas, mecanicistas e direitistas da Psicanálise e do Behaviorismo de Skinner, Rogers fundou sua abordagem em uma recusa em identificar a pessoa em terapia como paciente ou doente, como traziam as duas primeiras na época, e aponta a importância da relação da pessoa e do terapeuta, que são iguais e não possuem posição de hierarquia.
Ao contrário de outros estudiosos cuja atenção se concentrava na idéia de que todo ser humano possuía uma neurose básica, Rogers concluiu com suas pesquisas que essa visão não era exata, passando a defender que, na verdade, o núcleo básico da personalidade humana era tendente à saúde, ao bem-estar. Tal conclusão sobreveio a um processo meticuloso de investigação científica levado a cabo por ele, ao longo de sua atuação profissional. Carl Rogers ficou famoso por desenvolver um método psicoterapêutico centrado no próprio paciente. O terapeuta tem que desenvolver uma relação de confiança com o paciente para poder fazer com que ele encontre sozinho sua própria cura.
Realizou doze filmes sobre o seu trabalho, deixando um elevado número de documentos sonoros e audiovisuais, que revelam seus modos de ser sendo psicólogo (psicoterapeuta).
Desenvolveu a Psicologia Humanista, também chamada de Terceira Força da Psicologia. Segundo o psicólogo Abraham Maslow, Carl Rogers foi um dos principais responsáveis pelo acesso e reconhecimento dos psicólogos ao universo clínico, antes dominado pela psiquiatria médica e pela psicanálise. Sua postura enquanto terapeuta sempre esteve apoiada em sólidas pesquisas e observações clínicas.
DESENVOLVIMENTO
A VIDA DE CARL RANSOM ROGERS
	Carl Rogers nasceu no dia 8 de janeiro de 1902, em Oak Park, nos arredores de Chicago. Os pais de Rogers vinham de uma cultura protestante moralmente rígida, um tanto conservadora e bastante fixada em valores tradicionais. Tanto o pai como a mãe tinham formação universitária e estimulavam uma atmosfera intelectual na família.
Rogers foi sempre um aluno brilhante e muito interessado pelo conhecimento. No entanto, conseguia sempre colaborar nos trabalhos do dia-a-dia da família. Sua rede de relacionamentos fora da família era muito restrita, pois a família valorizava muito o trabalho físico e intelectual, o que não deixava muito tempo para atividades de lazer. Rogers concentrava-se então em leituras, preferencialmente de caráter religioso.
Aos 12 anos, Carl Rogers e sua família mudam-se para uma nova residência nos arredores de Chicago, onde havia terra suficiente para iniciar uma atividade agrícola. Em conseqüência dessa atividade, Rogers matricula-se, em 1919, no curso de Agronomia da Universidade de Wisconsin. Já nos primeiros anos, envolve-se em atividades comunitárias, onde começam a aparecer seus talentos de facilitador e organizador. Decide então mudar para o curso de História, com a intenção de seguir mais tarde a carreira religiosa.
Em 1922, Carl Rogers passa seis meses na China, passando também pelo Japão e Coréia, para o Congresso da Federação Mundial dos Estudantes Cristãos.
O contato com a cultura oriental e com o pensamento budista faz com que Rogers reveja suas convicções religiosas. Mantém, entretanto, sua intenção de seguir na vida pastoral.
Em 1924, termina a faculdade de História. No mesmo ano, casa-se com Hellen Elliot, uma amiga de infância, com quem posteriormente teve dois filhos, chamados David Elliott Rogers (1926) e Natalie Rogers (1928).
Carl Rogers matricula-se no Seminário da União Teológica em Nova Iorque,uma instituição com ambiente bem menos conservador do que o que sua família desejara. Frequenta alguns cursos na faculdade de Psicologia dessa instituição, onde conhece os psicólogos Goodwin Watson e William Kilpatrick, com os quais bastante se impressiona. No segundo ano, toma consciência de sua falta de vocação para a carreira religiosa e transfere-se para o curso de Psicologia do Teachers’ College da Universidade de Columbia. Nessa época, é bastante influenciado pela filosofia de John Dewey.
Sua esposa Hellen Elliot falece em 1979 e Rogers faleceu em La Jolla, na Califórnia, no dia 4 de fevereiro de 1987, aos 85 anos de idade, após uma fratura do colo do fêmur. Antes de falecer, permaneceu três dias em coma, quando então as máquinas que o mantinham vivo foram desligadas, de acordo com as instruções que ele mesmo deixara.
1. A OBRA DE CARL RANSOM ROGERS
1.1Trajetória Profissional de Rogers
Em 1926 começa a trabalhar no Instituto de Aconselhamento Infantil (Institute for ChildGuidance) em Nova Iorque, onde trava sua primeira batalha com a psiquiatria, para igualar seu salário com o dos psiquiatras.
Em 1928, doutora-se no Teachers’ College. Sua tese consistia na criação de um teste de personalidade para crianças. Nessa época, trabalhava como psicólogo na Sociedade para Prevenção de Crueldade Contra Crianças (Society for thePreventionofCrueltytoChildren). A partir de 1929, dirige, durante 12 anos, o Centro de Observação e Orientação Infantil dessa Sociedade. Lá, conhece Otto Rank, por cuja prática terapêutica é influenciada. Conhece também Jessie Taft e seu livro de 1933, que Rogers considerou uma obra prima.
Em 1938, Rogers trava nova batalha com os psiquiatras. O Centro que ele já dirigia foi ampliado e a instituição queria eleger um psiquiatra como diretor, por tradição. Rogers consegue manter seu cargo como dirigente do Centro, tornando-se o primeiro psicólogo a ocupar essa posição.
Seu primeiro livro surge em 1939: “O tratamento clínico da criança-problema”, onde apresenta suas pesquisas até então. A repercussão do livro faz com que ele passe a ser conhecido como psicólogo clínico.
Carl Rogers desenvolve uma forma de psicoterapia cada vez menos diretiva, baseada mais na aceitação dos sentimentos do cliente pelo terapeuta, e menos na interpretação e no direcionamento.
Assim surge a Terapia Centrada na Pessoa (ou Abordagem Centrada na Pessoa), sobre a qual Rogers afirma: “Pode parecer absurdo alguém poder nomear o dia em que a Terapia Centrada no Cliente nasceu. Contudo, eu sinto que é possível nomeá-lo como sendo o dia 11 de dezembro de 1940.”
De 1945 a 1957, Rogers tem um período muito rico em termos de produção científica, com muitas publicações. Seu livro de 1951, “Terapia Centrada do Cliente”, é um dos pontos altos dessa produção.
Em 1949, Rogers passou a ocupar a cátedra de Psicologia da Universidade de Ohio. Por ter passado muito tempo envolvido diretamente com a clínica, a passagem para o meio acadêmico foi muito dura para ele. Ficou claro que, durante seu trabalho ativo com clientes, ele tinha atingido novas formas de pensar a prática psicoterapêutica que eram muito diferentes das abordagens acadêmicas convencionais. De todo modo, as críticas iniciais a que foi submetido e o interesse que os estudantes demonstravam em sua teoria compeliu-o a explanar melhor seus pontos de vista, resultando uma série de livros, principalmente Counselingandpsychoterapy (1942).
No ano de 1961, Rogers publica o livro “Tornar-se pessoa”, que rapidamente transforma-se em um best-seller mundial. A partir dessa época, Rogers passa a investir cada vez mais no trabalho com grupos, ou “grupos de encontro”, como ele os denomina. O livro “Grupos de encontro”, publicado em 1970, foi apreciado tanto por profissionais como por leigos e rapidamente tornou-se um livro de consulta obrigatória na área.
A partir de 1972, dedica-se principalmente à reflexão sobre aspectos sociais e políticos, explorando as possibilidades criativas oferecidas pelos grupos de encontro. Dessas reflexões surge o livro “Poder Pessoal”, publicado em 1977.
Em 1985 Carl Rogers atua como facilitador de um workshop na Áustria com 50 líderes internacionais para discutir, segundo o modelo dos grupos de encontro, as tensões políticas na América Central. Nos últimos anos de sua vida, Rogers investe cada vez mais em workshops de esforço pela paz, tanto que seu nome foi indicado em 1987 para o Prêmio Nobel da Paz.
Principalmente após a morte da esposa, em 1979, os últimos anos de Rogers foram marcados por um interesse pela dimensão espiritual do homem, pela transcendência e pela integração do homem com o universo. Valoriza, na terapia, a intuição e a “presença”, uma forma de comunicação com características transpessoais, que ele identifica como um “estado alterado de consciência”.
1.2 A difusão do pensamento de Carl Rogers nas ciências humanas
Quando Rogers começa o seu trabalho de terapeuta, a psicoterapia era considerada nos Estados Unidos como uma atividade médica e só reservada aos médicos. Rogers não só se opõe a este monopólio como até pretende, num primeiro tempo, defender que os médicos, cuja formação privilegia o diagnóstico e a propensão para dirigir os outros, não apresentam a formação de base ideal para a prática desta nova profissão, a qual ele considera naturalmente mais indicada para as pessoas com uma formação de base em psicologia.
Grande parte de seus conceitos foram integrados pelas múltiplas correntes terapêuticas, quando não mesmo pela linguagem comum. A noção de empatia foi retomada por todas as escolas e ninguém desconhece a importância deste conceito desde a psicanálise, sobretudo com Kohut, até as teorias cognitivo-comportamentalistas. Do mesmo modo, quer a congruência, quer a aceitação, foram conceitos que se difundiram de forma tal que a abordagem terapêutica de Carl Rogers parecia condenada a desaparecer diluída e integrada pela multiplicidade das escolas. Talvez o conceito que maior dificuldade teve em ser adequadamente compreendido e integrado tenha sido o de não-diretividade, apesar de muitas escolas considerarem a sua intervenção terapêutica como não-diretiva.
Poder-se-ia pensar que o ciclo estava concluído e que o pensamento de Carl Rogers, por se ter integrado plenamente na cultura, deixara de ter pertinência e singularidade para se esbater naquela herança cultural que todos partilham sem reivindicar especificidades.
Carl Rogers, referindo-se a estes princípios, escreve que eles “se infiltraram na educação, onde as suas implicações revolucionárias provocam controvérsias. Influenciaram casamentos e parcerias. Afetaram as relações com os pais. Alcançaram indústrias e escolas de gestão… A educação e práticas médicas também sentiram a mudança. Nem mesmo a profissão jurídica ficou isenta. O aconselhamento pastoral foi profundamente mudado. Trabalhadores no desenvolvimento de comunidades atuam de modo diferente. Pessoas de várias ocupações e em todos os caminhos de vida se sentiram com mais poder, descobriram uma compreensão mais profunda do self, aprenderam intimidade”.
Podemos dizer que as ideias de Carl Rogers tiveram uma imensa difusão quer no campo da psicologia quer no da psicoterapia e a sua influência estendeu-se a todas as ciências humanas.
1.3 As Principais Obras de Rogers
Obras de Carl Rogers em português
ROGERS, C. R. Grupos de encontro. Lisboa: Moraes Editores, 1986.
Um jeito de ser. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1983. 
Liberdade para aprender. 2. ed. Belo Horizonte: Interlivros, 1973. 
Liberdade de aprender em nossa década. 2. ed. Porto Alegre: Editora Artes Médicas,1986. Liberdade para aprender nos anos oitenta. São Paulo: Martins Fontes, 1994. 
Manual de Counselling. Lisboa: Encontro, 2000.
Novas formas de amor. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1990.
Psicoterapia e consulta psicológica. Lisboa: Moraes Editores, 1974.
Terapia centrada no paciente. Lisboa: Moraes Editores, 1974.
Terapia centrada no cliente. Lisboa: Ediual, 2004.
Tornar-se pessoa. Lisboa: Moraes Editores, 1984.
O Tratamentoclínico da criança problema. São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1994.
Sobre o poder pessoal. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
BOWEN, M.; SANTOS, A. Quando fala o coração. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
KINGET, G. Psicoterapia e relações humanas: teoria e prática da terapia não diretiva. Belo Horizonte: Interlivros, 1977.
ROSENBERG, R. A Pessoa como centro. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1977.
STEVENS, B. De pessoa para pessoa. São Paulo: Pioneira, 1987.
WOOD, J. Abordagem centrada na pessoa. Vitória: Editora Fundação Ceciliano Abel de Almeida, Universidade Federal do Espírito Santo, 1994. 
Obras sobre Carl Rogers em português 
BRODLEY, B. T. O conceito de tendência atualizante na teoria centrada no cliente: a pessoa como centro. Revista de Estudos Rogerianos, n. 2, 1998. 
GOBBI, S. L.; MISSEL, S. T. (org.). Abordagem centrada na pessoa: vocabulário e noções básicas. Porto Alegre: Editora Universitária Unisul, 1998.
 HIPÓLITO, J. Abordagem centrada e a pedagogia. Lisboa: Associação Portuguesa de Psicoterapia Centrada na Pessoa e Counseling, [s.d.]. 
PUENTE, M. de la. O método do contrato de estudo em situação escolar. Didática, Marília, Brasil, v. 18, pp. 47-54, 1982. 
RASKIN, N. O desenvolvimento da terapia não diretiva: a pessoa como centro. Revista de Estudos Rogerianos, n. 1, mai. 1998.
2. ABORDAGEM CENTRADA NO CLIENTE
Destacado pioneiro no desenvolvimento da chamada Psicologia Humanista, ou Terceira Força em Psicologia – segundo a classificação de Abraham Maslow -, Carl R. Rogers (1902-1987) foi um dos principais responsáveis – embora quase nunca se fale nisso – pelo acesso e reconhecimento dos psicólogos ao universo clínico, antes dominado pela psiquiatria médica e pela psicanálise – que, nos EUA, era exercida exclusivamente por médicos até bem pouco tempo atrás. Sua postura enquanto terapeuta sempre esteve apoiada em sólidas pesquisas e observações clínicas, podendo-se, sem sombra de dúvida, dizer que o campo de pesquisas objetivas voltadas para o referencial teórico da Abordagem Centrada na Pessoa é formado por um número considerável de trabalhos, indo mesmo além que o número de pesquisas feitas sobre muitas outras abordagens, incluindo a psicanálise (Rogers &Kinget, 1977; Hart &Tomlinson, 1970; Hall &Lindzey, 1993).
Suas primeiras experiências clínicas, calcadas na tradição behaviorista e, ainda mais, psicanalista, foram feitas como interno do Institute for ChildGuidance, onde sentiu a forte ruptura entre o pensamento especulativo freudiano e o mecanicismo medidor e estatístico do behaviorismo.
Depois de receber seu título de Doutor, Rogers passou a fazer parte da equipe do Rochester Center, do qual passaria a ser diretor. Neste período, Rogers muito tirou das ideias e exemplos de Otto Rank, que havia se separado da linha ortodoxa de Freud.
Foi trabalhando em Rochester que Rogers atingiu novos insights e percepções do tratamento psicoterapêutico que lhe liberou da forte amarra acadêmica e conceitual que havia (e ainda há) no ensino e prática da psicologia:
A equipe era eclética, constituída de elementos de várias procedências, e nossas discussões sobre métodos de tratamento baseavam-se na nossa experiência pessoal diária com nossos clientes (crianças, jovens e adultos).” Era o princípio de um esforço transdisciplinar que muito significou para mim, e com o qual podíamos descobrir a ordem que existe em nossas experiências ao trabalhar com pessoas (…)” (Rogers, 1977).
Em 1945, Carl Rogers tornou-se professor de Psicologia na Universidade de Chicago e secretário executivo do Centro de Aconselhamento Terapêutico, quando elaborou e definiu ainda mais seu método de terapia centrada no cliente, a partir do legado de outros teóricos, principalmente Kurt Goldstein (c.f. a home page Psicologia Holística), formulando uma teoria da personalidade e, ainda mais importante para o destaque de seu trabalho, conduzindo pesquisas sobre psicoterapia, o que muito pouco era feito com relação à abordagem do momento, a Psicanálise (Hall & Lindzey, 1993; Rogers, 1951; Rogers & Dymond, 1954).
Em 1957, Rogers passa a ensinar na Universidade em que se graduou, Winconsin, até 1963. Durante esses anos, ele liderou um grupo de pesquisadores que realizou um brilhante estudo intensivo e controlado, utilizando a psicoterapia centrada com pacientes esquizofrênicos, obtendo, em alguns pontos, muito material sobre a relação terapêutica e muitos outros dados de interesse científico, em termos estatísticos, com estes e com seus familiares. De qualquer modo, foi o início de uma abordagem mais humana junto aos pacientes hospitalares.
Desde 1964, Rogers associou-se ao Centro de Estudos da Pessoa, em La Jolla, Califórina, entrando em contato com outros teóricos humanistas, como Maslow, e filósofos, como Buber e outros. Rogers passou a ser agraciado por muitos psicólogos pelo seu trabalho científico, e atacado por outros, que viam nele e em sua teoria uma abordagem tola e/ou perigosa para o status e o poder que tinham principalmente nos meios médicos que se viram forçados a reconhecer, à custa das inúmeras pesquisas sérias levadas por Rogers e seus auxiliares, que o psicólogo pode ter tanto ou mais sucesso no tratamento psicoterapêutico quanto um psiquiatra ou psicanalista… É duro para a medicina perder um espaço que lhe diminui o poder político e mítico sobre a visão que dela têm as pessoas comuns.
Rogers foi, por duas vezes, eleito presidente da Associação Americana de Psicologia e recebeu desta mesma associação os prêmios de Melhor Contribuição Científica e o de Melhor Profissional. 
O posicionamento filosófico de Rogers, e sua perspectiva e visão do ser humano foram bastante avançadas para a sua época, pois apresentam um entendimento altamente holista e sistêmico do homem, que fica extremamente claro em seus livros, e, em resumo, nesta passagem de Liberdade para aprender:
Sinto pouca simpatia pela ideia bastante generalizada de que o homem é, em princípio, fundamentalmente irracional e que os seus impulsos, quando não controlados, levam à destruição de si e dos outros. O comportamento humano é, no seu conjunto, extremamente racional, evoluindo com uma complexidade sutil e ordenada para os objetivos que o seu organismo, como um todo sistêmico, se esforça por atingir. “A tragédia, para muitos de nós, deriva do fato de que as nossas defesas internas nos impedirem de surpreender essa racionalidade mais profunda, de modo que estamos conscientemente a caminhar numa direção, enquanto organicamente caminhamos em outra”.
É extremamente interessante que Rogers se refira à lógica do organismo como um todo, intuindo um tipo de racionalidade orgânica que é muito mais sutil e mais profunda que o tipo de racionalidade intelectual e linear que ordinariamente se põe como a única coisa digna deste termo, racionalidade, e que, via de regra, se resume à capacidade de reter algumas informações ou habilidades técnicas, adestradas a partir da educação formal. Nisto, podemos lembra a célebre citação de Pascal de que “O Coração possui razões que a própria razão desconhece”.
É este tipo de sabedoria interna ao organismo que se expressa no equilíbrio ecológico de todo o sistema vital do planeta. Assim como no amplo espectro do leque natural, a mesma racionalidade implícita à vida se expressa no homem, como tendência à autoatualização, que é a tendência natural do organismo para atingir um grau de maior harmonia dinâmica interna e externa, exercitando suas potencialidades adaptativas de acordo com o seu desenvolvimento global junto ao meio em que vive.
Diz Rogers:
 “É este impulso que é evidente em toda vida humana e orgânica – expandir-se, estender-se, tornar-se autônomo, desenvolver-se, amadurecer – a tendência a expressar e ativar todas as capacidades do organismo na medida em que tal ativação valoriza o organismo ou o self” (c.f. Fadiman&Frager, 1986, p. 229). 
Desta forma, Rogers e sua teoria estão inteiramente conforme à nova visão holística, ecológica, organísmica e sistêmica, dentro dos novos paradigmas orgânicos que surgemnas ciências físicas e biológicas, indo muito além do reducionismo simplista do Behaviorismo, ou do determinismo mecanicista da psicanálise e seu modelo hidráulico da psique humana, ainda muito aceito e comentado devido à mística da abordagem mecanicista na cultura acadêmica, sempre a última a se abrir aos avanços do pensamento humano. Assim mesmo, convém lembrar que Rogers sempre concordou com muitos pontos importantes destas duas escolas, e via em Freud um grande teórico.
Rogers, juntamente com outros teóricos, como Maslow, Goldenstein e outros, está convencido que, tal como ocorre com uma planta que, mesmo em locais insalubres, luta em busca do sol e da vida, embora os meios lhe sejam adversos, nós, os seres humanos, temos um impulso inerente ao organismo como um todo para nos direcionarmos ao desenvolvimento de nossas capacidades tanto quanto for possível, quer sejam físicas, intelectuais ou morais, em conjunto. Embora Rogers não tenha incluído formalmente uma dimensão religiosa ou transcendente em sua formulação da Tendência à Autoatualização, ele deixa claro suas percepções deste nível transpessoal em seus últimos livros, particularmente em “Um Jeito de Ser”, e a grande aproximação entre seus insights do contato profundo e transcendente no encontro terapêutico com a nova visão de mundo da Física Moderna, que é um ponto comum à Psicologia Transpessoal, que é a abordagem mais sofisticada em termos de psicoterapia, atualmente. De qualquer forma, outros autores, como Campbell e McMahon estenderam a teoria Rogeriana para descrever alguns aspectos da experiência de percepção transcendental.
De um modo geral, as escolas humanistas de psicologia, na qual se insere o trabalho de Rogers e Maslow, opõem-se às concepções fragmentadoras da visão de homem de outras escolas. É por isso que elas criticam à psicanálise ortodoxa, por esta ter como visão de homem uma concepção semi-animalizadas, onde a pessoa é movida muito mais por forças puncionais ou, como na tradição anglo-saxônica, instintivas de prazer e agressão, ao qual só por meio de muitas restrições culturais se pode, quando muito, aplicar um certo verniz de civilização e socialização precária, com um inevitável preço de frustrações e de Mal-estar na Civilização. Maslow, especialmente, criticou veementemente a psicanálise ortodoxa freudiana por generalizar suas conclusões sobre o ser humano a partir da observação clínica de indivíduos emocionalmente perturbados, do que resultou uma visão pessimista da natureza humana (Maslow, 1993). Os humanistas também se recusam a aceitar a visão do behaviorismo radical de Skinner, que identifica o homem ao robô ou marionete do meio, cuja natureza comportamental é moldada, manipulada e controlada pelo condicionamento ambiental (ideia cara ao capitalismo e à propaganda). Seria um crasso erro, segundo os humanistas, a tendência exagerada a generalizar conclusões obtidas a partir de experimentos – muitos deles cruéis e extremamente artificiais – realizados com animais; ou mesmo quando, ao se fazer experimentos com pessoas, ao fato de se reduzir (por princípio de visão de mundo) a aspectos fisiológicos ou outros mecanicistas, perdendo a dimensão psicológica propriamente dita.
Os psicólogos humanistas preferem o estudo do homem em seu potencial mais positivo e a abordar a Psicologia a partir do prisma da saúde e do crescimento psicológico.
Além deste aspecto teórico altamente positivo, a contribuição de Rogers para a psicoterapia é constituída pelos princípios de sua experiência terapêutica denominado propriamente de “Terapia Centrada na Pessoa”, onde é de fundamental importância a ênfase na experiência atual, relacionado ao material trazido pelo cliente no momento do encontro terapêutico, e que é ligado à totalidade da experiência subjetiva vivenciada, o que se liga, igualmente, ao amplo oceano fluido e corrente dos sentimentos mais íntimos. Ela se refere ao que se é sentido imediatamente e que é implicitamente significativo para o sentimento que o sujeito experimenta ao ter uma experiência. O terapeuta, assim, age como um facilitador e um espelho para os sentimentos e pensamentos do cliente, que passa a tomar maior consciência e contato com o seu material vivencial, “percebendo” aspectos de sua personalidade e de seus comportamentos que lhe escapavam anteriormente. Daí, o cliente, auxiliado pela ajuda terapêutica, acaba por modificar ou amadurecer o conceito que tem de si e, consequentemente, a reavaliar suas estratégias de vida e visão de mundo. No fundo, todo o processo, em seu andamento, é fruto da ação do próprio cliente, de sua imersão ou não no processo terapêutico e de seu grau de investimento no mesmo. Daí o nome “Abordagem Centrada no Cliente ou na Pessoa”. Sendo assim, os principais aspectos da abordagem rogeriana são: atenção ao impulso sutil, mas sempre existente, em direção ao crescimento, à saúde e ao ajustamento. A terapia nada mais é que a ajuda para a libertação do cliente em sua busca natural para o crescimento e o desenvolvimento normais. Maior ênfase aos aspectos afetivos e existenciais, que são muito mais potentes que os intelectuais. Maior ênfase ao material trazido pelo cliente e à sua situação imediata do que ao passado. Grande ênfase no relacionamento terapêutico em si mesmo, que constitui um tipo de entidade orgânica que se forma a partir do encontro entre terapeuta e cliente e que, em si, traz uma forte força para a experiência de crescimento de ambos, cliente e terapeuta.
Muito apropriadamente, Rogers usa a palavra “cliente” ao invés do termo “paciente”, carregado do ranço mecanicista da abordagem biomédica. Um paciente é visto como alguém doente que se submete à ação ativa de profissionais formados, que são mais “sábios” e competentes que ele mesmo. Um cliente é alguém que deseja um serviço que não pode executar sozinho, mas que está mais em pé de igualdade e, por isso, é menos “incompetente” que o paciente, ou seja, o cliente é visto como uma pessoa inerentemente capaz de entender e atuar sobre a sua própria situação.
Há uma igualdade implícita no modelo terapeuta-cliente, que não existe na abordagem mecanicista médico-paciente: “O indivíduo tem dentro de si a capacidade, ao menos latente, de compreender os fatores de sua vida que lhe causam infelicidade e dor, e de reorganizar-se de forma a superar tais problemas”. Rogers, portanto, entende a terapia como um processo que leva uma pessoa a descobrir as nuances de seu próprio dilema com o mínimo de ação por parte do terapeuta, que funciona como um espelho para o cliente. A terapia é “a liberação de capacidades já presentes em estado latente (…). Tais opiniões se opõem diretamente à concepção da terapia como uma manipulação, por um especialista, de um organismo mais ou menos passivo” (Rogers & Kinget, 1977, p. 192). Tal aspecto é fundamentalmente diferente das abordagens onde o terapeuta é visto como o “mecânico” apto a “consertar” o problema do “paciente”.
Outra extraordinária contribuição de Rogers à psicoterapia foi sua dedicação à dinâmica da psicoterapia de grupo. Rogers compreendeu profundamente que os indivíduos em um grupo deixam-se envolver mais fortemente por um clima terapêutico, e que o grupo, em si, é um organismo, um sistema autorregulador, onde cada indivíduo é parte fundamental constituinte do todo, ao mesmo tempo que também é um todo em si. Caracteristicamente, todos os grupos de encontro possuem um clima de segurança psicológica que encoraja a expressão de sentimentos à estímulos dos membros do próprio grupo, e abrange sempre o envolvimento afetivo como um todo. O modo como se dá o desenvolvimento do grupo é, quase sempre, imprevisível, mas segue, via de regra, um percurso autorregulador e auto dirigente de uma criatividade impressionante, levando eficazmente a uma atuação terapêutica e catártica grupal, ligando os indivíduos do organismo coletivo, mesmo que haja um amplo amálgama de sentimentos díspares em momentos críticos do encontro coletivo. “Quando o material afetivo significativo emerge, as pessoas começam a expressarumas às outras seus sentimentos imediatos, tanto positivos quanto negativos” (Fadiman & Frager, 1986, p. 243). Quanto mais expressões emocionais vêm à tona, maior o desenvolvimento da capacidade terapêutica do grupo autorregulador. “As pessoas começam a fazer coisas que parecem ser de grande auxílio, que ajudam os outros a tomar consciência de sua própria experiência de uma forma não ameaçadora. O que o terapeuta bem treinado aprendeu a fazer durante anos de supervisão e prática, começa a emergir de modo espontâneo da própria situação” (Fadiman & Frager, 1986, p. 243-244). Ou seja, Rogers descobriu, em psicoterapia, a mesma tendência sistêmica à auto-organização que os modernos biólogos sistêmicos.
Por tudo isso, está claro que o legado de Rogers é de extrema importância e atualidade, não podendo certos representantes da corrente racionalista dominante, por uma questão simplória de poder, defini-lo como ultrapassado ou superficial. Diante das mazelas de nossa época tecnocrata, onde as coisas estão cada vez piores em termos de qualidade de vida, não pode alguém que se diz representante de uma abordagem com 102 anos se arvorar como sabedor de toda a verdade, pois, apesar dela, o mundo está cada vez pior. Neste momento, o aspecto existencial e otimista da Psicoterapia Centrada no Cliente parece ser um método altamente positivo para nossa saúde psíquica. Cabe ao tempo, enfim, confirmar ou não tudo isso.
2.1 Terapia Centrada no Cliente
Rogers foi um terapeuta praticante durante toda sua carreira profissional. Sua teoria da personalidade emerge de seus métodos e ideias sobre terapia e é integrada a eles. A teoria psicoterápica de Rogers passou por diversas fases de desenvolvimento e mudanças de ênfase, e ainda assim há alguns pontos básicos que se mantiveram inalterados. Rogers faz uma citação de uma palestra onde, pela primeira vez, descreveu suas novas ideias sobre terapia:
1. Esta nova abordagem coloca um peso maior sobre o impulso individual em direção ao crescimento, à saúde e ao ajustamento. A terapia é uma questão de libertar o cliente para um crescimento e desenvolvimento normais.
2. Esta terapia dá muito mais ênfase ao aspecto afetivo de uma situação do que aos aspectos intelectuais.
3. Esta nova terapia dá muito mais ênfase à situação imediata do que ao passado do indivíduo.
4. Esta abordagem enfatiza o relacionamento terapêutico em si mesmo como uma experiência de crescimento.
Rogers usa a palavra “cliente” ao invés do termo tradicional “paciente”. Um paciente é em geral alguém que está doente, precisa de ajuda e vai ser ajudado por profissionais formados. Um cliente é alguém que deseja um serviço e que pensa não poder realizá-lo sozinho. O cliente, portanto, embora possa ter muitos problemas, é ainda visto como uma pessoa inerentemente capaz de entender sua própria situação. Há uma igualdade implícita no modela do cliente, que não está presente no relacionamento médico-paciente.
A terapia atende a uma pessoa ao revelar seu próprio dilema com um mínimo de intrusão por parte do terapeuta. Rogers define a psicoterapia como a liberação de capacidades já presentes em estado latente. Isto é, implica que o cliente possua, potencialmente, a competência necessária à solução de seus problemas. Tais opiniões se opõem diretamente à concepção da terapia como uma manipulação, por especialista, de um organismo mais ou menos passivo. A terapia é apontada como dirigida pelo cliente ou centrada no cliente, uma vez que é quem assume toda direção que for necessária.
A terapia centrada no cliente e a modificação de comportamento têm algumas semelhanças, ambas ouvem as ideias do cliente sobre suas dificuldades e ambas aceitam o cliente como capaz de compreender seus próprios problemas. Entretanto, na terapia centrada no cliente, a pessoa continua a dirigir e modificar as metas da terapia e iniciar as mudanças comportamentais (ou outras) que deseja que ocorram. Na modificação de comportamento, os novos comportamentos são escolhidos pelo terapeuta. Rogers sente de modo intenso que tais “intervenções do especialista”, qualquer que seja a sua natureza, são em última instância prejudiciais ao crescimento da pessoa.
Suas opiniões sobre a natureza do homem e sobre os métodos terapêuticos não somente amadureceram durante sua vida, passaram por uma inversão quase que total. “Espero ter deixado claro que, no decorrer dos anos, distanciei-me muito de algumas das coisas em que inicialmente acreditei que o homem é em essência pecador; de que, profissionalmente, ele é melhor tratado enquanto objeto; de que a ajuda se fundamenta na perícia; de que o perito pode aconselhar, manipular e moldar o indivíduo a fim de produzir o resultado desejado”.
2.2 Terapeuta Centrado no Cliente
O cliente tem a chave de sua recuperação, mas o terapeuta deveria ter determinadas qualidades pessoais que ajudam o cliente a aprender como usar tais chaves.
Estes poderes dentro do cliente tornar-se-ão efetivos se o terapeuta puder estabelecer com o cliente um relacionamento de aceitação e compreensão suficientemente caloroso. Antes de o terapeuta ser qualquer coisa para o cliente, ele deve ser autêntico, genuíno, e não estar desempenhando um papel, especialmente o de um terapeuta, quando está com o cliente. Isto envolve a vontade de ser e expressar com minhas próprias palavras e meus comportamentos, os diversos sentimentos e atitudes que existem em mim. Isto significa que se precisa, na medida do possível, perceber os próprios sentimentos, ao invés de apresentar uma fachada externa de uma atitude enquanto na verdade mantém se outra.
Terapeutas que estão se formando em terapia centrada no cliente por vezes perguntam, “como se comportar se não gostamos do paciente ou se estamos aborrecidos ou bravos?” Não serão estes sentimentos genuínos justamente os que ele desperta em todas as pessoas que ofende? A resposta centrada no cliente a estas questões envolve diversos níveis de compreensão. Em um nível, o terapeuta serve como modelo de uma pessoa autêntica. O terapeuta oferece ao cliente um relacionamento através do qual este pode testar sua própria realidade. Se o cliente confia que vá receber uma resposta honesta, pode descobrir se suas antecipações ou defesas são justificadas. O cliente pode aprender a esperar uma reação real, não distorcida ou diluída, à sua busca interior. Este teste de realidade é crucial se o cliente quer se afastar das distorções e experienciar a si mesmo de modo direto.
Num outro nível, o terapeuta centrado no cliente proporciona uma relação de ajuda enquanto aceita e é capaz de manter uma consideração positiva incondicional. Rogers a define como uma preocupação que não é possessiva, que não exige qualquer favor pessoal. É simplesmente uma atmosfera que demonstra, “eu preocupo-me”, e não “eu preocupo-me consigo se comportar desta ou daquela maneira”. Não é uma avaliação positiva porque toda avaliação é uma forma de julgamento moral. A avaliação tende a restringir o comportamento respeitando algumas coisas e punindo outras; a consideração positiva incondicional permite à pessoa ser realmente o que é não importando o que possa ser.
Esta atitude aproxima-se daquilo que Maslow denomina amor taoístico, um amor que não faz julgamento prévio, que não restringe nem define. É a promessa de aceitar alguém simplesmente como ela revela ser. Para fazer isto, um terapeuta centrado no cliente deve ser sempre capaz de ver o centro auto atualizador do cliente e não os comportamentos destrutivos, prejudiciais e ofensivos. Se puder reter uma consciência da essência positiva do indivíduo poder-se-á ser autêntico com tal pessoa, ao invés de ficar aborrecido, irritado ou bravo com expressões particulares de sua personalidade. Esta atitude é similar à dos mestres espirituais da tradição oriental que, vendo o divino em todos os homens, podem tratar a todos com igual respeito e compaixão.
O terapeuta centrado no cliente mantém uma certeza de que a personalidade interior, e talvez não desenvolvida do cliente, é capaz de entender a si mesma. Na prática, istoé extremamente difícil. Terapeutas rogerianos admitem que seja, com frequência, incapazes de manter esta qualidade de compreensão quando trabalham.
A aceitação pode ser uma mera tolerância, uma postura não julgadora que pode ou não incluir uma real compreensão. Esta aceitação é inadequada. A consideração positiva incondicional deve incluir também uma compreensão empática, captar o mundo particular do cliente como se fosse o seu próprio mundo, mas sem nunca esquecer esse caráter de “como se”. Esta nova dimensão permite ao cliente maior liberdade para explorar sentimentos internos. O cliente está certo de que o terapeuta fará mais do que aceitá-lo, pois está engajado de maneira ativa na tentativa de sentir as mesmas situações dentro de si próprias.
O critério final para um bom terapeuta é que ele deve possuir a habilidade para comunicar esta compreensão ao cliente. O cliente precisa saber que o terapeuta é autêntico, preocupa-se, ouve e compreende de fato. É necessário que o terapeuta seja claro apesar das distorções seletivas do cliente, das subseções de ameaça e dos efeitos danosos de uma autoconsideração mal colocada. Desde que esta ponte entre terapeuta e cliente seja estabelecida, o cliente pode começar a trabalhar a sério.
Grupos de Encontro
A passagem de Rogers de terapeuta centrado no cliente para líder de encontros e pesquisador foi quase inevitável. Suas afirmações de que as pessoas, não especialistas, eram terapeutas, foram correlacionadas com os primeiros dados de encontro. Quando Rogers foi para a Califórnia, foi capaz de dedicar mais tempo para participar, estabelecer e pesquisar este tipo de trabalho de grupo.
À parte da terapia de grupo, os grupos de encontro têm uma história que prenuncia seu ressurgimento nas décadas de 1950 e 1960. Dentro da tradição protestante norte-americana e, numa extensão menor, no Judaísmo, tinha havido experiências de grupo elaboradas para alterar as atitudes de uma pessoa em relação a si mesma e para modificar seu comportamento para com os outros. As técnicas incluíam pequenos grupos de colegas, insistência na honestidade e na abertura, ênfase no aqui e agora e manutenção de uma atmosfera calorosa, de apoio. Mesmo as maratonas (encontros de grupos durante o dia e a noite) não são invenções recentes.
Características comuns a todos os grupos de encontro incluem um clima de segurança psicológica, o encorajamento à expressão dos sentimentos imediatos e a resposta subsequente por parte dos membros do grupo. O líder, qualquer que seja sua orientação, é responsável por estabelecer e manter o tom e o enfoque de um grupo. Este pode estender-se desde a atmosfera funcional de negócios, até estimulação emocional ou à excitação sexual, à promoção de medo, raiva ou mesmo violência. Há relatos de grupos de todas as descrições.
A contribuição de Rogers e seu trabalho contínuo com grupos de encontro são aplicações de sua teoria. Em Grupos de Encontro ele descreve os principais fenômenos que ocorrem nos grupos que se prolongam por vários dias. Embora haja muitos períodos de insatisfação, incerteza e ansiedade na descrição de encontros que seguem, cada um desses períodos conduz a um clima mais aberto, menos defensivo, mais exposto e mais confiante. A intensidade emocional e a capacidade de tolerar a intensidade parecem aumentar à medida que o grupo prossegue.
Processo de Encontro
Um grupo começa andando à volta, esperando que lhe seja dito como se comportar, o que esperar como trabalhar com as expectativas sobre o grupo. Há uma crescente frustração à medida que o grupo percebe que os próprios membros determinarão a forma pela qual o grupo funcionará.
Há uma resistência inicial à expressão ou exploração pessoal. É o eu exterior que os membros têm tendência para mostrar e só gradual, tímida e ambiguamente vão revelando algo do eu íntimo. Esta resistência é visível na maioria das situações de grupo, como em coquetéis, bailes ou piqueniques, onde em geral há alguma atividade, além da auto-exploração, à disposição dos participantes. Um grupo de encontro desencoraja a busca de qualquer outra atividade.
À medida que as pessoas continuam a interagir elas compartilham sentimentos passados associados a pessoas ausentes no grupo. Ainda que possam ser experiências importantes para o indivíduo, não passam de uma forma de resistência inicial; as experiências passadas são mais seguras e é pouco provável que sejam afetadas por críticas ou apoio. As pessoas podem ou não responder ao relato de um evento passado, mas ainda assim é um evento passado.
Quando as pessoas começam a expressar seus sentimentos presentes, o mais freqüente é serem as primeiras expressões negativas. “Não me sinto bem com você”. “Você tem uma maneira de falar vulgar”. “Não acredito que você na realidade queria dizer o que disse sobre sua esposa”.
Os sentimentos profundos positivos são muito mais difíceis e perigosos de exprimir que os negativos. Se disser que te amo fico vulnerável e exposto a mais terrível rejeição. Mas se digo que te detesto, fico quando muito sujeito a um ataque de que posso defender-me. A não compreensão deste paradoxo aparente levou a uma série de programas de encontro cujo fracasso era previsível. Por exemplo, a Força Aérea desenvolveu programas de relacionamento racial incluindo sessões de encontro entre brancos e negros, conduzidas por líderes treinados. O resultado final desses encontros, no entanto, sempre parecia ser uma intensificação dos sentimentos racistas de ambos os lados.
Em virtude das dificuldades de planejar horário para as pessoas inseridas no regime militar, tais encontros não duravam mais do que três horas, tempo bastante para que as expressões negativas fossem expressas, mas insuficiente para desenvolver o restante do processo. Quando os sentimentos negativos são expressos e o grupo não se desintegra, divide-se ou desaparece no fogo do inferno, começa a aparecer um material com significado pessoal. Sendo ou não aceitável para os membros do grupo, o “clima de confiança” começa a se formar e as pessoas começam a assumir riscos reais.
Quando o material significativo emerge, as pessoas começam a expressar umas às outras seus sentimentos imediatos tanto positivos quanto negativos. “Acho bom que você esteja compartilhando isto com o grupo”. “Toda vez que falo algo você me olha como se quisesse me estrangular.” “Gozado, eu pensei que não iria gostar de você. Agora tenho certeza disso.”
Quanto mais expressões emocionais vêm à tona e sofrem as reações do grupo, Rogers nota o desenvolvimento de uma capacidade terapêutica no mesmo. As pessoas começam a fazer coisas que parecem ser de grande auxílio, que ajudam os outros a tomar consciência de sua própria experiência de uma forma não-ameaçadora.
O que o terapeuta bem treinado aprendeu a fazer durante anos de supervisão e prática, começa a emergir de modo espontâneo da própria situação. “Esta espécie de faculdade manifesta-se tão freqüentemente em grupos, que me leva a considerar que a capacidade de tratamento ou terapêutica é muito mais freqüente do que supomos na vida humana. Muitas vezes, para se manifestar, apenas necessita da licença concedida, ou da liberdade tornada possível, pelo clima de uma experiência de grupo em liberdade.
Um dos efeitos da disposição do grupo para a aceitação e feedback é que as pessoas podem aceitar a si mesmas. “Creio que realmente tento impedir que as pessoas se aproximem de mim.” “Sou forte e mesmo cruel às vezes.” “Quero tanto ser amado que chego a fingir ser meia dúzia de coisas.” Paradoxalmente, esta aceitação de si mesmo, incluindo suas falhas, inicia a mudança. Rogers nota que quanto mais perto estivermos da congruência, mais fácil será de tomarmo-nos sadios. Se uma pessoa for capaz de admitir que seja de certa maneira, será então capaz de considerar possíveis alternativas de comportamento. Se negar parte de si mesma, não fará qualquer esforço para mudar. A aceitação, no domínio das atitudes psicológicas por vezes ocasiona uma mudança naquilo que foi aceito. É irônico, mas verdadeiro.
À medida que ogrupo continua, há uma crescente impaciência para com as defesas. O grupo parece exigir o direito de ajudar, de curar, de provocar a abertura das pessoas que parecem constrangidas e defendidas. Por vezes gentilmente, outras de forma quase que selvagem, o grupo exige que o indivíduo seja ele mesmo, isto é, que não esconda os sentimentos comuns. A expressão pessoal de alguns membros do grupo tornou evidente que é possível um encontro mais profundo e essencial, e o grupo parece procurar intuitiva e inconscientemente este objetivo.
Em qualquer troca ou encontro há feedback. O líder está sendo informado a todo instante de sua eficiência ou da falta dela. Cada membro que reage a outro pode, por sua vez, obter um feedback à sua reação. Este pode ser difícil de aceitar, mas uma pessoa, num grupo, não pode evitar facilmente o conflito com a opinião do mesmo.
Rogers chama de confrontação às formas extremas de feedback. Conforme diz, “há momentos em que o termo feedback é excessivamente moderado para descrever as interações que se processam, momentos em que é mais correto dizer que um indivíduo se confronta com outro, diretamente, em pé de igualdade.
“Tais confrontações podem ser positivas, porém são muitas vezes nitidamente negativas”. A confrontação leva os sentimentos a uma intensidade tal que um tipo de resolução é exigido. Este é uns momentos perturbados e difíceis para um grupo e, potencialmente, muito mais perturbador para os indivíduos envolvidos.
Parece claro que toda vez que o grupo demonstra de modo efetivo que pode aceitar e tolerar os sentimentos negativos sem rejeitar a pessoa que a expressa, os membros do grupo tomam-se mais confiantes e abertos uns com os outros. Muitas pessoas relatam suas experiências em grupos como as experiências de aceitação mais positivam e empáticas de suas vidas. A popularidade das experiências de grupo repousa tanto no calor emocional que geram como em sua capacidade de facilitar o crescimento pessoal.
3. CARL ROGERS E A PSICOLOGIA COMTEMPORÂNEA
Durante a maior parte da sua vida Carl Rogers opôs-se à institucionalização do seu pensamento ou das suas ideais e a sua saída do meio universitário, ao trocar a Universidade de Wisconsin pelo Western BehavioralSciences Institut na Califórnia, provocou indubitavelmente certo declínio da influência direta das suas ideias no campo da psicologia em geral e da formação em psicoterapia em particular.
De alguns anos a esta parte, o movimento rogeriano tomou consciência, contudo da riqueza da herança recebida e do fato de que a Terapia Centrada no Cliente tinha ainda hoje pleno lugar no panorama das psicoterapias como uma das mais firmemente esteadas na pesquisa e com mais sólidas raízes filosóficas.
Apareceu, assim, uma segunda vaga de terapeutas que no “universo” rogeriano são por vezes considerados como puristas ou ortodoxos e que, sem pôr em causa a filosofia da Abordagem Centrada na Pessoa ou a sua aplicação aos múltiplos campos do humano, propõe o retorno, no campo da psicoterapia, ao modelo dito da Terapia Centrada no Cliente, o qual assenta nos três pilares que acima referimos.
Do mesmo modo, na última década, assistiu-se a um retorno da Abordagem Rogeriana aos meios universitários e a um retomar das atividades de pesquisa, que durante alguns anos tinham passado, de certa maneira, o segundo plano, enquanto que as atividades de exploração dos limites de aplicação e aplicabilidade do modelo filosófico, tinham sido mais privilegiadas.
Nestes últimos dois anos (97 para André de Peretti9 e 98 para Jerold Bozarth (10) e Godfrey Barrett- Lennard (11)) foram publicadas três obras importantes sobre Carl Rogers e o seu modelo. Em cada uma delas, existe uma parte significativa dedicada à revisão crítica da investigação feita ao longo de mais de 50 anos de existência deste modelo, desde o âmbito da Terapia Centrada no Cliente até ao da Abordagem Centrada na Pessoa, desde os tempos remotos dos anos quarenta e da construção do modelo até aos projetos de investigação recentes e contemporâneos, e desde a especificidade da terapia e do counselling até à pedagogia e à mediação da paz. Nomeadamente, Barrett- Lennard faz uma extensa e cuidada crítica a mais de duzentos projetos de investigação.
Um dos aspectos que me parece particularmente interessante é o empenho posto ao longo de mais de 40 anos, na investigação sobre os efeitos específicos dos modelos terapêuticos.
Já em 1957, Ends e Page (12) comparavam os resultados de três modelos terapêuticos, o psicodinâmico, o rogeriano e o comportamentalista no tratamento de grupo de pacientes hospitalizados com o diagnóstico de “alcoólicos”, concluindo que “a abordagem rogeriana centrada no grupo tem a mais larga aplicação e a maior eficácia”.
John Shlien, Masak e Dreikers (13) comparavam em 1962 os resultados obtidos, no quadro do Centro de Aconselhamento da Universidade de Chicago, em dois grupos de clientes beneficiando de terapias de tempo limitado (20 sessões); um de inspiração adleriana e o outro segundo o modelo de terapia centrada no cliente, com dois outros grupos de clientes beneficiando dos mesmos modelos de terapia, mas em tratamento sem tempo limitado (em média 37 sessões).
Concluíram que os resultados entre os dois modelos não eram do ponto de vista estatísticos significativamente diferentes, mas que os clientes pareciam ficar mais rapidamente satisfeitos, em contrapartida, com os resultados obtidos nas terapias de tempo limitado.
As terapias de tempo limitado são um excelente campo de investigação, pela possibilidade de enquadramento num projeto mais controlável e também pela sua brevidade. Outro estudo que ficou célebre foi o Projeto de Hamburgo (14) em 1981 que consistiu em comparar a psicoterapia de tempo limitado de inspiração psicanalítica com a psicoterapia de tempo limitado centrada no cliente e com um grupo de controle sem terapia, utilizando para tal uma impressionante bateria de testes psicológicos.
Os resultados mostraram uma significativa vantagem no grupo sujeito a terapias em comparação com o grupo que não fez terapia, e uma diferença não significativa entre as duas perspectivas terapêuticas. Contudo, poder-se-ia inferir que os clientes que tinham beneficiado de uma psicoterapia de inspiração psicanalítica tinham no fim do tratamento um maior insight em relação aos que tinham beneficiado de uma psicoterapia centrada no cliente, expressando estes últimos, no entanto, um maior sentimento de “bem estar no seu corpo”.
Mais perto de nós e ainda no campo da psicoterapia de tempo limitado centrada no cliente, Odete Nunes (15) fez em 1998 um interessante trabalho de análise com o objetivo de verificar a pertinência de algumas hipóteses teóricas ligadas com a limitação do tempo vivenciada pela díade cliente-terapeuta, e ainda da justeza do enquadramento deste contexto terapêutico no âmbito dos pressupostos de base da psicoterapia centrada no cliente.
Em 1990 Eckert e Biermann-Ratjen (16) comparam os resultados de grupos terapêuticos inspirados nos modelos rogeriano e freudiano e concluem que ambos apresentam iguais resultados na diminuição da depressão, da introversão e do desconforto na adaptação à vida. Mostram também que os que beneficiaram duma abordagem psicanalítica apresentam um maior sentimento de autonomia interna e externa e os que beneficiaram do tratamento inspirado no modelo rogeriano, uma maior capacidade em relacionar-se e contactar com os outros.
De maneira geral verifica-se que a escolha do modelo rogeriano relativamente a outros modelos não assenta numa questão de eficácia, pois é comprovadamente semelhante com a dos principais modelos acreditados no mundo científico, não assenta tão pouco numa especificidade diagnóstica, que, aliás, o modelo rogeriano sempre rejeitou, mas na opção filosófica quer do cliente, quando esclarecido, quer do terapeuta, no seu posicionamento em relação às questões fundamentais do valor e do respeito do humano e do seu posicionamento na abordagem da pessoa relativamente a uma perspectiva essencialista ou existencialista.
A abordagemrogeriana regressou ao mundo universitário, que aliás nunca deixara totalmente, mantendo o rigor da investigação, e na continuidade do trilho de Rogers que dizia que os fatos são sempre amigos, consciente do importante contributo que deu e tem para dar no campo do humano.
4. O LEGADO E IMPACTO DE ROGERS HOJE
Neste momento de crise econômica, social e humana em que os valores do individual tendem a desaparecer, não em proveito de uma percepção adequada do social, mas do macroeconômico em que o indivíduo só é valorizado em termos econômicos e que a vida deixou de ter um valor único (vejam-se os corte nas despesas sociais e de saúde atualmente em todos os países desenvolvidos), a mensagem de Rogers parece-nos de novo indispensável para o retorno ao individual, ao pessoal, mas não num pessoal ou individual que se opõe e é incompatível com o social, mas num individual que dá sentido ao social, num conceito isomórfico de organismo, a todos os níveis de organização, numa posição profundamente ecológica, holística e humanista.
Foi bem Carl Rogers uma das figuras de proa da chamada terceira força da psicologia, a psicologia humanista, alternativa humanista às posições essencialistas e deterministas das psicanálises e dos comportamentalismos.
Uma premissa fundamental da teoria de Carl Rogers é o pressuposto de que as pessoas usam sua experiência para se definir. Em seu principal trabalho teórico de 1959, Rogers define uma série de conceitos a partir dos quais delineia teorias da personalidade e modelos de terapia, mudança da personalidade e relações interpessoais. Os construtos básicos aqui apresentados estabelecem uma estrutura através da qual as pessoas podem construir e modificar suas opiniões a respeito de si mesmas.
O Conhecimento
O conhecimento objetivo é uma forma de testar hipóteses, especulações e conjecturas em relação a sistemas de referência externos. Em Psicologia, os pontos de referência podem incluir observações do comportamento, resultados de testes, questionários ou julgamentos de outros psicólogos.
A utilização dos colegas baseia-se na ideia de que se pode confiar nas pessoas treinadas em uma determinada disciplina para aplicar os mesmos métodos de julgamento a um dado evento. A opinião de um especialista pode ser objetiva, mas também pode ser uma percepção coletiva errônea. Qualquer grupo de especialistas pode mostrar-se rígido e defender-se quando se lhes pede para considerar dados que contradizem aspectos axiomáticos de sua própria formação. Rogers observa que teólogos comunistas dialéticos e psicanalistas exemplificam esta tendência. Rogers é o único a questionar a validade do conhecimento objetivo, em especial na tentativa de compreender a experiência de uma outra pessoa.
A terceira forma de conhecimento é o conhecimento interpessoal ou conhecimento fenomenológico, que é a essência da terapia centrada no cliente. É a prática da compreensão empática. Penetrar no mundo subjetivo particular do outro para ver se nossa compreensão da opinião dele é correta, não apenas para ver se é objetivamente correta ou se concorda com o nosso próprio ponto de vista, mas se é correta no sentido de compreender a experiência do outro como ele a experiência. Esta compreensão empática é testada pela resposta àquilo que se entendeu, perguntando-se ao outro se foi ouvido corretamente. “Você está se sentindo deprimido esta manhã?”, “Parece-me que você está contando ao grupo que seu choro é um pedido de ajuda”, “Aposto que você está muito cansado para concluir isto agora”.
O Campo da Experiência
Há um campo de experiência único para cada indivíduo. Este campo de experiência ou “campo fenomenal” contém tudo o que se passa no organismo em qualquer momento, e que está potencialmente disponível à consciência. Incluem eventos, percepções, sensações e impactos dos quais a pessoa não toma consciência, mas poderia tomar se focalizasse a atenção nesses estímulos. É um mundo privativo e pessoal que pode ou não corresponder à realidade objetiva.
De início a atenção é colocada naquilo que a pessoa experimenta como seu mundo, não na realidade comum. O campo de experiência é limitado por restrições psicológicas e limitações biológicas. Temos tendência a dirigir nossa atenção para perigos imediatos, assim como para experiências seguras ou agradáveis, ao invés de aceitar todos os estímulos que nos rodeiam.
Self
Dentro do campo de experiência está o Self.
O Self não é uma entidade estável, imutável, entretanto, observado num dado momento, parece ser estável. Isto se dá porque congelamos uma seção da experiência a fim de observá-la. Rogers concluiu que a ideia do eu não representa uma acumulação de inumeráveis aprendizagens e condicionamentos efetuados na mesma direção... Essencialmente é uma Gestalt cuja significação vivida é suscetível de mudar sensivelmente (e até mesmo sofrer uma reviravolta) em consequência da mudança de qualquer destes elementos. O Self é uma Gestalt organizada e consistente num processo constante de formar-se e reformar-se à medida que as situações mudam.
Assim como uma fotografia é uma “parada” de algo que está mudando, da mesma forma o Self não é nenhuma das “fotografias” que tiramos dele, mas o processo fluido subjacente. Outros teóricos usam o termo Self para designar aquela faceta da identidade pessoal que é imutável, estável ou mesmo eterna.
Rogers usa o termo para se referir ao contínuo processo de reconhecimento. É esta diferença, esta ênfase na mudança e na flexibilidade, que fundamenta sua teoria e sua crença de que as pessoas são capazes de crescimento, mudança e desenvolvimento pessoal. O Self ou autoconceito é a visão que uma pessoa tem de si própria, baseada em experiências passadas, estimulações presentes e expectativas futuras.
Self Ideal
Self Ideal é o conjunto das características que o indivíduo mais gostaria de poder reclamar como descritivas de si mesmo. Assim como o Self, ele é uma estrutura móvel e variável, que passa por redefinição constante. A extensão da diferença entre o Self e o Self Ideal é um indicador de desconforto, insatisfação e dificuldades neuróticas. Aceitar-se como se é na realidade, e não como se quer ser, é um sinal de saúde mental. Aceitar-se não é resignar-se ou abdicar de si mesmo. É uma forma de estar mais perto da realidade e de seu estado atual. A imagem do Self Ideal, na medida em que se diferencia de modo claro do comportamento e dos valores reais de uma pessoa é um obstáculo ao crescimento pessoal.
Um trecho da história de um caso pode esclarecê-lo. Um estudante estava planejando desligar-se da faculdade. Havia sido o melhor aluno no ginásio e o primeiro no colegial e estava indo muito bem na faculdade. Estava desistindo, explicava, porque havia recebido um “C” num curso. Sua imagem de ter sido sempre o melhor estava em perigo. A única sequência de ações que ele vislumbrava era escapar, deixar o mundo acadêmico, rejeitar a discrepância entre seu desempenho atual e sua visão ideal de si própria. Disse que iria trabalhar para ser o “melhor” de alguma outra forma.
Para proteger sua autoimagem ideal ele desejava cortar pela raiz sua carreira acadêmica. Ele deixou a escola, viajou pelo mundo e, por vários anos, teve uma grande quantidade de empregos originais. Quando foi visto novamente era capaz de discutir a possibilidade de que talvez não fosse necessário ser o melhor desde o começo, mas tinha ainda grandes dificuldades em explorar qualquer atividade na qual pudesse experimentar fracasso.
Tendência à Auto-Atualização
Há um aspecto básico da natureza humana que leva uma pessoa em direção a uma maior congruência e a um funcionamento realista. Além disso, este impulso não é limitado aos seres humanos; é parte do processo de todas as coisas vivas. É este impulso que é evidente em toda vida humana e orgânica, expandir-se, estender-se, tornar-se autônomo, desenvolver-se, amadurecer a tendência a expressar e ativar todas as capacidades do organismo na medida em que tal ativação valoriza o organismo ou o Self.
Rogers sugere que em cada um de nós há um impulso inerenteem direção a sermos competentes e capazes quanto o que estamos aptos a ser biologicamente.
Assim como uma planta tenta tornar-se saudável, como uma semente contém dentro de si impulso para se tomar uma árvore, também uma pessoa é impelida a se tomar uma pessoa total, completa e auto-atualizada.
O impulso em direção à saúde não é uma força esmagadora que super, obstáculos ao longo da vida; pelo contrário, é facilmente embotado, distorcido e reprimido. Rogers o vê como a força motivadora dominante numa pessoa que está funcionando de modo livre, não paralisada por eventos passados ou por crenças correntes que mantinham a incongruência. Maslow chegou a conclusões semelhantes; chamava esta tendência de uma voz interna e fraca que é facilmente abafada. A suposição de que o crescimento é possível e central para o projeto do organismo é crucial para o restante do pensamento de Rogers.
Para Rogers, a tendência à auto-atualização não é simplesmente mais um motivo. É importante observar que esta tendência atualizada é o postulado fundamental da teoria rogeriana.
Crescimento Psicológico
As forças positivas em direção à saúde e ao crescimento são naturais e inerentes ao organismo. Baseado em sua própria experiência clínica, Rogers conclui que os indivíduos têm a capacidade de experienciar e de se tomarem conscientes de seus desajustamentos. Isto é, você pode experienciar as incoerências entre seu auto-conceito e suas experiências reais. Esta capacidade que reside em nós é associada a uma tendência subjacente à modificação do auto-conceito, no sentido de estar realmente de acordo com a realidade. Rogers postula, portanto, um movimento natural para a resolução e distante do conflito. Vê o ajustamento não como um estado estático, mas como um processo no quais novas aprendizagens e novas experiências são cuidadosamente assimiladas.
Rogers está convencido de que estas tendências em direção à saúde são facilitadas por qualquer relação interpessoal na qual um dos membros esteja livre o bastante da incongruência para estar em contato com seu próprio centro de auto-correção. A maior tarefa da terapia é estabelecer tal relacionamento genuíno.
Aceitar-se a si mesmo é um pré-requisito para uma aceitação mais fácil e genuína dos outros. Em compensação, ser aceito por outro conduz a uma vontade cada vez maior de aceitar-se a si próprio. Este ciclo de auto-correção e auto-incentivo é a forma principal pela qual se minimiza ns obstáculos ao crescimento psicológico.
Obstáculos ao Crescimento
Rogers sugere que os obstáculos aparecem na infância e são aspectos normais do desenvolvimento.
O que a criança aprende em um estágio como benéfico deve ser reavaliado nos estágios posteriores: Motivos que predominam na primeira infância mais tarde podem inibir o desenvolvimento da personalidade.
Quando a criança começa a tomar consciência do Self, desenvolve uma necessidade de amor ou de consideração positiva. Esta necessidade é universal, considerando-se que ela existe em todo ser humano e que se faz sentir de uma maneira contínua e penetrante. A teoria não se preocupa em saber se é uma necessidade inata ou adquirida. Uma vez que as crianças não separam suas ações de seu ser total, reagem à aprovação de uma ação como se fosse aprovação de si mesmas. Da mesma forma, reagem à punição de um ato como se estivessem sendo desaprovadas em geral.
O amor é tão importante para a criança que ela acaba por ser guiada, não pelo caráter agradável ou desagradável de suas experiências e comportamentos, mas pela promessa de afeição que elas encerram. A criança começa a agir da forma que lhe garante amor ou aprovação, sejam os comportamentos saudáveis ou não para ela. As crianças podem agir contra seu próprio interesse, chegando a se perceber em termos destinados, a princípio, a agradar ou apaziguar os outros.
Teoricamente esta situação poderia não se desenvolver se a criança sempre se sentisse aceita e houvesse aprovação dos sentimentos mesmo que alguns comportamentos fossem inibidos. Em tal situação ideal a criança nunca seria pressionada a se despojar ou repudiar partes não atraentes, mas autênticas de sua personalidade.
Comportamentos ou atitudes que negam algum aspecto do Self são chamados de condições de valor. Quando uma experiência relativa ao eu é procurada ou evitada unicamente porque é percebida como mais ou menos digna de consideração de si, diz Rogers que o indivíduo adquiriu um modo de avaliação condicional.
Condições de valor são os obstáculos básicos à exatidão da percepção e à tomada de consciência realista.
Há vendas e filtros seletivos destinados a assegurar um suprimento interminável de amor da parte dos parentes e dos outros. Acumulamos certas condições, atitudes ou ações cujo cumprimento sentiu necessário para permanecermos dignos. Na medida em que essas atitudes e ações são idealizadas, elas constituem áreas de incongruência pessoal. De forma extrema, as condições de valor são caracterizadas pela crença de que “preciso ser respeitado ou amado por todos aqueles com quem estabeleço contato”.
As condições de valor criam uma discrepância entre o Self e o autoconceito. Para mantermos uma condição de valor temos que negar determinados aspectos de nós mesmos. Por exemplo, se falaram “Você deve amar seu irmãozinho recém-nascido, senão mamãe não gosta mais de você”, a mensagem é a de que você deve negar ou reprimir seus sentimentos negativos genuínos em relação a ele. Se você conseguir esconder sua vontade maldosa, seu desejo de machucá-lo e seu ciúme normal, sua mãe continuará a amá-lo. Se a pessoa admitir que tenha tais sentimentos, se arriscará a perder o amor. Uma solução que cria uma condição de valor é rejeitar tais sentimentos sempre que ocorram, bloqueando-os de sua consciência.
O Corpo
Embora Rogers defina a personalidade e a identidade como uma gestalt contínua, não dá ao papel do corpo uma atenção especial. Mesmo no seu trabalho com encontros ele não promove ou facilita o contato físico nem trabalha diretamente com gestos físicos. Como Rogers mesmo assinala, “a minha formação não é das que me tornem especialmente liberto a esse respeito”. Sua teoria é baseada na tomada de consciência da experiência. Ela não seleciona a experiência física como diferente em espécie ou valor das experiências emocionais, cognitivas ou intuitivas.
Relacionamento Social
O valor dos relacionamentos é de interesse central nas obras de Rogers. Os relacionamentos mais precoces podem ser congruentes ou podem servir como foco de condições de valor. Relações posteriores são capazes de restaurar a congruência ou retardá-la.
Rogers acredita que a interação com o outro capacita um indivíduo a descobrir, encobrir, experienciar ou encontrar seu Self real de forma direta. Nossa personalidade torna-se visível a nós através do relacionamento com os outros. Na terapia, em situações de encontro e em interações cotidianas, o feedback dos outros oferece às pessoas oportunidade de experienciarem a si mesmas. Se pensarmos em pessoas que não têm relacionamentos, imaginamos dois estereótipos contrastantes. O primeiro é o do ermitão relutante, inábil para lidar com outros. O segundo é o contemplativo que se retirou do mundo para cumprir outras tarefas.
Nenhuma dessas imagens atrai Rogers. Para ele, os relacionamentos oferecem a melhor oportunidade para estar “funcionando por inteiro”, para estar em harmonia consigo mesmo, com os outros e com o meio ambiente. Através dos relacionamentos, as necessidades organísmicas básicas do indivíduo podem ser satisfeitas. A esperança desta satisfação faz com que as pessoas invistam uma quantidade de energia incrível em relacionamentos, até mesmo naqueles que não parecem ser saudáveis ou satisfatórios.
O Casamento
O casamento é um relacionamento não usual. É potencialmente de longo prazo, intensivo, e carrega dentro de si a possibilidade de manutenção do crescimento e do desenvolvimento. Rogers acredita que o casamento siga as mesmas leis gerais que mantém a verdade dos grupos de encontro, da terapia ou de outros relacionamentos. Os melhorescasamentos ocorrem com parceiros que são congruentes consigo mesmos, que têm poucas condições de valor como empecilho e que são capazes de genuína aceitação dos outros. Quando o casamento é usado para manter uma incongruência ou para reforçar tendências defensivas existentes, é menos satisfatório e é menos provável que se mantenha.
As conclusões de Rogers sobre qualquer relação íntima a longo prazo, tal como o casamento, são focalizadas sobre quatro elementos básicos: compromisso contínuo, expressão de sentimentos, não-aceitação de papéis específicos e capacidade de compartilhar a vida íntima. Ele resume cada elemento como uma promessa, um acordo sobre o ideal de um relacionamento contínuo, benéfico e significativo.
Dedicação e compromisso
Cada membro de um casamento deveria ver a união como um processo contínuo e não como um contrato. O trabalho feito visa tanto a satisfação pessoal como a satisfação mútua. Uma relação é trabalho; é um trabalho tendo em vista objetivos separados ou comuns. Rogers sugere que este compromisso seja expresso da seguinte maneira: “Nós dois nos comprometemos a cultivar junto o processo mutável de nosso atual relacionamento, porque este relacionamento está enriquecendo nosso amor e a nossa vida e nós queremos que ele cresça”.
Comunicação; expressão de sentimentos
Rogers insiste na comunicação total e aberta. “Arriscar-me-ei tentando comunicar qualquer sentimento persistente, positivo ou negativo, ao meu companheiro, com a mesma profundidade com que o percebo em mim, como uma parte presente e viva em mim. Em seguida, arriscar-me-ei ainda mais tentando compreender, com toda a empatia de que eu for capaz, a sua resposta, seja acusativa e crítica, seja compartilhante e auto reveladora”. A comunicação tem duas fases igualmente importantes: a primeira é expressar a emoção. A segunda é permanecer aberto e experienciar a resposta do outro.
Rogers não defenda simplesmente o colocar para fora os sentimentos Ele sugere que devemos nos comprometer tanto com os efeitos que nossos sentimentos causam em nosso parceiro quanto com a expressão original dos sentimentos em si mesmos. Isto é muito mais difícil do que simplesmente “desabafar” ou “ser aberto e honesto”.
É a disposição de aceitar os riscos reais envolvendo rejeição, desentendimento, sentimentos feridos e retribuição. A crença de Rogers na necessidade de instituir e manter este nível de troca contrapõe-se a posições que advogam o ser polido, diplomático, o contornar questões perturbadoras ou o não mencionar interesses emocionais que aparecem.
 Não-aceitação de papéis
Numerosos problemas desenvolvem-se na medida em que tentamos satisfazer as expectativas do outro, ao invés de determinarmos as nossas próprias. Rogers dizia que “Viveremos de acordo com as nossas opções, com a sensibilidade orgânica mais profunda de que somos capazes, mas não seremos afeiçoados pelos desejos, pelas regras e pelos papéis que os outros insistem em impor-nos”. Ele relata que muitos casais sofrem graves tensões na tentativa de fazer sobreviver sua aceitação parcial e ambivalente das imagens que seus pais e a sociedade impuseram a eles. Um casamento efetuado com tal quantidade de expectativas e imagens irreais é inerentemente instável e potencialmente pouco recompensador.
Tomar-se um Self separado
Este compromisso é uma profunda tentativa de descobrir e aceitar a natureza total da pessoa. É o mais desafiador dos compromissos, é dedicar-se à remoção das máscaras tão logo ele se forme. “Eu talvez possa descobrir mais do que sou realmente em meu íntimo e chegar mais perto disso sentindo-me, às vezes, encolerizado ou aterrado, às vezes amante e solícito, de vez em quando belo e forte ou desordenado e medonho, sem esconder de mim mesmo esses sentimentos. Eu talvez possa estimar-me como a pessoa ricamente variada que sou. Talvez possa ser espontaneamente mais essa pessoa. Nesse caso, poderei viver de acordo com os meus próprios valores experimentados, conquanto tenha consciência de todos os códigos da sociedade. Nesse caso, poderei ser toda esta complexidade de sentimentos, significados e valores com meu companheiro suficientemente livre para dar o amor, a raiva e a ternura que existem em mim. É possível, então, que eu venha a ser um participante real de uma união, porque estou em vias de ser uma pessoa real. E espero poder incentivar meu companheiro a seguir o seu caminho na direção de uma personalidade única, que eu gostaria imensamente de partilhar”.
Emoções
O indivíduo saudável toma consciência de suas emoções, sejam ou não expressas. Sentimentos negados à consciência distorcem a percepção e a reação às experiências que os desencadearam.
Um caso específico é sentir ansiedade sem tomar conhecimento da causa. A ansiedade aparece quando uma experiência que ocorreu se admitida na consciência, poderia ameaçar a autoimagem. A reação inconsciente a estas subseções alerta o organismo para possíveis perigos e acarreta mudanças psicofisiológicas. Estas reações defensivas são uma forma do organismo manter crenças e comportamentos incongruentes. Uma pessoa pode agir com base nestas subseções sem tomar consciência do por quê está agindo assim. Por exemplo, um homem pode sentir-se desconfortável ao ver homossexual declarados. A informação que tem de si mesmo incluiria o desconforto, mas não mencionaria sua causa. Ele não poderia admitir seu próprio interesse, sua identidade sexual não resolvida, ou talvez as expectativas e medos que tem a respeito de sua própria sexualidade. Distorcendo suas percepções ele pode, em compensação, reagir com hostilidade aberta a homossexuais, tratando-os como uma eterna ameaça ao invés de admitir seu conflito interno.
Intelecto
Rogers não segrega o intelecto de outras funções. Ele valoriza-o como um tipo de instrumento que pode ser usado de modo efetivo na integração de experiências. Mostra-se cético em relação a sistemas educacionais que dão ênfase exagerada a desempenhos intelectuais e desvalorizam os aspectos intuitivos e emocionais do funcionamento total.
Em particular, Rogers pensa que cursos de graduação em campos diversos são exigentes, pouco significativos e desanimadores. A pressão para a produção de trabalhos limitados e pouco originais, associada aos papéis passivos e dependentes atribuídos aos estudantes de graduação, na realidade sufoca ou retardam suas capacidades criativas e produtivas.
5. ROGERS E SUA PERSPECTIVA ORIGINAL
Como metodologia, a não-diretividade é característica. É um método não estruturante de processo de aprendizagem, pelo qual o professor não interfere diretamente no campo cognitivo e afetivo do aluno. Na verdade, Rogers pressupõe que o professor dirija o estudante às suas próprias experiências, para que, a partir delas, o aluno se autodirija. Rogers propõe a sensibilização, a afetividade e a motivação como fatores atuantes na construção do conhecimento. Uma das ideias mais importantes na obra de Rogers é a de que a pessoa é capaz de controlar seu próprio desenvolvimento e isso ninguém pode fazer para ela. Na obra acima citada, páginas 271, 272, Rogers coloca:
“[…] Mesmo que tentemos esse método para facilitar a aprendizagem, levantam-se muitas questões difíceis. Podemos permitir aos estudantes que entrem em contato com os problemas reais? Toda a nossa cultura-procura insistentemente manter os jovens afastados de qualquer contato com os problemas reais. Os jovens não têm que trabalhar assumir responsabilidades, intervir nos problemas cívicos ou políticos, não tem lugar nos debates das questões internacionais. […] Será possível inverter essa tendência? […] Uma outra questão é a de saber se podemos permitir que o conhecimento se organize no e pelo indivíduo, em vez de ser organizado para o indivíduo. Sob esse aspecto, os professores e os educadores se alinham com os pais e com os dirigentes nacionais para insistirem que os alunos devem ser guiados […] Espero que, ao levantar essas questões, tenha mostrado claramente que o duplo problema que é a aprendizagem significativa e forma de como realizá-la nos

Continue navegando